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MARC 14 Vasculit� Definição: Vasculites são entidades clínicas que se caracterizam pelo comprometimento inflamatório da parede dos vasos sanguíneos. “Vasculite” - termo histopatológico: O vaso acometido apresenta um infiltrado inflamatório (numerosos leucócitos, importante edema) em meio a áreas de necrose (zonas acelulares), nas quais pode acumular-se um material proteico (de origem plasmática), que adquire um aspecto semelhante à fibrina (“necrose fibrinóide"). Fisiopatologia (vasculites sistêmicas): I) Mediada por imunocomplexos: muito linfócito B ativado, muito anticorpo sendo produzido II) Mediada por células, pobre em imunocomplexos: Th1, Th17, resposta pauci-imune III) Granulomatosa: fortemente Th1 - vasculite com destruição tecidual adjacente Vias desreguladas: Th1: IFN gama e TNF - fagócitos Th2: IL13 - eosinófilos Th17 - IL17 e IL21 - opsonização Alerta para vasculite! ● púrpura palpável: sangue extravasado na pele com vaso ressaltado/espessado ● glomerulonefrite: hemácia dismórfica no exame de urina ● hemorragia alveolar difusa: queda satO2, hemoptise ● neurite: oclusão do vasa nervorum ● oclusão vascular Clínica: Inflamação sistêmica: - Febre, anorexia, astenia, emagrecimento, mialgia Inflamação vascular: - Depende do calibre afetado - Pode acometer vasos de grande calibre, médio calibre e pequeno calibre - Vaso de grande calibre: uma inflamação não é comum (mas não impossível) de tamponar um vaso de grande calibre. O que ela é capaz de gerar é de provocar uma redução na luz. Por exemplo, ocorre uma diminuição da luz da subclávia, paciente começa a apresentar uma diminuição do aporte sanguíneo para o braço, e quando começar a fazer muito esforço com o braço começar a cansar levando a claudicação - Vaso de médio calibre: se tamponados gera e se caracteriza como aneurimas. Geralmente vasos de médio calibre irrigam vísceras → aneurismas, anginas; - Vaso de médio pequeno: mais fácil de ter tamponamento aumenta a permeabilidade do vaso, gerando edema e permite a saída de hemácias, que se localizam na pele, as vezes conseguimos até palpar→ púrpura palpável; Exames: Inflamação sistêmica: • Elevação de VHS e de PCR; • Anemia normo/normo; • Leucocitose; • Elevação no número de plaquetas; • ANCA: anticorpo anti-citoplasma de neutrófilo → pedimos pesquisa do ANCA→ tem diferentes padrões, os que nos importa nessa questão de inflamação sistêmica é o C-ANCA e o P-ANCA; mas não são patognomônicos de vasculite; anti proteinase 3 e anti mieloperoxidase dá fidedignidade para mostrar que os exames abaixo são decorrentes de vasculite; - C-ANCA (citoplasmático): pode aparecer em pacientes que usam cocaína; antiproteinase 3, é específico para Granulomatose de Wegener - P-ANCA (perinuclear): pode se apresentar na doença intestinal inflamatória; antimieloperoxidase 3→ poliangeíte microscópica (PAN microscópica), na Síndrome de Churg-Strauss, na doença de Goodpasture e nas glomerulonefrites crescênticas idiopáticas pauci-imunes Inflamação vascular: • Biópsia: do vaso ou tecido • Imagem: angiografia, ECO Classificação de Chapel-Hill Consensus Conference: Vasculite de Grandes Vasos Arterite temporal (células gigantes) Arterite de Takayasu Vasculite de Médios Vasos Poliarterite nodosa Doença de Kawasaki Vasculite de Pequenos Vasos Poliangeíte microscópica Churg-Strauss Granulomatose de Wegener Púrpura de Henoch-Schonlein Vasculite crioglobulinêmica Vasculite de Calibre Variável Doença de Behçet Buerger Síndrome de Cogan Vasculite de Órgão único Cutânea leucocitoclástica