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Indaial – 2021 Gestão de Processos e Qualidade nos serviços de saúde Prof.ª Natanna Slaviero 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.ª Natanna Slaviero Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S631g Slaviero, Natanna Gestão de processos e qualidade nos serviços de saúde. / Natanna Slaviero. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 218 p.; il. ISBN 9978-65-5663-383-1 ISBN Digital 978-65-5663-379-4 1. Organizações de saúde. - Brasil. 2. Serviços de saúde. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 658.562 aPresentação Caro acadêmico! Vamos iniciar os estudos da disciplina de Gestão de Processos e Qualidade nos Serviços de Saúde. Nos últimos anos, os termos processos e qualidade vêm sendo inseridos em vários setores, entre eles a saúde. Mas por que são tão importantes nas estratégias das organizações de saúde? Quando pensamos em qualidade, estamos associando o termo a um processo complexo, que possui muitas particularidades em cada um dos níveis de atenção: básico, secundário e terciário. Assim, o objetivo desta disciplina é apresentar os conceitos de processos e suas importâncias de acreditação em saúde. Veremos como ter processos bem definidos e escritos contribuem para a prevenção, correção e melhoria da assistência prestada ao paciente. O presente livro didático está dividido em três unidades. A primeira unidade faz uma abordagem sobre a gestão de processos e qualidade nos serviços de saúde, a qualidade nos serviços de saúde e a gestão da qualidade em saúde. Na segunda unidade estudaremos a gestão dos processos nos serviços de saúde. E, na terceira, vamos compreender como funciona a certificação da acreditação nos serviços de saúde. Esperamos que este conteúdo possa contribuir na sua qualificação profissional e na sua atuação como gestão em saúde. Bons estudos! Prof.ª Natanna Slaviero Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL ......... 1 TÓPICO 1 — GESTÃO DE PROCESSOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 BREVE HISTÓRIA DO BINÔMINO SAÚDE E DOENÇA NO MUNDO .............................. 4 3 EVOLUÇÃO DOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE NO BRASIL ........................ 7 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ..................................................... 15 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15 2 BREVE HISTÓRICO SOBRE QUALIDADE ............................................................................... 16 3 CONCEITOS DE QUALIDADE .................................................................................................... 18 3.1 QUALIDADE SEGUNDO JURAN ............................................................................................ 21 3.2 QUALIDADE SEGUNDO DEMING ........................................................................................ 23 4 OS GURUS DA QUALIDADE ....................................................................................................... 25 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 33 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34 TÓPICO 3 — GESTÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE ............................................................... 37 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37 2 QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE .................................................................................. 37 2.1 SISTEMA DE GESTÃO DE QUALIDADE ............................................................................... 44 3 GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL ........................................................................................ 47 4 FERRAMENTAS DA QUALIDADE .............................................................................................. 49 4.1 FOLHA DE VERIFICAÇÃO ....................................................................................................... 50 4.2 HISTOGRAMA (DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIAS) ........................................................ 51 4.3 FLUXOGRAMA ............................................................................................................................ 53 4.4 DIAGRAMA DE PARETO ........................................................................................................... 54 4.5 DIAGRAMA DE ISHIKAWA ...................................................................................................... 55 4.6 DIAGRAMA DE CORRELAÇÃO (DISPERSÃO) .................................................................... 57 4.7 CARTAS DE CONTROLE (CEP) ................................................................................................ 58 4.8 ESTRATIFICAÇÃO....................................................................................................................... 60 4.9 CINCO PORQUÊS ........................................................................................................................ 62 4.10 MATRIZ GUT (GRAVIDADE/URGÊNCIA/TENDÊNCIA)................................................. 63 4.11 PLANO 5W2H ............................................................................................................................. 64 4.12 PROGRAMA 5S .......................................................................................................................... 65 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 70 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 75 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 76 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 78 UNIDADE 2 — ENTENDENDO A GESTÃO DE PROCESSOS EM SAÚDE .......................... 85 TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS: COMO GERIR E MELHORAR PROCESSOS ............ 87 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 87 2 CONCEITOS BÁSICOS DE PROCESSO ..................................................................................... 87 3 MODELO DE GESTÃO POR PROCESSOS ................................................................................ 91 4 MAPEAMENTO OU MODELAGEM DE PROCESSOS............................................................ 96 5 PROCESSOS NAS ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE PÚBLICAS E PRIVADAS .................. 103 5.1 O PAPEL DA TECNOLOGIA NA GESTÃO POR PROCESSOS ......................................... 106 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 109 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 110 TÓPICO 2 — PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM SAÚDE ................................................ 113 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 113 2 PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA ............................................................................................. 113 2.1 PLANEJAMENTO ...................................................................................................................... 113 2.2 ESTRATÉGIA .............................................................................................................................. 114 3 TIPOS DE PLANEJAMENTO ...................................................................................................... 115 3.1 PLANEJAMENTO NORMATIVO ......................................................................................... 115 3.2 PLANEJAMENTO EM SAÚDE ................................................................................................ 116 3.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ......................................................................................... 117 3.4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL E ALGUNS CONCEITOS PARA SEU ENTENDIMENTO ................................................................................................. 118 4 ETAPAS DO PES .............................................................................................................................. 119 4.1 MOMENTO EXPLICATIVO: SELECIONANDO E COMPREENDENDO O PROBLEMA ............................................................................................................................ 120 4.2 MOMENTO NORMATIVO ....................................................................................................... 120 4.3 MOMENTO ESTRATÉGICO ..................................................................................................... 120 4.4 MOMENTO TÁTICO-OPERACIONAL .................................................................................. 