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Farmacognosia_Unid_II

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108
Unidade II
Unidade II
5 PRODUÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE DE DROGAS VEGETAIS
5.1 Produção de drogas vegetais
Quando pensamos em fitoterápicos, devemos lembrar que todos os aspectos, desde a produção da 
planta medicinal até o controle de qualidade do medicamento, são de extrema importância, pois 
as plantas produzem misturas complexas de compostos ativos, um auxiliando a função do outro.
As plantas medicinais produzem esses metabólitos para sua defesa ou adaptação ao meio ambiente, 
mas nós, seres humanos, utilizamos essas substâncias em nosso benefício, seja na área medicinal, seja 
na área nutricional (SIMÕES et al., 2004).
Para que as plantas consigam sobreviver, elas precisam se adaptar às condições ambientais do modo 
mais favorável possível – por exemplo, produzindo compostos que servem para a sua defesa. É o caso da 
planta Leonurus sibiricus L., que tem o nome popular de rubim. Segundo a literatura, essa planta possui 
muitos alcaloides, um grupo de compostos ativos vegetais que contêm em sua estrutura nitrogênio (N). 
Esses compostos são utilizados pela planta como proteção, pois apresentam sabor amargo para o animal 
que dela se alimenta. Em alguns casos, a dose tóxica desses alcaloides é próxima à dose terapêutica 
eficaz. Os alcaloides podem ser produzidos pela planta como forma de armazenar N (WADT, 2000).
Caso uma substância que a planta eventualmente tenha produzido não apresente a função de ajudar 
na sua proteção ou reprodução, a planta pode deixar de produzir essa substância.
Figura 133 – Rubim: Leonurus sibiricus L.
109
FARMACOGNOSIA
Wadt (2000), ao estudar essa planta, que cresce facilmente no Brasil apesar de ser asiática, constatou 
que não apresentava alcaloides em nenhuma fase de crescimento nem em diferentes épocas do ano. 
No entanto, se consta em literatura científica, como explicar que a planta não apresenta tal composto? 
O que foi constatado pelo autor é que as plantas estudadas que continham alcaloides eram oriundas de 
países com inverno rigoroso, isto é, com neve e muito frio. Isso explicava por que as plantas coletadas 
no Brasil não apresentavam esse composto.
O fato de não termos inverno rigoroso, termos facilidade de obter N do solo, após o N ser fixado por 
microrganismos nitrificantes que estão no solo em simbiose com as plantas, durante todo o ano, torna 
o composto nitrogenado (alcaloide) um reservatório de N desnecessário. Então, a planta deixa de gastar 
energia para produzir esse composto. É dessa forma que as plantas fazem sua adaptação ao ambiente, 
tendo melhor eficiência e menor gasto de energia.
A produção de drogas vegetais envolve, além do farmacêutico, o agrônomo, o biólogo, entre outros 
profissionais, para que se possa ter drogas vegetais com alta qualidade (MATOS, 1998).
A primeira etapa na produção de plantas medicinais é a seleção dos melhores espécimes (indivíduos) 
de uma espécie de planta medicinal que tenha sido identificada botanicamente, pois pode haver 
diferenças entre os espécimes (TEIXEIRA, 2009; SIMÕES et al., 2004).
Uma espécie pode apresentar indivíduos morfologicamente parecidos, mas que possuem diferenças 
na composição química, seja de caráter qualitativo, seja quantitativo. Devido às variações genéticas 
entre os indivíduos, é preciso realizar avaliações periódicas da cultura dessa espécie (da qualidade dos 
espécimes) para identificar possíveis variações na produção dos compostos presentes (OLIVEIRA; AKISUE; 
AKISUE, 1991).
Por exemplo, se os compostos ativos estiverem nas folhas, não basta apenas ter maior quantidade de 
folhas, e sim verificar a quantidade de ativos presentes nas folhas, como ocorre no caso da erva-cidreira 
brasileira, Lippia alba (Mill) N.E. Brown. Há variedades com óleos essenciais diferentes que podem ser 
mais efetivas em determinada atividade farmacológica, como estudou Teixeira (2009). Nesse estudo, 
foram analisadas três amostras de Lippia alba (Mill) N.E. Brown (I, II, III) colhidas no Horto de Plantas 
Medicinais Francisco José de Abreu Matos, da Universidade Federal do Ceará, e o rendimento de óleos 
voláteis foi de 0,08%, 0,40% e 0,25% para os quimiotipos I, II e III, respectivamente (figura adiante).
Se tivéssemos que escolher entre as três amostras, a amostra II seria a que teria maior quantidade 
de ativos, e nesse caso também foi a amostra que apresentou melhor atividade antimicrobiana contra 
bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e leveduras, pois as outras amostras apresentaram inibição 
somente para bactérias Gram positivas e leveduras. A composição de óleos voláteis era diferente para 
as três amostras, apesar do aspecto morfológico macroscópico ser muito semelhante, sendo que a amostra I 
continha principalmente geranial, neral e mirceno; a II, geranial e neral; e a III, carvona e limoneno. 
Como podemos observar pelos resultados encontrados, plantas da mesma espécie com mesmo aspecto 
podem apresentar variações de compostos químicos e atividades farmacológicas.
110
Unidade II
A) 
B) 
C) 
Figura 134 – Lippia alba (Mill) N.E. Brown: A) quimiotipo I; B) quimiotipo II; C) quimiotipo III
Após a seleção dos melhores espécimes, há o plantio, ou cultivo, dessas plantas. Nessa fase, existem 
os fatores intrínsecos, que são as condições que “a planta gosta”, e os fatores extrínsecos, aqueles 
que o meio ambiente oferece, como iluminação, oxigenação, temperatura, tipo de solo, entre outros 
(OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
Se uma planta não for nativa (por exemplo, uma planta europeia que seja trazida ao Brasil), ela deve 
ter uma adaptação, muitas vezes em laboratório, para que possa formar espécimes viáveis no local.
111
FARMACOGNOSIA
Figura 135 – Crescimento em laboratório
Num cultivo em grande escala, é necessário que se combine os fatores intrínsecos com os extrínsecos 
de tal forma que se ofereça à planta os elementos que ela necessita, adaptando-a às condições climáticas 
do local. Por exemplo, se pensarmos em um coqueiro, iremos colocá-lo em um ambiente à beira mar, 
isto é, solo arenoso, clima quente, alta umidade, solo pobre em nutrientes, vento em abundância e dias 
ensolarados (BERNARDO; SATO; ZONETTI, 2020).
Se tivermos que plantar um coqueiro em outro local que não à beira mar, teremos que adequar o solo, 
tornando-o mais arenoso. Se for uma terra vermelha, por exemplo, escolheremos um local com grande 
incidência de luz solar e irrigação para manter a umidade alta. Dessa forma, estaremos adequando os 
fatores intrínsecos (da planta) aos extrínsecos (do local).
Um exemplo prático foi o desenvolvimento do medicamento fitoterápico AcheflanR. Esse medicamento 
tem como insumo farmacêutico ativo vegetal (Ifav) o óleo essencial (volátil) das folhas de 
erva-baleeira, Cordia curassavica (JACQ.) Roem. & Schult, que tem como sinonímia científica Cordia 
verbenacea DC, da família Boraginaceae. Essa planta é nativa da região da Mata Atlântica, crescendo 
próximo às regiões arenosas, principalmente na região Sudeste. É composta principalmente por 
flavonoides (metabólitos responsáveis pela atividade anti-inflamatória) e óleos essenciais, e estes dão 
à planta um odor de caldo de carne em pó – por isso a planta é conhecida como catinga-de-barão, entre 
outros nomes, sendo o alfa-humuleno o ativo principal responsável pela atividade anti-inflamatória 
(LAPA, 2006; ERENO, 2005).
Como a planta cresce próximo ao litoral, para a produção do AcheflanR, seria necessário que se 
fizesse uma adaptação de local para o plantio da erva-baleeira em grande escala. Afinal, o medicamento 
fitoterápico teria que suprir o mercado nacional e depois mundial. Para isso, fizeram todos os estudos, 
sob a supervisão do agrônomo Pedro Mellilo de Magalhães, do Centro de Pesquisas Químicas, Biológicas 
e Agronômicas (CPQBA) da Unicamp, de qual o tipo de solo, clima, insolação e também quando colher 
as folhas e realizar o processamento delas, para que o insumo tivesse uma padronização adequada e 
pudesse ser utilizado na fabricação do medicamento fitoterápico. Estudos maisrecentes mostram que 
112
Unidade II
pode haver o plantio não só por sementes, como feito no CPQBA, mas também por estacas, garantindo 
assim a qualidade dos ativos (BERNARDO; SATO; ZONETTI, 2020; HARTWIG; RODRIGUES; OLIVEIRA JR., 
2020; ERENO, 2005).
Figura 136 – Cordia curassavica (JACQ.) Roem. & Schult
 Observação
A interligação entre os temas é vital para entendermos que todos os 
assuntos estão relacionados e que o aprendizado de farmacognosia é um todo.
No plantio, fatores como pH do solo podem ser importantes quando se quer, por exemplo, produzir 
alcaloides, ativos nitrogenados com características básicas. Nesse caso, o pH do solo deve ser ácido, 
fazendo com que a planta produza mais alcaloides (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
A profundidade da colocação da semente e o espaçamento influenciam no crescimento do vegetal 
(OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991), e nesse caso podemos pensar numa plantação de alface que possui 
sementes bem pequenas (cerca de 2-3 mm). Se, para o caso da alface, fizermos uma cova (orifício) de 
2 cm e colocarmos essa semente nela, não vai haver germinação, pois o embrião da semente não terá 
força para romper esse volume de terra que está acima da semente. Em contrapartida, se tivermos uma 
semente de abacate (cerca de 5 cm), teremos que fazer uma cova de mais de 10 cm, porque, do contrário, 
quando a planta estiver crescendo, não terá suas raízes tão aprofundadas e a árvore poderá cair.
