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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 PROBLEMA 9 - “Ketosis-Prone Diabetes” CM, 36 anos, sexo masculino, negro, obeso (índice de massa corporal ou IMC: 40,1 kg/ m2), sem história prévia de DM, mas com história familiar positiva para a doença (pai). Iniciou quadro de perda de peso, poliúria, polidipsia e astenia em novembro de 2000 (aproximadamente 20 kg em 3 meses), com piora progressiva nos três meses subseqüentes, até o desenvolvimento de queda do nível de consciência, dispnéia e taquicardia. Foi então encaminhado ao PS, quando apresentava-se torporoso, desidratado (++/4+), com hálito cetônico, PA: 120 x 80 mmHg, FC: 98 bpm, FR: 28 irpm, ritmo cardíaco regular, murmúrios vesiculares universalmente audíveis, abdome sem alterações. Identificada celulite em face interna da coxa direita. Os exames laboratoriais iniciais solicitados indicavam a presença de acidose metabólica à gasometria arterial, cetonúria ao EAS (+++) e hiperglicemia (glicemia ocasional: 395 mg/dl). Após o tratamento desse evento agudo, o paciente foi tratado encaminhado para domicílio com tratamento diário de insulinoterapia. Apesar de ter permanecido hiperglicêmico nos 15 dias subseqüentes à alta hospitalar (avaliação através de glicemias capilares), após este período passou a apresentar hipoglicemias freqüentes, o que motivou redução progressiva da dose de insulina. Paciente procurou o ambulatório de endocrinologia e foram solicitados dosagem de peptídeo C após estímulo com glucagon (6 minutos após injeção endovenosa de 1 mg de glucagon) e pesquisa de autoanticorpos anti-GAD e anti-IA2. O primeiro exame revelou preservação da função pancreática (peptídeo C após estímulo com glucagon: 5,4 ng/ml) e as dosagens de autoanticorpos anti-GAD e anti-IA2 foram negativas. Foi prescrito anti-diabético oral e reduzido a insulina até a sua suspensão. Instrução: Qual tipo de Diabetes Mellitus este paciente apresenta e sua fisiopatologia? OBJETIVOS: 1. DISCUTIR A PATOGÊNESE E CRITERIOS DIAGNÓSTICOS DO DM 2 - Enquanto no DM tipo 1 o problema é a destruição das células beta (autoimune ou idiopática), levando ao hipoinsulinismo absoluto, no DM tipo 2 os fatores que justificam a hipergliemia são: 1) Resistência à insulina 2) Deficit secretório das células beta - Acredita-se que ambos sejam necessários para a expressão clínica da doença, e parece que a resistência à insulina surge primeiro, fazendo com que a célula beta trabalhe em excesso até atingir uma “exaustão” secretória - O resultado é o hipoinsulinismo “relativo”, isto é, a insulina pode estar “normal” ou mesmo alta, mas é sempre insuficiente para manter a homeostase da glicose NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 - Também temos uma interação entre fatores genéticos e ambientais. Indivíduos geneticamente propensos têm maior chance de desenvolver DM tipo 2 quando expostos a ganho de peso e inatividade física, eventos que acarretam resistência à insulina. A hiperglicemia crônica, juntamente com a hiperlipemia, agrava a resistência insulínica e o deficit secretório (efeitos “glicotóxico” e “lipotóxico”), gerando um ciclo vicioso que evolui com descompensação metabólica progressiva - A influência genética no DM tipo 2 é muito maior do que no DM tipo 1 a maioria dos casos tem herança poligênica! Os principais genes que parecem contribuir são: gene da insulina, PPAR-gama, canal de K+ ATP-sensível e calpaína 10 (entre outros), todos envolvidos no desenvolvimento pancreático, na intermediação dos efeitos da insulina sobre as células-alvo, e/ou no mecanismo secretório da célula beta RESISTÊNCIA À INSULINA O termo “resistência à insulina” foi cunhado na década de 1920 (após a introdução da insulinoterapia em 1922) para descrever os pacientes que necessitavam de doses progressivamente maiores de insulina a fim de manter o controle glicêmico. A fisiopatologia, naqueles casos, se relacionava ao desenvolvimento de anticorpos anti-insulina exógena (que no início não era humana)! Hoje, com