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DESCRIÇÃO Neoplasias mieloproliferativas, transtornos linfoproliferativos, subclassificações das síndromes mielodisplásicas e diagnósticos no campo da Hematologia. PROPÓSITO Compreender os principais transtornos de origem hematológica (mieloproliferativos, linfoproliferativos e multilinhagem) tanto para a identificação das alterações celulares e moleculares encontradas nessas doenças durante uma rotina laboratorial quanto para sua conclusão diagnóstica. PREPARAÇÃO Para um melhor entendimento deste conteúdo, tenha à mão um Atlas de Hematologia (você pode encontrá-lo no site da Universidade Federal de Goiás, por exemplo) e um dicionário médico disponível na internet. Com isso, você terá uma melhor compreensão das alterações encontradas e das doenças abordadas ao longo do texto. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever os aspectos clínicos e os achados laboratoriais dos transtornos mieloproliferativos MÓDULO 2 Reconhecer os aspectos clínicos e os achados laboratoriais dos transtornos linfoproliferativos MÓDULO 3 Descrever os achados clínicos e laboratoriais das síndromes mielodisplásicas e da aplasia medular INTRODUÇÃO Estudaremos ao longo deste conteúdo os principais transtornos linfoproliferativos e mieloproliferativos, assim como as síndromes mielodisplásicas e a aplasia medular. Para isso, abordaremos as mudanças de ordem molecular, citogenética e de expressão das proteínas celulares, indicando ainda as características clínicas dessa patologia. Você vai perceber que cada uma delas possui características peculiares, o que exige de nós uma análise multiprofissional. Compreenderemos também que, em cada uma das linhagens hematológicas, é possível detectar modificações do funcionamento normal e que nem todas as alterações são, de fato, neoplásicas. Além disso, veremos que, em cada etapa dessa caracterização, é importante o papel do profissional de laboratório. Afinal, é a partir dos achados emitidos ao corpo clínico que se chega a um diagnóstico. AVISO: ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. MÓDULO 1 Descrever os aspectos clínicos e os achados laboratoriais dos transtornos mieloproliferativos INTRODUÇÃO ÀS DOENÇAS MIELOPROLIFERATIVAS javascript:void(0) As doenças mieloproliferativas crônicas (DMPC) ou transtornos mieloproliferativos (TM), atualmente também denominadas neoplasias mieloproliferativas (NMP), são um grupo de doenças heterogêneas classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doenças clonais da célula-tronco hematopoética. Ocorre nelas a proliferação aumentada de uma ou mais populações mieloides, sejam elas das linhagens granulocíticas (neutrofílica, eosinofílica e basofílica), eritrocítica, megacariocítica ou mastocítica. Essa condição surge das células-tronco na medula óssea (MO), porém, em muitos casos, ela também acomete o fígado e o baço. Como você pode imaginar, existem vários tipos de NMP: cada uma delas surge como consequência de alterações celulares/moleculares de base. A figura a seguir apresenta um resumo das NMP oriundas de cada uma das linhagens mieloides primárias: Imagem: Levine et al 2007, p. 673-683, adaptado por Rômulo Rosa. Doenças geradas a partir de alterações nas diferentes linhagens hematopoéticas. As NMP foram observadas pela primeira vez por William Dameshek (1900-1969). Em 1951, o hematologista norte-americano descreveu as semelhanças observadas entre algumas doenças hematológicas com características semelhantes de expansão clonal, clínica e biológica. Foto: Coleções e arquivos digitais/Tufts University/Domínio Público Dr. William Dameshek. Hoje em dia, a OMS usa outros critérios além dos clínicos para a classificação: achados moleculares, citogenéticos e morfológicos já sustentam o diagnóstico. O quadro a seguir exibe todas as patologias classificadas atualmente no rol das neoplasias mieloproliferativas crônicas: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Classificação das neoplasias mieloproliferativas NMP com BCR-ABL positivo (cromossomo Filadélfia presente) Leucemia mieloide crônica típica (LMC) Leucemia neutrofílica crônica (LNC) NMP sem BCR-ABL (cromossomo Filadélfia ausente) Policitemia vera (PV) Trombocitemia essencial (TE) Mielofibrose primária (MF) Leucemia eosinofílica crônica (LEC)/síndromes eosinofílicas (SE) Neoplasias mieloproliferativas não classificadas (NMPnc) Mastocitose (MT) Quadro: Relação das NMP. Extraído de: Silva et al ., 2016, p.287 Na análise da tabela, podemos perceber que o critério citogenético/molecular para a caracterização e a subcaracterização das DMPC é feita a partir da presença ou da ausência do cromossomo Filadélfia. Mas o que é o cromossomo Filadélfia? Ele é originado pela translocação dos cromossomos 9 e 22 representada como t (9,22). Ocorre nela a fusão dos genes BCR (cromossomo 22) e ABL (cromossomo 9): Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. Translocação entre os cromossomos 9 e 22, evento genético responsável por gerar o cromossomo conhecido como Filadélfia. Confuso? Vamos rever uns conceitos para entendermos isso melhor: Translocação Tipo de alteração cromossômica estrutural em que ocorre a incorporação da porção cromossômica de um cromossomo a outro não homólogo. Gene BCR Localizado no braço longo do cromossomo 22, ele é um gene de função desconhecida, porém sabe-se que a junção das sequências BCR e ABL possibilita a síntese da proteína quimérica mais longa que a proteína ABL normal e com atividade de tirosina quinase aumentada. Gene ABL Localizado no cromossomo 9, trata-se do gene responsável pela codificação da proteína tirosina-quinase ABL (também conhecida como ABL1). Essas alterações genéticas são bem características da análise do cariótipo. Na figura adiante, observa-se o resultado de cariótipos de indivíduos normais (homem e mulher) e o de um indivíduo com o cromossomo Filadélfia. Perceba as diferenças: Imagem: Ody_Stocker/Shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. CARIÓTIPO NORMAL Imagem: Kateryna Kon/Shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. CARIÓTIPO COM CROMOSSOMO FILADÉLFIA T (9;22) Estudaremos ao longo deste módulo as NMP sem t (9;22), são elas: PV, trombocitemia essencial e mielofibrose constituem, afinal, as doenças que verdadeiramente representam os TM. POLICITEMIA VERA (PV) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS A PV (ou policitemia primária) é uma doença progressiva, de longa duração e com caráter mais indolente, ou seja, não tem características de malignidade e agressividade. Sua ocorrência é rara, surgindo normalmente após os 60 anos de idade. Ela pode evoluir para mielofibrose, que estudaremos mais adiante, e leucemias agudas. Tal doença consiste na proliferação das células de linhagem eritropoética, granulocítica e megacariocítica, mas sua característica mais proeminente é o aumento da massa de eritrócitos. No início, ocorre uma expansão eritroide seguida pela proliferação das outras linhagens hematopoéticas. O resultado é o aparecimento de um quadro chamado de panmielose, ou seja, uma MO hipercelular. ATENÇÃO Essa fase inicial pode durar até 20 anos! Imagem: Rumruay/Shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. PV: hipercelularidade da MO. Como mencionamos anteriormente, esse processo é de instalação lenta, sendo possível graças a um ligeiro excesso na produção de eritrócitos em relação à sua destruição. Isso explica por que o grau de hiperatividade medular verificado pelo simples exame da MO não mostra uma hiperplasia eritroide prevalente. SAIBA MAIS Sempre que o aumento do número doseritrócitos ultrapassar os parâmetros considerados normais, se está diante de um quadro denominado poliglobulia, eritrocitose ou policitemia. No entanto, utiliza-se a expressão “policitemia vera” para estudar a condição mieloproliferativa. Você sabia que existem policitemias secundárias? Elas não são a consequência direta de mutações ou alterações clonais na série eritroide, e sim do aumento da produção da eritropoietina (hormônio que estimula a síntese de eritrócitos na MO) estimulada pela hipóxia tecidual. Essas policitemias são desencadeadas por doença cardiopulmonar, apneia obstrutiva do sono, síndrome da hipoventilação da obesidade etc. Na PV, a hiperprodução de eritrócitos não depende da produção desse hormônio. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Normalmente, a PV é assintomática. Alguns pacientes, no entanto, podem apresentar: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Sudorese. Cefaleia. Tontura. Pruridos após banhos com água quente. Sensações cutâneas de frio ou calor. Formigamento. Visão distorcida. Como aprendemos, o ritmo aumentado da produção de hemácias na MO leva a níveis elevados de eritrócitos no sangue periférico. A eritrocitose ocasiona o aumento do hematócrito e, consequentemente, a alta viscosidade do sangue. Isso diminui a velocidade do fluxo sanguíneo, criando condições ótimas para o desencadeamento dos fenômenos trombóticos. Além disso, o organismo – possivelmente por conta de um mecanismo compensador – aumenta o volume do plasma circulante. Desse modo, é possível haver um aumento global do sangue circulante, ocasionando o quadro de hipervolemia. Imagem: Rumruay/Shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. O aumento dos eritrócitos gera um aumento do hematócrito. Ocorrem também possíveis eventos de distensão dos capilares, o que cria as condições ideais para o aparecimento de hemorragias. Tais eventos são favorecidos pelos inúmeros defeitos encontrados nas plaquetas, as quais, mesmo em maior número, não apresentam o funcionamento normal. Como ocorre um aumento do número de eritrócitos, você deve estar imaginando que a saturação do oxigênio é alta. Sim, isso acontece. Entretanto, os pacientes podem apresentar baixa oxigenação tecidual devido à presença de mais de quatro gramas de hemoglobina desoxigenada (Isto é, sem oxigênio.) no sangue. A associação da cianose (baixa oxigenação tecidual) com um elevado nível de hemoglobina desoxigenada deve-se à incapacidade do pulmão para oxigenar essa imensa massa de hemácias, o que confere a vermelhidão (rubor) peculiar nos doentes. Foto: Herbert L. Fred, MD e Hendrik A. van Dijk /Wikimedia commons/CC BY-SA 2.0. Adaptado por Rômulo Rosa. Comparativo de partes do corpo de um paciente normal e de outro com PV. Note o rubor e a hipervolemia (aumento do volume de sangue) característicos. DIAGNÓSTICO No hemograma, é possível observar um aumento do número de eritrócitos (6 e 12 milhões/μL), do hematócrito e da hemoglobina (>18,5g/dL para homens e >16,5g/dL para mulheres), com hemácias hipocrômicas e microcíticas. Além disso, há uma elevação no número de reticulócitos e de plaquetas, os quais, por sua vez, apresentam alterações significativas na capacidade de agregação. Foto: MELO; SILVEIRA, 2014, p. 131. Aumento do número de eritrócitos no sangue periférico. Na MO, observamos hiperplasia das células eritroides, leucocitárias e plaquetárias. Além disso, cerca de 95% dos pacientes apresentam a mutação no gene JAK2. Para a OMS, o diagnóstico da PV é dado a partir do preenchimento de 2 critérios maiores (mutação e hemoglobina) e 1 critério menor (hiperplasia medular e formação in vitro de colônia eritroide endógena) ou pela presença simultânea de 1 critério maior e 2 menores. GENE JAK2 Gene que sintetiza proteínas da família tirosina quinase. Mutações nele causam a expressão contínua da tirosina quinase, culminando no aumento do número de precursores sanguíneos e na ocorrência de desordens mieloproliferativas. javascript:void(0) ATENÇÃO Para a confirmação diagnóstica de PV, a eritrocitose precisa estar presente. Caso ela não seja detectada, é provável que não se trate de tal doença! TROMBOCITEMIA ESSENCIAL (TE) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Também denominada trombocitemia idiopática, trombofilia essencial ou trombocitose essencial, a TE é uma patologia rara normalmente diagnosticada entre os 50 e 60 anos. Em relação a outros NMP, ela é a que apresenta um melhor prognóstico devido à baixa capacidade de transformação leucêmica (<2,0%) em pacientes com TE não tratados. A TE é uma doença clonal caracterizada pela proliferação dos megacariócitos e do número de plaquetas circulantes. Apesar do número elevado, as plaquetas normalmente não são funcionais. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Assim como a PV, a TE pode ser considerada uma doença indolente: em geral, 50% de seus pacientes são assintomáticos. Porém, quando ela é sintomática, eles apresentam os seguintes sintomas: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Cefaleia. Febre. Sudorese. Ataques isquêmicos transitórios. Angina. Priapismo. Hemorragias. Perda de peso. Manifestações hemorrágicas e trombóticas. Esplenomegalia ou atrofia do baço. Anemia. Formigamento nas mãos e nos pés. Sangramentos nasais. Equimoses. Eritromelagia. ANGINA A angina é causada pelo estreitamento de artérias que conduzem o sangue ao coração. Seus sintomas incluem grande desconforto e pressão no peito, com uma dor mais intensa durante a atividade física. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) PRIAPISMO Ereção persistente e dolorosa do pênis ou do clitóris sem associação com desejo e estimulação sexual. ERITROMELAGIA Vasodilatação nas pequenas artérias de extremidades (pés e mãos) e, com menor frequência, na face, nas orelhas e nos joelhos, gerando dor, sensação de queimação, aumento da temperatura da pele e rubor. DIAGNÓSTICO Muitas vezes, o diagnóstico de TE é realizado por acaso durante a rotina laboratorial de exames do paciente. Nesses casos, seu hemograma apresenta um aumento do número de plaquetas, com contagens superiores a 600.000 plaquetas/μL (enquanto o normal varia de 150.000 a 450.000/μL). No sangue periférico, além do aumento no número de plaquetas, são observadas alterações algumas alterações morfológicas nessas células. São elas: Imagem: Autor desconhecido/Wikimedia Commons/CC BY-SA 2.0 Plaquetas de diferentes tamanhos e formas (sinalizadas pelas setas) e presença de grumos plaquetários. Imagem: MELO; SILVEIRA, 2014, p. 134. Presença de plaquetas gigantes (seta). Imagem: MELO; SILVEIRA, 2014, p. 134. Presença de macroplaquetas. ATENÇÃO A contagem de plaquetas tem de ser observada em mais de um exame. Toda vez que for sinalizada uma trombocitose no hemograma, esse achado deverá ser confirmado pelo mielograma. Nota-se aqui a importância da comunicação do laboratório com os médicos! Em um quadro desse tipo, é importante comunicar tais achados ao médico solicitante do exame. Imagem: KGH/Wikimedia commons/CC BY-SA 3.0 Mielograma corado com hematoxilina e eosina de paciente com TE. Observe os megacariócitos (setas). Na TE, o mielograma apresenta uma ME com hiperprodução de megacariócitos, os quais, aliás, podem ser vistos isolados ou em grupo. Além desses exames, podem ser realizadas análises genéticas para verificar a mutação no gene JAK2V617F. SAIBA MAIS A mutação no gene JAK2V617F é pontual, sendo gerada pela substituição de uma guanina por timina (G→T) no éxon 14 do gene JAK2. Essa troca leva à mudança de um aminoácido valina por uma fenilalanina (V→F) na posição 617 da proteína codificada. Trata-se de uma alteração somática, adquirida, sendo detectada em células de linhagem eritroide e mieloide, e não em linfoides T. Para a OMS, o diagnóstico da TE requer o preenchimento de quatro critérios: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagemhorizontal Hemograma com plaquetometria >450.000/μL (observada em mais de um exame). Biópsia de MO com uma proliferação da linhagem megacariocítica e ausência de um aumento significativo (ou até mesmo desvio à esquerda na granulopoese neutrofílica ou eritropoiese). Análise de cariótipo para excluir qualquer critério suspeito para PV, mielofibrose, LMC BCR/ABL1+, neoplasia mieloide e/ou síndrome mielodisplásica. Detecção da mutação no gene JAK2V617F ou outras mutações. GRANULOPOESE javascript:void(0) javascript:void(0) Nome genérico dado para a hematopoese das diversas linhagens – nesse caso, da linhagem neutrofílica. DESVIO À ESQUERDA Desvio à esquerda representa um aumento de neutrófilos não segmentados ou imaturos na corrente sanguínea. SAIBA MAIS Pacientes acima de 60 anos com TE associada a fatores de risco cardiovasculares e com história prévia de trombose devem fazer um tratamento com a finalidade de diminuir o número de plaquetas, como, por exemplo, a hidroxiureia e os procedimentos de plaquetaférese. MIELOFIBROSE PRIMÁRIA (MF) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Também conhecida como mieloesclerose, metaplasia mieloide agnogênica, metaplasia mieloide idiopática e osteoesclerose, a MF foi descrita pela primeira vez em 1870. Doença de evolução lenta que acomete principalmente homens com mais de 60 anos, ela é caracterizada pela proliferação de células indiferenciadas (células-tronco hematopoéticas) acompanhada de uma fibrose progressiva do tecido medular. Isso torna-a rígida e densa, levando à produção de células sanguíneas anormais e imaturas. SAIBA MAIS A presença de fibrose medular pode existir em outras situações que não a MF, sendo algo decorrente de infecções, inflamações, leucemias, metástase ou mielopatias tóxicas. Isso demonstra quão importante é o diagnóstico laboratorial! Além disso, essa fibrose pode ser secundária de outras DMPC, como, por exemplo, TE e PV. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Assim como outras doenças abordadas até o momento, a MF é assintomática. Quando sintomática, seus sintomas mais comuns são: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Esplenomegalia. Anemia. Febre baixa. Sudorese noturna. Fadiga. Fraqueza. Dispneia. Hemorragia relacionada à trombocitopenia. Disfunção plaquetária. Petéquias. Equimoses. Nas fases mais avançadas, ela ainda pode gerar dor óssea, perda de peso, icterícia e metaplasia mieloide. DIAGNÓSTICO O hemograma geralmente apresenta anemia (hemoglobina < 10g/dL em 60% dos casos), normocrômica e normocítica (coloração e tamanho normais). Em apenas 5% das vezes, a MF ainda pode ser hipocrômica (hipocorada) e microcítica (menor tamanho) por deficiência de ferro associada. Também é possível verificar a presença de hemácias poiquilocitose (em formato alterado), dacriócitos (hemácias em formato de gota ou lágrima) e eritroblastos na circulação. Imagem: MELO; SILVEIRA, 2014, p. 130. Esfregaço de sangue periférico mostra as hemácias em gota e um eritroblasto (seta). Além disso, pode-se observar tanto a leucocitose quanto a leucopenia, assim como trombocitose ou trombocitopenia. Na contagem diferencial de leucócitos no esfregaço, é possível evidenciar desde desvios para formas mais jovens até blastos e anomalia de pseudo- Pelger-Huët. Foto: Melo;Silveira, 2014, p.80. Neutrófilo bissegmentados com cromatina grosseira, uma característica da anomalia de Pelger-Huët. A anomalia de Pelger-Huët é uma anormalidade qualitativa benigna dos leucócitos caracterizada pelo aspecto peculiar do núcleo dos leucócitos, que apresentam cromatina grosseira e número reduzido de segmentações. Na MO, verifica-se uma hipercelularidade (normalmente, no início da mielofibrose) ou uma fibrose completa com a presença de fibras colágenas e reticulíneas. À medida que a doença evolui e a fibrose medular aumenta, a punção da medula é mais difícil, ocorrendo o que chamamos de punção “seca”. Nesses casos, é necessário realizar a biópsia medular. Além disso, são observados na medula megacariócitos anormais e atípicos formando agrupamentos adjacentes às trabéculas ósseas. Em alguns casos, a neoformação óssea resulta em osteopetrose medular. javascript:void(0) Foto: Vetpathologist/Shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. MO NORMAL. Imagem: LindseyRN/Shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. MO NA MIELOFIBROSE REVELANDO INTENSA FIBROSE. NOTE O TECIDO CONJUNTIVO (SETA) E A POUCA QUANTIDADE DE CÉLULAS. OSTEOPETROSE Condição em que o corpo não produz novas células sanguíneas, gerando uma alteração na espessura, forma e resistência dos ossos. SAIBA MAIS Quando a mielofibrose progride com falência medular, o único tratamento com potencial curativo é o transplante de MO. Segundo a OMS, para a confirmação do diagnóstico de MF, é necessário haver o cumprimento de, no mínimo, três critérios: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Proliferação de megacariócitos atípicos e/ou presença de fibras colágenas fibrosas ou pré-fibróticas características da MP. Proliferação de granulócitos e geralmente diminuição da eritropoiese sem fibrose reticulínica. Ausência de critérios da OMS para leucemia mieloide crônica (LMC), PV, outras síndromes mielodisplásicas (SMD) ou outra neoplasia mieloide. Presença da mutação JAK2V617F ou de outro marcador clonal. Na ausência de marcador clonal, não haver a indicação de outras situações que levam à MF. Falamos de marcador clonal. Mas você sabe o que é isso? Marcadores clonais são células de determinada linhagem com uma alteração característica de uma patologia. EXEMPLO Células que sofrem mutação em um gene X passam a expressar um receptor de membrana Y com alteração conformacional. Essa célula ainda apresenta alta capacidade proliferativa, produzindo milhares de células-filhas com o receptor de membrana Y anormal, sendo essa célula o marcador clonal. A partir dessa alteração, é possível identificar todas as células anormais dentro de uma população de células saudáveis. Como as síndromes mielodisplásicas são um grupo heterogêneo de doenças, essa característica é fundamental para o diagnóstico diferencial. LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) Até aqui conhecemos as SNM que não apresentam o cromossomo Filadélfia (Ph1). Agora abordaremos a leucemia mieloide crônica (LMC). Importante neoplasia hematológica, a LMC representa 20% de todos os casos de leucemia e conta com a presença do Ph1 em 99% deles. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Descrita pela primeira vez em 1960, a LMC, que é mais prevalente em homens entre 20 e 50 anos de idade, consiste na proliferação clonal de uma célula-tronco hematopoética, cujas fases e análise citogenética – t (9,22) (q34.1; q11.21) – são bem características. As alterações genéticas, além da alta taxa proliferativa, também alteram a adesão das células ao estroma medular, reduzindo a apoptose e aumentando a sobrevida das células-tronco que originam o clone leucêmico. Nesse tipo de leucemia, normalmente se observa uma leucocitose (em 95% dos casos) com neutrofilia, basofilia e desvio à esquerda. Observadas no esfregaço sanguíneo, as células apresentam hipogranulação, vacuolização e hipolobulação nos eosinófilos. A MO mostra fibrose, com as células da linhagem mieloide em diferentes graus de maturação. A LMC é dividida conforme variantes clínicas e morfológicas: VARIANTES CLÍNICAS: LMC típica (com o cromossomo Ph1) LMC atípica (sem o cromossomo Ph1) LMC em bebês VARIANTES MORFOLÓGICAS Leucemia eosinofílica crônica (LEC) FASES DA LMC Falamos inicialmente que a LMC apresenta fases bem características. Conheceremos cada uma delas a seguir: FASE CRÔNICA Todas as alterações clínicas e laboratoriais estão bem presentes. O hemograma revela discreta anemia normocrômica e normocítica, com plaquetas normais e leucocitose não muito elevada. As células sanguíneas analisadas no esfregaço mostram todas as fases de maturação, porém elassão mais encontradas na forma madura, mas podem ser observados alguns blastos e promielócitos (abaixo de 10% das células totais). A análise bioquímica revela LDH e ácido úrico aumentados. Foto: Melo; Silveira, 2014, p. 128. Leucocitose observada na fase crônica. Verifique os diferentes tipos de células mieloides. Seus sintomas são: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Esplenomegalia. Sudorese. Febrículas. Discretas hemorragias. Perda de peso. FASE ACELERADA Foto: Melo; Silveira, 2014, p. 129. Fase acelerada da LMC. Note os blastos e basófilos. Ela apresenta: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Maior quantidade de células imaturas observadas no sangue periférico (10 a 20% de blastos de promielócitos). Basofilia de 20%. Leucocitose alta (>100.000 células/μl). Plaquetopenia. FASE BLÁSTICA Esta fase é conhecida como agudização, pois se assemelha à leucemia mieloide aguda (LMA), com uma presença superior a 30% de blastos tanto no sangue periférico quanto na medula. Ocorre uma infiltração de células para outros órgãos, como pele, linfonodos, ossos e sistema nervoso central. Ela costuma ser a fase final de evolução da LMC, havendo uma alta taxa de mortalidade. Foto: Melo; Silveira, 2014, p. 129. Fase blástica da LMC com numerosos blastos no sangue periférico. TRANSTORNOS MIELOPROLIFERATIVOS: LMC Apresentaremos neste vídeo alguns exames clínicos de um paciente com LMC. Aproveitaremos para explicar a translocação t (9;22) com melhores detalhes. PALAVRAS FINAIS Falamos pontualmente sobre algumas alterações genéticas importantes para o diagnóstico das NMP. No entanto, existem outras células e patologias nas quais tais mutações já foram identificadas. Dessa forma, a figura a seguir contém um resumo com as células, patologia estabelecida e suas principais mutações: Imagem: Levine et al, 2007, p. 673-683. Adaptado por Rômulo Rosa. Doenças geradas a partir de alterações nas diferentes linhagens hematopoéticas e suas respectivas alterações genéticas. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. VIMOS QUE A POLICITEMIA VERA (PV) É UM TIPO DE TRANSTORNO MIELOPROLIFERATIVO RARO QUE APRESENTA EVOLUÇÃO LENTA SEM MALIGNIDADE E AGRESSIVIDADE. SOBRE ESSE TRANSTORNO, ANÁLISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR E ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Consiste na proliferação das células de linhagem eritropoética, granulocítica e megacariocítica. B) A característica mais proeminente é o aumento da proliferação de eritrócitos e a diminuição da massa de eritrócitos pela destruição no baço. C) Nos casos avançados, há uma fibrose da medula óssea com a presença de tecido conjuntivo fibroso. D) Ocorre uma diminuição do hematócrito e da viscosidade do sangue, o que estimula a produção pelo organismo de um maior volume de plasma. E) A PV é caracterizada geneticamente pela presença da mutação JAK2 e do cromossomo Ph1, sendo que a mutação é exclusiva dessa desordem. 2. A TROMBOCITEMIA ESSENCIAL É UMA NMP RARA NORMALMENTE DIAGNOSTICADA ENTRE OS 50 E 60 ANOS, APRESENTANDO UM MELHOR PROGNÓSTICO EM RELAÇÃO ÀS OUTRAS PATOLOGIAS DESSE GRUPO. SOBRE AS ALTERAÇÕES LABORATORIAIS ENCONTRADAS NESSA DOENÇA, ANÁLISE AS ALTERNATIVAS A SEGUIR: PROLIFERAÇÃO MEGACARIOCÍTICA. AUMENTO DO NÚMERO DE PLAQUETAS NO SANGUE PERIFÉRICO. TRANSLOCAÇÃO 9,22 OU MUTAÇÃO NO GENE JAK2. ASSINALE A ALTERNATIVA COM AS ALTERAÇÕES LABORATORIAIS ENCONTRADAS NA TE. A) I B) II C) III D) I e II E) I e III GABARITO 1. Vimos que a policitemia vera (PV) é um tipo de transtorno mieloproliferativo raro que apresenta evolução lenta sem malignidade e agressividade. Sobre esse transtorno, análise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta: A alternativa "A " está correta. A PV consiste na proliferação das células de linhagem eritropoética, granulocítica e megacariocítica, mas sua característica mais proeminente é o aumento da massa de eritrócitos sem que ocorra a sua destruição. Com a eritrocitose no sangue periférico, há um aumento da viscosidade e do hematócrito, o que leva a uma maior produção de plasma pelo organismo (hipervolemia). Essa desordem apresenta mutação no JAK2, sem a presença do cromossomo Ph1. 