121 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 122 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 123 TÓPICO 3 — A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES PARA GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE .......................................................... 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 2 CONCEITO DE INDICADORES ................................................................................................. 125 3 INDICADORES NA ÁREA DA SAÚDE ..................................................................................... 126 4 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS ..................................................................... 128 5 PERSPECTIVAS DE ATUAÇÃO DOS INDICADORES ......................................................... 132 6 TIPOLOGIA DOS INDICADORES............................................................................................. 133 6.1 TIPOLOGIA DOS INDICADORES HOSPITALARES ........................................................... 133 6.2 TIPOLOGIA DOS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS .................................. 136 7 SISTEMAS DE INDICADORES E AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA DE DESEMPENHO ........ 140 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 142 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 143 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 144 UNIDADE 3 — GESTÃO DE PROCESSOS E QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE .............................................................................................................. 153 TÓPICO 1 — CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE ............................................... 155 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 155 2 SISTEMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO (SBC) ............................................................. 155 3 CERTIFICAÇÃO ISO 9001 ............................................................................................................. 159 4 MOTIVAÇÕES, BENEFÍCIOS E DIFICULDADES DA CERTIFICAÇÃO .......................... 164 5 SINERGIA COM OUTROS PROGRAMAS ............................................................................. 167 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 173 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 174 TÓPICO 2 — ACREDITAÇÃO EM SAÚDE .................................................................................. 177 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 177 2 DA QUALIDADE EM SAÚDE À ACREDITAÇÃO HOSPITALAR ...................................... 178 3 ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR .................................. 181 4 PADRÕES E ITENS DE ORIENTAÇÃO PARA A ACREDITAÇÃO HOSPITALAR ........... 184 5 ACREDITAÇÕES INTERNACIONAIS: ACCREDITATION CANADA E JOINT COMMISSION INTERNACIONAL .............................................................................................. 189 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 191 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................192 TÓPICO 3 — IMPORTÂNCIA DA ACREDITAÇÃO HOSPITALAR PARA PACIENTES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE .................................................... 195 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 195 2 IMPLANTAÇÃO DA ACREDITAÇÃO HOSPITALAR .......................................................... 196 3 ACREDITAÇÃO HOSPITALAR EM PROL DOS PACIENTES ............................................. 197 4 ACREDITAÇÃO HOSPITALAR EM PROL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ............... 199 5 VANTAGENS E DIFICULDADES NA ACREDITAÇÃO HOSPITALAR ............................ 201 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 204 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 208 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 209 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 211 1 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a gestão de processos e qualidade nos serviços de saúde; • conceituar qualidade a partir dos princípios dos principais gurus da qualidade no mundo; • conhecer o processo de gestão de qualidade; • assimilar as ferramentas da gestão de qualidade e seu uso. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – GESTÃO DE PROCESSOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE TÓPICO 2 – A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE TÓPICO 3 – GESTÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 GESTÃO DE PROCESSOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 1 INTRODUÇÃO “O valor dos grandes homens mede-se pela importância dos serviços prestados à humanidade” (Voltaire). No setor saúde, a frase do escritor francês François-Marie Voltaire nunca esteve tão atual. Os investimentos sociais realizados por gestores e administradores tendem a refletir a saúde da população. Estamos diante de centenas ou milhares de consumidores ávidos por serviços de saúde que os atendam com presteza e resolutividade, por sua vez, as empresas necessitam investir cada vez mais em técnicas e procedimentos gerenciais, em administradores que gerenciem com responsabilidade e aprimoramento dos trabalhos nas empresas, em capacitações e cursos de aperfeiçoamento para o quadro de recursos humanos e mudanças organizacionais internas e externas, tudo para conferir e acompanhar o mercado exigente (ANDUJAR, 1997). As empresas investem em processos de qualidade como uma atividade coordenada para garantir o controle da empresa, melhorar o processo de produção e o produto final. Isso também tem acontecido no setor saúde, principalmente no setor privado. Para Bittar (2000), ao realizarmos a gestão de processos e qualidade nos serviços de saúde é preciso dividir em áreas e subáreas os serviços de saúde, como, por exemplo, uma área destinada à infraestrutura; outra de ambulatório e urgência; outra de internação clínica-cirúrgica; e, outra recursos humanos, dada a grandiosidade e peculiaridades do serviço ambulatorial e/ou hospitalar. Assim, os serviços de saúde buscam ser avaliados por auditoria ou especialistas externos, que avaliam padrões e reconhecimento, que imprimam qualidade e que sejam capazes de garantir satisfação e segurança aos clientes que utilizam o serviço (SILVA et al., 2015). A competitividade, principalmente na área hospitalar, tem contribuído para garantir a qualidade nos serviços de saúde e quem mais se beneficia são os clientes que estão aprendendo a exigir seus direitos. UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL 4 2 BREVE HISTÓRIA DO BINÔMINO SAÚDE E DOENÇA NO MUNDO A doença e a assistência ao doente sempre foram um grande desafio e motivo de preocupação para o ser humano, desde os primórdios da história. Dessa maneira, o homem procurou, ao longo dos séculos, ampliar seus conhecimentos e agregar valores norteadores das mais variadas técnicas de tratamento, no sentido de se beneficiar delas e obter a cura de diversas patologias (BITTAR, 1997). A humanidade busca, desde a mais tenra idade, expressar formas e alternativas de atenção ao cliente, a atenção duplicada quando se trata de meios diagnósticos, ora descobrindo as respostas nas estrelas, lendo o que as mãos retratam, ora estudando em cadáveres na calada da noite ou nas sombras dos cemitérios, pois a dissecação era proibida por tratar-se de invasão do corpo, antes considerado sagrado (CALDER, 1995). Na Assíria-Babilônia, o diagnóstico era feito com base na inspeção e o prognóstico do enfermeiro era dado por adivinhação, com a observação do fígado do carneiro, havendo a necessidade de o paciente respirar em suas narinas (acreditando-se que transferiria seus sintomas ao órgão a ser analisado) (FOUCAULT, 1994). A religiosidade era muito difundida, e o respeito à Igreja e à santidade era preconizado até mesmo na saúde. As figuras de deuses e demônios marcaram muitas suspeitas diagnósticas daquela época e foram responsáveis pelos vários tipos de tratamentos praticados na população (FOUCAULT, 1994). Saúde e doença são termos que não podemos pensar separadamente, a morbidade e a mortalidade atravessam as classes econômicas, quanto menores forem as rendas ou as classes sociais, piores são as condições de saúde, maiores são as chances de doenças e menores as chances de tratamento adequado (VIANNA, 2011). NOTA Desde os tempos da caverna o homem buscou explicar por que as doenças acontecem. Durante a evolução da civilização, a