Buscar

Didática - Livro Completo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 109 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 109 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 109 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIDÁTICA
Diretor-geral
Valdir Carrenho Junior
Diretor de Operações
Paulo Pardo
Coordenadora
Fabiana Aparecida Arf
Organizadora de conteúdo
Fabiana Aparecida Arf
Professoras
Cristiane Lima Sampaio 
Cleusa Maria Braz Torres de Andrade 
Mariana Spadoto de Barros
Projeto gráfico-editorial, capa e revisão
Belaprosa Comunicação Corporativa e Educação
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Biblioteca da Faculdade Católica)
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................5
AULA 1: O que é e para que serve a Didática? ..................6
AULA 2: Um pouco de história geral da Didática ..............12
AULA 3: As correntes filosóficas sobre a aprendizagem: 
 o inatismo, o empirismo e o associacionismo ......18
AULA 4: Teorias Pedagógicas focadas em métodos de ensino: 
 o comportamentalismo ......................................23
AULA 5: Teorias Pedagógicas focadas em métodos de ensino: 
 o cognitivismo ...................................................30
AULA 6: Teorias Pedagógicas focadas em métodos de ensino: 
 o socioconstrutivismo .........................................37
AULA 7: As Tendências Pedagógicas Brasileiras: Liberal 
 Tradicional, Liberal Renovada e Liberal Tecnicista ..40
AULA 8: As Tendências Pedagógicas Brasileiras: Progressista 
 Libertadora e Progressista Crítico-Social ..............46
AULA 9: Métodos de Ensino ............................................50
AULA 10: A relação pedagógica em questão: professor, 
 aluno e conhecimento .....................................57
AULA 11: A importância da interação professor e aluno ....63
AULA 12: O planejamento educacional ...........................72
AULA 13: Organizando a prática docente: o plano 
 de ensino........................................................78
AULA 14: Colocando em prática o plano de ensino: 
 o plano de aula ..............................................85
AULA 15: Uma proposta de plano de aula: a sequência 
 didática ..........................................................90
AULA 16: A avaliação escolar .........................................94
CONCLUSÃO .............................................................104
ELEMENTOS COMPLEMENTARES ................................105
REFERÊNCIAS ..............................................................108
Introdução
5
INTRODUÇÃO 
 Caro(a) aluno(a), você iniciará seus estudos em Didática. Esta é uma disciplina que trata espe-
cificamente da matéria-prima do ofício do professor: o ensino e a aprendizagem.
 Como se aprende? Qual a melhor forma de ensinar? Como organizar minhas aulas? Quais são 
as finalidades do ensino de determinados conteúdos? Como estabelecer uma boa relação com meus 
alunos? Tenho clareza quanto os objetivos do ensino de conteúdos escolares? Todas essas questões se-
rão exploradas neste material. Mas não se engane: não há respostas prontas. Certas dúvidas persegui-
rão o pedagogo por toda a sua vida profissional, já que as respostas variam de acordo com o contexto 
histórico, social e político em que o processo educativo e o próprio pedagogo estão inseridos. O que a 
disciplina Didática fará é fornecer elementos para que você pense sua prática pedagógica de maneira 
a assumir sua responsabilidade técnico-político, inerente à carreira profissional. 
 A palavra didática vem do grego didasko, que significa instruir, ensinar. Foi, porém, o educa-
dor checo Comenius (1592 – 1670), no século XVII, quem atribui à didática, por meio de sua obra Di-
dática Magna, o sentido “a arte de ensinar”. Você também já deve ter ouvido a palavra “didática” como 
adjetivo para algo relacionado à educação: livro didático, material didático. Ou como substantivo e 
sinônimo de técnica de ensino: “Esta professora tem didática! Sabe ensinar!”. 
 Tais sentidos para o conceito de didática cabem nele. Em nosso curso, contudo, vamos apro-
fundá-los, pois nos debruçaremos sobre a Didática como disciplina responsável por orientar o pro-
fessor acerca de tudo que envolve o processo de ensino, tais como seu objetivo, seus conteúdos, seus 
métodos. 
 O curso tratará do conceito de Didática e de sua história geral. Em seguida, você estudará as 
principais concepções sobre a forma de aprender e as propostas de ensino e tendências pedagógicas 
que podem embasar o processo pedagógico do professor.
 Trataremos também de alguns métodos de ensino, da relação pedagógica e especificamente da 
relação professor-aluno.
 Adentrando a etapa final do curso, discutiremos a importância a as instâncias do planejamento 
educacional. E, finalizando o curso, discutiremos o processo avaliativo escolar e suas dimensões.
 É muito importante que você faça a leitura do material e acompanhe as vídeo-aulas, pois são 
complementares. O material também conterá sugestões que podem ampliar sua visão sobre os assun-
tos trabalhados, o que ajudará na efetivação da aprendizagem.
 Vamos juntos desbravar alguns caminhos destes fenômenos incríveis da ação humana: ensinar 
e aprender!
Aula
1
Aula
1
O QUE É E PARA QUE SERVE A DIDÁTICA?
Fonte: Pixabay.
O que é e Para que Serve a Didática?
7
Aula 
1
Aula 
1
1.1 O conceito de Educação
Dentre tantas profissões que você poderia ter elegido, você escolheu ser pedagogo: o profissio-
nal da educação. Quando falamos de educação, certamente estamos citando um termo amplo que 
engloba muitas dimensões humanas, individuais e sociais. Abordaremos aqui o conceito de educação 
- o objeto de conhecimento da Pedagogia.
 Definir o termo educação é algo complexo, já que o fenômeno educativo – educar e ser educa-
do – é multidimensional. Pense comigo: os profissionais que, de alguma forma, estão ligados ao cam-
po educacional, como, por exemplo, psicólogos, sociólogos, antropólogos ou profissionais da saúde, 
se perguntados sobre sua definição de educação, dariam respostas relacionadas a sua área de atuação. 
Um psicólogo, provavelmente, diria algo relacionado à aprendizagem dos comportamentos, das emo-
ções ou mesmo do desenvolvimento dos processos cognitivos.
 Do mesmo modo, se perguntarmos a uma pessoa que não é do campo educacional “O que é 
educação?” ou “O que é educar?”, sua resposta basear-se-á em concepções do senso comum, como, 
por exemplo, ensinar ou aprender sobre boas maneiras, aprender ou ensinar coisas, dizer ou ouvir de 
alguém o que se deve ou não fazer.
De acordo com o dicionário online Michaelis: Senso comum, FILOS: 
conjunto de ideias, opiniões e pontos de vista de um grande número 
de pessoas em um determinado contexto social que se estabelecem e 
impõem como naturais e necessárias, não admitindo grandes questio-
namentos nem reflexões; consenso.
Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=senso
Na contemporaneidade, o conceito de educação assume uma identidade muito abrangente, 
vistos os inúmeros processos nos quais o sujeito está inserido: campos social, cultural, econômico, 
político, religioso e científico, além das questões psicológicas. Portanto, de acordo com Libâneo (2010, 
p. 30), “Educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas que intervêm no desen-
volvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num 
determinado contexto de relações entre grupos sociais”. 
Apoiados em Libâneo (2010), então, compreendemos que tudo aquilo que interfere no desen-
volvimento integral do ser humano ou de um grupo, que o modifica, é educação. A partir dessa 
compreensão, qualquer fator, seja natural ou social, que transforma o sujeito, é educação. Assim, po-
demos afirmar que existem situações intencionais de educação – em que se há sistematização e pla-
nejamento a fim de educar – e situações não-intencionais de educação, em que a educação acontece de 
forma intuitiva, não-planejada. Como a educaçãose dá em diversos campos da vida, Libâneo (2010) 
classifica tais situações em três categorias. São elas: 
Aula 
1O que é e Para que Serve a Didática?
8
Aula 
1
•	Educação informal: ações e influências exercidas pelo meio (ambiente sociocultural), por 
meio das relações. Ex.: relações familiares.
Fonte: Freeimages
•	Educação não-formal: instituições educativas com certo grau de sistematização e estrutura-
ção. Ex.: Meios de comunicação sociais, associações de bairro, museus. 
 
Fonte: Freeimages
•	Educação formal: onde há objetivos educativos explícitos e uma ação educacional institu-
cionalizada, estruturada, sistemática (mesmo que fora do ambiente escolar propriamente dito). Ex.: 
escolas formais, educação profissional, educação de adultos. 
Fonte: Freeimages
O que é e Para que Serve a Didática?
9
Aula 
1
Aula 
1
É importante saber que a educação formal e a não-formal são sem-
pre perpassadas pela educação informal. É função da educação formal 
considerar, de forma crítica, as diversas influências vindas do ambiente 
natural e sociocultural de seus alunos.
 Também a educação formal e não-formal se interpenetram, pois os alunos das escolas 
formais são também agentes de outras esferas educativas. Assim, o professor deve considerar 
que o aluno é também participante de outras esferas educativas e traz consigo uma bagagem de 
conhecimentos.
Após entendermos que a educação acontece nas mais variadas esferas sociais (nas famílias, nos 
grupos sociais, nas instituições educacionais ou assistenciais, nas associações profissionais, sindicais e 
comunitárias, nas igrejas, nas empresas, nos meios de comunicação de massa, etc.) e assume diferentes 
formas de organização, é possível agora, compreender, que é ela o objeto de estudo da Pedagogia, isto 
é, cabe à Pedagogia estudar o fenômeno educativo em sua globalidade, propondo teorias e práticas.
Agora sim, caro(a) aluno(a), é possível compreender melhor o que é a Pedagogia e o que faz um 
pedagogo para só então conseguirmos entender a importância da disciplina Didática.
Para entender melhor o conceito de educação não-formal, co-
nheça o projeto Curumim, idealizado pelo SESC SP em 1987 e 
que permanece ativo. Acesse: https://www.sescsp.org.br/online/
artigo/9676_APRENDER+E+BRINCAR+O+QUE+E+O+CU-
RUMIM. 
1.1.1 A Pedagogia como ciência da educação
Alguém já lhe fez a pergunta “O que é Pedagogia?” quando você comentou ter escolhido este 
curso de graduação? E o que você respondeu? Provavelmente, você respondeu que é o curso que for-
ma professores. Mas será que a Pedagogia se restringe ao ensino?
