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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos Departamento de Engenharia de Alimentos Projeto de tratamento de efluentes do Abate de Bovinos e Suínos Daniele Martins Firmiano - Nº USP: 9878718 Gabriella Martins - Nº USP: 9391261 Helena Galeskas - Nº USP: Heloísa Gonçales Christianini - Nº USP:9391188 Marina dos Reis Simprônio – Nº USP: 9878920 Profa. Dra. Giovana Tommaso Seção 1 – Descrição da Empresa e Suas Atividades Pirassununga - SP Setembro/2019 1. Atividade da empresa O abate de bovinos tem a finalidade da obtenção de carne e de seus derivados, destinados ao consumo humano. Com o intuito de garantir a segurança dos alimentos e a segurança alimentar aos consumidores deste produto esta operação, é regulamentada por uma série de normas sanitárias. Assim, os estabelecimentos do setor de carne e derivados em situação regular trabalham com inspeção e fiscalização contínuas dos órgãos responsáveis pela vigilância sanitária (municipais, estaduais ou federais). As unidades de produção do setor envolvem abatedouros (matadouros), frigoríficos e graxarias. Os abatedouros realizam o abate dos animais produzindo carne com ossos (carcaças) e vísceras comestíveis. Existem dois tipos de frigoríficos, os que abatem os animais separando suas carnes e vísceras, industrializando-as e também industrializam a carne e aqueles que não abatem os animais, comprando as carnes em carcaças ou cortes para seu processamento, ou seja, somente industrializam a carne. As graxarias, resíduos e/ou subprodutos de abatedouros e frigoríficos (sangue, osso, casco, chifre, partes condenadas pela inspeção sanitárias e vísceras não comestíveis) são para a produção de sebo e gordura animal. A empresa FreeBoi (Figrua 1) é uma indústria que realiza o abate bovino, localizada no município de Pirassununga - SP. A indústria recebe os animais, realiza o abate e os cortes da carne com ossos (carcaças) e vísceras para expedição, durante 8 horas por dia, 7 dias por semana. Figura 1. Logo da empresa FreeBoi, localizada em Pirassununga - SP. Fonte: Própria autoria, 2019. As etapas do processamento se iniciam com a recepção dos animais em currais, há então a condução e lavagem dos animais. Em seguida, é realizado o atordoamento, a sangria, a esfola (remoção de couro, cabeças e cascos) e a evisceração, seguindo para o corte da carcaça, refrigeração, cortes da carne e desossa e por fim, estocagem e expedição. O processamento de abate de bovinos está exemplificado no fluxograma da Figura 2. Figura 2. Fluxograma básico do abate de bovinos. Fonte: Guia Técnico Ambiental de Abate, CETESB, 2007. 2. Localização da indústria A empresa é localizada no município de Pirassununga, no estado de São Paulo, sendo que todo o descarte do efluente tratado vai para o Rio Mogi-Guaçu, que é classificado como Classe 2. Segundo o Decreto 8468 de 08 de setembro de 1976, as águas desse rio são destinadas ao abastecimento doméstico (após tratamento convencional), à irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas e à recreação de contato primário (ou seja, natação, esqui-aquático e mergulho), portanto, não devem ser descartados efluentes com demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) superior a 5 mg/L e 20°C, que é o caso dos efluentes provenientes da indústria FreeBoi, sendo necessário então, a utilização de tratamentos e técnicas de produção mais limpa, com parâmetros eficientes e efetivos. 2.0 3. Produção mais limpa De acordo com o Guia Técnico Ambiental de Abate de Bovinos e Suínos, a produção mais limpa de abatedouros visa “Coletar e separar todo material orgânico secundário (que não seja produto direto), gerado ao longo do processo produtivo, da forma mais abrangente e eficiente possível, evitando que se juntem aos efluentes líquidos, e maximizar o seu aproveitamento ambientalmente adequado, com o menor uso possível de insumos e recursos (água, energia, etc.)”. Os aspectos ambientais mais significativos, que possuem os maiores impactos ambientais em abatedouros, são: o consumo de água, o volume e a carga dos efluentes líquidos e o consumo de energia são os principais, seguidos de resíduos sólidos e de emissão de substâncias odoríferas. De acordo com a CETESB (2007), a finalidade do processamento e/ou da destinação dos resíduos ou dos subprodutos do abate é função de características locais ou regionais, como a existência ou a situação de mercado para os vários produtos resultantes e de logística adequada entre as operações. Por exemplo, o sangue pode ser vendido para processamento, visando a separação e uso ou comercialização de seus componentes (plasma, albumina, fibrina, etc.), mas também pode ser enviado para graxarias, para produção de farinha de sangue, usada normalmente na preparação de rações animais. De qualquer forma, processamentos e destinações adequadas devem ser dadas a todos os subprodutos e resíduos do abate, em atendimento às leis e normas vigentes, sanitárias e ambientais. Essas operações também podem ser realizadas por terceiros. 