religião sempre foi utilizada para explicar a forma como as pessoas pensam, se percebem, experenciam e representam o binômio saúde-doença (LEMOS, 2019). NOTA TÓPICO 1 — GESTÃO DE PROCESSOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 5 Segundo Calder (1995), na Pérsia, os sacerdotes eram os “magos” que esconjuravam os demônios maus e os expulsavam para longe dos doentes. Além disso, o médico/cirurgião obedecia a ordens e podia praticar a medicina com hereges, mas se três hereges morressem, o médico era desqualificado, e todos os outros pacientes subsequentes que viessem a morrer teriam suas mortes consideradas premeditadas (CALDER, 1995). No Egito, o médico tinha o dever de expulsar o demônio ou destruí-lo por meio de mágica e, em seguida, utilizava-se de remédios para restaurar o corpo. A contribuição persa é representada pelo Papiro de Ébers (1500 a.C.), que contém prescrições ou receitas para vários males e evidencia que, além dos rituais curativos, era realizado o que hoje conhecemos como exame médico (CALDER, 1995). Nesse documento, o ópio era descrito como componente principal de cerca de 700 remédios. Os egípcios, muito desenvolvidos, foram os primeiros a fazer uso do ópio (suco, em latim), para acalmar crianças, e também de hortelã, pedra-ume, pimenta e óleo de rícino, assim como denominavam a técnica de preservação de cadáveres (CALDER, 1995). Os judeus prestavam assistência à saúde por intermediário dos funcionários por Deus, bem como tinham domínio sobre doenças transmissíveis. Quando havia suspeita de infecção nas vizinhanças, era dado o toque de recolher nas cidades. O livro Medicina e sua história (1989) descreve que os templos em homenagem a Esculápio, na Grécia, eram construídos próximos a nascentes minerais, com piscinas, ginásios e jardins, para atender ao doente (CHIAVENATO, 2004). Notemplo de Epidauro havia ginásios e pistas de corrida, visando melhor atender aos pacientes que, ao serem admitidos, eram preparados com banhos de mar e recebidos por atendentes de banhos e massagistas (CALDER, 1995). Chiavenato (2004) descreve ainda que o costume de cuidar do corpo vem da Era Medieval, com os hábitos de higiene, alimentação e habitação, o que fortaleceu os ditames de saúde da época. Nas cidades medievais, as casas de banhos eram utilizadas como local de higiene e de prazer, mediante a disponibilização de banhos de vapor e de água. Nesse período, avanços como o início das universidades e a descoberta da imprensa e do microscópio auxiliaram o desenvolvimento da assistência à saúde. Ainda na Idade Média, surgiram os lazaretos, utilizados para isolamento das epidemias. O primeiro lazareto foi inaugurado em Pisa, na Itália, as casas de acolhida para leprosos, onde os pacientes recebiam atendimento do grupo social da Ordem de São Lázaro, igreja localizada ao lado. Só na França havia mais de 2.000 casas de acolhida (CALDER, 1995). Existem indícios de construção de edificações para o atendimento de doentes em rochas da Índia, na época do Rei Asoka (226 a.C.), além de documentos que registram o mesmo fato no Ceilão (437 a.C.) (CALDER, 1995). UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL 6 Hipócrates contribuiu com a invenção da medicina clínica por meio da aplicação prática da observação. Segundo ele, o que importava era o ser humano como um todo e não a doença, fato que vem sendo trazida à tona nos tempos atuais pela medicina natural, embora a medicina chinesa já preconizasse essa ideia há mais de 5.000 anos (MELLO; MARLENE, 1998). Os templos se transfiguraram em locais de ensino para a classe religiosa. Com o tempo, os frades começaram a atuar fora dos conventos, atendendo pacientes com a prática aprendida. Nesse momento, nos períodos pré e pós-cristianismo, surgiram dois modelos de medicina: o dos religiosos e o dos que detinham a prática médica. O que os diferenciava, além das batidas, eram as construções das casas de atendimento ao lado das ordens religiosas (CHIAVENATO, 2004). Segundo Chiavenato (2004), as construções, erigidas distantes da cidade, por causa da hanseníase, mais tarde inspirariam o modelo do hospital que conhecemos atualmente. O primeiro hospital cristão foi construído em Roma, o Mesocômio de S. Basílio e D. Fabíola (século IV). Temos ainda o histórico Hotel Dieu, em Lyon (542), e o Hotel Dieu, de Paris, o Hospital Geral de St. John (1804) e o St. Bartholomeu (CHIAVENATO, 2004). Calder (1995) descreve que o incêndio que atingiu o Hotel Dieu de Paris muito contribuiu para a evolução das instalações físicas dos hospitais. FIGURA 1 – HOTEL DIEU, ANTES DO INCÊNDIO DE 1871, LOCALIZADO NA PRAÇA EM FRENTE À NOTRE DAME, EM PARIS FONTE: Biblioteca Digital Mundial (2017, s.p.) Acadêmico, indicamos a leitura do livro Saúde pública: bases conceituais. Fonte: CESAR, C. L. G.; RIBEIRO, H.; ROCHA, A. A. Saúde pública: bases conceituais. 2. ed. São Paulo: Editor Atheneu, 2013. DICAS TÓPICO 1 — GESTÃO DE PROCESSOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 7 Após o incêndio, a Academia de Ciências de Paris ficou incumbida de elaborar o plano de reconstrução do hospital, o que serviu de ditame para quase todas as construções hospitalares, que passaram a adotar as seguintes características: • Redução do número de leitos de enfermaria. • As enfermarias deveriam ter aberturas laterais para renovação do ar. • Maior isolamento das salas entre si. • Disposição das fachadas ao norte e ao sul. • Os pavilhões deveriam ser separados por jardins. Detalha Calder (1995) que essas normas foram seguidas por Portugal, onde os arquitetos acrescentaram na construção do Hospital da Faculdade de Medicina de Coimbra os seguintes itens: • O hospital deveria ser pavimentado por um só piso. • As enfermarias não poderiam ter mais que 30 leitos. • Espaço para os pacientes deambular, além do destinado à enfermagem. • Cozinhas, casa de banhos, lavatórios e privadas. Na atualidade, essas normas evoluíram para resoluções que nem sempre são devidamente aplicadas ou são até mesmo desconhecidas. 3 EVOLUÇÃO DOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE NO BRASIL No Brasil, ao debruçarmos sobre a evolução dos serviços de assistência e a qualidade de saúde, encontramos várias situações do sistema de saúde que nos remetem ao período colonial e que parecem não terem acompanhado a evolução econômica e social do país até os dias atuais. Em 1542, em Santos, Braz Cubas, ajudado por moradores, iniciou a construção do primeiro hospital brasileiro, a Santa Casa de Misericórdia de Santos, inaugurada um ano depois e posteriormente expandida em mais dois prédios, no Campo da Misericórdia, atual Praça Visconde de Mauá (CALDER, 1995). Acadêmico, indicamos o filme História de doenças infecciosas. Com participação do Professor Henrique Lecour. Filme produzido por Companhia de Ideias (http://www.companhiadeideias.com/) para o Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital de Curry Cabral (9ª Jornadas de Infeciologia do Hospital de Curry Cabral) http:// www.9jornadascurrycabral.com/. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=r8pcmSyGesw. DICAS UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL 8 No Rio de Janeiro, foi construído o Hospital da Misericórdia, no Morro do Castelo. Inaugurado em 1852, com o intuito de receber os presos, alimentar os pobres, sustentar as viúvas, curar os doentes e asilar os órfãos, no início contavam apenas com um físico e um cirurgião (CALDER, 1995). FIGURA 2 – SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SANTOS, EM 1911 FONTE: Novo Milênio (2010, s.p.) Os primeiros documentos administrativos, como regulamentos internos do hospital, datam do final do século XVIII e a prática do gerenciamento despontou na Europa (CHIAVENATO, 2004). Sem dúvida, o progresso das ciências e a Primeira Guerra Mundial de 1914 deram um grande impulso à prática hospitalar no século XX. A prestação de serviços se divide em médica, de enfermagem, administrativa e de apoio (CHIAVENATO, 2004). Segundo Chiavenato (2004), no século XX, as pessoas sem condições financeiras procuravam ser atendidas por profissionais liberais, e nesse contexto surgiram os hospitais lucrativos, de propriedade de médicos, e posteriormente os de medicina de grupo, compostos por médicos e cooperativados por volta de 1960. A reformulação da Constituição Federal, de 1988, em seu Artigo 196, garantiu ao cidadão o direito à saúde, pois até essa data somente os trabalhadores tinham direito (MELLO; MARLENE, 1998). Assista ao filme A história da Saúde Pública no Brasil – 500 anos na busca de soluções, produzido pela Fio Cruz. Apresenta os problemas de saúde e as eventuais soluções encontradas no Brasil Colônia, Brasil Império e Brasil República. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oNMe8. DICAS TÓPICO 1 — GESTÃO DE PROCESSOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 9 Art 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Mello e Marlene (1998) descrevem que em 19 de setembro de 1990 foi promulgada a Lei nº 8.080, definida como Lei Orgânica da Saúde, que dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, organização e funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, estabelecendo em suas disposições gerais que: Art 2ª A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. § 1°O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às açõese aos serviços a sua promoção, proteção e recuperação. § 2° O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. Art 3ª A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país. Parágrafo único. Dizem respeito também a saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e a coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. O Sistema Único de Saúde (SUS) veio garantir a atenção à saúde de todo cidadão brasileiro, indistintamente, sendo necessário agora que ele se organize e se estruture fisicamente para atender à demanda da população brasileira. Os usuários do SUS recebem atendimento para sua saúde nas esferas da atenção básica, na média e alta complexidade. Entretanto, acreditam que ao serem atendidos em suas expectativas a qualidade do atendimento esteve presente em todo o processo. Apesar dos avanços na última década em relação à área hospitalar, ainda estamos longe de verificarmos a Qualidade e a Qualidade Total nos serviços de saúde oferecidos na rede pública de saúde do SUS. Os serviços de saúde possuem peculiaridades especificas para avaliar qualidade de serviços, pois existem determinantes de qualidade diferentes de uma empresa/indústria/ fábrica. Alguns determinantes são: confiabilidade (atender oferecido), rapidez (atender no tempo esperado do usuário), tangíveis (instalações físicas, aparência dos profissionais e equipamentos utilizados), empatia (cordialidade), flexibilidade (capacidade de se adequar as expectativas do cliente), acesso (contato e físico) e disponibilidade (facilitadores) (MARTINS; VOLPATO, 2017). NOTA UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL 10 O DESAFIO DA SAÚDE NO MUNDO A saúde é um setor econômico que nunca para. Seja do lado da ciência, que precisa caminhar dia após dia para encontrar novas soluções para os problemas, seja pela perspectiva econômica, que busca de maneira urgente uma maneira mais sustentável de financiar o acesso aos tratamentos. Todo esse cenário significa que os desafios e oportunidades abertas são crescentes e para aproveitá-las é preciso lançar um olhar para aqueles que estão adotando boas práticas. Quando fazemos uma análise da saúde no mundo, é possível perceber que independente de formato, os países estão migrando de um modelo baseado em volume de serviços para um que se baseia no valor trazido pelos serviços. Ou seja, em resumo: gerar o melhor resultado com o menor custo. Singapura, por exemplo, investe cerca de 4% do seu PIB em saúde e consegue manter o gasto do setor sob controle em função de dois fatores principais. O primeiro é a sua regulação forte da gestão da saúde e o segundo é uma poupança privada, em que até 9% do salário dos moradores é recolhido para consumo médico. O subsídio é, de fato, só para quem precisa e o governo cobre todos os gastos assistenciais de cidadãos pobres. O país possui um dos sistemas com melhor custo-benefício da saúde no mundo. Na Holanda, o foco é a saúde suplementar. O sistema conta com 24 seguradoras que oferecem planos comprados por praticamente todos os cidadãos. O panorama é que 99% dos holandeses têm um médico de família, que resolve 96% dos problemas e o empoderamento do paciente é real, já que 300 associações de pacientes funcionam no país. Já a Inglaterra, seguindo uma das tendências de saúde no mundo, tem a gestão da saúde como algo universal e igualitário, com atuação preventiva e curativa. É o equivalente ao Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Os recursos investidos são arrecadados por meio do sistema de impostos nacional e empregados para atender qualquer cidadão que necessitar. Na Alemanha e na Suíça, por sua vez, ter um plano de saúde é obrigatório para aqueles que dispõem de renda até um determinado teto estipulado pelo governo. Existem por lá diferentes seguradoras públicas, capazes de se auto gerir, e que disputam as parcelas do mercado. Os custos dos planos são divididos igualmente entre o empregador e empregado e, em geral, o cidadão pode escolher livremente os médicos e os hospitais que procura. E na França, o Estado exerce um papel central, ao controlar as relações entre as diversas instituições financeiras, os médicos e os pacientes. Desde 1996, o Parlamento decide sobre o montante de verbas a ser destinado às seguradoras públicas de saúde, às quais estão ligados mais de 60% dos franceses. O restante da população possui planos de saúde especiais, com diferentes tabelas de custos e coberturas e há liberdade total de escolha para o paciente. Diante das diferenças da administração da saúde no mundo, qual a reflexão que fica para o Brasil? Os dados mais recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) dão conta de que mais de 47 milhões de cidadãos são atendidos pelos planos de saúde. A maior parte dessa conta fica para as empresas, visto que a modalidade mais contratada é a coletiva empresarial adotada por mais de 31 milhões dos usuários do IMPORTANT E TÓPICO 1 — GESTÃO DE PROCESSOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 11 sistema. Em contrapartida, a realidade do SUS brasileiro que temos e do que queremos e precisamos é muito distante. Ao olhar para tudo isso de maneira integrada, é possível perceber a responsabilidade que as companhias têm na mão: se elas cortarem o benefício, a rede pública possivelmente não consegue absorver a demanda, mas, na mesma medida, se os custos não regredirem dificilmente seus programas de saúde serão sustentáveis. FONTE: <https://www.funcionalcorp.com.br/com/desafio-saude-no-mundo/>. Acesso em: 14 set. 2020. 12 Neste tópico, você aprendeu: • As doenças sempre foram uma preocupação para homem, que buscou várias alternativas para o tratamento das enfermidades. Para organizar o tratamento dos doentes surgiu a construção do primeiro hospital na cidade de Roma no século IV. • A evolução do sistema de atendimento aos doentes no Brasil inicia-se com a construção, em 1542, do primeiro hospital denominado Santa Casa de Misericórdia construída na cidade de Santos, até a instalação do Sistema Único de Saúde e a evolução da qualidade dos serviços de saúde. • Os serviços de assistência em saúde no Brasil foram evoluindo no decorrer dos tempos e um marco para tais serviços foi a promulgação da Constituição Federal de 1988 que consagrou o direito à saúde como direito fundamental social e dedicou artigos ao tratamento do Sistema Único de Saúde (SUS). • O Sistema Único de Saúde (SUS) é também abordado pela Lei nº 8.080, de 1990, também chamada de Lei Orgânica da Saúde e que trata, especificamente, sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, organização e funcionamento dos serviços correspondentes, dentre outros. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 A Lei n° 8.080 ou Lei Orgânica da Saúde, de 19 de setembro de 1990, no seu art. 1980 foi criada para: a) ( ) Tratar especificamente dos direitos dos pacientes. b) ( ) Tratar especificamente dos direitos dos pacientes e seus familiares. c) ( ) Tratar especificamente das condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como organização e funcionamentos dos serviços correspondentes. d) ( ) Tratar especificamente da ideia de doença e saúde. 2 Os povos romanos e gregos acreditavam que o ar e a água eram importantes na prevenção das doenças e na cura dos doentes. O livro Medicina e sua história (1989) cita a construção de templos próximos a nascentes minerais, construídos com piscinas, ginásios e jardins. Os templos eram construídos em homenagem a quem? a) ( ) Hipócrates. b) ( ) Dionisio. c) ( ) Esculápio. d) ( ) Pitágoras. 3 A Primeira Guerra Mundial que aconteceu entre 1914 e 1918 trouxe muitas perdas e mortes.Entretanto, trouxe também aprendizados e avanços, inclusive na área da saúde no século XX. Um dos avanços foi definir as áreas de atendimento no ambiente hospitalar. Leia as opções e assinale a alternativa que contemple as áreas em um ambiente hospitalar no século XX: a) ( ) Médica, Enfermagem, Administrativa, Apoio. b) ( ) Médica, Enfermagem, Administrativa, Logística. c) ( ) Médica, Enfermagem e áreas afins, Administrativa, Apoio. d) ( ) Médica, Enfermagem, Rouparia, Apoio. 