No tópico anterior, vimos que a Pedagogia é o campo de conhecimento que estuda a educação. 
Porém, dentro do universo científico, há muitas disciplinas que têm a educação como um de seus fo-
cos de estudo, tais como a psicologia, as ciências sociais e algumas áreas da saúde, entre outras. Então, 
o que difere a Pedagogia dessas ciências? Essas ciências e muitas outras que estudam a educação o 
fazem abordando-a a partir de suas próprias perspectivas e métodos. A Pedagogia estuda o ato edu-
cativo em si, ou seja, os elementos da ação educativa e sua contextualização. De acordo com Libâneo 
(2010, p. 38), a Pedagogia analisa, então, “[...] o sujeito que se educa, o educador, o saber e os contextos 
em que ocorre”. Observe o esquema baseado nessa afirmação:
Aula 
1O que é e Para que Serve a Didática?
10
Aula 
1
Agora você pode responder aos amigos e familiares que a Pedagogia é a ciência da Educação. 
E que o pedagogo é um especialista em educação, pois, não apenas domina as técnicas de ensino, 
mas compreende, por meio da teoria pedagógica, a problemática educativa na sua totalidade, além de 
produzir teoria pedagógica em resposta aos problemas da prática. Por isso é que um pedagogo pode 
atuar tanto como professor, em sala de aula, na gestão escolar (coordenação pedagógica, direção, su-
pervisão e dirigente de ensino), como na organização de projetos educativos em empresas e ONGs, ou 
dedicando-se à pesquisa acadêmica nas universidades.
 Concluindo:
A Pedagogia, mediante conhecimentos científicos, filosóficos e técnico-profissionais, investi-
ga a realidade educacional em transformação, para explicitar objetivos e processos de inter-
venção metodológica e organizativa referentes à transmissão/assimilação de saberes e modos 
de ação. Ela visa ao entendimento, global e intencionalmente dirigido, dos problemas edu-
cativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação. 
(LIBÂNEO, 2010, p. 32-33).
 E onde entra a Didática nesse contexto? A Didática é uma disciplina da Pedagogia, um ramo 
de estudo dessa ciência. Vejamos. 
 
1.1.1.1 A Didática como disciplina pedagógica
 Enfim, chegamos à resposta para a pergunta que dá título à nossa aula: o que é a Didática e 
para que ela serve? 
 Após entendermos que a educação é todo e qualquer processo em que haja modificação, inten-
cional ou não, no desenvolvimento do sujeito e que a Pedagogia é a ciência que estuda esse processo 
de modificação, analisando todo o contexto em que ele ocorre, é possível inferir que a Didática é um 
ramo da Pedagogia.
Objeto de Estudo da Pedagogia 
Fonte: A autora
O que é e Para que Serve a Didática?
11
Aula 
1
Aula 
1
 A Didática é uma disciplina da Pedagogia. Ela se preocupa, basicamente, com a investigação 
e a proposição de teorias acerca do ensino. Libâneo (2001) conceitua:
A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto, no qual os 
objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se relacionam entre si de modo 
a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa. (LI-
BÂNEO, 2001, p. 2).
 A Didática, então, como disciplina da Pedagogia, ajuda o professor na orientação de seu traba-
lho, proporcionando a segurança profissional necessária para este árduo ofício. Isto porque o profes-
sor, compreendendo as finalidades do ensino, é capaz de selecionar os métodos mais adequados para 
o sucesso de sua ação educativa.
 É de primordial importância que você, futuro professor, compreenda que a atividade docente 
está diretamente ligada com o para que educar (Libâneo, 2001). Isso porque a educação acontece inserida 
em uma determinada sociedade, composta por grupos sociais diferentes, com visões igualmente distin-
tas do sentido da educação. É função do pedagogo compreender as relações de disputa para que se posi-
cione criticamente e tenha clareza das finalidades que tem em mente para a educação das crianças.
 Portanto:
Não há técnica pedagógica sem uma concepção de homem e de sociedade, como não há 
concepção de homem e sociedade sem uma competência técnica para realizá-la educacio-
nalmente. Por isso, o planejamento do ensino deve começar com propósitos claros sobre as 
finalidades do ensino na preparação dos alunos para a vida social: que objetivos mais amplos 
queremos atingir com o nosso trabalho, qual o significado social da matéria que ensinamos, 
o que pretendemos fazer para que meus alunos reais e concretos possam tirar proveito da 
escola, etc. As finalidades ou objetivos gerais que o professor deseja atingir vão orientar a 
seleção e organização de conteúdos e métodos e das atividades propostas aos alunos. Essa 
função orientadora dos objetivos vai aparecer a cada aula, perpassando todo o ano letivo. 
(LIBÂNEO, 2001, p. 2-3).
 Mais adiante, nossas aulas tratarão dos processos relacionados ao ensino e à aprendizagem, 
como a relação professor-aluno e os métodos de ensino. Antes disso, conheceremos um pouco da 
história da Didática.
 O importante sobre a Didática é compreender que, apesar de sua im-
portância, não se trata de uma disciplina específica para ensinar técni-
cas de ensino ao professor, mas que se propõe a estudar todo o contex-
to em que o ensino se dá, com que objetivo ele ocorre, qual conteúdo 
ele apresenta e como ensiná-lo, considerando o espaço em que ele 
acontece e as relações desenroladas nesse espaço.É para isso que a Didática serve: para que o 
professor consiga realizar intencionalmente o seu ofício de ensinar para além do senso puramente 
prático, de modo que o aluno aprenda de fato.
Unidade
1
Aula
2
UM POUCO DE HISTÓRIA GERAL DA DIDÁTICA
Fonte: Pexels.
Um Pouco de História Geral da Didática
13
Aula 
2
Unidade
1
Cordeiro (2007) explica que a palavra didática vem do grego didasko, que significa ensinar ou 
instruir. Na Grécia antiga, o ensino infantil não acontecia em bancos escolares, com lousa, giz e pro-
fessor. Vamos compreender um pouco da história do ensino e da Didática?
 Segundo Malheiros (2012), muitos autores consideram Platão o primeiro professor de que se 
ouviu falar. Considerando que Platão nasceu por volta de 427 a. C., as formas e objetivos de ensino 
mudaram muito nesses aproximadamente 2.500 anos.
 É importante conhecer o desenvolvimento histórico da Didática para compreender muitas das 
ideias atuais de educação. Nosso modelo de instrução atual, centra-se, basicamente, em paradigmas 
europeus de educação. Por isso, centremo-nos neles. 
 Muito da forma de educação da Idade Média (séculos V – XV), de acordo com Malhei-
ros (2012), vinha da Antiguidade. As crianças podiam ser dadas, vendidas ou mortas a partir da 
decisão do pai. Com a expansão do cristianismo, no entanto, a Igreja passou a assumir a tarefa 
de acolher as crianças, garantindo não a educação integral tal qual pensamos hoje, mas sua 
sobrevivência (alimentação, vestimenta, higiene). A educação dada era basicamente uma ca-
tequização. As corporações medievais, que eram associações de pessoas de uma determinada 
profissão, também admitiam crianças para que aprendessem um ofício e futuramente fizessem 
parte da associação. 
 Malheiros (2012) explica ainda que foi a partir do século VI que a Igreja passou a abrir espaços 
escolares para garantir a formação cristã nas maiores cidades europeias. Nesse momento, não havia 
um ensino diferenciado que considerasse a maneira própria das crianças aprenderem. A partir dos 
cinco anos, elas aprendiam juntamente com os adultos. 
 Foi somente com o início da Idade Moderna, no fim do século XV, que os jesuítas criaram a 
ideia de seriação. As escolas, no formato como conhecemos hoje, são fruto do modelo europeu de 
escola consolidado a partir do século XVII. Esse século consolida a ideia de professores regentes e 
grupos mais homogêneos de alunos, separados fisicamente. 
 Foi nesse século que se começou a pensar especificamente em conteúdos, objetivos e métodos 
de ensino. Vejamos quem deu esse passo.
2.1 Comenius: o “pai” da Didática
 Costuma-se dizer que a Didática foi fundada no século XVII por um educador da Europa 
central chamado Comenius (ou Comênio). Nesse século, ele publicou um livro que se chamava 
Didática Magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos (1632). Por que essa obra tornou-
se tão importante? Por dois motivos: pelo seu pioneirismo em propor um método universal que 
orientasse a prática do professor e por influenciar muitas teorias e práticas futuras que busca-
riam tornar o ensino efetivo, eficiente, por meio da racionalização das formas de ensinar. Sua 
obra também é considerada muito relevante porque traz como inovação a aprendizagem do aluno 
como elemento central na prática educativa, além da ideia da profissionalização do ensino, ou seja, 
de um conjunto de competências cabíveis ao professor. 
Aula 
2Um Pouco de História Geral da Didática
14
Conheça a obra Didática Magna de Comenius, com tradução do pro-
fessor doutor da Faculdade de Letras de Coimbra Joaquim Ferreira Go-
mes, publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 2001, que está 
disponível no formato e-book.
Acesse: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/didaticamagna.pdf.
Comenius foi o primeiro educador a ter a intenção de que os conhecimentos fossem difundidos 
para todos, segundo princípios e regras do ensino. Libâneo (2013, p. 59) salienta que:
Comênio desenvolveu ideias avançadas para a prática educativa nas escolas, numa época 
em que surgiam novidades no campo da Filosofia e das Ciências e grandes transformações 
nas técnicas de produção, em contraposição às ideias conservadoras e do clero. O sistema 
de produção capitalista, ainda incipiente, já influenciava a organização da vida social, po-
lítica e cultural. 
A Didática de Comenius se consolidava com base em alguns princípios norteadores. Vamos 
conhecê-los?
Princípios da Didática de Comenius.
Fonte: Adaptado de Libâneo (2013, p. 59-60).
