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APG 9 - Obstrução Intestinal

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Objetivos 
 
OBJETIVO 1: Compreender a etiologia, fisiopatologia, fatores de risco, epidemiologia, manifestações clinicas, 
diagnóstico da obstrução intestinal 
 
Obstrução intestinal 
INTRODUÇÃO 
Consiste em parada do trânsito intestinal por obstáculo 
mecânico ou por distúrbio funcional 
É mais comum no intestino delgado (80% dos casos) 
Obstrução funcional: 
• dinâmica ou íleo espástico (contração espasmódica 
= ineficiência resultante do espasmo da musculatura) 
• adinâmica ou íleo paralítico (parada da 
atividade/distúrbio da força propulsora) 
Obstrução mecânica: 
• Resulta de lesões que atuam na luz (tumores), na parede 
(fibrose) ou fora dela (compressão extrínseca) 
• Podem ser classificadas como extrínsecas (externas ao 
intestino), intrínsecas (dentro da parede intestinal ou por 
defeito luminal (impedindo a passagem do conteúdo 
gastrointestinal), tais como: 
• Processos extrínsecos a parede do intestino 
(aderências, hernia, volvo, tumor) 
• Doenças intrínsecas a parede do intestino 
delgado (carcinoma obstrutivo do sigmoide) 
• Processos que bloqueiam o lúmen intestinal 
(intussuscepção, cálculos biliares, corpo estranho) 
ETIOLOGIA 
• As principais causas são aderências, hernias (50%), 
tumores, intussuscepção e volvo. 
• 90% das obstruções são causadas por aderências, hernias 
ou neoplasias 
• Causas menos frequentes são doença de crohn, cálculos 
biliares, volvo e intussuscepção 
OBS: 
Intussuscepção: Consiste na invaginação de um 
segmento do intestino no interior do segmento imediatamente 
distal. Como o segmento que penetra leva o 
mesentério correspondente, ocorre compressão vascular que 
resulta em infarto do segmento invaginado. O local mais 
frequente de intussuscepção é a válvula ileocecal, com 
invaginação do íleo para o ceco. Intussuscepção é a causa 
mais comum de obstrução intestinal em crianças abaixo de 2 
anos. 
Hérnias: protusão de segmentos de vísceras intestinais para 
fora da cavidade peritoneal. Ocorre em locais de fraqueza da 
parede abdominal, como no hiato diagramático, hiato do 
cordão espermático ou cicatriz umbilical. As hernias inguinais 
são as mais comuns. Hérnia incisional é a que se forma em 
área de cicatriz cirúrgica. A pressão exercida pelo orifício de 
herniacao no colo do saco hiernario compromete a drenagem 
venosa da alça aprisionada, aumentando o volume local e 
aprisiona ou encarcera a alça herniada. O comprometimento 
da drenagem venosa leva ao infarto da alça herniada. 
Volvo: responsável por 10 a 5% das obstruções. Refere-se a 
torção de uma alça intestinal sobre si mesma, que leva a 
obstrução da luz intestinal. No brasil é mais comum no cólon 
sigmoide (90%), por associação ao megacolon chagásico. Em 
jovens, o volvo manifesta-se clinicamente com quadro de 
abdome agudo obstrutivo similar ao de outras obstruções em 
alça fechada. Volvo é complicação rara no final da gravidez. 
Aderência: ou bridas, são traves fibrosas que se 
desenvolvem entre as alças intestinais ou entre a parede 
abdominal e a região de cicatriz cirúrgica prévia, inflamação 
peritoneal ou endometriose. Aderências fibrosas podem 
estrangular alças e causar obstrução intestinal mecânica. 
Aderências são mais comuns em mulheres, por sua 
associação com inflamação de órgãos pélvicos, endometriose 
e cirurgia abdominal 
 
