Prévia do material em texto
Constituindo o Sujeito da Educação Especial 2 2.1 A Educação Especial e os sujeitos com deficiência 2.2 Falar de Inclusão... falar de que sujeitos? 2.3 Processos de inclusão/exclusão 36 41 45 EDUCAÇÃO INCLUSIVA 34 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. OLÁ ALUNO, OLÁ ALUNA! Iniciaremos agora uma nova unidade de estudos. Nela discutiremos sobre quem são os sujeitos envolvidos na Educação Especial. Aqui, quero abrir um parêntese: A EDUCAÇÃO ESPECIAL É PARTE INTEGRANTE DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA. E nela estão inseridos àqueles sujeitos que possuem deficiências sejam estas de ordem física, sensorial ou mental. Mas antes de começarmos quero falar diretamente com você! 01_VOCÊ TEM ESTUDADO REGULARMENTE? 02_VOCÊ TEM SE DEDICADO NA MEDIDA DE SUA ORGANIZAÇÃO E POSSIBILIDADES? 03_VOCÊ SE JULGA UM BOM ALUNO? Veja o post a seguir e avalie sua condição de pesquisador e estudante. É importante que você tenha sempre como alvo o seu sucesso em cada área de conhecimento e por consequência sua valorização profissional. Reflita e reveja seus valores quanto ao processo que tem vivido na aca- demia. O QUE FAZ O BOM ALUNO » Participa das Atividades Propostas. » Se interessa pelo Programa do Ano. » Presta atenção nos professores e nos colegas. » Pergunta quando tem dúvida. » Pesquisa os temas propostos em classe por conta própria. » Traz novos temas para discutir em classe. » Frequenta Bibliotecas e empresta livros. » Ajuda quem tem mais dificuldade. » Respeita a equipe de educadores. » Conversa sempre sobre a escola com os pais. EDUCAÇÃO INCLUSIVA 35 M aterial p ara u so exclu sivo d os alu n os d a R ed e d e E n sin o D octu m . P roib id a a rep rod u ção e o com p artilh am en to d ig ital, sob as p en as d a lei. Iniciamos dizendo que a Educação Inclusiva é um processo e não uma disciplina. E que a Educa- ção Especial faz parte deste processo. Disto, podemos considerar que a Educação Inclusiva é um processo que a participação de todos os estudantessem distinguir - condições físicas, mentais, sociais, de raça, cor ou credo – nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestru- turação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respon- dam à diversidade dos alunos. Portanto, trata-se de uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos. De acordo com o Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento (InternationalDisabilityandDevelopment Consortium – IDDC) sobre a Educação Inclusiva, um sis- tema educacional só pode ser considerado inclusivo quando abrange a definição ampla deste conceito, nos seguintes termos: 01_Reconhece que todas as crianças podem aprender; 02_Reconhece e respeita diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia, língua, deficiência/inabilida- de, classe social, estado de saúde (i.e. HIV, TB, hemofilia, Hidrocefalia ou qualquer outra condição); 03_Permite que as estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendam às necessidades de todas as crianças; 04_Faz parte de uma estratégia mais abrangente de promover uma sociedade inclusiva; 05_É um processo dinâmico que está em evolução constante; 06_Não deve ser restrito ou limitado por salas de aula numerosas nem por falta de recursos ma- teriais. No entanto nossa atenção nesta unidade estará no sujeito que de alguma forma possui uma limitação e que por isso é preciso uma Educação Especial para melhor compreender, aceitar, respeitar... incluir. EDUCAÇÃO INCLUSIVA 36 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 2.1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS SUJEITOS COM DEFICIÊNCIA É muito comum quando nos referimos ao deficiente dizermos “pessoa ou criança portadora de necessidades especiais”. Essa expressão surgiu da intenção de tornar menos negativa a terminologia adotada para dis- tinguir os indivíduos em suas singularidades por apresentarem limitações físicas, motoras, sen- soriais, cognitivas, linguísticas ou ainda síndromes variadas, altas habilidades, condutas típicas, entre outros. Anterior à década de 80, era comum chamá-los de excepcionais. Assim, as manifestações de cer- tas características, peculiaridades ou