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1 - Ética E Responsabilidade Socioambiental

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DISCIPLINA: 
ÉTICA EMPRESARIAL E 
RESPONSABILIDADE 
SOCIOAMBIENTAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Olívia Carolina de Resende 
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CONVERSA INICIAL 
Você já se perguntou como seria viver em uma sociedade na qual cada 
indivíduo faz o que bem entende, da maneira que pensa ser melhor para si 
próprio, ou faz apenas aquilo que lhe traz benefício sem pensar no outro ou nas 
consequências que suas atitudes trazem para a vida de outro indivíduo? Ou 
como seria uma sociedade em que as pessoas em suas atitudes e ações 
individuais pensem no coletivo, no outro, na comunidade, antes de fazer algo? 
Em uma sociedade com equidade e harmonia? 
Nesta aula, vamos discutir esses questionamentos na sociedade ao longo 
do tempo e o desenvolvimento de teorias que tentam contribuir para que a vida 
em comunidade seja boa para todos, com ética, moral e direitos de cada cidadão. 
Vamos começar? Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Para o convívio em sociedade, a Ética é um assunto importante e cada 
dia mais difundido e necessário. São frequentes as queixas acerca da falta de 
ética na sociedade, na política, nas empresas e até mesmo nos meios culturais 
e religiosos. 
Segundo Alencastro (1997), na sociedade contemporânea valorizam-se 
comportamentos que praticamente excluem qualquer possibilidade de cultivo de 
relações éticas, como o consumo. Para o autor, é fácil verificar que o desejo 
obsessivo na obtenção, possessão e consumo da maior quantidade possível de 
bens materiais é o valor central na nova ordem estabelecida no mundo e que o 
prestígio social é concedido para quem consegue esses bens. Na contramão de 
atitudes éticas que respeitem a individualidade, o companheirismo, entre outros, 
o sucesso material passou a ser sinônimo de sucesso social e o êxito pessoal 
devendo ser adquirido a qualquer custo. Prevalece o desprezo ao tradicional, o 
culto à massificação e mediocridade que não ameaçam e que permitem a 
manipulação fácil das pessoas. 
Por exemplo, em uma sociedade cada vez mais inserida em redes sociais 
através da internet, fica nítido o que o professor e autor Mário Alencastro afirmou 
em 1997, quando o acesso à internet estava começando no Brasil. Nessa 
sociedade hoje conectada, podemos perceber indivíduos alienados, agressivos, 
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que prezam o ter e muito pouco o ser, ostentando nas redes sociais, viagens, 
festas, coisas, fruto da busca por “curtidas”. 
Nesta aula, buscaremos refletir sobre a etimologia, o conceito e como se 
desenvolveram os estudos da ética ao longo dos tempos, apresentando os 
principais filósofos que se preocuparam com o assunto. Além disso, 
apresentaremos a sociedade contemporânea e suas transformações sob um 
olhar ético, analisando os atores sociais presentes, seus conflitos, interesses, 
valores e posicionamentos ideológicos e discutiremos os dilemas éticos. Para 
tanto, buscaremos responder as seguintes perguntas: 
 
O que é ética e o que é moral? 
O que é ser essencialmente humano? 
A ética faz diferença na vida dos indivíduos? 
 
Para responder a estas e outras perguntas, começaremos abordando a 
distinção entre ética e moral e alguns aspectos filosóficos e históricos sobre a 
ética. 
ETIMOLOGIA, HISTORICIDADE E O CONCEITO DE ÉTICA 
 
O que quer dizer ética? 
Posso dizer que ética é igual à moral? 
 
A palavra ética pode ter duas origens distintas e são abordadas por 
diferentes autores. A primeira é a palavra grega “ethos”, com “e“ curto, que 
pode ser traduzida por “costume”. Em contrapartida, a segunda também se 
escreve “ethos”, porém, o “e” é longo e tem o significado de “propriedade de 
caráter”. As duas são importantes e contribuem para o que abordaremos nesta 
aula. 
Na Roma antiga, o termo foi traduzido do grego “ethos” para o latim 
“mos” (ou no plural “mores”), que expressa costume, dando origem à palavra 
moral. A primeira que pode ser traduzida como costume, entende-se que serviu 
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de base para a tradução latina de Moral. Já no que diz respeito à segunda, 
propriedade de caráter é o que de alguma forma orienta a utilização atual que 
tem a palavra Ética (MOORE,1975, p. 4). 
Percebe-se, portanto, que tanto “ethos” (caráter) quanto “mos” (costume) 
referem-se ao comportamento propriamente humano. Destarte, ética e moral, 
segundo sua etimologia e historicidade, estão relacionadas a uma realidade 
essencialmente humana, construída de forma social nas relações entre os 
seres humanos, norteando toda a vida em sociedade, desde o nascimento até 
a morte. 
 
“Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom” (MOORE, 1975). 
 
Podemos também expor a definição de Motta (1984) sobre a ética, que 
para o autor pode ser entendida como um bloco de valores que conduz o 
comportamento humano na sociedade, com fins de garantir o bem-estar geral. 
Segundo Cortella (2007), ética é um conjunto de valores e princípios que 
as pessoas usam para decidir três grandes questões importantes, que são: 
quero, devo e posso. Ética é o conjunto de valores apropriados para cada 
indivíduo, a fim de definir essas questões e os princípios da sociedade, sendo 
esses valores religiosos ou não, por meio de padronizações. 
Portanto, segundo a etimologia e historicidade das palavras ética e 
moral, ambas estão relacionadas a uma realidade essencialmente de 
percepção da conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do 
bem e do mal. Mas mesmo que haja uma relação entre ética e moral, essa 
relação não iguala as duas terminologias, sendo ética diferente de moral. 
A moral que aqui abordamos tem sua base na obediência a normas, 
mandamentos, costumes e tabus, em uma dimensão um pouco mais religiosa. 
E a ética busca dar fundamento ao bom modo de viver, entre humanos em 
sociedade. 
No estudo da filosofia clássica com relação à etimologia da palavra ética, 
vemos que essa terminologia não se resumia ao conceito de moral (entendida 
como "costume" ou "hábito", vindo do latim “mos”, ou do plural “mores”), pois 
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investigava a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver e 
conviver em sociedade, ou seja, procurava um melhor estilo de vida dentro da 
sociedade, tanto na vida pessoal quanto na vida pública. 
A filosofia moral ou a ética nasce quando, além das questões sobre os 
costumes, também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o 
senso moral e a consciência moral individuais” (CHAUI, 2008, p.310). 
Assim, o estudo da ética incluía diversas disciplinas que não eram 
contempladas no estudo da física, da retórica, da dialética nem da estética e da 
lógica. Portanto, a ética ganhava abrangência nos mais diversos campos 
filosóficos, os quais hoje conhecemos como: psicologia, pedagogia, 
antropologia, sociologia, entre outros. São áreas que estão direta ou 
indiretamente ligadas à nossa maneira de viver e ao nosso estilo de vida. 
Devemos ter cuidado para não confundir ética com lei, mesmo que, 
geralmente, a lei encontre na ética suas bases e seus princípios. 
Com a moral e a ética instaurou-se também o direito, que são as regras 
obrigatórias de determinada sociedade. Para entendermos melhor, vamos 
analisar as relações entre a Ética, a Moral e o Direito, determinando a ação do 
indivíduo. 
Figura 1 – Relações entre a Ética, a Moral e o Direito 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado do site da UFRGS. Disponível em 
<http://www.ufrgs.br/bioetica/fundamen.htm> Acesso em 13/04/2016. 
Pense por um momento no local onde você trabalha: alguém fundou essa 
empresa (e esse alguém pode ter sido você mesmo, caso seja autônomo ou 
empresário), que hoje atende uma série de clientes, lida com diversosÉTICA 
MORAL 
 