3.1. Uso Racional de água Nota-se que o uso da água é utilizado em basicamente todo o processamento de abate, desde a chegada do animal ao abatedouro, onde a água é aspergida sobre os animais funcionando como “anti-stress” e também já auxiliando a limpeza do couro, e vai até o final do processo. Os principais usos de água são para: • Consumo animal e lavagem dos animais; • Lavagem dos caminhões; • Lavagem de carcaças, vísceras e intestinos; • Movimentação de subprodutos e resíduos; • Limpeza e esterilização de facas e equipamentos; • Limpeza de pisos, paredes, equipamentos e bancadas; • Geração de vapor; • Resfriamento de compressores. Por isso, deve haver um uso racional de água já que é um dos aspectos ambientais mais significativos no processo. As Tabelas X e Y Apresentadas a seguir, representam respectivamente o consumo de água em abatedouros e frigoríficos e como é feita essa distribuição em abatedouros, sendo que o abate, evisceração e processamento das vísceras (incluindo estômago – bucho e intestinos – tripas) respondem pelo maior consumo de água, usada principalmente para limpeza dos produtos e das áreas de processamento. Tabela X - Consumo de água em abatedouros e frigoríficos em Bovinos Fonte: GUIA TÉCNICO AMBIENTAL DE ABATE, 2019. Tabela Y - Distribuição do uso de água em abatedouros por operação. Fonte: GUIA TÉCNICO AMBIENTAL DE ABATE, 2019. A produção mais limpa utilizada pela empresa FreeBoi visará a utilização consciente de água, baseado na redução de operação com maior gasto. Alguns aspectos apresentados a seguir. Para ter um controle sobre a medição do consumo de água, será feita a seleção e aquisição de medidores adequados (com totalizadores de volume, tipo hidrômetros) de boa qualidade; e a sua instalação correta, de acordo com recomendações dos fabricantes, para seu bom funcionamento. Feito isso, será calculado rotineiramente os indicadores de consumo, como por exemplo: [consumo de água/cabeça], [consumo de água/t produtos], [consumo de água/t produto X] para fazer o gerenciamento de estratégias para redução do consumo de água da empresa. Serão também será utilizado estratégias como técnicas de limpeza a seco o quanto for possível, em todas as áreas, pisos e superfícies antes de qualquer lavagem com água varrição, catação e raspagem dos resíduos são técnicas possíveis. Equipamentos que recolhem resíduos a vácuo (como “aspiradores”) podem facilitar a coleta e o direcionamento destes resíduos para destinação e processamento adequados. Após as limpezas a seco, utilizar sistemas de alta pressão e baixo volume para fazer as lavagens com água. Sistemas automáticos com “timers” que abrem/fecham as válvulas de água para as mesas, com tempos de abertura e fechamento regulados de forma a fornecer a mínima quantidade de água necessária para o processamento das vísceras. Esta quantidade mínima pode ser pré-determinada através deste estudo de estratégias já comentado. Utilizar,onde possível, sistemas de lavagem das carcaças com fechamento/ abertura automática de água, em sincronia com a movimentação das carcaças nos trilhos aéreos: tem carcaça, abre água – não tem carcaça, fecha água; Além de estudar o processo de utilização consciente de água, também será feito o reaproveitamento desta. Como por exemplo com as águas de sistemas de resfriamento, descongelamento de câmaras frias e de bombas de vácuo é possível fazer o reúso para a lavagem dos animais e/ou de caminhões, de currais e de pocilgas e/ou de pátios (ou onde possível); Condensados do sistema de refrigeração e da purga das caldeiras: reúso onde possível; Água de lavagem das carcaças bovinas: aproveitamento na lavagens da graxaria, de caminhões, transporte de materiais para a graxaria, por exemplo. Efluente tratado final: utilizar nas áreas externas, por exemplo, ou onde possível, pois para lavagem de caminhões e de currais ou pocilgas, não é necessário utilizar água potável ou, pelo menos, somente ela. 3.2. Minimização dos Efluentes