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H,h Bactérias São organismos unicelulares. Podem ser encontrados de forma isolada ou em colônias; são constituídos por uma célula (unicelulares), não possuem núcleo celular definido (procariontes) e não possuem organelas membranosas. (VIEIRA, 2016) Morfologia: tamanho, forma e arranjos bacterianos As bactérias são variáveis quanto ao tamanho e quanto às formas que apresentam. (VIEIRA, 2016) A unidade de medida das bactérias é o mm (micrômetro) que equivale a 103 mm. Muitas bactérias medem de 2 a 6 mm de comprimento e 1 a 2 mm de largura. Tamanho variável: 0,1 – 0,2 m → 5,0 mm (VIEIRA, 2016) Morfologia das bactérias: formas e arranjos bacterianos Embora existam milhares de espécies bacterianas, elas podem ser agrupadas em três tipos morfológicos gerais: cocos, bacilos e espiralados. (VIEIRA, 2016) Formas de cocos (esféricas) – é o grupo de bactérias mais homogêneo em relação ao tamanho. Os cocos tomam denominações diferentes de acordo com o seu arranjo (VIEIRA, 2016) • Micrococos – cocos. • Diplococos – cocos agrupados aos pares. • Tétrades – agrupamentos de quatro cocos. • Sarcina – agrupamentos de oito cocos em forma cúbica. • Estreptococos – cocos agrupados em cadeias. • Estafilococos – cocos agrupados em grupos irregulares, lembrando cachos de uva. Forma de bastonete – são células cilíndricas em forma de bastonete; apresentam grande variação na forma e no tamanho entre gêneros e espécies. (VIEIRA, 2016) As células bacterianas cilíndricas ou em bastonetes (bacilos) não apresentam a mesma disposição dos cocos, mas podem apresentar- se isolados, aos pares (diplobacilos) e em cadeias (estreptobacilos). Em alguns casos esses arranjos não constituem padrões morfológicos característicos, mas é devido às etapas de crescimento ou às condições de cultivo. De um modo geral, essas duas formas de bactérias (cocos e bacilos) são as mais comuns entre as contaminantes nas indústrias de açúcar e de álcool. Formas espiraladas – caracterizadas por células em espiral; dividem-se em: (VIEIRA, 2016) • Espirilos – possuem corpo rígido e movem-se à custa de flagelos externos. Ex.: Gênero Aquaspirillium. • Espiroquetas – são flexíveis e locomovem-se geralmente por contrações do citoplasma, podendo dar várias voltas completas em torno do próprio eixo. Ex.: Gênero Treponema. Observação: Além desses três tipos morfológicos, existem algumas formas de transição (VIEIRA, 2016) • Bacilos muito curtos: cocobacilo. • Unidades celulares que se assemelham a uma vírgula: vibrião. Febre Reumática TUTORIA 7 @juliaasoare_ 3º período de Medicina Estruturas externas da célula bacteriana Parede Celular A parede celular é uma estrutura rígida que está presente em quase todas as bactérias e localiza-se acima da membrana citoplasmática. (VIEIRA, 2016) Ela contém polímeros complexos conhecidos como peptidioglicanos, que são responsáveis pela sua rigidez. (VIEIRA, 2016) A parede celular impede que a célula estoure em decorrência do grande turgor, atua como uma barreira de proteção contra determinados agentes químicos e físicos externos e funciona como suporte de antígenos somáticos bacterianos. (VIEIRA, 2016) As bactérias podem ser divididas em dois grandes grupos, com base na capacidade de suas paredes celulares fixarem o corante violeta cristal: as Gram- positivas (que coram em roxo) e as Gram-negativas (que coram em vermelho). (VIEIRA, 2016) A parede celular de bactérias Gram-positivas é composta basicamente por peptideoglicano, que constitui uma espessa camada ao redor da célula. Outros polímeros, tais como ácidos lipoteicóicos e polissacarídeos, também podem estar presentes nessa camada. (VIEIRA, 2016) Nas bactérias Gram-negativas o peptideoglicano constitui uma camada basal delgada, sobre a qual se encontra outra camada, denominada membrana externa que é composta por lipoproteínas, fosfolipídios, proteínas e lipopolissacarídeos. (VIEIRA, 2016) O processo de coloração de Gram é usado para classificar as bactérias em Gram-positivas ou Gram- negativas, conforme fixam ou não o corante. Essa classificação é importante, pois as bactérias Gram- positivas são mais sensíveis à penicilina e à sulfa. Este processo de coloração é um dos mais importantes métodos realizados em laboratório de microbiologia. O processo de coloração de Gram consiste basicamente em tratar bactérias sucessivamente com cristal violeta, lugol, álcool e fucsina. (VIEIRA, 2016) Flagelos São organelas especiais (apêndices