diferenças individuais inspiraram a denominação corrente de pessoas com necessidades especiais para designar o que antes era concebido como grupos ou categorias de indivíduos excepcionais. EDUCAÇÃO INCLUSIVA 37 M aterial p ara u so exclu sivo d os alu n os d a R ed e d e E n sin o D octu m . P roib id a a rep rod u ção e o com p artilh am en to d ig ital, sob as p en as d a lei. Sua aplicação e abrangência se deu no sentido de que ao nos referir a um sujeito cego, este apre- senta uma necessidade considerada especial, pois a maioria das pessoas não necessitam dos recursos e ferramentas por eles utilizados para ter acesso à leitura, à escrita e para se deslocar de um lado para outro, em sua rotina. Essas pessoas necessitam, por exemplo, do sistema braille, de livros sonoros, de ledores, de softwares com síntese de voz, de bengalas, cães-guia ou guias hu- manos. O mesmo raciocínio se aplica às pessoas que necessitam de muletas, cadeiras de rodas ou andadores para sua locomoção. Da mesma forma, os surdos valem-se da linguagem gestual e da experiência visual em sua comunicação. Existem também aqueles que necessitam de cui- dados especiais para a alimentação, o vestuário, a higiene pessoal e outros hábitos ou atividades rotineiras. O que trouxe a discussão a revisão da forma de tratamento ao deficiente, foram as especificida- des de cada sujeito com relação ao seu processo de desenvolvimento, sendo que estas podem ser temporárias ou permanentes. Assim, houve um grande movimento em prol dos direitos da pes- soa deficiente (como vimos na unidade anteriormente estudada), em contraposição ao enfoque assistencial e terapêutico da nomenclatura preponderante. Nesse contexto, a expressão “alunos ou crianças excepcionais” foi substituída por “crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais” e ratificada internacionalmente na Declara- ção de Salamanca. No Brasil, em 1986, o MEC já adotava tal designação que passou a figurar como portadores de necessidades educacionais especiais-PNEE na Política Nacional de Educação Especial (SEESP/ MEC/1994), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, Lei n. 9.394/96) e, final- mente, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação especial (MEC/2001). Posteriormente, a classificação genérica portadores de necessidades especiais passou a englobar essas e outras categorias. As incessantes indagações inspiram novas proposições como é o caso, por exemplo, da denominação Portadores de Direitos Especiais - PODE - proposta por Frei Beto. Mas as ressalvas e sutilezas continuam, pois, o termo portadores decaiu na armadilha do léxico que aprisiona o sujeito ao desconforto de portar ou carregar deficiências, necessidades ou direitos. Em 2010, o Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência definiu através da portaria 2.344, pu- blicada no mês de novembro,buscou tratar e definir qual o termo correto para o tratamento das EDUCAÇÃO INCLUSIVA 38 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. pessoas com necessidades especiais. Desdeentão, por lei, elas devem ser tratadas como Pessoa com Deficiência (PcD).Sendo retirado oficialmente do termo a palavra “portador”. A publicação do decreto aconteceu no Diário Oficial da União no dia 5 de novembro. Todavia, a literatura e a mídia, bem como a própria escola, por força da difusão e aceitabilidade da ter- minologia “necessidade especial” ou “portador de...”, ainda persiste na vanguarda do século passado. Para Telford eSawrey (1978), revisar a forma de conceituar e agrupar tais casos específicos, perpas- sa por uma condição em torna-la ao passo que científica, aceitável do ponto de vista qualitativo. A tendência atual é empregar termos menos estigmatizantes, mais gentis e menos carregados emocionalmente, em substituição aos mais antigos, que adquiriram conotações de desamparo e desesperança. [...] Embora a redenominação de antigas categorias reflita em parte as concepções cambiantes e a maior precisão na definição e classificação, ela é antes um reflexo de nossa ênfase cultural na crença democrática de que todas as pessoas nascem iguais e de nossa tentativa de evitar as conotações de inferioridade intrínseca que