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ARTIGO - URBANIZAÇÃO NAS CIDADES BRASILEIRAS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
 GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO 
BIANCA PEREIRA DO ROSÁRIO 
URBANIZAÇÃO NAS CIDADES BRASILEIRAS 
Período Colonial 
BELO HORIZONTE/MG 
2022 
BIANCA PEREIRA DO ROSÁRIO 
URBANIZAÇÃO NAS CIDADES BRASILEIRAS 
Período Colonial 
Trabalho apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da 
PUC Minas- Pon:;cia Universidade Católica de Minas Gerais, 
para o desenvolvimento da graduação. 
Professor: Cicero Menezes da Silva 
BELO HORIZONTE/MG 
2022 
Introdução 
 A urbanização corresponde a um processo expressivo do aumento da população 
urbana. A cidade, vista como espaço, corresponde à mediação de relações de autoridade entre 
metrópole e colônia e em paralelo, de controle sobre o escoamento de mercadorias. Ela 
concebe o ponto de par:da para repensarmos na trajetória do processo de urbanização do 
nosso país. 
 O obje:vo deste ar:go é mostrar, de modo geral, o processo de urbanização do Brasil 
durante o período colonial e a relevância da cidade para a tenta:va de conquista e colonização 
do território brasileiro e mostrar parte da herança cultural arquitetônica que se mantém muito 
presente em nossos patrimônios culturais religiosos. 
A Cidade brasileira na Era Colonial 
A urbanização no Brasil iniciou-se nos primeiros séculos da colonização da coroa 
portuguesa que ocasionou um processo histórico e espacial que se manteve em curso. 
Conduziu também, de modo dis:nto a formação do território colonial e depois do território 
nacional. 
A introdução das tropas e povoamento das colônias portuguesas teve sua primeira 
formação na zona litorânea. O processo de urbanização integrou-se então às prá:cas 
econômicas e às polí:cas de conquistas territoriais por todo o interior do país. Esse feito do 
sistema colonial português deu ao Brasil um caráter urbano mesmo antes de chegar ao 
território demarcado como rural. Os portugueses frisavam sua presença no território com a 
formação de freguesias, patrimônios, cidades, povoados e vilas. Isso era um reflexo direto da 
preocupação com a forma poli:co-administra:va da ocupação e da exploração do território 
nacional. Além disso, esses “núcleos” urbanos também ajudavam no domínio do colonizador 
sobre a natureza e o nível de evolução técnica da sua cultura visto que toda a comercialização, 
chega e ida para outros locais, se concentrava ali, no litoral, como porta de entrada e saída para 
onde quer que :vessem interesse em ir. 
A imagem que se :nha de criar cidades na colonização em novas áreas, era uma prá:ca 
bastante secular. As fronteiras econômicas, como o historiador Sérgio Buarque de Holanda 
gostava de chamar (1963, p. 61-62), “estabelecidas no tempo e no espaço pelas fundações de 
cidades no Império Romano tornaram-se também as fronteiras do mundo que mais tarde 
ostentaria a herança da cultura clássica”. Na América La:na, as colonizações espanhola e 
portuguesa, a par:r do séc. XVI, conquistaram seus territórios através da origem de cidades e 
acabaram por desenvolver economias, que de certo modo, passaram por elas. 
O Brasil, como o país em estudo neste ar:go, durante séculos foi representado como 
um país onde o setor agrícola é predominante. Sendo toda a história a de uma sociedade de 
pastores e lavradores . 
No início as cidades eram bem mais do que uma demonstração de poder ou de um desejo de 
marcar presença num país desconhecido. As cidades cresciam conforme sua entrelace a 
diversos fatores polí:cos e econômicos. De um modo geral, é a par:r do século XVIII que se 
desenvolve a urbanização e o país se torna uma propriedade de tamanha riqueza para os seus 
exploradores. 
Dois Momentos Importantes 
 Durante o período de colonização e urbanização do Brasil, houve dois momentos 
importantes, o “antes” de 1940-50, no qual o papel das funções administra:vas tem, na maior 
parte dos estados, uma significação preponderante e o “após” 1940-50 no qual as relações 
econômicas ganham grande destaque e se impuseram às medidas urbanas na totalidade do 
território. Podemos afirmar que a base da economia da maior parte das capitais de estado 
eram, até o final da Segunda Guerra Mundial, estabelecida no setor agrícola que ocorria em 
sua zona de influencia e nas funções administra:vas privadas e públicas, mas principalmente 
públicas. 
 No ano de 1950, o processo de urbanização no Brasil ganhou maior intensidade devido 
ao processo de industrialização e à modernização das a:vidades agrárias. No entanto, anos 
antes, 1940 aproximadamente, apenas uma pequena porcentagem de brasileiros residia em 
cidades, a maioria ainda se encontraram na zona rural. 
 Anos após, a situação foi inver:da, passando a maior parte dos cidadãos e residir em 
cidades e a minoria na área rural. Desde o princípio do processo de colonização, as cidades 
concentravam-se na faixa litorânea e quase todas as cidades foram formadas de maneira 
espontânea, pois originaram-se dos pequenos núcleos formados pelos colonizadores. Apesar 
dessas expansões espontâneas, algumas das nossas cidades são planejadas como Belo 
Horizonte, cidade de Palmas, Brasília (que permanece como referência em estudos 
arquitetônicos), Boa Vista, etc. 
 
