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UNIDADE 1 | Seção 2 Teoria Geral do Processo Palavras-chave: Assistência; denunciação da Lide; chamamento ao processo; incidente de desconsideração da personalidade jurídica; Amicus curiae. Seção 2 COMPETÊNCIA GERAL: Conhecer os institutos fundamentais da Teoria Geral do Processo por meio do estudo das noções introdutórias de direito processual, jurisdição, ação e processo, base para que se desenvolvam as matérias específicas que estudarão durante o curso. CONTEÚDO: Conceito de intervenção de terceiros e suas modalidades: Assistência Simples e Litisconsorcial; Denunciação da Lide; Chamamento ao Processo; Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica; e Amicus curiae. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: Conhecer as formas de intervenção de terceiros para ser capaz de compreender como pessoas, a princípio, estranhas à relação processual originária podem passar a integrar o processo. RESULTADO DE APRENDIZAGEM: Para a compreensão e fixação dos conteúdos mencionados, os alunos realizarão uma atividade de identificação da modalidade de intervenção de terceiros que ocorreu em casos concretos, conforme detalhado mais adiante. 10 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS CONHECIMENTOS PRÉVIOS: Conhecimentos Conceituais prévios necessários: Conceito e modalidades de intervenção de terceiros. Conhecimentos Procedimentais prévios necessários: Bom domínio da Língua Portuguesa, especialmente sobre interpretação de texto e redação. Intervenção de Terceiros U2 11 PENSANDO A AULA Considerando que a Turma já respondeu às questões da pré- aula (webaula) e já realizou a leitura do livro didático: • O professor deverá apresentar à Turma, por meio de projeção, um gráfico para cada uma das questões, onde serão indicados os índices de acertos e erros. • Em seguida, deverá perguntar aos alunos por que cada alternativa está certa ou errada. • Deve reforçar os pontos em que forem identificados níveis significativos de defasagem, utilizando-se de uma linguagem mais simplificada, e não técnica, promovendo revisão dos conceitos estudados na pré-aula que geraram dificuldades aos alunos. O professor apresentará aos alunos, escrevendo tópicos na lousa, sobre os temas que serão abordados na realização das atividades. Em seguida, resgatará a situação da realidade profissional descrita no Diálogo aberto do livro didático, apresentando-a à Turma por meio de projeção: O proprietário “A”, dono de um terreno na cidade de Brotas, interior de São Paulo, o vendeu ao comprador “B”, residente em Curitiba, Estado do Paraná. Como o preço era viável, “B” se precipitou e concluiu o negócio com “A”, sem ao menos visitar o referido terreno. Logo depois disso, “B” viajou até Brotas e descobriu que seu terreno estava sendo utilizado pelo possuidor “C”, que o havia invadido. Após o início do processo judicial, o comprador “B” sofreu um grave acidente de trânsito, ficando inconsciente por 1 (um) ano. Além disso, houve alteração da legislação processual aplicável ao caso. PROBLEMATIZANDO A AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Intervenção de Terceiros U2 12 O fato narrado gera, do ponto de vista jurídico, um conjunto de possibilidades. Vamos refletir sobre isso? Como advogado, você entende que o fato descrito enquadra-se em um caso no qual se admite a possibilidade de uma ação reivindicatória. O professor irá informar que, para tratar da questão proposta para o tema desta seção, a Turma deverá se recordar das modalidades de intervenção de terceiro. O professor apresentará à Turma a pergunta correspondente à seção 2, por meio de projeção: Há possibilidade de haver intervenção de terceiros nesta ação? Qual é a modalidade? O professor deverá dialogar com os alunos, incentivando-os a utilizar os conhecimentos adquiridos no conteúdo já estudado, para análise e identificação de qual tipo de intervenção de terceiros é cabível ao caso hipotético descrito na situação da realidade. a) Atividades Mediadas – 50 min. O professor irá