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Pagamento indireto Prof. Danilo Melo CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Origem: -Inicialmente no direito romano se comprovado o desinteresse do credor em receber a obrigação se exonerava o devedor. -Posteriormente surgiu a consignação em pagamento, se fazia em regra em templos e santuários. - O pagamento não é só um dever do sujeito passivo, mas também um direito. Conceito: O pagamento em consignação é um meio indireto do devedor exonerar-se consignando judicialmente ou extrajudicialmente. Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. Atenção: Não é compatível com a consignação em pagamento as obrigações de fazer e não fazer, apenas as obrigações pecuniárias e de dar móveis e imóveis. Casos em que a lei permite a consignação: Atenção: Apenas nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; Obs. Em regra as dividas são quesíveis (pagamento no domicilio do devedor. III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Requisitos: Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento. -Requisitos subjetivos :O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente e deve ser feito pelo devedor ou seu representante. -Requisitos objetivos: 1)O débito seja liquido e certo e seja total incluindo juros vencidos. CPC: Art. 899. Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é integral, é lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação, cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. § 1o Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. § 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos CPC: Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento. 2) (requisitos objetivos) O depósito será feito no lugar do pagamento. Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada. Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente. Direito do consignante ao levantamento: Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito. -Depois da aceitação do depósito ou da contestação da lide apenas se o credor permitir. Obs: Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o depósito não é integral. Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. Art. 897. Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios. Efeitos do depósito judicial: a) Exonera o devedor; b) Constitui o credor em mora; c) Cessa para o depositante, os juros da divida e os riscos; d) Libera os fiadores; e) Impõe ao credor o ressarcimento dos danos que a sua recusa causou ao devedor, custas e honorários. Consignação extrajudicial: Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor optar pelo depósito da quantia devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. Decorrido o prazo, sem a manifestação de recusa, reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ocorrerá a aceitação tácita. Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de 30 (trinta) dias, a ação de consignação, instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa. PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO Conceito e origem: Tem sua origem no direito canônico e provem do latim subrogation, (substituição de uma coisa por outra). Tem a finalidade de tutelar os direitos de terceiro que paga a divida de outro. Dessa forma esse terceiro fica no lugar do devedor originário. Portanto sub-roga-se em todos os direitos tais como ações, privilégios, garantias fidejussórias ou reais existentes. Atenção: Na cessão de crédito ocorre uma substituição subjetiva independentemente de pagamento e na sub-rogação é obrigatório o pagamento. Modalidade de sub-rogação: Duas são as modalidades legal e convencional A sub-rogação será legal e independente da vontade dos interessados. I - do credor que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. Obs. Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub- roga nos direitos do credor. A sub-rogação é convencional: I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. Efeitos: Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Portanto: a) Liberatório (exonera o devedor ante o credor originário). b) Translativo (transmitir ao terceiro que satisfez a antiga divida). Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. Portanto nas sob-rogações convencionais prevalecea autonomia da vontade. Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever. IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO Conceito: Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. Ex. “A” deve a “B” R$ 35.000,00 sendo R$ 10.000,00 de um mútuo, R$ 10.000,0 de locação e R$ 15.000,00 de uma compra e venda, mas paga apenas R$ 20.000,00. Quais das dividas será dada a quitação? O devedor em primeiro lugar decide qual o debito será indicado, se ele não fizer caberá ao credor e por fim a Lei. Requisitos: 1) Existência de varias dividas; 2) Identidade das partes; 3) Mesma natureza dos débitos. (Ex. se “A” possui dois débitos um de R$ 5.000,00 e outro de uma moto e paga R$ 5.000,00 estará pagando a divida de R$ 5.000,00.) Espécies: Portanto três são as espécies de imputação do pagamento, a do devedor, a do credor e a legal: a) A do devedor: o C.C da preferência ao devedor na imputação da divida. Mesmo assim não é uma escolha absoluta. Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital. b) A imputação do pagamento realizada pelo credor Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo. c) A legal Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. DAÇÃO EM PAGAMENTO Conceito: Em regra a obrigação só se extingue com o pagamento da prestação devida Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Porém o C.C em seu Art. 356. admite no caso do consentimento do credor hipótese em que ocorrerá a dação em pagamento: “O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.” Portanto , segundo Maria Helena Diniz: É forma indireta de pagamento, visto que seu objetivo é extinguir a obrigação, mediante entrega de coisa diversa. Ex. Se “A” ao invés de pagar a divida que possui com “B” de R$ 10.000,00 paga uma moto a “B” aceita. Obs: Pode ser uma coisa por outra, coisa por fato, fato por coisa e fato por outro fato. Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. Atenção: Apesar de o C.C colocar que se aplica as regras do contrato de compra e venda existe diferença, pois a dação só ocorre com a entrega da coisa é direito real e tem o objetivo de extinguir uma obrigação anterior. Requisitos: 1) Existência de um debito vencido; 2) Intenção de saldar a divida por parte do devedor; 3) Diversidade do objeto oferecido em relação ao devido (não confundir com obrigações alternativas). Obs: Não será preciso que o valor da coisa recebida seja correspondente ao debito . 4) Aceitação do credor que poderá ser verbal, expressa, tácita ou escrita. NOVAÇÃO Conceito: ocorre quando as partes interessadas criam uma nova obrigação com o escopo de extinguir uma antiga. -Não existe uma imediata satisfação do crédito. -É simultaneamente uma forma extintiva e geradora de obrigações; Requisitos: 1) Existência de uma obrigação anterior que se extingue com a nova. 2) Elemento novo e intenção de realizar a novação, não existe intenção se: a) Se adicionarem ou alterarem garantias b) Se abater o preço; c) Se dilatar prazo de vencimento d) Se modificar a taxa de juros. 3) Capacidade e legitimação das partes. Espécies: Existem as objetivas ou real e a subjetiva ou pessoal: Art. 360. Dá-se a novação: I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; (objetiva) Ex. modifica a obrigação de dar por uma de fazer II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;(subjetiva passiva). Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição. III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. (subjetiva ativa) Efeitos da novação: 1) Extinção da divida antiga; 2) Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário (...). 3) Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal. 4) Paralisação dos juros; 5) Fim da mora; 6) Extinção das ações ligadas a obrigação anterior; COMPENSAÇÃO Conceito: É uma forma de extinção das obrigações em que seus titulares são reciprocamente credores e devedores. Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. Espécies: a) Legal; b) Convencional (autonomia da vontade); c) Judicial (Ex.reconvenção) Requisitos da compensação legal: 1) Reciprocidade das obrigações Exceção: Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado. 2) Liquidez das dividas; 3) Exigibilidade atual das prestações; 4) Fungibilidade dos débitos (Ex. “A” deve R$ 1.000,00 a “B” e “B” um computador a “A” não pode haver a compensação legal, pois apesar do computador ser fungível não são entre si. Impossibilidade de compensação: Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato. Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: I - se provier de esbulho, furto ou roubo; II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação. DA CONFUSÃO Conceito: Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. Ex. “A” é devedor de tio “B” que falece e deixa testamento favorecendo “A”. Portanto “A” passa a ser devedor de si mesmo, extinguindo o debito pela confusão. Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela. Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade. REMISSÃO Conceito: É o perdão da divida. Atenção: Remissão significa perdão remição significa resgate.Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. Requisitos e espécies: -Tem como requisito o animo de perdoar pelo credor e aceitação do perdão pelo devedor. -Pode ser total ou parcial, expressa ou tácita e escrita ou verbal; -A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor. -Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida. Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida. Fontes: Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro-Direito das Coisas, 25 Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2010. Diniz, Maria Helena, Código Civil Anotado, 9 Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2003. Nader, Paulo, Curso de Direito Civil-Direito das Coisas, 4 Edição, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2010.