113
FARMACOGNOSIA
A) B) 
Figura 137 – Tipos de plantio
A adubação de plantas medicinais também deve ser adequada, utilizando-se, de preferência, de 
adubação orgânica, visando fornecer à planta os nutrientes necessários ao seu crescimento. Nesse caso, 
deve-se tomar cuidado com adubação que utilize estercos de animais, os quais, se não forem bem secos, 
podem apresentar microrganismos patogênicos, contaminando a planta. Indica-se aqui a preparação 
do local de plantio em duas a três semanas antes de colocar as mudas, para que o esterco possa ser 
esterilizado pelo sol, diminuindo a presença de microrganismos patogênicos. O controle de pragas deve 
ser realizado preferencialmente com inseticidas naturais, como a utilização de alho e cebola como 
repelente de insetos e no controle de fungos e nematoides, de gergelim no controle de saúvas etc. (SÃO 
PAULO, 2010; HARAGUCHI; CARVALHO, 2010).
Além do plantio correto para garantir a quantidade e qualidade dos ativos, a coleta do órgão vegetal 
é de suma importância, pois podemos coletar o órgão errado, que não possui os ativos, ou num período 
em que estes não estão presentes (COSTA, 1994). Um exemplo é o maracujá. É usual a população dizer 
que tomar suco de maracujá acalma, porém os ativos com atividade calmante não estão nos frutos, e 
sim nas folhas, tanto no maracujá doce (Passiflora alata) como no maracujá azedo (Passiflora edulis).
A) B) 
Figura 138 – Maracujás A) Passiflora alata; B) Passiflora edulis
114
Unidade II
Cada parte da planta a ser utilizada tem a melhor época de colheita (SIMÕES et al., 2004). Há um 
ditado popular rural que diz: “mandioca deve ser colhida em meses que não têm erre (R)”. Esse ditado é 
justificado quando se avalia que os meses sem a letra R são os meses de inverno (maio, junho, julho 
e agosto), e, em se tratando de mandioca, que é uma raiz tuberosa, ela irá armazenar amido nos meses 
de dormência (baixa atividade metabólica). Já quando se inicia a primavera, ocorre o brotamento de 
folhas e o aparecimento de flores, o que irá demandar maior metabolismo e maior quantidade de água, 
que ficará, em parte, nas raízes, deixando-as com menor teor de amido e, consequentemente, mais 
aguadas, fazendo com que a mandioca fique mais consistente.
As flores e os frutos devem ser colhidos após seu total amadurecimento, isto é, com flores abertas 
e frutos maduros, porém sem a deiscência dos frutos. As cascas devem ser colhidas no período de 
maior metabolismo (primavera e outono), e as folhas também, quando estiverem em plena fotossíntese. 
Entretanto, deve-se levar em consideração quais são os metabólitos (ativos) que se quer obter; por 
exemplo, caso sejam os óleos voláteis, devemos considerar que irão se degradar caso as folhas estejam 
em plena fotossíntese, durante o período de maior insolação, próximo ao meio-dia, uma vez que a 
temperatura estará muito elevada (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991). Quanto às folhas de maracujá, 
como os ativos calmantes são os flavonoides, elas podem ser colhidas ao meio-dia, no período de maior 
fotossíntese, garantindo maior quantidade de flavonoides (COSTA, 2002).
Quadro 3 – Partes das plantas utilizadas e épocas de colheita 
conforme recomendação da EMATER-DF (1988)
Parte utilizada Quando colher
Folhas e planta inteira Pré-floração
Flores Bem abertas
Frutos Bem maduras
Sementes Bem desenvolvidas
Cascas e raízes Outono, início de inverno
Adaptado de: Simões et al. (2004, p. 61).
Na colheita da planta medicinal, vários fatores devem ser avaliados: além do órgão, a idade da 
planta, a época do ano, a fase de crescimento e a hora do dia. Outro cuidado que se deve ter ao coletar 
as plantas medicinais é não amassá-las ou lesioná-las, pois isso poderá favorecer o crescimento de 
microrganismos (SIMÕES et al., 2004).
Em relação à idade da planta, o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke, sinonímia de Aniba duckei 
Kostermans) é uma árvore da região amazônica da qual se extrai o óleo volátil, rico em linalol, composto 
muito utilizado em perfumaria (MAGALHÃES, ALENCAR, 1979). Essa árvore, infelizmente, está na lista 
de espécies em risco de extinção, pois a coleta da planta inteira para a extração do óleo volátil colocou a 
espécie em perigo. Isso ocorreu porque os óleos essenciais têm a composição adequada para a indústria 
de perfumaria somente quando a planta tem cerca de 10 anos. Sampaio et al. (2005) fizeram podas 
115
FARMACOGNOSIA
nas copas das árvores com 22 anos de crescimento e verificaram que, quando podadas dessa forma, há 
grande rebrota da árvore, preservando assim a espécie, sendo uma boa forma de manejo (LEITE; QUISEN; 
SAMPAIO, 2001).
Figura 139 – Pau-rosa
Wadt (2000) realizou o plantio de Leonurus sibiricus L. em local padronizado e fez coletas em 
diferentes épocas do ano e fases de crescimento, tendo detectado que os flavonoides estavam em maior 
concentração nas folhas antes da floração. Porém, não houve diferença de concentração de metabólitos 
nas diferentes épocas do ano.
Há plantas cuja variação de metabólitos no decorrer do ano é muito grande, como a Digitalis 
purpurea L., que possui ciclo de crescimento bianual. Isso significa que ela produz os metabólitos 
(glicosídeos cardioativos) por um período de dois anos, mas a concentração deles varia durante esse 
período, sendo a maior concentração de ativos no primeiro ano, entre julho e outubro. Já no segundo 
ano, a concentração de ativos é menor, e os meses de maior concentração de glicosídeos cardioativos 
são junho e julho (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
116
Unidade II
140 140S
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100 100
80 80
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Figura 140 – Variação do teor de glicosídeos cardioativos da Digitalis purpurea L. 
frente ao ciclo bianual da planta
Schubert et al. (2006) realizaram uma pesquisa na qual colheram mensalmente folhas de Ilex 
paraguariensis A. St.-Hill, erva-mate, pelo período de um ano, em duas localidades diferentes (Ijuí e 
Santa Maria), e fizeram a avaliação do teor de metilxantinas no decorrer desse período. Os autores 
encontraram diferenças nas concentrações de metilxantina, visto que as condições físicas (solo, 
temperatura, iluminação etc.) eram diferentes, influenciando o crescimento. No entanto, a diferença de 
concentração de metilxantinas entre espécies de locais diferentes não foi tão grande quanto o momento 
que se avaliou a concentração nos meses do ano. As amostras de Ijuí mostraram maior concentração 
nos meses deabril (1) e janeiro (2), e as de Santa Maria nos meses de fevereiro (1) e março (2). Ambas 
apresentaram a menor concentração de metilxantinas no mês de julho, com as concentrações maiores 
variando entre 7 e 8,5 mg/g. Já no período de menor concentração de metilxantinas, observou-se 
concentração de cerca de 2,5 mg/g. Esses dados indicam uma relação com o período de chuva, uma vez 
que, no inverno, temos menor índice pluviométrico e, no estudo, menor concentração de metilxantinas.
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 Santa Maria
 Ijuí
Figura 141 – Teores médios de metilxantinas totais, expressos em mg/g, nas populações de Ijuí e Santa Maria
117
FARMACOGNOSIA
O período do dia também tem sua influência, por exemplo, sobre plantas com óleos voláteis 
e alcaloides, que devem ser colhidas no período da manhã, em que as plantas produzem os óleos 
voláteis; ao passo que à noite os compostos voláteis ficam armazenados nas glândulas ou nos tricomas 
glandulares – por isso encontram-se em maior concentração no período da manhã.
Quanto aos glicosídeos (aqueles que possuem açúcares em sua estrutura), devem ser colhidos no 
período da tarde e em dias secos, já que os açúcares sofrem influência da umidade, diminuindo a 
concentração (SIMÕES et al., 2004; CARNEIRO et al., 2010). Porém, essas não são regras fixas, pois há 
uma dependência da planta em questão, como demonstraram Oliveira et al. (2012) quando estudaram 
Mentha x piperita var. citrata e verificaram que o melhor horário para realizar a coleta é em torno 
das 13 horas.
Há um processo de degradação enzimática que ocorre em algumas plantas após a coleta, sendo 
necessário um tratamento especial para a interrupção ou inativação enzimática, chamado de 
estabilização, que é a parada da atividade da enzima, podendo ser realizada por aquecimento, que é 
o mais comum, a cerca de 80 ºC por 15-30 minutos. Outra forma seria através de solventes, como o 
etanol, porém este pode solubilizar vários metabólitos que sejam polares. Há a possibilidade de utilizar 
irradiação, mas esse método é mais caro e pode não ser muito efetivo devido à baixa penetração da 
radiação ultravioleta (UV) (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
Um exemplo de estabilização é o caso dos glicosídeos cardioativos da Digitalis sp. Esses compostos 
possuem em sua estrutura três moléculas de açúcar que são importantes para a eficácia farmacológica, 
e isso significa que a atividade farmacológica dos glicosídeos cardioativos, que é aumentar a força 
de contração cardíaca, será melhor se houver pelo menos uma molécula de açúcar. Então, torna-se 
necessário interromper a ação da enzima que quebra as ligações glicosídicas (SIMÕES et al., 2004; 
OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
Contudo, nem sempre é necessária a inativação enzimática. Corrêa, Santos e Finzer (2019) 
verificaram que um cultivo de carqueja cujas amostras não tinham sofrido inativação enzimática 
possuíam maior concentração de ativos, e Mendes (2004), em sua pesquisa com extratos de capim-limão 
– Cymbopogon citratus (DC) Stapf –, verificou que os extratos originários de plantas sem inativação tiveram 
maior rendimento.
