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Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 1 Profª.: Thaís Verztman Slide 10: Transtorno de Personalidade Definição: A personalidade não é nada mais do que uma tendência a se comportar de uma certa maneira que persiste ao longo da vida. Consiste de modos de funcionamento psicológico arraigados, difusos, resistentes e habituais que caracterizam o estilo de um indivíduo. “The big five” É a teoria da personalidade mais amplamente aceita pelos psicólogos nos dias de hoje. Ao contrário de outras teorias de personalidades que classificam os indivíduos em categorias binárias (ou seja, introvertidos ou extrovertidos), o Big Five afirma que cada traço de personalidade é um espectro, com muitas nuances. Uma alta ou baixa pontuação em qualquer fator particular não é necessariamente bom ou ruim. Por exemplo, há situações em que ser mais complacente e inclinado a confiar nos outros é benéfico e há outras situações em que uma abordagem mais cética seria a escolha mais sábia. Conscienciosidade: Alta conscienciosidade Baixa conscienciosidade • Organização • Obediência • Esforço de conquista • Autodisciplina • Deliberação • Desorganização • Procrastinação • Indisciplina • Impulsividade Agradabilidade: Alta agradabilidade Baixa agradabilidade • Franqueza • Altruísmo (gosta de ajudar)) • Observância • Modéstia • Simpatia • Empatia • Ceticismo • Exigência • Teimosia • Antipatia • Não se importa com o que as outras pessoas sentem Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 2 Extroversão: Alta extroversão Baixa extroversão • Sociável • Energizado pela interação social • Gosta de ser o centro das atenções • Extrovertido (tendência de dirigir para o exterior a sua atenção e as suas emoções) • Prefere a solidão • Cansado de muita interação social • Reflexivo • Não gosta de ser o centro das atenções • Reservado (introvertido) Abertura à experiência: Alta abertura à experiência Baixa abertura à experiência • Curioso • Imaginativo • Criativo • Aberto a experimentar coisas novas • Previsível • Não muito imaginativo • Não gosta de mudança • Prefere a rotina • Tradicional Neuroticismo: Alto neuroticismo Baixo neuroticismo • Ansioso • Irritável • Tímido • Vulnerável • Experimenta mudanças dramáticas de humor • Não se preocupa muito • Calmo • Emocionalmente estável • Confiante • Resiliente • Raramente se sente triste ou deprimido História: O conceito de personalidade anormal é reconhecido desde os primórdios da psiquiatria. O psiquiatra francês Philippe Pinel usou manie sans délire para pacientes propensos a explosões de raiva e violência, mas sem transtorno psicótico. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 3 Prichard sugeriu um novo termo, insanidade moral, que ele definiu como: perversão mórbida dos sentimentos naturais, afeições, inclinações, temperamento, hábitos, disposições morais e impulsos naturais, sem nenhuma desordem ou defeito notável do intelecto ou faculdades de conhecimento ou raciocínio e, em particular, sem qualquer delírio ou alucinação. (Prichard, 1835) Kurt Schneider usou o termo “psicopata” para cobrir toda a gama de personalidade anormal, não apenas personalidade antissocial. Relevância: A avaliação da personalidade é importante na tomada de decisões sobre etiologia, diagnóstico e tratamento. Na etiologia, o conhecimento da personalidade ajuda a explicar por que certos eventos são estressantes para aquele paciente. No diagnóstico, uma compreensão da personalidade pode explicar a presença de características incomuns em um distúrbio que pode caso contrário, causar incerteza. No tratamento, uma avaliação da personalidade ajuda a explicar a reação do paciente à sua doença e ao seu tratamento, e auxilia o estabelecimento de uma relação terapêutica eficaz. Dificuldades na classificação: É UMA FRONTEIRA PSICOPATOLÓGICA EXTREMAMENTE INFLUENCIADA PELA CULTURA E PELOS LAÇOS SOCIAS. É impossível traçar uma linha divisória nítida entre personalidades normais e anormais. Durante a primeira década do século XX, o caráter e a personalidade foram usados indistintamente, mas o termo caráter carregava conotações morais que passaram a ser vistas como inadequadas em um contexto clínico. Uma vantagem do termo personalidade na saúde mental era que permitia aos psiquiatras colocar questões de moralidade e imoralidade de lado em favor de conceituações clínicas sem julgamento. Após sua adoção pela comunidade médica nos EUA, a personalidade passou a ser considerada mais apropriada do que o caráter como tema de estudo científico – era considerada um atributo psicológico natural como memória e percepção (Danziger 1990; Nicholson 2003). MAD OR BAD? → louco ou mau? Não é apenas a fronteira entre a personalidade normal e a anormal que é imprecisa e arbitrária; os limites entre os diferentes tipos de personalidade também são mal definidos. Como identificar um TDP? Deve-se atentar às seguintes características: 1. Uso consciente do comportamento em questão 2. Nível mais exagerado do comportamento 3. Resulta em problemas sérios e prolongados de funcionamento ou de felicidade O diagnóstico do TDP requer: • Padrão inflexível, persistente e generalizado dos traços mal adaptativos envolvendo pelo menos 2 dos seguintes: o Cognição (formas de perceber e interpretar a si mesmo, outros e eventos) o Afetividade o Funcionamento interpessoal o Controle dos impulsos • Sofrimento significativo ou funcionamento prejudicado resultante do padrão mal adaptativo • Estabilidade relativa e início