Líquidos e de sua Carga Poluidora Para minimizarem os impactos ambientais de seus efluentes líquidos industriais e atenderem às legislações ambientais locais, os abatedouros devem fazer o tratamento destes efluentes. A premissa para redução da carga poluidora dos efluentes líquidos, de acordo com a CETESB é: “Evitar, o quanto for possível, o contato matéria orgânica/água efluente – ou seja, evitar que a carga orgânica dos efluentes aumente pelo aporte de material orgânico (sangue, material do bucho, aparas de carne e de gordura, etc.). Isto implica em capturar, o quanto possível, os materiais ou resíduos antes que entrem nos drenos e canaletas de águas residuais”. Assim como a água, recomenda-se medir, adequada e rotineiramente, os efluentes líquidos brutos totais (gerados), alguns efluentes individuais críticos (de volume e/ou carga poluente altos) e os efluentes líquidos tratados, lançados para fora da empresa, mantendo um cotrole de medição das concentrações dos principais parâmetros que caracterizam estes efluentes: DBO5, DQO, óleos e graxas, nitrogênio total, cloreto, etc definir, calcular e acompanhar rotineiramente os indicadores relacionados com o abate e/ou com a produção: [volume de efluentes líquidos gerados/cabeça ou /t produtos], [kg DQO/cabeça ou /t produtos], [kg óleos e graxas/cabeça ou /t produtos], etc. Algumas estratégias que serão utilizadas são: Projetar, alocar e operar os bebedouros dos currais e pocilgas de forma a evitar ou minimizar transbordamentos de água para o piso, gerando lamas ou efluentes líquidos; os bebedouros também devem ser instalados sobre base de concreto e protegidos de danos causados pelos animais. Maximizar a coleta e segregação de sangue bruto para seu aproveitamento, adequando as instalações de coleta (cochos, calhas, canaletas e suas abas laterais) e o procedimento de sangria (ex.: permitindo tempo suficiente para sangria, tipicamente cerca de 7 minutos e minimizando queda de sangue fora do sistema de coleta); • Fazer a varrição e a raspagem (com rodos, etc.) do sangue bruto, sem uso de água, nos cochos, calhas e canaletas de coleta, direcionando o material para os drenos de coleta; Usar jatos ou “sprays” de água com pressão menor que 10bar para minimizar a remoção e arraste de gorduras das carcaças, durante sua lavagem. . Em relação a Grades ou telas perfuradas nos drenos, ralos e canaletas de águas residuais das áreas produtivas: Não se deve ter drenos/ralos/canaletas sem grades e telas, que retêm o material sólido e evitam que este se junte aos efluentes; operadores devem ser orientados para que não retirem as grades e telas dos drenos durante as operações de produção e de limpeza; há drenos/ralos com tampas rosqueáveis, o que desencoraja sua abertura; • Revisar periodicamente todas elas, garantindo que estejam operando efetivamente (sem buracos maiores ou rompimentos, bem assentadas, etc.); Remover o material retido das grades e telas o quanto for possível, dentro da rotina e periodicidade de limpeza da unidade, destinando-o adequadamente. 3.3. Uso Racional de Energia 3.4. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Inicialmente é necessário fazer a segregação ou separação dos resíduos, tanto quanto sua quantificação, acondicionamento e avaliação. Posteriormente é necessário praticar sempre os “3Rs” de forma cíclica e nessa ordem: ● Reduzir geração de resíduos ● Reusar os resíduos “inevitáveis” (aproveitá-los, sem qualquer tratamento) ● Reciclar os resíduos “inevitáveis” (aproveitá-los após qualquer tratamento) Para que todos os cálculos possam ser realizados é preciso de algumas informações, como: kg de resíduos de piso área interna/cabeça, kg de esterco e conteúdos estomacais e intestinais prensados/cabeça, kg ou litros de sangue processados ou retirados da empresa/cabeça, entre outros. Depois de realizado os “3Rs” os resíduos que restaram são segregados, coletados e acondicionados, no caso dos abatedouros, principalmente, a maioria dos resíduos processados nas graxarias possuem utilização e aproveitamento. Para um melhor gerenciamento dos resíduos sólidos é preciso seguir algumas medidas, como: minimizar a alimentação dos animais que gere conteúdo estomacais e intestinais, minimizar a geração de resíduos do abate e do processamento das carcaças e da carne, além de coletar a maior parte do sangue e manejá-lo com todo o acondicionamento necessário. A verificação de quais resíduos podem ser processados em graxarias, além daqueles do processo, também é de extrema