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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MAIARA GUISSONE SERVITIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO: Uma proposta para a empresa Y São Leopoldo 2019 MAIARA GUISSONE SERVITIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO: Uma proposta para a empresa Y Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração, pelo Curso de Administração da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Orientadora: Prof.ª Ms. Luciana Maines da Silva. São Leopoldo 2019 Agradeço a Deus pela oportunidade, minha família e meu noivo por todo apoio que me foi dado durante minha trajetória acadêmica. AGRADECIMENTOS Agradeço imensamente à minha orientadora pelo tempo dedicado, pelos conselhos, pela paciência e por me entender em momentos difíceis, agradeço pela sua excelente orientação para que meu trabalho pudesse ser desenvolvido de forma eficiente. Neste mundo necessitamos de pessoas empáticas, pessoas do bem, mestre em conhecimento e compartilhamento deste, que com leveza saiba conduzir o aluno a escolher, a partir de suas próprias conclusões, a melhor apresentação de suas ideias, com certeza, Luciana Maines é essa pessoa. Aos meus colegas de trabalho, por me instruírem, passar informações relevantes e por todas as resenhas a respeito da minha monografia. Apoiando-me em todos os sentidos para que eu pudesse desenvolver meu assunto. Pela família que me deu todo o suporte e me ajudou nas horas mais difíceis dessa caminhada, que puderam me entender em todos os momentos em que estive ausente e que não pude fornecer a devida atenção. Meu noivo que compreendeu minha ausência em todas as semanas que precisei focar para que eu pudesse escrever meu trabalho e se posicionou para ajudar em todos os momentos. “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”. José de Alencar RESUMO Palavras-chave: Serviços, Servitização, PSS, Inovação, Modelo de negócio. As organizações de bens de consumo duráveis vêm adotando novas estratégias de negócios para aproximarem e fidelizarem seus clientes. A Servitização tem um papel importante na economia atual e vem transformando empresas no seu âmbito operacional assim como em termos de valores no mercado. A inclusão de Serviços favorece a competição estratégica, que tem se tornado marca distintiva das empresas inovadoras, proporcionando às empresas um meio para se proteger frente à seus concorrentes. Para que a mudança ocorra é importante entender que a incorporação de novos serviços requer uma alteração na estratégia da organização. Diante desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar os critérios competitivos no mercado manufatureiro e propor um modelo de adoção estratégica para a servitização ao produto comercializado pela empresa Y, adicionando a venda de serviços em seu portfólio por meio do processo de servitização. A análise foi feita de cunho qualitativo, sob a forma de um estudo de caso realizado através de entrevistas com os principais gestores da organização. Os resultados mostraram evidências para a mudança organizacional, com destaque para uma nova proposta ao modelo estratégico da empresa. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Comparação abordagem tradicional de manufatura x abordagem PSS. ... 22 Figura 2: Categorias do PSS. .................................................................................... 23 Figura 3: Elementos que constituem um PSS ........................................................... 23 Figura 4 Fluxograma proposta modelo de negócio ................................................... 56 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Principais definições de servitização. ....................................................... 17 Quadro 2: Termos e principais sinônimos de servitização. ....................................... 19 Quadro 3: Exemplos de abordagens de PSS na indústria. ....................................... 21 Quadro 4: Principais publicações Brasileiras. ........................................................... 25 Quadro 5: Exemplos de companhias brasileiras que fornecem solução. .................. 26 Quadro 6: Dimensões das inovações de serviços ..................................................... 28 Quadro 7: Demonstrativo das Fases de implementação de Servitização. ................ 30 Quadro 8: Perfil dos entrevistados ............................................................................ 35 Quadro 9: Dados dos entrevistados .......................................................................... 35 Quadro 10: Perfil da empresa ................................................................................... 40 Quadro 11: Produtos e Serviços ............................................................................... 41 Quadro 12: Detalhamento serviços ........................................................................... 42 Quadro 13: Classificação dos serviços ..................................................................... 44 Quadro 14: Concorrentes produto Software .............................................................. 46 Quadro 15: Concorrentes produto Manufatura .......................................................... 48 Quadro 16: Concorrentes Produto Impressão 3D ..................................................... 50 Quadro 17: Estrutura do questionário com gestores da empresa sobre servitização. .................................................................................................................................. 69 LISTA DE SIGLAS MN Modelo de negócios P&D Pesquisa e Desenvolvimento PDP Processo de Desenvolvimento de Produtos PSS Product-Service System (sistema produto-serviço) . 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 1.1 Tema ................................................................................................................... 13 1.2 Delimitação do Tema ........................................................................................ 13 1.3 Problema ............................................................................................................ 13 1.4 Objetivos ............................................................................................................ 15 1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15 1.4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 15 1.5 Justificativa ........................................................................................................ 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 17 2.1 Definições de servitização ................................................................................ 17 2.2 Termos similares a servitização ...................................................................... 18 2.3 Sistema de produto serviço – PSS. ................................................................. 20 2.3.1 PSS no Brasil. ..................................................................................................24 2.4 O processo de servitização .............................................................................. 26 2.4.1 Inovação de serviços ........................................................................................ 27 2.4.2 Implementação de serviços .............................................................................. 30 3. METODOLOGIA ................................................................................................... 31 3.1 Estudo de caso .................................................................................................. 31 3.1.1 Abordagem qualitativa ...................................................................................... 31 3.1.2 Pesquisa descritiva .......................................................................................... 32 3.2 Unidade de análise ............................................................................................ 33 3.3 Coleta de dados ................................................................................................. 33 3.3.1 Pesquisa de campo .......................................................................................... 34 3.3.2 Participantes da pesquisa e entrevista ............................................................. 34 3.3.3 Roteiro de entrevista semi estruturado ............................................................. 36 3.3.4 Observação-participante .................................................................................. 37 3.4 Análise de dados ............................................................................................... 37 3.5 Proposta de análise........................................................................................... 38 3.5.1 Análise de entrevistas ...................................................................................... 38 3.5.2 Organização da análise .................................................................................... 38 3.6 Limitações .......................................................................................................... 39 4. ANALISE DO CASO ............................................................................................. 40 10 4.1 Empresa Y .......................................................................................................... 40 4.1.1 Apresentação ................................................................................................... 