Após a coleta (e a estabilização, se necessária), a planta ou o órgão da planta precisa de uma 
preparação para a retirada de sujidades que vêm do cultivo, como terra, areia, insetos, entre outras. Para 
isso, há dois métodos mais utilizados: a lavagem e a mondagem (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
A mondagem é a retirada do excesso de sujidades a seco; por exemplo, numa raiz, retira-se o excesso 
de terra ou mesmo a camada externa, deixando-a o mais limpa possível. Prefere-se a mondagem à 
lavagem, pois quando se lava, aumenta-se a umidade, o que facilita o crescimento de agentes deletérios 
como bactérias, fungos e enzimas. No caso da utilização de lavagem, é preciso ter cuidado, pois esta 
deve ser rápida e com água clorada ou ozonizada. Ainda assim, a secagem deve ser muito bem feita para 
evitar posteriores contaminações (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
118
Unidade II
Nas tabelas a seguir, é possível observar a porcentagem de água existente na planta e nos órgãos 
frescos e após a secagem, bem como a quantidade de água exigida para que os agentes deletérios 
(microrganismos e enzimas) atuem. Perceba que, se aumentarmos muito a umidade, o processo de 
secagem, para alcançar uma porcentagem segura de água e não ter os agentes deletérios, deverá ser 
muito mais rigoroso.
Tabela 1 – Teor de umidade em órgãos vegetais
Órgão vegetal Umidade no órgão fresco Umidade permitida na droga
Casca 50-55% 8-14%
Folha 60-98% 8-14%
Flor 60-95% 8-15%
Fruto 15-95% 8-15%
Raiz 50-85% 8-14%
Rizoma 50-85% 12-16%
Semente 10-15% 12-13%
Planta toda 50-90% 12- 15%
Adaptada de: Oliveira, Akisue e Akisue (1991, p. 16).
Tabela 2 – Porcentagem de água necessária 
para a atividade dos agentes deletérios
Agentes % de umidade
Bactérias 40-45%
Enzimas 20-25%
Fungos 15-20%
Adaptada de: Oliveira, Akisue e Akisue (1991, p. 16).
Os processos de secagem podem ser naturais ou artificiais e devem ser realizados de acordo com 
o órgão e o metabólito que se quer preservar, facilitando a conservação. Como vimos nas tabelas 
anteriores, é necessário atingir, pela secagem, uma umidade inferior a 15%, pois os fungos são os 
agentes deletérios que necessitam de menor quantidade de água para sobreviver, que seria no mínimo 
15% de umidade. Por isso, o ideal é atingir uma secagem com umidade menor que essa porcentagem 
(SIMÕES et al., 2017; OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
A secagem pode ser realizada diretamente ao sol, porém a incidência direta dos raios solares pode fazer 
com que haja uma secagem muito rápida, mantendo uma crosta que preserva a água internamente. Isso 
faz com que a umidade se mantenha elevada, apesar da aparência externa seca (SIMÕES et al., 2004).
Os metabólitos termolábeis (que se degradam com o calor) podem ser secos à sombra, ao abrigo do 
sol, mas essa é uma secagem mais lenta, mantendo por mais tempo a umidade da planta, o que pode 
levar a uma contaminação ainda durante o processo de secagem (CORRÊA JR.; SCHEFFER, 2013).
119
FARMACOGNOSIA
Tanto na secagem ao sol como à sombra, é necessário que se mantenha a higiene do local, com 
proteção para que o material a ser seco não sofra contaminações (CORRÊA JR.; SCHEFFER, 2013).
A utilização de estufas com circulação de ar aquecido seria uma técnica aconselhável, pois o ar 
aquecido em temperaturas controladas – por exemplo, 38 ºC para folhas e flores e 60 ºC para cascas 
e raízes – manteria os metabólitos ativos, sem degradações. Temperaturas maiores que essas podem 
secar a planta e alterar os metabólitos, até mesmo eliminá-los (CORRÊA JR.; SCHEFFER, 2014; SIMÕES 
et al., 2004).
A secagem mista pode ser uma opção para a agricultura familiar, pois há a secagem ao sol quando 
as temperaturas e a incidência solar são menores. À medida que a temperatura e as radiações solares 
vão ficando mais intensas, as plantas são colocadas em lugar protegido do sol, por exemplo, um galpão, 
até que se diminua o calor e a insolação, voltando a planta ao sol. Normalmente, essa manobra de 
sol-sombra-sol acelera o processo de secagem, sem a degradação de ativos, sendo uma boa opção, pois 
os custos são mais baixos que a implantação de estufas de secagem (CORRÊA JR.; SCHEFFER, 2013; 
OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
Figura 142 – Secagem ao sol
Figura 143 – Secagem em estufa com circulação de ar
120
Unidade II
Outra alternativa de secagem é a liofilização. Porém, essa é uma técnica muito cara, mais utilizada 
para secagem de extratos vegetais ou alimentos. A técnica consiste no congelamento da amostra e 
posterior vácuo, fazendo com que a água congelada (estado sólido) se sublime, mantendo a integridade 
da amostra, mas sem a água (WADT, 2000).
Na 5ª edição da Farmacopeia Brasileira, os teores aceitos de umidade de drogas vegetaisvariam nas 
monografias entre 6% e 15%, dependendo da droga (SIMÕES et al., 2017; BRASIL, 2010a).
Após a secagem, a droga vegetal (planta ou órgão da planta) precisa ser conservada para que 
não ocorram perdas qualitativas e quantitativas das substâncias ativas, lembrando que o tempo de 
armazenamento deve ser o menor possível para evitar posteriores degradações. Em algumas Farmacopeias, 
cita-se um ano de armazenamento (BRASIL, 2010a; SIMÕES et al., 2004).
Preferencialmente, o local de armazenamento deve ser de alvenaria (tijolos), com portas e janelas 
protegidas com telas, para evitar a entrada de insetos e animais que possam trazer contaminações à 
droga vegetal. As drogas devem ficar acondicionadas em embalagens que permitam as trocas gasosas, 
pois há uma umidade residual na droga vegetal que pode evaporar, e, se a embalagem não permitir as 
trocas gasosas, poderá aumentar a umidade dentro da embalagem, facilitando o ataque de agentes 
deletérios (CORRÊA JR.; SCHEFFER, 2013).
Todas as drogas vegetais armazenadas devem ser muito bem identificadas para que não ocorra 
a mistura de embalagens, que devem ficar em local preferencialmente escuro (ou iluminação pouco 
intensa), com umidade baixa (inferior a 15%), temperatura ideal entre 5 ºC e 15 ºC, e não devem ficar 
em contato com o solo. Aconselha-se colocar armários abertos ou ventilados (OLIVEIRA; AKISUE; 
AKISUE, 1991).
Armazenam-se as drogas íntegras, pois, ao rasurá-las ou moê-las, ocorre o aumento da superfície de 
contato, o que pode acelerar processos de oxidação, perda de ativos voláteis, entre outros, acarretando 
a diminuição da qualidade da droga (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
 Lembrete
Todo produto final de qualidade necessita de uma matéria-prima de qualidade.
5.2 Controle de qualidade de fitoterápicos
Na farmácia, o termo “qualidade” não é usado à toa. Toda matéria-prima, como produto acabado, 
necessita estar dentro dos padrões de qualidade. Num conceito mais amplo, qualidade seria a adequação 
do produto a uma finalidade estabelecida, sob o ponto de vista do consumidor, devendo estar disponível 
e a preço adequado (desejável) (SIMÕES et al., 2017; PINTO; KANEKO; OHARA, 2000).
121
FARMACOGNOSIA
O controle de qualidade “é o conjunto de medidas destinadas a garantir, a qualquer momento, 
a produção de lotes de medicamentos e demais produtos, que satisfaçam às normas de identidade, 
atividade, teor, pureza, eficácia e inocuidade” (BRASIL, 2019a).
No caso de Ifav, o controle de qualidade é um pouco mais complexo que os ativos alopáticos, pois 
os Ifav possuem, como vimos, mais de um princípio ativo, sendo muitas vezes difícil garantir a eficácia 
farmacológica somente pelo controle de qualidade, demandando ensaios pré-clínicos e clínicos (BRASIL, 
2014c; SIMÕES et al., 2004).
O esquema da figura a seguir apresenta as etapas para a produção industrial de um medicamento 
fitoterápico ou produto tradicional fitoterápico. Observe que o controle de qualidade deve estar presente 
em todas as etapas da cadeia produtiva, começando na produção agrícola, depois na droga vegetal e 
nas etapas posteriores.
Planta medicinal Droga vegetal
Produto acabado Produto acabado
Chá medicinal
Derivado vegetal
Medicamento fitoterápico ou 
produto tradicional fitoterápico
Fitoterápico
(2)
(3)
(1)
(4) (5)
(6)
Figura 144 – Principais conceitos em fitoterápicos industrializados
Neste livro-texto, vamos abordar principalmente o controle das drogas vegetais e do derivado vegetal.
A droga vegetal, mesmo tendo origem conhecida, deve ser analisada com todos os parâmetros 
de qualidade estabelecidos por Farmacopeias ou Compêndios oficiais nacionais ou internacionais, 
pois algumas plantas não são encontradas na Farmacopeia Brasileira, mas podem ser encontradas nas 
Farmacopeias e nos Compêndios de outros países. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 
autoriza a utilização das Farmacopeias alemã, norte-americana, japonesa, britânica, europeia, francesa, 
portuguesa, argentina, mexicana e a internacional, que é elaborada pela Organização Mundial de 
Saúde (OMS) (SIMÕES et al., 2017).
122
Unidade II
 Saiba mais
Acesse o site da Anvisa e verifique as Farmacopeias. No site, constam desde 
a primeira edição o Formulário fitoterápico e a Farmacopeia homeopática:
Disponível em: www.anvisa.gov.br. Acesso em: 23 abr. 2021.
Quando não há monografias, por exemplo, de plantas novas, a empresa deve estabelecer parâmetros 
de qualidade e elaborar uma monografia, submetendo-a aos órgãos de fiscalização (CARVALHO 
et al., 2010).
O início de todo o controle é a amostragem ou tomada de ensaio, que deve representar o todo, 
isto é, deve ser representativa de todo o lote. Para isso, uma amostragem precisa ser randomizada 
(aleatória), pois, se houver falsificações ou adulterações, é mais comum ocorrerem nas embalagens 
iniciais e nos finais (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
O número de embalagens é outro fator a obedecer, pois há critérios que devem ser seguidos para que 
se obtenha, estatisticamente, uma amostra confiável, que seja representativa do lote inteiro. Lembre-se 
de que todas as embalagens devem ser vistoriadas antes da amostragem – não devem conter aberturas, 
lesões ou qualquer dano que possa comprometer a qualidade da droga vegetal (SIMÕES et al., 2017).