Um Pouco de História Geral da Didática
15
Aula 
2
 Considerada a época dessas ideias, podemos dizer que são uma grande novidade. Embora 
acreditasse na importância da observação e da experiência dos sentidos, Comenius tinha em seus 
ideais alguns vestígios comuns do período, como o caráter transmissor do ensino, o método único e 
o ensino simultâneo. Além disso, considerava que a única forma de aprendizagem seria pela experi-
ência sensorial, o que o fez desconsiderar a experiência socialmente acumulada, que faz parte de cada 
sujeito, ou seja, não é algo a ser descoberto.
 Mesmo com essas ressalvas, é inegável que Comenius teve uma influência significativa pelo 
empenho ao desenvolvimento dos métodos mais eficientes de instrução e também pelo desejo de que 
todas as pessoas fossem beneficiadas pela aquisição dos conhecimentos.
 No século XVII, mesmo com as influências de Comenius e também nos séculos seguintes, 
houve ainda a predominância de práticas escolares da Idade Média, como o ensino com foco intelec-
tual, verbal e dogmático, com a valorização da memorização e repetição mecânica do ensino. “Nessas 
escolas não havia espaço para ideias próprias dos alunos, o ensino era separado da vida, mesmo por-
que ainda era grande o poder da religião na vida social”. (LIBÂNEO, 2013, p. 60). 
 Ainda de acordo com Libâneo (2013), nesse contexto, transformações intensas se sucederam, 
gerando avanços significativos na ciência e cultura. Com isso, houve a diminuição do poder da nobre-
za e do clero e, consequentemente, a burguesia teve ascensão. Com o seu fortalecimento como classe 
social, na disputa pelo poder econômico e político com a nobreza, cresceu também a intenção de que 
o ensino estivesse ligado ao mundo da produção e dos negócios, contemplando o desenvolvimento 
livre das capacidades e dos interesses de cada um.
 Outros tratados didáticos, mais focados no desenvolvimento do sujeito, surgem, então. 
2.1.1 Rousseau, Pestalozzi e Herbart: o desenvolvimento da Didática
 
 
Fonte: Pixabay
Já no século XVIII, com a ascensão da burguesia, a era moderna começa a se instalar com novas 
visões de mundo. Jean Jacques Rousseau (1712-1778), um pensador que procurou interpretar esse 
cenário, propôs outra concepção de ensino e um novo conceito de infância com base nos interesses 
imediatos da criança. Embora em alguns aspectos possa parecer continuar as ideias anteriores, de-
monstrou inovação “quando põe em relevo a natureza da criança e transforma o método num proce-
dimento natural, exercido sem pressa e sem livros” (CASTRO, 1991, p. 17).
Aula 
2Um Pouco de História Geral da Didática
16
 As ideias de Rousseau eram as seguintes:
•	 Para preparar a criança para a vida futura, era preciso partir do estudo das coisas que refletiam 
os seus interesses e necessidades atuais. “Os verdadeiros professores são a natureza, a experiên-
cia e o sentimento. O contato da criança com o mundo que a rodeia é que desperta o interesse 
e suas potencialidades naturais”. (LIBÂNEO, 2013, p. 60).
•	 A educação era um processo natural, fundamentada no desenvolvimento interno da criança 
ou jovem. “As crianças são boas por natureza, elas têm uma tendência natural para se desen-
volverem” (LIBÂNEO, 2013, p. 60).
Neste ponto, com base em Castro (1991, p. 17), fica nítido que “enquanto Comenius, ao seguir as 
pegadas da natureza, pensava em domar as paixões das crianças, Rousseau parte da ideia da bondade 
natural do homem, corrompido pela sociedade”. Entretanto,cabe ressaltar que Rousseau não colocou 
em prática tais ideias e também não elaborou uma teoria de ensino. Essa tarefa foi cumprida por outro 
pedagogo: o suíço Henrique Pestalozzi (1746-1827), que trabalhou até o fim da vida na educação de 
crianças pobres, em instituições que ele mesmo dirigia.
 Sobre Pestalozzi, Haydt (2011, p. 15) esclarece que ele:
[...] acreditava que o ser humano nascia bom e que o caráter de um homem era formado pelo 
ambiente que o rodeia. Sustentava que era preciso tornar esse ambiente o mais próximo possí-
vel das condições naturais, para que o caráter do indivíduo se desenvolvesse ou fosse formado 
positivamente. Para ele, a transformação da sociedade iria se processar através da educação, 
que tinha por finalidade o desenvolvimento natural, progressivo e harmonioso de todas as 
faculdades e aptidões do ser humano.
Pestalozzi valorizava o ensino como meio de desenvolver as capacidades humanas, que envolvem 
sentimentos, a mente e o caráter. Buscava favorecer os alunos a que desenvolvessem a linguagem, o 
senso de observação e de análise (de objetos e fenômenos da natureza). Além disso, dava importância à 
Psicologia infantil, considerando como fonte do desenvolvimento do processo de ensino. Se analisarmos 
mais profundamente, percebemos em Pestalozzi as sementes da Pedagogia moderna. “Foi ele o primeiro 
a formular de forma clara e explícita o princípio de que a educação deveria respeitar o desenvolvimento 
infantil” (HAYDT, 2011, p. 15). Você consegue perceber como são atuais as ideias de Pestalozzi?
É importante ressaltar que as ideias que conhecemos, de Comênio, Rousseau e Pestalozzi, 
influenciaram muitos pedagogos, entre os quais o mais importante foi Johann Friedrich Herbart 
(1766-1841), um pedagogo alemão que na primeira metade do século XIX teve participação rele-
vante na Didática e também nas práticas docentes. Foi considerado (e ainda é) inspiração da peda-
gogia conservadora.
 Segundo Libâneo (2013), é relevante compreender as 
ideias de Herbart, pois estão presentes até os dias atu-
ais nas salas de aula brasileiras. Tal concepção valoriza a 
aquisição de conhecimentos, direcionados pelo profes-
sor, entendido como um “arquiteto da mente”. Cabe ao 
professor inserir ideias corretas na cabeça dos alunos, de 
modo que controle o interesse deles.
Um Pouco de História Geral da Didática
17
Aula 
2
 Segundo Haydt (2011, p. 17), Herbart considera que a educação moral decorre da educação 
intelectual, pois são as ideias que formam o caráter. “O conhecimento produz ideias que moldam a 
vontade, isto é, o caráter. A este ciclo, conhecimento-ideias-caráter, Herbart chamou de instrução 
educativa”.
 Para Herbart, a instrução educativa permite atingir a moralidade, entendida como a fina-
lidade da educação. Desse modo, ao instruir o aluno, o professor introduz as ideias que considera 
relevantes, sendo possível assim dominar a mente do aprendiz. Aproveitando as leis da psicologia do 
conhecimento, Herbart formulou um método de ensino, estabelecendo os quatro passos didáticos 
que deveriam ser rigorosamente seguidos (LIBÂNEO, 2013). Vejamos:
•	 1º passo - Clareza: é preciso realizar a preparação e a apresentação do conteúdo novo de forma 
clara e completa;
•	 2º passo - Associação: é necessário que haja associação das ideias antigas com as novas;
•	 3º passo - Sistematização: deve ocorrer a sistematização dos conhecimentos com vistas à ge-
neralização;
•	 4º passo - Aplicação: fazer uso dos conhecimentos adquiridos com exercícios.
 Libâneo (2013) ainda esclarece que posteriormente os seguidores de Herbart acrescentaram 
mais um passo didático, e tal sequência ainda é muito utilizada atualmente. Os passos, ficaram na 
seguinte ordem: preparação; apresentação; assimilação; generalização; e aplicação. 
 Assim, a aprendizagem se torna mecânica, por isso não mobiliza a atividade mental do aluno. 
Além disso, inibe a reflexão e o pensamento independente e a criatividade dele. Vale ressaltar que:
O sistema pedagógico de Herbart e seus seguidores — chamados de herbartianos — 
trouxe esclarecimentos válidos para a organização da prática docente, como por exem-
plo: a necessidade de estruturação e ordenação do processo de ensino, a exigência de 
compreensão dos assuntos estudados e não simplesmente memorização, o significado 
educativo da disciplina na formação do caráter. Entretanto, o ensino é entendido como 
repasse de ideias do professor para a cabeça do aluno; os alunos devem compreender o 
que o professor transmite, mas apenas com a finalidade de reproduzir a matéria trans-
mitida. (LIBÂNEO, 2013, p. 62).
 Até aqui, exploramos a influência de Comenius, Rousseau, Pestalozzi e Herbart para a 
Didática e para a educação, de modo geral. Tais autores são considerados referenciais da Didática Tra-
dicional. Veremos, nas próximas aulas, quais são as características da concepção tradicional de ensino.
Os pensadores citados formularam estratégias que acreditavam ser do-
tados de valor universal, ou seja, aplicável a qualquer um, em qual-
quer situação. A sequência, apresentada por Herbart, por exemplo, é, 
até hoje, seguida por muitos professores. Nesse sentido, para tais au-
tores, a Didática tem como objetivo divulgar os conteúdos de ensino 
como fim em si mesmo. É a valorização do conteúdo pelo conteúdo. Valoriza-se a transmissão 
cultural e se concebe o aluno como um ser passivo e o professor como figura principal do processo 
ensino-aprendizagem. 
Unidade
1
Aula
3
AS CORRENTES FILOSÓFICAS SOBRE A 
APRENDIZAGEM: O INATISMO, O EMPIRISMO 
E O ASSOCIACIONISMO
Fonte: Pixabay.
As Correntes Filosóficas Sobre A Aprendizagem: O Inatismo, O Empirismo e O Associacionismo
19
Aula 
3
Unidade
1
Você viu, até aqui, que a nossa disciplina se ocupa de investigar os conteúdos de ensino (o que 
ensinar), os objetivos desse ensino (por que ensinar) e os métodos de ensino (como ensinar), bem 
como suas finalidades mais amplas, ou seja, qual a importância que o que está sendo ensinado tem 
para a sociedade, de forma que o aluno efetivamente aproveite a escola como meio de inserção e inte-
ração social e econômica.
 Por isso, é muito importante que você, futuro professor, aproveite o máximo de nossas aulas 
para que, ultrapassando as ideias de ensino e escola do senso comum, faça boas escolhas, preocupadas 
realmente com a aprendizagem de seus alunos.