o emprego de insulina humana recombinante, tal problema foi largamente contornado, mas o termo “resistência à insulina” continua sendo utilizado, de forma genérica, em referência à situação onde uma dada concentração de insulina (exógena ou endógena) se mostra incapaz de produzir os efeitos esperados - Nas doenças que cursam com resistência à insulina, determinado nível de insulinemia promove menor captação e utilização da glicose por tecidos periféricos (como o musculoesquelético). Do mesmo modo, outros tecidos também se mostram resistentes aos efeitos da insulina, como o tecido adiposo (menor inibição da lipólise) e o fígado (menor inibição da gliconeogênese, ocasionando maior produção hepática de glicose) - A gênese da “exaustão” secretória das células beta também vem sendo elucidada... Nas fases iniciais, ocorreria uma hipossensibilidade da célula beta à glicose, devido à menor expressão do canal de glicose GLUT 2 na membrana. A causa desse fenômeno é desconhecida. O fato é que haveria, como consequência, uma resposta subnormal na secreção de insulina pós-prandial, justificando a hiperglicemia neste período. Outro fator que contribuiria para uma menor resposta pancreática ao pico de glicose pós- prandial é a deficiência de incretinas (cuja causa é igualmente desconhecida) - Nas fases mais avançadas, ocorre algum grau de destruição das células beta, momento em que costuma ser necessário insulinizar o paciente. A explicação é a seguinte: à medida que a resistência à insulina progride, forçando a célula beta a sintetizar mais insulina, ocorre acúmulo intracelular de uma substância cossintetizada: a amilina. Esta se precipita dentro da célula beta, formando depósitos amiloides patogênicos QUADRO CLÍNICO: - O diagnóstico de DM tipo 2 costuma ser tardio, visto que muitos pacientes passam anos ou décadas assintomáticos - Em cerca de 50% dos casos, o reconhecimento da doença só é feito quando lesões de órgãos-alvo já estão presentes e são irreversíveis - O paciente típico é adulto (> 40-45 anos), obeso, sendentário e possui outros fatores de risco cardiovascular, mas vale lebrar que a incidência em crianças e adolescentes está aumentando em função da pandemia de obesidade - Com menos frequência, sintomas de franca hiperglicemia podem ser referidos (poliúria, polidipsia), sendo raríssimo o surgimento de cetoacidose diabética (a produção endógena de insulina é suficiente NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 para evitar a cetogênese hepática). Às vezes, o diagnóstico é firmado na vigência de um estado hiperosmolar não cetótico, principal complicação aguda do DM tipo 2. - Um importante sinal clínico é a acantose nigrican (ou nigricante). Possibilidades diagnósticas principais: Resistencia à insulina DM ou pré-diabetes Neoplasia maligna CA de pulmão ou do TGI – principalmente se o acometimento for extenso, rápido e envolver palmas e solas Acantose nigricans é uma lesão cutânea hiperpigmentada e de aspecto aveludado que predomina em áreas de dobra cutânea (ex.: axilas, virilhas, pescoço). Sua gênese provém da estimulação de queratinócitos e fibroblastos da pele (pela hiperinsulinemia, nos casos de resistência à insulina, ou pela secreção ectópica de fatores de crescimento epitelial, no caso das neoplasias). CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: - O diagnóstico deve ser estabelecido pela identificação de hiperglicemia. Para isto, podem ser usados a glicemia plasmática de jejum, o teste de tolerância oral à glicose (TOTG) e a hemoglobina glicada (A1c) - Em algumas situações, é recomendado rastreamento em pacientes assintomáticos - No indivíduo assintomático, É RECOMENDADO utilizar como critério de diagnóstico de DM a glicemia plasmática de jejum maior ou igual a 126 mg/dl, a glicemia duas horas após uma sobrecarga de 75 g de glicose igual ou superior a 200 mg/dl ou a HbA1c maior ou igual a 6,5%. É necessárioque dois exames estejam alterados. Se somente um exame estiver alterado, este deverá ser repetido para confirmação. - Na presença de sintomas inequívocos de hiperglicemia, É RECOMENDADO que o diagnóstico seja realizado por meio de glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dl. - DEVE SER CONSIDERADO estabelecer o diagnóstico de DM na presença de glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl e HbA1c ≥ 6,5% em uma mesma amostra de sangue. - É RECOMENDADO sempre considerar fatores clínicos e interferentes laboratoriais na interpretação dos resultados dos exames solicitados para diagnóstico de DM e pré-diabetes. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 - É RECOMENDADO o rastreamento para todos os indivíduos com 45 anos ou mais, mesmo sem fatores de risco, e para indivíduos com sobrepeso/obesidade que tenham pelo menos um fator de risco adicional para DM2 - A repetição do rastreamento para DM e pré-diabetes DEVE SER CONSIDERADA em intervalos de, no mínimo, três anos. Intervalos mais curtos podem ser adotados quando ocorrer ganho de peso acelerado ou mudança nos fatores de risco - Em adultos com exames normais, porém mais de um fator de risco para DM2, DEVE SER CONSIDERADO repetir o rastreamento laboratorial em intervalo não superior a 12 meses - É RECOMENDADO fazer rastreamento para diabetes nos pacientes que apresentem comorbidades relacionadas ao diabetes secundário, como endocrinopatias e doenças pancreáticas, ou com condições frequentemente associadas ao DM, como infecção por HIV, doença periodontal e esteatose hepática. - É RECOMENDADO que pacientes que irão iniciar medicações com potencial efeito hiperglicemiante, como glicocorticoides ou antipsicóticos, sejam rastreados para diabetes antes e após o início do tratamento. - É RECOMENDADO realizar triagem para DM2 em crianças e adolescentes com 10 ou mais anos de idade ou após início da puberdade que apresentem sobrepeso ou obesidade, e com, pelo menos, um fator de risco para detecção de DM2 NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 2. DESCREVER AS METAS LABORATORIAIS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO BOM CONTROLE GLICÊMICO. - Em pacientes com diabetes, o controle glicêmico deve ser individualizado de acordo com a situação clínica - Os parâmetros de avaliação indicados são a hemoglobina glicada A1c (HbA1c) e as glicemias capilares (ou plasmáticas) determinadas em jejum, nos períodos pré-prandiais, 2h após as refeições e ao deitar - Condições que afetam o ciclo de vida das hemácia, como anemias e hemólise, drogas que aumentem a eritropoiese, doença renal crônica, gestação, hemoglobinopatias podem causar discrepâncias entre o valor de HbA1c e a glicemia média estimada - A variabilidade glicêmica, por sua vez, também não é corretamente representada pela HbA1c, pois pacientes com extremos de glicemias podem ter HbA1c semelhantes a de pacientes com glicemias estáveis. Idealmente a determinação da HbA1c deve ser combinada com medidas de glicemia capilar e/ou dados de sensores de monitorização de glicose intersticial (CGM) - É RECOMENDADA a meta de HbA1c < 7,0% para todos os indivíduos com diabetes, para prevenção de complicações microvasculares, desde que não incorra em hipoglicemias graves e frequentes. - É RECOMENDADA a meta de HbA1c < 7,0% para indivíduos com qualquer tipo de diabetes, para prevenção de complicações macrovasculares em longo prazo, desde que não incorra em hipoglicemias graves e frequentes. - É RECOMENDADO que idosos com DM, função cognitiva e status funcional preservados e/ou comorbidades não limitantes tenham alvos de HbA1c entre 7,0 e 7,5% - Em idosos com DM, com objetivo de evitar hipoglicemia, uma meta de HbA1c < 8,5% DEVE SER CONSIDERADA quando houver status funcional comprometido, síndrome de fragilidade, presença de comorbidades que limitem a expectativa de vida e/ou alteração da função cognitiva. - DEVEM SER CONSIDERADOS como metas de glicemia capilar, em jejum, glicemias entre 80- 130 mg/dL, e, glicemia 2 horas após o início das refeições < 180 mg/dL. