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Carla Bertelli – 4° Período í Provocada pelo helminto Ascaris lumbricoides. No Brasil, essa parasitose está presente em todas as regiões e é frequente em crianças. Em geral a ascaridíase é assintomática ou oligoassintomática, com evolução benigna. Porém, pode evoluir para casos mais graves e complicações, como a obstrução intestinal ou biliar. Clinicamente as queixas mais descritas são dor abdominal, diarreia e náuseas. Suas características são corpo alongado, cilíndrico, fino e com extremidades afiladas, cobertura de cutícula lisa e brilhante. Ausência de ventosas, coloração branco- marfim, com extremidades anterior e posterior. O ciclo envolve apenas um hospedeiro. A fecundação dos milhares de óvulos produzidos diariamente pela fêmea ocorre por meio da cópula com o verme masculino. Os ovos são liberados através das fezes para o ambiente e se desenvolvem em boas condições. Os ovos embrionados dão origem ao primeiro estágio larval (L1) → Segundo estágio larval (L2) – nessa fase ainda são rabditoides. → Terceiro estágio (L3), filarioide. Quando adentram os pulmões passam para L4, e depois de romperem os capilares pulmonares chegando aos alvéolos onde amadurece para L5. A ascaridíase apresenta mecanismo de infecção relacionado com as fases evolutivas do helminto, podendo na maioria das vezes ocorrer sem manifestações. Sua fisiopatologia envolve os danos teciduais, a resposta imunológica desencadeada pelo hospedeiro e a obstrução mecânica causada pelo parasito. A migração das larvas pode provocar lesões teciduais, isso porque, quando o número de larvas é muito grande o hospedeiro é imunocompetente, a reação imunológica permanece restrita ao sítio de ação, e muitas larvas são destruídas pela ação de macrófagos e eosinófilos. Porém, se a pessoa infectada está imunodeprimida, as consequências são mais graves. Os danos teciduais ao pulmão ativam respostas imunológicas inata, celular e humoral. Nesse processo, um intenso infiltrado inflamatório eosinofílico se desenvolve. A degranulação dessas células, com a liberação de mediadores inflamatórios, caracteriza pneumonite no hospedeiro – Síndrome de Loeffer. O Ascaris lumbricoides adulto, ao se fixar na mucosa da parede intestinal, pode causar úlceras ou erosões, que justificam a espoliação por meio da perda de sangue e de proteínas. Também acontece a liberação de substâncias antigênicas no trato intestino, mas estas são mais toleradas por nosso sistema imune. A resposta imunológica envolve reação eosinofílica. As alterações patológicas mais características da ascaridíase relacionam-se com a capacidade do helminto migrar para outros locais, causando a obstrução mecânica total ou parcial do intestino delgado, nas vias biliares e no ducto pancreático principal. A existência de sinais e sintomas se relaciona com a intensidade parasitária e também se o paciente é imunocompetente. A migração do Ascaris para sítios não habituais pode ser desencadeada pela administração de medicamentos anti- helmínticos. São descritos casos de pancreatite aguda (relacionados com a migração do verme para o ducto de Wirsung), colecistite aguda e colangite aguda (relacionados com a migração para o canal colédoco) A reação tóxica proveniente das reações antígeno- anticorpo pode desencadear urticária e edema. Outras manifestações clínicas, como sono intranquilo, ranger de dentes e quadros de mudança comportamental (irritação) também estão associados. Em crianças, é comum a apresentação de alterações cutâneas como manchas esbranquiçadas e circulares no corpo, conhecidas popularmente como “pano branco” Carla Bertelli – 4° Período Diagnóstico - A ascaridíase geralmente se desenvolve de modo assintomático; por essa razão, o diagnóstico ao exame clínico é muitas vezes de difícil estabelecimento. Além disso, quando existem sintomas, eles são inespecíficos e não possibilitam a caracterização apenas em bases clínicas. • Parasitológico de Fezes • Hemograma – eosinofilia • Exames de Imagem - De acordo com a OMS, as gestantes poderão, eventualmente, ser tratadas com albendazol e mebendazol, mas esses medicamentos devem ser evitados durante o primeiro trimestre, haja vista o potencial embriotóxico, demonstrado em estudos com animais. O pamoato de pirantel parece ser uma