importância, como aqueles da estação de tratamento de efluentes, por exemplo. Muitas vezes o gerenciamento desses resíduos sólidos são difíceis de serem realizados por conta da falta de equipamentos necessários para que seja feito o processamento interno dos mesmos. E por conta do apodrecimento de alguns podem causar odores se não for processado rapidamente. Na Tabela Z mostra a quantidade média dos principais resíduos gerados em abatedouros bovinos. Tabela Z - quantidade média dos principais resíduos gerados em abatedouros bovinos Fonte: CETESB, 1993; UNEP; DEPA; COWI, 2000 4. Caracterização quantitativa e qualitativa dos efluentes Devido ao alto consumo de água, têm-se grandes volumes de efluentes - 80 a 95% da água consumida é descarregada como efluente líquido. Estes efluentes, de acordo com o Guia Técnico Ambiental de Abate da CETESB (2007), caracterizam-se principalmente por: • Alta carga orgânica, devido à presença de sangue, gordura, esterco, conteúdo estomacal não-digerido e conteúdo intestinal; • Alto conteúdo de gordura; • Flutuações de pH em função do uso de agentes de limpeza ácidos e básicos; • Altos conteúdos de nitrogênio, fósforo e sal; • Flutuações de temperatura (uso de água quente e fria). A caracterização quantitativa do efluente do abatedouro FreeBoi encontra-se na Tabela 1, em que os dados foram, também, baseados no Guia Técnico Ambiental de Abate da CETESB (2007). O pH indica a intensidade de acidez, sendo que os microrganismos presentes no tratamento biológico normalmente são inibidos em pH menor que 6,0 e superior a 9,0. O seu controle é fundamental para o processo de digestão. Muitos processos químicos utilizados para coagular efluentes e despejos, adensar lodos ou oxidar substâncias requerem controle do pH (FEISTEL, 2011) Turbidez - é a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar certa quantidade de água e é causada por matérias sólidas em suspensão. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio: está associada à fração biodegradável dos componentes orgânicos carbonáceos. DQO - Demanda Química de Oxigênio, representa a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar quimicamente a matéria orgânica carbonácea. Nitrogênio total (NT) e fósforo total (PT) - O nitrogênio e o fósforo são os principais nutrientes responsáveis pelo crescimento e reprodução dos microrganismos que promovem a estabilização da matéria orgânica presente nos despejos.Sólidos Totais - Os sólidos são os responsáveis pelo aparecimento da cor e turbidez nas águas, e são compostos por sólidos solúveis e sólidos voláteis (FEISTEL,2011). Tabela 1. Caracterização quantitativa de efluentes do processamento de abate. Constituinte Concentração (mg/L) Vazão (m³/d) 450-2500* Sólidos suspensos totais 1600 Fixos 480 Voláteis 1120 DBO5 2000 DQO 4000 Nitrogênio (Total N) 180 Fósforo (Total P) 27 Óleos e graxas 270 Fonte: Guia Técnico Ambiental de Abate, CETESB, 2007. *Santos et al. 2011. Dentre os despejos do processamento, o sangue é o de maior importância por conter alta carga de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), aproximadamente 200 g/litro, recomendando-se coletar este produto separadamente dos demais resíduos, e tratá-lo para o reaproveitamento de subprodutos (FEISTEL,2011). Apresenta também elevada concentração de nitrogênio, cerca de 30 g/litro e de DQO (Demanda Química de Oxigênio), em torno de 400g/litros, sendo considerada a mais alta entre os efluentes líquidos gerados no processamento de carnes. O aporte de sangue ao efluente, se não faz a recuperação, é de aproximadamente 15 a 20 litros/bovino e de 7 litros/suíno (FEISTEL, 2011). 5. Tratamento de resíduos Matadouros, abatedouros e frigoríficos se enquadram como agroindústrias, cujos resíduos encontrados são vísceras de animais abatidos, fragmentos cárneos, sangue, conteúdo intestinal, pêlos, ossos, penas, gorduras e águas residuais, sendo todos passíveis de tratamento biológico. Do ponto de vista econômico e ambiental muito destes produtos residuais poderiam ser transformados em subprodutos úteis para consumo humano, alimento de animais, indústria de rações ou fertilizantes (FEISTEL, 2011) Os efluentes, independentemente das origens, devem obedecer a Legislação estadual (Seção II do Capítulo II do Decreto 8468) https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1976/decreto-8468-08.09.197 6.html que afima que “Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nas coleções de água, desde que obedeçam às seguintes condições: I - pH entre 