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Infecção por Zika Vírus na Atenção Primária à Saúde

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Atenção Primária à Saúde – Amanda Longo Louzada 
1 INFECÇÃO POR ZIKA VÍRUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
AGENTE ETIOLÓGICO: 
 O vírus ZIKV é um arbovírus, ou seja, é um vírus 
transmitidos por artrópodes e parte do ciclo 
replicativo desses vírus ocorre nos insetos. 
 Os ZIKV é um vírus de RNA do gênero 
Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae; 
duas linhagens: uma africana e outra asiática. 
TRANSMISSÃO: 
 A principal forma é a vetorial. 
 Também podem ser transmitidas por via 
transfusional. 
 Para ZIKV existem registros de transmissão 
vertical em humanos (gestante-feto). 
 Transmissão vertical pode ocorrer em diferentes 
idades gestacionais e resultar em amplo 
espectro de malformações no feto, incluindo 
aborto. 
 O ZIKV também pode ser transmitido por 
transplante de órgãos e por via sexual. 
SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE: 
 As evidências científicas disponíveis até o 
momento não permitem assegurar o tempo de 
duração da imunidade conferida pela infecção 
natural. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
 As arboviroses urbanas, por compartilharem 
diversos sinais clínicos semelhantes e a 
dificuldade da suspeita inicial pelo profissional de 
saúde podem, em algum grau, dificultar a 
adoção de manejo clínico adequado e, 
consequentemente, predispor à ocorrência de 
formas graves, levando eventualmente a óbitos. 
 Além das manifestações clínicas típicas, as 
manifestações neurológicas relacionadas ao 
histórico de infecção viral prévia por arbovírus 
são uma realidade no País. 
 As principais manifestações neurológicas em 
pacientes infectados incluem casos de 
encefalite, meningoencefalite, mielite e síndrome 
de Guillain-Barré (SGB). 
ESPECTRO CLÍNICO: 
 A infecção pelo vírus Zika pode ser 
assintomática ou sintomática. 
 Quando sintomática, pode apresentar quadro 
clínico variável, desde manifestações brandas e 
autolimitadas até complicações neurológicas e 
malformações congênitas. 
 Na maioria das vezes, a doença é autolimitada, 
durando aproximadamente de quatro a sete dias. 
 Febre baixa (≤38,5°C) ou ausente, exantema 
(geralmente pruriginoso e maculopapular 
craniocaudal) de início precoce, conjuntivite não 
purulenta, artralgia, edema periarticular, cefaleia, 
linfonodomegalia, astenia e mialgia. 
CONFIRMAÇÃO LABORATORIAL: 
 Sorologia: 
 IgM: a partir do 7º dia do início dos sintomas. 
 IgG: a partir do 15° dia do início dos sintomas. 
 RT-PCR: 
 Soro: até o 5º dia do início dos sintomas. 
 Urina: até o 15º dia do início dos sintomas. 
SÍNDROME CONGÊNITA ASSOCIADA À 
INFECÇÃO PELO VÍRUS ZIKA: 
 A SCZ compreende um conjunto de sinais e 
sintomas apresentados por conceptos que foram 
expostos à infecção pelo ZIKV durante a 
gestação, que pode comprometer o crescimento 
e o desenvolvimento neurocognitivo, motor, 
sensorial e odontológico, e levar a incapacidades 
ou à morte. 
 A SCZ é caracterizada por um conjunto de sinais 
e sintomas, e um dos principais sinais clínicos é 
a microcefalia - caracterizada pelo perímetro 
cefálico (PC) com medida inferior a -2 desvios-
padrão abaixo da média específica para o sexo e 
a idade gestacional de acordo com curvas de 
referência: Intergrowth (pré-termos até 64 
semanas de idade gestacional corrigida) e OMS 
(termo e pós-termo) 
 Os RN de mães infectadas pelo vírus Zika 
durante a gestação, mesmo sem microcefalia ou 
a apresentação de artrogripose ou malformações 
craniofaciais, devem ser acompanhados para 
detectar/investigar sinais de anormalidades do 
desenvolvimento neuropsicomotor 
 Deve-se avaliar dificuldades de alimentação, 
audição ou problema de visão, crescimento da 
cabeça não compatível com a idade. 
 Caso sejam detectadas alterações, a criança 
deve ser encaminhada para o acompanhamento 
adequado. 
 Outras manifestações: CIUR, convulsões, atraso 
no neurodesenvolvimento, deficiência intelectual, 
problemas motores e de equilíbrio, dificuldades 
para engolir, deficiência auditiva, problemas de 
visão, distúrbios endócrinos, limitação do 
movimento de articulações maiores 
(artrogripose) e dos dedos da mão 
(camptodactilia), alterações do tônus muscular. 
Atenção Primária à Saúde – Amanda Longo Louzada 
2 INFECÇÃO POR ZIKA VÍRUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
COMO MEDIA A CIRCUNFERÊNCIA 
CRANINA\PERÍMETRO CEFÁLICO: 
 Utilize uma fita métrica inelástica. Coloque sobre 
o ponto mais proeminente da parte posterior do 
crânio (occipital) e sobre as sombrancelhas. 
 Se houver alguma proeminência frontal e for 
assimétrica, a fita métrica deve ser passada 
sobre a região mais proeminente. 
PRINCIPAIS ACHADOS CLÍNICOS E DE IMAGEM: 
 Alterações do Sistema Nervoso: 
 Microencefalia\microcefalia 
 Alterações de fossa posterior: dismorfismo de 
vermis cerebelar 
 Ventriculomegalia 
 Hidrocafelia 
 Calcificações cerebrais disseminadas 
 Disgenesia de corpo caloso 
 Esquizencefalia\porencefalia 
 Hipoplasia de córtex 
 Lisencefatia 
 Dismorfias Craniofaciais: 
 Desproporção craniofacial 
 Face plana 
 Microftalmia 
 Retrognatia 
 Occipital proeminente 
 Hipotireoidismo 
 Redundância de pele no couro cabeludo 
 Outras Alterações: 
 Alteração do volume amniótico (polidrâmnio) 
 Retardo do crescimento intrauterino 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
 Síndrome febril: enteroviroses, influenza e outras 
viroses respiratórias, hepatites virais, malária, 
febre tifoide, outras arboviroses. 
 Síndrome exantemática febril: rubéola, sarampo, 
escarlatina, eritema infeccioso, exantema súbito, 
enteroviroses, mononucleose infecciosa, 
parvovirose, citomegalovirose, mayaro, doença 
de Kawasaki. 
 Síndrome hemorrágica febril: hantavirose, febre 
amarela, leptospirose, malária grave, 
riquetsioses e púrpuras. 
 Síndrome dolorosa abdominal: apendicite, 
obstrução intestinal, abscesso hepático, abdome 
agudo, pneumonia, infecção urinária, colecistite 
aguda. 
 Síndrome do choque: meningococcemia, 
septicemia, meningite por influenza tipo B, febre 
purpúrica brasileira, síndrome do choque tóxico e 
choque cardiogênico (miocardites). 
 Síndrome meníngea: meningites virais, 
meningite bacteriana e encefalite.

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