eventualmente se acrescentam aos termos empregados com referência a grupos de pessoas percebidas como de- ficientes. Embora os rótulos sejam necessários para alguns fins, há uma tendência a utilizá-los tão pouco quanto possível, em vista dos estigmas associados a muitos deles [...]" (apud ROSSMAN, 1973). O que parece algo inofensivo, o uso indiscriminado desses termos, nas escolas, pode gerar con- sequências negativas quando um aluno ou um grupo de alunos são apontados como especiais e passam a ser tratados como um problema para a escola. Há aqueles que também utilizam o “descaso”, ignorando toda e qualquer discussão ou conceitu- ação. O que não diminui o risco, pois em contraponto esta postura não contribui em nada com o sucesso do aluno. Convém lembrar as recomendações de Mazzotta (2001) quanto ao perigo das generalizações, dos construtos arbitrários e abstratos que resultam em práticas e entendimentos equivocados. A " " EDUCAÇÃO INCLUSIVA 39 M aterial p ara u so exclu sivo d os alu n os d a R ed e d e E n sin o D octu m . P roib id a a rep rod u ção e o com p artilh am en to d ig ital, sob as p en as d a lei. terminologia não escapa ao descontentamento daqueles que encaram tal generalização como meras tentativas de encobrir, negar ou descaracterizar as especificidades das várias deficiências. Independentemente é fato de que estas expressões não deveriam ser utilizadas para classificar, discriminar, rotular ou incentivar a disseminação de ideias preconceituosas e pejorativas. Daí a importância em discutirmos os termos como forma de mantermos vivo o movimento que nasceu de uma discussão terminológica conceitual e que resultou no processo de construção mundial de políticas públicas em vias de inclusão por meio da desconfiança e diversos posicionamentos quando se trata de se estabelecer categorias ou de classificar o ser humano. Assim, valer-se da terminologia correta, longe de ser apensas conceitual, etimológica ou ortográ- fica, é uma questão de inclusão social, respeito, superação de preconceito e estereótipos. Cada vez que utilizamos o novo conceito, apresentamos à sociedade o movimento que se faz em prol dos processos inclusivos, nisso reside a apropriação dos novos termos para designar as pessoas com deficiência: lembrar a todos, nosso compromisso e respeito para com o próximo. Apenas a título de elucidação bem como adotar a terminologia correta para utilização em proje- tos, divulgações e demais ações educativas e culturais que você venha a participar, veja algumas formas corretas de utilização das seguintes nomenclaturas a serem adotadas: PORTADOR DE DEFICIÊNCIA, PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS TERMO CORRETO: PESSOA COM DEFICIÊNCIA. Não se utiliza o termo portador de deficiência, visto que a pessoa não porta uma deficiência, ela TEM uma deficiência. Jamais utilizar: incapacitado, aleijado, defeituoso, inválido. O termo por- tador de necessidades especiais é utilizado tanto para pessoas que tem deficiência como para pessoas sem deficiência, assim não é correto utiliza-lo quando se refere à pessoa com deficiência. SIGLA CORRETA: PcD – Pessoa com Deficiência. DEFICIENTE MENTAL, RETARDADO MENTAL TERMO CORRETO: PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL. PESSOA NORMAL TERMO CORRETO: PESSOA SEM DEFICIÊNCIA OU PESSOA NÃO-DEFICIENTE Ex.:A inscrição nas atividades será para pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência. EDUCAÇÃO INCLUSIVA 40 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. DEFEITUOSO FÍSICO TERMO CORRETO: PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA. CLASSE NORMAL / ESCOLA NORMAL TERMO CORRETO: CLASSE COMUM, CLASSE REGULAR / ESCOLA COMUM, ESCOLA REGULAR. CRIANÇAS EXCEPCIONAIS TERMO CORRETO: CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA. LIBRAS - LINGUAGEM BRASILEIRA DE SINAIS TERMO CORRETO: LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS. Trata-se de uma língua e não de uma linguagem. NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS TERMO CORRETO: NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS. PESSOA PRESA [CONFINADA, CONDENADA] A UMA CADEIRA DE RODAS TERMOS CORRETOS: PESSOA EM CADEIRA DE RODAS; PESSOA