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M E T O D O LO G IA D O E N S IN O D E H A N D E B O L TH IA G O SO U SA M ATIA S Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-1002-3 9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 0 2 3 Código Logístico 59779 Metodologia do ensino de handebol Thiago Sousa Matias IESDE BRASIL 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Oleksandr Osipov/ KB_3 / SAVE ANIMALS AND NATURE /Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M38m Matias, Thiago Sousa nome autor Metodologia do ensino de handebol / Thiago Sousa Matias. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 106 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-65-5821-002-3 1. Handebol - Estudo e ensino. 2. Educação física - Estudo e ensino. I. Título. 20-68026 CDD: 796.312 CDU: 796.322 Thiago Sousa Matias Doutor e mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Licenciado em Educação Física pela mesma instituição. Pesquisador e professor universitário, ministrando a disciplina Teoria e Metodologia do Handebol. Autor de diversos artigos científicos nacionais e internacionais sobre esportes, atividade física, motivação e comportamento humano. Participou do quadro de árbitros da Confederação Brasileira de Handebol e foi técnico de equipes universitárias de handebol. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Dinâmicas estruturais do handebol 9 1.1 Caracterização do handebol 10 1.2 Estruturas funcionais do handebol 15 1.3 O papel do handebol na escola 19 1.4 Noções básicas de regulamentação 24 2 Histórico e evolução do handebol 29 2.1 Origem do handebol moderno 29 2.2 O handebol no Brasil 32 2.3 Handebol: evolução e contexto atual 34 3 Elementos estruturais do handebol 41 3.1 Fundamentos do handebol 41 3.2 Princípios técnicos e táticos (individuais e coletivos) dos sistemas defensivos 44 3.3 Princípios técnicos e táticos (individuais e coletivos) dos sistemas ofensivos 58 3.4 Princípios técnicos e táticos (individuais e coletivos) para a transição 61 4 Processos metodológicos para o ensino do handebol 65 4.1 As concepções de ensino e aprendizagem centradas na compreensão do jogo 65 4.2 Concepções teóricas e metodológicas para o ensino do handebol 70 4.3 Manifestações do handebol 78 5 O papel do professor e o planejamento 86 5.1 Abordagem pedagógica para motivações autodeterminadas 87 5.2 Concepções pedagógicas para a intervenção 92 5.3 Planejamento das aulas/treinos 100 Este livro tem como objetivo apresentar o handebol e as possibilidades pedagógicas para ensiná-lo em diferentes contextos (lazer, escola e programas de esportes), bem como dedica-se a entender a modalidade nas fases iniciais do processo de ensino, aprendizagem e treinamento. Esta obra tem o potencial para auxiliar acadêmicos, professores, profissionais de Educação Física e futuros treinadores a compreender as dinâmicas desse esporte, assim como perceber as abordagens metodológicas mais atuais para planejar e intervir no handebol. Desta forma, no primeiro capítulo, iremos compreender as características gerais, os princípios operacionais das diferentes fases do jogo e as dinâmicas estruturais do handebol. O capítulo permitirá que você conheça o jogo e como o handebol funciona. Em seguida, faremos uma viagem por meio da história do handebol no mundo e no Brasil. Observaremos como a história do mundo, principalmente a das guerras, dinamizou o handebol, passando pela legitimação no movimento olímpico e chegando ao contexto atual, além de algumas curiosidades sobre esse esporte. O terceiro capítulo é dedicado aos aspectos táticos e técnicos do handebol, tanto os individuais quando os coletivos. Nele você descobrirá exatamente o que os jogadores precisam saber no início do processo de ensino, aprendizagem e treinamento, assim como quais são os sistemas de jogo mais complexos que podem ser ensinados. Os capítulos finais são dedicados aos processos pedagógicos. No quarto capítulo, discutiremos as abordagens metodológicas para compreensão no ensino dos esportes; será possível perceber o porquê da utilização do jogo como componente pedagógico. Além disso, você descobrirá quais elementos pedagógicos devem ser considerados para planejar esses jogos pré-desportivos e como criar jogadores inteligentes, capazes de jogar, apreciar e manter o handebol APRESENTAÇÃO Vídeo ao longo da vida. As diferentes manifestações do handebol também aparecem aqui e surgem como novas possibilidades pedagógicas. Já no último capítulo, falaremos da abordagem autodeterminada para o ensino do esporte, o que é uma novidade na área. Trataremos dos processos de periodização e planejamento no handebol, levando em consideração as necessidades de aprendizado para cada uma das fases de treinamento e os sistemas complexos de periodização. Este livro visa apresentar possibilidades, despertar potencialidades e conduzir a formação profissional sob a luz de conhecimentos sólidos, metodologicamente coerentes e validados para a condução de aulas e treinos na iniciação ao handebol. Bons estudos! Dinâmicas estruturais do handebol 9 1 Dinâmicas estruturais do handebol Neste capítulo estudaremos as estruturas funcionais do handebol, as quais criam as formas de desenvolvimento do jogo. Trabalharemos com características que diferenciam o handebol de outros esportes coletivos de invasão. O contato físico é uma delas, como quando o jogador de defesa tem a permissão de tocar no atacante no momento em que estão em disputa de bola. Também discutiremos como o handebol manipula a cons- trução de sua estrutura tática e técnica e explora habilidades motoras fundamentais, como correr, saltar e lançar. Sua es- trutura o torna um esporte fácil de jogar, divertido de apren- der e complexo de dominar. Já sua dinâmica faz com que seja motivo de desejo e aprendizado de crianças e jovens e desafio de professores que desejam ensiná-lo. Por isso, este capítulo apresentará as bases teóricas e metodológicas para o ensino do handebol e a sua iniciação. Trataremos ainda das estruturas e dinâmicas funcio- nais do esporte. Conheceremos as características do jogo, as funções e os posicionamentos dos jogadores bem como as estruturas organizacionais de defesa, ataque e transição. Também entenderemos quais são os condicionantes iniciais para compreender o processo de ensino, aprendizagem e treinamento nos primeiros contatos do praticante com a mo- dalidade. Esperamos que ao final da leitura do capítulo você seja capaz de compreender como o handebol é um esporte psicologicamente desafiador e fisicamente exigente. 1.1 Caracterização do handebol Vídeo O handebol é caracterizado como um esporte coletivo e de in- vasão. Durante o jogo, suas dinâmicas estruturais passampor uma fase em que os atletas transitam para o campo de ataque da equi- pe adversária para realizar as ações ofensivas e retornam ao seu campo para as ações defensivas. Nesse caso, ataque e defesa acon- tecem simultaneamente no campo de jogo de uma das equipes. O handebol segue, portanto, os princípios operacionais dos esportes coletivos (BAYER, 1994), e além da defesa (princípios defensivos) e do ataque (princípios ofensivos) existe uma fase de transição. São essas estruturas e características técnicas que regem a forma e o funciona- mento do handebol. Os princípios ofensivos caracterizam as ações do ataque, assim, cabe aos jogadores preservar e manter a posse de bola, devendo pro- gredir em direção à meta e dessa forma marcar o gol. No campo de defesa, os defensores – que assim se caracterizam por não possuírem a bola – devem empenhar esforços (individuais e coletivos) para recu- perar a bola, impedir a progressão do adversário para as zonas próxi- mas à meta e evitar o gol (BAYER, 1994; MENEZES, 2010). No handebol, a fase de transição é uma das estruturas de jogo mais valorizadas; é a tentativa de maximizar a fase ofensiva ou minimizar possíveis prejuízos na fase defensiva. Os jogadores de posse de bola (atacantes) que por algum motivo a perdem, ou seja, a arremessam para fora ou comentem alguma infração das regras do jogo, devem recuperar a sua posição defensiva. As formas mais organizadas do jogo pressupõem que os jogado- res devem retornar às posições de defesa, tentando proteger as áreas mais próximas ao gol e priorizando a marcação da bola. Enquanto isso, os jogadores defensores de bola que conseguem recuperar a pos- se mudam sua posição no campo; eles devem exercer as ações técni- Kuebi/Wikimedia Commons 10 Metodologia do ensino de handebol Dinâmicas estruturais do handebol 11 cas e táticas para marcar o gol no campo do adversário. Quando feitas de maneira rápida, são caracterizadas como contra-ataque. Durante a partida, todos os jogadores com a posse de bola são identificados como atacantes, e todos os sem são defensores. Essas características gerais devem ser preservadas nas tomadas de decisão de professores e treinadores que trabalham ou que iniciarão a atuação no handebol. É na construção da consciência tática geral do que o iniciante deve fazer para jogar o jogo que se constitui a base para processos mais complexos de aprendizado (CLEMENTE, 2012). Atividades simples como separar a turma em duas grandes equi- pes e sugerir que os jogadores consigam trocar sete passes sem que a equipe adversária recupere a bola são estratégias que favorecem a identificação individual e coletiva das funções táticas dos atacantes e defensores no jogo. Assim, o iniciante passa a perceber que quando a sua equipe possui a bola ele é um atacante, e são exigidas de sua função algumas atitudes, como deslocar-se para receber um passe; por outro lado, quando a equipe não possui a bola, ele é um defensor e ou- tras atitudes são exigidas, como aproximar-se do atacante para