Buscar

Resíduos abate de bovinos (1) docx

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos
Departamento de Engenharia de Alimentos
Projeto de tratamento de efluentes do Abate de Bovinos e Suínos
Daniele Martins Firmiano - Nº USP: 9878718
Gabriella Martins - Nº USP: 9391261
Helena Galeskas - Nº USP:
Heloísa Gonçales Christianini - Nº USP:9391188
Marina dos Reis Simprônio – Nº USP: 9878920
Profa. Dra. Giovana Tommaso
Seção 1 – Descrição da Empresa e Suas Atividades
Pirassununga - SP
Setembro/2019
1. Atividade da empresa
O abate de bovinos tem a finalidade da obtenção de carne e de seus derivados,
destinados ao consumo humano. Com o intuito de garantir a segurança dos
alimentos e a segurança alimentar aos consumidores deste produto esta operação,
é regulamentada por uma série de normas sanitárias. Assim, os estabelecimentos
do setor de carne e derivados em situação regular trabalham com inspeção e
fiscalização contínuas dos órgãos responsáveis pela vigilância sanitária (municipais,
estaduais ou federais).
As unidades de produção do setor envolvem abatedouros (matadouros),
frigoríficos e graxarias. Os abatedouros realizam o abate dos animais produzindo
carne com ossos (carcaças) e vísceras comestíveis. Existem dois tipos de
frigoríficos, os que abatem os animais separando suas carnes e vísceras,
industrializando-as e também industrializam a carne e aqueles que não abatem os
animais, comprando as carnes em carcaças ou cortes para seu processamento, ou
seja, somente industrializam a carne. As graxarias, resíduos e/ou subprodutos de
abatedouros e frigoríficos (sangue, osso, casco, chifre, partes condenadas pela
inspeção sanitárias e vísceras não comestíveis) são para a produção de sebo e
gordura animal.
A empresa FreeBoi (Figrua 1) é uma indústria que realiza o abate bovino,
localizada no município de Pirassununga - SP. A indústria recebe os animais, realiza
o abate e os cortes da carne com ossos (carcaças) e vísceras para expedição,
durante 8 horas por dia, 7 dias por semana.
Figura 1. Logo da empresa FreeBoi, localizada em Pirassununga - SP.
Fonte: Própria autoria, 2019.
As etapas do processamento se iniciam com a recepção dos animais em
currais, há então a condução e lavagem dos animais. Em seguida, é realizado o
atordoamento, a sangria, a esfola (remoção de couro, cabeças e cascos) e a
evisceração, seguindo para o corte da carcaça, refrigeração, cortes da carne e
desossa e por fim, estocagem e expedição. O processamento de abate de bovinos
está exemplificado no fluxograma da Figura 2.
Figura 2. Fluxograma básico do abate de bovinos.
Fonte: Guia Técnico Ambiental de Abate, CETESB, 2007.
2. Localização da indústria
A empresa é localizada no município de Pirassununga, no estado de São
Paulo, sendo que todo o descarte do efluente tratado vai para o Rio Mogi-Guaçu,
que é classificado como Classe 2. Segundo o Decreto 8468 de 08 de setembro de
1976, as águas desse rio são destinadas ao abastecimento doméstico (após
tratamento convencional), à irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas e à
recreação de contato primário (ou seja, natação, esqui-aquático e mergulho),
portanto, não devem ser descartados efluentes com demanda bioquímica de
oxigênio (DBO5) superior a 5 mg/L e 20°C, que é o caso dos efluentes provenientes
da indústria FreeBoi, sendo necessário então, a utilização de tratamentos e técnicas
de produção mais limpa, com parâmetros eficientes e efetivos.
2.0
3. Produção mais limpa
De acordo com o Guia Técnico Ambiental de Abate de Bovinos e Suínos, a
produção mais limpa de abatedouros visa “Coletar e separar todo material orgânico
secundário (que não seja produto direto), gerado ao longo do processo produtivo, da
forma mais abrangente e eficiente possível, evitando que se juntem aos efluentes
líquidos, e maximizar o seu aproveitamento ambientalmente adequado, com o
menor uso possível de insumos e recursos (água, energia, etc.)”.