DIREITO 
 
AÇÃO 
JUSTIFICATIVA 
NORMA POR ADESÃO REGRA OBRIGATÓRIA 
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fornecedores e consegue gerar receita. Essa receita paga salários que serão 
usados para comprar outras coisas e pagar por outras contas, gerando receita 
também para outras pessoas. Assim, no local em que você trabalha, existe a 
preocupação ética de todos os envolvidos no processo? Ou seja, o que justifica 
a ação? Ou apenas a preocupação moral, por adesão? Ou apenas se cumprem 
as leis do direito, as regras obrigatórias? Tanto a ética e a moral quanto o direito 
estão intimamente ligados à ação do indivíduo. Adiante, entenderemos um 
pouco mais das caraterísticas e focos da ação ética. 
Leitura obrigatória 
Para aprofundar seus estudos, faça a leitura indicada a seguir: 
■ SILVA, R. N. da. Ética e paradigmas: desafios da psicologia social 
contemporânea. In: PLONER, KS. et al., org. Ética e paradigmas 
na psicologia social. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de 
Pesquisas Sociais, 2008. pp. 39 a 45. Disponível em: 
<http://static.scielo.org/scielobooks/qfx4x/pdf/ploner-
9788599662854.pdf> Acesso em 13/04/2016. 
Saiba mais 
E a corrupção é uma atitude ética? O jeitinho brasileiro é ético? Como contribuir 
para uma sociedade mais ética? Vamos conhecer o que o Professor Mário 
Cortella pensa sobre o assunto no vídeo indicado a seguir: 
https://www.youtube.com/watch?v=9r996PBbbpI 
ASPECTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS SOBRE A ÉTICA 
Dentro dos aspectos filosóficos e históricos sobre a ética, podemos 
entender que surgem teorias éticas em diferentes sociedades como resposta aos 
dilemas das relações entre as pessoas. Segundo Mário Alencastro (2013), na 
condição de indivíduos, os humanos realizam sua existência na convivência com 
os outros, pois, já ao nascerem encontram-se sempre diante de uma 
comunidade já constituída, e para seu desenvolvimento não podem dispensar o 
apoio dessa comunidade (ALENCASTRO, 2013, p. 29). 
Assim, o estudo da ética não é novo, sua historicidade é marcada por 
fatores importantes, através dos quais se percebem diversas condições morais 
em inúmeros dados do passado, com forte apelo na contemporaneidade. 
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Alencastro (2013) afirma que, já na Grécia Clássica, Sócrates (470-399 a.C.) 
afirmava que a pergunta “como devemos viver nossas vidas?” era a principal 
questão a ser respondida pela filosofia. Assim, um dos pontos fundamentais da 
historicidade da ética está na Grécia Antiga, com as teorias dos séculos IV e V 
a.C. Continue a leitura para saber mais sobre elas! 
Pólis, cidade-estado 
A pólis foi uma importante forma de organização, conhecida como 
cidade-estado, e que motivou entre os gregos a formação de experiências 
políticas e sociais das mais diversas. O surgimento da pólis marca um dos mais 
importantes aspectos do desenvolvimento da civilização grega. 
Nas pólis, os cidadãos viviam e participavam de forma ativa na vida das 
pessoas, dando início a uma dimensão mais clara de sociedade, que seria a 
base da civilização ocidental, sendo um modelo das antigas cidades gregas. 
Marcou o início da organização política, desde o período arcaico até o período 
clássico. O que significava naquela época, para o grego, viver em uma pólis? 
Segundo Moraes (2012), significava poder conviver com os outros da 
maneira mais livre possível. O cidadão grego que vivia na pólis não deveria se 
ocupar com a sua sobrevivência. Por outro lado, viver em uma pólis significava, 
positivamente, viver entre iguais. Isso indica que ninguém estava obrigado a 
prestar reverência a ninguém, que ninguém necessita colocar-se a serviço de 
ninguém, a não ser em época de guerra. Isso fazia com que todos os assuntos 
fossem tratados por meio do diálogo e da persuasão. Essas duas condições são 
até hoje dificílimas de serem satisfeitas em qualquer época histórica. 
Os sofistas 
Foram os sofistas que quebraram com a tradição pré-socrática dos 
filósofos da natureza e iniciam ataques e críticas aos costumes e tradições até 
então praticados na sociedade ateniense. Para eles, o ser humano não deve se 
moldar a padrões externos de beleza, de comportamento, de crenças. O homem 
só deve se moldar a sua própria personalidade, ou seja, a sua liberdade. Para 
os sofistas, a moral e a lei somente serviam para bloquear o livre 
desenvolvimento do homem. 
Os sofistas foram os primeiros a defender a filosofia do relativismo, 
negando a existência da verdade absoluta. Além disso, também criticavam tudo 
aquilo que não era natural ao ser humano. Para eles, a existência das leis e do 
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Estado eram algo completamente antinatural ao homem e, portanto, deveria ser 
destruído. Para os sofistas, o que existe são opiniões boas e más, melhores e 
piores, mas jamais falsas e verdadeiras. Assim, a ética também não é absoluta 
e, sim, relativa, segundo a qual, o valor mais elevado para qualquer cidadão era 
atingir o prazer supremo. Os sofistas consideravam que a ética não passava de 
mera convenção social. 
Sócrates 
Sócrates é considerado o “pai da ética”, pois revelou uma necessidade de 
se refletir, de forma sistemática, sobre conceitos que antes eram dados de forma 
automática, como o bem, a virtude a justiça. 
Para Sócrates, a identidade entre os interesses individuais e os 
comunitários era o caminho para a felicidade. Defendia a moderação dos 
apetites, a busca pelo conhecimento e a bondade como um dom que merecia 
ser valorizado. 
Sócrates trouxe à tona os ideais de uma cidade que fosse moralmente 
perfeita. Isso incluía harmonia entre os diversos interesses, tanto individuais 
quanto coletivos. Assim, entendia que os princípios éticos que deveriam reger 
as instituições eram aqueles que continham elevados valores de cidadania. 
Os sofistas defendiam o relativismo, Sócrates, ao contrário, defendia a 
ideia de valores eternos. Suas pesquisas iniciais giraram em torno do núcleo da 
alma humana. Para ele, todas as pessoas tinham a obrigação de procurar o 
conhecimento, pois dotadas de conhecimento acerca do bem e do mal, buscam 
fazer o bem, sendo justas umas com as outras e vivendo em sociedades regidas 
pelos valores éticos. 
Platão 
Platão foi adepto de Sócrates e mestre de Aristóteles, sendo um dos 
principais filósofos gregos da Antiguidade. Defendia o bem como valor supremo 
e afirmava que as pessoas deveriam ir em busca da razão, desprezando seus 
instintos e paixões. 
Em uma época de mudanças, entre os valores antigos e um novo mundo 
que emergia, Platão conseguiu absorver e gerar uma riqueza de ideias sem 
igual. Abordava os mais diversos temas, com a força da paixão e da criatividade 
artística sem levar muito em conta a lucidez da razão. 
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Para o filósofo, a sociedade então vigente deveria ser reorganizada e o 
poder confiado aos sábios, evitando, portanto, que a ignorância prevalecesse e 
corrompesse as almas, sendo assim dominadas pelos instintos e paixões. 
Aristóteles 
Na medida em que seu mestre Platão trabalhava com construções sociais 
imaginárias, utópicas, por projeções sobre qual o melhor futuro para a 
humanidade, Aristóteles tratou das coisas reais, dos sistemas políticos 
existentes na sua época. Assim, os revolucionários e doutrinários da sociedade 
perfeita foram inspirados por Platão, já os grandes juristas e pensadores 
políticos, mais inclinados à ciência e ao realismo, foram influenciados por 
Aristóteles. Como Platão, Aristóteles apresentou a necessidade de “reorganizar 
a sociedade”. Deste modo, a ética e a política caminhariam sempre juntas. 
Para Aristóteles, o homem tem por finalidade a busca pela felicidade e 
apresentou a questão do valor supremo da felicidade.Para tal, o indivíduo 
deveria seguir sua própria natureza, evitando os exageros, caminhando pela 
justa medida, uma vez que nenhuma pessoa consegue ser feliz sozinha. 
Leitura obrigatória 
Continue ampliando seus conhecimentos com a leitura do capítulo 1 – Ética, do 
livro indicado a seguir. Esse capítulo também servirá de base para os estudos 
dos outros temas desta aula. 
■ ALENCASTRO, M. Ética Empresarial na prática: liderança, 
gestão e responsabilidade corporativa. Curitiba: Intersaberes, 
2013. pp. 25-55. 
 
Saiba mais 
Entenda um pouco mais dos aspectos filosóficos e históricos sobre a ética com 
os vídeos a seguir: 
https://www.youtube.com/watch?v=809bdDKp1BA 
https://www.youtube.com/watch?v=tL36cKPQzsw 
https://www.youtube.com/watch?v=kkHJce9-oLE 
 
 
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ÉTICA E MORAL SOCIAL, ÉTICA E VALORES HUMANOS 
Iniciaremos este tema expondo a anedota que a professora Andréa Vieira 
Zanella escreveu em seu artigo intitulado Reflexões sobre a pesquisa em 
psicologia, método(s) e “alguma” ética. 
A professora expõe a seguinte pergunta: “por que o frango cruzou a 
estrada?” e nos apresenta respostas, advindas de interlocutores variados 
espacialmente e temporalmente. 
Para Zanella (2008), assim respondem: 
■ Professora primária: “Porque queria chegar do outro lado da 
estrada”. 
■ Poliana: “Porque estava feliz”. 
■ Platão: "Porque buscava alcançar o bem”. 
■ Aristóteles: “É da natureza dos frangos cruzar a estrada”. 
■ Nelson Rodrigues: “Porque viu sua cunhada, uma galinha 
sedutora, do outro lado”. 
■ Marx: “O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova 
classe de frangos, capazes de cruzarem a estrada”. 
■ Moisés: “Uma voz vinda do céu bradou ao frango: “Cruza a 
estrada!” E o frango cruzou a estrada e todos se regozijaram”. 
■ Maquiavel: “O frango cruzou a estrada. A quem importa o porquê? 
Estabelecido o fim de cruzar a estrada, é irrelevante discutir os 
meios que usou para isso”. 
■ Darwin: “Ao longo de grandes períodos de tempo, os frangos têm 
sido selecionados naturalmente, de modo que, agora, têm uma 
predisposição genética a cruzarem estradas”. 
■ Einstein: “Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob 
o frango, depende do ponto de vista. Tudo é relativo”. 
■ Kant: “O frango seguiu apenas o imperativo categórico próprio dos 
frangos. É uma questão de razão prática”. 
■ ACM: “Estava tentando fugir, mas já tenho um dossiê pronto, 
comprovando que aquele frango pertence a Jorge Amado. Quem o 
pegar vai ter que se ver comigo!”. 
■ Sócrates: “Tudo o que sei é que nada sei”. 
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■ Dorival Caymmi: “Eu acho (pausa)... — Amália, vai lá ver pra onde 
vai esse frango pra mim, minha filha, que o moço aqui tá querendo 
saber”. 
Nesta anedota que a Professora Andréa escreveu, fica claro que diante 
de uma ação, pessoas em diferentes lugares e tempos, pensam diferente. 
Assim como vimos, questões éticas são discutidas a séculos e hoje a 
discussão ainda é forte. Com acesso à internet e mídias sociais, os indivíduos 
julgam as situações conforme o que acreditam, dentro do que lhes é colocado 
em distintas situações. Cabem aqui algumas perguntas: 
 
Nos dias atuais, fala-se muito em ética. Você sabe por quê? 
Há distinção entre ética e moral? 
A ética e/ou moral afetam nosso cotidiano? 
 
