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HIPOGONADISMO MASCULINO AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Pode ser dividido em três categorias gerais: 1. Desordens hipotalâmico-pituitárias 2. Anormalidades gonadais 3. Defeitos na ação dos andrógenos – déficit de receptor - Quando dosar testosterona, paciente com sintomatologia ou sinais que sugerem hipogonadismo. - Não há consenso, nem é indicado rastrear a população geral com dosagem de testosterona, e não há benefício de fato em TRH em hipogonadotróficos assintomáticos. - Impacto sobre mortalidade não está claro, embora vários estudos demonstrem aumento de mortalidade por todas as causas, principalmente DCV. - Sinais e sintomas · Astenia · Alterações do sono · Aumento de gordura corporal · Diminuição de massa magra · Perda de massa óssea · Alteração do humor · Diminuição da libido · Dificuldade de ereção · Piora do desempenho sexual - Indicações de triagem para hipogonadismo masculino · Massa selar, radiação da região selar ou outras doenças dessa região · Tratamento com medicações que afetem a produção ou metabolismo da testosterona (GC e opioides, inibe a nível central) · Perda de peso associada ao HIV · Uso crônico de esteroides anabolizantes e sua retirada (atrofia do testículo) · Infertilidade · Osteoporose ou fratura por trauma leve · Queda da libido ou DE Avaliação de hipogonadismo clínico de Greenspan - LH e FSH alto com Testosterona baixa – Insuficiência gonadal primário (investigar causas genéticas) Avaliação de hipogonadismo clínico de Bandeira SÍNDROME DE KLINEFELTER - Fenótipo XXY por não disjunção meiótica materna – pode ocorrer no espermatozóide - Expressado na puberdade – túbulos seminíferos não se alargam e sofrem fibrose e hialinização · Obliteração dos túbulos e testículos endurecidos e pequenos. - Células de Leydig (produção de T) são anormais estrutural e funcionalmente – T diminuída e LH aumentado. · Hipogonadismo hipergonadotrófico - Manifestações clínicas são variáveis e LH estimula E2 · Feminização e ginecomastia, aumento de SHBG hepática - A patogênese da proporção eunucóide, personalidade e déficit intelectual estão pouco esclarecidas. · Habitus eunucoides – seguimento superior menor que o inferior (pessoa de alta estatura com membros grandes e um tronco diminuído). Achados clínicos · Apenas pobre rendimento escolar em alguns casos, durante a infância · Atraso puberal discreto (1-2 anos) · Genitália variável · Diminuição no crescimento de pêlos faciais e dorsais · Ginecomastia em 50% · Testículos pequenos (<4ml, pré-puberel) e consistência firmes · Infertilidade e disfunção da libido e ereção · Habitus eunucóide · Densidade óssea diminuída · Déficit intelectual variável e dificuldade de se manter em um emprego · Deformidades esqueléticas nas formas variantes · Mosaicismos têm poucos estigmas · Associado a DPOC, veias varicosas, Tu de células germinativas, doença cerebrovascular, intolerância a glicose, hipotiroidismo primário e taurodontismo, risco aumentado de Ca de mama (20x) Achados laboratoriais - Testosterona baixa ou normal - FSH e LH elevados - Azoospermia - Cromatina + Corpúsculo de Barr em 20% - Cariótipo XXY Tratamento - Reposição de Testosterona – lentamente nos casos de distúrbio de comportamento - Pacientes com níveis normais de andrógenos não requerem tratamento clínico - Se ginecomastia está presente pode indicar mastectomia – questão estética e prevenção do CA de mama. ANORQUIA BILATERAL – ausência congênita dos testículos - 3% das cirurgias de criptorquidismo têm anorquia unilateral e 1% tem bilateral, representa 1:20.000 homens nascidos - Etiologia · Déficit funcional testicular entre a 14-16ª semana – para de inibir ductos de Müller e impede o crescimento de ductos de Wolff · Trauma, insuficiência vascular, infecções e outros após a 16ª semana de gestação Quadro clínico - Normais ao nascer exceto pela criptorquidia - Falha na puberdade (déficit de pelos, micropênis, saco escrotal vazio, habitus eunucóide se não tratados, ginecomastia não ocorre) - Alguns podem ter virilização parcial e níveis de testosterona mais altos nas veias espermáticas, demonstrando presença de células de Leydig Achados laboratoriais - Testosterona muito baixa - FSH e LH marcadamente elevados - Testosterona não se eleva com estímulo de HCG · Teste do HCG – aplica uma dose alta de HCG, se houver um testículo ectópico há uma produção de testosterona pelo HCG. · Se o indivíduo não eleva testosterona após o teste, podemos dizer que o indivíduo não tem um testículo funcionante. - Fator inibidor mülleriano está baixo - Cariótipo 46XY - Arteriografia de a. testicular, venogramas de v.v.espermáticas e RNM c/ gadolíneo não demonstram gônadas - Laparoscopia pode achar os testículos, mas se os vasos deferentes e testiculares terminam em fundo cego pode-se assumir que os testículos estão ausentes - Teste de HCG diferencia da criptorquidia · Não decida da bolsa escrotal, apesar de ser um testículo com problemas de fertilidade, a produção de testosterona é normal. Tratamento - TRH com testosterona, e a prótese de testículo apenas como proposta coméstica. APLASIA DE CÉLULAS DE LEYDIG - É uma rara condição de pseudo-hermafroditismo masculino - Etiologia e fisiopatologia · Testículos presentes no canal inguinal pré-púberes com células de Sertoli e espermatogônia, sem células germinais em