Os aspectos ambientais mais significativos, que possuem os maiores impactos
ambientais em abatedouros, são: o consumo de água, o volume e a carga dos
efluentes líquidos e o consumo de energia são os principais, seguidos de resíduos
sólidos e de emissão de substâncias odoríferas.
De acordo com a CETESB (2007), a finalidade do processamento e/ou da
destinação dos resíduos ou dos subprodutos do abate é função de características
locais ou regionais, como a existência ou a situação de mercado para os vários
produtos resultantes e de logística adequada entre as operações. Por exemplo, o
sangue pode ser vendido para processamento, visando a separação e uso ou
comercialização de seus componentes (plasma, albumina, fibrina, etc.), mas
também pode ser enviado para graxarias, para produção de farinha de sangue,
usada normalmente na preparação de rações animais. De qualquer forma,
processamentos e destinações adequadas devem ser dadas a todos os
subprodutos e resíduos do abate, em atendimento às leis e normas vigentes,
sanitárias e ambientais. Essas operações também podem ser realizadas por
terceiros.
3.1. Uso Racional de água
Nota-se que o uso da água é utilizado em basicamente todo o processamento de
abate, desde a chegada do animal ao abatedouro, onde a água é aspergida sobre os
animais funcionando como “anti-stress” e também já auxiliando a limpeza do couro, e vai
até o final do processo. Os principais usos de água são para: • Consumo animal e lavagem
dos animais; • Lavagem dos caminhões; • Lavagem de carcaças, vísceras e intestinos; •
Movimentação de subprodutos e resíduos; • Limpeza e esterilização de facas e
equipamentos; • Limpeza de pisos, paredes, equipamentos e bancadas; • Geração de
vapor; • Resfriamento de compressores. Por isso, deve haver um uso racional de água já
que é um dos aspectos ambientais mais significativos no processo.
As Tabelas X e Y Apresentadas a seguir, representam respectivamente o consumo
de água em abatedouros e frigoríficos e como é feita essa distribuição em abatedouros,
sendo que o abate, evisceração e processamento das vísceras (incluindo estômago –
bucho e intestinos – tripas) respondem pelo maior consumo de água, usada principalmente
para limpeza dos produtos e das áreas de processamento.
Tabela X - Consumo de água em abatedouros e frigoríficos em Bovinos
Fonte: GUIA TÉCNICO AMBIENTAL DE ABATE, 2019.
Tabela Y - Distribuição do uso de água em abatedouros por operação.
Fonte: GUIA TÉCNICO AMBIENTAL DE ABATE, 2019.
A produção mais limpa utilizada pela empresa FreeBoi visará a utilização consciente
de água, baseado na redução de operação com maior gasto. Alguns aspectos apresentados
a seguir.
Para ter um controle sobre a medição do consumo de água, será feita a seleção e
aquisição de medidores adequados (com totalizadores de volume, tipo hidrômetros) de boa
qualidade; e a sua instalação correta, de acordo com recomendações dos fabricantes, para
seu bom funcionamento. Feito isso, será calculado rotineiramente os indicadores de
consumo, como por exemplo: [consumo de água/cabeça], [consumo de água/t produtos],
[consumo de água/t produto X] para fazer o gerenciamento de estratégias para redução do
consumo de água da empresa.
Serão também será utilizado estratégias como técnicas de limpeza a seco o quanto
for possível, em todas as áreas, pisos e superfícies antes de qualquer lavagem com água
varrição, catação e raspagem dos resíduos são técnicas possíveis. Equipamentos que
recolhem resíduos a vácuo (como “aspiradores”) podem facilitar a coleta e o direcionamento
destes resíduos para destinação e processamento adequados. Após as limpezas a seco,
utilizar sistemas de alta pressão e baixo volume para fazer as lavagens com água.