Obstrução Intestinal 
 
Ainda pode ocorrer por: 
• estruturas sólidas (fecaloma, bolo de áscaris) mais 
frequente no reto e sigmoide 
• mecônio (conteúdo intestinal de recém-nascidos, 
constituído por material esverdeado, misturado com 
componentes de líquido amniótico) 
• megacólon adquirido (chagásico – destruição das células 
ganglionares e plexos nervosos mioentericos 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
• A obstrução mecânica aguda do intestino delgado é uma 
emergência cirúrgica comum 
• causa mais comum de obstrução do intestino delgado são 
as adesões que ocorrem após a cirurgia abdominal. 
• idade média dos pacientes é de 60 a 65 anos, com as 
mulheres representando 60% dos casos da doença 
• A incidência de obstrução do intestino delgado é 
semelhante para homens e mulheres 
• A segunda causa mais comum de obstrução do intestino 
delgado é o encarceramento de uma hérnia inguinal 
• entre 20 e 30 por cento dos pacientes com obstrução 
do intestino delgado são submetidos a intervenção 
cirúrgica 
• Apesar da ampla triagem para câncer colorretal, a 
obstrução do intestino grosso é o sintoma inicial de até 
30% dos cânceres de cólon 
CLASSIFICAÇÕES: 
As obstruções podem ser classificadas ainda como agudas ou 
crônicas, parciais (simples) ou completas (estranguladas) 
Obstrução simples: não apresenta risco a vitalidade da 
alça pois não há restrição do luxo sanguíneo 
Obstrução com estrangulamento: representa risco 
pois há restrição de fluxo sanguíneo, a gravidade depende da 
extensão de meso e da alça envolvidos 
Obstrução em alça fechada: quando o segmento 
intestinal tem 2 ou mais obstruções em pontos diferentes. 
Ocorre em tumor obstrutivo da sigmoide com válvula 
ileocecal, torção do delgado e torção de alça aferente. O 
segmento rapidamente caminha para necrose esfacelamento, 
rotura e peritonite 
Ainda pode ser classificada como: 
Obstrução alta do delgado: próximo ao ângulo de 
Treitz; causa vômitos como sintoma predominante. 
Obstrução baixa do delgado: parte distal do delgado; dor 
típica, pode haver vomito fecaloide 
Obstrução do cólon: difere do delgado principalmente na 
sintomatologia. Ausência de dor forte que causa vômitos. A 
parada de gases e fezes pode ser o primeiro sintoma, porque 
ocorre principalmente em idosos com história de constipação 
intestinal 
De acordo com o tempo de sintomatologia, dividem-se em: 
Obstrução Aguda: média de 5 dias de sintomas 
Obstrução crônica: semanas a meses, se apresenta como 
mudança progressiva nos hábitos intestinais 
FISIOPATOLOGIA 
A obstrução mecânica é causada por obstrução luminal 
intrínseca ou compressão extrínseca do intestino delgado. A 
obstrução leva a dilatação do intestino proximal ao bloqueio, 
enquanto, distalmente ao bloqueio, o intestino descomprime à 
medida que o conteúdo luminal passa. 
O ar e o gas engolidos da fermentação bacteriana podem se 
acumular aumentando a distensão intestinal. À medida que o 
processo continua, a parede torna-se edemaciada, a função 
absortiva é perdida e o líquido é sequestrado no lúmen 
intestinal. Também pode haver perda transudativa de líquido 
do lúmen intestinal para a cavidade peritoneal 
A necrose isquêmica é comumente causada por torça do 
intestino. A isquemia ocorre com a obstrução de alça fechada. 
Se a perfusão de um segmento do intestino for inadequada 
para atender às necessidades metabólicas do tecido, ocorrerá 
isquemia, que eventualmente levará à necrose e perfuração, 
a menos que o processo seja interrompido 
FATORES DE RISCO 
• Cirurgia abdominal ou pélvica anterior (risco de formação 
de aderências) 
• Hérnia de parede abdominal ou inguinal 
• Doença inflamatória intestinal (Crohn e RCU) 
• História ou presença de neoplasia intestinal 
• Radioterapia local prévia 