40 4.1.2 Produtos e Serviço ........................................................................................... 41 4.2 Serviços na organização .................................................................................. 41 4.3 Análise dos dados ............................................................................................. 43 4.3.1 Classificação dos serviços ............................................................................... 44 4.4 Mapeamento do modelo da concorrência ....................................................... 45 4.5 Resultado entrevistas ....................................................................................... 50 4.5.1 Inovação ........................................................................................................... 51 4.5.2 Serviços ............................................................................................................ 52 4.5.3 Servitização ...................................................................................................... 53 4.5.4 Modelo de negócio ........................................................................................... 54 4.5.5 Desafios ........................................................................................................... 55 5 PROPOSTA DE MODELO DE NEGÓCIO ............................................................. 55 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 57 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59 APÊNDICE A – ROTEIRO PARA A ENTREVISTA .................................................. 69 11 1 INTRODUÇÃO Na atualidade, serviços vêm se revelando, cada vez mais, uma fonte potencial de lucros, de diferenciação e de vantagem competitiva para as empresas (MATTOS, 2012). Para responder aos novos desafios, as empresas de manufatura estão agregando serviços adicionais aos seus produtos, combinando os seus produtos tangíveis e intangíveis para modificar o seu modelo de fornecimento aos clientes. Conforme Corrêa (2002), o setor de serviços, além de ser responsável pela maior parcela do PIB mundial, apresenta-se, talvez, como a parcela mais dinâmica da economia, com isso, seu número de empregos no setor cresce a taxas mais elevadas do que nos demais setores econômicos. No Brasil o setor de serviços tem a maior contribuição para o PIB – Produto Interno Bruto, com o atingimento de R$ 6,6 trilhões em 2017 e com mais de 75%, considerando serviços prestados em Agricultura, Indústrias e Serviços em geral (IBGE, 2018). Uma das formas contemporâneas de se agregar mais valor aos produtos tem sido através da oferta de serviços complementares ao cliente, ou seja, deixar de oferecer apenas um produto, para oferecer um serviço agregado adicional ao cliente. Esse conceito foi rotulado de “servitização” (servitization) por Vandermerwe e Rada (1988) e tem crescido significativamente desde então (PIRES, 2016, p. 127). De uma forma analítica, a servitização pode ser definida como uma forma de criar valor através da adição de serviço aos produtos comercializados (BAINES et al., 2007). Essa transformação das empresas de manufaturas, vender seus produtos juntamente com seus serviços, pode ser indicada como um auxílio à criação de novas ofertas e demandas de novos serviços, se tornando parte integrante da solução para o cliente. Paralelamente a essas questões, as atividades de serviços exercem um papel importante no desempenho de outros setores da economia, principalmente o industrial, que pode ser colocado em três categorias, o papel de apoio à criação do diferencial competitivo, papel de suporte às atividades de manufatura e papel de geradores de lucro. (CORRÊA; CAON, 2002). A oferta de produtos juntamente com serviços, principalmente no formato solução para o cliente, é um desafio constante para as organizações, tendo em vista a necessidade de apresentar a ideia do seu produto com a prestação do serviço exclusivo, de modo a entregar o valor que o seu cliente esteja disposto a pagar por ele (JAMES; MONA, 2010). 12 As integrações de serviços nas principais ofertas das indústrias de manufatura baseiam-se em três justificativas, descritas conforme Oliva e Kallenberg (2003): a) Em primeiro lugar, eles consideram que os serviços geram margens mais altas em comparação aos negócios relacionados a produtos, pois consideram com um maior valor agregado a venda; b) Em segundo lugar, consideram os serviços associado com produtos como uma condição prévia para vender produtos cada vez mais complexos aos clientes. Essa é uma vantagem competitiva na venda de produtos que envolvam serviços personalizados e complexos; c) E por terceiro lugar, eles caracterizam os sistemas de serviços de produtos como sendo muito mais difíceis de imitar e, portanto, como fonte de vantagem competitiva. Autores como Martinez, et al., (2010): Contradizem as vantagens da oferta de produtos e serviços, observando dificuldades e riscos. Os investimentos em tecnologia e infraestrutura podem ser elevados e implicar um retorno somente à longo prazo. Discuta-se que, no entanto, a oferta de serviços orientados aos produtos, o ciclo de vida desses diminuem rapidamente, levando à obsolênciaprogramada e consequentemente substituição. Conforme Ahamed, et al., (2013), os desafios apontados, referem-se à mudança na gestão das organizações, mudanças estruturais, mudança nas suas políticas, em seus processos e na extensão de novas operações de negócios. Assim, a inserção destes serviços apresenta como um desafio com relação à padronização de processos, gerando alto custo, podendo deixar o sistema complexo, e em alguns casos seus processos podem se tornar vagos (TIAN, et al., 2012). Considerando todos os conceitos envolvidos, será apresentado nesta monografia, um estudo de caso sobre como a servitização pode modificar o modelo de negócios na empresa Y. Sobre a organização, A empresa é líder no fornecimento de tecnologia para as engenharias de design, projetos e processos de manufatura, empresa é uma revendedora de software, industrialização de hardware para a gestão da produção e 13 revenda de impressoras 3D. Foi fundada em 1989 na cidade de Joinville - SC, e em 1992 o escritório em São Leopoldo tornou-se a matriz. Com sua expansão, atualmente, tem nove escritórios localizados nos principais polos metal-mecânicos brasileiros, além de São Leopoldo e Caxias –RS, Joinville e Florianópolis - SC, Curitiba - PR, São Paulo capital - SP, Americana – SP, Centro- Minas Gerais – MG e Campo Grande – RJ. A equipe é formada por aproximadamente 270 colaboradores, entre engenheiros, técnicos, suporte, administração, marketing e comercial. Atualmente a empresa presta serviços de forma avulsa quando há a necessidade de ordem de serviço (OS), no sistema. 1.1 Tema O presente trabalho terá como tema central a Servitização, um modelo estratégico de negócio, que pode ser adotado por empresas, que queiram acrescentar atividades de serviços, aos produtos que oferece para seus efetivos clientes (JACOBES, CHASE, 2012). 1.2 Delimitação do Tema Este projeto de pesquisa delimitou-se em um estudo de caso, sobre um modelo de servitização em uma organização privada, aqui denominada Y, com sua matriz e administração situada na região de São Leopoldo – Rio Grande do Sul. 1.3 Problema O percentual de participação das empresas no setor de serviços, tem se tornado cada vez maior, à medida que a economia nacional se desenvolve. A participação relativa dos setores de serviços vem crescendo rapidamente, chegando a representar mais da metade do PIB – Produto interno Bruto do País. Conforme Lovelock, et al., (2011), grandes transformações econômicas, que ocorrem por influência de fatores políticos, governamental, social, tendência de negócios, avanços na tecnologia e globalização, estão entre as forças poderosas que atualmente estão transformando o mercado de serviços, como: 14 a) Novos mercados e categorias de produtos, criam maior demanda por serviços em muitos mercados existentes, intensificando a competição; b) Inovação em produto de serviços, sistemas de entrega, estimulados pela aplicação de tecnologias aprimoradas; c) Os consumidores têm mais escolhas e exercem maior poder; d) sucesso da organização vai depender da compreensão de seus clientes e seus concorrentes, se seus modelos de negócios são viáveis e a criação de valor para o cliente e empresa, ou seja, maior foco em marketing e gestão de serviços. As empresas buscam pela crescente participação no mercado e consequentemente crescer junto aos seus clientes, se tornando diferenciado com relação ao seu concorrente, para isso, é necessário identificar os critérios competitivos para competir em longo prazo, é preciso definir de que modo a empresa os desenvolverá, compreender o seu consumidor, elaborar estratégias e usufruir de vantagens nos critérios competitivos para garantir o sucesso da empresa. A empresa Y, atuante no mercado como revenda de softwares de Engenharia há 29 anos e como empresa manufatureira na ara de coleta de dados de supervisão de produção há aproximadamente 02 anos, através da tecnologia e do conhecimento a empresa busca aprimorar a maneira como os produtos são desenvolvidos, manufaturados e gerenciados. Agrega valor ao negócio das empresas, de todos os tamanhos e segmentos, através de implantações de sistemas líderes na sua atuação, onde realiza o desenvolvimento personalizado de software e integração entre sistemas, conectam os departamentos de engenharia de projetos e de processos aos demais departamentos da empresa. A empresa também busca prover soluções através de projetos mecânicos e de manufatura. Na parte de impressoras a empresa revende o produto para diversos segmentos que se faz necessário e importante mecanizar este processo. Atualmente o seu processo de venda é através da compra e revenda de softwares, a compra e a revenda de impressoras 3D e na manufatura dos equipamentos de coleta de dados, a partir da produção conforme a demanda, e posteriormente é vendido algum serviço caso haja necessidade identificada pela área comercial junto ao cliente, sendo este serviço vendido de forma avulsa. 