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Vasculites 1 Vasculites DEFINIÇÃO Vasculite: clinicopatologico - inflamação e lesão de vasos sanguíneos, lumen é comprometido e leva a isquemia dos tecidos - pode acometer a pele ou outros órgãos FISIOPATOLOGIA E PATOGENESE Mecanismos imunopatogênico em resposta a um estímulo antigênico - pode ser indireta e não uma causalidade real Formação de imunocomplexos: não predispõe obrigatoriamente a vasculite, existe indivíduos com vasculite e sem imunomplexos circulantes ou depositados nas paredes dos vasos Tem sido identificado o antígeno da hepatite B tanto em imunocomplexos circulantes quanto em depositados na poliarterite nodosa e da hepatite C na Vasculite crioglobulinêmica O deposito do imunocomplexo leva a ativação do sistema imune e a deposição de diversas outras células de defesa infiltram a parede do vaso, fazem fagocitose de imunomplexos e liberam enzimas danificando a parede dos vasos ANCA - anticorpos anticitoplasma de neutrófilo: dirigidos contra grânulos citoplasmáticos de neutrófilos e monócitos - encontrados na Granulomatose com Poliangeite dentre outras associadas Ao entrar em contato com o ANCA extracelular os neutrófilos sofrem desgranulação e passam a produzir espécies reativas de oxigênio que podem causar lesão tecidual Neutrófilos ativados por ANCA podem aderir a células endoteliais e mata-las além de induzir a liberação de citocinas pró-inflamatórias Resposta patogênica dos linfócitos T e formação de granulomas Vasculites 2 Células endoteliais podem expressar moléculas de antígeno leucocitário humano classe II após a ativação por citocinas - interage com T CD4+ e macrófagos apresentadores de antígenos DIAGNÓSTICO Considerar sempre que apresentar uma doença sistêmica não explicada Sinais e sintomas: púrpura palpável, infiltrados pulmonares e hematúria microscópica, rinossinusite inflamatória crônica, monomeurite múltipla, eventos isquêmicos não explicados e glomerunefrite com evidência de doença multissistêmica Afastar outras doenças com clínica similar Vasculites 3 TRATAMENTO GERAL Se identificar um antígeno agrassor deve remover Se associado a doença adjacente - tratar doença adjacente Glicocorticoides - monitorar perda óssea (risco de osteoporose), oftalmo regularmente (catarata, glaucoma), DM, supressão da resposta a infecções oportunistas, cushing, supressão do crescimento se criança, HAS, alterações psiquiátricas Ciclofosfamida - supressão da medula, cistite, carcinoma de bexiga, supressão gonadal, fibrose pulmonar, mielodisplasia, oncogênese Metotrexato - TGI, estomatite, supressão da medula (hemograma completo por semana no início do tratamento e após, uma vez ao mês), hepatotóxico, pneumonite Ácido fólico 1mg/dia ou Ácido Folínico 5 - 10mg/semana 24h após Azatioprina - TGI, supressão da medula, hepatoxidade Rituximabe - reações de infusão, leucoencefalopatia multifocal progressiva, reações mucocutâneas, reativação hepatite B, síndrome de lise tumoral Todos tem risco de infecções oportunistas GRANULOMATOSE COM POLIANGEÍTE (DE WEGENER) Definição: Vasculite granulomatora das vias respiratórias superior e inferior + glomerulonegrite - Artérias e veias pequenas Incidência e prevalência: incomum, 3 por 100.000, rara em afrodescendentes em comparação a brancos, 1:1 em sexos, qualquer idade, 15% menos que 19 anos e a maioria mais que 40 Patologia e patogênese: vasculite necrosante de pequenas artérias e veias, formação de granulomas intra ou extra vasculares, comprometimento pulmonar com infiltrados cavitários nodulares e bilaterais, nas VAS há inflamação nos seios paranasais e nasofaringe com necrose e granulomas Vasculites 4 No início glomerunefrite é focal e segmentar e pode evoluir para crescente rapidamente progressiva - granulomas são raros na biopsia renal, tem imunocomplexos Diagnóstico: Clínica: Comprometimento de VAS - dor nos seios