Imagem: Gravura da chegada dos portugueses no litoral brasileiro. 
Vilas de São Vicente e a Cidade de Salvador 
 O processo de urbanização no Brasil iniciou-se em 1532 com a fundação da Vila de São 
Vicente, no litoral de São Paulo. Mas Salvador, por sua vez, foi a primeira cidade brasileira 
(fundada em 1549). 
 Sabemos que a eclosão da urbanização no Brasil, deu-se devido ao ciclo da mineração 
em meados do século XVIII. A a:vidade mineradora auxiliou para esse processo por diversos 
fatores, um deles foi ocasionar a transferência da capital colônia Salvador para o Rio de Janeiro 
(em 1763) e o deslocamento do eixo produ:vo do Nordeste açucareiro para o Sudeste aurífero, 
criando inúmeras cidades como Vila Rica, Mariana, São João del Rei, Diaman:na, Cuiabá dentre 
outras, e proporcionando a o crescimento interno do país. O processo da criação das cidades, 
travava-se sobretudo da formação de cidades do que propriamente do processo de 
urbanização. Dependente de uma economia natural, a relação entre locais, eram 
extremamente fracas e inconsistentes mediante um país tão extenso em termos 
territoriais.Ainda assim, o crescimento agrícola e comercial e a exploração foram fundamentais 
para um povoamento e a criação de riquezas resultando na ampliação da vida de relações e na 
formação de cidades litorâneas e interioranas. 
 
Imagem: MANUEL SÁ - Solar do Unhão em Salvador, Bahia. Fonte: hops://www.archdaily.com.br/br/
956978/o-que-e-arquitetura-do-brasil-colonia/602695fff91c81764b000243-o-que-e-arquitetura-do-
brasil-colonia-imagem?next_project=no 
Salvador/Bahia 
 De meados do século XVI a XVII foram fundadas cidades, diretamente pela Coroa 
portuguesa. Essas cidades eram de maior dimensão que as outras vilas e cidades criadas por 
inicia:va dos donatários, dentre elas estava Salvador da Bahia de Todos os Santos. Vale 
ressaltar que o nome foi originado pelos portugueses, que instalaram seu padrão de posse no 
dia de Todos os Santos (01/11) e ba:zaram, com esse nome, a grande baía em volta. 
 Famosa não só por suas belas praias a Bahia também é sinônimo de beleza 
arquitetônica e de muita história. Entre as maravilhas da arquitetura instalada na cidade, 
podemos citar o Farol da Barra, o Elevador Lacerda, o Palácio da Aclamação, o Hotel da Bahia, a 
Igreja do Bonfim, a Sé Primacial do Brasil, o Forte São Marcelo, entre tantas outras. Algumas 
dessas obras adquiras na época da colonização e outras posteriores ao modernismo 
contemporâneo. 
 Além dos encantos estruturais, existem outros quesitos importantes quando pensamos 
na relação entre Bahia e arquitetura. A cidade era planejada e construída por arquitetos e 
engenheiros militares e a a maior parte adotava traços regulares. Esses traçados urbanos 
regulares, :nham como inspiração os ideais urbanos renascen:stas de controlede território, 
de controle do processo de colonização e de afirmação ao poder real que estava por de trás da 
fundação da cidade. 
 