tentar interceptar um passe. Essas tomadas de decisão passam pela construção de habilidades cognitivas e motoras importantes para a organização das bases táticas e técnicas do jogo. A seguir descrevemos o que elas são: É o conjunto de decisões tomadas no âmbito do jogo que implica a construção de estratégias para facilitar as jogadas e ganhar vantagem. Caracteriza-se por estruturas cognitivas que envol- vem elementos perceptivos, planejamento e tomada de decisão. A tática pode ser de ordem indi- vidual e coletiva. Um exemplo é quando um jogador observa que o seu companheiro de equipe fez um bloqueio ofensivo e que isso proporcionou espaço na defesa adversária, permitindo que ele se infiltre e faça o gol. TÁTICA É a organização de um conjunto de habilidades motoras que possui função específica para a dinâmica do jogo. Manifesta-se na capacidade de o jogador executar ações motoras coeren- tes com relação às exigências estruturais e táticas do jogo. Arremessar, por exemplo, vai exigir que os jogadores organizem e combinem diferentes habilidades com o corpo para que assim possam realizar o arremesso. A qualidade dessa organização vai determinar a qualidade técni- ca do jogador, o que potencialmente pode gerar níveis mais elevados de performance. TÉCNICA Tática e técnica não funcionam separadas. Uma boa tomada de decisão sem a capacidade de o jogador conseguir organizar o corpo para legitimar uma possível vantagem é pouco produtiva; o contrário também é verdade. Se um jogador que observou o espaço na defesa adversária não conseguir aproveitar tecnicamente desse espaço fazendo uma boa passada e um bom arremesso, essa vantagem tática pode ser perdida. Importante 12 Metodologia do ensino de handebol O jogo de handebol passa pela organização individual e coletiva do jogador. Nesse sentido, os jogadores ocuparão postos específicos tanto no ataque quanto na defesa. A combinação de ações individuais e cole- tivas é que garantirá o sucesso das ações coletivas de ataque e defesa. No ataque os jogadores são distribuídos em duas linhas ofensivas a fim de ocupar toda a extensão da quadra em largura. Na linha mais baixa, nas extremidades da quadra, ficam posicionados dois jogadores, chamados de pontas, alas, laterais ou extremas, e próximo da área de gol do adversário, geralmente mais centralizado e entre os jogadores de defesa, outro jogador se coloca, chamado de pivô. Na linha mais alta estão outros três jogadores, um mais centralizado, chamado de central ou armador central, e outros dois dispostos em cada lado da quadra, chamados de meias ou armadores. Os pontas e os meias são caracteri- zados conforme o lado da quadra que jogam: ponta esquerda e ponta direita, meia esquerda e meia direita. É importante lembrar que o go- leiro também compõe o ataque quando a sua equipe possui a posse de bola; ele pode deixar a área de gol e atuar na linha ou sair da quadra de jogo e ser substituído por um jogador de linha. Nesse caso a estrutura ofensiva pode passar a ter dois pivôs (Figura 1). Figura 1 Quadra de jogo com os jogadores posicionados no ataque DIREITA DIREITO PIVÔ ESQUERDA ESQUERDO CENTRAL ARMADORES GOLEIRO 2ª L IN H A O FE N SI VA 1ª L IN H A O FE N SI VA PONTAS IE SD E Br as il S/ A Dinâmicas estruturais do handebol 13 Na defesa os jogadores são distribuídos a fim de ocupar espaços da quadra, tanto em largura quanto em profundidade, que favore- çam maior proteção da área de gol e menor espaço entre os joga- dores de defesa. A forma mais usual (sistemas coletivos de defesa) e mais simples de organização tática coletiva de defesa é dispor os jogadores lado a lado e próximo da área de gol, formando uma es- pécie de “barreira móvel”. Os seis jogadores de linha se deslocarão latero-lateralmente 1 em função da movimentação da posse de bola da equipe adversária. O exemplo ilustrado na Figura 2 é chamado de defesa do tipo 6:0, pois os seis jogadores estão dispostos na primeira linha de defesa e não há nenhum outro na segunda linha de defesa (jogador que poderia estar mais adiantado). Figura 2 Defesa do tipo 6:0 IE SD E Br as il S/ A 3ª Linha 2ª Linha 1ª Linha Largura Pr of un di da de 6:00 Apesar dessa concepção estrutural que caracteriza o handebol formal (aquele a que se assiste na televisão), os processos de ensi- no, aprendizagem e treinamento deverão considerar as demandas e necessidades específicas dos jogadores iniciantes. Inicialmen- te devem favorecer a construção das bases táticas e técnicas do handebol. Isso significa que as fases iniciais de aprendizado não de- verão: especializar de modo precoce o iniciante em determinada po- sição de jogo; condicionar o espaço do jogo só nos tamanhos e nas marcações oficiais; antecipar estratégias táticas coletivas; sobrepor a técnica aos processos cognitivos de tomada de decisão e negligen- ciar as diferentes formas de jogos pré-desportivos paraa iniciação no handebol (GRAÇA; MESQUITA, 2007). Algumas abordagens metodológicas, principalmente as que se baseiam em modelos para a compreensão do jogo e se preocupam Deslocamentos latero-laterais são movimentos de desloca- mento à direita e à esquerda. No handebol são orientados em função da bola e os joga- dores deslocam-se afastando e aproximando as pernas de modo a ficarem de frente para o adversário. 1 Uma boa forma de conhecer a estrutura fun- cional de esportes como o handebol é assistir a jogos da modalidade. Existe uma infinidade de plataformas digitais que disponibilizam vídeos de partidas na íntegra. Indicamos conhecer o canal oficial da Federação Internacional de Handebol no link a seguir. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=MrdWW6yVYK4&ab_ channel=IHF. Acesso em: 10 nov. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=MrdWW6yVYK4&ab_channel=IHF https://www.youtube.com/watch?v=MrdWW6yVYK4&ab_channel=IHF https://www.youtube.com/watch?v=MrdWW6yVYK4&ab_channel=IHF https://www.youtube.com/watch?v=MrdWW6yVYK4&ab_channel=IHF 14 Metodologia do ensino de handebol com a dimensão educacional do esporte (GRAÇA; MESQUITA, 2007; MESQUITA; PEREIRA; GRAÇA, 2009), têm sugerido e observado que a construção da consciência tática geral do iniciante e as formas de organizar o corpo na dinâmica estrutural das modalidades são fun- damentais para a formação de jogadores inteligentes e capazes de dominar processos de aprendizado mais complexos. Nesse caso, há a valorização da construção do arcabouço cognitivo do iniciante, formado na medida em que este experimenta diferentes situações-problema que exigem dele tomadas de decisão sobre o que fazer. Estas devem ser contextualizadas em estruturas que fazem referência ao jogo formal, no qual a tomada de decisão experimentada em determinada situação possa ser transferida para outras e para a partida em si. Significa que os primeiros contatos com o handebol devem passar pela apropriação do como jogar, diferente do como fazer, que valoriza no início a apropriação técnica e uma possível espe- cialização precoce. O como jogar traz no combo do aprendizado a necessidade de saber fazer dentro de um contexto, nesse caso o contexto do jogo. Todo jogo é diferente um do outro; a pergunta que professores e treinadores devem fazer é: como ensinar algo imprevisível? A res- posta é simples: ensinando coisas igualmente imprevisíveis. O como fazer não negligencia a técnica, ao contrário, exige que o iniciante tenha que ajustar as formas de fazer aos requerimentos das situa- ções-problema que são impostas a ele. Nesse caso, uma das princi- pais formas de impor ao praticante a necessidade de tomar decisões e resolver problemas é por meio de uma pedagogia que valorize di- ferentes formas de jogo para ensinar. As preocupações iniciais do professor e treinador devem favore- cer que o iniciante reconheça: Quais as ações básicas que os jogadores devem fazer para defender e atacar nos esportes coletivos de invasão como o handebol? Atividade 1 Professores e treinadores devem trabalhar para construir um ambiente prazeroso, divertido e inclusivo. Precisam valorizar o jogo como forma de ensino e não apenas uma consequência de um acumulado de apren- dizado. Além disso, o jogo não deverá ser uma punição, como no exemplo hipotético da fala de um docente: “caso vocês se com- portem na aula de hoje, ao final terá jogo”. Note que o professor está condicionando o jogo como uma forma de recompensa ou punição, e isso é destrutivo para a motivação e o aprendizado. Importante • as fases do jogo e os princípios operacionais de cada uma; • o espaço do jogo, as regras básicas e os implementos; • as habilidades básicas do handebol (correr, saltar e lançar), além de criar oportunidade para o reconhecimento do corpo em movimento no espaço do jogo e dar oportunidade para que sejam resolvidos problemas de ordem tática (o iniciante deve responder a perguntas como: o que fazer? Para onde eu vou? Para quem eu passo a bola? Devo arremessar no gol?); (Continua) Dinâmicas estruturais do handebol 15 • a estruturação dos fundamentos de controle do corpo e da bola; • os diferentes papéis no jogo (atacante e defensor) bem como proporcionar a experi- mentação do ambiente de competição, como as respostas afetivas do ganhar e perder, pertencer a uma equipe e responsabilidade coletiva; • as demandas psicossociais, como satisfação e frustração, expectativa e consequências, empatia, cooperação, liderança, coragem etc., e as experimente. Portanto, as considerações das dinâmicas estruturais do hande- bol aqui apresentadas devem ser um norteador daquilo que se pre- tende no processo de formação esportiva a longo prazo. Conhecer as diferentes posições do ataque, por exemplo, não indica que os iniciantes tenham que ser especializados de modo precoce nessas posições de jogo. Ao contrário, devemos