paranasais, rinorreia purulenta ou sanguinolenta, com ou sem ulceração da mucosa nasal, pode ter nariz em sela (perfurar o septo nasal), otite média serosa, estenose subglótia da traqueia Tosse, hemoptise, dispneia e desconforto torácico Ocular: conjuntivite pode levar a dacriocistite, episclerite, esclerite, esclerouveite granulomatosa, vasculite de vaso ciliares e lesões tipo massa retro-orbitária Lesões de pele: pápulas, púrpuras palpáveis, úlceras ou npodulos subcutâneos - vasculite, granuloma ou ambos Pericardite, vasculite coronariana ou miocardiopatia Neurite craniana, mononeurite múltipla, vasculite e/ou granuloma cerebral Mal estar geral, franqueza, artralgias, anorexia e perda de peso, febre pode indicar doença subjacente Exames: Anemia, aumento do VHS, leucitose leve, hipergamaglobulinemia discreta, aumento do FR Exige biopsia positiva É fatal dentro de meses Tratamento: Glicocorticoides isolados (sintomas) Ciclofosfamida (melhora prognóstico) - 2mg/dia VO (ajustar dose na insuficiência renal) Apenas se lesão órgão alvo e gravidade, se leve não exige terapia imunossupressora Após 3 - 6 meses de indução deve ser interrompida e substituída, em geral, Metotrexato e Axatioprina Vasculites 5 MTX VO ou Subcutânea 0,3 mg/kg em dose única semanal (máximo de 15mg/semana) Se bem tolerado pode aumentar dose após 1 a 2 semanas - aumento gradual de 2,5mg por semana até uma dose de 20 a 25 mg/semana Azatioprina 2mg/kg/dia POLIANGEÍTE MICROSCÓPICA Definição: vasculite necrosante com pouco ou nenhum imunocomplexo afetando pequenos vasos (capilares, vênulas e arteríolas), glomerulonefrite e inflamação de capilares pulmonares Incidência e prevalência: 57 anos, homens são mais acometidos Patologia e patogênese: Predileção pelo comprometimento de capilares e vênulas e artérias pequenas e médias sem imunoglobulina na lesão (sem papel de imunocomplexos) Diagnóstico semelhante a anterior, ANCA presente Tratamento: 5 anos de vida com 74% mortalidade por hemorragia alveolar ou por doença do TGI ou cardíaca ou renal Ciclofosfamida ou Rituximabe, Prednisona - tratamento de reincidivas é semelhante ao inicial GRANULOMATOSE EOSINOFÍLICA COM POLIANGEÍTE (CHURG-STRAUSS) Definição: Asma, eosinofilia periférica e tecidual com formação de granulomas extravasculares e vasculite de múltiplos sistemas Incidência e prevalência: incomum, qualquer idade e exclui lactentes, 48 anos a idade média pouco mais nas mulheres Patologia e patogênese: acomete artérias musculares de pequeno e médio calibre, veias, capilares e vênulas - ação mediada pela infiltração de eosinofilos nos Vasculites 6 tecidos, predomina na pele, sistema cardiovascular, rins, sistema nervoso periférico, TGI, aponta para fenômenos imunológicos aberrantes Manifestação Clínica e laboratoriais: inespecíficas como febre, mal-estar, anorexia, perda de peso achados pulmonares com poliangeíte explica a asma grave e presença de infiltrados pulmonares Mononeutire múltipla ocorre em 72% dos pacientes Rinite alérgica e rinossinusite em 61% dos casos Cardiopatia como causa de mortalidade Lesões na pele: púrpura, nódulos cutâneos e subcutâneos Doença renal pe pouco comum e menos grave Eosinofilia notável com > mil células, inflamação ANCA Evidência de asma, eosinofilia do sangue periférico e manifestação clínica compatível com vasculite Tratamento: Sobrevida de 6 anos com tratamento, a causa de morte principal é por comprometimento do miocárdio Glicocorticoides, pode reduzir dose a depender da asma No comprometimento cardíaco associar Ciclofosfamida e Prednisona diariamente POLIARTERITE NODOSA Definição: vasculite necrosante multissistêmica de artérias musculares de pequeno e médio calibre - atinge as artérias reanis e viscerais Não atinge as artérias pulmonares mas os vasos brônquicos sim, sem granulomas, eosinofilia e diátese alérgica Incidência e prevalência: incomum Vasculites 7 Patologia e