delgados) responsáveis pela locomoção das bactérias. (VIEIRA, 2016) De acordo com o número e distribuição dos flagelos, as bactérias podem ser classificadas como: atríquias (sem flagelos), monotríquias (um único flagelo), anfitríquias (um flagelo em cada extremidade), lofotríquias (um tufo de flagelos em uma, ou ambas as extremidades) e peritríquias (apresentando flagelos ao longo de todo o corpo bacteriano). (VIEIRA, 2016) @juliaasoare_ 3º período de Medicina Algumas bactérias movimentam-se por outros meios, diversos da atividade flagelar, tais como o deslizamento provocado pelo fluxo protoplasmático ou pela resposta táxica (fototaxia, quimiotaxia). Pêlos (fímbrias) São apêndices finos, retos e curtos que estão presentes em muitas bactérias Gram-negativas. (VIEIRA, 2016) São encontrados tanto nas espécies móveis como nas imóveis e, portanto, não desempenham papel relativo à mobilidade. (VIEIRA, 2016) Os pêlos originam-se de corpúsculos basais na membrana citoplasmática e sua função parece estar relacionada com a troca de material genético durante a conjugação bacteriana (fímbria sexual) com a aderência às superfícies mucosas. (VIEIRA, 2016) As fímbrias podem ser removidas sem comprometimento da viabilidade celular e regeneram-se rapidamente. (VIEIRA, 2016) Glicocálice É formado por uma substância mucilaginosa ou gelatinosa (viscosa) e fica ligada à parede celular como um revestimento externo. (VIEIRA, 2016) Se o glicocálice estiver organizado de maneira definida e acoplado firmemente à parede celular, recebe o nome de cápsula; se estiver desorganizado e sem qualquer forma frouxamente acoplada à parede celular, recebe o nome de camada limosa. (VIEIRA, 2016) O glicocálice pode ser de natureza polissacarídica (um ou vários tipos de açúcares como galactose, ramnose, glicana, etc.) ou polipeptídica (ácido glutâmico). (VIEIRA, 2016) O glicocálice desempenha papel importante na infecção, permitindo que a bactéria patogênica se ligue a tecidos específicos do hospedeiro. Acredita-se que o glicocálice possa proteger as bactérias da dessecação. (VIEIRA, 2016) Membrana plasmática – modelo mosaico fluido Fina membrana que separa a parede celular do citoplasma. (VIEIRA, 2016) Sua espessura é da ordem de 7,5 nanômetros e é composta principalmente por uma bicamada de fosfolipídeos (20 a 30%) e proteínas (50 a 70%); desempenha importante papel na permeabilidade seletiva da célula. (VIEIRA, 2016) A membrana é o sítio da atividade enzimática específica e do transporte de moléculas para dentro e para fora da célula. (VIEIRA, 2016) Ela difere da membrana plasmática das células eucarióticas por: (VIEIRA, 2016) • não apresentar esteróides em sua composição; • ser sede de numerosas enzimas do metabolismo respiratório das bactérias (mesmas funções das cristas mitocondriais); • controlar a divisão bacteriana através dos mesossomos. Os mesossomos são invaginações da membrana plasmática que podem ser simples dobras ou estruturas tubulares ou vesiculares. Alguns autores associam ainda aos mesossomos o valor funcional das mitocôndrias, @juliaasoare_ 3º período de Medicina atribuindo a eles o papel na respiração bacteriana. (VIEIRA, 2016) Estruturas internas da célula bacteriana Citoplasma É composto pela porção fluida e contém substânciasdissolvidas e partículas, tais como ribossomos, e material nuclear ou nucleóide, rico em DNA. (VIEIRA, 2016) Inclusões citoplasmáticas As inclusões são formações não vivas existentes no citoplasma, como grãos de amido, gotas de óleo, chamadas de grânulos, e podem servir como fonte de material de reserva ou energia. (VIEIRA, 2016) Nucleóide e plasmídeos As células bacterianas não contêm o núcleo típico das células animais e vegetais. (VIEIRA, 2016) O cromossomo bacteriano consiste de um cromossomo único e circular e ocupa uma posição próxima ao centro da célula. Pode ser chamado de nucleóide. (VIEIRA, 2016) Várias bactérias apresentam também moléculas de DNA extracromossomal, denominadas plasmídeos, as quais são geralmente circulares, contendo muitas vezes genes que conferem características adaptativas vantajosas ao microrganismo. (VIEIRA, 2016) As bactérias são importantes nos processos biotecnológicos – na indústria, agricultura e na medicina. (VIEIRA, 2016) Epidemiologia da FR A febre reumática (FR) estampa um problema grave de saúde pública. (OLIVEIRA, 2018) É uma doença reumática e inflamatória nas quais o sistema imunológico ataca tecidos do próprio organismo, ocorrendo por intermédio de uma infecção