A tabela a seguir mostra esquemas de amostragens pelo número de embalagens (N). Se tivermos, 
por exemplo, 16 embalagens com droga vegetal, será necessário que se amostre pelo menos cinco 
embalagens não seguidas.
Tabela 3 – Número de embalagens a serem amostradas
FB5 Ph.Eu.8.0 WHO
Número total de 
embalagens (N) 
Tamanho da 
amostra (n) 
Número total de 
embalagens (N) 
Tamanho da 
amostra (n) 
Número total de 
embalagens (N) 
Tamanho da 
amostra (n) 
1 a 3 Todas 1 a 3 Todas 1 a 5 Todas 
4 a 10 3 > 3 n = √N+1 6 a 60 5 
11 a 20 5 
21 a 50 6 
51 a 80 8 >50 10% 
81 a 100 10 
Mais de 100 10% 
Fonte: Simões et al. (2017, p. 84).
123
FARMACOGNOSIA
Outros fatores que devem ser observados na amostragem são: o órgão vegetal, o tamanho das 
rasuras, se em pó ou em pedaços grandes, a profundidade (altura) da embalagem etc. Muitas vezes, 
durante o transporte, os materiais mais pesados (pedras, areia, galhos) ficam na parte inferior da 
embalagem, e os mais leves (menos densos) ficam na parte superior. Para obter uma amostra desde o 
fundo (parte inferior) até a parte superior da embalagem, são necessários aparelhos coletores, como 
hastes tubulares com abertura na extremidade, que é fechada após a amostragem. É aconselhável que 
se coletem amostras na horizontal e na vertical, no mínimo três por embalagem (OLIVEIRA; AKISUE; 
AKISUE, 1991).
A tomada de ensaio está relacionada com a massa total do lote. Se tivermos um lote de 100 kg, 
a quantidade a ser amostrada será de 250 g da amostra; já em lotes com quantidades de 10 kg ou 
menores, a quantidade mínima da tomada de ensaio será de 125 g (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
Após a amostragem, é necessária a sua homogeneização, além da redução de tamanho da amostra a ser 
analisada. Essa redução é feita por um esquema que se denomina quarteamento, que é dividir a tomada 
de ensaio em quatro partes iguais e selecionar duas partes nas diagonais. Depois, junta-se essas duas 
porções e divide-se em quatro novamente, e assim sucessivamente, até que se tenha uma quantidade para 
realizar a análise (BRASIL, 2019a).
Figura 145 – Quarteamento para farmácias de manipulação
124
Unidade II
Amostra
Figura 146 – Quarteamento da tomada de ensaio
A identificação da amostra é o passo seguinte na análise de drogas vegetais. É uma etapa muito 
importante, pois grande parte das amostras vegetais é obtida por extrativismo e comercializada por 
pessoas leigas. Mesmo sendo a legislação atual mais rigorosa, diversas falsificações e adulterações ocorrem, 
muitas vezes por outros órgãos que não o que seria responsável pela atividade farmacológica, como a 
camomila, cujo órgão de interesse é a flor. Porém,grande parte das amostras encontradas apresenta 
contaminação por outros órgãos, como caules e folhas. Outras plantas podem ser acrescentadas ao 
lote, ou mesmo pode acontecer de plantas erradas serem comercializadas (SOUZA-MOREIRA; SALGADO; 
PIETRO, 2010).
A identificação inicia-se pelos aspectos macroscópicos da droga vegetal. Para isso, é necessário que 
se compare com a monografia da planta em compêndios oficiais ou científicos. Isso é mais difícil de 
ser realizado quando a droga já vem pulverizada; então, faz-se somente a identificação microscópica, 
observando estruturas como estômatos, tipos de célula da epiderme, tricomas glandulares e tectores, 
inclusões, entre outras (CARDOSO, 2009).
Segundo Cardoso (2009), na identificação macroscópica, algumas características devem ser 
observadas. Essas identificações são realizadas por métodos diretos, isto é, sem equipamentos, pois se 
utilizam de sentidos como tato, visão, paladar e olfato. Deve-se observar qual o órgão a ser analisado e 
suas características. Se estiverem presentes:
• Em um caule: observar a cor, a forma, o tipo de caule, se liso ou rugoso.
• Nas cascas: verificar o tamanho, a forma, se na superfície externa há presença de líquens, fungos; 
na superfície interna, observar a cor, as estrias, o tipo de fratura, entre outras características.
• Nas folhas: verificar se são simples ou compostas, pecioladas ou sésseis, o tipo de nervação, a 
base, o ápice, o contorno, a textura, a cor.
125
FARMACOGNOSIA
• Nas flores: verificar se são simples ou compostas (inflorescências), o pedúnculo, o receptáculo 
floral, onde estão o gineceu e androceu, a cor, a forma.
• Nos frutos: observar, além do tamanho, o tipo de fruto (seco, carnoso, simples), a cor, a forma, a 
presença de sementes, a superfície.
• Nas sementes: atentar para o tamanho, a forma, a cor, o embrião, os cotilédones.
• Nos órgãos subterrâneos: verificar se são raízes ou rizomas, a forma, a cor, o tamanho, as 
características externas (cicatrizes, fibras, gemas).
O odor das amostras também é importante, pois através dele podemos já ter uma ideia se é 
determinada droga vegetal, por exemplo, boldo, erva-doce, erva-cidreira, entre outras, que possuem 
odor bem característico, além do sabor. Observe que, para a avaliação dessa característica, devemos 
ter cuidado, pois pode haver falsificações ou contaminações com drogas vegetais mais tóxicas, além 
de contaminações microbianas ou por metais pesados. Por isso, não se recomenda realizar esse tipo de 
teste, a menos que seja solicitado na monografia, principalmente quando as outras características não estão 
bem definidas. Se tivermos, por exemplo, boldo-do-chile, este deverá ser amargo, mas antes deveremos 
verificar a forma da folha e, se estiver em pó, a cor e o odor (BRASIL, 2019a).
Ao se analisar a droga vegetal erva-cidreira (Melissa officinalis L.), é muito comum encontrá-la 
falsificada com a erva-cidreira brasileira – Lippia alba (Mill.) N. E. Br. ex. Britton & P. Wilson –, e, muitas 
vezes, só há a Lippia alba. Essa planta cresce com facilidade no território nacional e tem um rendimento 
maior, porque é comum acrescentarem os caules e não somente as folhas. Veja que, nesse caso, teremos 
uma dupla falsificação, pois não será a droga verdadeira Melissa officinalis e ainda estará adulterada 
com caules, sendo que o órgão que possui atividade farmacológica são as folhas.
 Observação
O nome científico deve constar em todas as embalagens que contenham 
a droga vegetal, não somente o nome comum, evitando confusões e erros.
Ainda para realizar a identificação, é necessário que se faça a análise microscópica, que é 
realizada através de método indireto, pois há necessidade de utilização de um equipamento, no caso, 
o microscópio, e também corantes. Para realizar essa identificação, é preciso verificar as características 
anatômicas e comparar com monografias, que podem ser encontradas nas farmacopeias ou em literaturas 
especializadas. As drogas em pó são mais difíceis de se identificar, como já dito, pela necessidade de utilizar 
elementos de identificação isolados (pelos, estômatos, inclusões) e não um tecido, como no caso de 
drogas íntegras (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
126
Unidade II
 Lembrete
Os extratos secos em pó, quando observados ao microscópio, não 
apresentam estruturas anatômicas vegetais.
Realizar a determinação de matéria estranha é importante para garantir a pureza do material, 
garantindo assim que o valor que se está pagando é do material solicitado, e não de impurezas.
 
Matéria estranha é qualquer material que não conste da definição da 
droga descrita na monografia correspondente. As drogas devem ser isentas 
de fungos, de insetos e de outras contaminações de origem animal. Salvo 
indicação em contrário, a porcentagem de elementos estranhos não deve 
ser superior a 2% (p/p) (BRASIL, 2019a, p. 316).
Mas o que são consideradas matérias estranhas? Podem ser outros órgãos da droga que não o descrito 
na Farmacopeia, como o Ifav, acima do limite de tolerância especificado na monografia, impurezas de 
natureza mineral (areia, pedra) ou outras sujidades como insetos ou parte destes, quaisquer organismos 
(fungos) ou produtos de organismos (fezes, pelos) não especificados na monografia. É importante 
ressaltar que os produtos (Ifav) devem ser mantidos em locais de armazenamento limpos, seja no 
produtor, seja no consumidor, evitando assim contaminações, principalmente a proliferação de fungos, 
que podem produzir toxinas (BRASIL, 2019a).
Para realizar a análise de matéria estranha, é necessário pesar a amostra, espalhar em papel branco 
e a olho nu, inicialmente, e depois com auxílio de lupa, retirar as sujidades, pesar as sujidades e calcular 
a porcentagem de matéria estranha (BRASIL, 2019a).
Figura 147 – Inseto encontrado em amostra de orégano
127
FARMACOGNOSIA
Figura 148 – Fungo
A identificação deve ser feita também por métodos indiretos, através de ensaios físicos (microscopia, 
luz UV), químicos (histoquímicos e microquímicos) e físico-químicos (cromatografia) (OLIVEIRA; AKISUE; 
AKISUE, 1991).