 Como as pessoas aprendem? Para um pedagogo, a resposta a essa pergunta pode determinar 
suas escolhas didáticas e relação pedagógica. 
 Por muito tempo, os sujeitos se questionaram - e ainda se questionam - sobre esse assunto. 
Segundo Malheiros (2012), historicamente, as teorias construídas acerca de como se aprende podem 
ser agrupadas em três blocos: o inatismo, o empirismo e o associacionismo. 
3.1 Como as pessoas aprendem? - O inatismo 
 Como as pessoas aprendem? Para um pedagogo, a resposta a essa pergunta pode determinar 
suas escolhas didáticas e relação pedagógica. 
 Por muito tempo, os sujeitos se questionaram - e ainda se questionam - sobre esse assunto. 
Segundo Malheiros (2012), historicamente, as teorias construídas acerca de como se aprende podem 
ser agrupadas em três blocos: o inatismo, o empirismo e o associacionismo. 
 
Fonte: FREEIMAGES
O inatismo: parte do princípio de que todas as características que definem o sujeito nascem 
com ele. Nesta perspectiva, as pessoas nascem com mais ou menos potencialidades. O desenvolvi-
mento precede a aprendizagem. Alguns nascem mais desenvolvidos que outros. 
Essa teoria tem como seu primeiro representante o filósofo Platão (427-347 a.C.). Platão defen-
dia que aprender significa desenvolver os dons com os quais as pessoas nascem. Assim, o meio social 
não tem influência no desenvolvimento cognitivo do indivíduo. 
Atualmente, quase não há pesquisadores que defendam essa teoria. Isso porque ela foi muita 
utilizada para justificar atos discriminatórios ao longo do tempo, embasando a ideia de que pais pouco 
Aula 
3
As Correntes FilosóficasSobre A Aprendizagem: O Inatismo, O Empirismo e O Associacionismo
20
instruídos passam essa herança a seus filhos, mesmo que tivessem crescido em outro contexto social, 
político ou econômico. Muitos grupos étnicos foram discriminados ao longo do tempo por conta, 
entre outras coisas, dessa ideia.
Não há evidências científicas que justifiquem essa teoria. Por se tratar da mais antiga con-
cepção de aprendizagem, está ainda presente no imaginário das pessoas. Você certamente já ouviu al-
guém – ou mesmo um professor – dizer: “Tal pessoa não nasceu pra isso”. Ou mesmo: “Aquele sujeito 
consegue realizar tal atividade porque possui um dom”. A maior crítica que se faz a este tipo de crença 
é que se o sujeito nasce com determinadas características, de forma inata, então, não é possível mudar. 
O meio, portanto, não interfere no desenvolvimento cognitivo da pessoa.
O inatismo acredita que todas as características que definem uma 
pessoa estão presentes no momento em que esta pessoa nasce. 
Aprender seria, portanto, estimular características que já existem. 
(MALHEIROS, 2012, p. 9).
3.1.1 Como as pessoas aprendem? - O empirismo
Fonte: ISTOCKPHOTO
O empirismo: se opõe completamente ao inatismo, pendendo para o outro extremo. De acor-
do com o empirismo, nascemos sem saber nada e que as estruturas cognitivas vão sendo constru-
ídas a o longo da vida. Quanto mais experiências vivenciadas, mais informações acumuladas. A 
aprendizagem acompanha o desenvolvimento, e não vem depois dele. 
John Locke (1632-1704) se opôs profundamente ao inatismo e entrou para a história como filó-
sofo da teoria do conhecimento. Provavelmente, você ouvir falar que a mente humana é uma “tábula 
rasa”. Foi ele quem deu visibilidade a essa expressão. Isso significa dizer que a cognição humana é uma 
tela em branco a ser preenchida com informação retiradas de sua própria experiência. Acontece, en-
tão, uma aprendizagem “de fora para dentro”, ou seja, o meio constrói o desenvolvimento cognitivo 
do sujeito. 
Para Lock, a experiência (empiria) se dá por meio dos sentidos (visão, olfato, paladar, tato). Por 
meio da apreciação de um objeto, o sujeito constrói o seu conceito.
As Correntes Filosóficas Sobre A Aprendizagem: O Inatismo, O Empirismo e O Associacionismo
21
Aula 
3
A crítica que se faz ao empirismo tem a ver com a forma de apreensão do conhecimento. Ora, 
se conhecer é simplesmente entrar em contato com o objeto e descobrir com ele, aprender é, então, 
apreender, decorar, receber um conteúdo. Assim, descartam-se as questões subjetivas que permitem 
ao ser humano reconstruir o conhecimento, buscando suas próprias interpretações e respostas.
O empirismo acredita que nascemos sem saber absolutamente nada, e 
que construímos nosso conhecimento por meio das experiências. (MA-
LHEIROS, 2012, p. 10).
3.1.1.1 A relação entre empirismo e inatismo 
 Observe o quadro que compara as duas teorias vistas até aqui:
 
Fonte: Barros, 2012, p. 11.
Você deve estar se perguntando: inatismo e empirismo não reconhecem a relação entre as pes-
soas como ponto importante para a aprendizagem? E a resposta é não; não reconhecem. 
Ainda segundo Malheiros (2012), foi a partir do início do século XIX que alguns pensadores co-
meçaram a considerar e a investigar o impacto do meio e das relações sociais no ensino e na aprendi-
zagem. Isso se deu porque a psicologia, no ocidente, começou a se afirmar como disciplina autônoma 
e a fortalecer ideias acerca da influência das interações sociais na formação do indivíduo, além da 
noção de que existia um vínculo entre o meio no qual se vivia e o tipo de educação oferecida. A partir 
de então, novas formas de se conceber a aprendizagem, e também o ensino, passaram a figurar.
Unidade
1
Aula 
3
As Correntes Filosóficas Sobre A Aprendizagem: O Inatismo, O Empirismo e O Associacionismo
22
3.1.1.1.1 Como as pessoas aprendem? – O associacionismo
 A partir das descobertas da psicologia que apontavam para uma influência do meio no desen-
volvimento humano, as teorias denominadas associacionistas despontaram. 
•	 Associacionismo: a educação acontece por meio de um estímulo e de uma recom-
pensa. Por exemplo, os pais recompensam seus filhos com uma sobremesa caso estes 
comam o alimento saudável oferecido durante a refeição. Caso não comam verduras 
e legumes, não ganham a sobremesa. Dessa forma, o resultado esperado é que o filhos 
compreendam a relação estabelecida entre o estímulo e a recompensa, entenden-
do as consequências positivas e negativas dessa relação, e passem a dar respostas 
positivas a tais estímulos, mantendo tal comportamento. As ideias associacionistas 
foram a gênese do comportamentalismo.
 Você pode se perguntar se aprender depende de algo tão simples e mecânico, como pro-
vocar o estímulo adequado para obter a resposta desejada. Pare e pense: quando você era criança, 
provavelmente sua professora fazia um elogio em seu caderno esperando que você continuasse a 
aprender e a se esforçar para isso. Entretanto, a carinha feliz ou a estrelinha colada em seu caderno 
provavelmente tinha pouca influência sobre sua dificuldade de aprender determinados conteúdos. 
Mesmo assim, séculos depois dessa formulação teórica acerca de como aprendemos aparecer, ainda 
há pais, professores e psicólogos que se orientam pela concepção associacionista de aprendizagem, 
mãe do comportamentalismo.
“O inatismo, o empirismo e o associacionismo são correntes filosóficas que orientam a forma 
como se crê que o conhecimento se estabelece. Não são métodos. Os métodos de ensino são 
os caminhos utilizados para garantir que o outro aprenda.” (MALHEIROS, 2012, p. 12).
Baseadas nessas três formas de conceber a aprendizagem, foram desenvolvidas teorias focadas 
em como ensinar – em métodos. Veremos quais são elas a seguir:
Inatismo, empirismo e associacionismo são correntes filosóficas que 
postulam a forma como as pessoas aprendem. Não são métodos de en-
sino. (MALHEIROS, 2012, p. 12).
Saiba mais sobre as diversas formas de se compreender a aprendizagem, 
de maneira simples e atrativa, acompanhando online os conteúdos da 
Revista Nova Escola.
Web: https://novaescola.org.br/conteudo/41/inatismo-empirismo-e-construtivismo-tres-i-
deias-sobre-a-aprendizagem
Unidade
1
Aula
4
TEORIAS PEDAGÓGICAS FOCADAS 
EM MÉTODOS DE ENSINO: 
O COMPORTAMENTALISMO
Fonte: Unsplash.
Aula 
4
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Comportamentalismo
24
Na aula anterior, discutimos as principais formas de se conceber a aprendizagem que embasa-
ram os primeiros estudos sobre educação escolar no ocidente. Tais correntes deram origem a estudos 
mais estruturados sobre a aprendizagem, que propuseram métodos de ensino.
Nós vimos em nossa primeira aula que é função da Didática estudar as finalidades do ensino. 
De posse dessa informação, é fundamental que você, futuro pedagogo, compreenda que dependendo 
da visão de mundo do educador, ou de um sistema organizado de ensino, a educação terá deter-
minadas finalidades e utilizará determinados meios para alcançá-las. Nenhum tipo de educação 
é neutro. Nenhum método de ensino é neutro. Sempre há uma concepção de homem e de sociedade 
para os quais a educação forma. 
É importante diferenciar os conceitos método e metodologia, que são 
comumente utilizados no campo da educação como sinônimos. Mé-
todo significa o caminho que se percorre para chegar a um objetivo, o 
passo a passo, as estratégias, as técnicas. Metodologia é um conceito 
mais amplo, que engloba o estudo do método, a análise dos procedi-
mentos, os conhecimentos teórico-filosóficos que embasam as técnicas. 
 Nesta aula, discutiremos o comportamentalismo e suas implicações para a educação.
 O comportamentalismo estabeleceu-se como teoria psicológica afirmando que todo compor-
tamento pode ser controlado por estímulos. Além disso, centra seus estudos psicológicos estudando 
o comportamento que pode ser observado, se opondo a outros estudos, como a psicanálise freudiana. 
