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Objetivos OBJETIVO 1: Compreender a etiologia, fisiopatologia, fatores de risco, epidemiologia, manifestações clinicas, diagnóstico da obstrução intestinal Obstrução intestinal INTRODUÇÃO Consiste em parada do trânsito intestinal por obstáculo mecânico ou por distúrbio funcional É mais comum no intestino delgado (80% dos casos) Obstrução funcional: • dinâmica ou íleo espástico (contração espasmódica = ineficiência resultante do espasmo da musculatura) • adinâmica ou íleo paralítico (parada da atividade/distúrbio da força propulsora) Obstrução mecânica: • Resulta de lesões que atuam na luz (tumores), na parede (fibrose) ou fora dela (compressão extrínseca) • Podem ser classificadas como extrínsecas (externas ao intestino), intrínsecas (dentro da parede intestinal ou por defeito luminal (impedindo a passagem do conteúdo gastrointestinal), tais como: • Processos extrínsecos a parede do intestino (aderências, hernia, volvo, tumor) • Doenças intrínsecas a parede do intestino delgado (carcinoma obstrutivo do sigmoide) • Processos que bloqueiam o lúmen intestinal (intussuscepção, cálculos biliares, corpo estranho) ETIOLOGIA • As principais causas são aderências, hernias (50%), tumores, intussuscepção e volvo. • 90% das obstruções são causadas por aderências, hernias ou neoplasias • Causas menos frequentes são doença de crohn, cálculos biliares, volvo e intussuscepção OBS: Intussuscepção: Consiste na invaginação de um segmento do intestino no interior do segmento imediatamente distal. Como o segmento que penetra leva o mesentério correspondente, ocorre compressão vascular que resulta em infarto do segmento invaginado. O local mais frequente de intussuscepção é a válvula ileocecal, com invaginação do íleo para o ceco. Intussuscepção é a causa mais comum de obstrução intestinal em crianças abaixo de 2 anos. Hérnias: protusão de segmentos de vísceras intestinais para fora da cavidade peritoneal. Ocorre em locais de fraqueza da parede abdominal, como no hiato diagramático, hiato do cordão espermático ou cicatriz umbilical. As hernias inguinais são as mais comuns. Hérnia incisional é a que se forma em área de cicatriz cirúrgica. A pressão exercida pelo orifício de herniacao no colo do saco hiernario compromete a drenagem venosa da alça aprisionada, aumentando o volume local e aprisiona ou encarcera a alça herniada. O comprometimento da drenagem venosa leva ao infarto da alça herniada. Volvo: responsável por 10 a 5% das obstruções. Refere-se a torção de uma alça intestinal sobre si mesma, que leva a obstrução da luz intestinal. No brasil é mais comum no cólon sigmoide (90%), por associação ao megacolon chagásico. Em jovens, o volvo manifesta-se clinicamente com quadro de abdome agudo obstrutivo similar ao de outras obstruções em alça fechada. Volvo é complicação rara no final da gravidez. Aderência: ou bridas, são traves fibrosas que se desenvolvem entre as alças intestinais ou entre a parede abdominal e a região de cicatriz cirúrgica prévia, inflamação peritoneal ou endometriose. Aderências fibrosas podem estrangular alças e causar obstrução intestinal mecânica. Aderências são mais comuns em mulheres, por sua associação com inflamação de órgãos pélvicos, endometriose e cirurgia abdominal Obstrução Intestinal Ainda pode ocorrer por: • estruturas sólidas (fecaloma, bolo de áscaris) mais frequente no reto e sigmoide • mecônio (conteúdo intestinal de recém-nascidos, constituído por material esverdeado, misturado com componentes de líquido amniótico) • megacólon adquirido (chagásico – destruição das células ganglionares e plexos nervosos mioentericos EPIDEMIOLOGIA: • A obstrução mecânica aguda do intestino delgado é uma emergência cirúrgica comum • causa mais comum de obstrução do intestino delgado são as adesões que ocorrem após a cirurgia abdominal. • idade média dos pacientes é de 60 a 65 anos, com as mulheres representando 60% dos casos da doença • A incidência de obstrução do intestino delgado é semelhante para homens e mulheres • A segunda causa mais comum de obstrução do intestino delgado é o encarceramento de uma hérnia inguinal • entre 20 e 30 por cento dos pacientes com obstrução do intestino delgado são submetidos a intervenção cirúrgica • Apesar da ampla triagem para câncer colorretal, a obstrução do intestino grosso é o sintoma inicial de até 30% dos cânceres de cólon CLASSIFICAÇÕES: As obstruções podem ser classificadas ainda como agudas ou crônicas, parciais (simples) ou completas (estranguladas) Obstrução simples: não apresenta risco a vitalidade da alça pois não há restrição do luxo sanguíneo Obstrução com estrangulamento: representa risco pois há restrição de fluxo sanguíneo, a gravidade depende da extensão de meso e da alça envolvidos Obstrução em alça fechada: quando o segmento intestinal tem 2 ou mais obstruções em pontos diferentes. Ocorre em tumor obstrutivo da sigmoide com válvula ileocecal, torção do delgado e torção de alça aferente. O segmento rapidamente caminha para necrose esfacelamento, rotura e peritonite Ainda pode ser classificada como: Obstrução alta do delgado: próximo ao ângulo de Treitz; causa vômitos como sintoma predominante. Obstrução baixa do delgado: parte distal do delgado; dor típica, pode haver vomito fecaloide Obstrução do cólon: difere do delgado principalmente na sintomatologia. Ausência de dor forte que causa vômitos. A parada de gases e fezes pode ser o primeiro sintoma, porque ocorre principalmente em idosos com história de constipação intestinal De acordo com o tempo de sintomatologia, dividem-se em: Obstrução Aguda: média de 5 dias de sintomas Obstrução crônica: semanas a meses, se apresenta como mudança progressiva nos hábitos intestinais FISIOPATOLOGIA A obstrução