orofaríngea pelo estreptococo do grupo A (Streptococcus pyogenes). (OLIVEIRA, 2018) Este agente é responsável por aproximadamente 15,6 milhões de casos anuais da doença cardíaca reumática, com 282.000 casos novos e 233.000 mortes a cada ano. (OLIVEIRA, 2018) O Streptococcus pyogenes é extremamente contagioso, sendo capaz de transmitir a doença através da tosse, gotículas de saliva, espirro e mãos contaminadas são um veículo importante da transmissão do Estreptococo do grupo A. (OLIVEIRA, 2018) A faringoamigdalite é uma infecção causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBGA), afetando principalmente indivíduos de 5 (cinco) anos a adolescência. (OLIVEIRA, 2018) Sua ocorrência é variável de acordo com os países e, dentro do mesmo país, diversifica entre as regiões, oscilando entre, idade do paciente, fatores ambientais, condições socioeconômicas e serviços de saúde de qualidade. (OLIVEIRA, 2018) Dos indivíduos infectados por cepas de estreptococo, estima-se que 0,3 a 3,0% irão desenvolver a doença reumática e um a dois terços deles poderão desenvolver cardiopatia reumática. (OLIVEIRA, 2018) A doença reumática cardíaca (DRC) é uma doença da pobreza que está relacionada com a falta de saneamento básico, como outros determinantes da má saúde. (OLIVEIRA, 2018) Ela é uma sequela da febre reumática aguda, que é uma doença genética. (OLIVEIRA, 2018) A organização Mundial de Saúde e a Federação Mundial do Coração solicitaram uma diminuição de 25% na mortalidade por fatores cardiovasculares, incluindo a DRC até o ano de 2025. (OLIVEIRA, 2018) A cardiopatia reumática crônica (CRC) é originada a partir de vários episódios de cardite/valvite vindos da febre reumática. (OLIVEIRA, 2018) Dos pacientes com febre reumática, 31% desenvolvem CRC dentro de 1 (um) ano, e 65% dentro de 10 (dez) anos. (OLIVEIRA, 2018) A CRC é um problema de saúde pública elevado em países subdesenvolvidos e com baixa renda, gira em torno de 3% de milhões de pessoas no mundo que possuem CRC, colaborando com cerca de 275 mil mortes anualmente. (OLIVEIRA, 2018) @juliaasoare_ 3º período de Medicina A febre reumática, na sua fase aguda ou crônica, determina repercussões em todas as idades. Índices elevados de morbidade são vistos nas crianças e adolescentes, sendo a faixa etária que melhor se enquadra na frequência de sintomas e suas internações na sua fase aguda. (OLIVEIRA, 2018) Contudo, em áreas com alta prevalência da doença, pacientes que têm a doença reumática crônica cardíaca, são levados a internações por quadros de insuficiência cardíaca ou outras complicações da doença. (OLIVEIRA, 2018) Fazendo uma avaliação do impacto socioeconômico da doença, é considerado os custos pessoais e coletivos, já que seu tratamento é elevado financeiramente. (OLIVEIRA, 2018) Etiologia da FR A febre reumática é uma doença inflamatória aguda, multissistêmica, mediada pelo sistema imune, que ocorre após infecção por estreptococos β-hemolíticos do grupo A (geralmente após uma faringite, mas, em raros casos, a infecção acomete outra parte do corpo, como a pele). (PORTH) A doença reumática cardíaca é a manifestação cardíaca da febre reumática; e está associada a inflamações de todas as partes do coração, mas a inflamação e a cicatrização das valvas produzem as características clínicas mais importantes. (PORTH) A doença valvar manifesta-se principalmente na forma de estenose fibrótica deformante da valva atrioventricular esquerda (mitral); de fato, a doença reumática cardíaca é basicamente a única causa de estenose adquirida da valva atrioventricular esquerda. (PORTH) Patogenese da FR Os estreptococos beta-hemolíticos são divididos em diversos grupos sorológicos com base em seu antígeno polissacarídico da parede celular. (PORTH) Além disso, o grupo A é subdividido em mais de 130 tipos M distintos, responsáveis pela vasta maioria das infecções. (PORTH) A proteína M define melhor a virulência da bactéria e tem sido estudada mais intensivamente quanto à reatividade cruzada com o tecido cardíaco. (PORTH) Embora os EGA causem tanto faringite quanto infecções cutâneas (impetigo), apenas a faringite é relacionada à FR e à CR. (PORTH) A patogênese da FR ainda não está estabelecida. (PORTH) O período de tempo até o desenvolvimento dos sintomas relativos à dor de garganta e à presença de anticorpos contra os EGA sugere fortemente uma origem imunológica. (PORTH) Os anticorpos direcionados contra a proteína M de determinadas cepas de estreptococos apresentem reação