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 3. DISCUTIR QUAL O TRATAMENTO ADEQUADO DA FASE AGUDA E AS OPÇÕES PARA O TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO DM TIPO 2. EXERCÍCIOS FÍSICOS: - Para indivíduos com DM, o exercício físico adequadamente orientado e praticado proporciona benefícios significativos, constituindo ferramenta imprescindível para o manejo metabólico - O plano deve ser individualizado para o sucesso terapêutico, mas algumas recomendações gerais devem ser consideradas NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 - Para indivíduos com condições de risco aumentado para desenvolvimento de DM2 (pré-DM) e também para prevenção do DM2, É RECOMENDADO o mínimo de 150 min de atividade física aeróbia de moderada intensidade e o mínimo de 7% de redução ponderal, seguido de manutenção do peso perdido. - A solicitação de exames para rastreamento universal de doenças cardiovasculares (DCV) em pessoas com DM2 que pretendam iniciar a prática de exercícios físicos NÃO É RECOMENDADA de forma rotineira, exceto se houver sintomas típicos ou atípicos de DCV ou em pessoas de alto ou muito-alto risco cardiovascular. - É RECOMENDADO para pessoas com DM2, a prática de exercícios combinados, resistidos e aeróbicos: pelo menos um ciclo de 10 a 15 repetições de cinco ou mais exercícios, duas a três sessões por semana, em dias não consecutivos e, no mínimo, 150 minutos semanais de caminhada moderada ou de alta intensidade, sem permanecer mais do que dois dias consecutivos sem atividade - É RECOMENDADO que pessoas com DM2 ou pré-DM reduzam o tempo gasto em atividades sedentárias diárias (“sitting time”), para reduzir o risco cardiovascular. - É RECOMENDADO que as pessoas com DM 2, especialmente idosas, pratiquem treinos de equilíbrio e flexibilidade com o objetivo de redução de quedas. MEDIDAS DE ESTILO DE VIDA: - Medidas de estilo de vida, incluindo controle do peso, alimentação saudável e implementação de atividade física são RECOMENDADAS durante todas as fases do tratamento no DM 2, para melhorar o controle glicêmico. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA HIPERGLICEMIA NO DM2: - O controle glicemico é decisivo para a prevenção das complicações micro e macrovasculares do DM - Reduzir a hemoglobina glicada para abaixo de 7% promove diminuição dos desfechos microvasculares (retinopatia, doença renal e neuropatia) NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 - Existe atualmente um grande número de opções terapêuticas para tratar a hiperglicemia do DM2, com eficácia demonstrada na redução da glicemia e com segurança cardiovascular estabelecida. Recentemente, benefícios cardiovasculares e renais especialmente relacionados aos inibidores do SGLT2 e aos agonistas do receptor GLP-1, vieram se somar ao potencial de tratamento e prevenção das complicações do diabetes tipo 2. As opções de tratamento, no entanto, precisam ser individualizadas de acordo com as características clínicas do paciente, considerando o risco de hipoglicemia, a tolerabilidade, os efeitos adversos e o custo. AD = anti – diabético NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 9 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO INICIAL: - Em adultos não gestantes com diagnóstico recente de DM2, sem doença cardiovascular ou renal, e sem tratamento prévio, nos quais a HbA1c esteja abaixo de 7,5%, a monoterapia com metformina está RECOMENDADA como terapia inicial para melhorar o controle da glicemia e prevenir desfechos relacionados ao diabetes. - A metformina é o agente de 1ª linha de escolha para o tratamento do DM2, dada sua eficácia e segurança, baixa incidência de hipoglicemia e baixo custo Aumenta a sensibilidade insulínica no fígado, reduzindo a produção hepática de glicose Aumenta a captação muscular de glicose (ativação da AMPK) A metformina exige ajuste para a função renal A dose da metformina deverá ser reduzida em 50% quando a taxa de filtração glomerularestimada (TFGe)estiver entre 30-45 mL/min/1,73 m2 e o tratamento deverá ser interrompido se a TFGe estiver abaixo de 30 mL/min/1,73 m2, devido ao risco de acidose lática Os níveis de vitamina