maturação; · Há perda da aparência mixóide e ausência de células de Leydig. · Causada por mutações inativadoras do LHr. · Presença de vasos deferentes e epidídimo; · Há presença suficiente de testosterona para diferenciar as estruturas do ducto de Wolff, mas deficitária a ponto de levar a genitália ambígua. · A ausência de estruturas de ducto mülleriano é compatível com secreção normal de MIF (fator inibidor mülleriano). · Único porém é a não liberação de testosterona. Quadro clínico - Grau variável de ambiguidade genital - Podem ter fenótipo feminino até adolescência (amenorreia e com ou sem desenvolvimento de mamas) - Gônadas no canal inguinal - Pelos esparsos - Alterações leves podem apresentar micropênis, hipospadias e supressão da fertilidade. Achados laboratoriais - Gonadotrofinas elevadas - Testosterona abaixo do normal para homens e normal baixa para mulheres - Sem aumento de testosterona ao teste de HCG Diagnóstico diferencial - Anorquia bilateral - Defeitos da biossíntese da testosterona - Defeitos da ação de andrógenos - Deficiência de 5-alfa-redutase -> converte a T em DHT que é a forma bioativa (diferenciação da genitália externa) Tratamento - Reposição de testosterona · Tratados precocemente podem ter espermatogênese (tem células de Sertoli), porém a maioria tem diagnóstico tardio e por isso são tratados como mulheres. - Remoção de testículos (maior tendência à malignidade) e estrógenos exógenos – mais prudente nesses casos. CRIPTORQUIDIA - Ausência de testículo uni ou bilateral na bolsa testicular – falha na descida do testículo pelo anel inguinal externo. - Cerca de 5% dos nascidos homens - Em muitos casos se resolve espontaneamente durante o 1º ano de vida (incidência cai para 0,2-0,8%) - 0,75% dos adultos têm criptorquidia - Bilateral é 5-10 vezes mais comum – defeito que ocorreu de um lado vai ocorrer do outro - Localização · 50% está localizado no anel inguinal externo · 19% está entre o canal inguinal externo e interno · 9% são intra-abdominais e 23% são ectópicos - Fisiopatologia · Ocorre a descida na 20ª semana. · Associados a déficit de andrógenos ou gonadotrofinas e DHT (necessários para a descida dos testículos – se tem déficit não desce). · Disruptores endócrinos com ação estrogênica ou antiandrogênicas (ftalatos e BPA, substâncias presente em utensílios de plástico). · Aumento da temperatura dos testículos resulta em déficit de espermatogênese. · Alteração intrínseca dos testículos aumenta tumores de células germinativas. - Fatores clínicos · Assintomáticos (exceto se complicação – torção, trauma, etc) · Adultos podem ter infertilidade · Associados com escroto pequeno ou hemiescroto · Não há sinais de deficiência de andrógeno - Achados laboratoriais · FSH, LH e testosteronarespondem ao teste de HCG · Medida de MIF pode ser de ajuda · Adultos podem ter oligospermia, FSH e LH elevados e FSH aumenta com estímulo de GnRH (principalmente quando bilateral) · Imagem: venografia por RNM c/ gadolínio é sensível · Urografia excretora pode associar a anormalidades de trato urinário superior · Rim em ferradura, hipoplasia renal, duplicação de ureter, hidroureter e hidronefrose - Diagnóstico diferencial · Testículo retrátil – alto devido a uma exacerbação do reflexo cremastérico. · Anorquia bilateral · Formas virilizantes de Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) - Complicações · Hérnia inguinal (90%) – canal inguinal não oblitera, formando herniação · Torção (dor pélvica) – torção e isquemia · Trauma (pela localização no tubérculo púbico) · Neoplasias · 20-30% mais provável (seminomas) – orquiectomia em unilaterais e orquipexia e biópsia quando bilaterais · Infertilidade – 75% dos bilaterais e 50% dos unilaterais (25% se tratados – orquipexia) Tratamento - HCG corrige 25% dos casos – 3300UI por 5 dias alternados p/bilateral e 500UI 3x/ semana por 6,5 semanas - GnRH intranasal (mais caro e difícil): 3x ao dia por 28 dias - Usa o HCG e o GnRH para estimular a produção de testosterona para descida do testículo, até porque o testículo é funcionante. - Tratamento cirúrgico · Em 1-2 tempos com reparação da hérnia inguinal. · 1º tempo colocar o testículo, e 2º para correção da bolsa. SINDROME DE NOONAN – Síndrome de Turner Masculina - Fenótipo e genótipo masculino com estigmas da síndrome de Turner clássica. - Incidência de 1:1000-1:2500, podendo ser esporádica ou familiar Autossômica dominante c/ penetrância variável. - Mutação na proteína-tirosina fosfatase · Gene do cromossomo 12 (peptídeo sinalizador que modula proliferação, diferenciação e migração celular). - Redução dos túbulos seminíferos com ou sem esclerose · Diminuição ou ausência de células germinativas - Hiperplasia de células de Leydig Quadro clínico - Baixa estatura, pescoço alado, hipertelorismo, cubitus valgus e diátese sanguínea - Anomalias cardíacas direitas - Criptorquidia – alguns podem ser férteis, mas a maioria tem testículos pequenos e hipogonadismo moderado Achados laboratoriais - Testosterona baixa ou normal baixa - Gonadotrofinas elevadas - Cariótipo 46XY - Diagnóstico diferencial: · Mosaicismo XY/X0; requer análise cromossômica para diferenciar Tratamento - Reposição de andrógeno OUTROS - Distrofia miotônica - Insuficiência dos túbulos seminíferos do adulto - Insuficiência de células de Leydig do adulto – andropausa
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