4 Leia as sentenças a seguir: I- Os usuários do SUS recebem atendimento para sua saúde nas esferas da atenção básica, na média e alta complexidade. II- O Brasil é o primeiro país da América Latina a adotar a profilaxia pré- exposição (PrEP) ao HIV, que consiste em medicamentos destinados a pessoas que não têm o vírus, mas integram grupos de maior risco de exposição à infecção. III- É impossível que o SUS consiga manter sozinho um atendimento público universal, por isso ele depende também do setor privado, chamado de rede complementar. Há dois tipos de hospitais não públicos: os sem fins lucrativos e os privados. Para o SUS, todos os leitos nas três modalidades (públicos, filantrópicos e particulares) são públicos. AUTOATIVIDADE 14 IV- O Ministério da Saúde, em concordância com a Organização Mundial da Saúde (OMS), promove e incentiva hábitos saudáveis, principalmente: alimentação saudável; atividade física regular; não fumar. Juntos, esses costumes são capazes de prevenir inúmeras doenças. O Ministério da Saúde no Guia Alimentação Saudável oferece a lista dos alimentos que previnem o câncer e outras doenças. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) I, II, III, IV. b) ( ) III e IV. c) ( ) I, III e IV. d) ( ) I, II. 5 Para se desenvolver uma política de qualidade é necessário atentar a alguns fatores, sendo que dentre esses fatores, destaca-se um de suma importância, que seja: Assinale a sentença correta: a) ( ) Identificar as necessidades do cliente e percebê-las, mesmo que não tenham sido explicitadas. b) ( ) Identificar os símbolos que representam a oferta de produtos. c) ( ) Identificar a diferenciação da oferta de produtos/serviços nos mercados. d) ( ) Identificar o papel das marcas e seu impacto na decisão dos consumidores. e) ( ) Identificar o papel das marcas na diferenciação da oferta. 15 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 1 INTRODUÇÃO Qualidade é uma palavra com infinitas definições, mas o homem desde o primórdio da sua história sempre buscou alcançá-la em suas atividades laborais, nas artes, na literatura, enfim, em tudo que necessite de produção/serviço e consumo/resultado. Na área da saúde não é diferente, se produz serviço que é consumido diariamente por clientes que buscam atendimento qualificado. Para Bittar (2000, p. 45.), “os serviços de saúde, especificamente os hospitais, podem ser divididos em quatro grandes áreas, cada uma com características próprias no que diz respeito aos recursos e aos processos utilizados para obtenção dos resultados”. O autor cita como áreas e subáreas do serviço hospitalar: a administrativa, a ambulatório/emergência, a clínica-cirúrgica, a diagnóstico-tratamento, a infraestrutura, a recursos humanos e a recursos materiais. Também, na Atenção Primária à Saúde é possível delimitar áreas e subáreas. A complexidade da área da saúde pede que gestores e administradores invistam em qualidade, mas há particularidades que exigem conhecimento aprofundado de todos os profissionais envolvidos, e principalmente dos profissionais da área da saúde. Para Bittar (2000), os processos de saúde são aplicados diretamente aos clientes e a competitividade entre empresas do mesmo serviço exige que todos estejam preparados em todas as etapas de produção/serviço e apoderem-se dos conceitos de qualidade e das principais ideias dos gurus da área. Nada adiantam os melhores recursos e infraestrutura em empresas/ serviços, se não estão preparadas para prestar um produto com qualidade e competir com o mercado interno e externo. As empresas precisam, também, investir em programas de educação para seus trabalhadores/funcionários que são o cartão de visita da qualidade de uma empresa/serviço. 16 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL 2 BREVE HISTÓRICO SOBRE QUALIDADE A qualidade passou por três grandes momentos, considera-se a primeira a Inspeção, seguida pelo Controle Estatístico da Qualidade e por último a Garantia da Qualidade (SILVA, 2006a). A Inspeção tem sua origem na Idade Média, com o trabalho dos artesãos e artífices que produziam seus produtos na busca de qualidade. Os padrões eram primários, rudimentares, ou seja, o produtor buscava identificar se o produto foi confeccionado dentro do que foi planejado e para que produtos fora do padrão fossem consumidos. Conforme Paladini (2004, p. 32), “padrões rudimentares da qualidade para bens e serviços e níveis básicos de desempenho da mão de obra, tendo sido determinadas as condições gerais para o trabalho humano”. A formalização do processo de Inspeção passou a ser justificada a partir da produção em massa e a necessidade de peças intercambiávei. Em 1922, foi publicada a obra The Control of Quality in Manufacturing de George Stanley Radford, que formalmente estabeleceu os padrões de inspeção (GARVIN, 2002). O autor ainda coloca que o processo de qualidade é uma responsabilidade gerencial e uma função independente. Uma das principais conquistas dos fabricantes no controle de qualidade dos produtos foi à criação de um sistema racional de medidas, gabaritos e acessórios no início do século XIX, evitando o desperdício e descarte de matérias primas e produtos (GARVIN, 2002). O Controle Estatístico da Qualidade passou a ser adotado com pontos de verificação intermediária nas etapas internas da produção com o aumento da produção. Mais produtos produzidos, o fabricante adotou o sistema de inspecionar por amostragem, já que a inspeção integral dos produtos se tornava inviável, oneroso e atrasava a produção. A obra Economic Control of Quality of Manufactured Product, de Walter Andrew Shewhart, publicada em 1931, conferiu o caráter técnico e científico ao controle de qualidade (GARVIN, 2002). Acadêmico, indicamos o filme Trucker: um homem e seu sonho. Ano: 1988 Diretor: Francis Ford Copolla Gênero: Drama Duração: 110 minutos Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=dodj-_LlLZ0. DICAS TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 17 O economista e escritor Walter Andrew Shewhart buscou conceder aos clientes confiabilidade nos produtos comprados, utilizando técnicas estatísticas para o controle da qualidade. O foco passa a ser o processo de produção. São criados conceitos como “risco do produtor e consumidor, probabilidade de aceitação, fração defeituosa tolerável e nível de qualidade aceitável” (PALADINI, 1995, p. 33). Para Paladini (2004, p. 37), surge no Japão “o conceito de círculos da qualidade, dentro de um modelo que viria mais tarde a ser conhecido como a ‘a abordagem participativa da qualidade’”. Outros escritores que escreveram sobre o assunto foram Armand Feigenbaum, conhecido como o pai do controle da qualidade total, Philip Crosby com o zero defeito, entre outros. Esse movimento pela qualidade se iniciou após a Segunda Guerra Mundial, e vai até a qualidade começar a ser vista como parte do gerenciamento estratégico da organização (SILVA, 2006a). Para Maximiliano (1995), a qualidade estava relacionada a separar da linha de produção, produtos ruins que não atendiam ao esperado. A demanda pelos produtos bélicos, com auge na Segunda Guerra Mundial, levou às fábricas existentes à produção em massa, a também estruturar um sistema de qualidade com precisão. Paladini (2004) destaca que a mão de obra para atender a essa demanda não estava preparada para a tarefa, porque as pessoas necessitavam de treinamento, entretanto mesmo assim foram colocados na tarefade aferir a qualidade dos produtos produzidos. Dessa forma, as empresas foram obrigadas a estruturar e ofertar programas formais de qualificação profissional. Após a Segunda Guerra Mundial as empresas ampliam o conceito de qualidade, além do produto, passam a integrar também os membros da organização, buscando uma visão proativa frente aos problemas de produção (SILVA, 2006a). Segundo Garvin (2002, p. 13): A prevenção de problemas continuou sendo seu objetivo fundamental, mas os instrumentos da profissão se expandiram para muito além da estatística. Havia quatro elementos distintos: quantificação dos custos da qualidade, controle total da qualidade, engenharia da confiabilidade e zero defeito. Acadêmico, indicamos o filme O jogo da imitação. Ano: 2014 Diretor: Morten Tyldum Gênero: Drama, biografia Duração: 114 minutos Acesse: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-198371/. DICAS 18 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL No movimento pela garantia da qualidade surgiram vários movimentos que nortearam a qualidade dos produtos das fábricas. A partir da Segunda Guerra Mundial, para melhorar a qualidade de mísseis e foguetes, surgiu o programa “Zero Defeito”, que foi o último movimento importante na era qualidade. 