favorecer que todos expe- rimentem e participem de diferentes funções em uma partida. Para conhecer formas de organizar diferentes jogos para a iniciação no handebol consulte o Manual de Mini-handebol, da Confederação Brasileira de Handebol, disponível em: https://cbhb.org.br/. Acesso em: 10 nov. 2020. Saiba mais 1.2 Estruturas funcionais do handebol Vídeo O handebol é em essência um esporte simples. Caracteriza-se pela troca de passes entre os jogadores de ataque com o objetivo de gerar algum desequilíbrio na organização da defesa adversária para marcar gols. Os jogadores privilegiam os passes como fundamento técnico para a movimentação da bola e utilizam-se do arremesso para lançá-la ao gol. Os arremessos nesse esporte podem ser precedidos de três passos com a bola na mão, assim, os jogadores conseguem ganhar velocidade, saltar e projetar o corpo para gerar mais potência nos arremessos ou para aproximar-se em suspensão do gol adversário. A movimentação básica de ataque no handebol é conhecida como engajamento. Trata-se de uma ação organizada e que combina na cir- culação da bola: • A progressão de um jogador atacante em direção ao espaço interdefensivo – espaço entre dois jogadores defensores. Caso haja um espaço, faz-se um arremesso e tenta-se o gol. Esta deve ser a premissa básica do ataque: aproveitar a melhor vantagem para marcar pontos. https://cbhb.org.br/ 16 Metodologia do ensino de handebol • O passe para o companheiro mais próximo, que já se encontra em progressão sem a bola e, ao recebê-la, também ataca o espa- ço interdefensivo. • A continuidade, caso um espaço não seja encontrado. Desse modo, essas ações são as características básicas do engaja- mento e de como circular a bola e cuidar dela no handebol. O engajamento é uma ação coletiva de ataque, mas não significa negligenciar os aspectos táticos e técnicos individuais. Os jogadores po- dem usar de arremessos de longa distância sobre a barreira adversária, fazer uma finta para gerar um desequilíbrio imediato no defensor, rea- lizar uma jogada com o pivô, aproveitando o bloqueio dele para abrir um espaço, ou tentar os arremessos das extremidades da quadra – região com menos ângulo para fazer lançamentos. É importante lembrarmos que o bloqueio ofensivo é uma ação de ataque comum aos pivôs, já que eles jogam entre os jogadores de defesa. A ideia do bloqueio é, sem empurrar ou impedir o atacante de se movimentar com alguma ação ilegal, posicionar o corpo de modo a construir um “obstáculo passivo” em que o defensor não consiga ocu- par o espaço que gostaria para marcar, pois o acesso está sendo blo- queado pelo pivô. Essa ação facilita a progressão do companheiro de ataque em direção ao gol. Os ataques também podem ser facilitados como consequência de uma transição veloz da defesa para o ataque (contra-ataque). Nesse caso, os atacantes podem se aproveitar da desorganização defensiva da equipe adversária, pois ela está retornando para ocupar suas posi- ções, e tentar marcar um gol mais rápido e sem (ou pouca) resistênciada defesa. Na defesa as estruturas funcionais do handebol passam pela com- binação de ações táticas e técnicas individuais e coletivas. Os princípios e as ações individuais envolvem: • Identificar o atacante correspondente, ou seja, perceber quem é o jogador adversário que terá a responsabilidade primária de determinado defensor em uma situação 1 x 1. Cada defensor deverá garantir a vigilância de pelo menos um atacante da equipe adversária. (Continua) “Cuidar da bola” é um termo popularmente utilizado no âmbito dos esportes coletivos de invasão. Significa que os jogadores devem trabalhar no ataque de modo a preservar a posse de bola e ter cui- dado para não a perder em função de um erro “bobo”, como falta de atenção ou passe errado. Ao cuidar da bola os jogadores conseguem perceber melhor os espaços na defesa e tomar melhores decisões. As equipes que cuidam mal da bola erram mais no ataque, sofrem mais contra-ataques da equipe adversária e sofrem gols sem a possibilidade de defesa; tudo isso gera frustração para o time. Curiosidade Dinâmicas estruturais do handebol 17 • Movimentar-se coletivamente e organizadamente na di- reção da bola. • Priorizar o congestionamento na região central da área de gol. • Realizar o contato com o jogador que está em posse de bola. No caso das defesas do tipo zona (sistema coletivo) será importante garantir a manutenção dos postos específicos de defesa, princípio que não será respeitado nos sistemas individuais. Também será percebida uma espécie de dança organizada dos jogadores de defesa, os quais se deslocam lateralmente e em conjunto em função da circulação da bola da equipe adversária. Esse movimento de deslocamento lateral é uma tática defensiva individual chamada de báscula. Essas dinâmicas estruturais assim como a organização tática e técnica da modalidade exportam as bases daquilo que pretendemos construir no processo de ensino, aprendizagem e treinamento do handebol. Contudo, nas fases iniciais é importante valorizarmos os con- teúdos gerais que forneçam as bases para o entendimento dos espor- tes coletivos de invasão, de modo a permitir a diversificação do aparato cognitivo e motor para conhecer e jogar o jogo. Isso aproxima-se da realidade do jogo formal, mas sem deixar de levar em consideração as necessidades dos iniciantes, que são diferentes daqueles que já conce- bem bem os princípios operacionais (KRAHENBÜHL; LEONARDO, 2018). O iniciante e as suas possibilidades de aprender passam essencial- mente por diferentes níveis de compreensão, e a construção social do jogo não é uma tarefa fácil. Por isso, a construção social do handebol deve ser um dos objetivos de professores e treinadores. Formar níveis de compreensão para a construção de um jogo co- letivo e colaborativo, que garanta ações descentralizadas da bola, que obedeça aos espaços e aos princípios operacionais e que ga- ranta a experimentação de uma variedade de habilidades motoras e a composição dos fundamentos do jogo, é o que caracteriza os desafios de longo prazo de todos os agentes envolvidos na forma- As considerações sobre os sistemas de defesa feitas neste capítulo não estão envolvendo os tipos de defesa (por exemplo, sistema individual ou coletivo). Os princípios e as funções estruturais delimitadas aqui são condicionantes gerais, e os exemplos ilustram mais as situações do jogo formal. Atenção Uma situação 1 x 1 ilustra um cenário em que há um atacante para um defensor. Nesse caso, há igualdade numérica nas situações de ataque e defesa. Uma situação 2 x 1 retrata um cenário em que há dois atacantes para um defensor e esses estão em superioridade nu- mérica. Já na situação de 1 x 2 é o contrário: há um atacante para dois defensores e os atacantes estão em inferioridade numérica. No jogo de handebol atacantes desejam criar situações de superioridade numérica, e defensores o contrário. Importante 18 Metodologia do ensino de handebol ção esportiva. A melhor estruturação do jogo formal na sua forma mais complexa e organizada acontecerá quanto mais essas fases ini- ciais forem respeitadas (SCAGLIA et al., 2013; GARGANTA, 1995). A habilidade motora significa a capacidade de as pessoas realizarem tarefas, como saltar um riacho, fazer uma parada de mãos e picar uma cebola (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). Nos esportes elas formam os ele- mentos básicos para a construção dos fundamentos do jogo. Combinadas, as habilidades têm diferentes características e po- dem construir séries. Por exemplo, no fundamento de arremesso do handebol pode acontecer uma junção de diferentes habilidades, como correr, saltar e lançar. Não significa necessariamente que todos os processos de en- sino, aprendizagem e treinamento tenham que ser analíticos, fragmentados; nem sempre a excessiva fragmentação de movi- mentos seriados auxilia a prática. O entendimento das habilidades motoras serve para ilustrar aos professores e treinadores que a di- versificação de situações-problema na construção das aulas e dos treinos favorece a aprendizagem e o desenvolvimento de diferentes habilidades motoras. Por exemplo, um jogo de “pega o rabo”, em que os iniciantes tenham que “roubar” o “rabo” do colega, pode favorecer o desen- volvimento de diferentes habilidades de deslocamento, inclusive deslocamentos laterais, próximos ao movimento de báscula na de- fesa do handebol. Uma atividade simples como essa favorece a ini- ciação no handebol, pois o praticante precisa ajustar o tempo e o espaço para se aproximar do adversário. Além disso, propicia habili- dades de finta, pois o praticante precisa se desvencilhar do adversá- rio, e oportuniza situações imprevisíveis que exigem a necessidade de tomadas de decisão. A habilidade motora serve também para ilustrar características de performance. A percepção de uma pessoa habilidosa significa que a execução da tarefa é realizada com máximo de certeza no alcance da meta, maior economia de movimento e mínimo gasto energético. A performance é entendida por meio de ações voluntárias passíveis de serem replicadas. A execução de habilidades motoras que impli- que aumento da performance não é uma casualidade e é influencia- da pelos processos de ensino, aprendizagem e treinamento. O livro Aprendizagem motora: uma aprendizagem baseada na situação revela resultados de pesquisas e desafia os estudantes a aplicar conceitos funda- mentais de performance e aprendizagem motora em diferentes contextos. SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. Livro Qual a importância do jogo na compreensão tática dos princí- pios operacionais do handebol? Atividade 2 Dinâmicas estruturais do handebol 19 1.3 O papel do handebol na escola Vídeo A escola e os