cruzada com antígenos glicoproteicos, que estão presentes no coração, nas articulações e em outros tecidos, produzindo resposta autoimune por meio de um fenômeno denominado mimetismo molecular. (PORTH) Ainda que haja desenvolvimento de febre reumática somente em uma baixa porcentagem de pacientes com faringite por EGA não tratada, a incidência de recidivas na vigência de uma infecção não tratada subsequente é substancialmente maior. (PORTH) Essas observações aliadas a estudos mais recentes sugerem uma predisposição genética ao desenvolvimento da doença. Além disso, elementos ambientais podem afetar o seu desenvolvimento. (PORTH) Uma incidência maior de FR foi observada em populações junto a áreas com aglomeração, como barracas militares, devido à alta virulência e à transmissão rápida. (PORTH) Fisiopatologia da Febre Reumática A febre reumática aguda é uma reação de hipersensibilidade classicamente atribuída a anticorpos contra moléculas dos estreptococos do grupo A que reagem de modo cruzado com antígenos miocárdicos do hospedeiro. (ROBINS) Em particular, os anticorpos contra proteínas M de certas cepas de estreptococos ligam-se a proteínas do miocárdio e das valvas cardíacas e causam lesão por meio da ativação do complemento e de células portadoras do receptor para Fc (inclusive macrófagos). (ROBINS) As células T CD4+ que reconhecem os peptídios estreptocócicos também podem reagir de forma cruzada com antígenos do hospedeiro e desencadear respostas inflamatórias mediadas por citocinas. (ROBINS) A latência característica de 2-3 semanas até o início dos sintomas após a infecção é explicada como sendo o tempo necessário para a produção da resposta imune; não há estreptococos nas lesões. (ROBINS) @juliaasoare_ 3º período de Medicina Visto que apenas uma pequena minoria dos pacientes infectados desenvolve febre reumática (o valor estimado é de 3%), éprovável que haja suscetibilidade genética que influencie o desenvolvimento das respostas imunes cruzadas nos pacientes afetados. (ROBINS) As lesões fibróticas deformantes são a consequência previsível da cura e cicatrização associadas à resolução da inflamação aguda. (ROBINS) A febre reumática aguda é caracterizada por focos inflamatórios discretos em diferentes tecidos. (ROBINS) As lesões inflamatórias encontradas no miocárdio — os chamados corpos de Aschoff — são patognomônicos da febre reumática; esses nódulos consistem em acúmulos de linfócitos (basicamente células T), plasmócitos dispersos e macrófagos volumosos ativados denominados células de Anitschkow associados a zonas de necrose fibrinoide. (ROBINS) As células de Anitschkow têm citoplasma abundante e núcleos com cromatina condensada no centro que forma uma fita ondulada e delgada (as chamadas “células em lagarta”). (ROBINS) Durante a febre reumática aguda, os corpos de Aschoff podem ser encontrados em qualquer uma das três camadas do coração: pericárdio, miocárdio ou endocárdio (inclusive nas valvas). (ROBINS) É por isso que se diz que a febre reumática causa uma pancardite com as seguintes características: (ROBINS) • O pericárdio pode exibir um exsudato fibrinoso, que geralmente se resolve sem deixar sequelas. • O envolvimento do miocárdio — miocardite — manifesta-se na forma de corpos de Aschoff dispersos no interior do tecido conjuntivo intersticial. • O envolvimento valvar resulta em necrose fibrinoide e deposição de fibrina ao longo das linhas de fechamento que formam vegetações de 1 a 2 mm — verrugas — que perturbam pouco o funcionamento do coração. A doença reumática cardíaca crônica é caracterizada pela organização da inflamação aguda e pela subsequente cicatrização. (ROBINS) Os corpos de Aschoff são substituídos por cicatrizes fibrosas, de modo que essas lesões raramente são vistas na doença crônica. (ROBINS) Em particular, as válvulas das valvas tornam-se espessadas e retraídas de modo permanente. (ROBINS) Classicamente, a valva atrioventricular esquerda (mitral) exibe espessamento das válvulas, fusão e encurtamento das comissuras e espessamento e fusão das cordas tendíneas.. (ROBINS) As pontes fibrosas que se estendem de um lado ao outro das comissuras valvares e as calcificações dão origem às estenoses “em boca de peixe” ou “em casa de botão”. (ROBINS) O exame microscópico revela neovascularização e fibrose difusa que destrói a arquitetura normal das válvulas. (ROBINS) A consequência funcional mais importante da doença reumática cardíaca é a estenose e a regurgitação valvares; a estenose