3 CONCEITOS DE QUALIDADE Atualmente, cada organização tem buscado um conceito de qualidade e aplicado em seu ambiente de produção, adequando as suas expectativas. Buscando explicar alguns conceitos de qualidade, serão apresentadas as ideias de alguns autores. As empresas têm claramente a visão da importância do consumidor na cadeia de consumo, um produto de qualidade e a satisfação do consumidor prolonga a vida da empresa, portanto, a satisfação é buscada na forma defensiva e na forma ofensiva. A forma defensiva busca eliminar as insatisfações que dessagram os consumidores, buscando retroalimentação das informações de mercado. Já a forma ofensiva antecipa possíveis insatisfações do consumidor e incorpora soluções ao produto ou serviço (CAMPOS, 2004). Para Garvin (2002, p. 47), a palavra qualidade tem diversas interpretações e por isso, “é essencial um melhor entendimento do termo” para que qualidade seja o objeto do processo de qualidade em uma organização. Quando Deming (1990) coloca que qualidade só pode ser interpretada a partir de quem produz, ele infere que o consumir deve gostar do produto, o trabalhador tem que ter orgulho do produto, o empresário que produz o que foi planejado dentro das especificações e assim por diante. Na realidade dentro das expectativas de cada um, o produto é de qualidade, o meu emprego se mantém, minha empresa produz sem erros e custos demasiados, entre outras expectativas. Uma das frases mais famosas de Deming (1990, p. 98) para conceituar qualidade é “atender continuamente às necessidades e expectativas dos clientes a um preço que eles estejam dispostos a pagar”. O Programa Zero Defeito de Crosby ou “Zero Defeito” é um programa de qualidade que surgiu em 1961 nos Estados Unidos, inspirado em Philip Crosby. Busca que os produtos bélicos sejam fabricados, sem erro, na primeira tentativa. Os erros podem acontecer, mas a intenção é que se acerte na primeira vez, não existem cotas de erros admissíveis, evite desperdícios e retrabalho (BUENO, 2014). NOTA TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 19 A diferença entre qualidade e qualidade total, qualidade se refere à satisfação do cliente enquanto qualidade total é a eficácia e a eficiência está relacionado a todo o modelo de planejamento e produção em uma empresa em um contexto mais amplo (SILVA, 2006a). De acordo com Feigenbaum (1961) apud Marshall Junior (2003), o “Controle da Qualidade Total” (Total Quality Control – TQC) é um instrumento que todos os membros de uma empresa são responsáveis. Qualidade é filosofia de gestão de uma organização e um padrão de excelência. Podemos elencar os envolvidos no conceito de importância da qualidade, o consumidor quando atendido em sua necessidade, o trabalhador quando produz sem cometer erros e a empresa quando produz estrategicamente. A empresa pode vir a se fragilizar estrategicamente se der atenção demasiada a apenas um deles ou não considerar algum outro elemento (SILVA, 2006a). O conceito de qualidade evolui, sofre várias influências internas e externas. É correto afirmar que envolve uma multiplicidade de fatores e de itens, sem tirar o foco do cliente (PALADINI, 2004). De forma segura podemos afirmar que qualidade possui significados quando relacionados ao trabalho, serviços, informação, pessoal, educação, entre outros setores. Ishikawa (1993) coloca que cabe a empresa treinar o corpo de funcionários e promover qualidade de vida a cada um. Funcionário qualificado e satisfeito com a empresa trabalha contente e com afinco. Um empresário/administrador, quando pensa em qualidade, necessita ter uma visão ampla da palavra para não cair em armadilhas. Garvin (2002) utilizou cinco definições de qualidade ao desenvolver um trabalho, quase todas as palavras que definem qualidade acabam por ser repetir e referem-se às abordagens transcendentes, baseadas no produto, baseadas no usuário, baseadas na produção e baseada no valor (SILVA, 2006a). Com certeza, a qualidade é a busca pelo certo, correto, o padrão mais alto e não se contentar com o malfeito ou fraudulento (TUCHMAN, 1980 apud MARSHALL JUNIOR, 2003). Qualidade é além do produto, uma terceira entidade, uma condição de excelência que transcende o físico, sabe-se que ela é, que ela existe (PIRSIG, 1974 apud MARSHALL JUNIOR, 2003). Na abordagem transcendente, qualidade é sinônimo de excelência inata. Nestes conceitos, a qualidade não pode ser medida com precisão, é apenas reconhecida pela experiência (SILVA, 2006a). A qualidade é vista por alguns autores como uma variável, algo que pode ser mensurável, mas refletem além da quantidade de um ingrediente, de um atributo ou de um produto. Infere-se que a qualidade é obtida com custo mais alto de investimento, a qualidade é uma característica inerente ao produto, e não como algo atribuído a eles (GARVIN, 2002). 20 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL Segundo Abbott (1955) apud Marshall Junior (2003) p. 28), “diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade de algum ingrediente ou atributo desejado”. Na abordagem baseada no produto, qualidade é sinônimo de melhores características que um produto apresenta. É visto que a qualidade pode ser medida e que é uma característica própria do produto. Então a qualidade é obtida através de altos investimentos para a produção de um produto de alta durabilidade. Na abordagem baseada no usuário, a qualidade existe para atender às necessidades do consumidor em primeiro lugar. O consumidor olha o produto e identifica a qualidade, então quem define qualidade são os consumidores. Segundo Garvin (2002, p. 52), “admite-se que cada consumidor tenha diferentes desejos ou necessidades e que os produtos que atendam melhor as suas preferências sejam os que eles acham os de melhor qualidade”. Silva (2006a) destaca alguns autores que justificam qualidade nesse mesmo conceito, tais como: Juran (1974) apud Marshall Junior (2003), que para ele qualidade é mera adaptação ao uso. Deming (1968) apud Marshall Junior (2003) define que qualidade consiste na mera capacidade de contentar desejos. Portanto, Garvin (2002) identifica que os conceitos de qualidade estão em consonância com as especificações do produto, qualquer deslize das especificações diminui a qualidade, assim como na produção, o certo é fazer corretamente na primeira vez. Fazer corretamente na primeira vez confere qualidade, sem retrabalho, custos dentro do previsto e sem desperdícios. Assim é possível até reduzir o preço do produto ao cliente, tornando mais satisfeito com a aquisição. Todos esses itens também se enquadram nos conceitos da abordagem baseada na produção (CROSBY, 1990). DescreveGarvin (2002, p. 54) que “as definições baseadas no valor levam estas ideias um passo adiante: definem, realmente, qualidade em termos de custos e preços. Assim, um produto de qualidade é um produto que oferece um desempenho ou conformidade a um preço ou custo aceitável”. Um dos grandes autores sobre qualidade, que se encaixa muito bem nessa abordagem, é Feigenbaum, para ele qualidade é o melhor para certas condições do cliente, essas condições são o verdadeiro uso e o preço de venda do produto (FEIGENBAUM, 1961 apud MARSHALL JUNIOR, 2003). Burberry queima R$ 126 milhões em roupas não vendidas. Incinerar produtos encalhados, em vez de vendê-los em pontas de estoque ou doá-los, é uma estratégia usada na indústria da moda para proteger a imagem de uma marca (VEJA, 2018). INTERESSA NTE TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 21 Abordagem baseada no valor diz que qualidade é o desempenho ou conformidade a um preço ou custo aceitável. Os conceitos consideram a qualidade em termos de custos e preços. Dentre os grandes autores da qualidade, dois merecem uma atenção especial, Joseph Moses Juran e Armand Vallin Deming foram os dois pioneiros do movimento da qualidade. As suas ideias foram a base para os conceitos de qualidade. 