opção mais interessante para a gestação, mas, não há estudos conclusivos sobre sua segurança nesse contexto Albendazol – Inibe a síntese de microtúbulos e a captação de glicose em nematódeos, além de ser eficaz contra a maioria dos nematódeos conhecidos. Mebendazol – Fármaco de escolha contra enterobius, necator, ancylostoma e áscaris. Atua inibindo a montagem dos microtúbulos no parasita e também bloqueia a captação de dextrose de modo irreversível. Os parasitas atingidos são expelidos nas fezes. Os efeitos adversos incluem dor abdominal e diarreia. O mebendazol não deve ser usado em gestantes í Enfermidade parasitária causada por Enterobius vermicularis e tem ocorrência comum em crianças de 5 a 10 anos. O agente etiológico, um parasito monóxeno, costuma habitar o lúmen intestinal humano, e a infecção, quando sintomática, é responsável por causar prurido anal de caráter intenso e produzir complicações locais e/ou em sítios ectópicos Os parasitos adultos são encontrados aderidos à mucosa ou libre e comumente na região cecal, íleo e no cólon. Alimentam-se de microrganismos e materiais existentes nestes locais. A fêmea do nematoide migra para o ânus do hospedeiro, geralmente no período noturno, para depositar seus ovos Quando grávidas, as fêmeas liberam seus ovos na região perianal do hospedeiro. O intenso prurido perianal causado faz com que o paciente coce a região, facilitando a transferência dos ovos infectantes para a boca. Ao serem ingeridos, os ovos eclodem no intestino delgado, liberando larvas que irão se desenvolver até a forma adulta, enquanto se movem para o ceco. Por fim, os vermes copulam e dão início a um novo ciclo. Os parasitos aderem a mucosa intestinal, causando um leve processo inflamatória do tipo catarral, com possíveis pontos hemorrágicos. Geralmente não há lesão anatômica, uma vez que não há penetração do verme na mucosa. A infecção pelos enteroparasitos, normalmente gera uma resposta imunológica capaz de combater a infecção. Quando essa ocorre, pode provocar eosinofilia. Tal condição deve-se a resposta imunológica Th2 provocada, na qual a IL4 e IL5 são produzidas, estimulando também a produção de IgE A infecção costuma ser assintomática, tendo como sintoma mais comum prurido na região perianal com Carla Bertelli – 4° Período periodicidade regular, que pode se tornar mais intenso, principalmente de noite devido à migração dos parasitos fêmeas. Tal situação pode levar a uma irritação na região anal com proctite e vulvovaginite, pelo deslocamento das larvas para a região genital feminina, o que ocasiona prurido vulvar, desconforto vaginal e granulomas no útero, nos ovários e nas tubas uterinas A região perianal pode tornar-se coberta por muco, pelo processo inflamatório provocado, às vezes sanguinolento. Pode ocorrer colite crônica, a qual causa fezes amolecidas ou diarreicas, emagrecimento e alterações no apetite. A participação do helminto em distúrbios do apêndice – apendicite e cólicas apendiculares – tem sido descrita mais recentemente Diagnóstico - O exame de rotina de fezes não se mostra eficaz, em muitas situações, para a investigação da enterobíase. . O diagnóstico é clínico, para a maioria dos casos, considerando o prurido anal como principal manifestação da enfermidade • Método da fita transparente ou Celofane, conhecido também como método de Graham O método de Graham deve ser realizado durante a manhã, antes da higiene na região anal. Quando presentes, os ovos irão aderir-se à fita gomada. Depoisde descolada da pele, a fita será preparada em uma lâmina para análise microscópica Tratamento Pamoato de Pirantel - O pamoato de pirantel também é eficaz no tratamento de infecções causadas por A. lumbricoides, E. vermicularis, N. americanus e A. duodenale. Ele atua como fármaco despolarizante e bloqueador neuromuscular, causando liberação de acetilcolina, inibição da colinesterase e paralisia do verme. O verme paralisado solta da sua fixação no intestino e é expelido. Mebendazol – Atua inibindo a montagem dos microtúbulos no parasita e também bloqueando a captação de dextrose de modo irreversível. Os parasitas atingidos são expelidos nas fezes. Albendazol – Inibe a síntese de microtúbulos e a captação da glicose em nematódeos. A infecção por Schistosoma costura ser assintomática ou oligoassintomática