QUE ANDA EM CADEIRA DE RODAS; PESSOA QUE USA CADEIRA DE RODAS. Os termos, presa, confinada e condenada provocam sentimentos de piedade. No contexto colo- quial é correto o uso do termo cadeirante. É importante dizer que ao nos referirmos a uma pessoa, nunca devemos utilizar uma sigla, pois desta forma estaríamos mais uma vez estigmatizando o processo. Siglas são utilizadas em textos ou contextos que necessitem abreviação. Lembre-se disso! Assim, a educação inclusiva apoia os deficientes numa educação especial. Sendo a Educação Especial um ramo da Educação que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas defi- cientes, ou seja, de pessoas com necessidades educativas especiais. A EDUCAÇÃO ESPECIAL é uma educação organizada para atender especifica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais em que algumas escolas se dedicam apenas a EDUCAÇÃO INCLUSIVA 41 M aterial p ara u so exclu sivo d os alu n os d a R ed e d e E n sin o D octu m . P roib id a a rep rod u ção e o com p artilh am en to d ig ital, sob as p en as d a lei. um tipo de necessidade, enquanto que outras se dedicam a várias. O ENSINO ESPECIAL é mais frequente em instituições destinadas a acolher deficientes, isto tem sido alvo de críticas, por não promoverem o convívio entre as crianças deficientes e as restantes crianças. No entanto, é necessário admitir que a escola regular nem sempre consegue oferecer uma resposta capaz de atender as diversas necessidades destas crianças. A EDUCAÇÃO ESPECIAL lida com fenômenos de ensino e aprendizagens diferentes dos traba- lhados pela Escola Regular, sendo vários os profissionais que podem/devem trabalhar na educa- ção especial, como por exemplo: 01_O Educador Físico; 02_Professor; 03_Psicólogo; 04_Fisioterapeuta; 05_Terapeuta Ocupacional, entre outros. Mais adiante abordaremos o papel ou papéis da equipe inter ou multidisciplinar no atendimento à criança deficiente. Em nosso texto base desta semana, os portugueses Isabel Sanches e António Theodoro , em seu artigo “Da integração à inclusão escolar”, discutem histórica e filosoficamente estes conceitos, partindo da procura de respostas para as situações de deficiência à necessidade de promover o sucesso para todos os alunos da escola, um longo e difícil caminho está a ser percorrido, com perspectivas e tomadas de posição controversas. Buscando expressa bem a urgência do combate à exclusão ea necessidade de serem criadas disponibilidades e condições de operacionalizaçãodainclusão social e escolar. 2.2 FALAR DE INCLUSÃO... FALAR DE QUE SUJEITOS? “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele” (Carl Rogers). " " EDUCAÇÃO INCLUSIVA 42 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. A incorporação da terminologia “Necessidades Educacionais Especiais” no sistema escolar pro- vocou um novo sentido nas possibilidades da educação especial. Isso sem dúvida por carregar a responsabilidade de esvaziar a suposta negatividade do termo “portadores de deficiências”. Além do que, essa discussão trouxe à tona considerar os direitos do deficiente ampliando ainda mais as condições e obrigatoriedade dos serviços de apoio especializado. Uma destas conquistas em ressignificar o termo no Brasil foi a construção dos Parâmetros Curri- culares Nacionais para a Educação Especial (SEESP/MEC, BRASIL, 2001) e o conceito nele trabalha- do que se configura em uma expressão que pode ser utilizada para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender. Ou seja, na política educacional brasileira, o termo não está associado a apenas àqueles que possuem deficiência ou deficiências, mas sim, a toda e qualquer dificuldade de aprendizagem. Abre-se então, um leque de possibilidades ao processo educacional. O que foi ratificado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que a partir do Plano Nacional de Educação (PNE) e Pacto Interfederativo, elege como princípios a equidade na educação e a igualdade, como foco estraté- gico na aprendizagem. Outro motivador foi a Lei 13.146/2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão de Pessoa com Defici- ência. A estes princípios, vale dizer que a Escola precisa estar aberta à pluralidade e à