projetar as seguintes ementas de acórdãos do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deixando uma lacuna caso nela apareça a modalidade de Intervenção de Terceiros que ela abordará. Em seguida, tendo consultado o inteiro teor dos respectivos Relatórios e Votos, irá expor aos alunos o caso concreto, somente no que se refere ao tema da seção e eventual outro conteúdo necessário à compreensão do caso. Irá questionar os alunos sobre de que tipo de intervenção de terceiros a ementa trata, explicando a decisão do STJ. Observação: ao final das ementas, segue uma tabela de correspondência de artigos dos CPC/1973 e CPC/2015 nelas citados, que o professor colocará na lousa para consulta enquanto auxilia os alunos no entendimento do fato tratado no caso concreto e na identificação da modalidade de intervenção SITUAÇÃO-PROBLEMA PROCEDIMENTOS PARA A SOLUÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA PROCEDIMENTOS PARA A SOLUÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA Intervenção de Terceiros U2 13 de terceiro que nele aconteceu. RECURSOS ESPECIAIS DO AUTOR E DO RÉU. RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPLANTE DE FÍGADO. DANOS MATERIAIS E MORAIS SOFRIDOS PELO DOADOR. CIRURGIA EM HOSPITAL PÚBLICO PELO SISTEMA PÚBLICO. FALHA DE EQUIPAMENTO. FALTA DE ATERRAMENTO DA MESA CIRÚRGICA. AÇÃO MOVIDA CONTRA O CIRURGIÃO CHEFE GERAL DA EQUIPE MÉDICA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE AO HOSPITAL PÚBLICO E À MÉDICA RESPONSÁVEL PELA CIRURGIA DO DOADOR. 1) PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DE ÓRGÃO JULGADOR NO TRIBUNAL DE ORIGEM AFASTADA. MATÉRIA DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ESTADUAL, FORA DOS LIMITES CONSTITUCIONAIS DO RECURSO ESPECIAL. 2) OMISSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. INEXISTÊNCIA. 3) RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL ANTE DEFEITO DE EQUIPAMENTO. 4) DENUNCIAÇÃO DA LIDE. INTERVENÇÃO "IUSSU IUDICIS". INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO APLICÁVEL À INTERVENÇÃO DE TERCEIRO. 5) MULTA POR EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CANCELADA. 6) SUCUMBÊNCIA. 7) RECURSO DO RÉU PROVIDO. 8) EXCLUSÃO DA CIRURGIÃ DENUNCIADA MANTIDA. 9) CONDENAÇÃO DO HOSPITAL EM DANOS MATERIAIS E MORAIS. 10) RECURSO DO AUTOR IMPROVIDO. 1. Ação de indenização por danos materiais e morais, decorrentes de defeito de aterramento de equipamento em hospital público (Hospital das Clínicas da USP-SP), causados em doador, durante cirurgia de transplante de fígado, movida apenas contra o cirurgião Chefe do Departamento e Chefe Geral da Equipe de Transplante. 2. Rejeição de preliminar de nulidade, suscitada pelo réu, por incompetência da Câmara de Direito Privado do TJSP. Matéria de Organização Judiciária estadual superada na origem. 3. Alegação de nulidade fundada em negativa de prestação jurisdicional rejeitada, pois, consoante dispõe o artigo 535 do CPC, os Embargos de Declaração não se destinam a rejulgamento da causa. 4. No mérito, afasta-se a responsabilidade de Chefe de Departamento de Hospital público e Chefe de Equipe de Transplante, bem como de cirurgiã responsável pela cirurgia de extração de órgão do doador, por danos no paciente, que remontam a defeito de equipamento no momento da cirurgia (falha no aterramento da mesa cirúrgica), provocador de situações ulteriores de dano, e reconhece-se a responsabilidade do Hospital responsável pelo equipamento, no caso o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Intervenção de Terceiros U2 14 Universidade de São Paulo. 5. Admite-se a responsabilização, em situação processual de intervenção coacta "iussu iudicis", instrumentalizada mediante denunciação da lide, no caso concreto, visto que nela cumprido exaustivamente o contraditório, com narração dos fatos pelo denunciante, estando, ainda, a causa absolutamente madura para julgamento pelo mérito, reconhecida a necessidade de célere, definitiva e justa composição da lide em todos os seus aspectos, a fim deevitar a renovação da pretensão em desnecessárias futuras demandas judiciais. 