3.1 QUALIDADE SEGUNDO JURAN Considerado por muitos o pai da revolução da qualidade, Joseph Moses Juran nasceu na Romênia, mas mudou-se muito jovem para os Estados Unidos. Depois do término da Segunda Guerra trabalhou no Japão, juntamente a Deming, como consultor independente, lecionou e dirigiu ações de formação e consultoria. O milagre industrial japonês, Juran atribuiu ao elevado nível dos gestores de produção e especialistas em qualidade do país. Entretanto, os consideram Juran e Deming os grandes obreiros desse milagre (SILVA, 2006b). Segundo Juran (1992, p. 4): Há muitas frases curtas a escolher, mas frases curtas são armadilhas. Não se conhece nenhuma definição curta que mereça a aprovação de todos sobre o que significa qualidade, embora essa unanimidade seja importante. Não podemos planejar a qualidade sem antes concordarmos no significado da qualidade. Há uma dificuldade muito grande para conceituar qualidade, daí a importância do trabalho de Juran. O autor de vários trabalhos coloca que qualidade é mais que um conceito em uma frase curta, vai além do sucesso de uma empresa ou da satisfação o cliente. Qualidade é essencial para o sucesso organizacional, sem qualidade não existe organização que se firme no mercado. Juran elaborou a conhecida Trilogia de Juran, que coloca três processos gerenciais, planejamento, controle e melhoria importantes para o gerenciamento da qualidade (MARSHALL JUNIOR, 2003). Armand Vallin Feigenbaum nasceu em Nova York em 1922 e morreu 92 anos depois, em Pittsfield no estado de Massachusetts. Desenvolveu toda sua carreira totalmente nos Estados Unidos, foi um empresário americano e especialista em conceitos de controle de qualidade. É reconhecido por desenvolver e implementar os conceitos de controle de qualidade total (MAESTROVIRTUALE.COM, 2019). NOTA 22 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL O planejamento é a base dos meios de produção, a capacidade de uma empresa se organizar concede que seus produtos sejam confeccionados com qualidade e consequentemente atendam às necessidades do mercado e dos clientes. Cabe aos recursos humanos da empresa que não ajam desperdício, retrabalho e que as deficiências que aconteçam sejam supridas. Restam então as equipes de produção fazer um controle de qualidade para evitar que as coisas se tornem pior (JURAN, 1992). Segundo Marshall Junior (2003), o controle de qualidade confere e assegura que os objetivos do planejamento de produção sejam respeitados durante as operações, avaliar o desempenho da qualidade total também faz parte do controle de produção. Ao abordar o planejamento estratégico, Certo (2003) enfatiza o papel importante no estabelecimento e na manutenção da qualidade na organização. Além do planejamento, aspectos como finanças, marketing, finanças e recursos humanos são importantes. Metas de curto, médio e longo prazos também devem ser traçados no planejamento organizacional, a comparação de resultados de qualidade com planos de qualidade e a integração de planos de qualidade com as outras áreas estratégicas da empresa (SILVA, 2006b). Juran (1992) defende que controle da qualidade deve ser visto como uma ferramenta de gestão, criando assim uma abertura para o estabelecimento e afirmação do controle da qualidade total como foi conhecido mais tarde (SILVA, 2006a). O aperfeiçoamento da qualidade busca reduzir ao mínimo o desperdício no processo de produção, mas enfatiza que o desperdício também ensina (JURAN, 1992). Para produzir com níveis superiores e inéditos de execução é preciso enfatizar a qualidade, seja ela incremental (melhoria contínua) ou inovador (melhoria radical). Valorizar a infraestrutura também é importante para assegurar a produção, destacar as necessidades para criação de projetos de melhoria, assegurar a capacitação dos recursos humanos, fornecer recursos, diagnosticar de forma enfática os problemas e estabelecer um plano de soluções para sanar as dificuldades (MARSHALL JUNIOR, 2003). TRILOGIA DE JURAN Juran defende que a gestão da qualidade se divide em três pontos fundamentais: planejamento, melhoria e o controle de qualidade. Controle da qualidade: 1. Avalie o nível de desempenho atual. 2. Compare-o com os objetivos fixados. 3. Tome medidas para reduzir a diferença entre o desempenho atual e o previsto (PRADO FILHO, 2010). NOTA TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 23 O empresário/gestor/administrador deve adotar como prioridade a melhoria da qualidade nos processos de produção, destacar a melhoria dos processos para que não fiquem obsoletos e desatualizados (SILVA, 2006a). 3.2 QUALIDADE SEGUNDO DEMING William Edwards Deming, um engenheiro americano, junto ao consultor naturalizado americano Juran, foram considerados gurus da qualidade. Os dois atuaram no Japão e estabeleceram a revolução da qualidade nas organizações acontecida na segunda metade do século XX. Os consultores conferiram palestras aos líderes industriais, auxiliando-os quanto à importância de controlar a qualidade da execução dos produtos e serviços, e não somente do produto final (SILVA, 2006a). Para Deming (1990), o processo de produção está relacionado às condições de trabalho, por isso a importância de aprofundar os estudos sobre as atividades industriais. Os gerentes eram convocados a levantar os problemas e suas eventuais causas, separava as causas em: causas especiais relacionadas aos operadores e as máquinas; causas comuns referentes a problemas das matérias-primas. As causas eram colocadas como de responsabilidade gerencial (GARVIN, 2002). Deming também enfatizava a importância de adotar uma abordagem sistemática na resolução de problemas no qual se tornou mais tarde conhecida com ciclo de PDCA. O ciclo de Deming tem como objetivo a melhoria contínua, assim os gestores de qualidade implantam ações, que devem ser checadas regularmente, para evitar problemas futuros nos produtos e serviços (MARSHALL JUNIOR, 2003). Deming idealizou o ciclo PDCA ou ciclo de Deming: P significa plan (planejar), D quer dizer do (fazer), C significa control (controlar) e A, action (ação). FIGURA 3 – CICLO PDCA FONTE: Napoleão (2018, s.p.) Dessa maneira, Deming (1990) explica as quatro etapas do processo, que necessitam de estudo e planejamento para que as mudanças sejam colocadas e controladas, realizando uma avaliação do processo e de seus resultados. O processo é dinâmico e realimentado com informações, para que PDCA possa também ser utilizada em outro momento, garantindo a qualidade do processo. 24 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL A primeira fase do ciclo é a fase Plan em que a empresa/organização define o que é pretendido,estabelece metas, prazos, materiais, infraestrutura, métodos, enfim, o que vai precisar para alcançar os resultados pretendidos. A fase Do é a execução da proposta, também são as fases de educar, treinar, capacitar os trabalhadores para alcançar as metas. Na fase Check, cabe verificar os resultados, observar os efeitos da produção e identificar se o planejamento foi executado como previsto. Finalizando o ciclo, a Action ocorre a revisão do processo operacional e onde se procede a eventuais correções (MAXIMIANO, 1995). Assim, Deming descreveu os quatro passos do ciclo PDCA, além de estabelecer princípios para direcionar as atitudes melhorar continuamente a qualidade nas organizações (SILVA, 2006b). Os princípios de Deming se tornaram referência mundial no ensino e prática da qualidade, evoluíram com os feedbacks a partir dos resultados de experiências organizacionais em empresas que prestava consultoria ao longo dos anos e das discussões ocorridas em seminários (SILVA, 2006b). Para Motta (2003, p. 51), “os 14 princípios de Deming propõem o sistema cultural das organizações e algumas práticas comportamentais para transformar a infraestrutura dessas instituições. Alguns, porém, propõem práticas metodológicas, com vistas a aperfeiçoar ou melhorar processos e serviços”. A base da transformação da indústria americana se baseia em quatorze princípios, cada princípio é acompanhado de uma ação correspondente à atividade que busca manter a empresa em pleno funcionamento, proteger os investimentos externos e os empregos. Na administração, os princípios são aplicados em todos os setores de empresas independentemente do tamanho delas, em indústrias, serviços, organizações, entre outras (DEMING, 1990). Assim, Deming (1990) dividiu os princípios em dois blocos de quatro e dois blocos de três. No primeiro bloco o consultor estabelece que o administrador deva ver a empresa como um todo, estabelecer metas para inspeção do produto desde o primeiro estágio da produção (terceiro princípio), cortar gastos desnecessários (quarto princípio) e conscientizar-se de suas funções para assumir a liderança no processo de transformação. Os próximos princípios de Deming (1990) versam sobre que melhorar o sistema de produção (quinto princípio) favorece produtos de qualidade e diminuem custos, fornecer treinamento aos trabalhadores (sexto princípio), incentivar a liderança (sétimo princípio), incentivar o trabalho eficaz ajudando as pessoas a eliminarem o medo e funcionamento