diversidade, reafirmar seu compromisso de reverter a situação de exclusão histórica e a favorecer a igualdade de oportunidades para ingressar, permanecer e aprender na escola, por meio do estabelecimen- to de um patamar de aprendizagem e desenvolvimento a que todos têm direito. EDUCAÇÃO INCLUSIVA 43 M aterial p ara u so exclu sivo d os alu n os d a R ed e d e E n sin o D octu m . P roib id a a rep rod u ção e o com p artilh am en to d ig ital, sob as p en as d a lei. Ao mesmo tempo, as necessidades especiais são caracterizadas como manifestações decorren- tes de dificuldades de aprendizagem, de limitações no processo de desenvolvimento com com- prometimento do desempenho escolar, de dificuldades de comunicação e sinalização, de altas habilidades ou superdotação. A extensão do termo é tão ampla que se torna difícil perceber quem não apresenta necessidades educacionais especiais. Ao analisar estas questões Mazzotta (2001) salienta que, Alunos e escolas são adjetivados de comuns ou especiais e em referência a uns e outras são definidas necessidades comuns ou especiais a partir de critérios arbitrariamente construídos por abstração, atendendo, muitas ve- zes, a deleites pessoais de "experts" ou, até mesmo, de espertos. Alertemo- -nos, também, para os grandes equívocos que cometemos quando gene- ralizamos nosso entendimento sobre uma situação particular [...]. Hoje, e provavelmente ainda por muitos anos do século XXI, as expressões Alunos Especiais e Escolas Especiais são empregadas com sentido genérico, via de regra, equivocado. Ignora-se, nestes casos, que todo aluno é especial e toda escola é especial em sua singularidade, em sua configuração natural ou física e histórico-social. Por outro lado, apresentam necessidades e res- postas comuns e especiais ou diferenciadas na defrontação dessas duas dimensões, no meio físico e social. É nesse contexto que os termos como deficientes, incapazes, retardados, excepcionais foram des- pidos de seu caráter pejorativo, consagrando-se a expressão “deficiente” para se referir a pessoas com limitações física, sensorial, mental ou múltipla. Na próxima unidade discutiremos sobre os processos que envolvem a Educação Inclusiva e a Educação Especial. Prepare-se! A partir de agora daremos um salto da teoria para as práticas de educação. Para seu aprofundamento de estudos, trouxemos nesta semana uma lista de leituras disponíveis online gratuitamente para que você possa saber e refletir ainda mais sobre a temática abordada. Mergulhe nessa ideia e descubra novos horizontes no além-mar! " " EDUCAÇÃO INCLUSIVA 44 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Você que deseja se aprofundar ainda mais em nossa temática ou quer apenas conhecer mais sobre esse assunto tão importante para uma boa convivência acadêmica, pode fazê-lo baixando os livros gratuitamente para ler quando e onde quiser. São 05 opções, veja só: 01_ “O PROFESSOR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: FORMAÇÃO, PRÁTICAS E LUGARES” – MIRAN- DA, T. G.; GALVÃO FILHO, T. A. (Org.). 02_“PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA” – GALVÃO FILHO, T. A., GARCIA, J. C. D. 03_“AS TECNOLOGIAS NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS” – GIROTO, C. R. M.; POKER, R. B.; OMOTE, S.. (Org.). 04_“EDUCAÇÃO INCLUSIVA, DEFICIÊNCIA E CONTEXTO SOCIAL: QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS” – GALVÃO, N. C. S. S.; MIRANDA, T. G.; BORDAS, M. A.; DIAZ, F (Org.). 05_“ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR” – PIMENTEL, S. C. (Org.). EDUCAÇÃO INCLUSIVA 45 M aterial p ara u so exclu sivo d os alu n os d a R ed e d e E n sin o D octu m . P roib id a a rep rod u ção e o com p artilh am en to d ig ital, sob as p en as d a lei. 2.3 PROCESSOS DE INCLUSÃO/EXCLUSÃO O contexto escolar é um ambiente estimulador para várias aprendizagens por apresentar ele- mentos que influenciam favoravelmente no desenvolvimento dos alunos. Dentre esses elementos destacamos a importância do professor, no processo de ensino e apren- dizagem e do grupo de alunos, enquanto participantes ativos nos processos de construção do conhecimento. Em nosso texto base desta semana você encontrará os argumentos e fundamentos