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remodelamento cardíaco - has Ao longo da vida, o coração sofre transformações ligadas ao processo natural de crescimento, maturidade e envelhecimento ou como resposta a situações locais ou sistêmicas que requerem alteração na força contrátil (se o indivíduo desenvolve hipertensão arterial sistêmica é necessária maior força para impulsionar o sangue). definição de remodelamento: Conjunto de alterações genéticas, moleculares, neurohumorais, celulares e intersticiais cardíacas, manifestas clinicamente como modificáveis de tamanho, massa, geometria e função do coração, em resposta a determinada injuria aguda (AM) ou sobrecarga crônica de pressão (HAS, estenose aórtica) ou volume (insuficiência mitral ou aórtica), além de inflamações (miocardites). Em muitos estados patológicos, a insuficiência cardíaca é precedida por hipertrofia cardíaca, que é a resposta compensatória do miocárdio ao maior trabalho mecânico. O conjunto de alterações moleculares, celulares e estruturais que ocorrem em resposta à lesão ou às alterações nas condições de carga é chamado de remodelamento ventricular. fisiopatologia: Quando há sobrecarga de pressão (hipertensão arterial ou estreitamento de uma valva), a força contrátil precisa aumentar ocasionando um aumento da tensão na parede, culminando no aumento do tamanho e o peso do coração. A hipertrofia requer o aumento da síntese de proteínas, o que possibilita a organização de sarcômeros adicionais, assim como um número maior de mitocôndrias. Os miócitos hipertróficos também apresentam núcleos aumentados, atribuídos ao aumento da ploidia de DNA, resultante da replicação do DNAna ausência de divisão celular. O padrão de hipertrofia reflete a natureza do estímulo. Os miocardiócitos de parede cardíaca submetida a maior trabalho se hipertrofiam na tentativa de manter o fluxo e, conforme a lei de Laplace (T = PR/2t, em que T = tensão, P =pressão na cavidade, R = raio da cavidade e t = espessura da parede), diminuir a tensão. Na hipertrofia por sobrecarga de pressão (p. ex., devido à hipertensão ou à estenose aórtica), os novos sarcômeros estão predominantemente depositados em paralelo aos eixos longos das células, expandindo a área transversal dos miócitos nos ventrículos e causando um aumento concêntrico na espessura da parede, enquanto o volume da cavidade fica mantido. (comprimento de cada célula não se altera muito, mas sim sua espessura) objetivos: 1 – Compreender o processo de remodelamento cardíaco associado a HAS 2 – Estuda as complicações do não tratamento da HAS descontrolada 3 – Entender a insuficiência cardíaca na HAS descontrolada 4 – Entender a importância de seguir o tratamento A hipertrofia de miócitos não é acompanhada por um aumento proporcional do número de capilares. Como resultado, o suprimento de oxigênio e nutrientes para o coração hipertrofiado é mais tênue do que para o coração normal. No mesmo momento, o consumo de oxigênio pelo coração hipertrofiado está elevado devido ao aumento da carga de trabalho que controla o processo. A hipertrofia também é frequentemente acompanhada pela deposição de tecido fibroso (fibrose intersticial). As alterações moleculares incluem a expressão de genes precoces imediatos (p. ex., FOS, JUN, MYC e EF12-01-9788535281637). Quando o remodelamento for insuficiente ou a sobrecarga ultrapassar a capacidade do coração hipertrofiar, ocorre um desbalanço de pós-carga. Como resultado dessas alterações, o coração hipertrofiado é vulnerável à descompensação relacionada à isquemia, que pode evoluir para insuficiência cardíaca e, por fim, levar à morte. A Hipertrofia ventricular constitui, portanto, uma resposta adaptativa que possibilita ao coração vencer a sobrecarga de pressão e manter o débito cardíaco. Ocorrida a hipertrofia do ventrículo esquerdo, o indivíduo permanece compensado hemodinamicamente por anos ou décadas, apesar da hipertensão arterial; nesse período, fala-se em fase compensada da cardiopatia hipertensiva. consequências do não tratamento has. A falta de adesão ao tratamento tem como principal consequência a falta de controle da HA e, portanto, o aumento de lesões em órgãos-alvo (LOA) e da morbimortalidade cardiovascular (CV). Níveis elevados de tensão arterial por tempo prolongado são agentes agressores potentes para o coração e os vasos sanguíneos, no primeiro pela sobrecarga que a hipertensão arterial determina ao miocárdio (aumento da força de contração) e nos segundos pela ação física exercida sobre a parede vascular. Por se tratar de condição frequentemente assintomática, a HA costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. Ela é o principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura. Associa-se a fatores de risco metabólicos para as doenças dos sistemas cardiocirculatório e renal, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose, e diabetes melito (DM). Além disso, apresenta impacto significativo nos custos médicos e socioeconômicos, decorrentes das complicações nos órgãos-alvo, fatais