tende a predominar. (ROBINS) A valva atrioventricular esquerda (mitral) sozinha está afetada em 70% dos casos, e a valva atrioventricular esquerda e a valva da aorta estão comprometidas conjuntamente em 25% dos casos; a valva atrioventricular direita (tricúspide) é afetada com menor frequência (e com menor gravidade); e a valva do tronco pulmonar quase sempre escapa da lesão. (ROBINS) Na estenose mitral intensa, o átrio esquerdo dilata-se progressivamente por causa da sobrecarga de pressão, o que precipita a fibrilação atrial. (ROBINS) A combinação de dilatação e fibrilação é um substrato fértil para a trombose, e a formação de trombos murais grandes é comum. (ROBINS) A congestão venosa passiva de longa duração provoca alterações no parênquima e nos vasos pulmonares que são típicas da insuficiência cardíaca esquerda. (ROBINS) Com o tempo, essas alterações levam à hipertrofia e à falência do ventrículo direito. (ROBINS) Na estenose mitral pura, o ventrículo esquerdo geralmente está normal. (ROBINS) @juliaasoare_ 3º período de Medicina Manifestações Clínicas da FR A FR pode se manifestar como um distúrbio agudo, recidivante ou crônico. (PORTH) Agudo: inclui histórico de uma infecção estreptocócica inicial e subsequente envolvimento de elementos do tecido conjuntivo do coração, dos vasos sanguíneos, das articulações e dos tecidos subcutâneos. (PORTH) Uma lesão comum a todos, denominada corpo de Aschoff, consiste em uma área localizada de necrose tecidual circundada por células imunes. (PORTH) Fase recidivante: normalmente envolve a extensão dos efeitos cardíacos da doença. (PORTH) Fase crônica: é caracterizada pela deformidade permanente das valvas cardíacas e é causa frequente de estenose da valva mitral. O surgimento de CR crônica geralmente demora no mínimo 10 anos, após a crise inicial, mas pode demorar décadas (PORTH) A maior parte das pessoas com FR apresenta histórico de dor de garganta, cefaleia, febre (38,3 a 40°C), dor abdominal, náuseas, vômito, edema de linfonodos (normalmente no ângulo da mandíbula), além de outros sinais e sintomas de infecção estreptocócica. (PORTH) A evolução da doença é caracterizada por um conjunto de achados, incluindo poliartrite migratória das grandes articulações, cardite, eritema marginado, nódulos subcutâneos e coreia de Syndenham. (PORTH) Os marcadores laboratoriais da inflamação aguda incluem elevação da contagem de leucócitos, VSH e PCR. Esses níveis elevados dos reagentes de fase aguda são inespecíficos para FR, mas fornecem evidências de uma resposta inflamatória aguda. (PORTH) Poliartrite É a mais comum, sendo em 75 % dos casos a primeira manifestação. (PORTH) Pode ser o único critério para diagnostico em adolescentes e adultos. (PORTH) Pode variar da artralgia até a artrite debilitante, envolve com mais frequência as grandes articulações (joelhos e tornozelos), sendo menos comum em punhos, cotovelos, ombros e quadril. (PORTH) Quase sempre é migratória, afetando primeiro uma articulação e depois outra. (PORTH) Se não for tratada, dura aproximadamente 4 semanas (PORTH) Cardite A cardite que complica a fase aguda da FR, pode afetar o endocárdio, miocárdio ou pericárdio. (PORTH) O envolvimento do endocárdio e das estruturas valvares produz efeitos permanentes e incapacitantes da FR. (PORTH) A cardite se manifesta principalmente como uma regurgitação da mitral, e menos comum a regurgitação aórtica. (PORTH) Durante o estágio agudo da doença, as estruturas valvares se tornam vermelhas e edemaciavas, ocorrendo pequenas lesões vegetativas nos folhetos valvares. (PORTH) As alterações inflamatórias agudas progridem gradualmente, até o desenvolvimento de tecido cicatricial fibroso que tende a contrair e causar deformidades dos folhetos valvares e encurtamento das cordas tendíneas. (PORTH) Nódulos subcutâneos São nódulos rígidos, indolores e livremente moveis, normalmente ocorrendo sobre os músculos extensores da articulação do punho, cotovelo, tornozelo e joelho. (PORTH) Seu tamanho varia de 0,5 cm a 2 cm. (PORTH) Os nódulos raramente ocorrem de modo isolado na febre reumática, mas se manifesta, com mais frequência quando estão associados a cardite l moderada a grave. (PORTH) @juliaasoare_ 3º período de Medicina Lesões do Eritema marginado São áreas maculares semelhantes a um mapa, mais observada no tronco ou nos aspectos internos dos braços e das coxas mas NUNCA na face. (PORTH) Ocorrem no início da evolução de uma crise reumática e tendem a apresentar nódulos