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1 FISIOLOGIA ANIMAL/GERAL AULA 6 FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ARMANDO CRISTÓVÃO, EMÍLIA DUARTE E PAULO SANTOS 2013 DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA 2 INTRODUÇÃO A maior parte da energia utilizada pelas células do corpo é derivada de reacções químicas que ocorrem apenas na presença de oxigénio (O2). O principal produto destas reacções é o dióxido de carbono (CO2). As trocas destes gases entre o organismo e o ambiente dá-‐se ao nível de órgãos especializados, os pulmões, processo a que se chama respiração pulmonar. Subsequentemente, o sangue é responsável por transportar os gases respiratórios entre os pulmões e as células do corpo. O ritmo respiratório é controlado pelo organismo, ajustando-‐se prontamente às variações da intensidade metabólica das células. Nesta aula realizar-‐se-‐ão experiências simples em que se estuda a fisiologia do sistema respiratório. Experiências a realizar: PARTE A: FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO 1. Registo dos movimentos respiratórios no sistema PowerLab 2. Efeito do exercício físico na respiração 3. Inibição voluntária da respiração 4. Determinação da capacidade respiratória PARTE B. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CO2 NO AR EXPIRADO 3 PARTE A FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO 1. Registo dos movimentos respiratórios no sistema PowerLab É possível registar os movimentos externos do tórax durante a respiração utilizando um transdutor de respiração, que consiste num dispositivo piezo-‐eléctrico que mede a alteração no perímetro torácico ou abdominal induzida pela respiração. O transdutor deverá ser ligado ao imput 4 Da interface digital (PowerLab 26T) que permite a aquisição dos dados num computador através de “software” apropriado (Fig. 1). Fig.1-‐ Representação esquemática do sistema utilizado para a determinação dos movi-‐ mentos respiratórios. Procedimento 1.1. Montar o equipamento para registo da respiração como se esquematiza na Fig. 1. 1.2. Para ajustar o transdutor de respiração, proceder do seguinte modo: a. Inspirar maximamente. b. Suster a respiração. c. Colocar o transdutor em redor do corpo, ao nível do tórax. Atenção, quando o transdutor é colocado ao nível do ventrículo esquerdo, as pulsações cardíacas podem ser detectadas, especialmente durante os períodos entre a expiração e a inspiração. d. Em seguida, respirar normalmente. 1.3. Os dados serão recolhidos e analisados através do programa “Chart7”, cuja caixa de diálogo está representada na figura 2. 4 Fig. 2 -‐ Representação do ecrã do software que permite a aquisição de dados do transdutor, indicando os principais componentes: 1. Nº de pontos a adquirir por segundo (deverá estar a 100); 2.Permite escolher a escala em Volts; 3. Permite verificar qual o amplificador que esta no canal 1 e deve-‐se seleccionar para visualizar um pré registo; 4. Permite verificar qual o amplificador que está no canal 2; 5. Inicia e pára o registo; 6. O rato nesta zona do ecrã permite controlar a amplitude da escala de cada canal; 7. permite fazer zoom após seleccionar uma parte do registo. 1.4. Fazer em seguida várias inspirações e expirações máximas e registar. Em seguida respirar normalmente. 1.5. Determinar o ritmo respiratório normal. Resultados Ritmo respiratório: arfadas/minuto 1 4 3 2 2 5 6 7 5 2. Efeito do exercício físico na respiração Nesta experiência demonstrar-‐se-‐á o efeito do exercício físico na respiração (ritmo e profundidade). Procedimento: 2.1. Registar a respiração normal durante 30 segundos. 2.2. Desligar o transdutor do PowerLab e fazer exercício (por exemplo fazer 20 flexões no mesmo lugar ou subir e descer escadas) 2.3. Rapidamente, conectar de novo o transdutor ao PowerLab, e registar a respiração por mais 30 segundos. 2.4. Determinar o ritmo respiratório e a profundidade das respiração antes e após o exercício físico, registando-‐os, qualitativamente, na tabela 1 TABELA 1 Efeito do exercício na ventilação Antes Depois Ritmo respiratório Profundidade da ventilação Conclusões: Discutir o efeito do exercício no ritmo e profundidade da respiração. 6 3. Inibição voluntária da respiração Nesta experiência determina-‐se o tempo durante o qual uma pessoa consegue inibir a respiração em varias condições. Procedimento: 5.1. Respirar normalmente durante alguns segundos e em seguida inibir voluntariamente a respiração após as seguintes situações. a. Inspiração máxima b. Expiração máxima c. Exercício (correr no mesmo lugar 2 minutos) d. Hiperventilação durante 1 a 2 minutos 5.2. Em todos os casos registar os períodos de inibição da respiração e calcular a sua duração. Reunir os resultados na Tabela 2. TABELA 2 Inibição voluntária da respiração em diferentes condições Inibição após Tempo de inibição (s) Respiração normal Inspiração máxima Expiração máxima Exercício Hiperventilação Conclusões: Interprete os resultados da Tabela 2 em termos da regulação do reinício da respiração causada pelas concentrações de gases (CO2 e O2) no sangue. 