15 Dessa forma, surge a problemática de pesquisa: Como a empresa Y pode adotar a servitização como uma estratégia para o seu negócio? 1.4 Objetivos A seguir são apresentados os objetivos gerais e específicos que auxiliaram a responder o problema de pesquisa deste trabalho. 1.4.1 Objetivo Geral O objetivo geral do presente trabalho é analisar como a empresa Y atua em seu mercado, explorando uma forma para a implantação da servitização em sua estratégia de negócio. 1.4.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos para chegar a um resultado quanto à pesquisa serão abordados nas seguintes etapas: a) Analisar os critérios competitivos no setor manufatureiro; b) Analisar a forma como a empresa Y trabalha atualmente; c) Propor um modelo de servitização para a empresa; 1.5 Justificativa O tema servitização, não é um tema recente, diversos estudos e artigos vêm tratando o conceito da servitização de forma ampla e em diversos setores da economia. A competição estratégica por meio de oferecer serviços tem se tornado a marca exclusiva para as empresas de manufatura inovadora. Em função disso, observa-se um grande interesse em pesquisas sobre o papel dos serviços para sustentar a competitividade da indústria e sobre o papel da combinação de produtos e serviços para entregar valor aos seus clientes (SPRING, ARAUJO, 2009). No cenário atual, muitas publicações científicas, na área de administração de serviços e operações, apresentam as motivações e os desafios que as empresas 16 manufatureiras se colocam em busca da servitização. Há uma grande pluralidade de terminologia nos artigos que abordam este tema, é possível inclusive, encontrar expressões como “estratégias de transição de produtos para serviços”, “como se tornar um provedor de serviços” e como “gerenciar a transição de produtos para serviços” (BRAX, 2005; DAVIES et al., 2006; MATHIEU, 2001; OLIVA e KALLENBERG, 2003). Nota-se ainda, que trabalhos neste campo de estudo no Brasil são poucos, e é nesse contexto que o desafio deste trabalho é estudar-se sobre a possível inserção da servitização no modelo estratégico da empresa Y, empresa Brasileira, onde há um vínculo para o presente estudo, trazendo uma forma de melhoria para a mesma. A pesquisa se torna relevante para a organização, para que haja uma visualização de seus processos e de como a servitização pode modificar o seu negócio, trazendo novas possibilidades de mercados atuantes e novas formas de crescer o seu negócio na área da tecnologia. Para o aluno, as informações geradas têm grande importância para sua trajetória acadêmica e profissional, a abrangência deste tema é consideravelmente importante na área da administração, assim como na área de tecnologia para que haja uma viabilidade no fornecimento de serviços junto aos seus produtos. A política atual da empresa não abrangeo modelo de servitização e com esta análise busca-se determinar uma melhor administração para as estratégias de serviço da empresa. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O capítulo pretende esclarecer os conceitos e definições de servitização a cerca de termos similares, PSS no Brasil, mudanças na estrutura da empresa e desafios ao utilizar-se esse método de serviços para a organização. 2.1 Definições de servitização A união de produtos e serviços surgiu de fato como uma prática e com sua denominação em 1980, quando Vandermerwe e Rada (1988), definiram pela primeira vez o termo servitização como uma forma de oferta de pacote de mercado ampla, com combinações de bens, serviços, apoio, autosserviço e conhecimento, para agregar valor às principais ofertas de produto. É uma inovação nos processos de vendas das empresas, as quais deixam apenas de vender seus produtos para ofertar pacotes de serviços e produtos juntos, que se complementam e agregam valor um ao outro (BAINES et al., 2009a). Para uma melhor apresentação das definições e os respectivos autores, Rocha (2014) elaborou um quadro síntese de definições, onde são relacionados autores e sua ênfase dado a definição para a servitização. Quadro 1: Principais definições de servitização. Autor Definição de Servitização Vandermerwe e Rada (1988); Finne e Holmström (2013); Laine; Paranko e Suomala (2012) Ocorre quando as empresas passam a oferecer serviço junto com o produto, tendo como objetivo sair do tradicional. Obs.: Essa oferta de serviços junto ao produto, por sua vez, vinha sendo denominada de criação de valor. Yang et al. (2013); LIN e LIN (2012) É a inovação de capacidades e processos de uma organização para uma melhor criação de valor por meio da oferta de um sistema de produto-serviço (PSS). Esta tendência de combinar produtos tangíveis com serviços intangíveis em uma única oferta caracteriza-se como servitização. Ren e Gregory (2007) Tendência pela qual as organizações criam empresas de serviços em torno dos seus produtos convencionais. Quinn; Doorle e Pauquetee (1990); Belal; Shirahada e Kosaka (2013) É o crescente foco de um fabricante em atividades de serviço, tendo a adoção do serviço como elemento crítico de sua estratégia competitiva. 18 Autor Definição de Servitização Baines et al. (2009a); Finne e Holmström (2013) É o aumento da receita, gerando valor a partir da prestação de serviço como forma completar aos produtos tradicionais. Rothenberg (2007); Davies; Brady e Hobday . (2004) É uma abordagem estratégica para as empresas de manufatura, tendo a intenção de, não só atuar na produção de bens, mas ofertar uma combinação de produtos e serviços em um único "pacote de valor" para seus clientes, atendendo às suas necessidades em um único espaço. Tal estratégia ganha espaço em empresas de manufatura em economias em desenvolvimento. Johnstone; Dainty e Wilkinson (2008) É o "agrupamento" de produtos e serviços de acordo com a demanda dos clientes, tendo o papel de inibir a entrada de produtos de preços inferiores de outros países. Neely (2008) É uma estratégia de diferenciação no mercado para empresas tradicionais. O termo tradicional é utilizado para empresas que atualmente estão realinhando seu foco para serviços e tendo maior parte de sua receita advinda do serviço. Raddats e Easingwood (2010) É a fusão de serviços na manufatura; a prestação de serviço é uma estratégia para diferenciação no mercado e gera vantagem competitiva. Schmenner (2009) É uma mudança por parte dos fabricantes de venda de produtos, tendo o uso do serviço como base estratégica. Fonte: Rocha 2014. A análise dos termos sobre servitização do Quadro 1 indica o ponto de vista de diferentes autores, onde os mesmos trazem em comum, a associação entre a agregação de valor aos produtos manufaturados por meio de serviços e de soluções para atender as necessidades dos clientes, de forma competitiva, gerando valor agregado ao cliente e aproximando o seu consumidor. 2.2 Termos similares a servitização Alguns autores introduzem o termo servitização em diferentes casos, ocasionando uma série de definições e de conceitos. Ainda outros autores, trazem termos similares à servitização conforme quadro 2, onde os termos e sinônimos são descritos pelos principais autores deste assunto, e que levantam informações relevantes para um bom entendimento dos termos que são encontrados em referenciais teóricos e esclarecem as diferenças entre eles. 19 Quadro 2: Termos e principais sinônimos de servitização. Termo Autor Definição Servicing Oliva e Kallemberg (2003) É a oferta de serviços atrelados ao produto os quais as empresas utilizam vários rótulos como: serviços industriais, serviços de produtos ou serviços pós- venda. Go Downstream Wise e Baumgartner (1999) É o desenvolvimento de uma forte relação com o cliente através do oferecimento de um produto no qual já está integrada uma prestação de serviço. High Value Manufacturing Gilbert e Gadiesh (1998); Johnstone; Dainty e Wilkinson, (2009) Uma forma de aumentar o lucro de uma organização é a diversificação do seu portifólio de produtos e serviços. O termo utilizado visa aumentar a rentabilidade por meio da prestação de serviço atrelado ao produto. Capture the Value of Supplementary Services Anderson e Narus (1995) O termo utilizado reflete a prestação de serviço atrelado ao produto como algo de suma importância para o aumento da receita da empresa. Integrated Solutions Davies (2004) É a integração de prestação de serviços com o fornecimento de produto no qual há um maior valor agragado para a empresa. Product-Service Systems Tukker (2004); Mont (2002) PSS é a integração de produtos e serviços a fim de criar novas fontes de valor e competitividade. Tertiarization Leo e Philippe (2001) "Tertiarization" é a integração de serviços fornecidos pelas organizações. Essa tendência foi iniciada pela Indústria francesa de exportação a fim de agregar maior valor ao seu produto e, consequentemente, com vistas a buscar uma melhor satisfação dos clientes. Product-Centric Servitization Baines et al. (2009b) É o termo utilizado para a definição de um portfólio de serviços diretamente acoplado a um produto. Estes serviços podem ser integrados ao produto em si, sendo o elemento fundamental para a prestação da integração de serviços. Encapsulamento de Serviço Howells (2004) É a tendência de empresas de para a prestação de produtos de serviços que estão relacionados com os seus produtos. Infusão de serviço Brax (2005); Kowalkowski; Witell e Gustafsson (2013) Denominamos infusão de serviços em empresas de manufatura o aumento da importância na oferta de serviços atrelados aos produtos Pacote Produto- Serviço’ Johnstone; Dainty e Wilkinson (2008); Marceau et al. (2002); Davies; Brady e Hobday (2006) Esse termo significa o acréscimo de serviços ao produto como serviços de pós- venda e de manutenção. Fonte: Rocha 2014. O Quadro 2 apresenta os diferentes pontos de vista dos autores, onde os mesmos afluem a ideia de que a agregação de serviços atrelado a produtos manufaturados, atendem as necessidades dos clientes, e principalmente, objetivam a busca pela satisfação do mesmo. 