Pode-se entender a ética como uma reflexão sobre o agir humano e 
abarca a moral, pois lhe é mais ampla. A ética existe como referência para os 
indivíduos que vivem em uma determinada sociedade, possibilitando que a 
sociedade possa se tornar cada vez mais humana. Assim, o indivíduo deve 
possuir um senso ético, pois como humanos, vivemos em comunidade e somos 
continuamente avaliados e julgados por nós mesmos e pelos outros, a fim de 
identificar em nossas ações atitudes boas ou más, certas ou erradas, justas ou 
injustas. 
A moral é a regulação dos valores e comportamentos considerados 
legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religião, tradição 
cultural etc. Estabelece os valores efetivos a serem seguidos por determinada 
sociedade. É, portanto, provisória, muda com o passar do tempo, pois os 
costumes e hábitos de um povo mudam também (SIMON, 2009). 
As relações dos indivíduos na sociedade, são reguladas por um conjunto 
de normas, leis, costumes e hábitos. Mas o que é esse conjunto de normas, leis, 
costumes e hábitos? Podemos afirmar que esse conjunto de regras é a moral. 
As sociedades mudam constantemente e, historicamente, podemos 
observar que uma sociedade sucede a outra. Da mesma maneira, as morais 
concretas de uma sociedade, se sucedem umas às outras. Por exemplo, na 
sociedade feudal, que tinha como perspectiva de horizonte ético a salvação da 
alma e a preparação para a vida eterna e cujas explicações baseavam-se na 
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religião e na fé, cede lugar à sociedade moderno-burguesa, cujos valores 
fundamentais são ligados a questões materiais e cujas explicações têm como 
fundamento o próprio homem, concebido como ser dotado de racionalidade, e 
capaz de autodeterminar-se sem interferência externa. 
A moral pode variar em determinado tempo e lugar. As regras morais são 
determinadas pelas formas como as pessoas organizam sua convivência e 
conforme estabelecem as condições de sobrevivência e trabalho. 
As normas morais podem estar estabelecidas de forma escrita, ou podem 
aparecer como costumes arraigados na cultura, por exemplo, as decisões de um 
indivíduo baseando-se única e exclusivamente em normas preestabelecidas, tais 
como não ultrapassar o sinal vermelho, não se atrasar em seus compromissos, 
não furar fila, não estacionar na vaga preferencial. São tidas como uma decisão 
ou ato moral, que geralmente são os deveres que o sujeito deve cumprir em seu 
dia a dia. 
 De acordo com Vasquez (2000): “A função social da moral é a de regular 
as ações dos indivíduos nas suas relações mútuas, ou as do indivíduo com a 
comunidade, visando a preservar a sociedade no seu conjunto ou, no seio dela, 
a integridade de um grupo social”. 
Cada indivíduo, comportando-se moralmente, se sujeita a determinados 
princípios, valores ou normas morais, sendo que o indivíduo não pode inventar 
os princípios ou normas nem modificá-los por exigência pessoal. O normativo é 
algo estabelecido e aceito por determinado meio social. Na sujeição do indivíduo 
a normas estabelecidas pela comunidade se manifesta claramente o caráter 
social da moral (VASQUEZ, 2000). 
O comportamento moral é tanto comportamento de indivíduos quanto de 
grupos sociais humanos. Mesmo quando se trata da conduta de um indivíduo, a 
conduta tem consequências de uma ou outra maneira para os demais, sendo 
objeto de sua aprovação ou reprovação. Mas, os atos individuais que não têm 
consequência alguma para os demais indivíduos não podem ser objeto de uma 
qualificação moral. 
O campo da ética é um pouco mais amplo do que isso. A ética procura 
estabelecer uma reflexão sobre o agir humano que ultrapassa o simples 
cumprimento do que está escrito. 
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Saiba mais 
Leia a notícia a seguir sobre os atentados que ocorreram em Paris em novembro 
de 2015, e tente relacionar com os conteúdos lidos até agora. 
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/11/1706236-policia-francesa-registra-
tiroteio-e-explosao-em-paris.shtml 
 
 ÉTICA, MORAL, DIREITO E SEUS DILEMAS 
Atuamos em sociedade conduzidos por uma reflexão sobre o que é certo 
ou errado, ou sob algo que nos obriga constantemente a agir corretamente e que 
nos pune em caso de deslizes? Em outras palavras, é a ética ou a lei que 
orientam as nossas ações corretas? (ALENCASTRO, 2013, p.45) 
Antes de respondermosa estes questionamentos, precisamos entender 
alguns conceitos. 
São nas relações sociais que ideias e normas se desenvolvem em sintonia 
com uma necessidade social. Para Vasques, a função social da moral consiste 
na regulação das relações entre os homens visando manter e garantir uma 
determinada ordem social, ou seja, regular as ações dos indivíduos nas suas 
ações mútuas ou as do indivíduo com a comunidade, visando preservar a 
sociedade no seu conjunto e a integridade de um grupo social. 
Segundo Oliveira e Azevedo, os valores morais são aqueles ligados à 
natureza do comportamento moral dos homens. Um comportamento moralmente 
aceitável é definido por um código de conduta de grupo. Esse código muitas 
vezes está implicitamente gravado na memória coletiva em função da cultura, do 
meio e da história de um povo. Outras vezes, esse código de comportamento 
está também estabelecido nas leis de uma nação. Kohlberg (1969) acredita que 
o desenvolvimento moral é baseado primariamente num raciocínio moral e 
segue uma série de estágios. 
Já o direito garante o cumprimento do estatuto social em vigor através da 
aceitação voluntária ou involuntária da ordem social juridicamente formulada, ou 
seja, o direito garante a aceitação externa da ordem social. A moral tende a fazer 
com que os indivíduos harmonizem voluntariamente, de maneira consciente e 
livre, seus interesses pessoais com os interesses coletivos (VÁSQUEZ, p.69, 
2000). 
No que se refere à ética, esta tem um caráter mais generalizado do que a 
moral e o direito, sendo empregada para justificar e legitimar as normas morais 
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e jurídicas, bem como criticá-las em caso de não estarem adequadas às reais 
necessidades da sociedade. Sendo assim, ela sempre indaga sobre o que é o 
certo, o bom e o obrigatório, preocupando-se em desenvolver e fundamentar tais 
conceitos, tomando-os como princípio geral, retirando ao assim proceder os 
juízos normativos. 
Figura 2– Nível do plano normativo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Podemos entender de maneira mais simples, fazendo uma analogia com 
círculos concêntricos, conforme mostra o professor Mário Alencastro. Por 
exemplo, a discussão sobre a idade penal e a corrupção que são assuntos de 
natureza ética mais abrangente, mas que têm implicações no campo da moral e 
do direito. 
O que podemos perceber é que com o avanço da liberdade individual e 
das conquistas do homem, há, hoje, uma geração muito preocupada com os 
seus direitos em detrimento dos seus deveres. 
Os valores individuais são importantes para que o indivíduo adote uma 
postura, e entende-se que valores são um conjunto de procedimentos, atitudes, 
e até mesmo visão de mundo (influenciados ou não pela cultura, herança familiar 
e meio) que faz o indivíduo agir e interagir com o mundo em que vive. 
Araújo (2002) define valores como sendo as qualidades presentes nas 
coisas e que pode ser essencial para a existência dessas coisas. Podem ser 
acidentais, secundárias e muitas vezes as próprias coisas em si. São valores, 
uma vez que são essenciais para a existência, não só do homem, mas para a 
existência do universo. 
Direito 
Moral 
Ética 
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Assim, os valores éticos são determinantes para as atitudes humanas, 
cabendo ao direito a ação sobre atitudes que não condizem com o que a 
sociedade necessita. 
Saiba mais 
Entenda um pouco mais dos conceitos de ética, moral e direito num exemplo 
aplicado à administração pública. Assista ao vídeo a seguir: 
https://www.youtube.com/watch?v=NVdgp7XZl2w 
 