A microscopia é um método físico, pois há um jogo de lentes que possibilitam a entrada de luz no 
equipamento e a visualização do material com o aumento escolhido. Outros métodos físicos utilizados 
são o da fluorescência dos flavonoides em luz UV ou mesmo o amido sob luz polarizada, que apresenta 
a cruz de Malta (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
Figura 149 – Fluorescência de flavonoides em luz UV (fluorescência mais intensa com AlCl3)
128
Unidade II
As identificações através de processos químicos podem ser histoquímicas. Quando se cora o tecido 
vegetal, por exemplo, em uma pequena porção do pó da droga vegetal, adiciona-se gotas de lugol; se 
tiver amido, a amostra se tornará azul. Já as reações microquímicas são realizadas para identificar os 
metabólitos das drogas, como flavonoides, taninos, alcaloides, antraquinonas, entre outros. As reações 
são chamadas de microquímicas porque se utilizam de pequenas quantidades de amostra (0,5 g a 1 g) 
colocadas no solvente de extração para retirada dos ativos. Depois, na solução que contém os ativos, são 
adicionados reagentes químicos, como acetato de chumbo, cloreto férrico, lugol, proteínas, alcaloides, 
entre outros, que irão reagir com o metabólito presente. Essas reações podem ser colorimétricas, 
de precipitação, de complexação, e devem ser realizadas, mesmo que a identificação macroscópica 
e microscópica tenha sido adequada. Existem situações nas quais essa informação é importante, 
pois já foram encontradas drogas vegetais que correspondiam à monografia nos aspectos macro e 
microscópico, porém não continham os grupos de metabólitos que deveriam estar presentes (CARDOSO, 
2009; OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991).
Um exemplo dessa ocorrência é no caso das quinas (Cinchona spp.). Quando se realizam os testes de 
identificação macro e microscópica com as cascas de algumas espécies de quina, estes correspondem à 
droga vegetal,porém, ao se realizar o teste para detectar a presença de alcaloides, que são o grupo de 
metabólitos com atividade farmacológica, eles não são detectados. Provavelmente, o metabólito que 
é utilizado como medicamento e em alimentos (água tônica) é extraído, e, depois, é enviada apenas a 
casca sem os alcaloides para comercialização.
A incineração é a queima total da matéria orgânica, transformando-a em cinzas. Na Farmacopeia 
Brasileira, há uma análise que se baseia na quantidade de cinzas obtidas, que é denominada de teor 
de cinzas. Esse método é importante na verificação da presença de materiais inorgânicos, como 
pedras e principalmente areia. No teste, toda a droga irá incinerar, e, no final, restará somente um resíduo, 
que é o material orgânico incinerado (carbono elementar). Como esse teor está descrito nas monografias e a 
quantidade de cinzas para cada droga é conhecida, caso haja alteração da massa de cinzas, isto é, caso 
a quantidade de resíduo seja maior que a descrita, significa que há contaminação de material 
inorgânico, que não carboniza (SIMÕES et al., 2004).
Atualmente, preconiza-se a realização do teor de umidade, pois o excesso de água permite o 
crescimento de microrganismos e a ação de enzimas que podem degradar compostos químicos, como 
os ativos. O teor de umidade nas farmacopeias varia entre 8% e 14%, dependendo da monografia da 
droga (SIMÕES et al., 2004).
Há também a identificação através de processos biológicos, utilizando-se material biológico ou 
animais (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 1991), mas estes não estão sendo muito utilizados atualmente. 
O índice de hemólise é uma forma de identificação biológica de drogas que contêm saponinas. As 
saponinas abrem poros na membrana celular, lisando-a, e por isso ocorre a hemólise.
Os métodos físico-químicos mais utilizados são os de cromatografia, seja ela em papel, coluna, 
camada delgada, gás ou líquida. A cromatografia será melhor explicada mais adiante.
129
FARMACOGNOSIA
O controle de qualidade de drogas vegetais e seus derivados é importante para garantir os parâmetros 
que comprovem que determinada droga vegetal terá os componentes que assegurem sua eficácia e 
segurança farmacológica.
Exemplo de aplicação
Pesquise na Farmacopeia Brasileira, 6ª edição, uma monografia de planta e analise os parâmetros de 
qualidade que foram descritos para essa planta.
 Observação
A Farmacopeia Brasileira 6ª edição possui dois volumes, sendo um deles 
com os métodos empregados em análises e o outro em monografias.
5.2.1 Cromatografia
5.2.1.1 Análise cromatográfica
As técnicas que envolvem análises cromatográficas são as técnicas de escolha pelos compêndios 
oficiais, abrangendo análises de plantas medicinais e seus derivados (SIMÕES et al., 2017).
A palavra “cromatografia” tem origem grega chroma (cor) e graphein (escrever), e foi dado esse 
nome pelo botânico russo Mikhael S. Tswett, em 1906, quando descreveu dois trabalhos de separação 
de componentes de extrato de folhas (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006). No início, a cromatografia 
foi utilizada como método apenas de separação, porém, atualmente, é utilizada como método de 
separação, identificação e quantificação, sendo um dos mais usados em análises farmacognósticas 
(SIMÕES et al., 2017).
A cromatografia é um método físico-químico de separação dos componentes de uma mistura pelo 
princípio da afinidade polar. É realizada através da distribuição dos componentes da mistura em duas 
fases: a fase fixa ou estacionária e a fase móvel, que se move através da fase estacionária. Em geral, 
a fase estacionária é mais polar que a fase móvel. À passagem da fase móvel pela fase estacionária, os 
compostos da mistura são distribuídos pelas duas fases, de forma seletiva, de acordo com sua afinidade 
polar, havendo migrações diferenciais desses compostos (PINTO; KANEKO; OHARA, 2000).
As cromatografias podem ser por princípio de partição (líquido-líquido) ou por adsorção (sólido-líquido). 
Um exemplo de cromatografia de partição é a cromatografia em papel, que tem como fase estacionária 
o papel (PINTO; KANEKO; OHARA, 2000). Mas como o papel é fase estacionária líquida? A celulose que 
compõe o papel é formada por moléculas de glicose, um açúcar que possui várias hidroxilas que formam 
ligações de hidrogênio com a água presente na fase móvel, deixando as moléculas da água retidas nessa 
celulose e formando uma camada de água interligada com a celulose. Então, os líquidos que não são 
130
Unidade II
tão polares como a água serão repelidos por ela, funcionando como uma fase móvel, carregando os 
componentes de uma mistura com características mais apolares que a água.
Já a cromatografia em camada delgada (CCD), também conhecida como cromatografia de camada 
fina (Thin Layer Chromatography – TLC), tem por princípio, principalmente, a adsorção. Nessa técnica, 
a fase estacionária é composta por um material poroso, com capacidade de reter as substâncias 
que têm afinidade com sua camada externa. Pode haver fases estacionárias tratadas (especiais) que 
proporcionam a capacidade de realizar essa técnica também por partição ou troca iônica (PINTO; 
KANEKO; OHARA, 2000). O fundamento é o mesmo da cromatografia por partição, que se baseia na 
afinidade dos compostos pela fase estacionária ou pela fase móvel, ou seja, a substância ficará retida 
na fase estacionária ou se moverá com a fase móvel, dependendo de por qual delas a substância terá 
maior afinidade. A maior diferença na separação por adsorção em relação à separação por partição é 
que as fases móveis utilizadas na cromatografia por adsorção não têm água na sua composição, mas 
solventes orgânicos. Alguns dos adsorventes mais utilizados na CCD por adsorção são a sílica alumina e 
a terra diatomácea. O papel, dependendo do tratamento realizado, pode ser usado na cromatografia de 
partição ou na cromatografia por troca iônica.
Linha final da “corrida“ 
da fase móvel
Linha de base ou partida
Figura 150 – CCD de óleos voláteis. Fase móvel: tolueno 96: 
acetato de etila 4; fase estacionária: sílica gel
Os óleos voláteis ou etéreos são compostos por vários componentes de polaridades diferentes, porém 
com características mais apolares. São solúveis em solventes orgânicos e pouco solúveis em água. Na CCD 
que utiliza fase estacionária à base de sílica gel, a qual possui características mais polares, ao tentarmos 
separar os componentes do óleo volátil, os que tiverem maior afinidade com a fase estacionária ficarão 
retidos nela. No exemplo da figura anterior, como a fase móvel é composta predominantemente por 
solvente apolar, o tolueno, os componentes do óleo com características mais apolares terão afinidade 
pela fase móvel e a seguirão na evolução (corrida) da cromatografia. Então, é possível constatar que os 
compostos mais apolares estão mais próximos da linha final da placa de sílica gel, e os componentes 
menos apolares estão mais próximos da linha de partida.
131
FARMACOGNOSIA
A) 
1 2 3 4
 B) 
1 2 3 4
Figura 151 – Cromatografia de tinturas e extratos: A) Jacaranda decurrens (fase móvel; clorofórmio/metanol, 7/3; marcador: cafeína e 
revelador luz UV, 365 nm); B) Bauhinia forficata (fase móvel: BAW, rutina e revelador Np/Peg). 1 = Tintura estação chuvosa; 
2 = extrato estação chuvosa; 3 = tintura estação seca; 4 = extrato estação seca
A CCD é uma ótima técnica para o controle de qualidade em farmácias de manipulação, pois não 
exige equipamentos tão caros e sofisticados e permite separação e identificação de substâncias (ALVES 
et al., 2011; CARDOSO, 2009). Nas cromatografias da figura anterior, foi possível realizar a identificação, 
pois havia padrões que foram utilizados. Note que a substância em que aparece uma única mancha 
é o padrão (marcador) cafeína, e através da cor e altura da mancha é possível identificar se a cafeína 
está presente nos extratos e tinturas avaliados. Nesse caso, é uma CCD qualitativa, que serve para detectar a 
presença da substância. Observe que, com fases móveis diferentes, as substânciastêm comportamentos 
diferentes, e suas manchas ficam retiradas em alturas diversas. Também, se os reveladores forem diferentes, 
a cor de detecção é diferente.
Na CCD, quando não se tem o padrão para realizar a comparação e identificação de uma substância, 
é possível fazer a identificação utilizando o fator de retenção Rf (ou retardamento), comparando-o com 
os dados em literatura especializada. “O Rf é o quociente entre as distâncias percorridas simultaneamente 
desde o ponto de partida até o centro de maior concentração da mancha do soluto, e até a frente da 
fase móvel” (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006). De forma simplificada:
Rf = distância percorrida pela amostra
 distância percorrida pela fase móvel
132
Unidade II
Na cromatografia em coluna, a fase estacionária fica compactada dentro de uma coluna vertical com 
o material adsorvente, sendo que na parte superior há o local para colocar a amostra que vai eluindo, 
descendo com o solvente (fase móvel), por gravidade, fazendo assim a separação dos compostos que 
são recolhidos na parte inferior por meio de uma torneira (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006). Uma 
dificuldade dessa cromatografia é detectar a separação das substâncias que forem transparentes, da cor 
do solvente.