patogênese: lesão vascular consiste em inflamação necrosante das artérias musculares pequenase médias - segmentares e envolve bifurcações e ramificações - leva a degeneração da parede do vaso e pode levar a necrose, com comprometimento do lumen que aumenta risco de trombose e infarto dos tecidos irrigados pelo vaso Dilatações aneurismáticas são comuns Sintomas comuns são relatados em pacientes com hepatite B e C Manifestações Clínicas e Laboratoriais: Sinais e sintomas são inespecíficos - febre, mal-estar geral, fraqueza, cefaleia, dor abdominal e mialgias - hipertensão, insuficiência renal ou hemorragias Não existe teste sorológico, em geral a contagem de leucócitos está elevada e predomina neutrófilos, eosinofilia é rara e se presente em altos níveis sugere granulomatose eosinofilica com poliangeite, tem VHS aumentado, pode ocorrer hipergamaglobulinemia e todos os pacientes devem ser submetidos a triagem para hepatite B e C, raro ter ANCA Diagnóstico é feito pelos achados característicos da doença em biopsia ou demonstração arteriografica de vasos sob forma de aneurismas de artérias de pequenos e médios calibres (pode ter aneurisma sem ser poliarterite e ser poliarterite e não ter aneurisma, pode ser estenose e obliteração de vasos) Tratamento: Sobrevida de cinco anos é pequena, morte resulta de complicações do TGI como perfuração, ou cardiovascular Prednisona e Ciclofosfamida No caso de hepatite B com quadro semelhante terapia antiviral, glicocorticoides e troca de plasma Tratar hipertensão ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES E POLIMIALGIA REUMÁTICA Definição: temporal, é uma inflamação das artérias de médio e grande calibre, carótida e temporal, tem associação com polimialgia reumárica (rigidez, desconfor Vasculites 8 e dor nos músculos do pescoço, ombros e lombar baixa, quadris e coxa) - ocorre de modo isolado e pode ser visto em 50% dos pacientes e futuramente desenvolve a arterite Incidência e prevalência: mulheres, raro na raça negra, maior na população de escandinavos, maiores que 50 anos, relação familiar com HLA-DR4 Patologia e patogênese: tem vasculite sistêmica de múltiplas artérias de médio e grande calibre - há proliferação da intima, infiltrados inflamatórios na parede dos vasos, doença dirigida por antígenos com forte ação de células T Manifestações clínicas e laboratoriais: Febre, anemia, aumento de VHS, cefaleia e em pacientes com mais que 50 anos Inflamação sistêmica com mal-estar, fadiga, anorexia, perda de peso, sudorese, artralgias, polimialfia reumática ou doença dos vasos de grande calibre Se envolver as artérias crânianas leva a cefaleia e artéria dolorida, dor no couro cabeludo e claudicação da mandíbula e língua podem ocorrer Neuropatia óptica isquêmica é o mais temido - perda visual e dor nos olhos Anemia normocrômica ou levemente hipocrômica e VHS elevada, níveis aumentados de IgG e complemento Diagnóstico é confirmado pela biopsia da artéria temporal ou USG, na presença de sinais e sintomas oculares uma biopsia da temporal deve ser rápida Tratamento: Mortalidade é rara, risco de ruptura ou dissecção de aneurisma aórtico é maior Reduzir sintomas e prevenir perda visual Prednisona 40 - 60mg/dia durante 1 mês e com redução gradual Se sinais e sintomas oculares - metilpredinisolona 1000mg/dia Monitorar VHS para avaliar a terapia Ácido acetilsalicilico 81mg/dia reduz risco cardiovascular Vasculites 9 ARTERITE DE TAKAYASU Doença inflamatória e estenosante das artérias de média e grande calibre - arco da aorta e seus ramos Adolescentes do sexo feminino Fisiopatologia: Arco da aorta e seus ramos, artérias pulmonares, envolve mais origem que ramos distais A camada intima sofre proliferação e fibrose acentuada, formando tecido cicatricial e vascularização da média, há estreitamento do lúmen com ou sem trombose, envolve os vasos dos vasos Como em várias síndromes de