A VERDADE, A RESPONSABILIDADE, A LIBERDADE E OS VALORES ÉTICOS 
O filósofo contemporâneo espanhol Fernando Savater expõe em seu livro 
intitulado Ética para meu filho, a seguinte questão: o que é ética? Aqui, vamos 
trabalhar sobre a verdade, a responsabilidade, a liberdade e os valores éticos de 
uma forma gostosa na leitura de um breve trecho da resposta do autor para seu 
filho adolescente. 
 “Há ciências que estudamos por simples interesse de saber coisas novas; 
outras, para adquirir uma habilidade que nos permita fazer ou utilizar alguma 
coisa; a maioria, para conseguir um trabalho e ganhar a vida com ele. Se não 
sentirmos curiosidade nem necessidade de realizar esses estudos, poderemos 
prescindir deles tranquilamente. Há uma infinidade de conhecimentos muito 
interessantes, mas sem os quais podemos nos arranjar muito bem para viver. 
Eu, por exemplo, lamento muito não ter nem ideia de astrofísica ou de 
marcenaria, que dão tanta satisfação a outras pessoas, embora essa ignorância 
nunca me tenha impedido de ir sobrevivendo até hoje. E você, se não me 
engano, conhece as regras do futebol, mas é bem fraco em beisebol. Não tem 
maior importância, você desfruta os campeonatos mundiais, dispensa 
olimpicamente a liga americana e todo o mundo sai satisfeito. 
O que eu quero dizer é que certas coisas a pessoa pode aprender ou não, 
conforme sua vontade. Como ninguém é capaz de saber tudo, o remédio é 
escolher e aceitar com humildade o muito que ignoramos. É possível viver sem 
saber astrofísica, marcenaria, futebol e até mesmo sem saber ler e escrever: 
vive-se pior, decerto, mas vive-se. No entanto, há outras coisas que é preciso 
saber porque, por assim dizer, são fundamentais para nossa vida. É preciso 
saber, por exemplo, que saltar de uma varanda do sexto andar não é bom para 
a saúde; ou que uma dieta de pregos (perdoem-me os faquires!) e ácido prússico 
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não nos permitirá chegar à velhice. Também não é aconselhável ignorar que, se 
dermos um safanão no vizinho cada vez que cruzarmos com ele, mais cedo ou 
mais tarde haverá consequências muito desagradáveis. Pequenezas desse tipo 
são importantes. Podemos viver de muitos modos, mas há modos que não nos 
deixam viver. 
Em resumo, entre todos os saberes possíveis existe pelo menos um 
imprescindível: o de que certas coisas nos convêm e outras não. Certos 
alimentos não nos convêm, assim como certos comportamentos e certas 
atitudes. Quero dizer, é claro, que não nos convêm se desejamos continuar 
vivendo. Se alguém quiser arrebentar-se o quanto antes, beber lixívia poderá ser 
muito adequado, ou também cercar-se do maior número possível de inimigos. 
Mas, de momento, vamos supor que preferimos viver, deixando de lado, por 
enquanto, os respeitáveis gostos do suicida. Assim, há coisas que nos convêm, 
e o que nos convém costumamos dizer que é “bom”, pois nos cai bem; outras, 
em compensação, não nos convêm, caem-nos muito mal, e o que não nos 
convém dizemos que é “mau”. Saber o que nos convém, ou seja, distinguir entre 
o bom e o mau, é um conhecimento que todos nós tentamos adquirir – todos, 
sem exceção – pela compensação que nos traz. 
Como afirmei antes, há coisas boas e más para a saúde: é necessário 
saber o que devemos comer, ou que o fogo às vezes aquece e outras vezes 
queima, ou ainda que a água pode matar a sede e também nos afogar. No 
entanto, às vezes as coisas não são tão simples: certas drogas, por exemplo, 
aumentam nossa energia ou produzem sensações agradáveis, mas seu abuso 
contínuo pode ser nocivo. Em alguns aspectos são boas, mas em outros são 
más: elas nos convêm e ao mesmo tempo não nos convêm. No terreno das 
relações humanas, essas ambiguidades ocorrem com maior frequência ainda. A 
mentira é, em geral, algo mau, porque destrói a confiança na palavra – e todos 
nós precisamos falar para viver em sociedade – e provoca inimizade entre as 
pessoas; mas às vezes pode parecer útil ou benéfico mentir para obter alguma 
vantagem, ou até para fazer um favor a alguém. Por exemplo, é melhor dizer ao 
doente de câncer incurável a verdade sobre seu estado, ou deve-se enganá-lo 
para que ele viva suas últimas horassem angústia? A mentira não nos convém, 
é má, mas às vezes parece acabar sendo boa. Procurar briga com os outros, 
como já dissemos, em geral é inconveniente, mas devemos consentir que 
violentem uma garota diante de nós sem interferir, sob pretexto de não nos 
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metermos em confusão? Por outro lado, quem sempre diz a verdade – doa a 
quem doer – costuma colher a antipatia de todo o mundo; e quem interfere ao 
estilo Indiana Jones para salvar a garota agredida tem maior probabilidade de 
arrebentar a cabeça do que quem segue para casa assobiando. O que é mau às 
vezes parece ser mais ou menos bom e o que é bom tem, em certas ocasiões, 
aparência de mau. Haja confusão! [...] 
Resumindo: ao contrário de outros seres, animados ou inanimados, nós 
homens podemos inventar e escolher, em parte, nossa forma de vida. Podemos 
optar pelo que nos parece bom, ou seja, conveniente para nós, em oposição ao 
que nos parece mau e inconveniente. Como podemos inventar e escolher, 
podemos nos enganar, o que não acontece com os castores, as abelhas e as 
formigas. De modo que parece prudente atentarmos bem para o que fazemos, 
procurando adquirir um certo saber-viver que nos permita acertar. Esse saber-
viver, ou arte de viver, se você preferir, é o que se chama de ética.” 
Assim, podemos perceber que quando se fala em comportamento 
humano, no que diz respeito às escolhas a serem feitas entre o bem e o mal, o 
certo e o errado, o permitido e o proibido, há o envolvimento de questões éticas, 
morais e de direitos que devemos nos atentar, fazendo com que a verdade, a 
responsabilidade a liberdade e os valores, sejam cerceados pelos três conceitos. 
Saiba mais 
Para complementar seus estudos, leia o artigo A liberdade em Jean-Paul 
Sartre: responsabilidade, angústia e má-fé, disponível a seguir: 
https://colunastortas.wordpress.com/2015/08/20/a-liberdade-em-jean-paul-
sartre-responsabilidade-angustia-e-ma-fe/ 
 
TROCANDO IDEIAS 
Muito bem! Chegou o momento de trocar ideias , para a discussão de hoje 
responda as seguintes questões, retiradas do livro de Alencastro: 
1. Os grupamentos humanos têm mesmo a necessidade de adotarem regras 
de conduta para poderem sobreviver? 
2. Há mesmo lugar para a ética nas atividades práticas cotidianas? Há 
espaço para a ética, por exemplo, no mundo dos negócios? 
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NA PRÁTICA 
Para entender como esses conhecimentos funcionam na prática, vamos 
analisar um caso recente que envolve a política brasileira. 
Leia “Cunha aceita pedido de impeachment contra Dilma Rousseff” 
acessando <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/cunha-aceita-pedido-de-
impeachment-contra-dilma>. 
 
Comentário 
Para entender a questão, devemos levar em consideração o que Cortella 
(2007) entende por ética, que é o conjunto de valores e princípios que as 
pessoas usam para decidir três grandes questões importantes que são: quero; 
devo; e posso. Ética é o conjunto de valores apropriados para cada indivíduo, a 
fim de definir essas questões e os princípios da sociedade, sendo esses valores 
religiosos ou não, por meio de padronizações. E, ainda, como diria o filósofo, 
matar veneno com veneno não é normalmente algo que tenha uma solução tão 
adequada. Cunha utilizou-se do “jeitinho brasileiro” numa tentativa de driblar as 
denúncias sobre ele, caracterizando um atalho do que deveria ser correto. O 
correto seria acatar o impeachment se tivesse provas cabíveis das denúncias, 
deixando de ser uma saída e passando a caracterizar um agravo da situação. 
Sendo sua atitude caracterizada como retaliação e, assim, antiética, Cunha 
tomou sua decisão porque era boa para ele, não porque era certo fazê-lo. 
SÍNTESE 
Estudamos neste material didático alguns aspectos da ética, da moral e 
do direito. Entende-se que a convivência em sociedade deve ocorrer em ordem. 
Para tanto, devem existir regras, leis e normas que regulem o relacionamento 
humano e sirva de orientação quanto ao que é certo ou errado, justo ou injusto, 
lícito ou ilícito, permitido ou proibido. Vários filósofos se preocuparam com a 
Ética, tendo sido Sócrates o que deu início a uma reflexão sistemática da virtude 
e da justiça. Fechamos com o filósofo contemporâneo Fernando Savater, que 
aborda a verdade, a liberdade e os valores éticos com uma resposta para seu 
filho adolescente. 
 