Quadro 4 – Solventes em ordem crescente de polaridade
Solvente
Hexano
Éter de petróleo
Cicloexano
Tolueno
Diclorometano
Clorofórmio
Éter etílico
Acetato de etila
Piridina
Acetona
Etanol
Metanol
Ácido acético
Água
Adaptada de: Collins, Braga e Bonato (2006, p. 35).
 Observação
O acetato de etila e a piridina são solventes intermediários, têm 
afinidade tanto por substâncias apolares como por polares.
Atualmente, as cromatografias mais utilizadas na indústria farmacêutica são as cromatografias em 
coluna sob pressão, que são: cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e cromatografia gasosa (CG). 
Por serem realizadas sob pressão, são mais rápidas e permitem, além da separação, a quantificação das 
substâncias analisadas. Muitas vezes, são acopladas a outras técnicas, como a espectrometria de massas 
e a espectroscopia de ressonância magnética nuclear, que permitem também a identificação química 
da substância, podendo-se identificar compostos numa mistura complexa, como os extratos vegetais 
(SIMÕES et al., 2017; COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006).
133
FARMACOGNOSIA
Figura 152 – Cromatógrafo: CLAE
Figura 153 – Cromatógrafo: CG
134
Unidade II
A CLAE, ou high performance liquid chromatography (HPLC), é uma técnica que permite separar 
misturas com grande número de compostos; é mais rápida que a CCD e que a cromatografia em coluna, 
pois a fase móvel é pressurizada; também tem alta resolução e eficiência na realização de análises 
quantitativas (MRADU et al., 2012; RITTO; OLIVEIRA; AKISUE, 2019). A fase estacionária pode ser normal 
(polar) ou reversa (apolar), e a fase móvel pode ser constituída por solventes polares (água, metanol, 
acetonitrila, tampões) ou menos polares (hexano, diclorometano) (RITTO; OLIVEIRA; AKISUE, 2019).
Na CLAE, a fase móvel é pressurizada por uma bomba através da coluna e leva as substâncias com 
maior afinidade (fase móvel). Essas substâncias são detectadas à medida que passam pelo detector, o 
qual envia um sinal para registrar o tempo que a substância demorou para fazer o caminho entre a 
coluna e o detector (RITTO; OLIVEIRA; AKISUE, 2019).
0,00 4,00 6,00 10,00 14,00 18,00 22,008,00 12,00 16,00 20,00
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
050
0,60
0,70
As
co
rb
ic
 a
ci
d 
- 
2.
61
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Ga
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23
Ac
et
yl
 sa
lic
yl
ic
 a
ci
d 
- 
17
.8
05
Be
nz
oi
c 
ac
id
 -
 1
9.
69
9
2,00
Figura 154 – Cromatograma de uma análise por CLAE de padrões de compostos químicos fenólicos
As substâncias volatilizáveis podem ser separadas por CG, ou gas chromatography (GC). Nessa 
cromatografia, a separação é baseada na diferença de distribuição dos componentes da amostra entre 
uma fase estacionária (sólida ou líquida) e uma fase móvel, que nesse caso é gasosa. As substâncias a 
serem analisadas em CG devem ser passíveis de se volatilizarem, pois a fase móvel é um gás. A volatilização é 
realizada por vaporização assim que a amostra é injetada (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006). Essa técnica 
é muito utilizada, principalmente na indústria de perfumaria.
135
FARMACOGNOSIA
A) 
60
mV
40
20
0
0 20 40 60 80 min
Eu
ge
no
l 8
7,
38
%
Ti
m
ol
 6
,2
7%
 
B) 
60
mV
40
20
0
0 20 40 60 min
Eu
ge
no
l 7
1,
12
%
Ti
m
ol
 1
3,
28
%
Figura 155 – Cromatogramas de CG: cromatogramas do óleo essencial 
de alfavaca (Ocimum gratissimum L.), planta fresca (A) e planta seca comercial (B)
6 PRODUÇÃO DE INSUMOS VEGETAIS
6.1 Métodos de extração a quente e a frio
Desde os primórdios da civilização, o homem precisou se adaptar ao ambiente para poder comer e 
se curar e utilizou a observação dos animais para aprender a selecionar espécies de plantas que fossem 
comestíveis e evitar as tóxicas (ALONSO, 2008).
As plantas medicinais produzem várias substâncias (composição complexa) com atividade 
farmacológica ou não, e nem todas possuem sabor agradável (ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1997). Em 
vista disso, os homens começaram a buscar métodos para extrair as substâncias que lhes interessassem, 
com sabor mais palatável.
136
Unidade II
Vejamos um exemplo: se mastigarmos uma folha de hortelã, no início o sabor será agradável, pois 
estaremos sentindo os óleos voláteis da hortelã, que tem um sabor refrescante; mas depois o sabor se 
tornará mais amargo, porque outras substâncias, que não os óleos voláteis, serão extraídas.
Com o tempo, o homem aprimorou os processos de extração dos compostos de interesse. Os 
métodos de extração podem ser a quente ou a frio e dependem do ativo que se pretende extrair, bem 
como a finalidade desse produto (SIMÕES et al., 2004). Alguns métodos de extração são mais utilizados 
pela população, e as formas farmacêuticas mais utilizadas são: decocção (chás), infusão, cataplasmas e 
inalação (MATOS, 2007).
As infusões, decocções, entre outras, são soluções extrativas, pois resultam da dissolução parcial da 
droga vegetal de composição heterogênea num determinado solvente. Este dissolve alguns compostos 
presentes na droga vegetal (somente os que forem solúveis no solvente), ficando parte dos compostos a 
dissolver. O resíduo da droga também é conhecido por marco (PRISTA; ALVES; MORGADO, 1990; ANSEL; 
POPOVICH; ALLEN, 2011).
Vamos relacionar o tema ao nosso cotidiano. O café que tomamos é uma solução extrativa, pois, 
durante o processo de se fazer o café, a água quente que foi adicionada ao seu pó dissolveu as substâncias 
solúveis. Não somente o ativo cafeína foi dissolvido; se assim o fosse, o café seria transparente. No 
entanto, o café tem uma coloração marrom, tem o odor característico e o sabor amargo, que estão 
presentes porque outras substâncias além da cafeína foram dissolvidas na água quente. Mas a borra de 
café, que é o resíduo, resultado da passagem da água sobre o pó de café, também chamada de droga 
vegetal, ainda possui substâncias. Portanto, podemos dizer que ela não foi esgotada, ou seja, ainda 
existem substâncias que não foram extraídas na água quente. Em uma solução extrativa, como no caso 
do café, não se tem uma concentração definida, pois podemos ter soluções mais ou menos concentradas.
Para realizar uma extração adequada, alguns fatores devem ser avaliados, como:
• Estado de divisão da droga vegetal: quanto menor o tamanho da droga, maior a superfície de 
contato e melhor a extração, pois o solvente consegue penetrar com maior facilidade e realizar a 
dissolução dos componentes.
 Observação
Na farmacognosia, para os processos extrativos, não se recomenda 
pó em granulometria muito pequena, pois pode entupir os filtros, 
dificultando a filtração.
• Agitação: aumenta a velocidade de troca entre os solventese a droga.
• Temperatura: aumenta a solubilidade e, com o aumento de temperatura, diminui a viscosidade 
dos solventes, facilitando a penetração desses na droga.
137
FARMACOGNOSIA
• Ações adicionais exercidas pelos componentes de uma mesma planta: o caso da saponina é 
um exemplo de outro componente que facilita a extração dos compostos, pois as saponinas, sendo 
semelhantes a sabões, irão complexar com os lipídeos da membrana, aumentando a porosidade e 
entrada do solvente.
• Natureza do solvente: os compostos polares são mais solúveis em solventes polares, e as 
substâncias apolares mais solúveis em solventes apolares.
• pH: substâncias ácidas e básicas têm pH adequado de extração.
• Tempo de extração: normalmente, quanto maior o tempo, melhor a extração, ou até que se 
atinja a saturação do solvente (COSTA, 2002; PRISTA; ALVES; MORGADO, 1990).
Devemos lembrar que as soluções extrativas devem ser seletivas (conter a substância de interesse), 
econômicas e conservantes (devem manter as características das substâncias, evitando inclusive 
contaminação microbiana) (PRISTA; ALVES; MORGADO, 1990).
As plantas medicinais e as drogas vegetais podem ser utilizadas em preparações de uso oral (interno) 
ou externo (pele, mucosas) e são chamadas de formas farmacêuticas. A preparação delas requer normas 
adequadas para cada caso, e a limpeza deve ser prioridade, seja da planta, seja da droga vegetal 
(MATOS, 2007).
Procuraremos utilizar neste livro-texto as mesmas definições utilizadas pelos compêndios oficiais, 
com as devidas explicações.
 
Infusão: é a preparação que consiste em verter água fervente sobre a droga 
vegetal e, em seguida, se aplicável, tampar ou abafar o recipiente por tempo 
determinado. Método indicado para drogas vegetais de consistência menos 
rígida, tais como folhas, flores, inflorescências e frutos, ou que contenham 
substâncias ativas voláteis (BRASIL, 2018, p. 10).
Esse é um dos métodos mais utilizados pela população para a preparação de chás, como constataram 
Griz et al. (2017) em uma pesquisa realizada em Recife. Na pesquisa, 55,5% da população utilizavam 
o método de infusão para preparar os chás de boldo (Peumus boldus Molina), erva-cidreira (Melissa 
officinalis L.) e hortelã pimenta (Mentha x piperita L.), o que revelou ser a técnica correta, visto que as 
três plantas têm a folha como órgão que contém os óleos voláteis. As folhas são estruturas mais frágeis 
e podem ser preparadas por infusão, mesmo a de boldo. Sendo coriácea, poderia ser feito o chá por 
decocção, porém os pesquisados utilizavam as folhas mais rasuradas.