20 Para Davies (2004); Oliva e Kallenberg (2003), servicing e integrated solutions estão ligados diretamente à oferta de serviços como forma de agregar valor ao produto, de forma a contribuir com o pós-vendas e serviços nos produtos. Já para Leo e Philippe (2001); Wise e Baumgartner (1999) é a procura pela satisfação do cliente através do oferecimento do produto atrelado ao serviço, que fortalece a relação com seus clientes. Para Anderson e Narus (1995);Gilbert e Gadiesh (1998); Johnstone et al. (2009); Mont (2002); Tukker (2004), a agregação de serviços ao produto é uma forma de realizar uma diversificação do portfólio de produtos e serviços que, consequentemente, visa ao aumento do lucro e da receita da empresa. 2.3 Sistema de produto serviço – PSS. O termo PSS é um dos termos mais utilizados para a servitização, principalmente, fora do Brasil, em função disso detalha-se o mesmo neste trabalho. De acordo com Lightfood, Baines e Smart, (2013) apesar de algumas diferenças nas abordagens de servitização e sistema produto-serviço (PSS, product service system) e da interação relativamente breve entre as duas correntes, observa-se em ambos os autores, um interesse comum em trabalhar e conceituar a diferença entre os produtos-serviços, a estratégia competitiva para a empresa, o valor para o cliente, o relacionamento para com o cliente e a configuração do produto-serviço. Por outro lado, o PSS também pode ser visto na literatura um caso de servitização particular, que dá preferência à utilização dos ativos, ao invés de sua propriedade, com o qual a empresa ganha diferenciação por meio da integração entre o produto e o serviço, entregando valor em uso ao cliente (BAINES et al., 2007). Em seu contexto simplificado, um PSS se apresenta com um produto comercializado em conjunto com um serviço adicional agregado, como exemplo, a manutenção de um produto. Outra modalidade mais avançada ocorre quando o produto é “servitizado” ou desmaterializado segundo alguns autores (STEINBERGER et al., 2013; BERNARDINI, GALLI, 1993), neste caso a empresa comercializa somente o serviço e o produto acaba se tornando um meio para que o mesmo ocorra, permanecendo como propriedade o fornecedor do serviço. 21 Quadro 3: Exemplos de abordagens de PSS na indústria. Empresa De produtos... ... para serviços e soluções completas. ABB Geradores de energia Soluções completas (turnkey) para geração de energia. Alston Equipamentos de transporte ferroviário Serviços completos de atualização, manutenção e operação de ferrovias e sistemas de sinalização. Dupont Tintas Serviços químicos gerenciados – pintura de qualidade em superfícies, etc. IBM Computadores (HW) Consultoria de negócios e de software. JCDecaux Bicicletas Esquemas de locação de bicicletas com autoatendimento. Nokia Equipamentos para rede de telefonia Soluções de infraestrutura de rede, fornecendo equipamentos e serviços para operadoras. Philips Healthcare; Toshiba Medical Systems Equipamentos de diagnóstico médico por imagem Gestão de ativos de sistemas de diagnóstico médico – seleção e compra de equipamentos, substituição, gestão, manutenção, reparo e financiamento. Rolls Royce Turbinas de avião “Power by de hour” – serviço de manutenção e back-up com preço fixo, monitoramento das condições, manutenção preditiva, gestão da vida das peças, etc. Sara Lee / Douwe Egberts Café Soluções de café – locação de máquinas de café, suprimento de café, operação e manutenção. SKF Rolamentos Serviços de consultoria e engenharia – monitoramento de condições do componente, vedação industrial, análise de vibração e lubrificação, etc Whirlpool Purificadores de água O purificador de água é instalado na residência ou na empresa, com pagamentos mensais pela utilização. Xerox; HP Impressoras Serviços gerenciados de impressão – venda com base em um preço fixo por página. Os produtos são projetados para facilitar sua remanufatura. Xerox; Océ Copiadoras Serviços documentais – leasing, monitoramento do equipamento, manutenção, suprimento de papel e toner, gestão de documentos e dados, etc. Fonte: Adaptado de Costa 2017. A maneira como as abordagens de PSS apresentam, trazem como estratégia a inovação, nas quais as empresas fornecem valor ao seu cliente por meio da prestação de serviço, ao invés de trabalhar somente com a venda do produto, suportando e aperfeiçoando a utilidade dos produtos durante todo o seu ciclo de vida. Conforme Costa (2017) descreve, o PSS trata de uma modificação de um modelo de negócios (MN), baseado inicialmente na troca de propriedade do produto, 22 em outro MN baseado em suporte e melhoria da utilização do produto, conforme a figura 1 abaixo. Figura 1: Comparação abordagem tradicional de manufatura x abordagem PSS. Fonte: Costa 2017. O princípio por trás do PSS é considerar que o valor não está embutido no produto físico, e sim que o valor é criado quando o fornecedor suporta as atividades do cliente relativas ao uso do produto. Para Chesbrough (2011) as empresas deveriam se espelhar em como as nações desenvolvidas estão desenvolvendo e transformando suas economias predominantemente em serviços, e procurar acompanhar essa evolução. O autor defende que os serviços representam experiências para os clientes, e que tais experiências podem oferecer às empresas fornecedoras oportunidades de diferenciação e de crescimento do negócio, podendo servir também como alavancas para superar os concorrentes e buscar a liderança de mercado. Segundo ele, essa é uma forma eficiente para a empresa evitar a “armadilha da comoditização”. Conforme Kinnunen e Turunen (2012) e Tukker (2004), existem três principais categorias de PSS observadas: (a) PSS orientado para os produtos, em que o modelo de negócio é a venda do produto ao consumidor com alguns serviços adicionais, como manutenção, por exemplo; (b) PSS orientado ao uso, que tem como um dos exemplos claros as prestadoras de serviço; (c) PSS orientado para os resultados, quando cliente e fornecedor concordam com o resultado. 23 Figura 2: Categorias do PSS. Produto Puro Orientado ao Produto Orientado ao Uso Orientado ao Resultado Serviço Puro 1) Relacionado ao Produto 2) Assessoria e Consultoria 1) Locação de Produto 2) Aluguel de Produto 3) Variedade de Produtos 1) Gestão de Atividades 2) Pagamento por unidade de serviço 3) Resultados Funcionais Fonte: Adaptado de Tukker 2004 Na Figura na próxima figura, de número 3, é possível compreender que um projeto de PSS possui elementos que são importantes para uma satisfatória condução e que tais elementos contribuem de forma conjunta para a oferta de resultados. Eles têm grande influência dentro de um projeto de PSS, pois abrangem, desde o produto e serviço, até a adição de valor inovador. No caminho desde o produto e serviço até a adição de valor ao PSS há vários atores envolvidos como os stakeholders, a melhoria, os processos, entre outros conforme pode ser visualizado na figura. Figura 3: Elementos que constituem um PSS Fonte: Adaptado de Vasantha et al. 2012. 24 a) Stakeholders: Significa as partes interessadas, sendo pessoas ou organizações que podem ser afetadas pelos projetos e processos da empresa; b) Melhoria: O que muda para um melhor estado ou condição; c) Objeto de suporte: O objeto que dará o devido suporte ao processo; d) Outros resultados: Demais resultados significativos para o PSS; e) Estágios de ciclo de vida: Fases de ciclo de vida do produto; f) Processos: Todos os processos envolvidos e necessários para um PSS. g) Critério de avaliação: Análise de formas de avaliações para o processo; h) Requisitos: Condições necessárias para que o PSS funcione da melhor forma; A partir das análises pode-se entender a servitização como uma “estratégia de inovação das capacidades e processos de uma organização, de modo que ela possa criar maior valor mútuo, passando da venda de produtos para a venda de sistemas produto-serviço” (NEELY, 2008, p. 107). Sintetizando, a servitização pode ser compreendida como uma inovação do modelo de negócios da empresa, visando dar mais ênfase à oferta de serviços ao cliente, tipicamente com ofertas de PSS e com seus elementos fundamentaispara que se constitua um PSS. 2.3.1 PSS no Brasil. Apesar do assunto PSS não ser considerado novo, no Brasil há pouca literatura encontrada de forma atualizada, e dentre as pesquisas foram identificados os autores conforme Quadro 4. As publicações analisam em si, como os serviços ocorrem, os elementos a serem considerados na gestão do PSS, divulga casos significativos de utilização do MN, verificam-se questões relativas ao processo de desenvolvimento de produtos e propõem modelos de maturidade para empresas que buscam por adicionar a venda de serviços junto ao seu produto. 