5,0 (cinco inteiros), e 9,0 (nove inteiros); II - temperatura inferior a 40ºC (quarenta graus Celsius); III - materiais sedimentáveis até 1,0 ml/l (um milímetro por litro) em teste de uma hora em "cone imhoff"; IV - Substâncias solúveis em hexana até 100 mg/l (cem miligramas por litro); V - DBO 5 dias, 20ºC no máximo de 60 mg/l (sessenta miligrama por litro). Este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de efluentes de sistema de tratamento de águas residuárias que reduza a carga poluidora em termos de DBO 5 dias, 20ºC do despejo em no mínimo 80% (oitenta por cento)” A indústria recebe os animais, realiza o abate e os cortes da carne durante 8 horas por dia, 7 dias por semana, totalizando 21 bovinos/hora. Gerando um consumo de volume de 450 a 2.500 litros de água por animal, distribuídos: 900 litros na sala de matança; 1000 litros nas demais dependências como bucharia, triparia, https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1976/decreto-8468-08.09.1976.html https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1976/decreto-8468-08.09.1976.html miúdos, sanitários, etc.; 600 litros nos anexos externos como pátios e currais, incluindo a lavagem de caminhões (SCARASSATI, ET AL., 2003). Dentre os despejos do processo, há fragmentos de carne, gorduras e vísceras, juntamente com sangue, que entram em decomposição logo após a geração do efluente, sendo assim, responsável pelo forte odor no efluente (BIASSI, 2014). A sangria é realizada pela secção dos grandes vasos do pescoço, à altura da entrada do peito, depois de aberta sagitalmente a barbela pela “línea Alba”. Deve ser executada por operário devidamente adestrado, a fim de que resulte a mais completa possível. O sangue será recolhido em canaleta própria, por isto mesmo denominada “CANALETA DE SANGRIA”. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento Coordenadoria da Defesa Agropecuária, a área para Sangria considerando a produção da FreeBoi, será de 4 metros. O fluxograma do processo de tratamentos está apresentado na figura a seguir: Figura 3. Fluxograma para tratamento de efluentes de abatedouros 6.0. Tratamentos e Dimensionamentos 6.1. Tratamento Preliminar e Primário De acordo com a Norma Brasileira (NBR) 10.004 (ABNT, 1987 b), são denominados resíduos sólidos os resultantes de atividades industriais, doméstica, agrícola entre outros, incluindo os lodos das Estações de Tratamento de Efluentes (ETE’s), resíduos gerados em equipamentos e instalações de controle da poluição, os quais não podem ser lançados nos esgotos públicos, nem no ambiente. O tratamento preliminar tem por objetivo a retirada dos sólidos suspensos fixos (SSF), através de métodos físicos, para isso, devem ser utilizadas um conjunto de grades, caixas de areia, calha parshal e caixa de gordura. Tabela w: Dimensionamento do Tratamento Preliminar e Primário Fonte: Própria autoria, 2019. 6.2. Tratamento Secundário Dimensionamento que tá faltando: Reator UASB ou EGSB Combinações: Filtro Anaeróbio + Lagoa facultativa Filtro Anaeróbio + Lodos Ativados Reator UASB + Lagoa Facultativa Reator UASB + Lodos Ativados 7.0 PROPOSIÇÃO DA ETE O consumo de água em abatedouros é elevado, o que gera grande quantidade de efluente. Esses efluentes por sua vez, se caracterizam por uma alta concentração de DBO e conteúdo rico em proteínas, que se não tratados, causarão odores bem acentuados e pode ser fonte de nutrientes para crescimento do microrganismo (SCARASSATI, D. et al, (2003). Quanto maior o valor da relação DBO/DQO é mais indicado o tratamento por processo biológico. Nos abatedouros animais, antes do tratamento, há uma separação inicial dos efluentes líquidos em duas linhas principais: verde e vermelha. A linha verde recebe, principalmente, os efluentes da água de lavagem e dejetos dos animais nas instalações de recepção e nos canais de circulação dos mesmos; os resíduos gerados nos setores da bucharia, triparia, graxaria e todo resíduo gerado na sangria. A linha vermelha por sua vez é constituída pelos efluentes gerados no abate, constituído de sangue e água de lavagem da área de sangria, degola e toalete. O tratamento desses efluentes gerados devem ser realizados da seguinte forma, atendendendo à legislação: Tratamento primário: para remoção de sólidos grosseiros, suspensos sedimentáveis e flotáveis, principalmente por ação físico-mecânica; na sequência, caixas de gordura (com ou sem aeração) e/ ou flotadores, para remoção de gordura e outros sólidos flotáveis; em seguida, sedimentadores, peneiras