mecânica é causada por obstrução luminal intrínseca ou compressão extrínseca do intestino delgado. A obstrução leva a dilatação do intestino proximal ao bloqueio, enquanto, distalmente ao bloqueio, o intestino descomprime à medida que o conteúdo luminal passa. O ar e o gas engolidos da fermentação bacteriana podem se acumular aumentando a distensão intestinal. À medida que o processo continua, a parede torna-se edemaciada, a função absortiva é perdida e o líquido é sequestrado no lúmen intestinal. Também pode haver perda transudativa de líquido do lúmen intestinal para a cavidade peritoneal A necrose isquêmica é comumente causada por torça do intestino. A isquemia ocorre com a obstrução de alça fechada. Se a perfusão de um segmento do intestino for inadequada para atender às necessidades metabólicas do tecido, ocorrerá isquemia, que eventualmente levará à necrose e perfuração, a menos que o processo seja interrompido FATORES DE RISCO • Cirurgia abdominal ou pélvica anterior (risco de formação de aderências) • Hérnia de parede abdominal ou inguinal • Doença inflamatória intestinal (Crohn e RCU) • História ou presença de neoplasia intestinal • Radioterapia local prévia • Ingestão de corpo estranho MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Dependem do local, modo de instalação e grau de obstrução. Os principais sintomas são: • Dor e distensão abdominal (cólica intermitente) • Vômitos • Parada da eliminação de gases e fezes (abdome agudo obstrutivo) OBS: • Somente estruturas de musculatura lisa produzem dor: estomago, intestinos, ureter, trompas e útero. A partir do momento que se identifica a dor tipo cólica, a investigação deve se concentrar nesses órgãos. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: Sintomatologia, história da doença atual, exame abdominal. Sinais sistêmicos – Uma característica da obstrução do intestino delgado é a desidratação, que se manifesta como taquicardia, hipotensão ortostática, redução do débito urinário e, se grave, membranas mucosas secas. A inspeção abdominal identificará um grau variável de distensãoabdominal na maioria dos pacientes com obstrução intestinal aguda. Auscultação abdominal – A obstrução intestinal mecânica aguda é caracterizada por sons agudos de "tilintante" associados à dor. Percussão abdominal – A distensão do intestino resulta em hiper ressonância ou timpanismo à percussão em todo o abdome. A palpação abdominal pode identificar qualquer hérnia na parede abdominal ou massas anormais que podem indicar abcesso, tumor, isquemia, lesão ou intussuscepção O exame de toque retal deve ser realizado para identificar impactação fecal ou massa retal como fonte de obstrução. IMAGEM: Radiografia simples e TC: a radiografia é menos específica, por isso usa-se mais a TC, que distingue o tipo de obstrução (colônica verdadeira/pseudo-obstrucao e pode diagnosticar com precisão as causas intraluminais, intrínsecas ou extrínseca e sinais de obstrução do intestino grosso. Enema opaco raramente é necessário para estabelecer diagnóstico LABORATORIAIS: Hemograma completo e perfil metabólico básico: não são específicos para o diagnóstico de obstrução do intestino grosso, mas podem ajudar a avaliar a presença e gravidade da hipovolemia ou outras anormalidades metabólicas, e a leucocitose com desvio à esquerda ou predominância de neutrófilos pode indicar a presença de complicações. Para os pacientes encontrados em exames de imagem como tendo uma lesão consistente com malignidade do cólon ou do reto, obtemos um nível de antígeno carcinoembrionário (CEA). Embora um nível elevado de CEA seja fortemente sugestivo de uma etiologia maligna, por si só, não é diagnóstico de câncer colorretal. Endoscopia: A endoscopia inferior (sigmoidoscopia, colonoscopia) não é necessária ou possível como modalidade diagnóstica inicial para obstrução aguda do intestino grosso, mas pode auxiliar no diagnóstico daqueles com sintomas crônicos para os quais a obstrução do intestino grosso não pode ser excluída em radiografias simples ou TC abdominal. Referências: • Etiologias, manifestações clínicas e diagnóstico de obstrução mecânica do intestino delgado em adultos - Liliana Bordeianou, MD, MPH, Daniel Dante Yeh, MD, MHPE, FACS, FCCM, FASPEN - https://www.uptodate.com/contents/etiologies- clinical-manifestations-and-diagnosis-of- mechanical-small-bowel-obstruction-in- adults?search=osbtrucao%20intestinal&source=se arch_result&selectedTitle=1~150&usage_type=de fault&display_rank=1#H4028810404 • BOGLIOLO, L.; BRASILEIRO FILHO, G. Patologia. 8ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo Friche. Gastroenterologia essencial. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011 https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults/contributors https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults?search=osbtrucao%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H4028810404 https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults?search=osbtrucao%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H4028810404 https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults?search=osbtrucao%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H4028810404 https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults?search=osbtrucao%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H4028810404 https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults?search=osbtrucao%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H4028810404 https://www.uptodate.com/contents/etiologies-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-mechanical-small-bowel-obstruction-in-adults?search=osbtrucao%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H4028810404
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