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REFERÊNCIAS 
ALENCASTRO, M. A importância da Ética. UNESP, 1997. Disponível em: 
<http://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/fitotecniatecnologiadealimentos
esocioeconomia716/antoniolazarosantana/a-importancia-da-etica-soc-e-etica--
2014.pdf> Acesso em 03/12/2015. 
__________. Ética Empresarial na prática: liderança, gestão e 
responsabilidade corporativa. Curitiba: Intersaberes, 2013. 
BITTAR, C.E.B.; ALMEIDA, G.A. Curso de Filosofia do Direito. 8ª ed. rev. 
aum. São Paulo: Atlas, 2010. 
CHAUI, M. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2008. 
CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra?: inquietações propositivas sobre gestão, 
liderança e ética. Petrópolis: Vozes, 2007. 
ÉTICA EMPRESARIAL. Entrevista com Maria do Carmo Whitaker 
(2007). Disponível em: 
<http://www.eticaempresarial.com.br/site/pg.asp?pagina=detalhe_artigo&codigo
=190&tit_pagina=ENTREVISTAS&nomeart=n&nomecat=n> Acesso em 
18/11/2015 
LEITE, F. T. Manual de Filosofia Geral e Jurídica – das origens a Kant. 2ª ed. 
rev. amp. Rio de Janeiro: Forense, 2008. 
MOORE, G.E. Princípios éticos. São Paulo: Abril Cultural, 1975. 
MORAES, F. A Política desde o Universo Espiritual da pólis Grega. UFSJ. 
2012. Disponível em <http://www.ufsj.edu.br/portal2-
repositorio/File/existenciaearte/A_politica_desde_o_universo_da_polis_grega.p
df> Acesso em 18/11/2015. 
PEDAGOGIA E COMUNICAÇÃO. Ética: a área da filosofia que estuda o 
comportamento humano. 2006. Disponível em: 
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/etica-a-area-da-filosofia-que-
estuda-o-comportamento-humano.htm> Acesso em 18/11/2015. 
PLONER, K.S. et al. (org). Ética e paradigmas na psicologia social. Rio de 
Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. Disponível em: 
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<http://static.scielo.org/scielobooks/qfx4x/pdf/ploner-9788599662854.pdf> 
Acesso em 13/04/2016. 
REVISTA EXAME. O monge budista que ficou bilionário esnobando 
investidores (2015). Disponível em: 
http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/o-monge-budista-que-ficou-
bilionario-esnobando-investidores> Acesso em 03/12/2015. 
__________. As 10 melhores empresas em ética nos negócios (2012). 
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/as-10-melhores-
empresas-em-etica-nos-negocios#1> Acesso em 03/12/2015. 
SAVÁTER, F. Ética para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 
SIMON, P. Projeto de Lei do Senado (2009). Disponível em: 
<http://www.senado.gov.br/atividade/Materia/getPDF.asp?t=65595&tp=1%3E>
Acesso em 18/11/2015. 
VÁSQUEZ, A.S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 
YAMASHITA, V. H. A ética nas empresas estimula a qualidade. Sebrae. 
2009. Disponível em: 
<http://www2.rj.sebrae.com.br/boletim/a-etica-nas-empresas-estimula-a-
qualidade/> Acesso em 03/12/2015. 
ZANELLA, AV. Ética e paradigmas na psicologia social: Reflexões sobre 
pesquisa em psicologia, método(s) e “alguma” ética. In: PLONER, K.S. et al., 
org. Ética e paradigmas na psicologia social.. Rio de Janeiro: Centro 
Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. p. 46-58. Disponível em: 
<http://static.scielo.org/scielobooks/qfx4x/pdf/ploner-9788599662854.pdf> 
Acesso em 13/04/2016. 
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DISCIPLINA: 
ÉTICA EMPRESARIAL E 
RESPONSABILIDADESOCIOAMBIENTAL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Olívia Carolina de Resende 
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CONVERSA INICIAL 
Para darmos continuidade à disciplina, vamos refletir sobre algumas 
teorias éticas, seus conceitos, e acompanhar numa dimensão histórica o 
caminho percorrido pela humanidade em busca de uma sociedade mais justa. 
Uma sociedade mais justa se faz com cidadãos mais justos. Mas o que é 
um cidadão justo? Vamos fazer você pensar um pouco na complexidade desse 
assunto e por que gera tanta discussão entre filósofos e teóricos há tanto tempo. 
Você já pensou se é justo, ético ou antiético furtar um remédio, cujo valor 
você não pode pagar, para salvar a vida de alguém por quem você tem muito 
apreço? Ou ainda, se é ético ou antiético ficar com uma carteira que alguém 
esqueceu no parque, num dia de domingo? E caso o valor encontrado na carteira 
esquecida no banco do parque seja o valor exato para comprar o remédio que 
aquela pessoa que você ama precisa para sobreviver? Podemos perguntar 
também sob um outro viés: o indivíduo deve privilegiar o valor da vida (salvar 
alguém da morte) ou o valor da propriedade privada (não roubar nem se 
apoderar do que não é seu)? 
Vamos tentar esclarecer essas e outras perguntas sobre questões éticas 
e como o homem vem desenvolvendo seus pensamentos sobre o assunto. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
O convívio em sociedade é sempre um assunto intrigante, pois deve-se 
levar em consideração questões antropológicas, culturais, éticas, morais e legais 
daquela sociedade em questão, não há como generalizar. Quando analisarmos 
uma determinada atitude, devemos nos ater ao nosso mundo, ao mundo do outro 
e respeitar essa relação também, porque o que é certo para mim, pode não ser 
certo para o outro. 
Ao longo dos tempos, desde que o homem se reconheceu como um ser 
racional, deparamo-nos com diversas teorias éticas que surgiram nas diferentes 
sociedades, sempre tentando responder aos dilemas das relações de 
convivência entre os indivíduos. Pegaremos como base a descrição colocada 
por Alencastro (2013) em seu livro Ética empresarial na prática, no qual o autor 
divide a ética de forma didática e em função de suas motivações básicas, como: 
Ética das Virtudes, Ética Religiosa, Ética do Dever, Finalismo e Utilitarismo. 
Analisaremos e refletiremos sobre cada uma dessas funções da ética. 
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Podemos colocar a dificuldade dessa relação exemplificando com a 
questão do aborto. Conforme podemos analisar no mapa, regiões em verde são 
países em que o aborto é livre e, em contrapartida, nas regiões em vermelho o 
aborto é condenado e há leis restritivas. Quais são os fatores que proporcionam 
essa liberdade e ou restrição? Aqui, podemos tentar estabelecer um elo entre 
questões culturais, educacionais, econômicas, éticas, dentre outras, e as leis 
que deixam livre e as que restringem. Podemos perceber que, mesmo em países 
em que as leis são mais “duras”, existem aqueles indivíduos que defendem e os 
que condenam o ato, como é o caso do Brasil. Aqui temos pessoas que 
defendem o direito de decisão da mulher e pessoas que defendem o direito do 
feto de viver. Essa é uma questão delicada e que envolve ética e justiça. 
Figura 1 – O aborto no mundo: liberdade e leis restritivas 
 
Fonte: Magnon.A - adaptado de <http://elastica.abril.com.br/o-aborto-deve- 
acontecer-em-um-unico-caso-quando-a-mulher-quiser> 
 
Podemos perceber que o convívio em sociedade não é uma questão simples, 
mas envolve ética, moral e direito e foi tratada de diversas maneiras no decorrer 
da existência das relações humanas. 
Dito isso, buscaremos refletir sobre as teorias éticas apresentando a ética 
das virtudes, ética religiosa, ética do dever, finalismo e utilitarismo. 
Trabalharemos alguns dos vários significados e interpretações, que tratam do 
assunto, inserindo questões contemporâneas para contextualizarmos os 
aspectos éticos. 
 Para tanto buscaremos responder as seguintes perguntas: 
 
 
O que é ser um indivíduo ético ou aético? 
 