2. A trombocitemia essencial é uma NMP rara normalmente diagnosticada entre os 50 e 60 anos, apresentando um melhor prognóstico em relação às outras patologias desse grupo. Sobre as alterações laboratoriais encontradas nessa doença, análise as alternativas a seguir: Proliferação megacariocítica. Aumento do número de plaquetas no sangue periférico. Translocação 9,22 ou mutação no gene JAK2. Assinale a alternativa com as alterações laboratoriais encontradas na TE. A alternativa "D " está correta. A translocação t(9,22) não é uma alteração genética encontrada na trombocitopenia essencial: ela ocorre, na verdade, na LMC. No entanto, estão presentes a proliferação de megacariócitos na MO e o aumento do número de plaquetas na corrente sanguínea. Essas plaquetas apresentam tamanhos e formas diferentes e normalmente não são funcionais. MÓDULO 2 Reconhecer os aspectos clínicos e os achados laboratoriais dos transtornos linfoproliferativos INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS LINFOPROLIFERATIVOS Os chamados transtornos linfoproliferativos (ou síndromes linfoproliferativas crônicas) são proliferações atípicas da linhagem linfoide com teor maligno/neoplásico e idiopático. Vamos relembrar quais são as células originárias a partir da célula linfoide? IDIOPÁTICO Sem uma origem definida. javascript:void(0) Imagem: VectorMine/shutterstock.com, adaptador por Rômulo Rosa. Linhagem linfoide. Esses transtornos englobam uma série de doenças heterogêneas. Eis alguns exemplos: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Leucemia linfoide crônica (LLC). Mieloma múltiplo (MM). Diversos tipos de linfomas. Síndromes linfoproliferativas de origem autoimune (conhecida como ALPS). Síndromes linfoproliferativas ligadas ao cromossomo X. Transplantes. Imunossupressão. ATENÇÃO Embora a maioria dos transtornos linfoproliferativos acometa células no seu estágio maduro, as leucemias agudas de natureza linfoide, com a proliferação de suas células jovens/blásticas (como a leucemia linfoide aguda de células B, por exemplo), também estão entre as doenças linfoproliferativas. No entanto, elas apresentam um comportamento muito mais agressivo na proliferação – diferentemente das doenças crônicas, que tendem a ser mais indolentes. Ao longo deste módulo, estudaremos somente os transtornos linfoproliferativos crônicos, como, por exemplo, a LLC. As doenças agudas serão exploradas em outro momento. Além disso, abordaremos o MM e outras reações linfoproliferativas que podem ocorrem, como nos casos de infecções virais. LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA (LLC) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS A LLC é uma patologia classificada pela OMS como uma neoplasia de linhagem B relativamente maduro e monoclonal, ou seja, um clone de linfócito B que produz um único tipo de anticorpo. Esses linfócitos invadem o baço, os linfonodos e outras partes do corpo, como sangue periférico, MO, pele e meninge, devido à capacidade diminuída de morte celular (apoptose) e à sua prolongada sobrevivência. Trata-se de uma doença que acomete principalmente homens e idosos (>60 anos) e raramente indivíduos com menos de 30 anos de idade, embora alguns casos raros em crianças já tenham sido relatados. SAIBA MAIS Atualmente, a LLC é a leucemia mais comum na América do Norte e na Europa, correspondendo a um terço de todos os casos. Ela dificilmente é encontrada no Oriente, apontam Melo e Silveira (2014). No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) publicou, em 2020, uma estimativa para o período de 2020 a 2022 na qual previa o diagnóstico de 5.920 novos casos de leucemia em homens e 4.890 em mulheres, sendo a LLC responsável por cerca de 25% deles. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Normalmente, seus pacientessão assintomáticos. A doença é diagnosticada quando se detecta uma linfocitose absoluta no sangue periférico durante a avaliação de outras doenças ou na realização dos exames de rotina. Quando presentes, os sinais e os sintomas dela geralmente são genéricos. Eles podem incluir: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Letargia. Fadiga. Perda de apetite. Perda de peso. Menor tolerância a exercício. Hepato e/ou esplenomegalia. É comum haver um aumento simétrico dos linfonodos cervicais, axilares e inguinais de forma isolada e não dolorosa. À medida que a doença evolui, sinais como febre, suores noturnos e infecções oportunistas (bacterianas e fúngicas) tornam-se frequentes devido à imunossupressão celular e à hipogamaglobulinemia. Afinal, são produzidos clones de linfócitos B sem ou com pouca expressão de imunoglobulinas, comprometendo, assim, as respostas imunes adaptativas e o desenvolvimento da memória imunológica. DIAGNÓSTICO No hemograma, é observada uma linfocitose absoluta e persistente no sangue periférico de linfócitos maduros, cuja contagem normalmente fica na faixa de 40.000 a 150.000/μL. A morfologia dessas células revela núcleos redondos e pequenos e cromatina densa, sem nucléolos e com pouco citoplasma, sendo semelhante a uma célula normal. Normalmente, não há anemia nem trombocitopenia no momento do diagnóstico. Foto: Mary Ann Thompson/Wikimedia commons/CC BY-SA 3.0 Esfregaço sanguíneo de um paciente com LLC (X 1000). Imagem: Melo; Silveira, 2014, p. 137. Linfócitos maduros em sangue periférico de paciente com LLC e manchas nucelares (setas). Entre os linfócitos de aspecto normal, geralmente podem ser notados alguns que são um pouco maiores e nucleolados (prolinfócitos), assim como restos nucleares de linfócitos amassados na distensão (sombras ou manchas de Gumprecht), que são artefatos que surgem durante a confecção da extensão sanguínea devido à fragilidade mecânica dos linfócitos anormais. De acordo com a análise morfológica das células no sangue periférico, a LLC pode ser classificada conforme os seguintes grupos: LLC típica ou clássica Os linfócitos maduros são a maioria. Ainda há a presença de raros prolinfócitos (ou de nenhum), assim como de linfócitos atípicos. LLC com transformação prolinfocítica Sua característica principal é a presença de prolinfócitos no sangue periférico (de 11% a 54% dos casos). Mista Surgimento de prolinfócitos (em 10% das vezes) e frequentemente de linfócitos atípicos. O mielograma revela a presença de 25 a 95% de linfócitos em relação a todas as células nucleadas. Eles estão organizados de forma difusa, nodular e intersticial. Além do hemograma e do mielograma, são realizadas a imunofenotipagem e a análise citogenética. Foto: Néfron/Wikimedia commons/CC BY-SA 3.0 Uma MO tem de 25 a 95% de linfócitos. A imunofenotipagem mostra as células B com uma expressão das imunoglobulinas (Ig) fraca ou inexistente na superfície da membrana (IgD ou IgM), embora ela seja positiva para estes receptores: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal CD5 (CD5+, naturalmente encontrado na linhagem T). CD23 de superfície (CD23+). CD20 e CD19 (CD20+ e CD19+, encontrada em linfócitos B), mas ela é negativa para CD79b (CD79b-). FMC7 (FMC7+). LINFÓCITOS B Os linfócitos B normais apresentam uma série de marcadores específicos: CD20, CD19, imunoglobulinas e CD79b. Além disso, eles são policlonais para as cadeias leves de imunoglobulinas do tipo kappa e lambda, ou seja, apresentam as duas cadeias. A proliferação, nesse caso, é monoclonal, pois ocorre a expressão de apenas um tipo de cadeia leve (kappa ou lambda). SAIBA MAIS Com base nesses marcadores, surgiu uma classificação em 1994 conhecida como escore de Matutes. Essa classificação consiste em um sistema de pontuação baseado na expressão de antígenos para a diferenciação dos casos de LLC de outras doenças linfoproliferativas de linhagem B. Esse escore ainda é utilizado para o diagnóstico a partir da citometria de fluxo. javascript:void(0) Atualmente, duas instituições internacionais criaram critérios amplamente empregados para o diagnóstico da LLC: a International CLL Workshop e o National Cancer Institute Working Group . Já a análise citogenética não revela alguma alteração genética específica, porém existem algumas predisposições genéticas, como, por exemplo, mutações no gene P53. Além disso, as alterações cromossômicas só são identificadas quando a doença já está estabelecida. Em aproximadamente 50% dos pacientes, são detectadas anormalidades cromossômicas, sendo a mais comum delas a trissomia do cromossomo 12, que surge isoladamente ou em associação com outras anormalidades citogenéticas. Outras anormalidades comuns são 14q+, 13q+ e 11q+, ou seja, acréscimos aos braços longos desses cromossomos. Também são comuns as anormalidades estruturais do cromossomo 13 e as deleções (del) do cromossomo 6. A presença das alterações genéticas está diretamente relacionada ao prognóstico da doença. GENE P53 Gene supressor tumoral responsável por codificar uma fosfoproteína nuclear que desempenha um papel importante no controle do ciclo celular, no reparo do DNA e na indução da apoptose. Qualquer mutação nesse gene leva a alterações nesses mecanismos de reparo. DICA Isso demonstra a importância de sempre se buscar a melhor caracterização para a doença estudada. No quadro a seguir é possível observar essa correlação. Não se assuste: a ideia é apenas você compreender a necessidade da caracterização genética para a avaliação do prognóstico. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal javascript:void(0) Mutação Frequência (%) Prognóstico del (13 q) 50 Bom Trissomia 12 20 Intermediário del (11 q22-23) <10 Desfavorável del (6q-21) <10 Desfavorável del (17p13) <10 Muito desfavorável Quadro: Correlação dos achados citogenéticos com o prognóstico do quadro clínico e frequência desses achados. Adaptado de: Sandes et al , 2016, p. 100. AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM PLASMOCITÁRIA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Esta categoria de doenças atinge o estágio final de maturação dos linfócitos B: os plasmócitos. As patologias que abrigam os plasmócitos fazem parte de um grupo maior conhecido como discrasias plasmocitárias. VOCÊ SABE O SIGNIFICADO DAS DISCRASIAS PLASMOCITÁRIAS? Elas constituem um grupo de diferentes doenças com etiologia desconhecida caracterizadas pela proliferação desproporcional de um único clone das células B. Este quadro contém a classificação das discrasias segundo a OMS: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS) Mieloma plasmocítico Variantes: Mieloma assintomático Mieloma não secretor Leucemia plasmocítica Plasmocitoma Plasmocitoma solitário de osso Plasmocitoma extraósseo (extramedular) Doença de deposição de imunoglobulina Amiloidose primária Doenças de deposição sistêmica de cadeias leves e pesadas Mieloma osteoclerótico (Síndrome POEMS) Quadro: Relação de patologias descritas como discrasias plasmocitárias. Extraído de: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE apud Hoffbrand, 2008, p. 273. Como resultado dessa proliferação celular desproporcional, ocorre o aumento da produção de imunoglobulina monoclonal (M-proteína ou paraproteínas) no soro, na urina ou em ambos. A M-proteína pode consistir tanto em cadeias pesadas quanto em leves, assim como em apenas um tipo de cadeia. Como essa proteína funciona como um marcador, pode-se elencar todas as alterações em função da presença dela. ATENÇÃO A presença da M-proteína não indica a malignidade de uma doença. As discrasias plasmocitárias são divididas em dois grupos: As neoplásicas (malignas) e benignas. Fazem parte desse grupo de doenças as chamadas malignas e benignas: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagemhorizontal neoplásicas Mieloma múltiplo Plasmocitoma solitário Gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS) Macroglobulinemia de Waldenstrõm Linfoma não Hodgkin Leucemia linfocítica crônica Amiloidose primária Doença de cadeias pesadas Benignas Doença crônica de crioaglutininas Transitória (exemplo, em infecções) Infecção por HIV Doença de Gaucher Quadro: Relação de doenças malignas e benignas de natureza plasmática. Extraído de: Hoffbrand, 2008, p. 273. PRINCIPAIS PATOLOGIAS Antes disso, contudo, precisamos relembrar como funciona a estrutura da imunoglobulina. Isso, afinal, nos ajudará a entender esse grupo de doenças. As imunoglobulinas são formadas por duas cadeias leves (kappa e lambda) e duas pesadas (cinco subtipos diferentes: gama, mi, alfa, delta e épsilon). Elas apresentam regiões constantes e variáveis (locais de reconhecimento e ligação com o antígeno). O tipo de cadeia pesada é que define o tipo de imunoglobulina. Imagem: Designua/shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. Esquema representativo de uma imunoglobulina com localização da cadeia leve e da pesada. EXEMPLO IgG (cadeia pesada gama), IgM (cadeia pesada mi), IgA (cadeia pesada alfa), IgD (cadeia pesada delta) e IgE (cadeia pesada épsilon). Essas cadeias se combinam de forma aleatória para formar as imunoglobulinas. Após essa breve recordação, conheceremos agora as principais patologias de três grupos de doenças: GAMOPATIAS MONOCLONAIS (MGUS) As MGUS são um grupo de desordens associadas com a proliferação monoclonal de plasmócitos. Elas caracterizam-se pela produção e secreção de uma imunoglobulina monoclonal com apenas uma cadeia leve (ou kappa ou lambda). Para seu diagnóstico, é essencial a detecção da proteína monoclonal, a punção da MO (investiga a infiltração plasmocitária) e a pesquisa de dano orgânico relacionado (hipercalcemia, anemia, insuficiência renal e lesões ósseas). SAIBA MAIS O aumento da expressão das imunoglobulinas pode ser verificado a partir da eletroforese de proteínas plasmáticas em amostras de sangue. Nesse exame, consegue-se observar um pico na fração ϒ de base fina quando a imunoglobulina produzida é monoclonal. Já nos casos de gamopatias policlonais, verifica-se um aumento de base larga desse pico. Esse padrão é muito observado em doenças inflamatórias ou infecciosas. GAMOPATIAS POLICLONAIS Veremos um exemplo desse exame no próximo tópico. Cerca de 25% dos pacientes com MGUS evoluem para: javascript:void(0) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal MM (por representar uma das principais doença desse grupo, nosso foco estará nele). Amiloidose. Macroglobulinemia. Outras doenças linfoproliferativas. MIELOMA MÚLTIPLO (MM) O MM representa 1% de todos os cânceres e 10% das neoplasias malignas, sendo a segunda neoplasia hematológica mais comum, informam Melo e Silveira (2014). Ele é mais prevalente em homens, sendo de 62 anos a média de idade do surgimento dele. Foto: David A Litman/Shutterstock.com, adaptado por Rômulo Rosa. MO de paciente com MM. Note a predominância de plasmócitos. Essa doença consiste em uma neoplasia progressiva e incurável de células B. Ela se caracteriza pela proliferação desregulada e clonal de plasmócitos (superior a 10%) na MO e pela substituição das células de outras linhagens por essas células. No hemograma, estão presentes: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Anemia (normocrômica e normocítica) com a hemoglobina entre 7 e 10 g/dL. Característico rouleaux eritrocitário. Contagem de leucócitos normais com a presença de células plasmáticas e linfócitos com aparência imatura. Contagem de plaquetas normal ou baixa. Reticulócitos diminuídos. Foto: Melo; Silveira, 2014, p. 143. MM: plasmócitos com aspecto imaturo e rouleaux eritrocitário. A eletroforese de proteínas revela um pico estreito monoclonal conforme evidencia a figura a seguir: Imagem: BOTINI, 2007, p. 24. Eletroforese em gel de agorose: A, paciente normal; B, paciente com pico monoclonal (M). Em mais de 70% dos pacientes, a urina contém uma proteína de cadeia leve conhecida como proteína de Bence Jones. A dosagem de albumina e beta-2 microglobulina na urina também estão elevadas. A imunofenotipagem revela que as células malignas não expressam mais os marcadores CD45 (CD45+) e CD19+ (comum nos plasmócitos e linfócitos B), mas tem marcadores atípicos de outras linhagens, como CD56 (CD56+) e CD117 (CD117+). Durante o desenvolvimento da doença, registra-se um aumento da atividade dos osteoclastos, que são células responsáveis pela degradação da matriz mineralizada dos ossos. Isso justifica a presença de lesões nesses tecidos. Dessa maneira, também estão presentes: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Hipercalcemia. Insuficiência renal. Anemia. Lesões ósseas. Hiperviscosidade. javascript:void(0) Amiloidose. Infecções. PROTEÍNA DE BENCE JONES As proteínas de Bence Jones são fragmentos, usualmente cadeias leves, de imunoglobulinas monoclonais (paraproteínas) que são filtradas no glomérulo. Pode ser dosada em amostras de urina de 24 horas ou em uma única amostra de urina. Devido a sua rápida depuração plasmática esses pequenos fragmentos nem sempre são detectados na eletroforese de proteínas de amostras do soro. Clinicamente, seus pacientes apresentam: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Dor óssea (geralmente nas costas) por causa do colapso vertebral e de fraturas patológicas. Fraqueza. Perda de peso. Letargia. Dispneia. Taquicardia. Lesões esqueléticas. Doenças renais. Hiperviscosidade (2% dos casos). Púrpura. Hemorragias. Perda da visão. Sintomas no SNC. Neuropatias. Insuficiência cardíaca. Uma confirmação diagnóstica depende de três achados: Presença da proteína monoclonal no soro e/ou na urina. Aumento de plasmócitos (plasmocitose) na MO em mais de 10%. Danos a tecidos ou órgãos (exemplo: insuficiência renal ou doença óssea). Uma contagem de plasmócitos maior que 10% na MO sem danos teciduais é classificada como MM assintomático. Além disso, é preciso diferenciar o MM das MGUS; nesse contexto, o achado das lesões teciduais e da porcentagem de plasmócitos presentes na MO é essencial. No esquema adiante, é possível entender melhor esse diagnóstico diferencial: Imagem: Faria; Silva, 2007, p. 18. Relação de MGUS: critérios para diagnósticos e diagnósticos diferenciais. CARACTERIZAÇÃO LABORATORIAL DO MIELOMA MÚLTIPLO Agora, a professora Ana Sheila Cypriano Pinto Campos discute sobre os principais achados imunofenotípicos e moleculares do mieloma múltiplo. OUTRAS GAMOPATIAS MONOCLONAIS Apresentaremos