Um cientista que viveuentre os séculos XIX e XX, Pavlov, foi o primeiro a ser mundialmente conhe-
cido por utilizar cães para comprovar o condicionamento comportamental.
Uma experiência muito famosa que ele realizou com cães consistia em transferir a resposta 
de um estímulo para outro estímulo. Por exemplo: sempre que ele apresentava um pedaço de 
carne, o cão salivava. Em seguida, ele passou a apresentar um pedaço de carne e tocar um sino 
simultaneamente. Algum tempo depois, apenas ao tocar o sino, o cão já́ salivava. O grande 
feito de Pavlov foi mostrar que é possível moldar o comportamento (pelo menos em animais), 
o que instigou pesquisadores da psicologia a buscar compreender se esta associação também 
seria possível em humanos. (MALHEIROS, 2012, p. 13). 
Fonte: Pexels. 
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Comportamentalismo
25
Aula 
4
Logo em seguida, dando continuidade aos estudos comportamentalistas, Watson (1878-1958) 
iniciou uma corrente chamada de comportamentalismo (ou behaviorismo) clássico, que acredita ser 
possível comandar todos os comportamentos humanos a partir da identificação do melhor estí-
mulo. Ele afirmava que qualquer comportamento poderia ser condicionado por meio de estímu-
lo-resposta, sem, contudo, conseguir comprovar completamente tal afirmação.
Tolman, contemporâneo de Watson, explanou que entre o estímulo e a resposta há um organismo, 
e que o mesmo estímulo pode desencadear respostas diferentes dependendo do organismo em questão.
As pesquisas que orientam Tolman o levaram a apresentar o conceito de aprendizagem por 
mapas cognitivos, que são estruturas mentais orientadoras do comportamento a ser manifes-
tado, dependendo do objetivo. É o que atualmente se chama de behaviorismo cognitivo. A 
relação entre as duas palavras (behaviorismo e cognitivo) sinaliza que, além da importância 
dada aos estímulos, Tolman coloca a cognição dentro da discussão. Neste caso, a resposta 
dada a um determinado estímulo dependerá fundamentalmente da intenção do organismo. 
(MALHEIROS, 2012, p. 14).
 Hull, contemporâneo de Watson e Tolman, opõe-se a este último, discutindo a ideia de 
aprendizagem por meio de memorização. 
Para Tolman, a manifestação da aprendizagem se dava pela realização de um comporta-
mento que correspondia a uma experiência passada. Hull defendia que a experiência pro-
voca alterações neurofisiológicas e, portanto, não se trataria simples- mente de um processo 
de aquisição de memória. É possível afirmar que nesta nova visão do behaviorismo, os 
diversos reforços de comportamento são capazes de alterar a própria morfofisiologia da-
quele que é alvo do experimento. Hull é o autor que mais leva sua concepção de aquisição 
ou modulação de comportamentos para a educação. Ao se opor à ideia da separação entre 
corpo e mente, reforça a questão da modulação do comportamento por meio da modulação 
biológica. (MALHEIROS, 2012, p. 14).
 Foi com o psicólogo Skinner que o comportamentalismo teve sua expressão denominada com-
portamentalismo radical (MALHEIROS, 2012). Para esse autor, haveria uma separação entre corpo 
e mente. A mente decide como agir e o corpo recebe os estímulos externos.
Skinner apresentou o conceito de condicionamento operante. Nesse condicionamento, um es-
tímulo é oferecido visando a uma determinada resposta. E essa resposta só existirá se ela gerar um 
novo estímulo, dentro dos desejos deste respondente. Para Skinner, “o comportamento não surge de 
um estímulo isolado, mas da expectativa do estímulo futuro.” (MALHEIROS, 2012, p. 15). Tal ideia 
contraria o comportamentalismo clássico, pois a resposta não é simplesmente uma resposta fisiológica 
a um estímulo, mas nasce de uma expectativa de novo estímulo. 
Duas ideias são fundamentais para entender essa forma de entender a aprendizagem: reforço e 
punição. O reforço são os estímulos que produzem a ocorrência e a repetição do comportamento. 
A punição são estímulos que fazem com que um comportamento seja evitado.
Observe a seguir o esquema que representa esse conceito. 
Aula 
4
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Comportamentalismo
26
Fonte: MALHEIROS, 2012, p. 15.
O esquema explicita que o reforço leva à repetição da mesma resposta se o estímulo for o mesmo 
e a punição suspende a resposta.
Essa ideia influenciou fortemente a educação, mais especificamente a escolha de um méto-
do de ensino. Aceitando que o comportamento pode ser modelado por meio de estímulos, basta 
que se ofereça aos alunos os estímulos corretos para que apresentem comportamentos social-
mente desejáveis e punindo comportamentos indesejáveis. Skinner defendia que simplesmente 
ter contato com o meio não bastava para que houvesse aprendizagem, mas que é necessária uma 
transmissibilidade organizada. 
Malheiros (2012, p. 16) apresenta o desenvolvimento das ideias comportamentalistas no ensino:
Em sala de aula, o comportamentalismo se manifestou principalmente pela 
criação e utilização das máquinas de ensinar. Estas máquinas apresentavam o conteúdo em 
uma sequência tal que permitiam que o aluno fosse apresentando as respostas esperadas. Os 
tipos de aprendizado eram categorizados por Skinner em três grupos:
 >Comportamento reflexo: como a dilatação das pupilas diante da mudança na intensidade 
da luz. Neste caso, o sujeito não tem controle do comportamento. 
>Comportamento operante: são voluntários, como escrever um texto. É controlado pelas 
consequências dos estímulos. 
>Comportamento respondente: similar ao comportamento operante, mas controlado pelos 
estímulos que o precedem, como correr para atender ao chamado de alguém que chama.
Mizukami (2014) explica que a abordagem comportamentalista de educação preconiza 
que o conhecimento está fora do sujeito; é uma descoberta. A ciência, nessa abordagem, é uma 
forma de descobrir a ordem e a natureza dos eventos, para utilizá-la e controlá-la. Por isso, o 
aluno é considerado como um “recipiente de informações e reflexões” (MIZUKAMI, 2014, p. 
20). Ensinar é mudar padrões de comportamento através do treinamento, de acordo com obje-
tivos predefinidos.
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Comportamentalismo
27
Aula 
4
 De acordo com a autora, neste tipo de abordagem:
[...]supõe-se e objetiva-se que o professor possa aprender a analisar os elemen-
tos específicos de seu comportamento, seus padrões de interação, para, dessa forma, ganhar 
controle sobre eles e modifica-los em determinadas direções quando necessário, ou mesmo 
desenvolver outros padrões. (MIZUKAMI, 2014, p. 21).
 Para Mizukami (2014), adotar a perspectiva comportamentalista implica compreender o ho-
mem como uma consequência da influência do meio ambiente. Assim, a subjetividade do indivíduo 
é praticamente ignorada. O ideal dessa teoria, entretanto, é que o controle da situação ambiental seja 
transferido para o próprio indivíduo, de modo que ele possua autocontrole. Porém, são as forças ex-
ternas que continuam a exercer, ainda, maior controle.
A visão de mundo dos comportamentalistas é a de que esta é uma realidade objetiva, cons-
truída, pronta, e que cabe ao homem apenas manipulá-lo. O comportamento pode ser modificado 
alterando-se os elementos ambientais. Segundo Mizukami (2014, p. 23):
 Para que a formulação das relações entre um organismo e seu meio seja adequada, devem-se sem-
pre especificar três aspectos: a ocasião na qual a resposta ocorreu, a própria resposta e as consequ-
ências reforçadoras. As relações entre esses três elementos constituem as contingências de reforço.
São essas contingências de reforço que alteram o comportamento.
 Com relação à sociedade e à cultura, os comportamentalistas acreditam que é preciso que haja 
uma ciência para o planejamento desta última, isso porque o centro desta teoria, como vimos, admite 
a alteração por meio do controle das contingências. Assim, por meio do controle dos comportamen-
tos, seria possível uma sociedade sem violência, sem autoridade, sem classes sociais ou propriedades 
privadas. Ateoria do reforço garantiria uma nova forma de viver, encontrando a eficiência ao máximo. 
Ora, se o comportamento humano é totalmente determinado pelas forças genéticas e ambientais, não 
é possível haver mérito individual. Segundo Mizukami (2104) o indivíduo é, então, como uma peça 
de uma máquina controlada, realizada a função que se espera dele.
4.1 O comportamentalismo e a educação 
 Você pôde observar, estimado(a) aluno(a), que o conhecimento, para os comportamentalistas, 
é o resultado direto da experiência. Vimos que o maior expoente do comportamentalismo, Skinner, 
não se preocupou em investigar de que modo o conhecimento é construído na mente do indivíduo, 
mas lidou com o controle do comportamento observável. Assim, o comportamentalismo tem uma 
base empirista, que vimos na nossa segunda aula. A inteligência, para os comportamentalistas, foi 
herdade à medida que contingências de reforço que controlaram as respostas fornecidas pelo homem, 
cujas consequências têm a ver com a sobrevivência da espécie.
 É por esse motivo que a educação, nesta abordagem, está ligada à transmissão cultural, porque 
acredita-se que é impossível que o homem descubra por si mesmo elementos importantes de sua cultura. 
A educação, pois, deverá transmitir conhecimentos, assim comportamentos éticos, práticas 
sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente 
(cultural, social etc.). (MIZUKAMI, 2014, p. 27).
Aula 
4
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Comportamentalismo
28
Observe como a educação assume um caráter bastante controlador, pois, nesta teoria, saber 
significa apreender exatamente o que se quer ensinar. Nada a mais. O sistema educacional, portanto, 
tem como objetivo promover mudanças individuais desejáveis, adquirindo-se comportamentos e 
modificando os já existentes por meio do reforço (recompensa e punição). O objetivo máximo é que 
cada indivíduo
seja também controlador das contingências de reforço. Quanto maior o controle sobre si, mais 
responsabilidade e mais liberdade. Por isso, as contingências de reforço devem seu usadas de forma 
organizada e sistematizada pelo sistema educacional para o treinamento social eficiente.