seus elementos estruturais, como as diferentes disciplinas curriculares, têm como objetivo favorecer conhecimentos que permitam aos estudantes a participação equilibrada, saudável e autônoma na sociedade. Visam dar condições para que as pessoas possam compreender a realidade em que vivem, bem como seus con- dicionantes, e com base nessa realidade usufruir, reconstruir e produ- zir dinâmicas sociais úteis para a vida. No conjunto das suas oportunidades e potencialidades a escola ten- de a favorecer a apropriação de elementos sociais culturalmente pro- duzidos. A disciplina de Educação Física (EF) carrega boa parte dessa responsabilidade, pois tem como objeto de estudo as manifestações da cultura corporal de movimento, como os esportes. Os esportes carregam historicamente a identidade central da EF e têm sido o principal conteúdo das aulas, principalmente os mais populares na cultura brasileira, como o futebol, o voleibol, o basquetebol e o handebol. Nos últimos 40 anos a EF tem produzido conhecimentos a fim de ressigni- ficar o ensino dos esportes na escola. Seu objetivo é ampliar a finalidade instrumental e procedimental do esporte (saber jogar), de modo que per- mita a apropriação da cultura e da história, ainclusão e a reflexão sobre a vida em sociedade, ou seja, educar no sentido mais amplo. Apesar disso, as aulas de EF têm apresentado propostas metodológi- cas questionáveis a respeito do potencial de inovação (MATIAS et al., 2018; ANDRADE, 2013). Como componente curricular a EF tem dificuldade de atrelar outros significados além dos conteúdos práticos apresentados aos alunos. Existem muitos currículos escolares que já superaram essa barreira do es- porte orientado ao fazer, à técnica e à performance, mas a problemática aqui levantada serve para chamarmos aten- ção para o fato de que ainda há desa- fios a serem enfrentados. Um entendimento ampliado do es- porte tem sido negado a muitos estu- Lo re lyn M ed in a/ s hu tte rs to ck 20 Metodologia do ensino de handebol dantes. Correr, jogar, fazer gols é primazia da EF, mas é preciso colocar os alunos na condição de refletir, compreender e criticar a prática. O esporte e o consequente desenvolvimento escolar precisam articular conteúdos, ideias, conceitos e valores, favorecendo o tratamento do esporte na escola, ressignificando-o fora dela e vice-versa. Muitas vezes a dinâmica cartesiana do processo de ensino e apren- dizagem do esporte dificulta a possibilidade de perceber o projeto dele na escola em sua totalidade; isso acontece quando a administração de esportes como o handebol na escola: 1. não proporciona quaisquer tipos de reflexão sobre o esporte (exemplo: o direito e o acesso das pessoas com deficiência); 2. não possibilita aos estudantes a diversificação de modos de aprender e de se apropriar do esporte (exemplo: assistir a um jogo ao vivo ou a um filme de handebol; discutir a relação do handebol com a história das grandes guerras); 3. não oferece condição para que todos possam aprender os esportes e desfrutar deles (exemplo: quando apenas os mais habilidosos são valorizados); 4. não faz qualquer relação com a vida dos estudantes fora da escola (exemplo: os alunos conhecem várias formas de jogar fora do ambiente escolar, mas que não são aproveitadas pelos professores para problematizar as aulas). As dinâmicas cartesianas de ensino dos esportes caracterizam: aque- las em que há alta valorização da técnica em detrimento da tática e das funções operacionais do jogo; aquelas que se baseiam na repetição de habilidades motoras em ambientes estáveis (como a utilização excessiva de filas, cones para demarcar espaços, apitos para controle do tempo e para manutenção da ordem, além de pouca ou nenhuma reflexão sobre como resolver problemas relativos ao jogo); e aquelas que pretendem re- produzir o jogo como os atletas concebem e não orientado aos estudan- tes iniciantes. A abordagem metodológica deste livro valoriza o esporte e o hande- bol como manifestações importantes da cultura corporal de movimento, e esse é um aspecto central dessa proposta. Todo o ensino do handebol é intrinsecamente educacional. Isso significa que a preocupação com os valores da educação atrelada ao ensino dos esportes andam juntos e em todas as fases de aprendizado. Mesmo aqueles que optarem ou tiverem Dinâmicas estruturais do handebol 21 oportunidades para seguir uma carreira como atletas manterão preser- vadas as bases para uma vida socialmente autônoma e equilibrada. Portanto, a proposta metodológica para o ensino do handebol fará uma relação da modalidade e de seus elementos culturais e históricos, além de uma relação dialética entre a o ensino técnico da modalidade (saber jogar) e as dimensões conceituais e atitudinais do esporte. Ao atentar para outras dimensões do conhecimento, os professores e trei- nadores devem se preocupar com aquilo que acontece na organização social da turma bem como os valores e as atitudes que os estudantes carregam ao interpretar as ações do jogo. O handebol é um esporte extremamente leal, apesar de permitir o con- tato e a força corporal para ganhar espaços e vantagens táticas no jogo. Essa construção ética é histórica e a sua manutenção é dependente de como os professores e treinadores vão perceber, interpretar e ensinar as formas de marcar no handebol. A atitude nesse caso passa pelo correto reconhecimento por parte dos alunos do que fazer e do que não fazer. Conceitualmente, os professores podem falar sobre a necessidade de preservar a integridade física dos colegas, o respeito às regras do jogo, a solidariedade, o fair play esportivo, entre outros. É importante percebermos que essas dimensões conceituais e atitu- dinais não são uma casualidade; ao contrário, são ensinadas, reforçadas, mediadas e reconstruídas. Elas garantem a relação da prática do hande- bol com a educação e sua inclusão não exclui o ensino procedimental (saber fazer) da modalidade, já que empenhar esforços para melhorar taticamente e tecnicamente para ganhar jogos e campeonatos é um obje- tivo legítimo do esporte. É preciso considerarmos que o ensino dos esportes, incluindo o han- debol, deve estar atrelado aos objetivos e ao projeto pedagógico das es- colas. Estas têm autonomia para construir seus projetos, e o ensino da EF deve fazer parte deles, a fim de cumprir com o macro-objetivo para a formação do estudante. Algumas questões devem ser observadas pelos professores e treina- dores, por exemplo: qual a visão de mundo dessa escola? Quais os temas transversais? Quais os projetos interdisciplinares? entre outras. Durante a permanência do estudante na escola buscamos a contextualização, ou seja, produzir identidade, construir significado e mobilizar o projeto da es- cola em prol dos projetos das pessoas (DARIDO; RANGEL, 2005). No caso Mais informações sobre o fair play podem ser encontradas no site do Comitê Olímpico Brasileiro. Disponível em: https://www. cob.org.br/pt/cob/movimento- olimpico/o-olimpismo. Acesso em: 10 nov. 2020. Site https://www.cob.org.br/pt/cob/movimento-olimpico/o-olimpismo https://www.cob.org.br/pt/cob/movimento-olimpico/o-olimpismo https://www.cob.org.br/pt/cob/movimento-olimpico/o-olimpismo 22 Metodologia do ensino de handebol dos esportes isso só será possível se o ensino da EF estiver claramente delimitado e inserido no projeto pedagógico da escola. Do ponto de vista metodológico, professores e treinadores devem empenhar esforços para compreender os esportes e o handebol como fenômenos. As dimensões conceituais e atitudinais devem permear o pla- nejamento pedagógico, as atitudes, as conversações, as tarefas de casa, a mediação com os pais e a organização social das aulas. As aulas de handebol na EF podem ser mais complexas e con- textualizadas se professores e treinadores ampliarem a dimensão espaço-tempo da aula e tornarem o ambiente de aprendizado mais complexo. A superação da prática pela prática e a criação de es- tratégias para favorecer a motivação dos estudantes exigirão dos profissionais abordagens que transcendam o espaço das quadras esportivas (MATIAS et al., 2018). Algumas propostas possíveis são: a in- dicação de leituras, a organização de espaços de discussão em redes sociais, a seleção de vídeos para assistir com os alunos, a explicação de questões táticas do jogo, a promoção de eventos, entre outras iniciati- vas que favoreçam a contextualização. O professor que está no início do processo de ensino do handebol e trabalha os princípios operacio- nais do esporte e as fases do jogo pode condicionar questões relativas à preparação física e discutir conceitos de saúde e qualidade de vida com os estudantes. Isso oferece significados ao objetivo primário - compreender as fases relativas ao jogo de handebol, os seus princípios operacionais e as dinâmicas da ação - e adiciona elementos que ampliam o significado e geram contexto para esse objetivo. Quando os estudantes percebem as razões pelas quais estão fazendo algo, endossam o conhecimento como pessoal, fazem relação deste com a sua vida e experimentam sensações de sucesso; sentem-se mais motivados intrinsecamente e empenham mais esforço nas atividades das aulas(RAYN; DECI, 2020). Ainda no conjunto dos exemplos dentro e fora da sala de aula, objetivando a construção de bases conceituais sólidas sobre o que está sendo jogado, as atitudes requeridas e as necessidades educacionais dos estudantes vão sendo supridas. Isso gera mais engajamento dos discentes e mais valorização da EF e corrobora o projeto escolar (MATIAS et al., 2018). A construção dos objetivos de aprendizagem no contexto educacio- nal não deve estar limitada apenas àquilo que se pretende ensinar de ordem prática. Sugerimos articular na descrição operacional dos objeti- vos