25 Quadro 4: Principais publicações Brasileiras. Autor Tipo de Documento Tipo de Estudo Objetivos Almeida, (2009) Dissertação Estudo de Caso Analisar as características dos serviços com os produtos e a sua relação com a pesquisa de desenvolvimento de produto em uma empresa aeroespacial. Borchardt; Sellitto; Pereira, (2010) Artigo Revisão da Literatura Construir um marco referencial dos principais elementos a serem considerados dentro de uma gestão de PSS. Pimentel, (2011) Dissertação Revisão da Literatura Dispor os conceito de servitização e divulgação de alguns casos significativos. Magnago, (2011) Dissertação Revisão da Literatura Analisar as consequências da combinação de produtos e processos na gestão de desenvolvimento de produto. Mazo, (2012) Dissertação Estudo de Caso Incorporar a voz do cliente nas etapas iniciais do processo de Sistema de Produto- Serviço. Ribeiro, (2011) Dissertação Revisão da Literatura Verificar questões relativas ao processo de desenvolvimento de produtos (PDP) e sistema produto‐serviço (PSS). Mattos, (2012) Dissertação Estudo de Caso Investigar como uma empresa manufatureira modifica seu modelo de negócio para aumentar sua servitização. Júnior, (2012) Dissertação Estudo de Caso Analisar os efeitos organizacionais da servitização no mercado editorial brasileiro. Pereira, (2012) Tese Estudo de Caso Identificar se a estruturação das empresas em relação à integração de produtos-serviços influencia os fatores motivacionais para o PSS. Alvarez, (2012) Tese Estudo de Caso Propor um modelo de maturidade param empresas de bens manufaturados e que buscam adicionar venda de serviços como parte do seu portifólio. Alano; Luiz; Merino, (2013) Artigo Estudo de Caso Relacionar empresa de produtos de vestuário a modelos de PSS. Ayala, et al. (2015) Artigo Estudo de Caso Entender o processo de transformação e inovação que ocorre nos modelos de negócios tradicionais quando a empresa passa a orientar sua estratégia para a Servitização. Takemoto; Pereira, (2016) Artigo Estudo de Caso Estudar o grau de servitização e a sua influência na cadeia de suprimentos de indústrias de manufatura de pequeno e médio porte. Costa, (2017) Tese Revisão da Literatura Investigar como as empresas podem promover transformações em seus modelos de negócios, quando adotam a estratégia de servitização e propor um conjunto de artefatos para apoiá-las na implantação. Mendes; Tamela, (2017) Artigo Revisão da Literatura Apresentação de conceitos e exemplos de servitização através de uma pesquisa bibliográfica. Marques, (2018) Tese Estudo de Caso; Revisão da Literatura Framework proposto para contribuir com pesquisas que buscam pelo entender e empreender a servitização em sua empresa. Fonte: Adaptado de Rocha 2014. 26 No Quadro 5, são apresentados exemplos de algumas companhias brasileiras que fornecem algum tipo de solução com PSS. Quadro 5: Exemplos de companhias brasileiras que fornecem solução. Empresa Foco de Mercado Principal Solução Fonte Stemac Grupos geradores Geradores de Energia Oferecimento de solução de energia para grandes corporações a fim de baratear os custos finais de energia e, principalmente, garantir que o fornecimento da mesma não será interrompido. http://www.stemac.com.br/pt /servicos- pecas/Pages/Servicos.aspx Eco Frotas Gerenciamento de Frotas Oferecimento de toda a solução por meio de software exclusivo de gerenciamento da frota e das manutenções da mesma. http://www.ecofrotas.com.br/ pt/servicos/sistema-de- manutencao Soluções RH Recrutamento e seleção Oferecimento de solução completa de busca e recrutamento de pessoas para diferentes mercados. http://www.solucoesempresa riaisrh.com.br/novo/?page_i d=6 Geo Brasil - Soluções Ambientais Consultoria e gerenciamento ambiental Oferecimento de solução completa, desde o planejamento até a execução de gerenciamento de resíduos, efluentes, etc. http://www.geobrasilambient al.com.br/ SIL - Inteligência em lubrificação Lubrificantes Oferecimento de um software completo de soluções de lubrificação (LubPRO - software de gestão inteligente da lubrificação). http://www.sil- lubrificacao.com.br/lubrificac ao-avancada.html Printti - Soluções de impressões corporativas Impressão Corporativa Oferecimento de solução de impressões para empresas, desde a manutenção dos equipamentos até a gestão completa de impressão. http://www.printti.com.br/nov o/# Comau do Brasil Ind. e Com. Ltda. Manutenção Oferecimento de soluções de engenharia presentes mundialmente http://www.comau.com/por/g roup/vision/Pages/vision_mi ssion.aspx Brastemp Contrato Mensalidades em purificadores de água https://agua.brastemp.co m.br/ Perto Assistência Técnica A empresa fornece produtos e soluções nas áreas financeiras ( bancos), transporte de passageiros, shoppings e estacionamentos e varejo. https://www.perto.com.br/ pt/servicos/dss.html Fonte: Adaptado de Rocha 2014. 2.4 O processo de servitização A dinâmica necessária para sustentar a inovação de serviços, tem sido uma área de pesquisa recente e que promove um grande olhar para as empresas que pretendem entrar no processo de servitização. Kandampully (2002) mostra a criação de redes de negócios, a capacidade tecnológica, o envolvimento do cliente e a http://www.stemac.com.br/pt http://www.ecofrotas.com.br/ http://www.printti.com.br/nov http://www.comau.com/por/g 27 gestão do conhecimento, como sendo blocos essenciais de construção de inovação de serviços. De acordo com Brentani (2001), além de design de serviço e fatores de entrega, o alinhamento estratégico entre recursos e capacidades organizacionais e as novas ofertas de serviços são um aspecto crítico da estratégia de inovação de serviços. 2.4.1 Inovação de serviços Hertog et al. (2010) adotam uma visão de capacidade dinâmica para desenvolver uma estrutura tridimensional para a estratégia de inovação de serviços com as etapas a seguir: a) Sinalizando as necessidades dos usuários e prometendo opções tecnológicas – identificando as necessidades do usuário, tendências dominantes e novas configurações tecnológicas; b) Conceituar - codificar os tipos difusos de inovações de serviço criando esquemas de serviços; c) Capacidade de agrupamento - fazer combinações de serviços inteligentes; d) Co-produzir e orquestrar - organizar e atuar em sistemas de serviços abertos; e) Dimensionamento e alongamento - difundindo inovação de serviços por meio de branding e comunicar ofertas de serviços; f) Aprendizagem - adaptar processos de inovação de serviços. Baines et al. (2009b) e Baines, Lightfoot e Smart (2011) nesse contexto enfatizam que empresas manufatureiras tradicionais que oferecem serviços acoplados ao produto necessitam passar por transformações em sua esfera estrutural e processual. Interligando as ideias entre os autores, o processo de inovação do serviço até a sua implementação deve passar por etapas de verificação necessárias, para que seja possível desenvolver uma estratégia deservitização corretamente. 28 Conforme Hertog et. al. (2010, p. 3, tradução nossa) A inovação em serviços raramente se limita a uma mudança nas características do próprio produto de serviço. A inovação muitas vezes coincide com novos padrões de distribuição de produtos, interação com o cliente, controle de qualidade, garantia e etc., embora existam grandes diferenças nos padrões específicos envolvidos. O que é importante para a introdução de um novo produto no mercado pode ser totalmente irrelevante para outros produtos. Oferecer um serviço completamente novo pode diferir consideravelmente de oferecer um serviço existente usando um novo canal de distribuição. Na prática, a maioria das inovações parece ser uma mistura de pequenas alterações e adaptações de produtos existentes (serviço). Para analisar, discutir e mapear as inovações em serviços, de forma estruturada, será apresentado um quadro modelo de inovação de serviços. Quadro 6: Dimensões das inovações de serviços Fonte: Adaptado de Hertog 2010. Conforme exemplifica o autor: Dimensão 01 – o Conceito de serviço: Embora um determinado conceito de serviço possa já ser familiar em outros mercados, o principal, é que é novo em sua aplicação, dentro de um mercado específico. Nem todas as inovações de serviços tem um forte elemento conceitual inovador, inovações conceituais são muito mais prováveis de serem encontradas em empresas de serviços (ou melhores empresas 29 de manufatura). Tais inovações são geralmente intangíveis, o que significa que, enquanto em alguns casos, o serviço em si pode ter elementos tangíveis. Dimensão 02 - A interface do cliente: Um segundo elemento das inovações de serviço é o design da interface entre o provedor de serviços e seus clientes. Essas interfaces são o foco de uma boa dose de inovações de serviços, embora a inovação, com seu foco na produção em massa, tende a negligenciar as mudanças que ocorrem nessas interfaces. Como um fenômeno bastante geral em uma ampla gama de serviços, as ofertas de produtos são cada vez mais comercializadas e até mesmo produzido de uma