Sistemas automáticos com “timers” que abrem/fecham as válvulas de água para as
mesas, com tempos de abertura e fechamento regulados de forma a fornecer a mínima
quantidade de água necessária para o processamento das vísceras. Esta quantidade
mínima pode ser pré-determinada através deste estudo de estratégias já comentado.
Utilizar,onde possível, sistemas de lavagem das carcaças com fechamento/
abertura automática de água, em sincronia com a movimentação das carcaças nos trilhos
aéreos: tem carcaça, abre água – não tem carcaça, fecha água;
Além de estudar o processo de utilização consciente de água, também será feito o
reaproveitamento desta. Como por exemplo com as águas de sistemas de resfriamento,
descongelamento de câmaras frias e de bombas de vácuo é possível fazer o reúso para a
lavagem dos animais e/ou de caminhões, de currais e de pocilgas e/ou de pátios (ou onde
possível); Condensados do sistema de refrigeração e da purga das caldeiras: reúso onde
possível; Água de lavagem das carcaças bovinas: aproveitamento na lavagens da graxaria,
de caminhões, transporte de materiais para a graxaria, por exemplo. Efluente tratado final:
utilizar nas áreas externas, por exemplo, ou onde possível, pois para lavagem de
caminhões e de currais ou pocilgas, não é necessário utilizar água potável ou, pelo menos,
somente ela.
3.2. Minimização dos Efluentes Líquidos e de sua Carga Poluidora
Para minimizarem os impactos ambientais de seus efluentes líquidos
industriais e atenderem às legislações ambientais locais, os abatedouros devem
fazer o tratamento destes efluentes.
A premissa para redução da carga poluidora dos efluentes líquidos, de
acordo com a CETESB é: “Evitar, o quanto for possível, o contato matéria
orgânica/água efluente – ou seja, evitar que a carga orgânica dos efluentes aumente
pelo aporte de material orgânico (sangue, material do bucho, aparas de carne e de
gordura, etc.). Isto implica em capturar, o quanto possível, os materiais ou resíduos
antes que entrem nos drenos e canaletas de águas residuais”.
Assim como a água, recomenda-se medir, adequada e rotineiramente, os
efluentes líquidos brutos totais (gerados), alguns efluentes individuais críticos (de
volume e/ou carga poluente altos) e os efluentes líquidos tratados, lançados para
fora da empresa, mantendo um cotrole de medição das concentrações dos
principais parâmetros que caracterizam estes efluentes: DBO5, DQO, óleos e
graxas, nitrogênio total, cloreto, etc definir, calcular e acompanhar rotineiramente os
indicadores relacionados com o abate e/ou com a produção: [volume de efluentes
líquidos gerados/cabeça ou /t produtos], [kg DQO/cabeça ou /t produtos], [kg óleos e
graxas/cabeça ou /t produtos], etc.
Algumas estratégias que serão utilizadas são:
Projetar, alocar e operar os bebedouros dos currais e pocilgas de forma a
evitar ou minimizar transbordamentos de água para o piso, gerando lamas ou
efluentes líquidos; os bebedouros também devem ser instalados sobre base de
concreto e protegidos de danos causados pelos animais.
Maximizar a coleta e segregação de sangue bruto para seu aproveitamento,
adequando as instalações de coleta (cochos, calhas, canaletas e suas abas laterais)
e o procedimento de sangria (ex.: permitindo tempo suficiente para sangria,
tipicamente cerca de 7 minutos e minimizando queda de sangue fora do sistema de
coleta); • Fazer a varrição e a raspagem (com rodos, etc.) do sangue bruto, sem uso
de água, nos cochos, calhas e canaletas de coleta, direcionando o material para os
drenos de coleta;
Usar jatos ou “sprays” de água com pressão menor que 10bar para
minimizar a remoção e arraste de gorduras das carcaças, durante sua lavagem.