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Para responder a esta e outras perguntas, começaremos abordando 
questões históricas e contemporâneas da ética, buscando inseri-las em suas 
motivações mais básicas. 
O QUE É ÉTICA? 
O conceito de ética admite vários significados e interpretações, sendo ela 
normalmente definida como “ciência da conduta humana”. 
Falar sobre ética não é algo novo, pois o estudo da ética é bastante antigo. 
Sócrates (470-399 a.C.), “pai da ética”, desenvolvia o senso filosófico nas 
pessoas por meio de uma pergunta: como devemos viver nossa vida? 
Desde então, estamos há mais de 25 séculos tentando responder a 
mesma pergunta: como viver? 
O ser humano, desde sua origem e ser social que é, aderiu à convivência 
em comunidade para preservar sua vida e minimizar as dificuldades com a 
manutenção de sua sobrevivência. Ao aderir à vida em comunidade para ter 
maiores chances de sobrevivência, trouxe consequências, como a aquisição e 
construção de valores acerca do bem e do mal, do justo e do injusto, do certo, 
do incerto e do errado que, por força da habitualidade, tornam-se costumes, 
regras aceitas, obedecidas por toda a comunidade e transmitidas 
sucessivamente de geração para geração, que constituem o domínio da ética e 
da moral. 
A palavra ética, no entanto, teve seu uso indiscriminado ao longo dos 
anos, e nos dias atuais ainda persiste, como ressalta Nalini (1997): 
A ética permeia todos os discursos. A propósito das condutas 
humanas ainda capazes de chocar uma sociedade já acostumada a 
todos os desatinos, levantam-se as vozes dos moralistas a invocar a 
necessidade de um repensar comportamental. Ética, infelizmente, é 
moeda em curso até para os que não costumam se portar 
eticamente. Não é raro que as proclamações morais de maior ênfase 
provenham de pessoas que nunca poderiam ser rotuladas éticas. 
O que é ser essencialmente justo? 
As diferentes maneiras de entender a ética fazem diferença na 
vida dos indivíduos? 
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Compreensível, por isso, que para servir a objetivos os mais diversos, 
nem todos eles compatíveis com o núcleo conceitual que a palavra 
pretende transmitir. Além disso, a utilização excessiva de certas 
expressões compromete o seu sentido, como se o emprego frequente 
implicasse em debilidade semântica. Ética, no Brasil, sofre de 
anemia. Já se disse que ela é anoréxica! 
Para Silva (2013), partindo do pressuposto de que tudo gira em torno do 
homem e de sua posição de destaque no mundo, conceito que vem permeando 
toda a história moderna do mundo ocidental e, ao mesmo tempo, 
menosprezando a todos os outros seres imputados como irracionais e, dessa 
forma, não capazes de mudar o ambiente em que estão inseridos, o que mais 
se busca é entender que temos um homem, diagnosticado como racional, 
fazedor de cultura e que, de certa forma, é considerado um ser social. 
Materializa-se como ético, na medida em que se busca, na ética, a justiça social. 
O que Silva (2013) tenta expor é que a ética é uma construção humana e, 
dessa forma, considerada como um instrumento capaz de realçar as relações 
sociais, bem como criar todos os meios para garantir a justiça social. Ser ético, 
portanto, é voltar-se para o outro, e para o éthos, que pressupõe voltar-se para 
o conjunto de costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento e 
da cultura, característicos de uma determinada comunidade, época ou região. 
Nesse sentido, podemos considerar que a justiça é a luta não violenta pelos 
excluídos. 
Assim, entende que o homem se constitui como ser ético na medida em 
que vai construindo a sua socializaçãoe, ao mesmo tempo, passa a 
desempenhar alguns papéis para a dinâmica do grupo no qual está inserido. 
(SILVA, 2013). 
O conteúdo dos papéis, em cada sociedade, tem sido caracterizado de 
maneiras distintas, tornando difícil tratar ou descrever esses papéis de maneira 
única, pois eles são relativos. Em cada sociedade e/ou comunidade, em função 
da organização específica em torno da vida dos indivíduos que estão inseridos, 
do trabalho, da produção da vida material, organiza-se também o tipo de 
comportamento “desejável” para cada pessoa. 
A resposta à pergunta de Sócrates (470-399 a.C.), “pai da ética”, sobre 
como devemos viver nossa vida vai depender em parte do contexto em que o 
indivíduo está inserido. 
Na contemporaneidade, essa pergunta ultrapassa os limites da filosofia e 
esbarra em outras fontes de conhecimento, como as da psicologia, da sociologia, 
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da medicina, da biologia e de outras ciências. Entretanto, todas elas ainda 
remetem ao campo da ética, e é uma questão que essa disciplina procura 
responder até os dias de hoje. Sendo assim, podemos afirmar que a ética e suas 
questões estão presentes em todos os setores − em tudo aquilo que nos rodeia. 
Segundo Silva (2013), a ética é uma das áreas que maior interesse 
desperta atualmente em toda e qualquer área, particularmente no campo da 
filosofia e da política, sobretudo porque diz respeito à nossa experiência 
cotidiana, ainda mais quando sentimos que cada vez mais vivemos numa crise 
ética. 
Desde a Grécia Antiga até a atualidade, muitas teorias foram construídas 
para explicar o comportamento ético das pessoas no convívio em sociedade. 
Conforme mencionado anteriormente, pode-se dividir a ética de forma didática 
em função das motivações básicas da seguinte forma: Ética da Virtude; Ética 
Religiosa; Ética do Dever; Finalismo; Utilitarismo. 
Leitura obrigatória 
Para aprofundar seus conhecimentos, faça a leitura do capítulo 1 do livro: 
ALENCASTRO, M. Ética empresarial na prática: liderança, gestão e 
responsabilidade corporativa. Editora Intersaberes, 2013. 
Saiba mais 
Para entendermos um pouco mais das questões éticas envolvidas no aborto, 
faça as leituras indicadas a seguir: 
http://elastica.abril.com.br/o-aborto-deve-acontecer-em-um-unico-caso-quando-
a-mulher-quiser 
http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/aborto-um-problema-%C3%A9tico-da-
sa%C3%BAde-p%C3%BAblica 
ÉTICA DA VIRTUDE 
Etimologicamente, a palavra virtude deriva do latim virtus (“força ou 
qualidade, essência”), que indica uma qualidade positiva e própria do ser 
humano de fazer o bem (para si e para os outros), ou ainda, no contexto da 
moral, a qualidade ou ação que dignifica o homem. A origem dessa terminologia 
deu-se pelos filósofos gregos. E qual é essa qualidade ou ação que dignifica o 
homem? 
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Podemos perceber diversas interpretações sobre este tema, mas 
basicamente, é a prática constante do bem com liberdade e responsabilidade 
moral. Portanto, são consideradas virtudes a polidez, a prudência, dentre outros. 
Assim, podemos perceber que a virtude corresponde ao uso da liberdade 
com responsabilidade em busca do bem comum. Já o oposto da virtude é o vício, 
que se fundamenta no hábito da prática do mal, correspondendo ao uso da 
liberdade sem responsabilidade. 
A ética da virtude tem seu foco no caráter mais que na ação do indivíduo, 
e está interessada na questão de saber quais as ações que estão certas ou 
erradas e as várias maneiras de tratar a questão. 
Segundo Bettencourt (2014), a ética da virtude pensa assim sobre o 
gênero de pessoa que deveremos ser, que ações deveremos tomar, quais as 
qualidades que tornam a vida boa e quais os vícios e qualidades negativas que 
devemos evitar. O núcleo desse gênero de ética é o Eudaimonia, que se poderá 
traduzir como “Felicidade”. 
Historicamente, a ética da virtude teve suas raízes na Grécia antiga, e sua 
origem está nos filósofos gregos. 
Sócrates (469-399 a.C.) defendia a ideia de que as causas éticas pessoais 
só poderiam ser definidas com o conhecimento de si mesmo. O filósofo tinha 
como seu lema: “conhece-te a ti mesmo”. Desta forma, uma vez alcançado tal 
objetivo (conhecer-se), o homem teria uma percepção de suas virtudes, agindo, 
então, de forma correta. 
Já Platão (429-347 a.C.) aperfeiçoou a visão de Sócrates apresentando 
uma divisão geral das virtudes em quatro princípios: a prudência, a fortaleza, a 
temperança e a justiça. Santo Ambrósio fez uso desses fundamentos de Platão, 
chamando-os mais tarde de virtudes cardeais: 
■ Prudência: também chamada de sabedoria, é a virtude racional e 
é peculiar da classe dirigente ou dominante; característica peculiar 
a indivíduos que se comportam evitando perigos e problemas; 
precaução. 
■ Fortaleza: chamada de valentia, é a virtude do entusiasmo, dos 
impulsos volitivos e afetos, regrando o coração e é peculiar da 
classe militante ou guerreira; força; vigor; robustez. 
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■ Temperança: chamada de autodomínio, é a virtude da vida 
impulsiva, instintiva e é peculiar da classe trabalhadora; 
característica do indivíduo que equilibra suas próprias vontades. 
■ Justiça: resulta da colaboração igualitária de todas as virtudes, 
garantindo a harmonia entre elas; particularidade daquilo que se 
encontra em correspondência (de acordo) com o que é justo; modo 
de entender e/ou de julgar aquilo que é correto. 
Segundo Alencastro (2013), a coragem, a justiça, a prudência e a 
temperança são exemplos das virtudes aristotélicas. Deriva-se daí a importância 
da promoção de hábitos sociais através dos quais se desenvolva nas pessoas 
um modo de ser maduro e que se convertam na fonte principal de seu agir moral. 
Uma vez apropriados de forma pessoal, dão lugar a um modo de ser que 
expressa uma conformidade aos costumes, a marca de um indivíduo de caráter, 
aquele capaz de agir de forma livre e responsável. 
Aristóteles (384-322 a.C.), em seu livro Ética a Nicômaco, questiona: 
“Em que consiste o bem para o homem?” Ao que se responde: “Uma atividade 
da alma em conformidade com a virtude”. 
O filósofo compreendia que existem duas espécies de virtude, a 
intelectual e a moral, e que o bem próprio da pessoa é a inteligência e que o 
homem devia viver de acordo com a razão. E, ainda, que somente pela razão se 
pode chegar às virtudes. Para Aristóteles, ser feliz é usar a razão com 
propriedade e o fazer de tal modo que isso se torne uma virtude. 
Aristóteles apresentou a virtude como um traço de caráter exposto na 
ação do homem. Para ele, a virtude seria uma propriedade do caráter humano 
apresentada de diversas maneiras, como: paciência, benevolência, justiça, 
compaixão, coragem, tolerância, afabilidade, generosidade, honestidade, 
sensatez, lealdade, equidade etc. 
As virtudes eram tidas como fundamentais para o filósofo, pois o homem 
virtuoso, aquele que tem a capacidade de refletir sobre suas escolhas e escolhe 
o que é mais apropriado para si e para as pessoas que convivem com ele em 
sociedade viveria bem, tendo uma vida melhor. 
Leitura obrigatória 
Vamos continuar aprofundando nossos conhecimentos? Então faça a leitura do 
artigo a seguir: Noções introdutórias sobre a ética das virtudes aristotélica. 
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http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/download/1796/1127 
Saiba mais 
Entenda um pouco do que Leonardo Boff, um grande filósofo brasileiro, entende 
sobre Virtude assistindo ao vídeo a seguir: 
https://www.youtube.com/watch?v=vydv0R9Pd54 
ÉTICA RELIGIOSA 
A ética religiosa é regida por princípios e regras estabelecidos pelas 
distintas religiões. A ética cristã é um bom exemplo doque seria uma ética 
religiosa, visto que apregoa a obediência aos deveres religiosos. Sendo assim, 
é delimitada por parâmetros (princípios e regras) religiosos: os mandamentos de 
Deus têm o caráter de imperativos supremos. Na concepção cristã, o ato de 
matar ou de roubar, por exemplo, não se justificariam, pois seriam contrários aos 
mandamentos bíblicos universais (“não matarás”, “não roubarás”), que devem 
ser obedecidos. 
Assim, a ética religiosa tem características como os mandamentos – 
conjunto de leis ditadas por Deus e que devem ser seguidas. São elas: 
■ Dogmas: crenças e doutrinas estabelecidas que não admitem 
contestação, ou seja, uma verdade absoluta, definitiva, imutável, 
infalível, inquestionável e segura, nas quais não pairam dúvidas; 
■ Normas: regras que regem o comportamento dos indivíduos, 
sempre com caráter de ordem suprema, englobando nelas diversas 
religiões, seitas, confissões de fé, entre outros. 
Podemos começar a perceber que na maioria das vezes os indivíduos 
pensam em ética religiosa enquanto delimitação de normas e comportamentos 
religiosos. Logo, pensam em Deus (entendido como ser absoluto e 
transcendente) e remetem a Ele uma dupla função: a de legislar e a de sancionar 
tudo o que se refere ao que é bem ou mal, bom ou ruim. Esse Deus, como juiz, 
julga quem escolhe o mal e premia quem escolhe o bem. 
O “olho de Deus” que tudo vê é um símbolo utilizado pelo cristianismo. E 
significa o olho que está em nós mesmos nos impedindo de cometer atos 
antiéticos e não o olhar de Deus que está no céu vigiando tudo e todos. 
 
 
 
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Figura 2 – O “olho de Deus”, símbolo cristão 
 
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Questões religiosas são responsáveis, historicamente, por grandes 
conflitos mundiais que ocorreram ao longo dos séculos, e que persistem nos dias 
de hoje. É bom ressaltar que existem fatores de caráter político, econômico, 
territorial, geopolítico, histórico, eentre outros, que também desencadeiam os 
conflitos, mas as questões religiosas e o radicalismo sempre são motivos 
elencados como um dos principais. 
Atualmente existem inúmeras religiões sendo praticadas no mundo, as 
principais são: 
■ Cristianismo: historicamente é a religião com maior número de 
seguidores, sendo que atualmente conta com mais de 2,2 bilhões de 
adeptos no mundo. Os cristãos, como são chamados, creem que Jesus 
Cristo é filho de Deus e veio ao mundo como mortal para trazer salvação, 
foi morto e ressuscitou. Religião monoteísta (adoração a apenas um 
deus) e tem a bíblia como o livro sagrado. 
■ Islamismo: trata-se de uma religião monoteísta que surgiu no século 
VII, criada por Maomé, seu líder supremo. O Corão é o livro sagrado. 
Atualmente existem cerca de 1,6 bilhão de adeptos no mundo e é a que 
mais cresce. Está difundido especialmente na Ásia e África, mas existem 
diversos seguidores em países como a Inglaterra e a Espanha. 
■ Budismo: trata-se de uma religião criada por um príncipe indiano 
chamado Sidarta Gautama, conhecido como Buda. Surgiu na Índia, no 
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século VI a.C. No budismo não há hierarquia, existe a figura de um líder 
espiritual, que é o Buda e não há um deus. Atualmente existem 
aproximadamente 376 milhões de adeptos. O principal livro sagrado 
budista consiste no Tripitaka, livro compartimentado em três conjuntos 
de textos que compreendem os ensinamentos originais de Buda, além 
do conjunto de regras para a vida monástica e ensinamentos de 
filosofia. 
■ Judaísmo: considerada a primeira religião monoteísta, tendo como 
crença a existência de apenas um deus, o criador de tudo. Para os 
judeus, Deus fez um acordo com os hebreus, fazendo com que eles se 
tornassem o povo escolhido e prometendo-lhes a terra prometida. Seu 
patriarca é Abraão. Conta atualmente com aproximadamente 15 milhões 
de adeptos e tem a bíblia como o livro sagrado. 
 