maneira específica para o cliente (mesmo com preços específicos do cliente) e entregue eletronicamente, desde que eles tenham componentes informativos. Dimensão 03 – O sistema / Organização de prestação de serviços: A terceira dimensão refere-se aos arranjos organizacionais internos que devem ser gerenciados para permitir trabalhadores de serviços para realizar seu trabalho adequadamente, e para desenvolver e oferecer serviços inovadores. Isto está intimamente relacionado com a questão de como capacitar os funcionários, para facilitá-los para que eles possam executar seus trabalhos e entregar produtos de serviço de forma adequada. Por um lado, novos serviços podem exigir novas formas organizacionais, capacidades (inter) pessoais e habilidades. Dimensão 04 – Opções tecnológicas: A quarta dimensão foca no desenvolvimento tecnológico que as empresas de serviços estão desempenhando, como fator facilitador, algo muito mais próximo da inovação impulsionada pela oferta da tecnologia. Ligando as quatro dimensões de Hertog (2010), é possível compreender que para a inovação em serviços, é necessária uma combinação das dimensões como mencionados no texto, onde um novo serviço, significa um novo sistema de prestação de serviço, onde a empresa e os funcionários terão que mudar a forma como trabalham e se relacionam com o cliente. Além do significado dessas quatro dimensões separadamente como vetores discretos de mudança, as ligações entre essas dimensões podem ser ainda mais significativas. 30 2.4.2 Implementação de serviços Conforme Rocha (2014), as etapas de implementação e de avaliação, podem seguir um procedimento padrão da empresa ou então conforme o Quadro 7, onde os autores Clayton; Backhouse e Dani (2012) descrevem as principais entradas e saídas de cada uma das fases. Quadro 7: Demonstrativo das Fases de implementação de Servitização. Entradas Fase Saídas Inexistente Projeto Inicial Equipe com uma missão Plano de Projeto Coalisão de negócios Análise da Indústria e Tendências Análise do Projeto Compreensão dos benefícios Capacidades dos clientes Descrição do sistema Capacidades dos fornecedores Requisitos de solução Ambiente de Negócio do Cliente Compreensão dos benefícios Geração de ideias Ideia de Serviços Descrição do sistema Requisitos de solução Ideia de Serviços Detalhamento do Projeto Conceito de Serviços Contato com clientes e fornecedores Estratégia de vendas Conceito de Serviços Protótipo do Serviço Teste do conceito de serviço Contato com clientes e fornecedores Refinamento dos casos de negócios Estratégia de vendas Refinamento da estratégia de vendas Teste do conceito de serviço Implementação Venda da solução (servitização) no mercado Refinamento dos casos de negócios Refinamento da estratégia de vendas Venda da solução (servitização) no mercado Avaliação Não Reportado Fonte: Clayton; Backhouse e Dani 2012 Analisando o Quadro 07, podemos entender que o autor nos traz uma percepção das fases de implementação para a servitização trazendo desde o seu projeto inicial até a sua avaliação final, podendo ser positiva ou negativa. 31 3. METODOLOGIA O capítulo pretende explanar a cerca da metodologia e procedimentos empregados na construção textual e pesquisa deste trabalho científico, que tem por objetivo propor a implementação da servitização na empresa. Para tal foram adotados às estratégias para um estudo de caso único, e são empregadas técnicas de coletas de dados, observação participante e análise de conteúdo. 3.1 Estudo de caso Um estudo de caso “é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2010, p. 39). É o tipo de análise quando se busca por alguma resposta específica. É a investigação de uma problemática contemporânea, dentro de um contexto no mundo real, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o tema (YIN, 2014). Partindo da metodologia adotada em questão, deverão ser estruturados os objetivos para alcançar as respostas das perguntas que se pretende responder. Uma das maneiras de se estruturar as perguntas é através da revisão bibliográfica do assunto. A revisão em sí não é um fim, mas um meio para que o caminho fique mais claro, através do entendimento dos assuntos em questão e melhor formulação dos objetivos específicos (YIN, 2014). Segundo Yin (2010), a metodologia com foco em um estudo de caso único, ou múltiplos, são variantes dos projetos de estudo de caso. Dessa forma, o presente estudo de caso, tem por objetivo analisar a servitização como um modelo estratégico de negócio para a empresa. 3.1.1 Abordagem qualitativa Enquanto a pesquisa quantitativa se baseia em números e estatísticas, a pesquisa qualitativa é um método que não utiliza de números para se medir ou enumerar eventos. É uma pesquisa que se baseia em múltiplas informações, de foco 32 de interesse amplo e que descarta instrumentos de medição quantitativa. O alcance de informações e resultados se dá através do contato direto e interativo do investigador com o objeto de pesquisa (NEVES, 1996). A diferença do método quantitativo, que precisa ser previamente planejado, uma das características do qualitativo é que a pesquisa pode ir sendo direcionada conforme seu desenvolvimento e direcionamento (NEVES, 1996). Segundo Piore (1979), o método qualitativo então possui vantagens sobre o outro método, pois não precisa de planejamento prévio integral das ações. Este trabalho possui uma abordagem qualitativa, que foi buscada através da análise de diferentesdados do contexto, uso de diversas fontes e pontos de vista dos atores diretamente relacionados ao objeto de estudo. Será realizada uma pesquisa de campo na empresa, nas quais se pode conhecer mais sobre seus objetivos, sobre a organização, ambiente e processos de gestão da unidade analisada. Além deste, também foram coletados dados da própria empresa para ajudar a visualizar o cenário atual e o perfil da mesma. 3.1.2 Pesquisa descritiva A pesquisa descritiva compreende o estudo em que se pretende definir, desenhar ou descrever determinado assunto. Segundo Malhotra (2001), a pesquisa descritiva é realizada através da enunciação do problema, hipóteses específicas e necessidades detalhadas de informação. Conforme Gil (2010), uma de suas características mais expressiva está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Nesta pesquisa busca-se estudar detalhadamente como os serviços podem ser inclusos no portfólio da empresa, reunindo e analisando os dados a partir de pesquisas de opinião. Conforme GRESSLER (2004, p. 53) Pesquisa descritiva não é uma mera tabulação de dados; requer um elemento interpretativo que se apresenta combinando, muitas vezes, comparação, contraste, mensuração, classificação, interpretação e avaliação. 33 3.2 Unidade de análise O objeto do estudo de caso vem a ser uma empresa, denominada “Y”, que fabrica equipamentos eletrônicos para a manufatura avançada de empresas manufatureiras, com sua matriz e administração situada na cidade de São Leopoldo, região do Vale dos Sinos, São Leopoldo. A empresa revende softwares de engenharia, assim como, produz terminais industriais para a coleta de dados da supervisão de produção industrial. Hoje a empresa tem aproximadamente nove escritórios nos principais polos metais mecânicos no Brasil e conta com 270 colaboradores entre matriz e filiais. Seus principais concorrentes na parte de Softwares são as empresas Tecc, 4 i Engenharia, MechWorks, Sysprice e 7D CAD, na parte de equipamentos para a manufatura são empresas como, Codi, Sequor, Produttare, V2, Com5, PPI, P&F, Injet, Lenke, NEI, HMI e ServTech Sistemas e impressoras 3D a principal concorrente é a Stratasys e a Up 3D Brasil. Todos atuando no mesmo nicho de mercado. Com vários concorrentes e com as dificuldades encontradas no mercado, a empresa Y busca através da diferenciação, desenvolver equipamentos mais modernos e que possam ser utilizados em versões para computadores mais atuais. Com relação aos equipamentos antigos, que exigem conserto, a empresa possuí uma assistência técnica onde são realizados consertos e reparos nos equipamentos, porém a empresa não trabalha com a venda de manutenção preventiva e corretiva para os clientes, assim como a venda de suporte para os mesmos é feita de forma avulsa, o que dificulta para que o trabalho seja ágil para seus clientes. A empresa já vê como uma oportunidade de momento, analisar a sua gestão de serviços e atendimento ao seu cliente, e identificar melhorias se espelhando no que os seus concorrentes fazem com relação ao produto-serviço e como a atuação deste, resulta em lucros maiores que a empresa Y. 3.3 Coleta de dados Para este estudo de caso, as informações foram adquiridas através de coleta de dados já existentes na empresa, pesquisa de campo, entrevista com gestores envolvidos do objeto de estudo, observação-participante e análise de documentos. 34 3.3.1 Pesquisa de campo Gomes (2006), afirma que dentro do estudo de caso, a fase de coleta de dados se dá principalmente por meio de pesquisas de campo. Além disso, pesquisa de dados já existentes sobre o objeto de pesquisa, como publicações, notícias, bancos de dados, históricos e entrevistas, dentre outros. É de total importância que o pesquisador verifique sempre a veracidade dos fatos abordados. Uma vez que a leitura seja errônea ou a fonte não seja verídica, a pesquisa toda pode se tornar obsoleta (VENTURA, 2007). Na pesquisa de campo na empresa foram feitas entrevistas com gestor da área administrativa, pré e pós-venda, com o objetivo de investigar entender melhor como a empresa trabalha, identificando como o processo ocorre. 