Imagem: Planta da ResDtuição da Bahia, por João Teixeira Albernazm 1631. Fonte: hops://
www.archdaily.com.br/br/956978/o-que-e-arquitetura-do-brasil-colonia/602695fff91c81764b000243-
o-que-e-arquitetura-do-brasil-colonia-imagem?next_project=no 
CaracterísDcas Morfológicas 
 Em 1548, após a morte de Pereira Cou:nho, Dom João III, rei de Portugal, nomeou 
Thomé de Sousa Governador do Brasil e o delegou da função de colonização efe:va da América 
Lusitana. Thomé de Sousa desembarcou no Porto da Barra, em 29 de março de 1549 e 
construiu a Cidade de Salvador, de acordo com o projeto de Luís Dias, afim de ser a principal 
cidade do Brasil. Nas décadas seguintes, Salvador tornou-se realmente, uma das principais 
cidades não só do Brasil mas da América. 
 A regularidade do traçado moldou-se às par:cularidades do terreno natural e às 
construídas pelo homem, concedendo uma lógica dos percursos de ligação entre pontos 
importantes do território e da malha urbana. Na cidade de Salvador encontramos uma 
expressão bastante ní:da da síntese de algumas das caracterís:cas fundamentais das cidades 
de origem portuguesa que é a construção do núcleo urbano primi:vo no cume de um monte. 
 A sua organização ocorria em dois níveis, a cidade alta e a cidade baixa, com funções e 
caracterís:cas bem dis:ntas: sendo que a cidade alta consis:a em uma sede do poder civil e 
religioso e a cidade baixa, um local onde se desenvolviam as a:vidades marí:mas e comerciais. 
Com isso recebeu várias ordens católicas e a primeira catedral do Brasil. 
 Os muros da cidade foram construídos primeiro, adaptando-se à topografia do terreno, 
a par:r daí foi organizada a parte interna, moldando o traçado desde o perímetro da 
for:ficação até as condições do lugar. Daí resultou uma malha regular, mas não perfeitamente 
ortogonal. 
 
Imagem: Pelourinho, Salvador. - Fonte:hops://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-no-brasil/amp/ 
 
Imagem: Igreja de São Francisco em 
S a l v a d o r - F o n t e : h o p s : / /
www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-
no-brasil/amp/ 
EsDlos em Movimento 
 Com o processo de colonização e urbanização em curso, es:los arquitetônicos foram 
surgindo e sendo implantados nas construções das novas cidades, palácios, igrejas, edi;cios 
públicos e residências, tanto urbanas quanto rurais. 
 Os europeus trouxeram consigo seus es:los mas ao tentarem implementar suas 
técnicas constru:vas e sem sucesso acabaram desenvolvendo outras técnicas com ideias dos 
povos indígenas e africanos, pois o Brasil apresentava um deficit de mão de obra qualificada e 
materiais diferentes aos habitualmente u:lizados em suas obras. 
 Essa mistura gerou uma fusão de conhecimentos de diferentes culturas e foi levada a 
todos os cantos do território. 
 O desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo no Brasil se deu a par:r de 1530, 
com o impulso das capitanias hereditárias. Muitas vilas e cidades foram fundadas nesse 
período, como citado acima, a cidade de Salvador. 
 