condições que garantam a contextualização. Por exemplo: SA VE A NI M AL S AN D NA TU RE / s hu tte rs to ck Dinâmicas estruturais do handebol 23 Compreender As fases relativas ao jogo Os princípios operacionais As dinâmicas de ação Os aspectos de aptidão física (qualidade de vida e saúde) Perceber As ações táticas O fundamento individual de defesa O papel da resistência aeróbica É preciso considerarmos que a construção de objetivos para as au- las no contexto da EF deve prever ações específicas para cada caso. Por isso, devemos preservar o caráter factível do objetivo, ou seja, se é possível de ser colocado em prática. Muitas vezes professores e trei- nadores tentam especular situações e atitudes que desejam “ensinar”, mas sem ter claro: • se essa problemática pertence à realidade que os estudantes es- tão enfrentando/necessitando; • quais os indicadores e as ações para esses objetivos, com alguma especulação atitudinal. Isso significa que não é porque a defesa no handebol passa por muito contato corporal e jogadas de combate que o assunto violência deva permear o escopo dos objetivos da aula, principalmente quando o estabelecimento éti- co da modalidade não constrói tais valores. Também não indica que alguma situação de violência ou deslealdade deva ser negligenciada pelos professo- res. No entanto, isso é diferente de compor um objetivo. Em síntese, embutir nos objetivos aspectos não observáveis ou desarticulados do que se pretende ensinar sem ações específicas para completá-los não faz sentido. O que significa a contextualiza- ção para o ensino do handebol? Atividade 3 24 Metodologia do ensino de handebol 1.4 Noções básicas de regulamentação Vídeo Conhecer as regras do jogo é fundamental para o processo de ensi- no, aprendizagem e treinamento dos esportes, pois elas apresentam as características e os limites das ações técnicas e táticas de todos os envol- vidos no contexto esportivo. Professores e treinadores devem favorecer o aprendizado do handebol com a utilização das regras do jogo e, quando necessário, suas adaptações. 1.4.1 Objetivo do jogo O objetivo do handebol é marcar mais gols do que a equipe adversária. O jogo formal dura 60 minutos corridos, sendo que o tempo só para nas situações previstas em regras, como no tempo técnico ou por solicitação do árbitro. A partida é dividida em dois períodos de 30 minutos com intervalo de 10 minutos entre os períodos. O tempo de intervalo pode ser alterado conforme as necessidades das confederações continentais ou nacionais, mas limitado a 15 minutos. Além disso, o tempo de jogo pode ser reduzido para atender às categorias de jovens. Se a partida terminar empatada e houver a necessidade de decidir um vencedor, joga-se uma prorrogação com dois períodos de 5 minutos. Caso ao final da prorrogação o joga permaneça empatado, joga-se uma nova prorrogação com dois tempos de 5 minutos. Novo empate resulta em dis- puta de tiro de 7 metros, equivalente à disputa de pênaltis no futebol. 1.4.2 Jogadores, espaço do jogo e equipamentos O jogo de handebol é organizado com sete jogadores em cada equi- pe: seis designados como de linha e um goleiro. Uma equipe pode con- tar com até sete jogadores reservas. As substituições não necessitam de autorização do árbitro, mas devem respeitar a zona de substituição delimitada na quadra. É preciso respeitar também uma ordem e orga- nização; por exemplo, o jogador de quadra deve sair totalmente dela para depois o reserva entrar. A quadra de jogo é um retângulo de 40 metros de comprimento por 20 metros de largura. Ela consiste em duas áreas de gol e a área de jogo. Os gols são posicionados no meio das linhas de gol e possuem 2 metros de altura por 3 de largura (medida do seu interior). Dinâmicas estruturais do handebol 25 Em frente a cada gol está delimitada a área de gol (área do goleiro). Ela é definida pela linha de 6 metros. A 3 metros à frente da linha de 6 metros está a linha de tiro livre (linha de 9 metros identificada na quadra por uma risca tracejada). A linha dos 7 metros é uma linha de 1 metro posicionada ao centro e a 7 metros da linha de gol. A quadra é dividida por uma linha central, e as marcações para delimitar a posição do goleiro nas cobranças de 7 metros e as zonas de substituição são indicadas (Figura 3). Figura 3 Diagrama da quadra (em centímetros) 600 4000 1992,5 200 900 Zona de substituição 4455 1 1 5445 300 r 900 700 400 5 5 51992,5 Banco de suplentes Linha central Linha lateral Linha de fundo G ol Linha de gol Linha de lim itação do goleiro Banco de suplentes 350 350 Mesa do secretário e cronometrista Linha da área de gol Linha de 7 m Linha de tiro livre IE SD E BR AS IL S /A A bola deve ser redonda e não pode ser feita com material escorregadio. Três diferentes tamanhos são regulamentados pela Federação Internacional de Handebol. Apenas o goleiro pode utilizar a área de gol para as suas ações. Ele não pode sair dessa área com a bola dominada, contudo consegue dei- xar a zona para tornar-se um jogador de linha. Pode ainda utilizar as pernas na tentativa de defesa, diferente dos jogadores de linha, que só podem tocar a bola com as mãos. Ao receber a bola o esportista pode fazer três passos, driblar e voltar a dar três passos. Os jogadores de handebol usam essa estratégia para conseguirem progredir ao gol, ludibriar os adversários e avançar longas distâncias. Curiosidade 26 Metodologia do ensino de handebol Os defensores não podem impedir uma ação do atacante utilizando a área de gol, pois isso caracteriza um tiro de 7 metros. Eles podem realizar contatos corporais com os ata- cantes desde que de frente, com os braços flexionados e como forma de controlar as ações do adversário. Ainda podem tentar recuperar a bola da mão dos atacantes, mas desde que com as mãos abertas. Os jogadores podem usar o corpo para realizar blo- queios passivos. Além disso, os atacantes não devem deixar de atacar e usar ações para retardar o jogo, pois isso caracteriza um jogo passivo. A infração passa pela percepção do árbitro e implica perda da posse de bola para a equipe que a cometeu. 1.4.3 Sanções progressivas As faltas em que as ações são exclusivamente orientadas ao corpo do adversário devem acarretar uma punição individual. Caso essa ação impeça uma clara chance de gol, a punição é acompanhada de um tiro de 7 metros; toda falta que impeça um gol acarreta um tiro de 7 metros. De maneira geral, as punições devem ser aplicadas progressivamente. 1.4.4 Advertência As faltas, geralmente na primeira ocorrência, que descumprem as regras de contato devem acarretar uma advertência, sinalizada com um cartão amarelo. Um jogador não pode acumular mais do que uma advertência, e a equipe não mais que três. 1.4.5 Suspensão de 2’ A reincidência do descumprimento das regras de contato ou atitu- des que levem um risco aumentado ao adversário devem ser punidas com uma suspensão de 2 minutos – neste último caso a suspensão não depende de uma advertência prévia. O jogador fica 2 minutos fora da partida, e a equipe com um jogador a menos. Um jogador pode rece- ber até três suspensões de 2 minutos; na terceira ele não retorna mais ao jogo e recebe junto uma desqualificação. Passados os 2 minutos a equipe pode completar o time com outro membro. Gabarrella fotograf/ shutterstock Aoreceber a bola o jogador pode passá-la, segurá-la não mais que 3 segundos, driblá-la ou dar três passos estando com a sua posse. Curiosidade Para saber mais das regras do jogo acesse o site da Confederação Brasileira de Handebol, disponível em: https://cbhb.org.br/. Acesso em: 10 nov. 2020. Site https://cbhb.org.br/ Dinâmicas estruturais do handebol 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS O handebol é simples em suas dinâmicas estruturais, porém professores e treinadores devem conceber os princípios operacionais e as dinâmicas das ações para as fases de defesa, transição e ataque. Essa compreensão é central nas tomadas de decisão sobre o que fa- zer para ensinar handebol. Favorecer que os iniciantes possam expe- rimentar e compreender cognitivamente o jogo é crucial no processo de formação esportiva. Junto a isso, deve haver uma preocupação com promover o desenvolvimento de um conjunto de habilidades motoras que formam a base para a elaboração estruturada dos fundamentos do jogo. Profissionais dentro ou fora da escola devem oportunizar o han- debol em um ambiente autônomo, inclusivo, divertido e problematizado por meio do jogo. REFERÊNCIAS BAYER, C. O ensino dos desportos colectivos. 1. ed. Coimbra: Dinalivro, 1994 CLEMENTE, F. M. Princípios pedagógicos dos teaching games for understanding e da pedagogia não linear no ensino da educação física. Movimento, Porto Alegre, v. 18, n. 2, p. 315-335, abr./jun. 2012. DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (org.). O ensino dos jogos desportivos. Porto: Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, 1995. GRAÇA, A.; MESQUITA, I. A investigação sobre os modelos de ensino dos jogos desportivos. Revista portuguesa de ciências do desporto, Porto, v. 7, n. 3, p. 401-421, 2007. KRAHENBÜHL, T.; LEONARDO, L. O ensino do sistema defensivo individual no handebol e suas considerações para a iniciação esportiva. Pensar a prática, Goiânia, v. 21, n. 1, 2018. MATIAS, T. S. et al. Educação física escolar no ensino médio: o uso das redes sociais nos processos de ensino-aprendizagem a partir da perspectiva de aulas abertas. Pensar a prática, Goiânia, v. 21, n. 3, p. 609-620, jul./set. 2018. MENEZES, R. P. O ensino dos sistemas defensivos do handebol: considerações metodológicas 1.4.6 Desqualificação A punição mais severa é a desqualificação, que pode ocorrer como consequência das suspensões de 2 minutos ou em atitudes que levam risco à saúde do adversário (agressões ou atitudes antidesportivas grosseiras). A desqualificação é sinalizada com um cartão vermelho e o jogador precisa deixar o jogo. A equipe permanece com um jogador a menos por 2 minutos; passado esse tempo, pode completar com ou- tros membros. 