. Em relação a Grades ou telas perfuradas nos drenos, ralos e canaletas de
águas residuais das áreas produtivas: Não se deve ter drenos/ralos/canaletas sem
grades e telas, que retêm o material sólido e evitam que este se junte aos efluentes;
operadores devem ser orientados para que não retirem as grades e telas dos
drenos durante as operações de produção e de limpeza; há drenos/ralos com
tampas rosqueáveis, o que desencoraja sua abertura; • Revisar periodicamente
todas elas, garantindo que estejam operando efetivamente (sem buracos maiores
ou rompimentos, bem assentadas, etc.); Remover o material retido das grades e
telas o quanto for possível, dentro da rotina e periodicidade de limpeza da unidade,
destinando-o adequadamente.
3.3. Uso Racional de Energia
3.4. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos
Inicialmente é necessário fazer a segregação ou separação dos
resíduos, tanto quanto sua quantificação, acondicionamento e avaliação.
Posteriormente é necessário praticar sempre os “3Rs” de forma cíclica e
nessa ordem:
● Reduzir geração de resíduos
● Reusar os resíduos “inevitáveis” (aproveitá-los, sem qualquer
tratamento)
● Reciclar os resíduos “inevitáveis” (aproveitá-los após qualquer
tratamento)
Para que todos os cálculos possam ser realizados é preciso de algumas
informações, como: kg de resíduos de piso área interna/cabeça, kg de esterco e
conteúdos estomacais e intestinais prensados/cabeça, kg ou litros de sangue
processados ou retirados da empresa/cabeça, entre outros.
Depois de realizado os “3Rs” os resíduos que restaram são segregados,
coletados e acondicionados, no caso dos abatedouros, principalmente, a maioria
dos resíduos processados nas graxarias possuem utilização e aproveitamento. Para
um melhor gerenciamento dos resíduos sólidos é preciso seguir algumas medidas,
como: minimizar a alimentação dos animais que gere conteúdo estomacais e
intestinais, minimizar a geração de resíduos do abate e do processamento das
carcaças e da carne, além de coletar a maior parte do sangue e manejá-lo com todo
o acondicionamento necessário. A verificação de quais resíduos podem ser
processados em graxarias, além daqueles do processo, também é de extrema
importância, como aqueles da estação de tratamento de efluentes, por exemplo.
Muitas vezes o gerenciamento desses resíduos sólidos são difíceis de serem
realizados por conta da falta de equipamentos necessários para que seja feito o
processamento interno dos mesmos. E por conta do apodrecimento de alguns
podem causar odores se não for processado rapidamente. Na Tabela Z mostra a
quantidade média dos principais resíduos gerados em abatedouros bovinos.
Tabela Z - quantidade média dos principais resíduos gerados em
abatedouros bovinos
Fonte: CETESB, 1993; UNEP; DEPA; COWI, 2000
4. Caracterização quantitativa e qualitativa dos efluentes
Devido ao alto consumo de água, têm-se grandes volumes de efluentes - 80
a 95% da água consumida é descarregada como efluente líquido. Estes efluentes,
de acordo com o Guia Técnico Ambiental de Abate da CETESB (2007),
caracterizam-se principalmente por:
• Alta carga orgânica, devido à presença de sangue, gordura, esterco,
conteúdo estomacal não-digerido e conteúdo intestinal;
• Alto conteúdo de gordura;
• Flutuações de pH em função do uso de agentes de limpeza ácidos e
básicos;
• Altos conteúdos de nitrogênio, fósforo e sal;
• Flutuações de temperatura (uso de água quente e fria).
A caracterização quantitativa do efluente do abatedouro FreeBoi encontra-se
na Tabela 1, em que os dados foram, também, baseados no Guia Técnico Ambiental
de Abate da CETESB (2007).
O pH indica a intensidade de acidez, sendo que os microrganismos presentes
no tratamento biológico normalmente são inibidos em pH menor que 6,0 e superior a
9,0. O seu controle é fundamental para o processo de digestão. Muitos processos
químicos utilizados para coagular efluentes e despejos, adensar lodos ou oxidar
substâncias requerem controle do pH (FEISTEL, 2011)
Turbidez - é a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar certa
quantidade de água e é causada por matérias sólidas em suspensão.
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio: está associada à fração
biodegradável dos componentes orgânicos carbonáceos.