e não fatais, como: coração: doença arterial coronária (DAC), insuficiência cardíaca (IC), fibrilação atrial (FA) e morte súbita; cérebro: acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico (AVEI) ou hemorrágico (AVEH), demência; rins: DRC que pode evoluir para necessidade de terapia dialítica; e sistema arterial: doença arterial obstrutiva periférica (DAOP). CORAÇÃO: A HA causa sobrecarga ao miocárdio, que passa a trabalhar com maior força para vencer a resistência vascular periférica aumentada. As modificações cardíacas na HA constituem a cardiopatia hipertensiva. VASOS SANGUÍNEOS: As lesões são diferentes conforme a constituição e o calibre dos vasos. Nas artérias de grande e médio calibres, a HA favorece a aterosclerose. Nas pequenas artérias e arteríolas, surge a arterioloesclerose, que pode ser de dois tipos: • Arterioloesclerose hialina – Consiste na deposição de material hialino na íntima do vaso, com redução da luz. A substância depositada origina-se da passagem de proteínas plasmáticas através do endotélio lesado pela hipertensão arterial e da síntese aumentada de matriz extracelular induzida também pelo estado hipertensivo. Esta lesão, mais comum nos rins, aparece também em indivíduos idosos normotensos ou em diabéticos • Arterioloesclerose hiperplásica – Surge tipicamente na HA acelerada ou maligna. A lesão consiste em hiperplasia das células musculares (que formam camadas celulares concêntricas, com aspecto “em casca de cebola”) e de duplicação da membrana basal, o que resulta em estreitamento da luz. Na HA maligna, pode haver também necrose fibrinoide da parede associada tanto à arterioloesclerose hialina como à hiperplásica. As lesões arteriolares são importantes, porque podem reduzir a luz vascular e alterar a vasomotricidade, ambos capazes de produzir isquemia, como acontece nos rins e no sistema nervoso central. Tais lesões são mais frequentes e têm maior importância em: (1) rins, onde se associam à nefrosclerose vascular; (2) sistema nervoso, responsáveis por lesões isquêmicas variadas (lesões de pequenos vasos cerebrais) e associadas à hemorragia cerebral parenquimatosa; (3) retina, onde provoca a retinopatia hipertensiva. A hipertensão está associada a um aumento significativo no risco de desfechos cardiovasculares e renais adversos. Cada uma das complicações a seguir está intimamente associada à presença de hipertensão: • Hipertrofia ventricular esquerda (LVH) • Insuficiência cardíaca, tanto fração de ejeção reduzida (sistólica) quanto fração de ejeção preservada (diastólica) • Acidente vascular cerebral isquêmico • Hemorragia • Doença isquêmica do coração, incluindo infarto domiocárdio e intervenções coronárias • Doença renal crônica e doença renal em estágio terminal A presença de mais de um fator de risco aumenta o risco de eventos cardiovasculares adversos. A probabilidade de ter um evento cardiovascular aumenta à medida que a pressão arterial aumenta. Para cada 20 mmHg maior sistólica e 10 mmHg maior pressão arterial diastólica, o risco de morte por doença cardíaca ou derrames dobra. Embora a hipertensão esteja associada a um aumento relativo do risco cardiovascular, independentemente de outros fatores de risco cardiovasculares, é importante que o risco absoluto de risco cardiovascular dependa da idade e de outros fatores de risco cardiovasculares, além do nível de pressão arterial. insuficiencia cardíaca - has No caso da IC de etiologia hipertensiva, a disfunção diastólica usualmente é a primeira manifestação da doença. Sua ocorrência se dá a partir de uma sobrecarga crônica da pressão arterial elevada, que conduz a um aumento da massa cardíaca por hipertrofia dos cardiomiócitos, reduzindo o volume sistólico e a distensibilidade cardíaca. Tais alterações comprometem o enchimento ventricular e, por consequência, provocam o desenvolvimento de insuficiência cardíaca com fração de ejeção normal (ICE-FEn), definida pela fração de ejeção (FE) maior que 50%. Em pacientes com sobrecarga de volume (obesos ou portadores de doença renal crônica), assim como portadores de hipertrofia ventricular esquerda (HVE) que mantém níveis pressóricos elevados, o processo de remodelamento ventricular evolui para dilatação das cavidades cardíacas, o que provoca prejuízo ao débito cardíaco (DC) e ocasiona insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr), definida por FE menor que 40%. A hipertensão arterial é o fator de risco modificável mais prevalente para o desenvolvimento da insuficiência cardíaca (HF), tanto porque a hipertensão aumenta o trabalho cardíaco, o que leva ao desenvolvimento da hipertrofia ventricular esquerda (LVH), e porque a hipertensão arterial é um fator de risco para o desenvolvimento de doença cardíaca coronariana. O aumento da rigidez arterial pode ser importante na influência da hipertensão no desenvolvimento da HF. Entre os hipertensos, doença coronariana simultânea, diabetes, hipertrofia lv e doença da válvula aumentaram o risco de HF. Angina também aumentou o risco, mas apenas metade do que