na maioria dos pacientes. Todavia, é responsável por importante morbimortalidade, alterando o desenvolvimento dos enfermos jovens, bem como, algumas vezes, reduzindo a capacidade de trabalho dos adultos. Os trematódeos passam por diferentes etapas de evolução, desde o hospedeiro invertebrado até o vertebrado (vermes adultos, ovos, miracídios, esporocistos, cercarias e esquistossômulos). Os metozoários adultos habitam o sistema porta hepático, com destaque para a veia mesentérica inferior. A fêmea, em fase adulta, tem característica mais alongada e pode ser encontrada em uma fenda do corpo do macho, denominado canal ginecóforo. Os patógenos se alimentam de sangue, consumindo diariamente uma quantidade significativa de hemácias. Os produtos não aproveitados na digestão são eliminados através da boca. O ciclo é complexo, sendo composto por duas fases parasitárias: no hospedeiro definitivo e no intermediário. Em condições favoráveis se completa em torno de 80 dias (cerca de 40 dias em cada hospedeiro). Os vermes adultos vivem nos vasos do sistema porta hepático do hospedeiro vertebrado. Uma fêmea produz cerca de 300 ovos por dia que demoram uma semana para amadurecer. Alguns ovos alcançam a corrente sanguínea, enquanto outros chegam ao lúmen intestinal através da submucosa. Após a postura, cerca da metade dos ovos é eliminado nas fezes e a outra metade tem uma parte retira na parede intestino e outra que retorna para a circulação sanguínea, se alojando principalmente no fígado. Esse processo pode gerar efeitos locais ou sistêmicos Carla Bertelli – 4° Período A penetração ativa da pede ou da mucosa causa alterações locais. Do ponto de vista imunológico, a resposta do hospedeiro é ativada, com a consequente inflamação, por vezes significativa, caracterizada por um aumento na produção de citocinas pró- inflamatórias,como TNF-a, IL-1 e IFN-y, o que expressaum tipo de resposta Th1. A resposta imunológica a partir dessa reação inflamatória é capaz de destruir uma quantidade significativa de cercarias e esquistossômulos na pele, produzindo microscopicamente um infiltrado inflamatório agudo discreto, predominantemente composto por granulócitos, inclusive eosinófilos. Durante a migração dos ovos para diferentes tecidos, o que resulta em reações de hipersensibilidade do tipo IV, caracterizada pela formação do granuloma esquistossomótico. A fase aguda da esquistossomose tem como característica a disseminação intensa de ovos, a qual pode resultar em uma quantidade significativa de granulomas no fígado, intestino grosso e delgado, pulmões, etc.. Em um momento inicial, os granulomas são grandes, ricos em macrófagos, linfócitos e eosinófilos ao redor do ovo. A fase crônica é caracterizada por lesões que podem ser graves. A esquistossomose hepática crônica afeta os jovens e adultos predispostos ao desenvolvimento de tal quadro. A gravidade da condição está correlacionada com a intensidade da infecção. A lesão fibrótica torna os tratos portais espessados, podendo aparecer como “tubo de hastes” no exame histopatológico, assim como a aparência ultrassonográfica. Eventualmente, o fígado diminui, com a típica hipertensão pré-sinusoidal portal, que se manifesta por esplenomegalia, emergência de ramos portossistêmicos colaterais e, eventualmente, ascite O quadro clínico da fase aguda surge abruptamente, coincidindo com a oviposição, tendo sintomas como febre elevada, calafrios, sudorese, mal-estar geral, lassidão, astenia, queixas respiratórias, náuseas, vômitos. Ao lado desses sinais e sintomas, costuma sobrevir diarreia, precedida de cólicas, com numerosas evacuações, que podem conter muco. Ao exame físico, notam-se emagrecimento, desidratação, abdome distendido e doloroso à palpação, hepatoesplenomegalia dolorosa, linfonodomegalia, taquicardia e hipotensão arterial sistêmica. O quadro clínico da fase crônica o quadro clínico regride, permanecendo a maioria dos pacientes assintomáticos. As manifestações clínicas podem retornar futuramente, sobretudo (1) em razão de repetidas exposições do indivíduo a reinfecções – nos focos endêmicos, com aumento da carga parasitária – e (2) da história natural da doença, a qual pode progredir para quadros de evolução crônica. Encontra-se com maior frequência a forma hepatointestinal.. A apresentação clínica geral