e flotadores para remoção de sólidos sedimentáveis ou em suspensão e emulsionados – sólidos mais finos ou menores (FEISTEL, 2011); No caso da nossa indústria, se faz necessário o tratamento primário e preliminar para o descarte correto do efluente. Equalização: realizada em um tanque de volume e configuração adequadamente definidos, com vazão de saída constante e com precauções para minimizar a sedimentação de eventuais sólidos em suspensão, por meio de dispositivos de mistura. Isto facilita e permite otimizar a operação da estação como um todo, contribuindo para que se atinja os parâmetros finais desejados nos efluentes líquidos tratados (FEISTEL, 2011); Tratamento secundário: para remoção de sólidos coloidais, dissolvidos e emulsionados, principalmente por ação biológica, devido à característica biodegradável do conteúdo remanescente dos efluentes do tratamento primário, após equalização. Nesta etapa é comum tratamentos biológicos (FEISTEL, 2011); Para a estabilização da matéria orgânica restante presente no efluente, a partir do tratamento biológico, podendo ser realizado aerobicamente, no qual as bactérias presentes necessitam de oxigênio para seu crescimento, ou anaerobicamente, não sendo necessária a presença de oxigênio. A partir dos cálculos realizados e descritos, determina-seque o tratamento secundário deverá ser composto por reator UASB combinado de lodo ativado. A escolha é feita devido ao fato de esse tratamento oferecer uma eficiência de 99%, que é muito alta e efetiva. Além disso, a área requerida de 23,085 m² para construção desse tratamento é uma área coerente com o espaço disponível no município de Pirassununga. A combinação se faz eficiente, uma vez que será estabilizado o lodo gerado das águas residuárias e remover a demanda química de oxigênio. A carga que ainda não foi removida, será removida pelo reator de lodo ativado, tornando a eficiência do sistema boa para o efluente da indústria em questão. Tratamento terciário: é realizado apenas se necessário, em função de exigências técnicas e legais locais. Realizado como “polimento” final dos efluentes líquidos provenientes do tratamento secundário, promovendo remoção suplementar de sólidos, de nutrientes (nitrogênio, fósforo) e de organismos patogênicos. (FEISTEL, 2011). Para o efluente tratado, o tratamento terciário não será utilizado, uma vez que obteve-se uma eficiência muito grande somente com o tratamento secundário, sendo a carga de nitrogênio e fósforo tratada dessa maneira. Além disso, devido a essa escolha, a necessidade de um tratamento terciário é reduzida, já que há uma redução da carga de nitrogênio por conta do tratamento combinado do reator. Figura Y. Fluxograma do tratamento de efluentes Fonte: autoria própria 8. CONCLUSÃO A realização do projeto viabilizou a todos os envolvidos entender na prática como é realizado o tratamento de efluentes de uma indústria, no caso a de abatedouro, ao serem feitos estudos, pesquisas e cálculos sobre cada uma das etapas do tratamento, pode-se conhecer com mais detalhes qual a necessidade de cada um dos processos relacionados ao tratamento de efluentes, agregando grande conhecimento ao grupo. A disciplina permitiu um entendimento abrangente a respeito do que deve ser feito com os resíduos dos processamentos realizados pelas indústrias de alimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRUDA, V.C.M., Tratamento anaeróbio de Efluentes Gerados em Matadouros Bovinos. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2004. BIASSI, B.F., TRATAMENTO DE EFLUENTE DE MATADOURO E FRIGORÍFICO DE SUÍNOS EM REATOR BATELADA DE ELETROFLOCULAÇÃO. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Medianeira, 2014. COMPANHIA DE TECNOLOGIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Guia Técnico Ambietal de Abate, São Paulo: CETESB, 2007. FEISTEL, J. C. Tratamento e destinação de resíduos e efluentes de matadouros e abatedouros. Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2011. https://portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Janaina_Costa_2c.pdf SANTOS et al. Sistema de tratamento de efluentes de matadouro bovino utilizando lagoas de estabilização.Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1294 SCARASSATI, D., et al, TRATAMENTO DE EFLUENTES DE MATADOUROS E FRIGORÍFICOS. Centro Superior de Educação Tecnológica (CESET) – UNICAMP, 2003. https://portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Janaina_Costa_2c.pdf
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