7 4. Determinação da capacidade respiratória O volume de ar que é inspirado e expirado durante uma respiração pode ser medido com o auxílio de um respirómetro, o qual se encontra ligado ao PowerLab (Fig. 3). O respirómetro é apropriado para determinar taxas e volumes respiratórios. A medição é efectuada através da diferença de pressão verificada entre uma rede muito fina existente dentro da cabeça de fluxo. Fig. 3 -‐ Representação esquemática do sistema utilizado para a determinação do fluxos respiratórios. Procedimento: 1. Montar o equipamento de acordo com a figura 3 2. Ajustar o programa “Chart7” de acordo com as informações contidas na figura 4. Fig. 4-‐ Representação do ecrã do programa “Chart7”. 1-‐Nº de pontos a adquirir por segundo; 2-‐ Permite escolher a escala em volts; 3-‐ O canal 2 deve estar selecionado em “Flow”; 4-‐ O canal 3 deve estar selecionado em “Volume”; 5-‐ Inicia e pára o registo; 6-‐ A colocação do rato nesta zona permite controlar a amplitude da escala de cada canal; Nota: Durante o registo o aluno não deve ver o registo, para não influenciar a respiração voluntariamente. 1 2 3 4 5 6 8 6.1-‐ Determinação da capacidade respiratória Procedimento: a. Respirar normalmente durante 1 minuto. b. Inspirar maximamente. c. Expirar maximamente. d. Respirar normalmente. 6.2-‐ Determinação da capacidade vital forçada. Um dos testes mais utilizados para determinar a capacidade dos pulmões em ventilar é a determinação da capacidade vital forçada (CVF), que corresponde à máxima quantidade de ar que pode ser expirada rapidamente após uma inspiração máxima. Procedimento: a. Inspirar maximamente b. Expirar rapidamente e até ao máximo da capacidade. Resultados: Com o auxílio da figura 6 complete a seguinte tabela com os valores determinados a partir do gráfico obtido no Chart. TABELA 3 Volumes respiratórios Parâmetro Volume (litros) Volume corrente Volume inspiratório de reserva Volume expiratório de reserva Capacidade vital FVC FEV1 Calcule FEV1/FVC: Fig. 5-‐ Volumes respiratórios 9 PARTE B DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CO2 NO AR EXPIRADO O CO2 reage com a H2O formando H2CO3, que se dissocia imediatamente libertando H+. Em condições alcalinas a dissociação do H2CO3 dá-‐se complemente produzindo 2 H+ por molécula de CO2 que reagiu inicialmente. CO2 + H2O ⇒ H2CO3 ⇔ H+ + HCO-‐3 ⇔ H+ + CO32-‐ (1) Deste modo é possível determinar a concentração de CO2 numa mistura gasosa, que se fez borbulhar em H2O, por meio duma simples titulação Procedimento: 1. Colocar um tubo de plástico ou borracha na extremidade aberta de um saco de plástico e apertá-‐lo com um elástico. 2. Colocar 100 ml de NaOH 10 mM em cada um de dois Erlenmeyers de 250 ml (A e B), adicionar a cada um igual número de gotas de Bromotimol Azul e misturar bem. 3. Encher o saco de plástico com ar expirado, expirando várias vezes para o seu interior. 4. Introduzir uma pipeta de Pasteur no tubo de plástico. Mergulhe a ponta de pipeta na solução contida no Erlenmeyer A e, com a ajuda de um livro, faça sair o ar contido fazendo borbulhar uniformemente a solução, (ver esquema da fig. 6). 5. Montar uma bureta num suporte e enche-‐la com HCl 50 mM (Fig. 6). 6. Proceder à titulação do conteúdo dos Erlenmeyers (A e B) registando os volumes de HCl gastos para levar o conteúdo de cada um ao ponto de viragem do indicador. 7. Determinar o volume de ar contido no saco de plástico, medindo o volume de água por ele deslocado; para isso, encher uma proveta ou uma garrafa grande (1 L, por exemplo) com água, invertê-‐la sobre uma tina com água e fazer borbulhar, no seu interior, o ar contido no saco de plástico previamente cheio; se for necessário, voltar a encher a proveta para determinar o volume do resto de ar contido no saco. 8. Determinar o número de micromoles de CO2 existentes por litro de ar expirado 10 Fig. 6-‐ Montagem experimental para a determinação da concentração de CO2 no ar expirado. Resultados: Pode determinar a quantidade de CO2 no ar expirado nas seguintes situações: a) Antes do exercício b) Depois do exercício c) Depois da inibição da respiração durante algum tempo Apêndice Cálculo da concentração de CO2 no ar expirado. 1. Determinar as nmoles de HCl usada para titular a solução A, onde se borbulha o ar expirado, e na solução B (controlo). 2. A diferença corresponde aos H+ que foram introduzidos na solução em consequência do CO2 existente no ar expirado. 3. Com este valor determinar as pmoles de CO2 atendendo à equação (1) CO2 + H2O ⇒ H2CO3 ⇔ H+ + HCO-‐3 ⇔ H+ + CO32-‐ (1) 4. Nesta equação verifica-‐se que por cada mole de CO2 se produzem 2 moles de H+. 5. Determinar a concentração de CO2 no ar expirado, utilizando o volume de ar contido no saco inicialmente e as pmol de CO2 determinada em 3. BIBLIOGRAFIA FISIOLOGIA ANIMAI,. Manual teórico-‐prático. Caetana A.M. Carvalho, Livraria Almedina, 1985.
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