acerca do processo de inclusão. Trata-se do capítulo 2 do Documento Subsidiário à Política de Inclusão, ins- tituído pelo Ministério da Educação (MEC) que busca a compreensão da inclusão como processo que não se restringe à relação professor-aluno, mas que seja concebido como um princípio de educação para todos e valorização das diferenças que envolve toda a comunidade escolar. O ponto de partida do texto é a figura do Educador e sua concepção de Educação Inclusiva. É fato de que os professores não se sentem preparados para atuarem em salas heterogêneas, no que resulta seu receio em receber em suas salas de aula alunos com deficiência. No entanto, é sua res- ponsabilidade a regência da sala de aula e, portanto, das crianças com deficiência que dela fazem parte. E isso requer do profissional da educação uma atitude sempre proativa no que concerne todas as relações vivenciadas no contexto escolar. Não me refiro a uma visão de conduta proativa meramente legal ou imposta. Mas, que nasça do reconhecimento do valor humano em prol de seus direitos e como oposição a segmentação e/ ou exclusão do sujeito. São estas ações que impulsionaram e impulsionam os debates mais que necessários e que refletem diuturnamente nas mudanças necessárias ao sistema educacional inclusivo. Somente assim, faremos valer os princípios da equidade e da qualidade resvalado pela Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Para isso, é necessário e de fundamental importância que o professor perceba e conceba seu papel educativo como forma de refletir sobre sua prática pedagógica, buscandoadequar as fer- ramentas didático-metodológicas face do processo de inclusão. Nesta perspectiva, é preciso um outro olhar para o aluno, percebendo-o como sujeito singular, com trajetória única, história pró- pria que antecedem o contexto escolar e que denotam seus conhecimentos prévios construídos com base nas relações sociais anteriores. Com essa atitude, certamente, o professor se transfor- EDUCAÇÃO INCLUSIVA 46 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. mará em um ator ímpar nos processos de aprendizagem. Na verdade, ao olharmos para um sujeito que apresente uma característica diferente ou até mes- mo uma deficiência, acreditamos ver suas impossibilidades, seus limites. No entanto, são os nos- sos limites que estão postos na diferença. São as nossas impossibilidades e que muito das vezes nos impelem a compreender e a aceitar o outro. É preciso perceber que o limite posto é algo meramente aparente e que não há impossibilidade de aprendizagens e desenvolvimento. Pois, junto com o suposto “defeito” por nós atribuído, vem a “compensação”, o que corresponde a dizer em uma força interna e biológica que torna o aluno eficiente antes a(s) sua(s) limitação(ões). Por isso, para além dos princípios ético profissionais, cumpre ao docente rever suas concepções, re- conhecer suas limitações; refletir e analisar os sentidos de seu fazer pedagógico, sua formação, pen- sando em atuar de forma realmente efetiva nessa escola que está para todos. Somente assim será possível promover uma educação de qualidade sem perder de vista a heterogeneidade do grupo. É claro que esta ação não deve, e sequer foi intenção nossa, ser isolada. Ao referirmos à atuação do professor, pressupomos uma ação conjunta, com envolvimento de toda a comunidade educa- tiva, da escola. Não só de pessoas inclusivas, mas também de um espaço inclusivo. Que disponha de recursos e meios que favoreçam ações estratégicas de apoio à equipe pedagógica. A sala de aula, dependendo de como o professor a conduz, poderá ser um ambiente rico; o “pro- blema” torna-se estímulo para o desenvolvimento, através da compensação social, criando-se condições para o “deficiente” apropriar-se da cultura. EDUCAÇÃO INCLUSIVA 47 M aterial p ara u so exclu sivo d os alu n os d a R ed e d e E n sin o D octu m . P roib id a a rep rod u ção e o com p artilh am en to d ig ital, sob as p en as d a lei. Nesse caso, devemos considerar as interações com o meio, com os recursos ou instrumentos ex- ternos que o sujeito utilizará para a compensação da deficiência. O professor deverá estar atento para não se prender às aparentes