Foto: Rosino - Ouro Preto, Minas Gerais. 
Arquitetura Colonial no Brasil 
 A arquitetura colonial era aquela arquitetura realizada entre os períodos dos anos de 
1530 e 1830, ou seja, da chegada dos portugueses à oficialização da independência. 
 É importante relembrar o legado arys:co dessa época para a arquitetura no Brasil, pois 
demonstra uma cultura que foi sendo desenvolvida por meio de mão de obra escrava e com 
materiais e condições socioeconômicas bem diferentes da Europa. Era muito comum a 
construção de estruturas em taipa de pilão e de pau-a-pique, mas com o avanço da tecnologia 
e com a influência cada vez maior dos estrangeiros, logo se adotaram também as alvenarias de 
pedra e de :jolos de adobe. Isso permi:u que as estruturas ficassem maiores e com mais 
pavimentos e pé-direito altos. 
 Com a chegada dos Jesuítas, muitas edificações religiosas foram erguidas e 
posteriormente tornaram-se destaque das organizações urbanas. Contudo as residências eram 
mais simples, uniformes, construídas no alinhamento das ruas e nos limites dos terrenos. 
https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/arquitetura-colonial/
Pode-se dizer que o período colonial no Brasil baseou-se em um rigor métrico. As esquadrias se 
repe:am paralelamente nos pavimentos, as ornamentações de palácios e igrejas eram 
rebuscadas, detalhistas e expressavam as emoções da vida e do ser humano. 
 Nas fachadas eram comuns perfis de estuque, pseudo-pilastras, sacadas inteiriças com 
ornamentos de ferro forjado. 
Arquitetura Barroca no Brasil 
 A par:r de 1654, as edificações religiosas que se encontravam em situação frágil foram 
reformadas e ampliadas se tornando grandes construções cuidadosamente inspiradas no es:lo 
barroco e rococó. 
 No século XVIII, com o desenvolvimento econômico causado pelo ápice do ciclo do 
ouro, os laços com a Europa se estreitaram e, assim, o luxo e o conforto passaram a ser mais 
relevantes na ro:na colonial. Dessa forma, foram implantados grandes palácios, casas, 
chafarizes, cadeias, capelas e templos no país, principalmente, em Minas Gerais. 
 Nos fins do século XVIII, com o enfraquecimento da extração de ouro, a arquitetura 
adotada passou a ser menos elaborada para que os gastos fossem menores. Assim, com a 
vinda da família real para o Brasil, o es:lo barroco dá espaço para o neoclassicismo, novo 
repertório oficial das edificações religiosas. 
 
Imagem: Igreja de São Francisco, Ouro Preto. Fonte: hops://www.vivadecora.com.br/pro/
arquitetura-no-brasil/amp/ 
Referências Bibliográficas: 
COELHO, Gustavo Neiva. O Espaço Urbano em Vila Boa. Goiânia: UCG, 2001. 
TEIXEIRA, M. C. Os modelos urbanos portugueses da cidade brasileira – A construção da cidade 
brasileira. Lisboa: Livros Horizontes, 2004. 
OLIVEIRA, M. R. da S. O urbanismo colonial brasileiro e a influência das cartas régias no 
processo de produção espacial. Complexos, INSEAD – Cenusp, Salto-SP, 2010. 
SMITH, Robert C. Arquitetura colonial baiana: alguns aspectos de sua história- Salvador: 
EDUFBA, 2010. 
AVELAR, Ana Paula Borghi. A Arquitetura Moderna Religiosa Brasileira: Nas revistas acrópole e 
habitat entre os anos de 1950 a 1971. Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. 2017 
SITE: hops://blog.unime.edu.br/bahia-arquitetura/ - Por que a Arquitetura é tão importante 
para a Bahia? 
SITE: hops://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-no-brasil/amp/ - A história da 
arquitetura no Brasil mais completa que você já viu! Dos povos indígenas até aos dias de hoje. 
SITE: hops://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/arquitetura-barroca - Arquitetura 
Barroca 
https://blog.unime.edu.br/bahia-arquitetura/
https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-no-brasil/amp/
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/arquitetura-barroca
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