B12 deverão ser avaliados anualmente após 4 anos de início da metformina em função do risco de deficiêcia e repostos se necessário Não causa ganho de peso Melhora o perfil lipídico - Em adultos não gestantes com diagnóstico recente de DM2, sem tratamento prévio, sem doença cardiovascular ou renal, e com HbA1c entre 7,5% e 9,0%, a terapia dupla inicial com metformina associada a outro antidiabético DEVE SER CONSIDERADA para melhorar o controle glicêmico. Sempre avaliar o risco de hipoglicemia antes de iniciar uma terapia dupla ou assoiar um segundo agente à metformina, principalmente se for um secretagogo, em especial quando a HbA1c estiver próxima de 7,5%. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 10 - É RECOMENDADO que a decisão do uso do segundo agente antidiabético seja individualizada, considerando eficácia, risco de hipoglicemia, proteção cardiovascular, proteção renal, efeito sobre o peso, tolerabilidade, custo, potenciais efeitos adversos e preferência do paciente TERAPIA BASEADA EM INSULINA: - Em adultos não gestantes com diagnóstico recente de DM2, sem doença cardiovascular ou renal, assintomáticos, onde a HbA1c é > 9,0%, a TERAPIA DUPLA com metformina associada à INSULINA deve SER CONSIDERADA para melhorar o controle glicêmico. - Em adultos com DM2 sintomáticos (poliúria, polidipsia, perda de peso) e que apresentam HbA1c > 9% ou glicemia de jejum ≥ 250 mg/dl, a terapia à base de insulina é RECOMENDADA para melhorar o controle glicêmico, mesmo que de forma transitória. - O uso de insulina no DM2 deve ser considerado preferencial em situações clínicas agudas quando o paciente estiver internado TERAPIA TRIPLA: - Em adultos com DM2 sem sintomas (poliúria, polidipsia, perda de peso) ou com doença cardiovascular ou renal, cuja HbA1c permanece acima da meta apesar da terapia dupla, a TRIPLA TERAPIA É RECOMENDADA para melhorar o controle glicêmico. - A terapia tripla é eficaz e segura para melhorar o controle da glicemia. A maioria dos estudos citados indica eficácia superior de redução de HbA1c com três antidiabéticos do que com dois NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 11 TERAPIA QUÁDRUPLA: - Em adultos com DM2 sem doença cardiovascular ou renal, em que a HbA1c permaneça acima da meta apesar da terapia tripla, a terapia quádrupla ou a terapia baseada em insulina estão RECOMENDADAS para melhorar o controle glicêmico 4. CITAR AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES CRÔNICAS (MICRO E MACROVASCULARES) QUE PODEM ACOMETER OS PACIENTES DIABETICOS. MICROVASCULARES: NEUROPATIA PERIFÉRICA DIABÉTICA: - As neuropatias diabéticas (ND) constituem a complicação crônica mais prevalente, subdiagnosticada e subtratada do diabetes mellitus (DM) - A neuropatia periférica diabética (NPD) é uma complicação precoce, polimórfica e furtiva1 em que, pelo menos, metade dos indivíduos permanece assintomática por muitos anos, enquanto a outra metade manifesta-se com dor neuropática aguda ou crônica (menos ou mais de 3 meses de evolução, respectivamente), reconhecida como neuropatia periférica diabética dolorosa (NPDD) - O conceito da ND na literatura é definido pela presença de sintomas ou sinais de disfunção dos nervos, de forma difusa ou focal, em pessoas com DM, após a exclusão de outras causas. Já o conceito de neuropatia periférica diabética (NPD), a forma mais comum de ND, refere-se à doença como uma “lesão difusa, simétrica, distal e progressiva das fibras sensitivo-motoras e autonômicas, causadas pela hiperglicemia crônica e por fatores de risco cardiovasculares” - A NPDD caracteriza-se por dor neuropática na área corpórea afetada pela neuropatia, que piora com repouso, durante o sono, e melhora com atividade física. A dor crônica traz impacto negativo na qualidade de vida, no humor e na funcionalidade de pessoas com diabetes, causando comorbidades graves, como insônia, ansiedade, depressão e perda de funcionalidade https://diretriz.diabetes.org.br/prevencao-diagnostico-e-tratamento-da-neuropatia-periferica-diabetica/#ref1 NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 12 - Em indivíduos com DM, o diagnóstico da NPD é essencialmente clínico e baseia-se na presença de dois ou mais testes ou sinais neurológicos alterados. Deve ser firmado após a exclusão de outras causas, independentemente dos sintomas.1–2Para melhor acurácia diagnóstica, o ideal é que a metodologia a ser utilizada tenha a capacidade de avaliar tanto as fibras nervosas finas, (mais precocemente acometidas, incluindo sensibilidade térmica, dolorosa e função sudomotora) e fibras nervosas grossas (reflexos tendíneos, sensibilidade vibratória, tátil e de posição). - O diagnóstico da NPD é de exclusão, e as neuropatias não diabéticas associadas à deficiência de vitamina B12, etilismo, hipotiroidismo, síndrome do túnel do carpo, excesso de vitamina B6 ou drogas, substâncias neurotóxicas e metais pesados devem ser consideradas, pois podem ocorrer concomitantemente nos indivíduos diabéticos - Todos os pacientes com DM devem ser examinados para pesquisa da neuropatia periférica diabética no momento do diagnóstico de DM2 e 5 anos após o diagnóstico de DM1. Pacientes cujo rastreamento foi negativo devem ser reavaliados anualmente. - Na prática clínica, os melhores testes para rastreamento são o biotesiômetro e a sensibilidade térmica. Já, para o diagnóstico definitivo da NPD, a SBD recomenda o Escore de Comprometimento Neuropático (ECN) RETINOPATIA: - A retinopatia diabética (RD) é uma complicação microvascular comum e específica do diabetes mellitus (DM) - A RD está consistentemente associada a outras complicações do diabetes, e sua gravidade está ligada a um maior risco de desenvolvimento de complicações micro e macrovasculares - Diagnóstico e tratamento precoces melhoram o prognóstico da RD, reduzindo o risco de dano visual irreversível. O atraso no diagnóstico e o surgimento das formas graves constituem a principal causa de perda visual evitável na população economicamente ativa https://diretriz.diabetes.org.br/prevencao-diagnostico-e-tratamento-da-neuropatia-periferica-diabetica/#ref1 https://diretriz.diabetes.org.br/prevencao-diagnostico-e-tratamento-da-neuropatia-periferica-diabetica/#ref2 NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 13 - É RECOMENDADO iniciar o rastreamento da RD em todos os adultos com DM1 ao completar cinco anos de duração do diabetes. - Em crianças e adolescentes com DM1, DEVE SER CONSIDERADO o rastreamento da RD a partir dos 11 anos de idade com, pelo menos, dois anos a cinco anos de duração do diabetes. - Em crianças e adolescentes com DM1, DEVE SER CONSIDERADO o rastreamento da RD a partir dos 11 anos de idade com, pelo menos, dois anos a cinco anos de duração do diabetes. - Após rastreamento inicial da RD, na ausência de RD ou em casos de RD leve, é RECOMENDADO acompanhamento anual. Em casos de RD moderada ou grave, recomenda-se maior frequência de revisões. - É RECOMENDADO realizar avaliação oftalmológica inicial com as pupilas dilatadas, contando ao menos com exame de retinografia ou mapeamento de retina e biomicroscopia de fundo. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 14 - O uso de programas que utilizam a fotografia retiniana com leitura remota DEVE SER CONSIDERADO para ampliar o acesso ao rastreamento da RD. - Em mulheres com DM prévio à gestação que engravidaram ou têm planos de engravidar ou ainda com DM2 diagnosticado durante a gestação, é RECOMENDADO o aconselhamento sobre os riscos envolvendo RD e o exame oftalmológico. - Em gestantes com DM preexistente é RECOMENDADO realizar exame da retina a cada trimestre durante a gestação e durante o primeiro ano pós-parto. - É RECOMENDADO otimizar o controle glicêmicopara reduzir o risco de surgimento ou retardar a progressão da RD. - Em indivíduos com DM cronicamente mal controlado, a avaliação da retina DEVE SER CONSIDERADA antes do início do tratamento, devendo haver acompanhamento mais frequente se houver diagnóstico de RD. - É RECOMENDADO melhorar o controle glicêmico no pré-operatório e no pós-operatório de cirurgias