 Para pôr em prática tais conceitos educacionais, a escola, explica Mizukami (2014), é o am-
biente que deve adotar formas de controle de acordo com o os comportamentos que se deseja instalar 
e manter, isto é, aqueles que úteis e desejáveis para a sociedade; por isso é que os comportamentalistas 
criticam uma escola voltada para o saber clássico, conteudista, mas defende uma escola voltada para as 
demandas de controle social. O desenvolvimento da individualidade é, portanto, pautado por valores 
sociais, não subjetivos. 
 Como aconteceriam os processos de ensinar e aprender nesta abordagem? Mizukami (2014) 
salienta que ensinar é planejar contingências de reforço sobre os quais os estudantes aprendem, e o 
professor é quem deve assegurar esta aprendizagem. 
Os comportamentos desejados dos alunos serão instalados e mantidos por condicionantes e 
reforçadores arbitrários, tais como: elogios, graus, notas, prêmios, reconhecimentos do mes-
tre e dos colegas, prestígio, etc., os quais, por sua vez, estão associados a uma outra classe 
de reforçadores mais remotos e generalizados, tais como: o diploma, as vantagens da futura 
profissão, a aprovação final no curso, a possibilidade de ascensão social, monetária, status, 
prestígio da profissão etc. (MIZUKAMI, 2014, p. 30).
 A organização das contingências, realizadas pelo professor, vai depender dos comportamentos 
observáveis: um evento anterior, uma resposta, um reforço e fatores contextuais. O foco da propos-
ta de aprendizagem da abordagem comportamentalista se encontra na organização das experiências 
curriculares. Essa organização dirigirá os alunos pelos caminhos adequados para que eles cheguem ao 
comportamento final. A aprendizagem, assim, é garantida pela organização.
Fonte: UNSPLASH
 Para os comportamentalistas, como acontece a relação entre professor e aluno? O controle do 
processo está nas mãos do professor. É ele quem planeja e desenvolve o sistema de ensino-aprendiza-
FONTE:	UNSPLASH
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Comportamentalismo
29
Aula 
4
gem, a fim de maximizar o desempenho do aluno. Ele é um planejador e um analista e deve organizar 
as contingências de reforço de modo a possibilitar a ocorrência de uma resposta aprendida. Ao aluno, 
cabe apresentar as respostas esperadas. O ensino é individualizado, pois parte de um diagnóstico para 
detecção do melhor planejamento para o alcance da resposta esperada. 
 Segundo Mizukami (2014), Skinner propôs uma metodologia de ensino baseada na elabora-
ção de uma tecnologia adequada para isso, com vistas a uma maior eficiência na aprendizagem. Por 
isso, as estratégias pensadas são individualizadas. 
A individualização do ensino surge, na abordagem comportamentalista, como decorrente de 
uma coerência teórico-metodológica. Tal individualização implica: especificação de objetivos; 
envolvimento do aluno; controle de contingências; feedback constante que forneça elementos 
que especifiquem o domínio de uma determinada habilidade; apresentação do material em pe-
quenos passos; e respeito ao ritmo individual de cada aluno. (MIZUKAMI, 2014, p. 33).
O comportamentalismo se preocupa com que o maior número possível de alunos atinja níveis 
altos de eficiência. Para isso, uma das estratégias principais utilizadas é o módulo instrucional como 
material de ensino (Mizukami, 2014). Para os comportamentalistas, é fundamental que o aluno tenha 
conhecimento preciso do que dele se espera e dos resultados que ele atingiu no processo. 
O ensino com base na competência é caracterizado por: especificação dos objetivos em ter-
mos comportamentais; especificação dos meios para determinar se o desempenho está de 
acordo com os níveis indicados de critérios; fornecimento de uma ou mais formas de ensino 
pertinentes aos objetivos; conhecimento público dos objetivos, critérios, formas de atingi-las 
e atividades alternativas. A experiência de aprendizagem, pois, é considerada em termos de 
competência. (MIZUKAMI, 2014, p. 33).
Neste formato, o módulo de ensino pode ser utilizado para a aquisição de um ou vários objetivos 
de ensino. Os comportamentalistas, como se vê, não se preocupam em estudar por que o aluno aprende, 
mas em fornecer uma tecnologia que produza mudanças no comportamento e fazer o aluno estudar.
Como visto, a programação é o fundamento do ensino comportamentalista. A matéria deve ser 
dividida em pequenos passos, de modo que o professor consiga reforçar todas as respostas e compor-
tamentos operantes emitidos pelo aluno.
Podemos concluir que uma educação baseada no comportamentalismo objetiva a autonomia 
do aluno, ao dominar os objetivos de ensino, mas em nome de algo que é exterior a ele, planejado 
por seu professor, garantindo objetivos importantes para o social. Vimos uma educação pautada na 
programação, em que o aluno é ativo, mas não para objetivos subjetivos. E uma educação diretivista. 
Não cooperação entre os alunos. A educação é pensada para cada indivíduo. 
A metodologia e os princípios utilizados nessa abordagem derivam 
da análise experimental do comportamento. A aplicação desse tipo 
de análise ao ensino, produziu, até o momento, grande quantidade de 
pesquisa básica e aplicada, o que, a partir dos anos 1950, aproximada-
mente, permitiu a elaboração de uma tecnologia de ensino, que, por 
sua vez, tem fornecido dados para a própria análise comportamental. (MIZUKAMI, 2014, p. 36). 
Unidade
1
Aula
5
TEORIAS PEDAGÓGICAS FOCADAS EM 
MÉTODOS DE ENSINO: O COGNITIVISMO
Fonte: Pexels.
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Cognitivismo
31
Aula 
5
Unidade
1
A quinta aula traz para você os fundamentos do cognitivismo e suas propostas para a educação.
O cognitivismo, de acordo com Malheiros (2012), passou a ser estruturado pela psicologiatam-
bém no século XIX e tem em Wundt seu primeiro expoente. Os trabalhos desse autor investigavam as 
atividades que estruturam a mente e a consciência. 
Essa abordagem entende que há algo dentro da mente do sujeito que é responsável pela rela-
ção entre as pessoas, e das pessoas para com o meio. Ao contrário da abordagem da aula passada, o 
cognitivismo busca conhecer o mundo interno do sujeito, já que compreende que a aprendizagem é 
um processo interior.
Portanto, compreende o processo de aprendizagem como algo individual e orgânico, que 
pode ser estimulado por fatores externos, mas que não pode ser controlado. O maior objetivo 
dos pesquisadores cognitivistas é compreender a estrutura da mente humana. No campo da 
educação, este entendimento serviria de base para a estruturação de métodos de ensino mais 
eficientes, ante a esta nova compreensão da aprendizagem. (MALHEIROS, 2012, p. 17). 
 Segundo Malheiros (2012), foi o biólogo Piaget (1896-1980), considerado por muitos o nome 
mais importante da educação do século XX, quem deu a maior contribuição a essa teoria. Ele dedicou 
sua vida a compreender as estruturas mentais envolvidas na construção do conhecimento, mas ele 
não desenvolveu um método de ensino. Ele aponta para a compreensão do fenômeno cognitivo, mas 
não indica métodos a serem seguidos. 
A epistemologia genética, a partir dos trabalhos de Piaget, tornou-se um campo de investiga-
ção que passou a ocupar espaço privilegiado nas teorias de educação. Neste campo, percebeu-
se que não se pode fazer uma pessoa aprender um conteúdo para o qual ela não está prepara-
da. Tal compreensão serve de subsídio à estruturação de currículos educacionais até os dias 
de hoje, dando prevalência à aprendizagem cumulativa, que organiza os conteúdos partindo 
dos mais simples para os mais complexos. Além disso, notou-se que o interesse pelo conteúdo 
a ser estudado influenciaria na construção do conhecimento. (MALHEIROS, 2012, p. 17).
Perceba, querido(a) aluno(a), que a ideia de aprendizagem cumulativa, do mais simples ao mais 
complexo, interfere completamente na organização dos currículos, de modo que Piaget ganhou im-
portância ímpar na área educacional.
A expressão epistemologia genética não tem a ver com “gene”, “gen”, mas 
com a “gênese” do conhecimento, ou seja, o conjunto de saberes teó-
ricos acerca de como o conhecimento nasce, como ele é internamente 
construído.
Piaget destacou-se por propor que há uma relação intrínseca entre afetividade e cognição, e que 
uma não acontece sem a outra; mas sua maior contribuição foi ter comprovado que a aprendizagem 
é construída pelo aluno, e jamais transferida de fora para dentro por outra pessoa: um professor 
ou alguém mais experiente que o sujeito. Esta constatação se opõe completamente ao comporta-
mentalismo e inaugura a corrente construtivista de ensino. Nela o professor não é um controlador do 
processo, mas um estimulador da construção do saber, a partir da criação de situações que motivem 
o aluno a buscar respostas. 
Aula 
5
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Cognitivismo
32
 Piaget descobriu, por meio de suas investigações, segundo Malheiros (2012), que a construção 
do conhecimento se dá por meio de dois processos: a assimilação e a acomodação, que acontecem 
simultaneamente e de forma inter-relacionada em nossa cognição.
•	 Assimilação: o aprendiz identifica novos conceitos e busca, por meio de seus conheci-
mentos anteriores, enquadrá-los em uma lógica, dar sentido a eles.
•	 Acomodação: o novo conhecimento é acomodado quando se adequa às estruturas 
atuais, modificando-as, criando ainda novos esquemas.
•	 Equilibração: o novo conhecimento busca sua acomodação na cognição do sujeito, 
fortalecendo as estruturas cognitivas.
 
 Para que você compreenda melhor todos esses processos que acontecem quando aprendemos 
um novo conhecimento, preste atenção ao exemplo dado por Malheiros (2012). 
 Tente pensar em uma criança que está aprendendo a nomear os animais. Ela conhece, até este 
momento, o cachorro. Quando se depara com um cavalo ela exclama: “Nossa! Que cachorro enorme!”. 
Isso porque ela possui estruturas cognitivas que fazem com que interprete o cavalo como um cachorro 
grande, já que ele também anda sobre quatro patas, é marrom, tem rabo, focinho, etc. Esse é um exem-
plo do processo de assimilação; a criança acessou conhecimentos prévios para tentar dar sentido ao 
novo conhecimento identificado. 