a seguir quatro tipos de MGUS: AMILOIDOSE SISTÊMICA PRIMÁRIA Ela constitui uma desordem rara caracterizada pela deposição de fibrila amiloide (depósito de amiloide) principalmente em glândulas salivares, reto, gengiva, gordura subcutânea e estômago. Seus sintomas caracterizam-se por fadiga, edema e perda de peso. A suspeita diagnóstica ocorre quando o paciente apresenta, além dos sintomas clássicos já descritos, albuminúria, cardiopatia, hepatomegalia, neuropatia periférica e MO infiltrada por menos de 10% de plasmócitos. PLASMOCITOMA SOLITÁRIO (PSO) O PSO é uma lesão única constituída de plasmócitos monoclonais localizada no osso ou menos comumente como uma massa extramedular. A maioria dos pacientes com PSO evolui para MM no período de 2 a 4 anos. MACROGLOBULINEMIA DE WALDENSTRÖM (MW) Doença linfoproliferativa caracterizada por infiltração linfoplasmocitária da MO e pela síntese de IgM monoclonal, a MW apresenta uma proliferação de linfócitos B maduros, além de plasmócitos alterados. LEUCEMIA PLASMOCITÁRIA Trata-se de uma variação do MM definida pela presença de plasmócitos circulantes em sangue periférico em número superior a 2.000/µL e por uma plasmocitosemaior que 20% do total de glóbulos brancos. OUTROS TRANSTORNOS LINFOPROLIFERATIVOS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Imaginemos agora uma situação prática. Após a análise de um hemograma de um paciente que entrou na emergência, você achou uma linfocitose com o predomínio de linfócitos maduros no sangue periférico. Você acha que esse resultado já é indicativo de uma LLC? Se você respondeu não, acertou! Nem toda linfocitose configura um sinal de LLC. Por isso, são necessários testes adicionais, como a imunofenotipagem, a análise citogenética e a punção de MO, para a realização do mielograma e confirmação diagnóstica. SAIBA MAIS Algumas imunodeficiências predispõem síndromes linfoproliferativas, como, por exemplo, a imunodeficiência comum variável (chamada de CVID), a imunodeficiência combinada severa (SCID), a síndrome de Chediak-Higashi, a síndrome de Wiskott-Aldrich (recessiva ligada ao X) e a ataxia telangiectasia. OUTROS TIPOS DE LINFOPROLIFERAÇÃO INDEPENDENTES DAS LLCS DOENÇAS VIRAIS Em 1907, os linfócitos atípicos foram descritos por Turk em um paciente com mononucleose infecciosa, doença que apresenta como agente etiológico o vírus Epstein-Barr (EBV). Esses pacientes, além de toda a clínica pertinente à doença, apresentam linfocitose (contagem entre 12.000 e 18.000 leucócitos/μL), havendo até 60% de linfócitos. Os linfócitos atípicos são grandes (12-16μm). Além do citoplasma abundante, há um aumento, como aponta a figura ao lado, de basofilia citoplasmática e polimorfismo nuclear: Foto: Melo; Silveira, 2014, p. 109. Linfócito atípico presente na mononucleose infecciosa. De forma diferente, o hemograma, na dengue, revela leucopenia, plaquetopenia variável e pequenos linfócitos atípicos por hiperbasofilia citoplasmática. Foto: Melo; Silveira, 2014, p. 110. Linfócito atípico presente na dengue. Listaremos ainda outras doenças virais relacionadas com a neutropenia e a linfocitose com linfócitos atípicos: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Varicela. Sarampo. Rubéola. Hepatites A e B. Vírus da influenza . Parvovírus B19. Citomegalovírus. Linfocitose infecciosa aguda. DOENÇAS BACTERIANAS A linfocitose é rara em infecções bacterianas agudas: a única exceção é a coqueluche, cujo patógeno é a Bordetella pertussis . Nessa doença, a leucocitose pode ser intensa (de 20.000 a 30.000 leucócitos/μL, podendo chegar a 100.000 ou mais), com o predomínio de linfócitos em até 90% dos casos. Foto: Melo; Silveira, 2014, p. 109. Linfócitos atípicos presentes na coqueluche. Note os linfócitos com núcleo lobulares. Na maioria das vezes, os linfócitos no esfregaço sanguíneo são pequenos e maduros. No entanto, existe uma atipia linfocitária característica pela presença de linfócitos lobulares. ATENÇÃO É importante ressaltar que nas infecções bacterianas temos leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda, com valores proporcionais à gravidade da infecção. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. CONHECEMOS AS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS EM DIFERENTES TRANSTORNOS LINFOPROLIFERATIVOS, COMO OS RESTOS DE CÉLULAS OU FRAGMENTOS CELULARES CHAMADOS DE MANCHAS DE GRUMPRECHT. A PRESENÇA DESSA MANCHA É CARACTERÍSTICA DE QUAL TRANSTORNO? A) Mieloma múltiplo B) Infecção por mononucleose C) Leucemia linfoide crônica D) MGUS E) Amiloidose 2. AS DOENÇAS HEMATOLÓGICAS ESTÃO RELACIONADAS A ALTERAÇÕES NAS CÉLULAS SANGUÍNEAS. TANTO O AUMENTO DE CONCENTRAÇÃO E PRODUÇÃO DE IMUNOGLOBULINA PELOS PLASMÓCITOS QUANTO O CRESCIMENTO DELES (ASSOCIADO À INSUFICIÊNCIA RENAL) SUPERIOR A 10% NA MEDULA SÃO CARACTERÍSTICOS DE QUE DOENÇA? A) Mieloma múltiplo B) Infecção por mononucleose C) Leucemia linfoide crônica D) MGUS E) Amiloidose GABARITO 1. Conhecemos as características morfológicas em diferentes transtornos linfoproliferativos, como os restos de células ou fragmentos celulares chamados de manchas de Grumprecht. A presença dessa mancha é característica de qual transtorno? A alternativa "C " está correta. As manchas de Grumprecht são artefatos de coloração que surgem durante a confecção da extensão sanguínea devido à fragilidade mecânica dos linfócitos anormais da LLC. Esses achados são bem recorrentes. 2. As doenças hematológicas estão relacionadas a alterações nas células sanguíneas. Tanto o aumento de concentração e produção de imunoglobulina pelos plasmócitos quanto o crescimento deles (associado à insuficiência renal) superior a 10% na medula são característicos de que doença? A alternativa "A " está correta. O MM é uma neoplasia maligna do grupo discrasias plasmocitárias. Ele é caracterizado pelo aumento do número de plasmócitos superior a 10%, pela presença de proteína monoclonal no soro e/ou na urina e por um dano tecidual. A confirmação diagnóstica é feita quando ocorrem esses três achados. Um aumento no número de plasmáticos maior que 10%, sem danos teciduais, é classificado como MM assintomático. Já a presença de sintomas sem a contagem de plasmócitos na MO preconizada confirma o diagnóstico para MGUS. MÓDULO 3 Descrever os achados clínicos e laboratoriais das síndromes mielodisplásicas e da aplasia medular SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS (SMD) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Assim como os outros transtornos que estudamos até agora, as SMD são um grupo heterogêneo de doenças hematopoéticas com vários tipos de manifestações clínicas e patológicas. Elas acometem indivíduos de todas as idades, sendo ocasionadas por distúrbios nas células-tronco hematopoéticas. Entretanto, existe nas SMD um distúrbio na proliferação, na manutenção e na apoptose, o que leva à produção insuficiente de uma ou mais linhagens das células da MO. Além da hematopoese ineficaz, há um aumento da celularidade das outras células – e isso pode evoluir para leucemias agudas (Por exemplo: leucemia mieloide aguda (LMA).) . Imagem: Dari-designPie/Shutterstock.com, adaptador por Rômulo Rosa. Células encontradas em uma pessoa saudável e em pessoas com SDM. Essas doenças são raras na infância, sendo mais frequentes em homens do que mulheres a partir dos 50 anos de idade. Além disso, não se sabe ao certo a etiologia delas, porém fica cada vez mais evidente que pacientes saudáveis submetidos à radioterapia e à quimioterapia apresentam mais chances de desenvolver esses quadros. SAIBA MAIS A questão do desenvolvimento de doenças a partir da exposição a agentes danosos é tão importante que o Ministério da Saúde, na Portaria nº 1339, de 18 de novembro de 1999, instituiu uma lista daquelas relacionadas ao trabalho. Essa listagem foi adotada como referência dos agravos originados no processo de trabalho do Sistema Único de Saúde para uso clínico e epidemiológico. Nessa lista, o benzeno e as radiações ionizantes aparecem como agentes etiológicos e/ou fatores de risco de natureza ocupacional para o desenvolvimento da síndrome mielodisplásica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sinais e os sintomas dependem do subtipo de SMD, embora eles sejam inespecíficos. Normalmente, quem sofre com essas síndromes apresenta: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Perda de peso. Astenia. Anemia. Dispneia. Infecções espontâneas e oportunistas. Petéquias. Equimoses. Gengivorragia. Epistaxe. Diferentemente das síndromes mieloproliferativas crônicas, nas SMD, em geral, não ocorrem alterações em outros órgãos do corpo. javascript:void(0) ALTERAÇÕES EM OUTROS ÓRGÃOS DO CORPO No fígado e no baço (as famosas hepato ou esplenomegalias). DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Assim como os sinais e os sintomas são característicos do tipo de SMD, alguns achados laboratoriais são comuns. A suspeita de uma SMD geralmente aparece após a contagem anormal de células sanguíneas associada à anemia, à neutropenia e à trombocitopenia. No hemograma, normalmente se observa a pancitopenia (diminuição de todas as linhagens de células no sangue periférico). Já os eritrócitos apresentam microcitose, hipocromiae, às vezes, anisopoiquilocitose (diferentes tamanhos e formas), além de pontilhado basófilo. Os eritroblastos, por sua vez, podem estar presentes, enquanto a contagem de reticulócitos é baixa. Os granulócitos também estão diminuídos, sendo hipersegmentados com núcleos bizarros e sem granulação. Entretanto, eles podem apresentar uma segmentação nuclear e uma assincronia nuclear plasmática. Além disso, é possível observar macroplaquetas e plaquetas sem grânulos. Foto: Melo; Sisqueira, 2014, p. 136. Granulócito sem grânulos e eritrócitos de diferentes formas e hipocrômicos. Como mencionamos anteriormente, a celularidade na MO normalmente está aumentada. Também é necessário avaliar sempre na medula a presença de sideroblastos em anel e o ferro medular. Os achados citogenéticos mais frequentes são: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Deleção 5q (anormalidade mais frequente em pacientes com SMD, chegando a representar mais de 15% dos casos). Deleção do 7q. Ganho do cromossomo 8. Deleção do 20q e isocromossomo do 17q. 5Q javascript:void(0) javascript:void(0) Perda do braço longo do cromossomo 5. 