Primária do SNC Vasculites secundárias Associadas a doenças sistêmicas: AR, LES, sarcoidose Associadas a prováveis etiologias: meningoencefalite, endocardite VASCULITE DE GRANDES VASOS Arterite temporal Conhecida como arterite de células gigantes. É a vasculite sistêmica primária mais comum, 2 vezes mais comum em mulheres. Acomete faixa etária acima de 50 anos. Tem predileção pelos ramos extracranianos da carótida, como a artéria temporal. Caracteriza-se por sintomas constitucionais (perda ponderal, fadiga, febre), cefaleia envolvendo a região temporal, claudicação de mandíbula e alterações visuais. Ao exame físico, pode haver espessamento e redução de pulso nas artérias temporais e occipitais. Lembrar: “4C” Cefaleia temporal, Claudicação de mandíbula, Cegueira, Constitucionais (sintomas) Exames laboratoriais: anemia normo normo, aumento de VHS e PCR. Trombocitose e aumento FA. Em biópsia é percebido aumento infiltrado leucocitário com granulomas. Tratamento: prednisona e AAS (baixas doses). imunossupressores em recidiva ou dependência do corticoide. VHS e PCR para acompanhamento da resposta terapêutica. Arterite de Takayasu Conhecida como doença sem pulsos. Predomina em mulheres jovens (10:1) entre 15 e 30 anos de idade. Acomete aorta e seus maiores ramos (subclávia, carótida, renal), além da artéria pulmonar). Quadro clínico: sintomas constitucionais, sopros e frêmitos sobre grandes artérias, claudicação de extremidades. Insuficiência aórtica, ostite coronariana. Vertigem, síncope: acometimento carotídeo. HAS (renovascular). “Coartação invertida”: diminuição da PA em membro superior o acometimento da artéria subclávia. Laboratório: inflamação sistêmica Exame de imagem: arteriografia, angiotomo e angioressonância. Tratamento: Corticoterapia e pode ser associado a imunossupressor. Em casos de estenose ou formação de aneurisma, cirurgia e angioplastia. VASCULITE DE MÉDIOS VASOS Doença de Kawasaki Antigamente chamada de “síndrome mucocutânea-linfonodal”, é uma vasculite de médios vasos que afeta preferencialmente as artérias coronárias em crianças < 5 anos. O paciente, tipicamente uma criança, pode apresentar infarto agudo do miocárdio e morte súbita cardíaca. Diagnóstico DK Critérios (é preciso possuir o critério obrigatório [FEBRE > 5 DIAS] e pelo menos mais quatro dos demais critérios): ● Febre > 38 ºC > 5 dias (obrigatório) ● Congestão ocular bilateral não supurativa ● Alteração em lábios e cavidade oral ● Exantema polimorfo ● Alterações nas extremidades ● Linfadenopatia cervical aguda não supurativa “MELECA”: Mucosite, Exantema, Língua em framboesa, Extremidades (edema e exantema), Conjuntivite e Adenomegalia Dividida em 3 fases clínicas: I) fase aguda: dura de 1 a 2 semanas II) fase subaguda: inicia quando a febre, rash e linfadenopatia cessam III) fase de convalescença: quando os sinais clínicos desaparecem Laboratório: inflamação sistêmica e aumento de C3. Trombocitose, hipoalbuminemia e aumento de transaminases. Imagem: arteriografia. Tratamento: prevenção de aneurisma, imunoglobulina intravenosa. Fase aguda: AAS Poliartrite nodosa clássica e poliangiite microscópica Pode surgir em qualquer idade, mas tem pico entre 40 e 50 anos. É 3 vezes mais comum em homens. Em 30% dos casos está associado a infecção com Hepatite B e C. Possui queixas vagas, febre baixa. Lesões cutâneas como nódulos subcutâneos, úlceras, livedo reticular e gangrena digital. 