• Ingestão de corpo estranho 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Dependem do local, modo de instalação e grau de obstrução. 
Os principais sintomas são: 
• Dor e distensão abdominal (cólica intermitente) 
• Vômitos 
• Parada da eliminação de gases e fezes (abdome agudo 
obstrutivo) 
OBS: 
• Somente estruturas de musculatura lisa produzem dor: 
estomago, intestinos, ureter, trompas e útero. A partir do 
momento que se identifica a dor tipo cólica, a investigação 
deve se concentrar nesses órgãos. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
CLÍNICO: 
Sintomatologia, história da doença atual, exame abdominal. 
Sinais sistêmicos – Uma característica da obstrução do 
intestino delgado é a desidratação, que se manifesta como 
taquicardia, hipotensão ortostática, redução do débito urinário 
e, se grave, membranas mucosas secas. 
A inspeção abdominal identificará um grau variável de 
distensãoabdominal na maioria dos pacientes com obstrução 
intestinal aguda. 
Auscultação abdominal – A obstrução intestinal mecânica 
aguda é caracterizada por sons agudos de "tilintante" 
associados à dor. 
Percussão abdominal – A distensão do intestino resulta em 
hiper ressonância ou timpanismo à percussão em todo o 
abdome. 
A palpação abdominal pode identificar qualquer hérnia na 
parede abdominal ou massas anormais que podem indicar 
abcesso, tumor, isquemia, lesão ou intussuscepção 
O exame de toque retal deve ser realizado para identificar 
impactação fecal ou massa retal como fonte de obstrução. 
IMAGEM: 
Radiografia simples e TC: a radiografia é menos 
específica, por isso usa-se mais a TC, que distingue o tipo de 
obstrução (colônica verdadeira/pseudo-obstrucao e pode 
diagnosticar com precisão as causas intraluminais, intrínsecas 
ou extrínseca e sinais de obstrução do intestino grosso. 
Enema opaco raramente é necessário para estabelecer 
diagnóstico 
LABORATORIAIS: 
Hemograma completo e perfil metabólico básico: 
não são específicos para o diagnóstico de obstrução do 
intestino grosso, mas podem ajudar a avaliar a presença e 
gravidade da hipovolemia ou outras anormalidades metabólicas, 
e a leucocitose com desvio à esquerda ou predominância de 
neutrófilos pode indicar a presença de complicações. 
Para os pacientes encontrados em exames de imagem como 
tendo uma lesão consistente com malignidade do cólon ou do 
reto, obtemos um nível de antígeno carcinoembrionário 
(CEA). Embora um nível elevado de CEA seja fortemente 
sugestivo de uma etiologia maligna, por si só, não é diagnóstico 
de câncer colorretal. 
Endoscopia: A endoscopia inferior (sigmoidoscopia, 
colonoscopia) não é necessária ou possível como modalidade 
diagnóstica inicial para obstrução aguda do intestino grosso, 
mas pode auxiliar no diagnóstico daqueles com sintomas 
crônicos para os quais a obstrução do intestino grosso não 
pode ser excluída em radiografias simples ou TC abdominal. 
Referências: 
• Etiologias, manifestações clínicas e diagnóstico 
de obstrução mecânica do intestino delgado em 
adultos - Liliana Bordeianou, MD, MPH, Daniel 
Dante Yeh, MD, MHPE, FACS, FCCM, FASPEN - 
https://www.uptodate.com/contents/etiologies-
clinical-manifestations-and-diagnosis-of-
mechanical-small-bowel-obstruction-in-
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arch_result&selectedTitle=1~150&usage_type=de
fault&display_rank=1#H4028810404 
• BOGLIOLO, L.; BRASILEIRO FILHO, 
G. Patologia. 8ªed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2011. 
• DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo Friche. 
Gastroenterologia essencial. 4.ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2011 
 
 
https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults/contributors
https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults/contributors
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