28 Metodologia do ensino de handebol acerca da categoria cadete. Pensar a prática, Goiânia, v. 13, n. 1, p. 1-15, jan./abr. 2010. MESQUITA, I. M. R.; PEREIRA, F. R. M.; GRAÇA, A. B. S. Modelos de ensino dos jogos desportivos: investigação e ilações para a prática. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 944-954, out./dez. 2009. RYAN, R. M.; DECI, E. L. Intrinsic and extrinsic motivation from a self-determination theory perspective: definitions, theory, practices, and future directions. Contemporary educational psychology, v. 61, p. 101860, abr. 2020. SCAGLIA, A. J. et al. O ensino dos jogos esportivos coletivos: as competências essenciais e a lógica do jogo em meio ao processo organizacional sistêmico. Movimento, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 227-249, out./dez. 2013. SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada na situação. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. GABARITO 1. De maneira geral, na defesa os jogadores devem recuperar a posse de bola, dificultar a progressão do adversário e impedir o gol. No ataque devem manter a posse de bola (cuidar da bola), progredir em direção ao gol e marcar pontos. 2. Como elemento pedagógico, o handebol permite que o iniciante depreenda cognitivamente as fases do jogo: defesa, transição e ataque. Ao jogar sur- gem situações-problema que exigem que os jogadores se adequem às demandas do momento. Significa que eles passam a perceber e tomar decisões sobre o que fazer para defender, transitar e atacar. Na defesa, por exemplo, percebem que precisam recuperar a bola e se aproximar do adversário; no ataque, passam a entender que devem criar espaços para receber um passe, entre outras ações táticas. 3. A contextualização é compreender que o ensino do esporte transita pela vida e pelas necessidades dos aprendizes. Significa que ensinar handebol exige incluir significados sociais, culturais e históricos, passando pelo conjunto de crenças e ritos que cercam a prática e seus valores. Histórico e evolução do handebol 29 2 Histórico e evolução do handebol Neste capítulo apresentamos as principais narrativas históri- cas da origem e evolução do handebol no mundo. Originalmente criado para ser um jogo praticado em campo aberto, sofreu mudanças e se tornou um esporte de espaço fechado. O handebol moderno foi concebido na Europa, sem a defi- nição concreta de em qual país se originou, ficando sua criação entre Escandinávia e Alemanha. É um esporte bastante popu- lar e atualmente conta com mais de 30 milhões de praticantes, além de ser um esporte que pertence ao programa olímpico. No Brasil a história do handebol está atrelada à imigração alemã, no período da Segunda Guerra Mundial. Quando o handebol chegou ao Brasil, ele desenvolveu-se em São Paulo, mas rapidamente se espalhou por todas as regiões do país. Conheceremos ainda neste capítulo outras histórias do han- debol no Brasil e no mundo e alguns fatos e curiosidades que marcam a modalidade. 2.1 Origem do handebol moderno Vídeo As diferentes formas de jogos sempre estiveram presentes na histó- ria da humanidade. As civilizações antigas sempre jogaram e usavam das diferentes formas de jogo para representar a vida, celebrar conquistas, comparar desempenhos, divertir-se e conviver. Todas essas representa- ções atravessam os tempos e ganharam organizações sociais sofistica- das. É o que conhecemos atualmente como esporte moderno. É sempre difícil narrar a história dos esportes. Aqui, nossos es- forços estão centrados na história do handebol moderno. Esse esporte nasceu na Europa, possivelmente na Escandinávia e na Alemanha, no final do século XX. Como esporte de campo, o handebol foi reconhecido pela primeira vez na virada do século, sendo G. Wallström quem introduziu o esporte na Suécia, no ano de 1910. (OLYMPIC COMMITTEE, 2020, tradução nossa) As narrativas dominantes no Brasil evidenciam a importância do trabalho do professor Karl Schelenz para a sistematização e divulgação do handebol na Alemanha, no início do século XX. Observa-se que, entre 1938 e 1966, ambas as formas de han- debol – de campo e indoor 1 O termo indoor caracteriza os esportes disputados em locais fechados, como ginásios de esportes e arenas esportivas. 1 – foram disputadas em campeo- natos mundiais diferentes. Jogou-se a versão ao ar livre com 11 jogadores em cada equipe, disputado em um campo de fute- bol, e a nova versão, praticada com 7 jogadores de cada lado em uma quadra coberta, versão preferida pelos escandinavos. (OLYMPIC COMMITTEE, 2020, tradução nossa) Quando surgiu, o handebol possuía características distintas das conhe- cidas atualmente. No Quadro 1 é possível verificar essas diferenças. Quadro 1 Características do handebol no início do século XX e atualmente Início do século XX Atualmente - Onze jogadores por time. - Partidas disputadas ao ar livre. - Regras adaptadas do futebol. - Sete jogadores por time. - Partidas disputadas em quadras fechadas. - Regras próprias. Fonte: Elaborado pelo autor. Outros acontecimentos estão atrelados ao desenvolvimento do es- porte. Em decorrênciada Primeira Guerra Mundial, as mulheres tive- ram participação na construção do handebol. Durante as guerras elas trabalhavam como operárias nas fábricas e, ao que parece, o trabalho fabril era imposto às mulheres. Para que pudessem aguentar o traba- lho e as angústias da guerra, as organizações sociais criaram oportuni- dades de lazer e distração para essas mulheres, sendo esse o início da prática desse esporte. A organização do esporte passa por disputas entre Alemanha e Áustria, que supostamente fizeram o primeiro jogo internacional no ano de 1925, com vitória dos austríacos por 6 x 3, e com a criação das primeiras instituições responsáveis por organizar a modalidade. “A Federação Internacional de Handebol Amador foi criada em 1928, em razão dos Jogos Olímpicos de Amsterdã, levando ao primeiro Cam- O handebol é um esporte coleti- vo de invasão e, essencialmente, utiliza-se das mãos para as ações técnicas, exceto o goleiro, que possui a prerrogativa de defender com qualquer parte do corpo. Handebol, em português brasileiro, é acomodação linguís- tica de handball: hand (mão); e ball (bola) no inglês. Saiba mais Para saber mais sobre a história das guerras, assista à minissérie Guerras Mundiais. A narrativa reúne a história de três décadas de conflitos da história moderna e está disponível no canal History. Direção: John Ealer. Estados Unidos da América, 2014. Série Histórico e evolução do handebol 31 peonato Mundial de Handebol de Campo, disputado na Alemanha em 1938, após seu aparecimento na Olimpíada de Berlim de 1936” (OLYMPIC COMMITTEE, 2020, tradução nossa). Figura 1 Acendimento da pira olímpica, 1988 Se lli gp au /W ik im ed ia C om m on s “O handebol deixa o programa olímpico após as Olimpíadas de Berlim, em 1936, e retorna apenas no ano de 1972, nos jogos de Munique, também na Alemanha. Apenas os homens disputaram a competição e a seleção campeã foi a Iugoslávia” (OLYMPIC COMMITTEE, 2020, tradução nossa). Apesar de ter sido observada a participação das mulheres no de- senvolvimento e na concepção do handebol no início do século XX, foi somente no ano de 1976, em Montreal, Canadá, que as mulheres pude- ram participar da Olimpíada. Desse modo, o handebol feminino entrou no programa olímpico nessa época e permanece até então. A grande campeã dos primeiros Jogos Olímpicos, tanto na modalidade feminina quanto na masculina, foi a antiga União Soviética. Além disso, ao total onze equipes participaram da competição masculina e seis da feminina. Presente nos cinco continentes, o handebol é praticado em mais de 190 países, com mais de 128 mil equipes federadas, além de ser praticado por mais de 30 milhões de pessoas ao redor do mundo. As equipes são filiadas à International Handball Federation (IFH), entidade internacional que regulamenta e administra o handebol. Para conhecer mais sobre a história dos jogos olímpicos, assista ao documentário Tokyo Olympiad. O documentá- rio narra os eventos das Olimpíadas de Tóquio de 1964 e é considerado um dos documentários esportivos de melhor crítica internacional. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=WHt0eAdCCns&ab_ channel=Olympic. Acesso em: 23 nov. 2020. Vídeo A chama olímpica é um símbolo das Olimpíadas e atualmente representa a ligação histórica entre os rituais e as simbologias dos jogos antigos, que aconte- ciam em Olímpia, na Grécia, e os Jogos Olímpicos atuais. A chama mantém-se acesa durante todo o período competitivo. Curiosidade Assista à final feminina dos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976. Trata-se da primeira par- ticipação das mulheres no programa olímpico. A União Soviética venceu a Alemanha por 14 x 11. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=cHYapfNfEDU. Acesso em: 18 nov. 2020. Vídeo A participação das mulheres no esporte foi historicamente tardia. Porém, no início do handebol, quando ainda não era devidamen- te regulamentado, tal participação não foi tardia. Por quê? Atividade 1 https://www.youtube.com/watch?v=WHt0eAdCCns&ab_channel=Olympic https://www.youtube.com/watch?v=WHt0eAdCCns&ab_channel=Olympic https://www.youtube.com/watch?v=WHt0eAdCCns&ab_channel=Olympic https://www.youtube.com/watch?v=WHt0eAdCCns&ab_channel=Olympic https://www.youtube.com/watch?v=cHYapfNfEDU https://www.youtube.com/watch?v=cHYapfNfEDU https://www.youtube.com/watch?v=cHYapfNfEDU 32 Metodologia do ensino de handebol 2.2 O handebol no Brasil Vídeo Além de ter a história atrelada às guerras, percebemos que os es- portes constroem significativamente parte da identidade dos povos. O esporte é produto e produtor da cultura, mantendo vivos rituais e celebrações, pois possibilita realizar encontros, competir, divertir e re- presentar nações, seja com uso político ou não. Com as tensões políticas no mundo e com a eminência da Segunda Guerra Mundial, no final dos anos 1930, imigrantes de várias partes da Europa fugiram para países das Américas, incluindo o Brasil. Durante esse processo migratório, o Brasil recebeu muitos imigrantes alemães, os quais se estabeleceram principalmente em São Paulo, trazendo con- sigo suas crenças, culturas, hábitos, modos de viver e comer. Por isso os alemães que ao Brasil vieram trouxeram, oportunamente, o hande- bol, o qual, a partir de então, começou a ser praticado e difundido no estado de São Paulo. Anos depois, em 1940, é fundada a Federação Paulista de Handebol. Porém, o esporte ainda era pouco difundido em outras regiões do país, mesmo com muitos alemães chegando a outras regiões do Brasil. Esses imigrantes possivelmente não encontraram condições facilitadas para o desenvolvimento de sua cultura esportiva, pois foram para regiões menos desenvolvidas e mais remotas, como o interior dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além disso, tinham necessidades orientadas ao trabalho, principalmente ao trabalho pesado no campo. Atualmente, todos os estados brasileiros possuem suas próprias fede- rações, que são associadas à Confederação Brasileira de Handebol. Outra figura importante para a difusão do handebol no Brasil foi o professor Augusto Listello. Com recorrência, a palestra por ele profe- rida em Santos é utilizada por professores e graduandos de Educação Física para a apresentação histórica do handebol. Além da palestra, soma-se o conjunto de ações realizadas no estado de São Paulo para a divulgação e legitimação do handebol. Tais fatos foram importantes para a popularização do handebol por todo o país. O processo de internalização da modalidade no contexto bra- sileiro é rápido e, 17 anos após a palestra do professor Listello, o handebol já estava incorporado como uma das modalidades dos Jogos Estudantis (JEBs) e Jogos Universitários Brasileiros (JUBs). O Museu da Imigração do Estado de São Paulo revive a história dos imi- grantes das várias partes do mundo que chegaram e ajudaram a construir a cidade de São Paulo, incluindo os alemães. Disponível em: https:// museudaimigracao.org.br/. Acesso em: 23 nov. 2020. Site Qual a importância atribuída à disseminação do handebol com a vinda dos imigrantes alemães para o território brasileiro? Atividade 2 https://museudaimigracao.org.br/ https://museudaimigracao.org.br/ Histórico e evolução do handebol 33 O esporte era dirigido pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), com apoio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Somente em 1 de junho de 1979 a Con- federação Brasileira de Handebol (CBHb) foi fundada, tornando-se responsável pelo esporte no Brasil. Atualmente, o handebol pertence à cultura esportiva brasileira, bem como está inserido nos currículos das escolas e nos currículos de for- mação inicial em Educação Física. O Brasil é um dos principais países na produção de pesquisas cientí- ficas relativas ao handebol (SAAVEDRA, 2018). Segundo dados do CBHb (LIMA, 2019), o país possui aproximadamente 500 mil atletas federados e 1 milhão de praticantes.2.2.1 Conquistas brasileiras Dentre os países das Américas, o Brasil é visto como favorito nas conquistas de títulos para ambas as categorias. Nas últimas décadas o Brasil dominou os campeonatos continentais e, por vezes, dividiu o protagonismo com a Argentina. A seleção masculina adulta foi campeã dos Jogos Pan-Americanos em 2003, 2007 e 2015 (Quadro 3). A seleção feminina, por sua vez, tem colecionado títulos em sequência tanto nos campeonatos sul-americanos quanto nos Pan-Americanos (Quadro 2). Quadro 2 Principais participações em competições internacionais da seleção feminina de handebol Jogos Pan-Americanos Winnipeg (1999) Campeãs Santo Domingo (2003) Campeãs Rio de Janeiro (2007) Campeãs Guadalajara (2011) Campeãs Toronto (2015) Campeãs Lima (2019) Campeãs Campeonatos Mundiais Brasil (2011) Quartas de final Sérvia (2013) Campeãs Jogos Olímpicos Londres (2012) Quartas de final Rio de Janeiro (2016) Quartas de final Fonte: Elaborado pelo autor. O atual campeão brasileiro de handebol masculino é o time de Taubaté, que fez a final contra a equipe do Esporte Clube Pinheiros. Em 2019, Taubaté foi campeão paulista, do sul-centro americano e da liga nacional. Já na liga nacional feminina de handebol quem ganhou foi a equipe do Esporte Clube Pinheiros, vencendo a equipe UNIP/São Bernardo por 21 a 18. A liga nacional de handebol, organizada pela Confederação Brasileira de Handebol, é a prin- cipal competição de handebol do Brasil. Saiba mais 34 Metodologia do ensino de handebol Quadro 3 Principais participações em competições internacionais da seleção masculina de handebol Jogos Pan-Americanos Santo Domingo (2003) Campeões Rio de Janeiro (2007) Campeões Toronto (2015) Campeões Jogos Olímpicos Rio de Janeiro (2016) Quartas de final Fonte: Elaborado pelo autor. A seleção feminina foi campeã mundial de handebol em 2013. Esse é o título mais importante da história da modalidade em todas as categorias. 2.3 Handebol: evolução e contexto atual Vídeo A história do esporte moderno influencia o contexto atual e a evo- lução das diferentes modalidades esportivas. O esporte foi usado his- toricamente como um meio para oferecer identidades aos países, e também como uma demonstração de poder econômico e político. To- das essas questões se materializam nos Jogos Olímpicos, palco maior das virtudes e das mazelas do esporte. A linha histórica do handebol nos Jogos Olímpicos ilustra um pouco disso e os Jogos Olímpicos de Berlim e de Munique, na Alemanha, foram decisivos para a consolida- ção do handebol. A linha histórica do handebol, produzida pelo Centro de Estudos Olímpicos, mostra que o a modalidade esportiva fez sua estreia olímpica nos Jogos da XI Olimpíada de Berlim, em 1936, na ver- são de campo e com 11 jogadores em cada equipe. O handebol ficou fora do programa olímpico e só foi reaparecer como de- monstração em Helsinque, Finlândia, no ano de 1952. Voltou a ser incluído no programa olímpico somente na XX Olimpíada de Munique, Alemanha, em 1972, já na versão indoor. O handebol feminino, por sua vez, foi incluído nas Olimpíadas de Montreal, em 1976. (OLYMPIC STUDIES CENTRE, 2015, tradução nossa) O programa olímpico e a participação do número de equipes nas Olimpíadas ilustram muito a popularidade e a evolução do esporte. De acordo com o Olympic Studies Centre (2015), a evolução no número das equipes ocorre da seguinte maneira: O canal Esporte Inte- rativo disponibilizou os melhores momentos da final histórica entre Brasil e Sérvia no Mundial Feminino de Handebol de 2013. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=ZqAGMod28vU. Acesso em: 23 nov. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=ZqAGMod28vU https://www.youtube.com/watch?v=ZqAGMod28vU https://www.youtube.com/watch?v=ZqAGMod28vU Histórico e evolução do handebol 35 2008-2016 24 equipes (12 masculinas e 12 femininas) 1936 6 times (masculinos) 1972 16 times (masculinos) 1976 17 equipes (11 masculinas e 6 femininas) 1980-1984 18 equipes (12 masculinas e 6 femininas) 1988-1996 20 equipes (12 masculinas e 8 femininas) 2000-2004 22 equipes (12 masculinas e 10 femininas) Am m us /S hu tte rs to ck A participação do handebol no programa olímpico é relativamente recente e é retomada pela consolidação do handebol no formato indoor e pela popularização e consolidação do esporte em outros continentes além da Europa. Apenas em 2008 o número de equipes femininas foi o mesmo das equipes masculinas. 2.3.1 Seleção brasileira campeã do Campeonato Mundial de Handebol Feminino Diante de inúmeras dificuldades encontradas, o que parecia impos- sível aconteceu: a seleção brasileira feminina consagrou-se campeã do Campeonato Mundial de Handebol, que aconteceu na Sérvia em 2013. O feito foi tão incrível que os únicos países de fora da Europa que conquis- taram o título mundial de handebol foram Brasil e Coreia do Sul. A seleção brasileira apresentava atuações convincentes no hande- bol, porém resultados decepcionantes. Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, ficou bem colocada, apesar de não ser campeã; já no campeona- to mundial, fez uma excelente campanha na fase de grupo e conquis- tou uma vitória extraordinária contra a Holanda nas oitavas de final. A barreira a ser superada eram quartas de final, pois os traumas recentes do Brasil eram em eliminações justamente nessa fase da competição. Figura 2 Quadra de handebol nos Jogos Olímpicos de 2012 Sl ic k/ W ik im ed ia C om m on s O jogo completo das quartas de final entre Brasil e Noruega pode ser assistido na íntegra no canal oficial dos Jogos Olímpicos. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=LeRgNOPCtIk. Acesso em: 23 nov. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=LeRgNOPCtIk https://www.youtube.com/watch?v=LeRgNOPCtIk https://www.youtube.com/watch?v=LeRgNOPCtIk 36 Metodologia do ensino de handebol As mulheres do Brasil derrotaram a Hungria por 33 x 31, vence- ram a Dinamarca por 27 x 21 e se classificaram para final (inédita) do Campeonato Mundial contra a equipe do país-sede dos jogos, a Sérvia. O dia 22 de dezembro de 2013 foi, sem dúvidas, o dia mais importante da história do handebol brasileiro. O Brasil superou os mais de 20 mil torcedores sérvios para conquistar o título. O placar final da partida foi de 22 x 20 para o Brasil. Os nomes que participaram da conquista podem ser visualizados no quadro a seguir. Quadro 4 Quadro de atletas e comissão técnica brasileira para o Campeonato Mundial de 2013 Comissão Técnica Técnico: Morten Soubak Assistente técnico: Alex Aprile Supervisora: Rita Orsi Médico: Leandro Gregorut Lima Fisioterapeuta: Marina Gonçalves Calister Nutricionista: Júlia do Valle Bargieri Psicóloga: Alessandra Dutra Massoterapeuta: Aparecida da Rocha Pereira Alves Atletas Alexandra Priscila do Nascimento Elaine Barbosa Amanda Andrade Fabiana Diniz Ana Paula Belo Fernanda Silva Bárbara Arenhart Mariana Costa Daniela Piedade Karoline de Souza Deborah Nunes Mayara Moura Denise Cavaleiro Mayssa Pessoa Eduarda Amorim Samira Rocha Fonte: Elaborado pelo autor. As mulheres brasileiras derem uma alegria inesperada, inédita e emocionante para o esporte nacional. Elas ajudaram significativamente a popularizar e a legitimar o papel das mulheres no esporte. 2.3.3 Curiosidades do handebol O handebol, ao adequar as suas regras e estruturas ao longo da história, criou particularidades, mudou o seu espaço de jogo e criou modalidades e formas de jogar. As curiosidades vão desde as diferenças entre as bolas até a criação de uma adaptação do jogo para ser jogado na areia. As bolas de handebol não são todas iguais, existem três tamanhos de bola regulamentados pela Federação Internacional de Handebol: H3, H2 e H1. Para facilitar a aderência da bola com a mão, os jogadores usam uma cola (específica da modalidade e permitida pela regra) na ponta dos dedos para facilitar o manejo e o controle da bola. Quadro 5 Especificaçõesdas bolas de handebol Bola Categoria Medidas H3 Masculina adulto e jovens (acima de 16 anos) 58 a 60 cm de circunferência e 425 a 475g H2 Feminina adulta e meninas jo- vens (acima de 14 anos); meni- nos (12 a 16 anos) 54 a 56cm de circunferência e 325 a 375g H1 Meninas (8 a 14 anos) e meninos (8 a 12 anos) 50 a 52cm de circunferência e 290 a 330g. Em uma reportagem da revista Superinteressante (OLIVEIRA; CLE- TO; GUSMAN, 2017) foi observado que a bola é o embrião dos espor- tes coletivos e está no contexto dos esportes, jogos e ritos há mais de 12 mil anos. As bolas sempre tiveram particularidades culturais. Dziurek/Shutterstock Histórico e evolução do handebol 37 38 Metodologia do ensino de handebol Há registros de bolas feitas de crânios revestidos de pele, palha, cipó e até de bexiga de animais. No obscurantismo da nossa história há relato inclusive de práticas de decapitação humana de guerreiros contra seus adversários como símbolo de triunfo. Já as vestimentas esportivas são adventos mais recentes, jogava-se com roupas do dia a dia e na década de 1960 as vestimentas eram feitas principalmente de algodão; o grande problema é que quando eram molhadas dificultavam a prática do esporte. No século XXI os uniformes e vestimentas são carregados de tecnologias, oferecendo conforto, vantagem mecânica e promovendo o marketing esportivo. Dz iu re k/ Sh ut te rs to ck Em 2019, o Campeonato Mundial de Handebol Masculino quebrou vários recordes, incluindo o maior número de espectadores e audiência global de televisão cumulativa, cerca de 2 bilhões de público cumulativos da televisão. O handebol é um esporte dominado pelos países europeus, tanto no masculino como no feminino, o maior destaque do Brasil foi nos anos de 2012 e 2014 com jogadoras eleitas melhores do mundo: Alexan- dra Nascimento (Alê) e Eduarda (Duda) Amorim, respectivamente. Nos últimos anos franceses e norueguesas dominaram o handebol. As norueguesas conquistaram a medalha de ouro tanto em Pequim, 2008, quanto em Londres, 2012, consagrando-se bicampeões olímpi- cos. Os franceses são hexacampeões mundiais e conquistaram esse feito jogando em casa contra a talentosa seleção da Noruega em 2017, Conheça um pouco dos arremessos precisos e potentes da atleta Duda no vídeo Eduarda Amorim is power & precision! | Se- mi-final | DELO WOMEN’S EHF FINAL4, publicado pelo canal The Home of Handball. O vídeo apre- senta um apanhado de movimentos da atleta. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?list=RDCMU- C5F7T3y7PF_1A3JvHfgm5rQ&v=- Ditky8LxyOE&feature=emb_rel_ end. Acesso em: 18 nov. 2020. Vídeo Em 2013, as mulheres do Brasil conseguiram um feito inédito para o handebol e conquistaram o título do campeonato mundial de handebol feminino. A partir do que foi trabalhado, como o Brasil se posiciona em relação às outras equipes, em termos de conquistas e destaque internacional? Atividade 3 https://www.youtube.com/watch?list=RDCMUC5F7T3y7PF_1A3JvHfgm5rQ&v=Ditky8LxyOE&feature=emb_rel_end https://www.youtube.com/watch?list=RDCMUC5F7T3y7PF_1A3JvHfgm5rQ&v=Ditky8LxyOE&feature=emb_rel_end https://www.youtube.com/watch?list=RDCMUC5F7T3y7PF_1A3JvHfgm5rQ&v=Ditky8LxyOE&feature=emb_rel_end https://www.youtube.com/watch?list=RDCMUC5F7T3y7PF_1A3JvHfgm5rQ&v=Ditky8LxyOE&feature=emb_rel_end https://www.youtube.com/watch?list=RDCMUC5F7T3y7PF_1A3JvHfgm5rQ&v=Ditky8LxyOE&feature=emb_rel_end Histórico e evolução do handebol 39 vencendo a partida por 33 a 26 e, assim, consolidando grande prestígio mundial. As norueguesas são tricampeãs mundiais, vencendo a Holan- da em 2015. A seguir, veja mais algumas curiosidades do handebol. O Brasil nunca ganhou uma medalha olímpica no handebol. O primeiro curso internacional de árbitros da IHF aconteceu em 1947. O segundo Campeonato Mundial de Handebol Masculino foi disputado na França em 1948, sendo o primeiro organizado pela IHF. O primeiro Campeonato Mundial de Handebol Feminino foi disputado em Budapeste, na Hungria, em 1949, na versão de campo. O primeiro Campeonato Mundial de Handebol Feminino de quadra foi disputado em 1957 na Iugoslávia. Em 1969 foi confirmado o fim do handebol de campo, devido à impossibilidade de organizar competições internacionais pela falta de equipes. O primeiro prêmio IHF de Jogador do ano foi conferido em 1988. Dois iugoslavos venceram a premiação: Svetlana Kitić (mulheres) e Veselin Vujović (homens). O handebol brasileiro estreou nas Olimpíadas somente em 1992, durante os Jogos Olímpicos de Barcelona (Espanha). Apenas nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, o número de equipes masculinas e femininas foram as mesmas (12 cada) nas competições de handebol. A modalidade de praia do handebol (beach handball, handebol de areia) estreou nos Jogo Mundiais da Colômbia em 2013. Em 2018 o handebol de areia estreou no programa dos Jogos Olímpicos da Juven- tude em Buenos Aires, Argentina. As curiosidades do handebol mostram uma história dinâmica, com fatos que ilustram uma modalidade ainda jovem, mas bastante sólida na construção da sua identidade. A história do mundo, as glórias e as tragédias da humanidade perpassam as histórias dos esportes. Assista à final eletrizante entre Brasil e Croácia do Mundial de Beach Handball de 2014 no Recife. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=WjrzeH- 01WOs&pbjreload=101 . Acesso em: 23 nov. 2020. Curiosidade CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos neste capítulo que o handebol tem suas raízes na Euro- pa e surgiu, evolui e se espalhou pelo mundo sob a luz das tensões das grandes guerras. A história desse esporte tem como marco os https://www.youtube.com/watch?v=WjrzeH01WOs&pbjreload=101 https://www.youtube.com/watch?v=WjrzeH01WOs&pbjreload=101 https://www.youtube.com/watch?v=WjrzeH01WOs&pbjreload=101 40 Metodologia do ensino de handebol Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, no qual a modalidade fez sua aparição mundial. O handebol deixa o campo aberto e as amarras do futebol, passando a ser jogado nas quadras, em espaço coberto. Os sete jogadores em cada lado da quadra fazem do handebol atual um esporte dinâmico, divertido de jogar e de assistir. REFERÊNCIAS LIMA, P. Versão Brasileira. Confederação brasileira de handebol, 17 mar. 2019. Disponível em: https://cbhb.org.br/v1/colunas/time-out/12858/versao-brasileira. Acesso em: 23 nov. 2020. OLIVEIRA, L. H. de; CLETO, P; GUSMAN, S. Quem inventou a bola? Superinteressante, 18 jan. 2017. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/historia-dos-esportes-olha-a-bola/. Acesso em: 23 nov. 2020. ITERNATIONAL OLYMPIC COMMITTEE. History. 2020. Disponível em: https://www.olympic. org/handball-equipment-and-history. Acesso em: 23 nov. 2020. OLYMPIC STUDIES CENTRE. Handball: history of handball at the OLYMPIC COMMITTEE. 2015. Disponível em: https://stillmed.olympic.org/AssetsDocs/OSC%20Section/pdf/QR_ sports_summer/Sports_Olympiques_handball_eng.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020. SAAVEDRA, J. M. Handball Research: state of the art. Journal of Human Kinetics, v. 63, p. 5-8, 2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/327864133_Handball_ Research_State_of_the_Art. Acesso em: 23 nov. 2020. GABARITO 1. Porque a origem do handebol está atrelada e contextualizada no bojo das grandes guerras. As mulheres nos períodos de guerra passaram a exercer o trabalho pesado nas fábricas alemãs, então, como forma de recreação, para aliviar as tensões e angús- tias da guerra, foram encorajadas a jogarem handebol. 2. Cada país constrói historicamente costumes, crenças e valores próprios. As pessoas desses países, em alguns casos, são motivadas a migrarem para outros lugares por fa- tores externos, como a guerra. Neste sentido, muitos imigrantes alemães vieram para o Brasil e se estabeleceram no estado de São Paulo e lá passaram a reconstruir sua cultura, incluindo os jogos. É nesse contexto que o handebol passa a se disseminar pelas várias regiões do Brasil. 3. O título mundial da seleção feminina
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