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PEDIATRIA: ICTERÍCIA NEONATAL É uma condição muito prevalente e com tratamento simples, mas que se não tratado pode deixar graves sequelas. É definida pela coloração amarelada da esclera e da pele, acomete entre 50% a 70% dos RN. Por definição a icterícia neonatal consiste no aumento da bilirrubina indireta, enquanto a colestase neonatal é pelo aumento de bilirrubina direta. Sobre o ciclo da bilirrubina é importante lembrar: → O transporte sanguíneo se dá pela ligação com a albumina; → É captada pelas ligandinas no hepatócito; → A conjugação hepática é pela ação da glicoronil transferase. O neonato tem diversos fatores que corroboram com a icterícia neonatal: → Aumento da produção de bilirrubina indireta, devido à grande destruição de hemácias por haver maior oferta de O2 ao nascer (o feto vive com baixo aporte de oxigênio no útero); → Diminuição da função hepática por deficiência transitória de ligandinas e atividade baixa da glicuronil transferase; → Intensificação da circulação entero-hepática devido à ausência de microbiota intestinal e aumento da beta-glicuronidase (converte BD em BI) Existe a icterícia fisiológica e patológica no RN: A fisiológica inicia após 24h, com pico no 3º a 4º dia, quando a termo, ou no 5º ao 6º dia, quando pré-termo. Possui duração de 7 a 10 dias no a termo e 10 a 14 dias no pré-termo. Tem níveis séricos de BI <13mg/dL, é transitória e autolimitada, além de possuir uma progressão lenta. Já a patológica tem aparecimento precoce, antes de 24h, e progressão rápida. O aumento da BT >0,2mg/dL/h. A icterícia prolongada é a de duração >10 dias no a termo e >14 dias no pré termo. Ou quando temos aumento de bilirrubina direta, com BD >1mg/dL (se BT<5) ou mais de 20% se BT>5. A icterícia patológica pode ocorrer por doença hemolítica ou deficiência da glicuriniltransferase, principalmente. Mas também pode ser por deficiência na excreção hepática (aumento de BD) ou aumento da circulação enterro-hepática. → Doença Hemolítica Neonatal A principal causa é por incompatibilidade sanguínea materno-fetal, principalmente relacionado com fator Rh e ABO. Pode ser também por defeitos enzimáticos (deficiência de G6PD), alterações da hemácia (esferocitose, alfa-talassemias), policitemia e cefalohematomas. → Síndrome de Crigler-Najjar É rara, ocorre por deficiência da GT, pode ser tipo I ou II. → Aumento da circulação EH Jejum prolongado ou obstrução intestinal, são exemplos que podem diminuir o peristaltismo ou levar a estase de secreções do intestino, retardando a sua colonização bacteriana e aumentando a circulação enterohepática. A icterícia do aleitamento materno ocorre nos 1ºs dias de vida quando o RN ainda está se adaptando ao aleitamento e a produção do leite materno está menor, favorecendo menor microbiota bacteriana e aumento da betaglicuronidase e aumento da circulação EH. A icterícia do leite materno inicia com 7 a 10 dias de vida, com pico na 2ª semana e duração até a 8ª semana. Algumas hipóteses são grande presença de betaglicuronidase no leite materno e mutação polimórfica do gene UGT 1A. Ambas ocorrem quando o RN está em aleitamento materno exclusivo. Avaliação clínica Tem progressão céfalo-caudal e remissão caudocranial, por esse motivo observamos a progressão através das zonas de Kramer. Dica: o neonato é vermelho, então pressione com o dedo na pele do bebê para observar a cor da pele. A bilirrubina indireta atravessa a barreira hemotoencefálica e causa encefalopatia aguda, podeendo impregnar nos núcleos da base do encéfalo, definindo o quadro de Kernicterus. Cursa com lesão oxidativa e alteração no transporte de neurotransmissores, sequelas graves e irreversíveis, podendo levar a óbito ou paralisia cerebral. Essa permeabilidade da BHE é aumentada no RN prematuro e quando a barreira sofre rotura por algum motivo. Investigação → História materna e perinatal → Início tardio ou precoce → Exame físico → Exames complementares o Iniciais: BT e frações, grupo sanguíneo e fator Rh, hemograma e reticulócitos. o Secundários: Coombs direto (do RN), dosagem de G6PD e fragilidade osmótica. Tratamento Tem como objetivo evitar a toxicidade da BI por meio da redução do seu valor sérico. Esse tratamento pode ser feito por fototerapia ou exsaguineotransfusão. A fototerapia tem como princípio a transformação da BI (insolúvel) em fotoisômeros da bilirrubina (solúvel) através da luz branca, azul ou verde, e pode ser feita com bilitron e biliberço. O biliberço em maior potência porque a luz consegue atingir mais partes do corpo do RN. Lembrar de tirar as roupas do neném, para expor o máximo de pele à luz, colocar o protetor nos olhos e observar hidratação. Para saber quando indicar fototerapia existem as tabelas abaixo . Já a exsanguineotransfusão é feita apenas quando a fototerapia não é suficiente, é mais rara de ser realizada. Ela consiste na troca total do sangue do RN. A ExT também possui uma tabela para sabermos quando deve ser realizada. o O exame de pré natal que devemos observar para Icterícia Neonatal para RN com Rh+ e mãe com Rh- é o Coombs Indireto, para sabermos se essa mãe possui o anticorpo anti-D. Como fatores de risco maior temos mães com Rh- que já recebeu transfusão ou com outros filhos com IN. A mãe deve receber Ig anti-D até 72h após o parto, para evitar a sensibilização da mãe. o Banho de sol não trata icterícia neonatal.
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