subcutâneos, bem como cardite. (PORTH) * São transitórios e desaparecem na progressão da doença. (PORTH) Coreia de Syndenham É a principal manifestação da febre reumática no SNC. (PORTH) Tem frequência em meninas e raramente ocorre após os 20 anos de idade. (PORTH) Seu início é insidioso de irritabilidade, e existem outros problemas comportamentais. (PORTH) A criança apresenta inquietação, chora facilmente, caminha desajeitadamente e deixa os objetos caírem. (PORTH) Os movimentos desordenados são espasmos espontâneos, rápidos e despropositados. (PORTH) É comum haver caretas faciais, e até mesmo a fala pode estar afetada. (PORTH) A Coreia éautolimitante e normalmente evolui com semanas ou meses. (PORTH) Diagnóstico da Febre Reumática Não existem exames laboratoriais específicos que permitam estabelecer o diagnóstico de FR. (PORTH) Dada a diversidade de sinais e sintomas, os critérios de Jones para o diagnóstico da FR, propostos pela primeira vez em 1944 e submetidos a diversas revisões da AHA e da Organização Mundial da Saúde (OMS), têm o objetivo de auxiliar na padronização do diagnóstico da afecção. (PORTH) Os critérios de Jones dividem as características clínicas da FR em categorias maiores e menores, com base na prevalência e na especificidade. (PORTH) A presença de dois sinais maiores (i. e., cardite, poliartrite, coreia, eritema marginado e nódulos subcutâneos) ou de um sinal maior e dois menores (i. e., artralgia, febre e elevação da VHS, PCR ou contagem de leucócitos), acompanhada por evidências de uma infecção anterior por EGA, indica uma alta probabilidade de FR. (PORTH) O ecocardiograma é útil para a avaliação da gravidade da estenose e da regurgitação valvares, o tamanho das câmaras e a função ventricular, e a presença das efusões pleurais (acúmulo de liquido no espaço pleural). (PORTH) A ultrassonografia com Doppler pode ser útil para identificar lesões cardíacas em pessoas que não apresentem sinais típicos de envolvimento cardíaco durante uma crise de febre reumática, mas não é um critério maior ou menor de Jones. (PORTH) Diagnóstico da faringoamigdalite: O diagnóstico da faringoamigdalite estreptocócica permite o adequado tratamento antimicrobiano e, consequentemente, a prevenção primária da FR. O diagnóstico diferencial da infecção estreptocócica de orofaringe, responsável por aproximadamente 30% dos casos de deve ser feito, particularmente, com as infecções virais. As manifestações clínicas podem auxiliar nessa diferenciação. (DIRETRIZ) Recomenda-se a comprovação laboratorial da infecção pelo EBGA. A cultura de orofaringe é o “padrão ouro” para o diagnóstico da faringoamigdalite estreptocócica e tem sensibilidade entre 90%-95%. Quando comparado à cultura, o teste rápido para a detecção de antígeno tem a vantagem da rapidez do resultado e, também, apresenta sensibilidade de 80% e especificidade de 95%. (DIRETRIZ) Exames sorológicos traduzem uma infecção pregressa e não têm valor para o diagnóstico do quadro agudo da faringoamigdalite estreptocócica. Os testes mais comumente utilizados são a antiestreptolisina O (ASLO) e a antidesoxyribonuclease B (anti-DNase). A dosagem dos títulos de ASLO confirma apenas a presença de @juliaasoare_ 3º período de Medicina infecção estreptocócica anterior. A elevação dos títulos se inicia por volta do 7º dia após a infecção e atinge o pico entre a 4a e a 6a semana, mantendo-se elevada por meses, às vezes até por um ano após a infecção. (DIRETRIZ) Recomenda-se a realização de duas dosagens de ASLO com intervalo de 15 dias. Tem sido observado que aproximadamente 20% dos pacientes com FR não cursam com elevação da ASLO. Recomenda-se a utilização dos limitespadrão de cada laboratório para a análise dos resultados. (DIRETRIZ) Lesões Valvares A função das valvas cardíacas é promover o fluxo unidirecional do sangue pelas câmaras do coração, evitando o sua regurgitação. (PORTH) A disfunção das valvas cardíacas pode resultar em vários distúrbios, incluindo anomalias congênitas, traumatismo, lesão isquêmica, alterações degenerativas e inflamações. (PORTH) As valvas mais afetadas são a mitral e aórtica, já a tricúspide e a pulmonar não são tão comuns devido à baixa de pressão no lado esquerdo do coração. (PORTH) Na cardiopatia valvar, ocorrem dois tipos de disfunção mecânica: estreitamento da abertura da valva, que impossibilita a abertura adequada; e distorção da valva, impossibilitando o fechamento adequado. (PORTH) A estenose se refere a um estreitamento do orifício