um infarto. Diabetes, hipertrofia lv e doenças da válvula aumentam o risco hipertensivo de duas a três vezes. RESUMÃO: Quando ocorre dilatação ventricular, surgem manifestações de insuficiência cardíaca congestiva. Com a insuficiência cardíaca esquerda, aparecem congestão e edema pulmonares, que se manifestam por tosse e dispneia; quando mais grave, aparecem hipoperfusão renal e encefálica (encefalopatia hipóxica). Quando há insuficiência cardíaca direita, surgem congestão sistêmica (p. ex., hepatomegalia) e edema, inicialmente nos membros inferiores. Hipertensão arterial é causa importante de insuficiência cardíaca. Além disso, a hipertrofia ventricular da cardiopatia hipertensiva é fator de risco de isquemia miocárdica. O tratamento da hipertensão arterial pode levar a regressão da hipertrofia e diminuição do risco de óbito por complicações cardíacas. adesão do tratamento - has A implementação do tratamento anti-hipertensivo com medidas farmacológicas e não farmacológicas visa, principalmente, a reduzir a morbidade e a mortalidade decorrentes dos Se a pressão arterial não é controlada, chega um momento em que o miocárdio não consegue se hipertrofiar mais nem se manter hipertrofiado. O débito cardíaco não é mais mantido, resultando em sobrecarga de volume diastólico e dilatação da cavidade, caracterizando insuficiência cardíaca (dilatação excêntrica – guarda essa informação). Esta constitui a fase descompensada da cardiopatia hipertensiva. valores elevados da pressão arterial (PA). Apesar da efetividade e da eficácia comprovadas do tratamento, os índices de controle da hipertensão arterial (HA) ainda são insatisfatórios na maioria dos países, inclusive o Brasil. Os motivos para a falta de controle dos hipertensos são diversos, mas um dos fatores de maior peso nesse cenário é certamente a falta de adesão ao tratamento por diferentes motivos. ADESÃO: “grau em que o comportamento de uma pessoa – tomar o medicamento, seguir uma dieta e/ou executar mudanças no estilo de vida (MEV) – corresponde às recomendações acordadas com um prestador de assistência à saúde”. O principal motivo do controle inadequado da HA parece ser o não cumprimento do tratamento a longo prazo, tanto em MEV quanto no que se refere à observação da prescrição médica medicamentosa. O abandono mostra-se frequente nos primeiros meses do tratamento, além de os pacientes poderem tomar os medicamentos em desacordo com a prescrição médica. A falta de adesão ao tratamento é frequentemente definida quando os hipertensos fazem uso de menos de 80% dos medicamentos prescritos. relembrar – importante referências (UPTODATE) Visão geral da hipertensão em adultos Autores: Jan Basile, MD; Michael J Bloch, MD, FACP, FASH, FSVM, FNLA Editores de seção: George L Bakris, MD; William B White, MD Editores Adjuntos: John P Forman, MD, MSc; Lisa Kunins, MD Revisão de literatura atual através: Jul 2022. | Este tópico foi atualizado pela última vez: 25 de maio de 2022. (UPTODATE) Epidemiologia e causas da insuficiência cardíaca Autores: Ramachandran S Vasan, MD, DM, FACC; Peter WF Wilson, MD Editor da seção: Wilson S Colucci Macete: na PAS aumenta de 20 em 20 mmHg e na PAD aumenta de 10 em 10mmHg https://www.uptodate.com/contents/overview-of-hypertension-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/overview-of-hypertension-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/overview-of-hypertension-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/overview-of-hypertension-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/overview-of-hypertension-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/overview-of-hypertension-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/epidemiology-and-causes-of-heart-failure/contributors https://www.uptodate.com/contents/epidemiology-and-causes-of-heart-failure/contributors https://www.uptodate.com/contents/epidemiology-and-causes-of-heart-failure/contributors Editor adjunto: Todd F Dardas, MD, MS Revisão de literatura atual através: Jul 2022. | Este tópico foi atualizado pela última vez: 05 de maio de 2020. (UPTODATE) Tratamento da hipertensão em pacientes com insuficiência cardíaca Autor: John D Bisognano, MD, PhD Editores de seção: George L Bakris, MD; Stephen S Gottlieb, MD; William B White, MD Editor adjunto: John P Forman, MD, MSc Revisão de literatura atual através: Jul 2022. | Este tópico foi atualizado pela última vez: 07 de dez de 2020. https://www.uptodate.com/contents/epidemiology-and-causes-of-heart-failure/contributors https://www.uptodate.com/contents/treatment-of-hypertension-in-patients-with-heart-failure/contributors https://www.uptodate.com/contents/treatment-of-hypertension-in-patients-with-heart-failure/contributors https://www.uptodate.com/contents/treatment-of-hypertension-in-patients-with-heart-failure/contributors https://www.uptodate.com/contents/treatment-of-hypertension-in-patients-with-heart-failure/contributors https://www.uptodate.com/contents/treatment-of-hypertension-in-patients-with-heart-failure/contributors