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Prevenção do Suicídio em Crianças e Adolescentes

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Ana P���a ���b��a M��t��� 6º pe�íod� M��i��n�
SUICÍDIO - TENTATIVA DE AUTOEXTERMÍNIO
As pessoas em risco de suicídio estão passando, quase invariavelmente, por uma situação de crise
que pode alterar a sua percepção da realidade, interferindo em seu livre arbítrio. O
acompanhamento em saúde e o tratamento de um transtorno mental, quando presente, são pilares
fundamentais na prevenção do suicídio.
A pessoa muitas vezes não deseja a morte, mas uma saída para o seu sofrimento. Por isso, acesso
a suporte emocional no momento certo pode prevenir o suicídio. A maioria das pessoas que tentam
o suicídio fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte das pessoas que tiram a própria
vida expressou, em dias ou semanas anteriores ao suicídio, seu desejo de se matar.
Uma tentativa prévia é o principal fator de risco para o suicídio. Um dos períodos mais críticos é
quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no
hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta hospitalar é um período
durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada.
Muitas pessoas vivendo com transtorno mental não são afetadas por comportamento suicida. E nem
todas as pessoas que tiram as suas vidas têm transtorno mental. Comportamento suicida indica
profundo sofrimento, mas não necessariamente transtorno mental
CONCEITOS
Violência autoprovocada: Compreende ideação suicida, autoagressões, tentativa de suicídio e
suicídio consumado.
Ideação suicida: Quando o suicídio é visto como uma saída para uma situação de sofrimento. Pode
abrir as portas para um plano de suicídio. No caso de crianças e adolescentes, isso pode acontecer
quando há uma depressão grave com baixa auto-estima, humor deprimido, incapacidade de ver que
sua situação pode melhorar, sentimento de que não há motivos para viver ou nenhuma chance de
ser feliz.
Autoagressão: Qualquer ato intencional de automutilação (com faca, aparelho de barbear, caco de
vidro, etc) ou outras formas de causar dano a si mesmo (como queimar-se com cigarro), sem
intenção de morte. Por vezes, crianças e adolescentes relatam que se autoagridem com o objetivo
de controlar e/ou aliviar uma dor emocional.
Tentativa de suicídio: Quando o indivíduo se autoagride com a intenção de tirar a própria vida,
utilizando um meio que acredite ser letal, sem resultar em óbito. Suicídio Ato deliberado de tirar a
própria vida, com desfecho fatal.
FATORES DE RISCO: Fatores que podem aumentar o risco de autoagressão ou tentativa de suicídio
em crianças e adolescentes:
- História de tentativas de suicídio ou autoagressão (por ex., automutilação);
- Histórico de transtorno mental
- Bullying;
- Situação atual ou anterior de violência intra ou extrafamiliar;
- História de abuso sexual;
- Suicídio(s) na família;
- Baixa autoestima;
- Uso de álcool e outras drogas;
- Populações que estão mais vulneráveis a pressões sociais e discriminação, tais como:
LGBTI+, indígenas, negros(as), situação de rua, etc.
SINAIS DE ALERTA PARA O COMPORTAMENTO SUICIDA
- Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança;
- Expressão de ideias ou de intenções suicidas;
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- Diminuição ou ausência de autocuidado; Mudanças na alimentação e/ ou hábitos de sono;
- Uso abusivo de drogas/álcool;
- Alterações nos níveis de atividade ou de humor;
- Crescente isolamento de amigos/família;
- Diminuição do rendimento escolar;
- Autoagressão: — Mudanças no vestuário para cobrir partes do corpo, por exemplo, vestindo
blusas de manga comprida; — Relutância em participar de atividades físicas anteriormente
apreciadas, particularmente aquelas que envolvem o uso de shorts ou roupas de banho, por
exemplo.
A partir dos sinais de alerta e fatores de risco pode-se traçar o perfil do paciente e seu risco:
Risco Baixo: Autoagressão (por ex., automutilação); Ideação suicida sem plano; Sem histórico de
tentativa.
Risco Médio: Ideação suicida frequente e persistente, sem plano; Com ou sem autoagressão (por
ex., automutilação); Histórico de tentativa; Ausência de impulsividade ou abuso/dependência de
álcool ou outras drogas.
Risco Alto: Ideação suicida frequente e persistente com plano, ameaça ou tentativa; Histórico de
tentativa; Fatores agravantes (impulsividade, rigidez no propósito, desespero, delirium, alucinações,
abuso/ dependência de álcool ou outras drogas).
CONDUTA CONFORME RISCO
Risco baixo: Acolher e encaminhar o usuário para a Unidade Básica de Saúde/ eSF do território,
oferecendo apoio matricial à equipe.
Risco médio: Oferecer apoio emocional, trabalhando sobre os sentimentos que motivam os
pensamentos suicidas. Além de focar na ambivalência do desejo e explorar alternativas, chamar um
familiar/responsável e contratualizar (acordo de não efetivar o suicídio). Sempre mantendo encontros
regulares.
Risco alto: Oferecer apoio emocional, nunca deixar a pessoa sozinha, remover meios de suicídio.
Além de chamar familiar/responsável, trabalhar sobre os sentimentos suicidas
(motivação/pensamentos), contratualizar (acordo de não efetivar o suicídio), encaminhar ao serviço
de referência de urgência e emergência (pronto atendimento hospitalar, SAMU, UPA, etc.) e manter
contato regular.
ATENÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA (Pronto atendimento hospitalar SAMU/UPA)
Checar precocemente à pessoa em situação de risco, garantir atendimento e/ou transporte
adequado para um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao SUS e garantir a
assistência 24 horas para posterior encaminhamento à rede de atenção.
Lembre:
1- Você deve ter tempo para explicar à criança ou adolescente a razão do encaminhamento;
2- Esclareça à criança ou adolescente que o encaminhamento não significa que está lavando as
mãos em relação ao problema;
3- Mantenha contato periódico e acompanhe a criança ou adolescente após o encaminhamento;
4- Tente obter uma contrarreferência do atendimento;
5- Numa situação de risco, nunca agende um atendimento para depois;
6- A família pode ser o maior aliado do profissional fornecendo informações importantes para
compreensão do caso, assim como formando uma aliança com o profissional para os cuidados com
o paciente
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PACIENTE QUE DÁ ENTRADA EM PRONTO SOCORRO APÓS TENTATIVA DE SUICÍDIO
Todo paciente atendido por uma tentativa de suicídio deve ser avaliado pelo psiquiatra. O médico
plantonista do pronto-Socorro é o responsável pela solicitação da avaliação psiquiátrica.
Caso a tentativa de suicídio tenha ocorrido por intoxicação exógena, o médico plantonista do Pronto
Socorro busca identificar a substância em questão, e em seguida, deve entrar em contato com o
Centro de Atendimento Toxicológico (CEATOX). O CEATOX fornece orientações específicas de
manejo de acordo com o tipo de substância usada pelo paciente. Informações sobre o uso de
antídotos também podem ser encontradas no site: Contato pelo telefone 0800-0148110.
De acordo com a avaliação clínica, o médico plantonista indicará a internação no HCor para os
pacientes que apresentem alguma condição clínica subjacente à tentativa de suicídio (seja
decorrente da tentativa ou não) que necessite de acompanhamento clínico sob regime de internação
hospitalar. Nestes casos, o médico do P.S. solicita a internação e deve notificar o SCIH para que o
mesmo realize a notificação compulsória aos órgãos competentes. O paciente deverá continuar
acompanhado pelo psiquiatra após a internação, no caso do mesmo/família aceitar e no momento
da alta clínica, o psiquiatra também deverá dar o encaminhamento adequado para o caso:
internação psiquiátrica ou acompanhamento psiquiátrico ambulatorial.
Nos casos em que houver indicação de internação no HCor, a equipe de psicologia deverá ser
acionada pela enfermagem do andar que receber o paciente.
Os pacientes que não tenham indicação clínica para internação no HCor, receberão alta clínica e o
encaminhamento psiquiátrico é determinado pelo psiquiatra que avaliou o caso (ou para uma
internação ou para casa e acompanhamentoambulatorial).
O encaminhamento psiquiátrico adequado do paciente leva em consideração a avaliação
psiquiátrica e o risco de nova tentativa de suicídio, além do suporte familiar e social do paciente.
Este encaminhamento poderá ser:
- Transferência do paciente para uma instituição de internação psiquiátrica, com anuência da
família e/ou do paciente;
- Transferência do paciente para uma instituição de internação psiquiátrica com pedido de
internação involuntária em virtude de grave risco de suicídio, discordância do paciente sobre a
internação e ausência de familiar que se responsabilize pela internação do mesmo.
- Alta psiquiátrica para a residência com indicação de seguimento ambulatorial e orientações a
familiares e pacientes.
Observações:
1- Em todos os casos descritos, as razões que pautaram o encaminhamento psiquiátrico deverão
estar descritas no prontuário do paciente.
2- Para a descrição das razões deve-se utilizar o CID 10, considerando os capítulos do CID X60-X84
- Lesões autoprovocadas intencionalmente.
3- As condutas devem ser partilhadas entre as equipes médicas e ter a ciência e anuência do
médico responsável pelo paciente.
4- Notificar SCIH somente se o paciente ficar internado no HCor. Caso este evento ocorra em finais
de semana, notificar SCIH pela caixa postal 1133 para ciência da secretária.
PACIENTE QUE APRESENTA IDEAÇÃO SUICIDA: A presença de ideação suicida entre pacientes
hospitalizados é um indicador sensível de transtornos mentais e, uma vez identificada, deve ser
avaliada de forma cuidadosa para que o paciente possa receber os cuidados adequados. A equipe
multiprofissional deve estar atenta a falas do paciente e de familiares que possam indicar a presença
de ideação suicida, e na ocorrência destas, procurar abordar o tema de forma empática e objetiva,
sem medo de conversar com o paciente sobre o assunto.
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Ao identificar a presença de ideação suicida, a equipe multiprofissional deverá acionar o Serviço de
Psicologia. Após avaliação da Psicologia, a mesma verificará a necessidade de avaliação
psiquiátrica e fará a solicitação se identificar a mesma como necessária (o médico do paciente deve
ser comunicado da necessidade). Esta é uma decisão institucional. Caso não seja necessário
chamar o psiquiatra no momento o Serviço de Psicologia dará continuidade ao atendimento. Em
todos os casos: (condutas necessárias – ter um local apropriado e seguro para o paciente).
REFERÊNCIA: Compêndio de Psiquiatria, Kaplan e Sadock, 11º edição.

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