limitações do aluno, e compreender que as limitações podem estar na sua compreensão sobre a deficiência. Portanto, o professor deve conhecer seu aluno de forma integral, conhecendo as questões orgâni- cas, a história de vida do aluno, o contexto social em que está inserido, e dessa forma, verificar se está sendo possibilitado o processo de compensação e de aprendizagem. Isso significa acolhe-lo e não apenas delega-lo aos cuidados de um apoio ou abandonado no canto da sala de aula. No mergulho desta semana (curiosidades e aprofundamento de estudo), trazemos alguns des- portistas paraolímpicos e seus esportes adaptados. Essa é uma demonstração de como por de- trás da deficiência há uma grande massa de eficiência. Pois, muitos de nós não terminaríamos 50% do tempo de esforço físico do que um deles fazem. Ou mesmo teríamos sua percepção, ve- locidade, capacidade de raciocínio, leveza, sutileza... enfim, qualidades fruto do esforço pessoal e do investimento de pessoas (treinadores) que acreditaram neles. Ou seja, se o professor mediar de forma adequada, com recursos que busquem atender e a pos- sibilitar o acesso ao conhecimento, cada aluno terá seu desenvolvimento pleno. Uma vez que são capazes de se superarem, desde de que seja ofertado as condições necessárias certas. Por princí- pio, a aceitação do professor, seu investimento e conduta profissional. É claro que para que haja todo esse investimento, a escola precisa se tornar o palco destas ações, contemplando uma estrutura que abarque as possibilidades pedagógicas e de acessibilidade que favoreçam a atuação do professor. É necessária uma estrutura ambiente que favoreça o trabalho com a diversidade em seus mais variados grupos, valendo-se de cada história de vida e vivida, dando sentido a suas histórias e alavanco novos conhecimentos. É acreditar no potencial de cada aluno, considerando suas subjetividades e singularidades. Mas, ter apenas professores comprometidos e preparados não é o bastante. Para garantir uma escola inclusiva outras e mais condições são necessárias. Marchesi (2004) apresenta uma visão se- melhante ao comentar que criar escolas inclusivas requer muito mais que boas intenções, decla- rações e documentos oficiais, requer que a sociedade, escolas e professores tomem consciência das tensões e organizem condições para criação de escolas inclusivas de qualidade. Além disso, para este autor, a preparação do professor também se constitui condição necessária para o pro- EDUCAÇÃO INCLUSIVA 48 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. cesso de inclusão dos alunos com deficiência. “É muito difícil avançar no sentido das escolas in- clusivas se os professores em seu conjunto, e não apenas professores especialistas em educação especial, não adquirirem uma competência suficiente para ensinar todos os alunos” (MARCHESI, 2004, p. 44). E para isso, não basta apenas o esforço de um profissional isoladamente. É preciso aliarmos for- ças, contribuirmos com nossas sugestões, mediações, indagações... No processo de inclusão, todos precisam estar verdadeiramente engajados. Lembrando que se trata de um desafio posto à escola e seus profissionais. Mas que não é impossível. Pois, "Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade". Yoko Ono O conteúdo abordado até aqui terá continuidade na próxima semana devido estar umbilicalmen- te aos que serão tratados ainda na 6ª e 7ª semana respectivamente. É a escola fazendo a diferen- ça, ao se tornar diferente. Uma escola de possibilidades... Como tratamos nesta semana de possibilidade, apresentaremos a você alguns esportes que fa- zem parte das categorias paraolímpicas identificando suas características, competidor referência mundial e adequações necessárias. É uma verdadeira exclusão de letra. E para problematizar sua noção de inclusão/exclusão, diversidade, diferença, igualdade e defici- ência, nossa atividade avaliativa desta semana consiste em um questionário para que você apli- que seus conhecimentos construídos. EDUCAÇÃO INCLUSIVA 49 M aterial p ara u so exclu sivo d os alu n os d a R ed e d e E n sin o D octu m . P roib id a a rep rod u ção e o com p artilh am en to d ig ital, sob as p en as d a lei.