vasculite, imunocomplexos circulantes tem sido demonstrado Clínica: Doença sistêmica Sintomas gerais: febre, mal-estar, sudorese noturna, artralgias, anorexia, perda de peso antes de envolver os vasos Pulsos estão ausentes nas artérias envolvidas Cursa com anemia leve, aumento do VHS e níveis altos de imunoglobulina Diagnóstico: Mulher jovem, com ausência de pulsos periféricos, discrepâncias na PA e sopros arteriais Arteriografia: paredes vasculares irregulares, estenose, dilatação após estenose, aneurisma, oclusão e aumento da circulação colateral > arteriografia completa da aorta com contraste - grau da doença Tratamento: Sobrevida de 94%, com mortalidade em 5 anos de até 35% (ICC, AVC, IAM, ruptura de aneurisma ou IRA) Crônica e recidivante Prednisona: 40 a 60mg/dia (melhora sintomas mas não a aumenta sobrevida) Vasculites 10 Em casos refratários: Metotrexato 25mg/semana e anti-TNF VASCULITE POR IGA (HENOCH- SCHONLEIN) Vasos de pequeno calibre, tem púrpura palpável (nádegas e membros inferiores), artralgias, sinais e sintomas GI, glomerulonefrite Crianças de 4-7 anos, lactantes e adultos, não é rara, pico na primavera Fisiopatologia: Há depósito de imunocomplexos, existe a hipótese de vários antígenos inicitantes, IVAS, fármacos, alimentos, insetos e imunizações - IgA é visto com maior frequência Clinica: Paciente pediátrico com púrpura palpável, tem poliartralgias, envolvimento TGI (dor abdominal em cólica com náuseas e vômitos, diarreia, constipação, sangue ou muco pelo reto), glomerulonefrite discreta com proteinúria e hematúria discretas Biopsia da pele pode ser útil para fechar diagnóstico Tratamento: Prognóstico é excelente, rara mortalidade, cursa com recuperação completa sem terapia Prednisona 1mg/kg/dia se necessário e reduzir a medida que tiver resposta clínica VASCULITE CRIOGLOBULINÊMICA Crioglobulinas são imunoglobulinas clonais ou policlonais precitadas pelo frio, relação do o vírus da hepatite C 5% dos portadores de HCV irão desenvolver Fisiopatologia: Vasculites 11 Cursa com infiltrado inflamatório circundado e acometendo a parede dos vasos sanguíneos com necrose fibrinoide, hiperplasia de células endoteliais e hemorragia - tem deposito de imunoglobulina e complemento Tem evidenciado vírus da hepatite C nas lesões de vasculites Clínica: vasculite cutânea, artrite, neuropatia periférica e glomerulonefrite (10-30% dos pacientes) FR quase sempre é encontrado, VHS elevada e anemia e hepatite C Tratamento: mortalidade é incomum, glomerulonefrite é ruim, se hepatite C deve fazer tratamento antiviral Glicocorticoides tem resposta reduzida VASCULITE DE ÚNICO ÓRGÃO Atinge veias ou artérias de qualquer calibre em algum órgão Pode ser identificada por acaso em cirúrgicas, pode ter desenvolvimento sistêmico após VASCULITE CUTÂNEA IDIOPÁTICA Inflamação dos vasos sanguíneos da derme - heterogeneidade Vasculite por hipersensibilidade e angeite cutÂnea leucocitoclástica Pode ser primária ou secundária a algum agente ou idiopática (30%) Fisiopatologia: Vasos de pequeno calibre, vênulas são comumente atingidas, capilares e arteríolas também pode ser envolvidos Caracterizada por leucocitoclase, detritos cuvleares remanescentes dos neutrófilos Em fase subaguda ou crônica predomina as células mononucleares Eritrócitos extravassam e levam a púrpura palpável Clínica: Vasculites 12 Comprometimento da pele - púrpuras palpáveis, máculas, pápulas, vesículas, bolhas, nódulos, úlceras e urticária Pode ser dolorosas - queimadura ou ferroada, pruriginosas Acomete extremidade inferior daqueles que deambulam e sacro daqueles acamados Edema pode acompanhar lesões e hiperpigmentação ocorre em áreas com lesão recorrente ou crônica Leucocitose discreta com ou sem eosinófilo e VHS elevada Tratamento: Tratar causa subjacente, remover se necessário, tratar doença de base Farmácos: Dapsona, Colchicina, hidroxicloroquina e AINEs Prednisona 1mg/kg/dia