intraoculares, em razão do maior risco de progressão da retinopatia nos meses subsequentes. NEFROPATIA: - A doença renal do diabetes (DRD) é a principal causa de ingresso em terapia renal substitutiva e está associada ao aumento de morbidade e mortalidade - A SBD endossa o estadiamento proposto pela KDIGO para a DRD, que combina estágios de perda de função renal baseados na TFG e na excreção urinária de albumina (EUA), utilizando os dois parâmetros de forma complementar - DOSAGEM DE ALBUMINÚRIA Todo teste anormal de albuminúria deve ser confirmado em duas de cada três amostras coletadas em intervalo de 3 meses a 6 meses, em razão da grande variabilidade diária. Fatores como febre, exercício intenso, insuficiência cardíaca descompensada, hiperglicemia grave, NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 15 infecção urinária e hipertensão arterial não controlada podem elevar os valores da EUA. A presença de bacteriúria assintomática não interfere de maneira importante no resultado - É RECOMENDADO que o primeiro rastreamento da DRD seja feito logo após o diagnóstico de DM2 e após cinco anos do diagnóstico em pessoas com DM1, a partir dos 11 anos de idade. - É RECOMENDADO o rastreamento anual por meio da dosagem de albumina urinária ou relação albumina/creatinina em amostra de urina, junto com o cálculo da TFG estimada pela CKD-EPI a partir da creatinina sérica. - É RECOMENDADO que todo teste anormal da relação albumina/creatinina (acima de 30 mg/g) ou concentração de albumina (acima de 30 mg/L) seja confirmado em, pelo menos, duas de três amostras coletadas com intervalo de três meses a seis meses por causa da variabilidade diária. - Em situações especiais, como puberdade, diabetes descompensado e gestação, o rastreamento deverá ser individualizado e realizado em intervalos mais curtos. - O tratamento da DRD visa evitar a progressão para doença renal terminal, intervir nos eventos cardiovasculares e evitar a morte. Para isso, os fatores de risco de progressão, como a hiperglicemia, hipertensão arterial, albuminúria, dislipidemia, tabagismo, obesidade, alimentação inadequada e sedentarismo, devem ser abordados. - O controle intensivo da hiperglicemia É RECOMENDADO em indivíduos com DM para reduzir a albuminúria. MACROVASCULARES: ATEROSCLEROSE: - O DM 2 se associa a aumento de morbimortalidade cardiovascular - Os principais determinantes do aumento de risco, tanto para DM1 como para DM2, são: grau de doença aterosclerótica preexistente, eventos cardiovasculares preexistentes, lesões de órgão-alvo relacionadas ao diabetes, número e intensidade de fatores de risco tradicionais e a duração do diabetes - A aterosclerose das artérias dos membros inferiores frequentemente acompanha os diabéticos de longa data e contribui bastante para a má resolução das úlceras e feridas do pé diabético - A doença vascular acomete muito mais o território tibioperoneiro (artérias tibiais e fibulares) do que o território fêmoro-poplíteo, isto é, a aterosclerose arterial dos membros inferiores é mais distal nos pacientes diabéticos. Isso dificulta os procedimentos de revascularização em alguns pacientes, aumentando o índice de amputações por isquemia NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 16 - A hipertensão arterial e, especialmente, o tabagismo são fatores de risco que aumentam acentuadamente a incidência da doença isquêmica dos membros inferiores nos diabéticos (e também nos não diabéticos) - A isquemia de membros inferiores sintomática, diagnosticada pela alteração de cor da extremidade (eritrocianose com o membro para baixo e palidez com o membro para cima), queda da temperatura e ausência de pulsos arteriais, deve ser tratada. Se a conduta conservadora for ineficaz, ou houver isquemia aguda por trombose, deve-se indicar a cirurgia de revascularização - A arteriografia é mandatória para programar o procedimento - Os diabéticos apresentam comumente doença difusa do leito distal, dificultando a cirurgia ou contraindicando-a
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