17Q O cromossomo 17 perdeu o braço curto e o substituiu com uma cópia exata de seu outro braço, o braço longo, formando, assim, um isocromossomo 17q. A deleção do braço longo do cromossomo 7 também está entre as alterações mais frequentemente observadas em todos os subtipos, representando um mau prognóstico. ATENÇÃO Algumas dessas alterações são encontradas na LMA. Seu diagnóstico é realizado a partir de: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Porcentagem de blastos encontrada na MO. Achados como as citopenias (hemoglobina menor que 10 g/dL). Contagem de plaquetas menor que 100.000 células/µL. Contagem absoluta de neutrófilos menor que 1.800 células/µL. Anormalidades citogenéticas. SUBTIPOS E CARACTERIZAÇÃO As SMD podem ser classificadas em: SMD primária: Não possui uma etiologia definida, mas parece estar relacionada com alterações genéticas que alteram a maquinaria de reparo dos danos de DNA e as vias de sinalização das células. SMD secundária: É desencadeada por agentes externos como resposta a alguma exposição (agentes tóxicos ou radiação). Esses casos são considerados raros, mas ela é mais agressiva que a SMD primária. Os parâmetros orientadores para as subclassificações dos tipos de SMD são baseados em achados obtidos nas amostras estudadas. Vejamos no quadro a seguir os parâmetros estabelecidos pela OMS em 2008: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Subgrupo Achados em sangue periférico Achados na medula óssea Citopenias refratárias com displasia de única linhagem (CRDU) Citopenia única ou bicitopenia. Blastos ausentes ou raros (<1%) Displasia de linhagem única. ≥10% das células em uma linhagem mieloide, <5% de blastos e <15% de sideroblastos em anel. Anemia refratária; Neutropenia refratária; Trombocitopenia refratária. ARSA Anemia. Ausência de blastos. Displasia de linhagem eritroide. <5% de blastos e ≥15% de sideroblastos em anel. Citopenia refratária com displasia de múltiplas linhagens (CRDM) Citopenia. Blastos ausentes ou raros (<1%). Ausência de bastonetes de Auer. Monócitos < 1000 células/µL. Displasia em ≥10% das células em duas ou mais linhagem mieloide, <5% de blastos, ausência de bastonetes de Auer e 15% de sideroblastos em anel. Anemia refratária com excesso de blastos -1 (AREB-1). Citopenia. <5% de blastos. Ausência de bastonetes de Auer. Monócitos < 1000 células/µL. Displasia de única ou mais linhagens mieloide, 5 a 9% de blastos, ausência de bastonetes de Auer. Anemia refratária com excesso de blastos -2 (AREB-2). Citopenia. 5 a 19% de blastos. Bastonetes de Auer presentes ou não. Monócitos < 1x109 células/L. Displasia de única ou mais linhagens mieloide, 5 a 19% de blastos, ausência ou presença de bastonetes de Auer. Síndrome mielodisplásica – não classificável. Citopenia ≤1% de blastos. Displasia em <10% das células em duas ou mais linhagens mieloide, <5% de blastos. Síndrome mielodisplásica Anemia. Contagem de plaquetas normal Normo e hipercelularidade megacariocítica. Núcleo javascript:void(0) associada com del (5q) isolada. ou elevada e blastos ausentes ou raros (<1%). hipolobulado, <5% de blastos. Anormalidade genética del (5q) isolada. Quadro: Subgrupos classificatórios para SMD e respectivos parâmetros encontrados no sangue periférico e MO. Adaptado de: Moraes et al , 2009, p. 5. ARSA Anemia refratária com sideroblastos em anel (ARSA) Os sistemas de classificação são de extrema importância para um diagnóstico preciso e uma seleção terapêutica adequada nas SMD. A base racional do tratamento está pautada na estratificação de risco do paciente em baixo risco (BR) ou alto risco (AR). Além da classificação apresentada acima, outras foram estabelecidas ao longo dos anos como uma tentativa de esclarecer o diagnóstico de uma categoria tão heterogênea: 1982 O Grupo Franco-Americano Britânico (FAB) elaborou uma classificação de SMD baseada em aspectos morfológicos do sangue periférico e da MO. Para o FAB, ela é dividida nestes subtipos: Anemia refratária (AR). Anemia refratária com sideroblastos em anel (ARSA). Anemia refratária com excesso de blastos (AREB). Anemia refratária com excesso de blastos em transformação (AREB-t). Leucemia mielomonocítica crônica (LMMC). 2001 A OMS fez uma extensão da classificação de FAB, incluindo para o diagnóstico os dados tanto de imunofenotipagem quanto de informações genéticas, clínicas, cito-morfológicas e citoquímicas. Nessa classificação, a SMD foi dividida em oito subtipos. 2008 A SDM sofre mais uma reformulação, na qual os parâmetros encontrados para cada subtipo estudamos anteriormente. 2016 Trata-se da versão em voga atualmente. Na última atualização da OMS, os subtipos não sofreram muitas mudanças, mas a principal modificação foi a quantidade de informação molecular disponível. Esta última versão, a de 2016, é formada por basicamente seis subtipos: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal SMD com displasia em linhagem única SMD com sideroblastos em anel Este subtipo de SMD ainda pode ter uma displasia em linhagem única ou em multilinhagem. SMD com displasia multilinhagem SMD com excesso de blastos SMD com deleção isolada 5q Ou seja, com deleção isolada do braço longo do cromossomo 5. SMD inclassificável SAIBA MAIS Após o sequenciamento de alguns genes de pacientes com SMD, foi possível verificar que de 80 a 90% das mutações ocorridas neles acometem os genes SF3B1, TET2, SRSF2, ASXL1, DNMT3A, RUNX1, U2AF1, TP53 e EZH2. ESTUDO DE CASO DE SÍNDROME MIELODISPLÁSICA Os achados das síndromes mielodisplásicas são diversos. Preparamos um vídeo que ilustra alguns dos achados laboratoriais de um caso de SMD. INSUFICIÊNCIA MEDULAR E APLASIA MEDULAR (ANEMIA APLÁSTICA) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS A insuficiência medular é um termo genérico associado que indica a falta de produção das células da linhagem hematopoética. Das síndromes de falência medular conhecidas, a anemia aplástica (AA), também conhecida como aplasia medular, é a mais frequente. A AA ou aplasia de MO é uma doença rara caracterizada por uma pancitopenia moderada a grave no sangue periférico e pela hipocelularidade acentuada na MO. Ela acomete as três linhagens de células (eritrócitos, granulócitos e plaquetas). A diminuição do quantitativo de células sanguíneas (oligocitemia) pode ser nas três linhagens (pancitopenia) ou ocorrer de forma seletiva (citopenia seletiva). Além disso, ocorre substituição do tecido medular por tecido adiposo. Imagem: Designua/Shutterstock.com, Adaptado por Rômulo Rosa. Anemia aplásica gera pancitopenia periférica e hipocelularidade na medula. SAIBA MAIS Diferentementedas outras anemias, não são detectadas na AA deficiência de vitamina B12, folatos, ferro e outras substâncias importantes na formação das hemácias. Acredita-se que a AA ocorra devido a diferentes fatores. Listaremos alguns deles a seguir: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Defeitos na proliferação das células precursoras hematopoéticas. Reação imune contra o parênquima hematopoético. Fatores genéticos ligados à maior suscetibilidade para se desenvolver um quadro de aplasia medular. Alterações nos fatores reguladores da proliferação e maturação celular. Uso de drogas. Conforme demonstra o esquema a seguir, a aplasia medular pode ser, de acordo com a causa, classificada em: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Idiopática (causa desconhecida). Adquirida (causa conhecida e definida). Constitucional (genética). De linhagem medular única (quando acomete uma única célula). Imagem: Helena Nasser. Classificação das aplasias de acordo com a causa. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Normalmente, seus pacientes apresentam como principais sintomas: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fraqueza. Desânimo. Cansaço. Epistaxe. Sangramentos. Palidez cutânea (devido à anemia). Púrpuras. Petéquias. Infecções oportunistas. Coma. Hemorragia cerebral. Ausência de adenomegalia, hepato e esplenomegalia. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de AA é realizado por: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Exames laboratoriais. Hemograma com contagem diferencial de leucócitos. Biópsia ou punção de MO. Outros exames, contudo, ainda podem ser solicitados. Este quadro destaca os principais achados laboratoriais de pacientes com suspeita de AA: Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Exame laboratorial Resultados Morfologia eritrocitária Normocrômica e normocítica javascript:void(0) Dosagem de hemoglobina Baixa Contagem de eritrócitos Baixa Contagem de plaquetas Baixa Leucograma Número de neutrófilos diminuídos e de linfócitos estão aumentados em porcentagem e diminuídos em valores absolutos Contagem de reticulócitos Em número normal ou diminuídos Mielograma Hipocelularidade global, com as 3 linhagens diminuídas nos esfregaços obtidos por punção. Há aumento do tecido adiposo da medula óssea, aumento do número de histócitos e macrófagos (com aumento dos grãos de hemossiderina). Pode ter edema nas traves fibrosas e necrose de células) Dosagem de ferro sérico Aumentada Saturação de transferrina Aumentada Eritropoietina Aumentada Coagulograma Pode estar alterado devido à plaquetopenia Quadro: Achados laboratoriais de AA. Elaborado por: Helena Nasser. OUTROS EXAMES Dosagem de ferro, vitamina B12, ácido fólico e saturação da transferrina. Eles são importantes para diferenciar a AA de outras anemias. Além da classificação da aplasia pela causa que conhecemos anteriormente, ela também pode ser classificada segundo resultados laboratoriais em grave ou moderada: Imagem: Helena Nasser. Classificação das aplasias de acordo com a gravidade. Apesar de rara, a AA é uma doença com alto índice de mortalidade. Normalmente, seu tratamento ocorre pelo transplante da MO de um doador compatível, ou seja, das células da linhagem hematopoética desse doador. COMENTÁRIO Você já tem cadastro no banco de medula da sua cidade? Esse cadastro pode ser essencial para salvar as pessoas com doenças hematológicas. Visite o hemocentro de referência do município e verifique o que precisa para ser um doador de MO. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AS SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS SÃO UM GRUPO HETEROGÊNEO DE DOENÇAS HEMATOPOÉTICAS QUE APRESENTA VÁRIOS TIPOS DE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E PATOLÓGICAS, ACOMETENDO INDIVÍDUOS DE TODAS AS IDADES E SENDO OCASIONADAS POR DISTÚRBIOS NAS CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS. DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DA OMS, SÃO SUBTIPOS DE SÍNDROME MIELODISPLÁSICA: A) Anemia refratária, anemia refratária com excesso de blastos em transformação e LLC. B) Anemia refratária com sideroblastos em anel, LLC e anemia refratária com excesso de blastos. C) Citopenias refratárias com displasia em múltiplas linhagens, mieloma múltiplo e síndrome 5q-. D) Leucemia mielomonocítica crônica, anemia refratária com excesso de blastos e mieloma múltiplo. E) SMD com displasia em múltiplas linhagens, SMD com excesso de blastos e síndrome mielodisplásica não classificável. 2. A ANEMIA APLÁSICA É UM TIPO DE INSUFICIÊNCIA MEDULAR. SOBRE ESSE TRANSTORNO HEMATOLÓGICO, LEIA AS AFIRMATIVAS A SEGUIR: É DEFINIDA COMO PANCITOPENIA ASSOCIADA À MEDULA ÓSSEA HIPOCELULAR. HAVENDO A POSSIBILIDADE DE UM DOADOR DE MEDULA ÓSSEA COMPATÍVEL, O TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS É O TRATAMENTO INDICADO. GERALMENTE ELA ACOMETE SOMENTE UMA LINHAGEM CELULAR. A(S) ALTERNATIVA(S) CORRETA(S) É(SÃO): A) I B) II C) III D) I e II E) II e III GABARITO 1. As síndromes mielodisplásicas são um grupo heterogêneo de doenças hematopoéticas que apresenta vários tipos de manifestações clínicas e patológicas, acometendo indivíduos de todas as idades e sendo ocasionadas por distúrbios nas células-tronco hematopoéticas. De acordo com a classificação da OMS, são subtipos de síndrome mielodisplásica: A alternativa "E " está correta. A versão mais moderna de classificação pela OMS contempla seis subtipos de SMD: Entre eles, existem as SMD com displasia em múltiplas linhagens, as SMD com excesso de blastos e a síndrome mielodisplásica não classificável. 2. A anemia aplásica é um tipo de insuficiência medular. Sobre esse transtorno hematológico, leia as afirmativas a seguir: É definida como pancitopenia associada à medula óssea hipocelular. Havendo a possibilidade de um doador de medula óssea compatível, o transplante de células-tronco hematopoéticas é o tratamento indicado. Geralmente ela acomete somente uma linhagem celular. A(s) alternativa(s) correta(s) é(são): A alternativa "D " está correta. A aplasia de medula é uma doença rara, porém grave, tendo altos índices de mortalidade, sendo a opção de tratamento apenas o transplante de MO de um doador compatível. Ela, que consiste em pancitopenia moderada a grave no sangue periférico e hipocelularidade acentuada na MO, acomete as três linhagens de células (eritrócitos, granulócitos e plaquetas). CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste conteúdo, conhecemos os sintomas clínicos, a classificação, as manifestações clínicas e os achados laboratoriais das principais síndromes mieloproliferativas crônicas e linfoproliferativas crônicas, assim como das síndromes mielodisplásicas. Além disso, percebemos as principais diferenças entre esses grandes grupos de transtornos. Em seguida, estabelecemos quais células estão envolvidas em cada patologia, apontando as alterações encontradas tanto no sangue periférico quanto na análise da MO (biópsia ou mielograma), que são tão importantes para o diagnóstico das suspeitas de transtornos hematológicos. Com isso, também compreendemos o diagnóstico pelo imunofenótipo e as principais alterações citogênicas encontradas nessas patologias. Dessa forma, estabelecemos a importância do laboratório para a definição e a caracterização dos transtornos hematológicos. Você agora entende por qual motivo todos esses parâmetros são essenciais para o diagnóstico, o tratamento e o prognóstico do paciente! AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ARBER, D. A. et al. The 2016 revision to the World Health Organization classification of myeloid neoplasms and acute leukemia. In: Blood. v. 127. v. 20. p. 2391-2405. Publicado em: 19 maio 2016. Consultado na internet em: 4 jun. 2021. BOTTINI, P. V. Testes laboratoriais para avaliação do componente monoclonal. In: Revista brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v. 29. n. 1. 2007. p. 23-26. Consultado na internet em: 25 jun. 2021. CHAUFFAILLE, M. L. L.F. Neoplasias mieloproliferativas: revisão dos critérios diagnósticos e dos aspectos clínicos. In: Revista brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v. 32. n. 4. 2010. p. 308-316. Consultado na internet em: 25 jun. 2021. FARIA, R. M. D.; SILVA, R. O. 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Rio de Janeiro: Rubio, 2014 MORAES, A. C. R. et al. Síndromes mielodisplásicas: aspectos moleculares, laboratoriais e a classificação OMS 2008. In: Revista brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v. 31. n. 6. 2009. Consultado na internet em: 25 jun. 2021. SANDES, A. L. et al. Diagnósticos em Hematologia. 1. ed. Barueri: Manole, 2016. SCHANZ, J. et al. New comprehensive cytogenetic scoring system for primary myelodysplastic syndromes (MDS) and oligoblastic acute myeloid leukemia after MDS derived from an international database merge. In: Journal of clinical oncology. v. 30. n. 8. 2012. p. 820-829. Consultado na internet em: 25 jun. 2021. SILVA, M. R. F. et al. Abordagem clínico-laboratorial da anemia aplástica adquirida. In: Revista científica da Fasete. 2018. p. 316-330. SILVA, P. H. et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: Artmed, 2016. TOVAR-BOBADILLA, J. L.; ORTIZ-HIDALGO, C. 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Gamopatias monoclonais – critérios diagnósticos e diagnósticos diferenciais. In: Revista brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v. 29. n. 1. 2007. p. 17-22. Para ficar por dentro das síndromes mielodisplásicas, consulte o seguinte artigo: MORAES, A. C. R. et al. Síndromes mielodisplásicas: aspectos moleculares, laboratoriais e a classificação OMS 2008. In: Revista brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v. 31. n. 6. 2009. Quanto à patogênese da LLC, leia os seguintes textos: FRAGA, H. E. J.; SILVA, J. E. P. da. Leucemia linfocítica crônica: uma breve revisão. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2006. GARICHOCHEA, B. Patogênese da leucemia linfoide crônica. In: Revista brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v. 27. n. 4. Publicado em: dez. 2005. Consultado na internet em: 4 jun. 2021. Visite o Atlas de Hematologia da Universidade federal de Goiás. Lá você encontra várias fotos de lâminas das principais células hematopoéticas: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Atlas de Hematologia. Consultado na internet em: 4 jun. 2021. NOTA AUTOR DESCONHECIDO Está reservado ao autor o direito de se manifestar. CONTEUDISTA Ana Sheila Cypriano Pinto Campos
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