A maioria das religiões pregam o amor, o respeito e a dignidade, porém, 
entre seus adeptos, as diferenças de crença acabam sendo as responsáveis 
pelos grandes conflitos mundiais. 
Podemos ressaltar que os primeiros filósofos cristãos buscavam conciliar 
fé e razão como instrumento de análise e reflexão. Segundo Valls (1994), a 
filosofia insurge no campo da ética cristã, na tentativa de justificar seus princípios 
e normas de comportamento, se submetendo à lei divina revelada pelos livros 
sagrados, mediante uma disciplina específica: a teologia dogmática. 
Ao falarmos em ética na dimensão religiosa, fechamos o discurso, uma 
vez que nos atemos para uma proposta de livre escolha e decisão, pois tudo já 
vem subjugado por algo maior e determinante. 
Com o avanço das ideias do Iluminismo, a humanidade deixou de lado o 
Teocentrismo (Deus como centro de todas as decisões) e colocou o próprio 
homem no lugar Dele, fazendo nascer o Antropocentrismo (o homem como 
centro de tudo). 
No período iluminista − conhecido como a “Era da Luz” − o homem passou 
a representar o ser absoluto dele próprio, deixando de lado as afirmações 
categóricas, dogmáticas, autoritárias e suas distorções da vontade criadas pela 
concepção de pecado. 
Fazendo uma análise entre ética frente a ética religiosa, entendemos que 
na primeira o indivíduo tem a livre escolha de seus atos, enquanto a ética 
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religiosa está atrelada à fé. Ir de encontro com a ética religiosa é afirmar que a 
moral está na conformidade com a vontade de Deus e que o mal é ir contra essa 
vontade absoluta. 
Leitura obrigatória 
Quer saber mais? Então não deixe de ler os textos indicados a seguir: 
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/529499-a-etica-do-papa-francisco-artigo-de-
giannino-piana 
http://www.recantodasletras.com.br/redacoes/3427313 
Saiba mais 
Para entendermos um pouco mais as questões éticas no contexto 
religioso, leia a resenha realizada por Wilson Ricardo Buquetü Pirotta do livro: 
COMPARATO, F. K. Ética: Direito, moral e religião no mundo moderno. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2006. 
http://www.acicate.com.br/portas/resenha1.pdf 
ÉTICA DO DEVER 
Para entendermos a ética do dever, devemos inicialmente entender 
alguns conceitos estudados por grandes filósofos ao longo do tempo. Segundo 
artigo produzido pela PUC/Rio, o homem é concebido como um indivíduo, como 
um ser que, por essência, não precisa pertencer a uma comunidade. É verdade 
que, de fato, os homens vivem e precisam mesmo viver, por questões de 
proteção, com outros homens, mas esse conviver não faria parte do que é o 
homem. 
Ainda, acresce-se à noção de indivíduo uma outra característica: a de 
igualdade. Se pesquisarmos no dicionário e em alguns livros, a igualdade é 
a falta de diferenças entre duas coisas, que possuem o mesmo valor ou são 
interpretadas a partir do mesmo ponto de vista, em comparação a 
outra coisa ou pessoa. A palavra igualdade tem relação com o conceito de 
uniformidade, de continuidade, ou seja, quando há um padrão entre todos os 
sujeitos ou objetos envolvidos. Ainda segundo o artigo da PUC/Rio, por princípio 
os homens são todos iguais. Isso significa que não mais se assume que o ser 
humano possua um papel na cadeia de seres, na estrutura da natureza, nem 
que se possa, no interior do grupo humano, falar de diferentes funções de 
homens, como afirmava Platão na Politeía. 
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Por fim, um terceiro ponto característico do homem moderno, segundo o 
artigo da PUC/Rio, consiste no fato de ele ser concebido como livre. Ele é, 
também por princípio, tanto livre de restrições impostas a ele por instâncias 
externas, quanto livre para seguir o curso de vida que melhor lhe aprouver. A 
esse aspecto da liberdade, associa-sea autonomia e a capacidade do homem 
de atribuir-se, ele próprio a si próprio, as regras pelas quais pautará sua vida e 
suas ações. 
Percebe-se que diante de tal visão do homem, cada indivíduo determina 
para si mesmo o curso de vida que quer seguir. As ideias de bem, de boa vida, 
ficam deixadas à deliberação de cada um. Fica a pergunta: Como conviver entre 
humanos de modo a evitar conflitos? 
Essa pergunta nos remete à ética do dever que tem início com o filósofo 
alemão Immanuel Kant (1724-1804), que afirmou que “a moral propriamente dita, 
não é doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-
nos dignos da felicidade”. Segundo Kant, a ética do dever centrou-se na razão 
humana, deixando de lado muitos dos conceitos e formulações da ética religiosa, 
colaborando para que a pessoa fosse autônoma e, consequentemente, livre. 
Uma vez que o homem pensa, abre-se perante ele a possibilidade de 
seguir por sua própria razão, sem se deixar enganar pelas crenças, tradições e 
opiniões alheias. O indivíduo é um ser sensível por natureza, uma vez que é 
condicionado por suas disposições naturais. Porém, por outro lado, é um ser 
racional, alguém capaz de se regular por leis que impõe a si mesmo. A essa 
imposição chamamos de dever: não é uma obrigação externa, e sim a expressão 
da lei moral em nós, ou seja, o senso moral inato ao ser humano e não derivado 
da experiência sensorial ou religiosa (SANTOS e MORUJÃO, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 3 – Immanuel Kant 
 
Nicku/Shutterstock 
 
Para Kant, o indivíduo deve agir o mais perfeitamente que puder, eis o 
fundamento primário de toda obrigação de agir. Assim, a ética do dever vem do 
reconhecimento do que a própria pessoa faz de si mesma e que, pela razão, 
chega à necessidade obrigatória de obedecer a certas regras: os imperativos 
categóricos. 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) expôs essa ideia de que todos os 
seres humanos têm a capacidade de distinguir o bem do mal e que, pela razão, 
todas as pessoas são chamadas a cumprir o seu dever, como base de toda a 
ética do dever de Kant, o qual também sofreu grande influência do Iluminismo. 
Para Kant, a razão deve ser submetida a uma análise sobre as diversas 
possibilidades de ação, ou seja, é pela razão que o ser humano se distingue do 
animal, conferindo-lhe a qualidade de pensar por si próprio. É por ela que a 
pessoa se torna autônoma e livre. 
A seguir, alguns exemplos dos chamados imperativos categóricos de 
Kant: 
Princípio da autonomia de Kant 
"Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, 
lei universal da natureza." 
Imperativo Universal de Kant 
"A máxima do meu agir deve ser por mim entendida como uma lei 
universal, para que todos a sigam." 
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Imperativo Prático de Kant 
"Age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa 
como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo e 
nunca apenas como um meio." 
Saiba mais 
Jürgen Habermas é filósofo do Instituto de Pesquisa Social, em Frankfurt 
(Alemanha). O texto a seguir foi apresentado na Conferência do Mês 
(IEA/USP): "Zum pragmatischen, ethischen und moralise hen Gebrauch der 
praktischen Vernunft", realizada em outubro de 1989. Boa leitura! 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40141989000300002&script=sci_arttext 
 