precoce do padrão (remontanto à adolescência ou ao início da idade adulta) Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 4 Transtornos de personalidade envolvem traços de personalidade rígidos e mal adaptativos que são marcados o suficiente para causar sofrimento significativo ou prejudicar o trabalho e/ou funcionamento interpessoal. Transtorno X Personalidade Os 3 Ps: NÃO é TDP sem que haja os seguintes sintomas: • Problemático – incomum e causando sofrimento para si e para outros • Persistente – começa jovem e continua na vida adulta • Penetrante – afeta diversas áreas na vida da pessoa Sintomas gerais: Dificuldades para se relacionar com outras pessoas. Padrões de comportamento que se desviam marcadamente das expectativas sociais e permanecem consistentes ao longo do tempo. O transtorno afeta pensamentos, relações interpessoais e controle dos impulsos. O padrão de comportamento é estável ou de longa duração, começando na infância ou adolescência. Estatística: Prevalência de 14,79% da população adulta americana possui TDP (Grant et all. 2004). Estudos multicêntricos apontam que de 6 a 9% da população mundial tenha TDP, e que de 50 a 65% na população carcerária também (Fazel e Danesh, 2002). “Clusters”: O grupo/cluster A é caracterizado por parecer estranho ou excêntrico. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas: • Paranoide: desconfiança e suspeita • Esquizoide: desinteresse em outras pessoas • Esquizotípico: ideias e comportamentos excêntricos O grupo B é caracterizado por parecer dramático, emocional ou errático. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas: • Antissocial: irresponsabilidade social, desrespeito a outros, falsidade e manipulação dos outrospara ganho pessoal • Borderline: intolerância de estar sozinho e desregulação emocional • Histriônico: busca por atenção • Narcisista: autoestima desregulada e frágil subjacente, apesar de grandiosidade aparente O grupo C é caracterizado por parecer ansioso ou apreensivo. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas: • Esquivo: evita contato interpessoal por medo de rejeição • Dependente: submissão e necessidade de ser cuidado • Obsessivo-compulsivo: perfeccionismo, rigidez e obstinação Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 5 Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 6 TP Narcisista: • Sensação Exagerada de Importância • Intolerância a críticas • Necessidade constante de atenção • Tendência a arrogância e a sobrevalorizar seus feitos • Egocêntricos - autocentrados • Seletivos e ocasionalmente cruéis com amigos TP Histriônica: • Emocionalmente superficiais X Comportamento • Dramático • Discurso vago, superficial • Buscam o centro das atenções / interrompem a fala alheia • Roupas ou comportamentos exagerados • Comportamento exagerado de doença/sugestionabilidade • Excessivamente emotivos TP Emocionalmente Instável: • Falta de estabilidade nas relações interpessoais, autoimagem e emotividade: o Impulsividade o Baixa tolerância a frustração o Sentimento de “vazio" o SELF HARM • SUICÍDIO / PARASSUICÍDIO • Essa suspeita interfere nas relações interpessoais. • Geralmente tem poucos amigos • Ocasionalmente testam a lealdade dessas pessoas próximas • Guardam “ranço”, são tensos, muito sensíveis a críticas Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 7 Obs.: Parassuicídio é um ato deliberado de automutilação que parece ser uma tentativa de suicídio, embora a pessoa que cometeu o ato não tivesse a intenção de que o ato fosse letal. TP Antissocial • Homens > Mulheres • Falta de empatia ou culpa ao fazer mal a terceiros, mesmo próximos • Quebra constante de regras (sociais ou legais), mesmo que prejudique a outros – Ter o outro como meio para um fim! • Vivem o momento e não pensam nas consequências • Agressividade / Hostilidade / Busca de Intensidade (Adrenaline Rush) • "Colateral damage” é aceitável e tolerado • Sem curva de aprendizado - não se importam com as punições ou não apreendem • Escapar de punições “mimetizando" emoções e empatia - MANIPULAÇÃO. • ENVOLVIMENTO CRIMINAL TP Dependente • Necessidade invasiva de outras pessoas no cotidiano • Submissos com relação a necessidade de proteção e tomada de decisão • Necessidade constante de reforço positivo e segurança • Medo exagerado de abandono, baixa tolerância à crítica • Ocasionalmente não se expressam espontaneamente quando sozinhos TP OC (Anancástica) • Traços obsessivos, porém, sem perda funcional • Falta de crítica ou percepção de que os outros são "falhos" • "Metódico, sistemático, perfeccionista” • Falta de flexibilidade a regras e padrões • Relacionamentos interpessoais insatisfatórios pelas falhas alheias Tratamento: Padrão ouro: terapia. Em geral, o objetivo do tratamento dos transtornos de personalidade é: • Reduzir o sofrimento subjetivo Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 8 • Modificar traços de personalidade problemáticos (exemplo: dependência, desconfiança, arrogância, espírito de manipulação) – leva muito tempo, normalmente mais que 1 ano • Esforço para permitir que os pacientes percebam que seus problemas são internos • Comportamentos mal-adaptativos e indesejáveis (exemplo: imprudência, isolamento social, falta de assertividade, explosões temperamentais) – devem ser tratados rapidamente para minimizar os danos continuados em empregos e relacionamentos A mudança comportamental é a mais importante para todos os pacientes com os seguintes transtornos de personalidade:
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