Fonte: UNSPLASH
 Imagine agora que um adulto intervenha nessa situação e diga: “Aquilo não é um cachor-
ro, é um cavalo: é de outra espécie.” Então, a criança percebe que existem algumas característi-
cas que diferenciam os animais, criando uma nova estrutura cognitiva, já que nenhuma estrutu-
ra consolidada identificou o cavalo. Assim acontece o processo de acomodação, no confronto 
do conhecido com o novo. 
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Cognitivismo
33
Aula 
5
Fonte: UNSPLASH
 Nesse exemplo, os dois processos, assimilação e acomodação visam ao processo de equilibra-
ção das estruturas cognitivas, que é a aprendizagem do conhecimento novo. 
 Observe o esquema que exemplifica esses processos. 
Fonte: (MALHEIROS, 2012, p. 19).
 Piaget, ao explanar os processos de assimilação e acomodação do conhecimento, prioriza as 
estruturas cognitivas em detrimento da aquisição de novos conteúdos, explica Malheiros (2012). Des-
loca-se a ênfase dada à inteligência como demonstração de retenção de conteúdos para a capacidade 
de alterar estruturas mentais. Inteligência é, portanto, não o domínio de um conteúdo, como sus-
tentava as formas tradicionais de ensino. 
 Observe, então, como isso revoluciona as formas de se pensar o ensino. Ensinar não é trans-
mitir conhecimentos, mas promover situações desequilibradoras da cognição para que novas es-
truturas sejam formadas. Por isso, o ensino centrado na fala do professor se desloca para a ênfase no 
aluno, porque é nele que o conhecimento é construído, daí o nome construtivismo.
Aula 
5
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Cognitivismo
34
Assim como você encontrará atitudes comportamentalistas 
nas instituições de ensino que você conhecerá em seus está-
gios, você também encontrará muitas escolas dizendo-se cons-
trutivistas, e algumas ações pedagógicas nesse sentido também 
(muito mais falas e escritos teóricos do que ações, é verdade, 
porque a utilização da metodologia construtivista implica, no 
geral, mudança total da estrutura da escola que temos hoje). 
Outra enorme contribuição de Piaget para a educação diz respeito às fases de desenvolvimento 
da criança, organizadas por ele, e que ajudariam as escolas a organizarem seus currículos de modo 
a considerar conteúdos para os quais as crianças estejam cognitivamente preparas para aprenderem.
 Veja:
Fonte: MALHEIROS, 2012, p. 20.
Vamos compreender um pouco dos estágios de desenvolvimento propostos por Piaget, de acor-
do com Malheiros (2012, p. 20).
No período sensório-motor, que abrange os meses iniciais da vida da criança, acontece a 
aprendizagem sensorial. Esta fase é responsável pela base de conhecimentos e habilidades que 
serão demandadas para futuras assimilações. Desta forma, a criança constrói o conhecimento 
no uso dos reflexos, coordenações e combinações mentais. 
No período pré-operacional, a criança já consegue se perceber sepa- rada do mundo ligando-
se ao concreto. Torna-se, portanto, capaz de compreender uma situação completa, mas ainda 
não consegue perceber por um ponto de vista que não seja o seu próprio. Esta fase é caracte-
rizada pela sensação de integralidade vivida pela criança, ou seja, acontecimentos deixam de 
ser fatos isolados.
O período operacional concreto é marcado pelo pensamento reversível e pelo entendimento 
de que as ações da criança repercutem no meio no qual estão inseridas. Todavia, conforme o 
nome atribuído ao período, a criança ainda não é capaz de desenvolver situações em sua mente. 
E o último período apresentadopor Piaget é o período operacional formal. Esta fase é carac-
terizada pela capacidade de o pensamento reter o conhecimento e, em seguida, desenvolver 
situações exclusivamente no âmbito mental. 
 É importante frisar que essa classificação ligando a idade da criança ao potencial de aprendi-
zagem não é algo estanque nem rígido, são parâmetros variáveis. 
 De posse desses conhecimentos, o professor pode pensar no método de ensino adequado para 
a faixa etária de seus alunos e seu estágio de desenvolvimento. 
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Cognitivismo
35
Aula 
5
Ao perceber, por exemplo, que aos oito anos de idade, a criança não é capaz de abstrair uma 
situação, o método deveria valorizar o concreto. Um exemplo seria o ensino das operações básicas na 
matemática. Os números são uma abstração que representa uma quantidade concreta. Se a criança 
não é capaz de abstrair, o entendimento de uma operação será extremamente complicado, o que pode 
ser contornado pela utilização de elementos reais em sala de aula. Em vez de questionar qual o resul-
tado da operação 2+2, seria adequado questionar: se tenho duas laranjas e comprei mais duas, com 
quantas laranjas fiquei? Melhor ainda se for possível utilizar as laranjas para o ensino. (MALHEIROS, 
2012, p. 20 - 21). 
A abordagem construtivista pede métodos de ensino que proporcionem desequilíbrio cogni-
tivo: situações-problema reais a serem desenvolvidos, alunos em grupos heterogêneos com relação ao 
desenvolvimento cognitivo, atividades práticas que partam do que as crianças já sabem.
Fonte: PEXELS
O construtivismo recebeu críticas de alguns estudiosos da educação no sentido de que Piaget 
focou demasiadamente seus estudos nos processos internos da aprendizagem, sem debruçar-se tanto 
sobre a importância das interações sociais na construção do conhecimento. Veremos, na próxima 
aula, uma teoria pedagógica denominada socioconstrutivismo que impõe maior peso às relações nos 
processos cognitivos.
 
Assista ao vídeo do professor Yves de La Taille, professor da USP, um 
dos expoentes dos estudos piagetianos no Brasil, sobre a teoria constru-
tivista do Piaget para a série “Grandes Educadores”. 
https://www.youtube.com/watch?v=2OzhE4pX_ng.
Unidade
1
Aula
6
TEORIAS PEDAGÓGICAS FOCADAS EM 
MÉTODOS DE ENSINO: 
O SOCIOCONSTRUTIVISMO 
(OU SOCIOINTERACIONISMO)
Fonte: Pexels.
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Socioconstrutivismo (ou Sociointeracionismo)
37
Aula 
6
Unidade
1
A corrente socioconstrutivista ou sociointeracionista é, juntamente com a construtivista, a 
mais importante e inovadora teoria educacional surgida no século XX. 
O expoente dessa teoria é o russo Lev Vygotsky (1896-1934). Apesar de ter vivido apenas 38 
anos, seu legado teórico influenciou e influencia muitos países na construção de seus sistemas educa-
cionais. 
Do mesmo modo que Piaget, Vygotsky não desenvolveu nenhum método de ensino. Seu pen-
samento é fundamentado, segundo Malheiros (2012) na ideia de que a aprendizagem está intimamen-
te ligada às interações sociais realizadas indivíduo, que interferem mais do que questões biológicas 
na hora de aprender.
Você já deve ter ouvido falar nas irmãs indianas Amala e Kamala, conhecidas como meninas
-lobo. Tais meninas se comportavam como os animais que viviam e ilustram a forma de Vygotsky 
compreender a importância das interações sociais para a aprendizagem. 
Fonte: MALHEIROS, 2012, p. 21.
 Para Vygotsky, a formação da pessoa acontece apenas na relação com o outro. Ele rechaçava as 
teorias que apregoavam que o homem nasce com o conhecimento potencial (inatismo) e as empiris-
tas-comportamentalistas, que acreditam que os estímulos adequados podem influenciar o desenvolvi-
mento do sujeito, como vimos em aulas anteriores.
 De acordo com Malheiros (2014), Vygotsky dividiu o processo de aprendizagem em dois: os 
elementares e os complexos.
Os processos elementares correspondem às atitudes inerentes à raça humana e, sobre os quais, 
não se tem controle por estímulo (respirar, por exemplo). Os complexos são fruto do processo 
de aprendizagem aliada ao desenvolvimento. Ler, fazer contas, dirigir, dentre outras ativida-
des, são processos complexos. (MALHEIROS, 2012, p. 22). 
 Além dos elementos mediadores entre o sujeito e o mundo, Vygotsky também propõe, segun-
do Malheiros (2012) que o próprio sujeito é um mediador entre o estímulo recebido e a resposta 
que é dada. Na perspectiva comportamentalista, como vimos, o estímulo gera uma resposta. Já para 
o socioconstrutivismo, esta relação não é mais linear, ou seja, é triangular. Para Vygotsky, entre o estí-
mulo e a resposta está o sujeito. Observe a imagem: 
Aula 
6
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Socioconstrutivismo (ou Sociointeracionismo)
38
Fonte: MALHEIROS, 2012, p. 22.
Para Vygotsky, a relação de uma pessoa com o mundo sempre acon-
tece por meio de uma ferramenta ou de um símbolo. A linguagem, 
por exemplo, é uma estrutura simbólica de mediação. (MALHEIROS, 
2012, p. 22). 
 
Vygotsky, então, preconiza que o homem se relaciona com o mundo não diretamente, mas de 
forma intermediária, por meio de signos e instrumentos. Assim, o papel da escola, de acordo com Ma-
lheiros (2012), seria estimular interações entre as pessoas e destas com um ambiente que proporcione 
o desenvolvimento intelectual. A escola deve ser a instituição capacitada para que esse desenvolvi-
mento ocorra. 
Observe, por meio deste esquema, como acontecem os processos cognitivos da aprendizagem 
acontecem.
Este esquema demonstra a suprema importância da mediação educacional para a aprendiza-
gem, em Vygotsky. O papel da cultura e dos símbolos é central na teoria socioconstrutivista. Na escola, 
as crianças com habilidades ainda parciais vão desenvolvê-las com a ajuda de um parceiro mais 
habilitado (professores), até que tais habilidades passem de parciais para totais. 
Vygotsky valoriza a linguagem como instrumento de comunicação e aprendizagem, já que é por 
meio dela que há interação.