pode associar-se a dor abdominal em cólica, difusa ou localizada na fossa ilíaca direita, acompanhada por pontuais episódios diarreicos – fezes líquidas ou pastosas, frequentemente de três a cinco evacuações por dia, ou disentéricas (fezes líquidas, com a presença de muco e sangue) – associados a tenesmo Diagnóstico - A suspeita diagnóstica de EM deve surgir a partir de dados epidemiológicos e clínicos • Parasitológico • Sorológico • PCR • Biópsias Tratamento - O tratamento quimioterápico da moléstia por meio de medicamentos de baixa toxicidade, como o praziquantel e a oxamniquina Praziquantel – A permeabilidade da membrana celular ao cálcio aumenta, causando contratura e paralisia do parasita. É rapidamente distribuído e consegue atingir o LCS. Carla Bertelli – 4° Período São vermes achatados que podem viver no sistema digestório humano, principalmente no intestino delgado. O ser humano é o hospedeiro definitivo das principais espécies da taenia, sendo os bovinos os hospedeiros intermediários da forma saginata e o porco da espécie solium. A infecção humana pela teníase se dá pela ingestão da carne bovina ou suína com larvas teciduais (cisticercos). Ao ingerir a carne crua ou mal cozida, o ser humano se torna infectado pela larva, que evolui para um verme adulto no intestino, originando a teníase. Apenas no caso da taenia solium pode ocorrer ainda a contaminação humana pela ingestão acidental de ovos ou proglotes, o que leva a formação dos cisticercos dentro do organismo humano, causando cisticercose. O verme adulto é grande, achatado e esbranquiçado, contém 3 partes: cabeça (escoléx), pescoço e um corpo segmentado. O escólex é equipado com ganchos e/ou ventosas (dependendo da espécie), que liga a tênia ao intestino. Cada segmento corporal, chamado de proglote pode se tornar uma proglote grávidas ou maduras. O ser humano é o único hospedeiro definitivo de T. saginata, T. solium e T. asiatica. Ovos e/ou proglotes grávidas são eliminados nas fezes dos pacientes afetados, contaminando o meio ambiente (solo, pastagens, água), onde os ovos conseguem sobreviver por dias a meses. O gado bovino e os porcos se tornam infectados por suas respectivas espécies de Taenia, ao ingerirem vegetação contaminada com ovos ou proglotes grávidas. No intestino de tais animais, as oncosferas eclodem e invadem a circulação sanguínea chegando até a musculatura esquelética. Nessa região, a forma larvária tecidual é chamado de cisticerco, e pode infectar humanos. Como a capacidade patogênica da teníase é pequena, em boa parte dependente dos efeitos locais e nutricionais (espoliação) provocados pelo vermeadulto, a condição não causa sintomas muito relevantes. Em verdade, muitos pacientes são assintomáticos Quando presentes, os principais sintomas são: náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, epigastralgia, cólicas abdominais, perda de peso, insônia e manifestações cutâneas de hipersensibilidade (prurido e urticária). Pode haver ainda constipação intestinal, irritabilidade, cefaleia e vertigens, além da possível oclusão de orifícios e ductos naturais do sistema digestório, ocasionando apendicite aguda, colangite ou pancreatite aguda (Emre et al., 2013). Por vezes, os pacientes (mesmo assintomáticos) relatam a eliminação intermitente de proglotes nas fezes ou, no caso da T. saginata, espontaneamente através do ânus, o que se constitui em pista diagnóstica importante. Raramente pode ocorrer regurgitação das proglotes ou sua aspiração para as vias respiratórias. Diagnóstico – O diagnóstico é feito pela detecção de ovos ou proglótides nas fezes • Pesquisa de Proglotes • Pesquisa de Ovos nas fezes • Pesquisa de Ovos com fita adesiva • Imunodiagnóstico Tratamento - o tratamento mais usado e eficaz para a teníase é realizado com a administração de dose única de praziquantel, um derivado sintético hetecocíclico da isoquinolina-pirazina O mecanismo do praziquantel envolve a indução de alterações estruturais no tegumento da tênia, provocando aumento da permeabilidade do cálcio, como consequência disso, ocorre alteração na atividade muscular e posterior paralisia do verme, o que causa o deslocamento de suas aderências do intestino e sua subsequente eliminação por meio do peristaltismo intestinal.
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