Os infusos devem ser utilizados no mesmo dia em recipientes bem fechados e guardados – 
preferencialmente, em geladeira.
138
Unidade II
A) B) 
Figura 156 – Preparação por infusão
 
Decocção: é a preparação que consiste na ebulição da droga vegetal em 
água potável por tempo determinado. Método indicado para partes de 
drogas vegetais com consistência rígida, tais como cascas, raízes, rizomas, 
caules, sementes e folhas coriáceas (BRASIL, 2018, p. 8).
A) B) 
Figura 157 – Decocção
Após o cozimento, deve-se deixar em repouso de 10-15 minutos e coar em seguida. Drogas 
aromáticas, mesmo de consistência rígida, não devem ser fervidas por longo tempo (MATOS, 2007), e de 
preferência deve-se tampar.
Para todas as preparações aquosas, por qualquer método, recomenda-se preparar nova quantidade 
de chá no dia seguinte (MATOS, 2007), evitando contaminações microbianas.
 
Maceração: é o processo que consiste em manter a planta fresca ou droga 
vegetal convenientemente rasurada, triturada ou pulverizada, nas proporções 
indicadas na fórmula, em contato com o líquido extrator apropriado, por 
tempo determinado para cada vegetal. Deverá ser utilizado recipiente âmbar 
ou qualquer outro que elimina o contato com a luz (BRASIL, 2018, p. 10).
139
FARMACOGNOSIA
Figura 158 – Maceração
Os exemplos de maceração utilizada pela população são vários, como as garrafadas, os “álcoois 
curtidos da vovó”, as “pingas curtidas”, entre outros. No trabalho realizado por Roque, Rocha e Loiola 
(2010), as macerações foram técnicas narradas pela população, principalmente em preparações para 
uso dermatológico.
As macerações são realizadas à temperatura ambiente e podem ser simples (uma única porção de 
solvente) ou fracionadas, com a adição de várias porções de solvente. É uma técnica considerada estática, 
embora em alguns casos possa se usar agitação para fazer a maceração dinâmica ou fazer uma nova 
maceração com a mesma droga vegetal, e aí é chamada de remaceração. Os solventes das macerações 
podem ser álcoois e derivados, óleos fixos ou água (COSTA, 2002; PRISTA; ALVES; MORGADO, 1990).
A digestão é um processo semelhante à maceração, mas com aquecimento. É um método que lembra 
a nossa (humana) digestão. Colocamos a droga ou planta em contato com o solvente por um tempo à 
temperatura de cerca de 40 ºC. A vantagem da digestão é que, por ter uma temperatura mais elevada 
que a maceração, há maior energia de ativação e contato entre as moléculas, além de menor viscosidade, 
o que permite melhor penetração do solvente e maior extração. O inconveniente desse método é que 
necessita de equipamentos especiais (aquecimento) e, consequentemente, maior custo (COSTA, 2002).
 
Percolação: é o processo extrativo que consiste na passagem de solvente, 
ou líquido extrator, através da droga vegetal pulverizada, previamente 
umedecida com líquido extrator, mantida em percolador, sob velocidade de 
gotejamento controlada. O procedimento para sua realização está descrito 
nos métodos gerais da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2018, p. 10).
140
Unidade II
A percolação é um método ativo de extração, pois o solvente é adicionado continuamente, após 
um período de maceração, até o esgotamento da droga. É necessária a utilização de um equipamento 
chamado percolador (COSTA, 2002).
Figura 159 – Percolador de inox
6.1.1 Extrato, tintura e métodos especiais
 
Extrato: é a preparação de consistência líquida, sólida ou intermediária, 
obtida a partir do Insumos Farmacêuticos Ativos Vegetais, ou Ifav. O material 
utilizado na preparação de extratos pode sofrer tratamentos preliminares, tais 
como estabilização, moagem ou desengorduramento. O extrato é preparado 
por percolação; maceração ou outro método adequado e validado, utilizando 
como solvente álcool etílico, água ou outro solvente adequado. Após a extração, 
materiais indesejáveis podem ser eliminados (BRASIL, 2018, p. 8).
Extrato fluido: é a preparação líquida obtida de drogas vegetais por 
extração com líquido extrator apropriado ou por dissolução do extrato seco 
correspondente, em que, exceto quando indicado de maneira diferente, uma 
parte do extrato, em massa ou volume, corresponde a uma parte, em massa, 
da droga vegetal utilizada na sua preparação. Se necessário, os extratos 
fluidos podem ser padronizados em termos de concentração do solvente; 
teor de constituintes ou de resíduo seco. Havendo necessidade, podem ser 
adicionados conservantes (BRASIL, 2018, p. 8).
141
FARMACOGNOSIA
Quando necessário, outras substâncias poderão ser adicionadas (por 
exemplo, glicerol ou solução de amônia) para auxiliar na extração ou na 
dissolução de um extrato mole ou seco da droga vegetal (os quais devem ser 
produzidos usando o mesmo solvente de extração que seria utilizado para 
preparar o extrato fluido por extração direta) tanto em água ou álcool etílico 
na concentração necessária (BRASIL, 2019a, p. 327).
Extratos fluidos podem ser ajustados, se necessário, de modo a satisfazer 
os quesitos de conteúdo de solvente. Extratos fluidos podem ser filtrados, 
se necessário. Um leve sedimento pode se formar quando em repouso 
(BRASIL, 2019a, p. 327).
 Observação
O extrato fluido tem a concentração 1:1. Isso significa que 1 mL de 
extrato contém todas as substâncias solúveis no solvente, que estavam 
contidas em 1 g de droga vegetal.
Os extratos podem ser moles, com consistência xaroposa, e secos, quando se encontramna forma 
de pó (BRASIL, 2019a).
 Saiba mais
Para conhecer as metodologias de produção de extratos, consulte os 
quatro processos na Farmacopeia Brasileira, 6ª edição, volume 1:
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira. 
6. ed. Brasília: Anvisa, 2019a.
 
Tintura: é a preparação etílica ou hidroetílica resultante da extração de 
drogas vegetais ou por dissolução de um extrato mole ou seco da droga 
vegetal (que tenham sido produzidos utilizando o mesmo solvente de 
extração que seria usado para preparar a tintura por extração direta) em 
álcool etílico na concentração requerida. As tinturas podem ser ajustadas 
para atenderem aos requisitos de conteúdo de solvente. Tinturas podem 
ser filtradas, se necessário, e leve sedimento pode formar-se quando em 
repouso (BRASIL, 2018, p. 11; 2019a, p. 330).
São obtidas por maceração ou percolação, utilizando tanto uma parte em 
massa de droga vegetal e quantidade suficiente do líquido extrator para 
produzir 10 partes de massa ou volume de tintura ou uma parte em massa 
142
Unidade II
de droga vegetal e quantidade suficiente de líquido extrator para produzir 
cinco partes, em massa ou volume, de tintura. Outras proporções de droga 
vegetal e líquido extrator poderão ser utilizadas. É classificada em simples 
ou composta, conforme preparada com uma ou mais drogas vegetais 
(BRASIL, 2018, p. 11).
A tintura na proporção 1:5 é utilizada para drogas que não são tóxicas; já a tintura 1:10 são para 
drogas potencialmente tóxicas.
 
Produção de tinturas por maceração: processo no qual, salvo indicação 
em contrário, a droga vegetal é moída a uma granulometria apropriada, 
misturada com o solvente de extração definido e deixada em repouso num 
recipiente fechado durante um tempo apropriado, com agitação, quando 
necessário. O marco é separado da solução extrativa e, se necessário, 
prensado. Nesse caso, o líquido é adicionado à solução extrativa e o 
volume/massa do produto final é ajustado (BRASIL, 2019a, p. 330).
Produção de tinturas por percolação: processo no qual, salvo indicação 
em contrário, a droga vegetal é moída a uma granulometria apropriada, 
misturada com uma porção do solvente da extração prescrito e deixada 
intumescer durante um tempo apropriado. A mistura é transferida para um 
percolador e o solvente de extração é adicionado até que a droga vegetal 
esteja completamente coberta com uma camada de solvente de extração. 
O percolado é deixado fluir lentamente, é recolhido na base do percolador, 
enquanto mais solvente de extração é lentamente adicionado ao topo do 
percolador, assegurando que a droga vegetal esteja constantemente coberta 
com solvente de extração, até que tenha sido adicionado todo o solvente. 
A percolação continua até que o percolado seja recuperado. Se o marco é 
prensado, os dois líquidos são combinados (BRASIL, 2019a, p. 330).
Tinturas são formas farmacêuticas muito utilizadas desde a Antiguidade (COSTA, 2002).
Figura 160 – Tintura
143
FARMACOGNOSIA
Quando se pensa em extratos ou tinturas que serão utilizadas via oral, normalmente o solvente é 
etanólico, pois pode-se diluir a concentração deste ou até adicioná-lo a um sólido e depois evaporá-lo, como 
no caso de comprimidos. Pode-se pulverizar o extrato fluido ou a tintura no granulado, e, quando este 
secar, o etanol terá evaporado, ficando só as substâncias desejadas. Já quando for para uso externo, 
para incorporação em creme ou xampu, é necessário que o solvente seja umectante, isto é, mantenha a 
umidade da pele ou não resseque o cabelo. Os solventes umectantes mais utilizados são o propilenoglicol, 
a glicerina e o sorbitol (ANSEL; POPOVICH; ALLEN, 2011).
Figura 161 – Cremes
Quando queremos extrair somente os óleos voláteis, essa extração pode ser realizada pelo método 
de Clevenger, também chamado de hidrodestilação. A partir desse método, é possível realizar tanto a 
extração do óleo como o cálculo de rendimento. Pode ser realizada também por arraste de vapor (BRASIL, 
2019a). O método de Clevenger necessita de um equipamento especial, como ilustra a figura a seguir.