6. Valores da indenização por danos morais e da verba honorária só podem ser revistos por esta Corte quando se mostrarem ínfimos ou exorbitantes, o que não se verifica no caso em exame. 7. Em consonância com o enunciado 98 da Súmula deste Tribunal, não é cabível a imposição da multa do art. 538 do CPC, quando os Embargos de Declaração, como no caso, que é de marcante complexidade fática e jurídica, são interpostos visando, inclusive, a prequestionar questões para admissão do Recurso Especial. 8. Recurso Especial do autor improvido e provido o do réu, para a condenação única e exclusivamente do Hospital das Clínicas da USP-SP, determinando-se, ainda, o cancelamento da multa imposta no julgamento dos Declaratórios. Verbas da sucumbência, inclusive honorários, distribuídos entre os acionados condenados nas ações principal e secundária. (REsp 1327632/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20 mai. 2014, DJe 22 set. 2014) AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. NOVO FUNDAMENTO. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INEXISTÊNCIA DE PERDA DO DIREITO DE REGRESSO. PRECEDENTES DA CORTE. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. A jurisprudência desta Corte orienta que "não é admissível a denunciação da lide embasada no art. 70, III, do CPC quando introduzir fundamento novo à causa, estranho ao processo principal, apto a provocar uma lide paralela, a exigir ampla dilação probatória, o que tumultuaria a lide originária, indo de encontro aos princípios da celeridade e economia processuais, os quais esta modalidade de intervenção de terceiros busca atender. Ademais, eventual direito de regresso não estará comprometido, pois poderá ser exercido em ação autônoma" (AgRg no REsp 821.458/RJ, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA, TERCEIRA TURMA, julgado em 16 nov. Intervenção de Terceiros U2 15 2010, DJe 24 nov. 2010). 2. Agravo Regimental improvido. (AgRg no REsp 1412229/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 25 fev. 2014, DJe 13 mar. 2014). PROCESSUAL CIVIL. TRANSPORTE INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS. EXPLORAÇÃO DE LINHA RODOVIÁRIA. IRREGULARIDADE. PEDIDO DE ASSISTÊNCIA SIMPLES. ART. 50 DO CPC. INDEFERIMENTO. INTERESSE JURÍDICO NÃO DEMONSTRADO. 1. A pretensão da empresa agravante está fundamentada no fato de que a empresa TRANSPORTE COLETIVO BRASIL LTDA. estaria operando as mesmas linhas que ela já opera, de forma irregular, prejudicando seus contratos de permissão e provocando desequilíbrio na equação econômico- financeira. 2. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é no sentido de que para o ingresso de terceiro nos autos como assistente simples é necessária a presença de interesse jurídico, ou seja, a demonstração da existência de relação jurídica integrada pelo assistente que será diretamente atingida pelo provimento jurisdicional, não bastando o mero interesse econômico, moral ou corporativo. 3. O Tribunal a quo, ao decidir acerca da intervenção de terceiro, consignou que eventual interesse financeiro que a parte agravante possa ter no deslinde do feito não se confunde com o interesse jurídico a justificar sua presença como parte no feito. Ora, a falta de demonstração pelo agravante, conforme analisado na origem, do necessário interesse jurídico no resultado da demanda, inviabiliza o seu ingresso no feito como assistente simples. 4. As pretensões de integrar o polo passivo são motivadas pela concorrência supostamente desleal ocasionada pela atuação da empresa autora em sobreposição às linhas por elas operadas, acarretando suposto desrespeito às permissões que detêm e ao equilíbrio econômico-financeiro dos seus contratos, o que denota a existência de interesse meramente econômico na demanda. Até porque a concessão de direitos de exploração de uma linha de ônibus para uma empresa não afronta direitos de terceiros sobre as mesmas linhas, uma vez que a permissão ou autorização de exploração de linhas de ônibus não confere direito à exclusividade. Precedente: REsp 762.093/RJ, Rel. Intervenção de Terceiros U2 16 Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20 mai. 2008, DJe 18 jun. 2008. 5. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 392.006/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 05 nov. 2013, DJe 12 nov. 2013). PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INEXISTÊNCIA. AÇÃO INDENIZATÓRIA. EXPLOSÃO DE NAVIO. PROIBIÇÃO DE PESCA. DANOS SUPORTADOS PELOS PESCADORES. ALEGADO INTERESSE JURÍDICO DA UNIÃO. CHAMAMENTO AO PROCESSO DO IBAMA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INVOCAÇÃO DE NORMAS PREVISTAS EM CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Se o Tribunal de origem apreciou as questões pertinentes para a resolução da controvérsia, ainda que tenha dado interpretação contrária aos anseios da recorrente, não há omissão que impeça a compreensão do julgado, e, portanto, não se tem como violado o art. 535, II, do CPC. 2. A mera alegação da existência de interesse jurídico da União no feito não tem o condão de afastar a competência da Justiça Estadual para apreciar o conflito entre particulares, sobretudo porque o próprio ente federal, voluntariamente, não manifestou interesse em ingressar na causa, nem foi provocada a sua intervenção por qualquer das partes. 3. Muito embora o art. 109, I, da Constituição Federal não faça referência à denunciação da lide, à nomeação à autoria e ao chamamento ao processo, a jurisprudência do STJ se firmou no sentido de que, havendo provocação para incluir na demanda a União, suas autarquias ou empresas públicas, à Justiça Federal cumpre examinar se há interesse que justifique o seu ingresso, aplicando-se, por analogia, a Súm. 150/STJ. 4. A invocação de normas previstas em Convenção Internacional, por si só, não desloca para a Justiça Federal a competência para processar e julgar a causa, salvo quando as disposições de "tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional" forem o próprio objeto da lide. 5. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (REsp 1181954/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27 ago. 2013, DJe 04 set. 2013). Intervenção de Terceiros U2 17 Figura 1 Código Processual Civil. Fonte: O autor. Tabela de correspondência entre os artigos do CPC/1973 e do CPC/2015 50 70, III 535 535, II 538 119 125, II 1.022 1.022, II 1.026 b) Resolução da Situação-Problema – 15 min. O professor utilizará um slide com a redação da situação-problema apresentada, lembrando a Turma de seus detalhes. Explicará que se trata de hipótese em que há risco de evicção, caso em que será cabível denunciação da lide em face do proprietário original, Antônio. Se a ação for procedente, sendo acolhida a pretensão do autor, “C” deverá desocupar o imóvel em benefício do comprador “B”, ou seja, a evicção não se concretizou. Mas, se a ação for improcedente, ocorrerá a evicção, e o comprador “B” ficará sem o imóvel e sem o dinheiro que pagou por ele, podendo, é claro, neste caso, processar o proprietário original “A” por perdas e danos (artigo 450 do Código Civil). PROVOCANDO NOVAS SITUAÇÕES O professor deve orientar a Turma a compartilhar com os colegas os casos de que tenham conhecimento relacionados com os temas aqui tratados, analisando-os à luz das normas aplicáveis. Também pode TRANSFERÊNCIA Intervenção de Terceiros U2 18 O professor deverá ressaltar ao aluno a importância do autoestudo, com a necessidade de: a) Estudar com antecedência a matéria da fase pré-aula da Unidade 1, seção 3, próxima aula presencial e resolver as questões. b) Acessar a webaula correspondente à próxima aulapresencial e utilizar-se dos instrumentos que ela disponibiliza. c) Aprofundar-se no conteúdo desta seção no pós-aula. d) Estudar as atividades preparatórias, técnicas e recursos que serão utilizados na próxima aula presencial. INTEGRANDO OS TEMPOS DIDÁTICOS debater com os alunos sobre os casos apresentados em Avançando na prática, do livro didático. Intervenção de Terceiros 19 U2
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