valvar e a incapacidade dos folhetos da valva se abrirem normalmente, causando diversos problemas, deixando a valva menos eficiente, com fluxo turbulento. (PORTH) Isso aumenta o volume e o trabalho de esvaziamento da câmara através da valva com estreitamento – o átrio esquerdo, no caso de estenose de mitral, e o VE, na estenose aórtica. (PORTH) Em geral, os sintomas são observados pela primeira vez durante situações em que o fluxo aumenta, como na prática de exercício. (PORTH) A valva incompetente ou regurgitante possibilita a ocorrência de um fluxo retrógrado, quando ela deveria estar fechada – fluxo de volta para o VE durante a diástole, quando a valva aórtica está afetada, e de volta para o átrio esquerdo durante a sístole, quando a valva mitral apresenta a enfermidade. (PORTH) Os efeitos da cardiopatia valvar sobre a função cardíaca estão relacionados às alterações no fluxo sanguíneo pela valva, e ao resultante aumento nas demandas de trabalho cardíaco. (PORTH) Muitas malformações cardíacas valvares são caracterizadas por sopros cardíacos resultantes do fluxo sanguíneo turbulento por uma valva afetada. (PORTH) Regurgitação da valva mitral Ocorre quando há o fechamento incompleto da valva mitral, onde o sangue será movimentado em direção a aorta e para o átrio esquerdo durante a sístole. (PORTH) A regurgitação mitral pode resultar em anormalidades ou processos que influenciam na formação da doença de um ou mais dos cinco componentes funcionais do aparato da valva mitral, ou seja, músculos papilares, cordas tendíneas, anel, cúspides e miocárdio subjacente. (PORTH) Essa insuficiência, pode ocorrer nos casos de IAM com a ruptura do músculo papilar como consequência de uma endocardite infecciosa. (PORTH) A regurgitação mitral é uma sobrecarga de volume imposta ao ventrículo e ao átrio esquerdo. (PORTH) Em razão desse mecanismo adaptativos, pode ocorrer hipertrofia excêntrica e dilatação do ventrículo e dos átrios esquerdos, o coração consegue acomodar o volume regurgitaste, mantendo o débito cardíaco. (PORTH) @juliaasoare_ 3º período de Medicina Na fase compensada, o volume diastólico final é normal ou ate mesmo reduzido, por conta da facilidade do ventrículo esquerdo de se esvaziar. (PORTH) Esse esvaziamento ocorre por duas vias: via de saída do ventrículo esquerdo e valva mitral incompetente. (PORTH) Os sintomas típicos são aqueles de insuficiência do VE, como dispneia ao esforço, dispneia noturna paroxística e ortopneia. (PORTH) Prolapso da valva mitral. Algumas vezes denominado síndrome da valva mitral frouxa, ocorre em 1 a 2,5% da população geral. O distúrbio é observado com mais frequência em mulheres do que em homens e pode ter uma base familiar. Os achados patológicos em pessoas com prolapso de valva mitral incluem a degeneração mixedematosa (mucinosa) dos folhetos da valva mitral, tornando-os aumentados e frouxos, de modo a prolapsarem ou realizarem um movimento de balão para dentro do átrio esquerdo, durante a sístole. A maior parte das pessoas com prolapso de valva mitral é assintomática, e o distúrbio é descoberto durante um exame físico de rotina. Uma minoria das pessoas apresenta dor torácica que mimetiza angina, dispneia, fadiga, ansiedade, palpitações e vertigem. Regurgitação da valva aórtica A regurgitação da valva aórtica (ou regurgitação aórtica) é o resultado de uma valva aórtica insuficiente que permite o fluxo retrógrado do sangue para o VE durante a diástole. (PORTH) Como resultado, o VE precisa aumentar o volume sistólico para incluir tanto o sangue que entra dos pulmões como aquele que extravasa e retorna pela valva regurgitante. Esse defeito pode resultar de condições que causam cicatrização dos folhetos da valva, ou de um alargamento do orifício valvar que afasta os folhetos a ponto de deixarem de se tocar. Existem diversas causas de regurgitação aórtica, incluindo FR, dilatação idiopática da aorta, anormalidadescongênitas, EI e síndrome de Marfan, hipertensão, traumatismo e insuficiência de uma prótese valvar. • Insuficiência aórtica aguda: ocorre quando há o aumento do fluxo sanguíneo, onde o fluxo voltará para o ventrículo esquerdo, porém o VE não ocorreu as devidas mudanças para suportar o grande aumento do fluxo sanguíneo. Mesmo que utilize mecanismos compensatórios, como o de Frank-Starling, ele não conseguirá manter o débito cardíaco adequado. Isso causará uma deficiência funcional no ventrículo esquerdo (DFVE), causando uma regurgitação para o átrio, veias pulmonares, podendo