Aparelho de Clevenger
Adaptador
Balão de fundo 
redondo
Béquer para colera 
do óleo essencial
Manta aquecedora
Figura 162 – Extração de óleos voláteis pelo método de Clevenger
144
Unidade II
A extração e determinação de óleos fixos baseiam-se na sua extração por solvente, pelo equipamento 
de Soxhlet. Após o processo de evaporação do solvente, o resíduo obtido, que é determinado por 
pesagem, representa a quantidade de óleos fixos presentes na amostra (BRASIL, 2019a).
Conector apropriado
Conector apropriado
Tubo-sifão
Tubo de vapor
Condensador
Extrator de Soxhlet
Cartucho contendo 
a droga vegetal
Solvente
Figura 163 – Extração de óleos fixos pelo método de Soxhlet
Os métodos de extração são importantes, uma vez que esses derivados vegetais podem ser utilizados na 
fabricação de medicamentos fitoterápicos ou fitocosméticos, ou podem ser eles mesmos utilizados como 
medicamentos oficinais (BRASIL, 1959, 2018).
 Resumo
A produção de drogas vegetais inicia-se pela seleção dos espécimes 
das plantas que serão plantadas, pois é necessário haver alta concentração 
de substâncias de interesse farmacêutico. Para planejar o plantio desses 
espécimes, é preciso considerar dois fatores: os intrínsecos, isto é, os 
requisitos exigidos da própria planta, e os extrínsecos, que são as condições 
ambientais nas quais a planta irá se desenvolver.
Além do plantio, a coleta do órgão que tem a maior quantidade de 
metabólitos desejados é outro fator a se atentar, pois, além do órgão, o 
período do dia, a época do ano, a forma de coleta, a fase e a idade da planta 
são fatores que podem influenciar a quantidade de ativos da planta.
Após a coleta, há o preparo. A estabilização (inativação enzimática), a 
verificação da necessidade de fazer a lavagem ou a mondagem da planta 
são critérios a serem avaliados.
145
FARMACOGNOSIA
A secagem é um ponto extremamente importante, pois a diminuição 
de água nos órgãos vegetais fará com que esses se conservem com melhor 
qualidade, evitando ação de agentes deletérios, como fungos e bactérias.
Como em todos os produtos, a conservação das drogas vegetais deve 
obedecer a parâmetros, como local de armazenamento, temperatura, 
umidade, iluminação, grau de divisão da droga vegetal, identificação e tipo 
de material com que é feita a embalagem. Devemos nos atentar a essas 
condições para garantir a qualidade da droga vegetal.
O controle de qualidade visa manter a eficácia e segurança da droga 
vegetal, com alguns parâmetros obrigatórios. Amostragem, identificação 
macroscópica e microscópica, análise química, grau de pureza e quantidade 
de resíduo seco, por exemplo, são testes que devem ser realizados e mantidos 
dentro das especificações para assegurar a qualidade da droga vegetal.
Os testes cromatográficos são de extrema importância no controle de 
qualidade de drogas e derivados vegetais. São testes físico-químicos que 
têm como característica a afinidade polar. As cromatografias em papel, 
em camada delgada, a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e 
a cromatografia gasosa (CG) são as mais utilizadas na farmacognosia. 
Com uma droga de alta qualidade, os processos extrativos necessitam 
ser adequados para que se tenha o derivado vegetal também com alta 
qualidade e rendimento.
Existem os métodos extrativos mais caseiros, como a infusão e 
decocção, e os mais sofisticados, para que se possa realizar a extração 
com concentrações conhecidas, como no caso de extratos, que têm a 
concentração 1:1, e de tinturas, com concentração 1:5 ou 1:10. O extrato 
método ativo, o esgotamento da droga. A tintura pode ser elaborada 
pelo método de maceração (mais comum) e percolação, tendo a concentração, 
se a droga não for tóxica, 1:5, e se tiver potencial tóxico, 1:10.
Os solventes de extração podem ser o etanol, em diversas concentrações, 
a glicerina ou outro solvente umectante, dependendo da finalidade, secosméticos (solventes umectantes) ou via oral (etanólicos).
Se quisermos extrair e quantificar os óleos voláteis, o método mais utilizado 
é o de Clevenger; se forem os óleos fixos, o método mais usado é o de Soxhlet.
O conjunto produção, controle de qualidade e extração adequada 
faz com que tenhamos derivados vegetais de alta qualidade para serem 
utilizados na preparação de medicamentos fitoterápicos ou fitocosméticos.
146
Unidade II
 Exercícios
Questão 1. Leia a transcrição parcial da monografia sobre a arnica e analise a figura a seguir.
Arnica, flor
Arnicae flos
A droga vegetal consiste de inflorescências secas, inteiras ou parcialmente fragmentadas de Arnica 
montana L., contendo, no mínimo, 0,4% (p/p) de sesquiterpenos lactônicos totais expressos em tiglato 
de diidrohelenalina (C20H26O5, 346,42). (...)
Identificação
(...) D. Proceder conforme descrito em Cromatografia em camada delgada (5.2.17.1).
Fase estacionária: sílica-gel GF254 (0,25 mm).
Fase móvel: acetato de etila, metil-etil-cetona, ácido fórmico anidro e água (50:30:10:10).
Solução amostra: a 2 g da amostra pulverizada, adicionar 10 mL de álcool metílico e aquecer, em 
banho-maria, a 60 °C, sob agitação, durante cinco minutos. Resfriar a solução e, em seguida, filtrar.
Solução referência: dissolver 2 mg de ácido cafeico, 2 mg de ácido clorogênico e 5mg de rutina em 
álcool metílico e ajustar o volume para 30 mL com álcool metílico.
Procedimento: aplicar na cromatoplaca, separadamente, em forma de bandas de 20 mm, a 1 cm 
de distância, 15 μL da solução amostra e 15 μL da solução referência. Desenvolver o cromatograma. 
Remover a cromatoplaca e deixar secar ao ar. Nebulizar a placa com difenilborato de aminoetanol SR, 
a seguir, com solução de macrogol 400% a 5% (p/v) em álcool metílico e aquecer entre 100 °C e 105 ºC 
durante cinco minutos. Examinar sob a luz ultravioleta em 365 nm. (...)
Doseamento
Sesquiterpenos lactônicos totais
Proceder conforme descrito em Cromatografia a líquido de alta eficiência (5.2.17.4).
Utilizar cromatógrafo provido de detector ultravioleta a 225 nm; coluna de 0,12 m de comprimento 
e 4 mm de diâmetro interno, empacotada com sílica octadecilsilanizada (4 μm); fluxo da fase móvel de 
1,2 mL/minuto. Eluente (A): água. Eluente (B): álcool metílico.
Farm. Bras. 6. ed. Plantas medicinais. Disponível em: 
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-brasileira/arquivos/7989json-file-1. 
Acesso em: 19 dez. 2020.
147
FARMACOGNOSIA
Figura 164 
Disponível em: sbq.org.br. Acesso em: 20 dez. 2020.
Com base no exposto e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas.
I – A quantificação dos sesquiterpenos lactônicos totais da arnica é realizada por cromatografia a 
líquido de alta eficiência de fase reversa, conforme a monografia da farmacopeia Brasileira.
II – A identificação da arnica nos permite quantificar os seus princípios ativos por meio da 
espectrofotometria no ultravioleta, a 365 nm, de acordo com a sua monografia.
III – Pela análise da monografia, os sesquiterpenos lactônicos totais, extraídos da casca da arnica, 
são quantificados com ajuda do equipamento mostrado na figura, segundo esquema em que a fase 
estacionária se encontra dentro da coluna (d).
É correto o que se afirma apenas em:
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
Resposta correta: alternativa A.
148
Unidade II
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: para o doseamento dos sesquiterpenos lactônicos totais da flor da arnica, a Farmacopeia 
Brasileira recomenda a cromatografia a líquido de alta eficiência em fase reversa (RP), já que a fase 
estacionária é uma coluna C18 (octadecilsilano ou RP18), de baixa polaridade, e as fases móveis são 
polares (água e metanol).
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a identificação não quantifica; é baseada em testes qualitativos, para confirmar se o 
material sob análise é aquele que se suspeita que seja. Além disso, no caso específico da flor de arnica, 
o método de identificação da monografia, mostrado no enunciado, envolve a utilização da cromatografia 
em camada delgada (CCD) com revelação por meio da luz ultravioleta (UV) a 365 nm. Não se trata da 
espectrofotometria, que normalmente é usada para quantificação.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: de fato, a figura mostra o esquema de um cromatógrafo a líquido, equipamento 
utilizado para a realização da técnica recomendada pela Farmacopeia Brasileira para a quantificação dos 
sesquiterpenos lactônicos totais da arnica, e é verdade que, nesse esquema, (d) é a coluna onde fica a fase 
estacionária. Porém, pela monografia, essa quantificação deve ser feita na flor, não na casca da arnica.
149
FARMACOGNOSIA
Questão 2. Considerando os métodos de extração de óleos fixos e voláteis, observe a figura a seguir.
Água 
sai
Água 
entra
Figura 165 – Esquema do extrator de Soxhlet
Disponível em: https://bit.ly/2RLgTD1. Acesso em: 20 dez. 2020.
Com base no exposto e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas e a relação proposta entre elas.
I – O aparelho de Soxhlet destina-se à extração a frio de óleos voláteis de amostras sólidas.
Porque
II – As essências são óleos fixos encontrados em plantas aromáticas; trata-se de princípios ativos de 
grande interesse comercial.
É correto afirmar que:
A) As duas afirmativas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
B) As duas afirmativas são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.
C) A primeira afirmativa é verdadeira, e a segunda é falsa.
D) A segunda afirmativa é verdadeira, e a primeira é falsa.
E) As duas afirmativas são falsas.
Resposta correta: alternativa E.
150
Unidade II
Análise da questão
A primeira afirmativa é falsa, pois, embora utilize amostras sólidas, o aparelho de Soxhlet não se 
destina à extração a frio (a presença do condensador no esquema da figura é indicativa da necessidade 
de aquecimento durante o processo) nem à extração de óleos voláteis (essências).
A segunda afirmativa é falsa, pois, embora o aparelho de Soxhlet se destine à extração de óleos 
fixos, as essências são de fato encontradas em plantas aromáticas, mas são óleos voláteis (não fixos), 
princípios ativos de grande interesse comercial.

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