3.3.2 Participantes da pesquisa e entrevista Segundo Voss et al. (2002), no processo de definição das pessoas a serem entrevistadas, a preferência será dada aqueles que têm mais informações sobre os dados que estão sendo pesquisados. Portanto, foram entrevistadas pessoas que estavam inseridas neste meio e sabiam dos processos da organização. Uma entrevista pode ser realizada de diversas maneiras. A forma como essa entrevista deve ser realizada depende de alguns fatores, como relevância do método escolhido e disponibilidade e acessibilidade do entrevistado. Nesse trabalho, as entrevistas foram realizadas ‘face to face’, de acordo com a data de preferência e disponibilidade do entrevistado. Conforme Azevedo et al.( 2011), a entrevista, como ferramenta de coleta de dados, possibilita ao pesquisador estar diante da fonte a ser consultada, ou seja, do entrevistado. Por meio da entrevista, podem-se formular perguntas e realizar questionamentos com a finalidade de obter informações atualizadas e precisas sobre o tema em questão. As entrevistas foram realizadas com os gestores atualmente mais influentes da organização, em função da indisponibilidade dos demais, as entrevistas ocorreram apenas com os mesmos. 35 O resumo profissional e de qualificação dos entrevistados é apresentado no Quadro 8. Quadro 8: Perfil dos entrevistados Entrevistado Setor Perfil Período Duração 1 Administração. Gerente administrativo, atua na empresa há 14 anos, experiente em gestão. Em 23/03/2019 1 hora e 10 minutos 2 Técnico. Coordenador técnico pré-venda, atua na empresa há 20 anos, experiente em coordenação. 05/03/2019 48 minutos 3 Técnico e Sucesso do cliente. Gerente pós-venda e sucesso do cliente, atua na empresa há 15 anos, experiente em projetos. 03/04/2019 60 minutos Fonte: Elaborado pela autora com base nas entrevistas. Buscando uma melhor visualização, as informações referente aos dados profissionais foram apresentadas no Quadro 9. O quadro destaca informações relevantes referentes à formação e ao cargo que o entrevistado ocupa na empresa. A partir desses dados pôde-se analisar de uma maneira geral o perfil dos profissionais interrogados. O quadro está dividido em três partes: dados pessoais, formação e dados no emprego. Na primeira parte, destacou-se apenas a idade e o sexo dos entrevistados. Dentre os dados de formação, incluiu curso, instituição e ano de formação de cada pessoa. Na última parte, fez-se referência à empresa em que o profissional trabalha o cargo que ele ocupa na empresa, bem como a cidade em que ele trabalha. Quadro 9: Dados dos entrevistados E n tr e v is ta d o Dados pessoais Última Formação Dados do emprego Idade Sexo Curso Instituição Ano Cargo na empresa Cidade da planta 1 36 Feminino Mestrado em Precificação de mercado Unisinos 2018 Gerente Administrati vo São Leopoldo - RS 36 2 29 Masculino Graduação em Análise de sistemas da computação Unisinos 2018 Gerente técnico de produto São Leopoldo - RS 3 42 Masculino MBA Gestão de Projetos Fundação Getulio Vargas 2018 Gerente de sucesso do cliente São Leopoldo - RS Fonte: Elaborado pela autora com base nas entrevistas. Ao analisar os dados dos entrevistados, pode-se notar que cada um atende uma área específica na empresa, suas idades são diferentes, mas em comum todos tiverem até o momento seu último curso com formação em 2018, ou seja, estão atualizados em sua formação e buscam o conhecimento, e também, trabalham na mesma unidade da empresa – Matriz. Isso faz com que as informações fornecidas pelos mesmos sejam provenientesde fontes similares, porém, tendo como visão o setor em que atua na empresa, expandindo e facilitando nos resultados da entrevista. 3.3.3 Roteiro de entrevista semi estruturado Segundo Lakatos e Marconi (2009, p. 86), questionário “é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. O questionário é acompanhado de uma comunicação explicando a natureza de sua pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas (LAKATOS, MARCONI, 2009). No presente trabalho a técnica para a entrevista utilizada foi o questionário semiestruturado onde foram elaboradas perguntas abertas sobre o tema. “Em entrevistas semiestruturadas utilizam-se questões abertas, que permitem ao entrevistador entender e captar a perspectiva dos participantes da pesquisa” (ROESCH, 2009, p. 159). Criou-se o questionário do APÊNDICE A, que é um roteiro para a entrevista, com o objetivo de entender melhor a proposta da organização e como os gestores veem a servitização como uma estratégia para a empresa, explorando seus 37 conhecimentos a cerca do assunto e o que eles pretendem a cerca d, foram tratados objetivamente através das perguntas sobre o tema pretendido. 3.3.4 Observação-participante Neste estudo a coleta de dados permitiu que obtivesse informações sobre a realidade dos entrevistados no próprio ambiente estudado. A observação “é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade”. Esta técnica não consiste apenas em usar os sentidos, mas também em examinar fatos ou fenômenos a estudar (LAKATOS e MARCONI, 2009, p. 76). Conforme Yin (2010) a observação participante permite que o pesquisador tenha um olhar ativo como um todo, participando e observando questões necessárias e relevantes para o sucesso da coleta de dados. Permite também que o pesquisador tenha uma participação real da comunidade investigada do grupo ou da situação (GIL, 2008). Para este estudo a observação participante ocorreu de forma encoberta, em função de que o pesquisador faz parte da empresa e atua na mesma. Conforme Azevedo et al.( 2011, p. 82) Na observação participante encoberta o pesquisador pode infiltrar-se no ambiente sem o conhecimento de ninguém ou com a permissão de apenas alguns participantes do grupo envolvido. As ações do observador consistem em analisar, participar e interpretar os acontecimentos. Após a coleta de informações através da entrevista, os registros serão analisados e transcritos na próxima seção. 3.4 Análise de dados Após ocorrer o colhimento dos dados, será feita a análise do conteúdo obtido. Tal analise se constitui em revisar, avaliar, categorizar e organizar os dados a partir de meios que permitam fácil visualização e entendimento. De acordo com Bardin (2016, p. 51), “a análise documental é, portanto, uma fase preliminar da constituição de um serviço de documentação ou de um banco de dados”. A análise documental faz com que um documento primário que neste caso 38 será as respostas do questionário na entrevista, para um documento secundário que será a representação do primeiro. 3.5 Proposta de análise 3.5.1 Análise de entrevistas Essa etapa de revisão consistiu em garantir que a coleta de dados havia sido feita com eficiência e que todos os dados para o sucesso da análise foram obtidos. As respostas dos entrevistados foram analisadas visando conferir a eficácia das mesmas em relação à pesquisa. Conforme Bardin (2016, p. 94), “a análise de conteúdo de entrevistas é muito delicada, este material verbal exige perícia muito mais que dominada do que a análise de respostas”. 3.5.2 Organização da análise A proposta de análise será de acordo com Bardin (2016), que abrange: a) Pré-análise; b) Exploração do material; c) Tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. A pré-análise é a fase inicial, que tem por objetivo sistematizar as ideias iniciais de maneira a conduzir a um esquema de desenvolvimento de operações sucessivas e torná-lo em um plano de análise. A fase de exploração do material é a aplicação sistemática das decisões tomadas, essa fase consiste em operações de codificação, decomposição ou enumeração, com regras previamente formuladas. Já a fase final de tratamento dos resultados brutos é tratada de maneira a serem significativos e válidos. São utilizadas operações estatísticas básicas como percentagens e complexas como análise fatorial que permite criar quadros de resultados e modelos, os quais colocam em relevo as informações fornecidas para a análise. 39 Na fase final da análise foram feitas triangulações das informações obtidas por meio das entrevistas e dos documentos, no intuito de corroborar os resultados da pesquisa e indicar convergência ou, até mesmo, apontar resultados divergentes e buscar explicações para tal (GIL, 2010). 3.6 Limitações O presente trabalho, estudo de caso, é uma pesquisa que não possui como intenção determinar um tipo de padrão ou uma tendência, e sim, estudar determinado fenômeno em tal contexto. Conforme Gil (2010) o propósito do estudo de caso não seria proporcionar um conhecimento preciso das características de uma população, mas sim, proporcionar uma visão global do problema e/ou identificar possíveis fatores que o influenciam ou são por ele influenciados. Nesta perspectiva, entende-se que cada um dos participantes possui uma visão de negócio diferente dos demais entrevistados e que não é possível dizer que os parâmetros identificados serão iguais em cada uma das entrevistas, tampouco, poderá ser reproduzido para outras organizações. Um erro fatal que se comete ao realizar estudos de caso é conceber a generalização estatística como o método de se generalizar os resultados do caso. Isso ocorre porque os casos não são ‘unidades de amostragem’ e não devem ser escolhidos por essa razão. Casos múltiplos, nesse sentido, devem ser vistos como experimentos múltiplos (ou levantamentos múltiplos). Sob tais circunstâncias, o método de generalização é a ‘generalização analítica’, no qual se utiliza uma teoria previamente desenvolvida como modelo com o qual se deve comparar os resultados empíricos do estudo de caso. (YIN, 2001, p. 54). Este estudo foi analisado com referência em apenas três gestores da organização. Os mesmos trazem em suas conclusões o contexto em que organização se encontra atualmente e suas projeções futuras de negócio. Tendo em vista que o negócio da empresa Y é diferente de outras organizações, o mesmo pode não ser utilizado para outras empresas com negócios diferentes, por hora, significativamente diferentes do analisado dessa pesquisa, em função de aspectos sociais, culturais e econômicos. Mas é possível, entretanto, que alguns aspectos identificados possam ser replicados e inseridos em outros contextos. 