causar edema de pulmão. (PORTH) • Insuficiência aórtica crônica: ocorre quando há o aumento do volume sanguíneo e aumento da pressão. Então, conforme ocorre as deformidades na valva, o fluxo regurgitante para o VE aumenta, aumentando o volume do VE.. (PORTH) Conforme a doença progride, os sinais e sintomas de insuficiência ventricular esquerda começam a surgir. Estes incluem dispneia ao esforço, ortopneia e dispneia noturna paroxística. Estenose Mitral Representa a abertura incompleta da valva mitral durante a diástole, com distensão do átrio esquerdo e comprometimento do enchimento do VE. A afecção em geral resulta da FR. O defeito congênito é menos comum e se manifesta durante as fases iniciais da vida ou no adulto de idade avançada, relacionada à calcificação anular. A estenose da valva mitral é um distúrbio contínuo, progressivo e vitalício, que apresenta evolução lenta e estável nos primeiros anos, seguida de aceleração progressiva nos últimos anos. (PORTH) A estenose da valva mitral é caracterizada pela substituição do tecido valvar por um tecido fibroso. (PORTH) As cúspides mitrais se fundem as bordas e o envolvimento das cordas tendíneas causa encurtamento, @juliaasoare_ 3º período de Medicina tracionando as estruturas valvares mais profundamente para dentro do ventrículo. (PORTH) Como a resistência do fluxo através da valva aumenta, o átrio esquerdo se dilata e a pressão atrial esquerda aumenta. Esse aumento da PA é transmitido para o sistema venoso pulmonar, causando a congestão pulmonar. (PORTH) A velocidade do fluxo pela valva depende do tamanho do orifício desta, da pressão e do tempo disponível para o fluxo durante a diástole. (PORTH) A área da valva mitral corresponde de 4 a 5 cm cúbicos. Os sintomas se desenvolvem com o agravamento do gradiente pela valva e conforme a pressão arterial esquerda se torna maior que a pressão ventricular esquerda. (PORTH) Com o avanço da condição, os sintomas de diminuído débito cardíaco se manifestam durante o esforço extremo ou em outras situações que causam taquicardia, reduzindo assim o tempo do enchimento diastólico. (PORTH) Os sintomas são os de desenvolvimento de insuficiência cardíaca, incluindo congestão pulmonar, dispneia paroxística noturna e ortopneia. Palpitações, dor torácica, fraqueza e fadiga são queixas comuns. Podem ocorrer batimentos atriais prematuros, taquicardia atrial paroxística e fibrilação atrial como resultado da distensão do átrio esquerdo. Estenose Aórtica É caracterizada pelo aumento da resistência da ejeção do sangue para a aorta. (PORTH) As causas mais comuns de estenose da valva aórtica são as malformações valvares congênitas e a calcificação adquirida da valva tricúspide normal. As malformações congênitas podem resultar em folhetos valvares unicúspides, bicúspides ou com formato inadequado. (PORTH) De modo geral, a estenose aórtica adquirida é consequência da calcificação associada ao “uso e desgaste” normal de uma valva aórtica anteriormente normal, ou de valvas bicúspides congênitas (inatas em aproximadamente 1% da população). A incidência de estenose da valva aórtica adquirida é de 2 a 4% em idosos com mais de 65 anos de idade A progressão de estenose aórtica calcificada é lenta e muito variável entre os indivíduos, estando com a área funcional da valva suficientemente diminuída para causar a obstrução da saída ventricular esquerda (PORTH) A calcificação progride a partir a base das cúspides até os folhetos. Isso irá reduzir o movimento dos folhetos da área efetiva da valva. (PORTH) Na medida que a calcificação progride, os folhetos enrijecem, ocorre um agravamento da obstrução da saída ventricular esquerda e a fusão das comissuras leva a estenose aórtica. (PORTH) Com o aumento da pressão sistólica em consequência da obstrução, a parede ventricular esquerda se torna mais espessa, ou hipertrofia, porém o volume normal da câmara é mantido. (PORTH) Contudo, uma redução adicional na área da valva de metade até um quarto do seu tamanho normal, produz uma obstrução grave do fluxo e uma sobrecarga de pressão progressiva sobre o VE.. (PORTH) Referências: KUMMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R. N. Robbins, Patologia Básica. 9a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. PORTH, C.M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. 9 ª ed. Guanabara Koogan, 2015. VIEIRA, Darlene Ana de Paula; FERNANDES, Nayara Cláudia de A. Queiroz. Microbiologia Geral. 2016. @juliaasoare_ 3º período de Medicina