DQO - Demanda Química de Oxigênio, representa a quantidade de oxigênio
requerida para estabilizar quimicamente a matéria orgânica carbonácea.
Nitrogênio total (NT) e fósforo total (PT) - O nitrogênio e o fósforo são os
principais nutrientes responsáveis pelo crescimento e reprodução dos
microrganismos que promovem a estabilização da matéria orgânica presente nos
despejos.Sólidos Totais - Os sólidos são os responsáveis pelo aparecimento da cor e
turbidez nas águas, e são compostos por sólidos solúveis e sólidos voláteis
(FEISTEL,2011).
Tabela 1. Caracterização quantitativa de efluentes do processamento de
abate.
Constituinte Concentração (mg/L)
Vazão (m³/d) 450-2500*
Sólidos suspensos totais 1600
Fixos 480
Voláteis 1120
DBO5 2000
DQO 4000
Nitrogênio (Total N) 180
Fósforo (Total P) 27
Óleos e graxas 270
Fonte: Guia Técnico Ambiental de Abate, CETESB, 2007.
*Santos et al. 2011.
Dentre os despejos do processamento, o sangue é o de maior importância
por conter alta carga de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio),
aproximadamente 200 g/litro, recomendando-se coletar este produto
separadamente dos demais resíduos, e tratá-lo para o reaproveitamento de
subprodutos (FEISTEL,2011).
Apresenta também elevada concentração de nitrogênio, cerca de 30 g/litro e
de DQO (Demanda Química de Oxigênio), em torno de 400g/litros, sendo
considerada a mais alta entre os efluentes líquidos gerados no processamento de
carnes. O aporte de sangue ao efluente, se não faz a recuperação, é de
aproximadamente 15 a 20 litros/bovino e de 7 litros/suíno (FEISTEL, 2011).
5. Tratamento de resíduos
Matadouros, abatedouros e frigoríficos se enquadram como agroindústrias,
cujos resíduos encontrados são vísceras de animais abatidos, fragmentos cárneos,
sangue, conteúdo intestinal, pêlos, ossos, penas, gorduras e águas residuais, sendo
todos passíveis de tratamento biológico. Do ponto de vista econômico e ambiental
muito destes produtos residuais poderiam ser transformados em subprodutos úteis
para consumo humano, alimento de animais, indústria de rações ou fertilizantes
(FEISTEL, 2011)
Os efluentes, independentemente das origens, devem obedecer a Legislação
estadual (Seção II do Capítulo II do Decreto 8468)
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1976/decreto-8468-08.09.197
6.html que afima que “Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão
ser lançados, direta ou indiretamente, nas coleções de água, desde que obedeçam
às seguintes condições:
I - pH entre 5,0 (cinco inteiros), e 9,0 (nove inteiros);
II - temperatura inferior a 40ºC (quarenta graus Celsius);
III - materiais sedimentáveis até 1,0 ml/l (um milímetro por litro) em teste de
uma hora em "cone imhoff";
IV - Substâncias solúveis em hexana até 100 mg/l (cem miligramas por litro);
V - DBO 5 dias, 20ºC no máximo de 60 mg/l (sessenta miligrama por litro).
Este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de efluentes de sistema
de tratamento de águas residuárias que reduza a carga poluidora em termos de
DBO 5 dias, 20ºC do despejo em no mínimo 80% (oitenta por cento)”
A indústria recebe os animais, realiza o abate e os cortes da carne durante 8
horas por dia, 7 dias por semana, totalizando 21 bovinos/hora. Gerando um
consumo de volume de 450 a 2.500 litros de água por animal, distribuídos: 900 litros
na sala de matança; 1000 litros nas demais dependências como bucharia, triparia,
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1976/decreto-8468-08.09.1976.html
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1976/decreto-8468-08.09.1976.html
miúdos, sanitários, etc.; 600 litros nos anexos externos como pátios e currais,
incluindo a lavagem de caminhões (SCARASSATI, ET AL., 2003).