40 4. ANALISE DO CASO Nesta seção será apresentado o resultado e interpretação de dados obtidos, relacionando os resultados deste com o objetivo da pesquisa. 4.1 Empresa Y A seguir serão apresentadas as características da empresa e o seu modelo atual de negócio. 4.1.1 Apresentação As entrevistas e a observação-participante proporcionaram a obtenção de informações básicas sobre a empresa conforme o Quadro 10. Foi questionado aos entrevistados informações a respeito da empresa, como fundação, quantidade de funcionários, como era organizada as demais filiais e quais os principais setores fazem a composição da empresa. Em comum todos trataram sobre o assunto da expansão da empresa, onde a mesma já cresceu e conseguiu se instalar em outros polos tecnológicos como Caxias, São Paulo e Americana, onde suas localizações estão agregando valor a diversos clientes, também na área da educação. Quadro 10: Perfilda empresa Empresa Ano de fundação Segmento País – Origem Filiais Nº de funcionários Y 1989 Tecnologia para engenharias. Softwares, gestão da produção e manufatura aditiva. Brasil, São Leopoldo - Rio Grande do Sul. Caxias-RS, Joinville, Florianópolis – SC, Curitiba - PR, São Paulo capital e Americana - SP, Centro – MG e Campo Grande – RJ. 270 funcionários– Grande porte. Fonte: Elaborado pela autora com base nas entrevistas. 41 4.1.2 Produtos e Serviço A principal fonte de dados para este trabalho foram as entrevistas, em segundo lugar, algumas informações foram retiradas do website da empresa. O Quadro 11 apresenta uma síntese de informações coletadas através das entrevistas e através da internet, o quadro apresenta os principais produtos e em que contexto é fornecido um serviço na empresa. As entrevistas proporcionaram uma gama de informações, juntamente com o contato junto à organização, onde foi possível obter informações complementares à pesquisa. Quadro 11: Produtos e Serviços Tipo Produtos Serviços Software Plataforma 3DEXPERIENCE Instalação e Capacitação básica. Software Altium Instalação, Capacitação básica e Curso na área. Software DriveWorks Instalação e Capacitação básica. Software Edgecam Instalação, Capacitação básica e Curso na área. Software e Produto Gestão da Produção Instalação e Capacitação. Produto HP Multi Jet Fusion Capacitação. Software Lantek Instalação, Capacitação básica e Curso na área. Software Machining Strategist Instalação e Capacitação básica. Software QC Instalação, Capacitação básica e Curso na área. Software SolidWorks Instalação, Capacitação básica e Curso na área. Software VISI Instalação, Capacitação básica e Curso na área. Software WorkNC Instalação, Capacitação básica e Curso na área. Fonte: Elaborado pela autora com base nas entrevistas. 4.2 Serviços na organização Nas entrevistas foi possível obter um entendimento mais aprofundado de como a empresa trabalha e o que a ela oferece hoje ao seu cliente. O Quadro 12 descreve como o serviço avulso é prestado pela mesma, mencionado pelos profissionais entrevistados, e o detalhe destes, trazendo da forma como o entrevistado se posicionou referente ao assunto tratado. 42 Quadro 12: Detalhamento serviços Principais serviços Detalhamento entrevistados 1 – Instalação - Atendimento feito os para clientes, referente à instalação do Software via remoto ou equipamento no local; - A Instalação do Software ocorre de forma remota e os terminais são instalados no cliente; - A Instalação facilita para o usuário a utilização dos produtos. 2 - Capacitação básica - Capacitação para ferramentas básicas na utilização do Software; - A capacitação ocorre para as ferramentas básicas do produto; - A mesma ocorre para as principais ferramentas o produto fornece. 3 – Cursos na área - Cursos ministrados pela empresa para capacitação; - Cursos para usuários; - Os cursos são ministrados em quatro níveis Fonte: Elaborado pela autora com base nas entrevistas. O Quadro 12 é uma síntese das informações relevantes obtidas durante as entrevistas. O quadro é constituído por duas colunas, a primeira delas indica os serviços oferecidos pela empresa e a segunda coluna exalta as informações obtidas pelos participantes das entrevistas, de como o serviço ocorre e em que contexto ele é oferecido. As informações presente neste quadro foram de suma importância para as conclusões do presente trabalho. Podemos observar a visão de cada setor para o serviço que é prestado pela empresa, serviços básicos que a empresa fornece para que o cliente possa ter seu produto instalado, um treinamento simples sobre a utilização do mesmo e sobre os cursos que são fornecidos pela organização. Ainda, podemos observar que cada área tem o seu olhar para o que a empresa está fazendo hoje, um olhar técnico, administrativo e de êxito para com o cliente. Sobre os serviços, primeiramente pela instalação do produto, que ocorre de forma remota, pôde-se compreender que o mesmo é previamente agendado com o cliente, que fornece dados para o acesso ocorrer, geralmente através de algum software para acesso remoto e compartilhamento, onde o técnico possa instalar o software com êxito, essas questões são feitas pela empresa para que tudo ocorra da melhor forma e o cliente possa utilizar o produto já instalado em uma máquina ou em diversas máquinas. Os Softwares possuem licenças e o usuário – cliente pode obter quantas licenças forem necessárias, pagando por cada uma separadamente. Já os 43 produtos como os terminais, a instalação é realizada no cliente por técnicos especializados. As máquinas de impressão 3D já possuem sua configuração, a instalação não é necessária neste caso. A capacitação para as ferramentas básicas do produto Software ocorre também de forma remota através de uma abertura de um chamado pelo supor técnico da empresa, já para os produtos físicos, as capacitações ocorrem com um prévio agendamento para que o operador saiba realizar as principais funções do mesmo. Os cursos ministrados pela organização são de nível básico, intermediário, avançado e master, os mesmos são cursos oferecidos a qualquer pessoa que queira obter conhecimento técnico dos Softwares, não necessariamente precisa ser cliente para participar do curso, todos interessados no assunto, podem realizar o mesmo. As entrevistas foram realizadas de modo a obter algumas informações importantes sobre como a empresa trabalha no cenário atual. De acordo com a revisão bibliográfica feita previamente, notou-se que os serviços oferecidos pela empresa estão sendo tratados em segundo plano e não como um modelo de servitização onde os serviços estão agregados aos seus produtos, uma vez que esse esteja ficando estagnado com a venda e oferta apenas dos seus produtos, o que não caracteriza como servitização. O intuito das entrevistas realizadas foi de entender o papel da empresa e como a servitização pode entrar nesse contexto. Por esse motivo, definiram-se as perguntas do questionário baseando na ideia de servitização. A síntese das informações relevantes obtidas durante as entrevistas está apresentada no Quadro 12. 4.3 Análise dos dados A análise dos dados consiste no processo de consolidação e formação de sentido entre a teoria estudada, a interpretação das respostas dos entrevistados e informações obtidas neste cenário. Para Gil (2010) análise e interpretação são processos contínuos e que acontecem simultaneamente à coleta de dados, tendo início com a primeira entrevista e/ou com a primeira leitura de um documento. 44 4.3.1 Classificação dos serviços Nesta primeira etapa de análise dos dados constitui-se na elaboração de um quadro, que visa esclarecer se os serviços oferecidos pela empresa Y podem ser classificados como servitização. O Quadro 13 aborda todos os serviços oferecidos pela empresa, mencionados nas entrevistas. Todas as informações obtidas durante o processo da coleta de dados nas entrevistas foram analisadas tendo como base a revisão bibliográfica do presente trabalho. Desse modo, de acordo com as definições de servitização descritas na revisão bibliográfica dividiram-se os serviços oferecidos pelas empresas em três colunas, respondendo a pergunta: Classifica-se como servitização? No quadro, na primeira coluna foram alocados os serviços prestados pela empresa e na coluna ao lado uma simplificação se pode ser considerado Servitização ou não. Quadro 13: Classificação dos serviços É servitização? Serviços prestados pela empresa Sim Não Depende Instalação x Capacitação básica x Cursos x Fonte: autora. Instalação: esse serviço foi categorizado como Servitização, pois neste caso, houve a venda do produto e a instalação do mesmo. Como a Instalação complementa
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