A linguagem é, antes de tudo, social. Portanto, sua função inicial é a comunicação, expressão e 
compreensão. Essa função comunicativa está estreitamente combinada com o pensamento. A 
comunicação é uma espécie de função básica porque permite a interação social e, ao mesmo 
tempo, organiza o pensamento. Para Vygotsky, a aquisição da linguagem passa por três fases: 
Teorias Pedagógicas Focadas em Métodos de Ensino: O Socioconstrutivismo (ou Sociointeracionismo)
39
Aula 
6
a linguagem social, que seria esta que tem por função denominar e comunicar, e seria a pri-
meira linguagem que surge. Depois teríamos a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, 
intimamente ligada ao pensamento. (RABELLO; PASSOS, 2013, p. 8). 
 Vygotsky e Piaget foram contemporâneos, mas não estabeleceram diálogo entre suas teorias. 
Há, no espaço acadêmico, muitas tentativas de confluência e contraponto entre os dois, mas ambos 
estavam preocupados com a aprendizagem, sendo que Piaget preocupou-se mais com elementos in-
ternos, enquanto Vygotsky preocupou-se mais com as formas de mediação intencionais que devem 
acontecer para que o aluno passe daquilo que ela ainda não sabe para o que ele pode vir a fazer.
Para J. Piaget, dentro da reflexão construtivista sobre desenvolvimento e aprendizagem, tais 
conceitos se inter-relacionam, sendo a aprendizagem a alavanca do desenvolvimento. A pers-
pectiva piagetiana é considerada maturacionista, no sentido de que ela preza o desenvolvi-
mento das funções biológicas – que é o desenvolvimento - como base para os avanços na 
aprendizagem. Já na chamada perspectiva sócio-interacionista, sociocultural ou sociohis-
tórica, abordada por L. Vygotsky, a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está 
atrelada ao fato de o ser humano viver em meio social, sendo este a alavanca para estes dois 
processos. Isso quer dizer que os processos caminham juntos, ainda que não em paralelo. 
(RABELLO; PASSOS, 2013, p. 4).A ideia de que toda criança pode aprender, desde que a atuação na Zona de Desenvolvimento 
Proximal aconteça de forma intencional pelo professor, traz para a educação um caráter democrático, 
igualitário, não-segregador.
Assista ao vídeo da professora Marta Kohl de Oliveira, professora da 
USP, um dos expoentes dos estudos vygotskyanos no Brasil, sobre a 
teoria interacionista do Vygotsky para a série “Grandes Educadores”. 
https://www.youtube.com/watch?v=T1sDZNSTuyE..
Você pode estar pensando como as concepções do modo de aprender e as correntes pedagógicas 
estudadas até aqui influenciaram no pensamento e na prática pedagógicos brasileiros. Na próxima 
aula, conversaremos sobre isso. 
Unidade
1
Aula
7
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
BRASILEIRAS: LIBERAL TRADICIONAL, LIBERAL 
RENOVADA E LIBERAL TECNICISTA
Fonte: Pexels.
As Tendências Pedagógicas Brasileiras: Liberal Tradicional, Liberal Renovada e Liberal Tecnicista
41
Aula 
7
Unidade
1
7. 1 As Tendências Pedagógicas Brasileiras 
Sabemos que a prática escolar sofre influências sociais e políticas que refletem nas diversas con-
cepções de homem e de sociedade, gerando diferentes ideias sobre o papel da escola e do aluno, da 
aprendizagem, das relações e dos métodos.
Você já deve ter ouvido alguém dizer: “Este professor é muito tradicional, não permite que nin-
guém fale na aula dele”. Grande parte dos professores, em sua prática, adota técnicas pedagógicas da 
própria vivência como aluno ou se espelha em colegas de profissão com mais experiência. Sabe o que 
isso significa? Que nas práticas cotidianas na sala de aula eles seguem pressupostos teóricos/metodo-
lógicos implícitos. Há também os que entendem sua prática de modo mais amplo, e ainda outros que 
aderem às tendências da “moda”, pouco se importando se possuem ou não relação com as suas crenças 
(LIBÂNEO, 1998).
Agora, estudaremos essas abordagens pedagógicas que aconteceram ou acontecem na atualida-
de nas escolas brasileiras pela prática dos professores. Vale ressaltar que alguns autores usam o termo 
abordagens pedagógicas, ao passo que outros preferem chamar de tendências pedagógicas. É impor-
tante saber que ambos estão corretos e usaremos os dois nesta unidade. 
Você pode ampliar os seus conhecimentos sobre as tendências pedagógi-
cas, assistindo ao vídeo “Tendências Pedagógicas”. De maneira resumida e 
complementar, os esquemas apresentados podem ajudá-lo na compreen-
são dos conceitos. Ele está disponível em: https://youtu.be/HLZtZILFAps.
 Essa temática pode parecer complexa, mas para que você compreenda melhor vamos nos re-
ferir à posição que as tendências pedagógicas adotam em relação às circunstâncias sociopolíticas da 
escola e como a Didática é entendida em cada tendência. 
 Muitas pesquisas são realizadas para identificar as formas de perceber como o ensino 
e a aprendizagem acontecem. Malheiros (2012, p. 23) esclarece que: “Nas duas últimas décadas, várias 
teorias foram formuladas para esclarecer a história dos métodos de ensino no Brasil. A classificação 
de Libâneo (1998) ainda parece ser a mais adotada.” Observe.
Fonte MALHEIROS, 2012, p. 23.
Aula 
7
As Tendências Pedagógicas Brasileiras: Liberal Tradicional, Liberal Renovada e Liberal Tecnicista
42
 De acordo com Malheiros (2012, p. 23, grifo nosso),
As correntes não críticas são definidas como aquelas que utilizam o processo educativo vi-
sando à perpetuação do modelo social vigente. Nesta compreensão, a diferenciação entre 
os modelos pedagógicos é dada pelo método escolhido, não pelo fim do ato educativo. Já as 
correntes dialéticas são caracterizadas pelo foco em levar o educando a construir um conhe-
cimento que o torne passível de mudar a realidade na qual está inserido.
 Vamos explorar a princípio a Pedagogia Liberal. 
7.1.1 A Pedagogia Liberal
 O foco da Pedagogia Liberal é que a escola deve preparar os indivíduos para desempenhar papéis 
sociais seguindo as aptidões individuais; o importante é que os sujeitos se adaptem aos valores e às normas 
da sociedade de classes; assim, camufla as diferenças de classes e desconsidera a desigualdade de con-
dições existentes. Libâneo (1998, p. 6) enfatiza que “historicamente, a educação liberal iniciou-se com a 
pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia 
renovada”, mas não houve substituição de uma pela outra e ambas são ainda vistas na prática escolar.
 Temos quatro tendências da Pedagogia Liberal. A primeira delas é a tendência tradicional, 
segundo a qual depende do esforço do próprio aluno o alcance de sua plena realização como pessoa. 
Assim, aqueles com menos potencial para as atividades escolares precisam se dedicar para superar 
suas dificuldades e alcançar os “mais capazes”. A escola disciplina os alunos “[...] de acordo com os 
padrões éticos e religiosos, incentivando a virtude” (CANDAU, 2010, p. 140). 
 Como a Didática é concebida nessa abordagem? Segundo Libâneo (2013), ela reflete o con-
junto de regras e princípios que regem o ensino e é centrada no professor, que explica a matéria – na 
maioria das vezes usando a exposição oral como único recurso. Assim, o aluno é passivo, ao fazer 
exercícios repetitivos e ouvir a explicação do professor consegue “gravar” o que lhe é ensinado para 
depois reproduzir nas provas. O papel do aluno é memorizar o conteúdo ensinado, desvinculado de 
sua realidade; assim, a aprendizagem é receptiva e não estimula a sua capacidade mental. Libâneo 
(2013, p. 66) completa essa ideia ao afirmar que:
A Didática tradicional tem resistido ao tempo, continua prevalecendo na prática escolar. É 
comum nas nossas escolas atribuir-se ao ensino a tarefa de mera transmissão de conhecimen-
tos, sobrecarregar o aluno de conhecimentos que são decorados sem questionamento, dar 
somente exercícios repetitivos, impor externamente a disciplina e usar castigos.
 
Processo ensino/aprendizagem baseado na repetição.
Fonte: Pixabay.
As Tendências Pedagógicas Brasileiras: Liberal Tradicional, Liberal Renovada e Liberal Tecnicista
43
Aula 
7
Outra tendência da Pedagogia Liberal é a tendência renovada, que também valoriza o sentido 
da cultura para desenvolver as aptidões individuais, porém vê a educação como um processo interno 
que parte dos interesses individuais para a adaptação ao meio. A escola renovada valoriza o aluno 
como sujeito do conhecimento.
É importante saber que essa tendência inclui outras correntes: a tendência renovada progres-
sivista (ou pragmática) e a tendência renovada não diretiva. A tendência renovada progressivista, 
difundida pelo movimento escolanovista, desenvolveu-se nos Estados Unidos e teve como princi-
pal representante John Dewey. No Brasil, as ideias desse educador foram marcantes na liderança de 
Anísio Teixeira e outros educadores com o Movimento dos Pioneiros da Escola Nova, com atuação 
importante na formulação da política educacional. 
A Didática da Escola Nova valoriza o aluno como sujeito da aprendizagem, identificando como 
papel do professor o de oferecer situações que partam da necessidade e do interesse do aluno, para que 
assim ele possa por si mesmo buscar conhecimentos. Você já deve ter percebido, então, que o centro 
das práticas educativas não é o professor nem o conteúdo, e sim o aluno, concebido como um ser ativo.
De acordo com Haydt (2011, p. 25), a Escola Nova pretendia ser um movimento de renovação peda-
gógico/didática que tentou aplicar na prática educativa e também “[...] na organização escolar e nos proce-
dimentos de ensino, as conclusões dos estudos das ciências do comportamento. Mas ela não era apenas isso, 
pois trazia em seu interior uma visão de homem e de mundo, isto é, uma concepção filosófica”.
Como o professor alia as situações de aprendizagem às necessidades individuais dos alunos, 
a Didática, nessa tendência, valoriza os métodos e técnicas que possibilitem atividades em grupo, 
pesquisa e experiências. Desse modo, Libâneo (2013, p. 67) reforça que “os adeptos da escola nova

Continue navegando