Dentre os despejos do processo, há fragmentos de carne, gorduras e
vísceras, juntamente com sangue, que entram em decomposição logo após a
geração do efluente, sendo assim, responsável pelo forte odor no efluente (BIASSI,
2014).
A sangria é realizada pela secção dos grandes vasos do pescoço, à altura da
entrada do peito, depois de aberta sagitalmente a barbela pela “línea Alba”. Deve
ser executada por operário devidamente adestrado, a fim de que resulte a mais
completa possível. O sangue será recolhido em canaleta própria, por isto mesmo
denominada “CANALETA DE SANGRIA”. De acordo com a Secretaria de Agricultura
e Abastecimento Coordenadoria da Defesa Agropecuária, a área para Sangria
considerando a produção da FreeBoi, será de 4 metros.
O fluxograma do processo de tratamentos está apresentado na figura a
seguir:
Figura 3. Fluxograma para tratamento de efluentes de abatedouros
6.0. Tratamentos e Dimensionamentos
6.1. Tratamento Preliminar e Primário
De acordo com a Norma Brasileira (NBR) 10.004 (ABNT, 1987 b), são
denominados resíduos sólidos os resultantes de atividades industriais, doméstica,
agrícola entre outros, incluindo os lodos das Estações de Tratamento de Efluentes
(ETE’s), resíduos gerados em equipamentos e instalações de controle da poluição,
os quais não podem ser lançados nos esgotos públicos, nem no ambiente.
O tratamento preliminar tem por objetivo a retirada dos sólidos suspensos
fixos (SSF), através de métodos físicos, para isso, devem ser utilizadas um conjunto
de grades, caixas de areia, calha parshal e caixa de gordura.
Tabela w: Dimensionamento do Tratamento Preliminar e Primário
Fonte: Própria autoria, 2019.
6.2. Tratamento Secundário
Dimensionamento que tá faltando:
Reator UASB ou EGSB
Combinações:
Filtro Anaeróbio + Lagoa facultativa
Filtro Anaeróbio + Lodos Ativados
Reator UASB + Lagoa Facultativa
Reator UASB + Lodos Ativados
7.0 PROPOSIÇÃO DA ETE
O consumo de água em abatedouros é elevado, o que gera grande
quantidade de efluente. Esses efluentes por sua vez, se caracterizam por uma alta
concentração de DBO e conteúdo rico em proteínas, que se não tratados, causarão
odores bem acentuados e pode ser fonte de nutrientes para crescimento do
microrganismo (SCARASSATI, D. et al, (2003). Quanto maior o valor da relação
DBO/DQO é mais indicado o tratamento por processo biológico.
Nos abatedouros animais, antes do tratamento, há uma separação inicial dos
efluentes líquidos em duas linhas principais: verde e vermelha. A linha verde recebe,
principalmente, os efluentes da água de lavagem e dejetos dos animais nas
instalações de recepção e nos canais de circulação dos mesmos; os resíduos
gerados nos setores da bucharia, triparia, graxaria e todo resíduo gerado na
sangria. A linha vermelha por sua vez é constituída pelos efluentes gerados no
abate, constituído de sangue e água de lavagem da área de sangria, degola e
toalete.
O tratamento desses efluentes gerados devem ser realizados da seguinte
forma, atendendendo à legislação:
Tratamento primário: para remoção de sólidos grosseiros, suspensos
sedimentáveis e flotáveis, principalmente por ação físico-mecânica; na sequência,
caixas de gordura (com ou sem aeração) e/ ou flotadores, para remoção de gordura
e outros sólidos flotáveis; em seguida, sedimentadores, peneiras e flotadores para
remoção de sólidos sedimentáveis ou em suspensão e emulsionados – sólidos mais
finos ou menores (FEISTEL, 2011);
No caso da nossa indústria, se faz necessário o tratamento primário e
preliminar para o descarte correto do efluente.