FINALISMO E UTILITARISMO 
Finalismo 
Ao se tratar do tema finalismo, é primordial se ater ao uso da terminologia 
em si, pois esta aceita diversos sentidos, oferecendo algumas possibilidades de 
equívocos devido às palavras fim e finalidade. Porém, para evitar enganos, aqui 
trataremos especificamente da dimensão ética como o princípio que admite uma 
finalidade. 
Para Japiassú e Marcondes (2008), o finalismo é doutrina que transpõe o 
princípio de finalidade para a ordem da metafísica, com o objetivo de explicar os 
fenômenos do mundo material ou moral, tanto pela intervenção de um espírito 
criador e providencial quanto em função de um futuro "apocalipse" que virá 
justificar tudo o que se passou anteriormente. 
Segundo Alencastro (2013), os finalistas não partem de regras, mas de 
objetivos, e avaliam as suas ações à medida que favorecem esses objetivos. 
Assim, para se definir o rumo certo de uma ação, inicialmente deve-se escolher 
um fim acertado e depois decidir sobre o meio para alcançá-lo. 
Dentre os teóricos que trataram da ética, Aristóteles tem como 
especificidade ser finalista, ou seja, entende que o homem, em todas as suas 
ações, tem por finalidade alcançar algo (um bem final). Esse bem final, que em 
uma escala hierárquica é o maior de todos os outros, é a felicidade. 
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Para os finalistas, a felicidade se focaliza no bem, no efeito da ação, 
sempre como um fim a ser obtido pelo indivíduo e não por meio da observância 
de determinações ou mandamentos. 
Assim, podemos nos remeter ao pensamento elaborado por Nicolau 
Maquiavel no século XV em seu livro O príncipe, expondo um modelo de 
governo norteado por um princípio segundo o qual, na política, “os fins justificam 
os meios”. 
Portanto, para Aristóteles, “a natureza de uma coisa é o seu estágio final, 
porquanto, o que cada coisa é quando seu crescimento se completa, nós 
chamamos de natureza de cada coisa, quer falemos de um homem, de um 
cavalo, de uma família, ou até mesmo da política. Mais ainda: o objetivo para o 
qual cada coisa foi criada – sua finalidade – é o que há de melhor para ela, e a 
autossuficiência é uma finalidade e o que há de melhor” (ARISTÓTELES, 
Política, I, 1253b, 15) 
Para todos os filósofos finalistas os objetivos são as finalidades e não 
partem de regras. Para eles, deve-se primeiramente escolher um objetivo − um 
fim apropriado – e, depois, decidir sobre a maneira como alcançá-lo. 
Utilitarismo 
Para Japiassú e Marcondes (2008), o utilitarismo é a doutrina ética 
defendida sobretudo por J. Bentham e J. S. Mill. Na definição de Mill, "as ações 
são boas quando tendem a promover a felicidade, más quando tendem a 
promover o oposto da felicidade". As ações, boas ou más, são consideradas 
assim do ponto de vista de suas consequências, sendo o objetivo de uma boa 
ação, de acordo com os princípios do utilitarismo, promover em maior grau o 
bem geral. As críticas ao utilitarismo geralmente apontam para a dificuldade de 
se estabelecer um critério de bem geral, e para o fato de que, em nome deste 
bem geral, essa doutrina aceita o sacrifício de uma minoria, sem considerar as 
intenções e motivos nos quais a ação se baseia, levando em conta apenas os 
seus efeitos e consequências (JAPIASSÚ e MARCONDES, 2008). 
O utilitarismo surgiu em meados do século XVIII, na Inglaterra, tendo sua 
gênese nos filósofos Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-
1873), situando a prática das ações de acordo com sua utilidade, ou seja, 
relacionaram o útil ao bom, baseando-se para tal em preceitos éticos. Bentham 
e Stuart Mill entendem então, que uma ação é eticamente correta se ela tiver por 
objetivo alcançar a felicidade, não no sentido meramente individual, mas no 
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aspecto coletivo, de forma não egoísta, a fim de evitar atitudes humanamente 
impulsivas. Desse modo, a ética utilitarista rejeita o egoísmo. 
Assim, conforme Mário Alencastro (2013), o utilitarismo vê o bom como 
aquilo que é útil para a maioria, tornando-se assim uma espécie de altruísmo 
ético, sempre admitindo a possibilidade do sacrifício individual a favor da 
coletividade. 
Portanto, uma atitude só deve ser concretizada se for para o bem de um 
grande número de pessoas. Assim, antes da efetivação de uma ação, ela deveser avaliada sob o ponto de vista dos seus resultados práticos. 
O princípio básico da teoria ética do utilitarismo é: “se é útil, é porque é 
bom”. 
O utilitarismo se diferencia de outros princípios éticos de caráter bom ou 
mal, pois, de acordo com o utilitarismo, é possível que uma ação boa seja 
resultado de uma motivação ruim, ou seja, a ação não depende da motivação de 
quem a pratica, afinal, uma intenção negativa pode gerar consequências úteis e 
benéficas a um coletivo maior. 
De acordo com John Stuart Mill: “O credo que aceita a Utilidade ou 
Princípio da Maior Felicidade como fundamento da moral, sustenta que as ações 
são boas na proporção com que tendem a produzir a felicidade; e más, na 
medida em que tendem a produzir o contrário da felicidade. Entende-se por 
felicidade o prazer e a ausência de dor; por infelicidade, a dor e a ausência de 
prazer” (MILL, 1962). 
Os utilitaristas entendem que o objetivo da ética é proporcionar o máximo 
de felicidade para o maior número de pessoas. Segundo Alencastro (2013), esse 
seria o princípio da “maior felicidade” ou “maior utilidade”. Neste sentido, a 
felicidade estaria na procura do máximo prazer e no mínimo de dor, o bem está 
na maior felicidade ao maior número de indivíduos, e as ações positivas são 
aquelas que a produzem. 
Para Mill (1962), “A felicidade é o único fim da ação humana e sua 
consecução, o critério para julgar toda conduta”. 
Saiba mais 
Para complementar seus estudos, faça a leitura indicada a seguir: 
https://www1.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod
=939383 
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NA PRÁTICA 
Leia “McDonalds no Líbano – Os extremistas, que enxergam o mundo 
pela oposição entre Jesus e Maomé” acessando 
<http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/islamismo/contexto_analise.html > 
Como a maioria condena algumas ações dos extremistas, aderir a uma 
cultura diferente pode ser menos complicado. Levando em consideração o que 
estudamos, os extremistas são éticos em suas ações? 
 
SÍNTESE 
Trabalhamos questões que dizem respeito as mudanças e evolução das 
teorias sobre a ética empresarial, pois é de fundamental importância conhecer e 
analisar algumas das diversas teorias que vêm norteando a ética no decorrer da 
história, com suas mudanças e evoluções conceituais. Assim, percorremos um 
caminho histórico e conceitual de algumas das teorias éticas mais importantes 
no curso da história da filosofia, assim vistas: Ética das virtudes (a.C. − Sócrates, 
Platão, Aristóteles etc.); Ética religiosa (Era Cristã); Ética do dever (Kant 1724-
1804); Finalismo (século XV) e Utilitarismo (Bentham e Stuart Mill). 
Pudemos perceber que as teorias são concebidas e se desenvolvem nos 
mais diversos tipos de sociedade, sempre respondendo aos conflitos e aos 
problemas de cada época nas relações entre as pessoas em convivência dentro 
dela. 
 
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REFERÊNCIAS 
ALENCASTRO, M. Ética empresarial na prática: liderança, gestão e 
responsabilidade corporativa. Curitiba: Intersaberes, 2013 
ARISTÓTELES. Política. Trad. Mário da Gama Kury. 3. ed. Brasília: UnB, 
1997. 
__________. Ética a Nicômaco. Trad. Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da 
versão inglesa de W. D. Ross. São Paulo: Nova Cultural, 1996. 
BETTENCOURT, P. Ética da virtude? Disponível em: 
<www.portalcoimbra.com/portal/o-que-e-etica-da-virtude-aristoteles> Acesso 
em 20/04/2016. 
Consciência Política. Disponível em: 
<http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/filosofia-etica-e-
sociedade/> Acesso em 20/04/2016. 
COTRIM, G. Fundamentos de Filosofia. 15.ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 
JAPIASSÚ, H. MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. 5. ed. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2008. 
KANT, I. Crítica da razão pura. 5. Edição. Tradução: SANTOS, M. P. e 
MORUJÃO, A. F. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. Disponível em: 
<http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/Cr%C3%ADtica-da-
Raz%C3%A3o-Pura-Kant.pdf> Acesso em 20/04/2016. 
LEVENE, L. Penso, logo existo: tudo o que você precisa saber sobre 
Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. 
MILL, J.S. On liberty. Edited with an introduction by Mary Warnock. Nova York: 
Meridian Book, 1974. 
MONDIN, B. Introdução à Filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 
Tradução de J. Renard. São Paulo: Paulus, 1980. 
NALINI, J. R. Ética geral e profissional. Curitiba: Revista dos Tribunais, 1997. 
Portal Coimbra. Disponível em: <http://www.portalcoimbra.com/portal/o-que-e-
etica-da-virtude-aristoteles/> Acesso em 20/04/2016. 
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PUC/RIO. Temas Fundamentais da Arquitetônica do Pensamento Ético-
Filosófico de Lima Vaz. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-
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RODRIGUES, F. Ética do bem e ética do dever. Disponível em: 
<http://www.oquenosfazpensar.com/adm/uploads/artigo/etica_do_bem_e_etica
_do_dever/fernando_rodrigues_247-265.pdf> Acesso em 20/04/2016. 
VALLS, A. L. M. O que é ética. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994. 
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DISCIPLINA: 
ÉTICA EMPRESARIAL E 
RESPONSABILIDADE 
SOCIOAMBIENTAL 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Olívia Carolina de Resende 
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CONVERSA INICIAL 
Você já parou para refletir o que seria viver em uma sociedade em que as 
empresas agissem única e exclusivamente em busca de benefício dos 
acionistas, ou seja, em benefício próprio, agindo de tal forma que seu processo 
produtivo beneficiasse apenas a produtividade, deixando de lado, a comunidade, 
o meio ambiente, dentre outros? Ou numa sociedade em que todas as empresas 
sem exceção levassem em consideração em suas decisões os stakeholders 
(partes interessadas pelas práticas de determinada empresa), o meio ambiente, 
antes de realizar algo? 
Hoje abordaremos a ética nos negócios e analisaremos a corrida pelo 
lucro e sua grande influência no mundo empresarial. Refletiremos sobre o 
conceito de ética empresarial, bem como suas etapas de formação e seus 
dilemas. 
CONTEXTUALIZANDO 
Já vimos que para o convívio em sociedade, a ética é um assunto 
importante e cada dia mais difundido e necessário. Nas práticas empresariais 
isso não é diferente, uma vez que toda empresa é parte viva de uma determinada 
comunidade. 
Nos dias atuais, em pleno século XXI, fala-se muito em ética empresarial 
e isso vem se difundindo de maneira mais veemente nos últimos anos. Assim, o 
tema é relativamente recente. 
O autor Mario Alencastro (2013) afirma que a ética empresarial começou 
a ser debatida com mais intensidade no final dos anos 1960, depois de uma série 
de escândalos acontecidos no mundo empresarial norte-americano. Na década 
de 1980, ocorreu uma série de seminários sobre ética nos negócios, sempre com 
cursos dirigidos a executivos, com o intuito de conscientizá-los sobre a 
importância desse tema. Mais tarde, o mesmo aconteceu na Bélgica, Itália, 
Espanha, França e Inglaterra. 
No Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade social 
empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de entidades 
não governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a 
questão, tais como o trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e 
Econômicas (IBASE) na promoção do Balanço Social, baseado em princípios 
éticos elevados (ETHOS, 2008). 
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Buscaremos refletir sobre o conceito e como se desenvolveram os 
estudos da ética empresarial. Além disso, apresentaremos as etapas da 
formação ética de uma

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