80% neuropatia periférica: afetando nervo fibular, tibial, ulnar, mediano e radial. Envolvimento renal, TGI e SNC. Laboratório: aumento VHS, leucocitose e anemia. Tratamento: corticóide e imunossupressor (azatioprina ou ciclofosfamida). E caso viral: tratamento antiviral. VASCULITE DE PEQUENOS VASOS Síndrome de Churg-Strauss Recebe também a denominação de angiite granulomatosa alérgica, é uma vasculite necrosante sistêmica que acomete vasos de médio e pequeno calibre. Etiologia: múltiplos fenômenos imunomediados. Notável coexistência de rinite/ asma/ eosinofilia/ IgE elevada sugere reações de hipersensibilidade imediata. Discreto predomínio feinino, com idade média de 48 anos. Granulomatose de Wegener Ou granulomatose com poliangiite é uma vasculite necrosante de médios e pequenos vasos, com a formação de granulomas. Homens e mulheres brancos são igualmente afetados com idade média em torno dos 40 anos. VASCULITEDE CALIBRE VARIÁVEL Tromboangeíte obliterante - Doença de Buerger Diretamente relacionada com o tabagismo. Doença de Behçet Doença vascular inflamatória crônica Adulto jovens Pensar em lesões de mucosa, pele e olhos (uveíte), hipópío, úlceras genitais. Pode ter relação com o gene HLA-B51 Tratamento: corticóide tópico, colchicina, talidomida. VASCULITES RELACIONADAS AO ANCA ● Poliangite microscópica ● Granulomatose com poliangiite ● Granulomatose eosinofílica com poliangiite ● Púrpura Henoch-Shonlein: 90% em crianças, púrpura palp´vel, hematúria, dor abdominal, artrite e quadro agudo de febre. Tratamento: AINEs Efeit� colaterai� d� corticoterapi� Quando o corticoide precisar ser mantido por tempo prolongado, devemos associar um poupador de corticóide (que permite redução das doses), como a azatioprina. Atualmente, recomenda-se a dosagem da enzima TPMT (Tiopurina Metiltransferase) antes de iniciar azatioprina! Portadores de deficiência desta enzima (envolvida na eliminação do fármaco) não devem usar azatioprina, pois se encontram sob risco aumentado de pancitopenia… Outras drogas, como o metotrexate, também podem ser usadas com esse intuito. → Medidas para reduzir o impacto dos glicocorticóides devem acompanhar seu uso crônico; reposição de cálcio (1.500 mg/ dia), vitamina D (800 UI/dia) e bifosfonatos em doses profiláticas (ex.: alendronato 35 mg/dia) → Uma vez alcançada a remissão da doença, a prednisona é desmamada de forma gradual para que não haja exacerbação do quadro. A corticoterapia em dias alternados parece diminuir a toxicidade (síndrome de Cushing secundária, com diabetes mellitus, osteoporose, catarata e outros). É importante ressaltar que a corticoterapia em dias alternados não tem lugar no início do tratamento, na indução da remissão. → Necessidade de profilaxia contra a infecção oportunista por Pneumocystis jirovecii (antigo P. carinii) em pacientes que realizam imunossupressão com corticoide + citotóxico. A droga de escolha é o sulfametoxazol + trimetoprim (Bactrim) Principais efeitos adversos do corticoide: ● aumento do apetite, aumento da gordura centrípeta ● presença de giba ● inchaço, dislipidemia ● fascies em lua cheia ● acne, estrias, fascies pletórica, hirsutismo ● irritação gástrica, úlcera péptica ● uso crônico: glaucoma, catarata, DM ● maior susceptibilidade a infecções Diagn�tic� diferencia� da� cefaleia� Importante diferenciar as primárias das secundárias. Primárias: enxaqueca, cefaléia tensional, cefaléia em salvas. Secundárias: fármacos, pós traumática, transtorno psiquiátrico, alterações vasculares, alterações intracranianas, alterações oftalmológicas, nevralgias, radiculopatias, tumores. Intoxicação por fármaco/ drogas e outras substâncias: abstinência.
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