Equalização: realizada em um tanque de volume e configuração
adequadamente definidos, com vazão de saída constante e com precauções para
minimizar a sedimentação de eventuais sólidos em suspensão, por meio de
dispositivos de mistura. Isto facilita e permite otimizar a operação da estação como
um todo, contribuindo para que se atinja os parâmetros finais desejados nos
efluentes líquidos tratados (FEISTEL, 2011);
Tratamento secundário: para remoção de sólidos coloidais, dissolvidos e
emulsionados, principalmente por ação biológica, devido à característica
biodegradável do conteúdo remanescente dos efluentes do tratamento primário,
após equalização. Nesta etapa é comum tratamentos biológicos (FEISTEL, 2011);
Para a estabilização da matéria orgânica restante presente no efluente, a
partir do tratamento biológico, podendo ser realizado aerobicamente, no qual as
bactérias presentes necessitam de oxigênio para seu crescimento, ou
anaerobicamente, não sendo necessária a presença de oxigênio. A partir dos
cálculos realizados e descritos, determina-seque o tratamento secundário deverá
ser composto por reator UASB combinado de lodo ativado.
A escolha é feita devido ao fato de esse tratamento oferecer uma eficiência
de 99%, que é muito alta e efetiva. Além disso, a área requerida de 23,085 m² para
construção desse tratamento é uma área coerente com o espaço disponível no
município de Pirassununga.
A combinação se faz eficiente, uma vez que será estabilizado o lodo gerado
das águas residuárias e remover a demanda química de oxigênio. A carga que
ainda não foi removida, será removida pelo reator de lodo ativado, tornando a
eficiência do sistema boa para o efluente da indústria em questão.
Tratamento terciário: é realizado apenas se necessário, em função de
exigências técnicas e legais locais. Realizado como “polimento” final dos efluentes
líquidos provenientes do tratamento secundário, promovendo remoção suplementar
de sólidos, de nutrientes (nitrogênio, fósforo) e de organismos patogênicos.
(FEISTEL, 2011).
Para o efluente tratado, o tratamento terciário não será utilizado, uma vez que
obteve-se uma eficiência muito grande somente com o tratamento secundário,
sendo a carga de nitrogênio e fósforo tratada dessa maneira.
Além disso, devido a essa escolha, a necessidade de um tratamento terciário
é reduzida, já que há uma redução da carga de nitrogênio por conta do tratamento
combinado do reator.
Figura Y. Fluxograma do tratamento de efluentes
Fonte: autoria própria
8. CONCLUSÃO
A realização do projeto viabilizou a todos os envolvidos entender na prática
como é realizado o tratamento de efluentes de uma indústria, no caso a de
abatedouro, ao serem feitos estudos, pesquisas e cálculos sobre cada uma das
etapas do tratamento, pode-se conhecer com mais detalhes qual a necessidade de
cada um dos processos relacionados ao tratamento de efluentes, agregando grande
conhecimento ao grupo. A disciplina permitiu um entendimento abrangente a
respeito do que deve ser feito com os resíduos dos processamentos realizados
pelas indústrias de alimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, V.C.M., Tratamento anaeróbio de Efluentes Gerados em Matadouros
Bovinos. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2004.
BIASSI, B.F., TRATAMENTO DE EFLUENTE DE MATADOURO E FRIGORÍFICO
DE SUÍNOS EM REATOR BATELADA DE ELETROFLOCULAÇÃO. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Medianeira, 2014.
COMPANHIA DE TECNOLOGIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO –
CETESB. Guia Técnico Ambietal de Abate, São Paulo: CETESB, 2007.
FEISTEL, J. C. Tratamento e destinação de resíduos e efluentes de matadouros
e abatedouros. Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e
Zootecnia. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2011.
https://portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Janaina_Costa_2c.pdf
SANTOS et al. Sistema de tratamento de efluentes de matadouro bovino
utilizando lagoas de estabilização.Enciclopédia Biosfera, Centro Científico
Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 1294
SCARASSATI, D., et al, TRATAMENTO DE EFLUENTES DE MATADOUROS E
FRIGORÍFICOS. Centro Superior de Educação Tecnológica (CESET) – UNICAMP,
2003.
https://portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Janaina_Costa_2c.pdf

Continue navegando