adequado de máquinas e dispositivos de trabalho, fornecer segurança ao trabalhador que o trabalho bem feito na primeira vez com custos menores, assegura a continuidade da empresa e do emprego (oitavo princípio). O consultor enfatiza a importância de valorizar os trabalhadores, investir no sistema de produção, buscando a qualidade e cortar custos desnecessários. Todos esses princípios agregam valor ao produto e atraem clientes que reconhecem a empresa e o produto. TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 25 No próximo bloco de princípios, Deming (1990) encoraja o administrador a estimular o trabalho em equipe (nono princípio), os trabalhadores envolvidos no planejamento, projetos, vendas e produção precisam interagir. As empresas buscam cada vez mais aqueles indivíduos multifuncionais e que se sentem bem dentro do clima organizacional, ajudando seus colegas a aprenderem cada vez mais (SILVA, 2006b). Eliminar jargões e frases negativas ao falar com os trabalhadores, estabelecer níveis de produtividade para encorajar a produtividade (décimo princípio). No décimo primeiro princípio, o consultor fala de estimular a liderança e objetivos, corte as palavras cotas, metas na linha de produção da empresa. Já o décimo segundo princípio cita a remoção de barreiras que privem os trabalhadores de todos os setores da empresa de se orgulharem de seu trabalho e de seu desempenho. O décimo terceiro princípio resgata a educação dos trabalhadores. Cursos, programas de capacitação devem ser estimulados e proporcionados periodicamente. O décimo quarto princípio institui a palavra transformação como símbolo da empresa. Todos engajados no processo de transformar constroem uma empresa melhor (DEMING, 1990). Os princípios de Deming não são estanques e não acontecem de maneira crescente, eles norteiam o trabalho e devem ser constantemente examinados e avaliados durante o processo. Eles buscam colocar todos os membros da empresa responsáveis por ela e pela linha de produção, somente assim a garantia de empregos e satisfação do cliente. A qualidade deve ser alcançada em todas as etapas de trabalho, para isso acontecer é preciso empenho, dedicação, educação e autoconhecimento pessoal. 4 OS GURUS DA QUALIDADE A área de qualidade em qualquer serviço/empresa/indústria começa no planejamento para execução de um produto ou serviço. Inicialmente busca por matérias-primas adequadas que compensem o investimento dos custos, produção na primeira tentativa, marketing para divulgação, venda e pós-venda. Cabe aos gestores qualidade garantir que todas essas etapas funcionem e que os clientes fiquem satisfeitos e façam um feedback positivo do serviço/ empresa/indústria. 26 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL Após a Segunda Guerra Mundial, William Edwards Deming, um dos mais prestigiados autores no campo da qualidade e consultor reconhecido internacionalmente pelo seu notável contributo para a evolução da indústria Japonesa apresenta a sua teoria da qualidade nas organizações enunciando catorze princípios e um modelo denominado cadeia de reação (DEMING, 1990). Os catorze princípios de Deming fornecem-nos um conjunto de critérios que permitem medir o desempenho da gestão (DEMING, 2000), sendo aplicáveis a qualquer organização, a qualquer indústria e qualquer departamento. Os princípios de Deming continuam válidos até aos dias de hoje e remetem-nos para a importância da motivação dos trabalhadores e responsabilidade da gestão como fatores essenciais e críticos para a verificação de melhorias efetivas nos sistemas de qualidade (GOMES, 2004, p. 10). FIGURA 4 – OS CATORZE PONTOS DE DEMING Os catorze pontos de Deming 1 Estabelecer objetivos estáveis, com vista à melhoria dos produtos e serviços; 2 Adotar a nova filosofia (de gestão da qualidade); 3 Não depender exclusivamente da inspeção para aceitar a qualidade; 4 Não utilizar apenas o preço para conduzir o negócio. Em vez disso, minimizar os custos totais, trabalhando com um único fornecedor; 5 Melhorar constantemente os processos de planejamento, produção e fornecimento de serviço; 6 Instituir a formação no posto de trabalho; 7 Adotar e instituir a liderança da direção; OS SEIS PRINCIPAIS GURUS DA QUALIDADE: • Walter Andrew Shewhart, americano, engenheiro, escreveu a famosa Carta de Controle, que desencadeou o método do Código de Endereçamento Postal (CEP). • William Edwards Deming, americano, estatístico, elaborou o PDCA. • Joseph Moses Juran, naturalizado americano, elaborou a Trilogia de Juran. • Kaoru Ishikawa, japonês, elaborou o Diagrama de Causa e Efeito ou Círculo de Ishikawa. • Armand Vallin Feigenbaum, americano, elaborou o conceito de Controle de Qualidade Total. • Philip Crosby americano, médico, criou a Teoria do Defeito Zero (DOO, 2009). NOTA TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 27 8 Eliminar o medo (de cometer erros); 9 Eliminar as barreiras funcionais entre áreas; 10 Eliminar slogans exortações e cartazes dirigidos aos trabalhadores dos níveis mais baixos; 11 Eliminar indicadores monetários para os trabalhadores e numéricos para a gestão; 12 Eliminar as barreiras que dificultam o orgulho pelo trabalho realizado. Eliminar sistemas de pontuações anuais, ou sistemas de mérito; 13 Instituir um sistema de formação e automelhoria para toda a gente; 14 Envolver toda a gente no trabalho de alcançar os objetivos da mudança. FONTE: Silva (2009, p.14) Segundo Silva (2009, p. 14), a cadeia de reação de Deming sustenta que os padrões de qualidade de uma organização devem representar uma preocupação mais importante do que a capacidade produtiva dela, uma vez que “a aposta na qualidade iniciada antes da produção (qualidade preventiva) traz agregados múltiplos benefícios, como redução de custos, redução de retrabalho, redução de falhas e melhor aproveitamento do tempo e materiais”. Isto irá possibilitar que as empresas estejam dotadas de uma força competitiva capaz de alcançar a liderança de mercados. FIGURA 5 – CADEIA DE REAÇÃO DE DEMING FONTE: Silva (2009, p. 14) Joseph Moses Juran contribuiu ao apresentar em 1951 um modelo de custos da qualidade, além de estabelecer as etapas da linha de produção. Juran é também o responsável por definir que um processo de gestão da qualidade divide-se em três fases ou processos distintos: planeamento da qualidade, controle da qualidade e melhoria da qualidade (JURAN, 1951). Essas três fases ficaram conhecidas como Trilogia de Juran. 28 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL FIGURA 6 – TRILOGIA DE JURAN FONTE: Silva (2009, p. 14) Este modelo, que divide os custos em quatro categorias: custos de falhas internas, custos de falhas externas, custos de avaliação e custos de prevenção (JURAN, 1951), “é uma ferramenta de gestão que permite justificar investimentos em programas de melhoria da qualidade” (GOMES, 2004, p. 11). Cada uma dessas fases apresenta a sua própria sequência de etapas. FIGURA 7 – PROCESSOS DE GESTÃO DA QUALIDADE E SUAS ETAPAS Quality planning Estabilish quality goals Identify who the costumers are Determine the needs of the costumers Develop product features that respond to costumer’s needs Develop processes able to produce the product features Estabilish process controls; transfer the plans to the operating forces Quality control Evaluate actual performance Compare actual performance with quality goals Act on the difference Quality improvement Prove the need Estabilish the infrastructure Identify the improvement projects Estabilish Project teams Provide the teams with resources, training and motivativation to: • Diagnose the causes • Stimulate remedies Estabilish controls to hold the gains FONTE: Juran (1951, p. 58) TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 29 Armand V. Feigenbaum defende que o trabalho de várias pessoas envolve diretamente a gestão da qualidade total integra, deve ser realizado de maneira eficaz, com a utilização de um elevado número de equipamentos e de informação (FEIGENBAUM, 1961). Para Feigenbaum (1961, p. 78), “esta eficácia não pode ser alcançada concentrando esforços numa só área do negócio; o sucesso depende da cooperação entre departamentos”. FIGURA 8 – PROCESSOS DE GESTÃO DA QUALIDADE E SUAS ETAPAS Quality planning Estabilish quality goals Identify who the costumers are Determine the needs of the costumers Develop product features that respond to costumer’s needs Develop processes able to produce the product features Estabilish process controls; transfer the plans to the operating forces Quality control Evaluate actual performance Compare actual performance with quality goals Act on the difference Quality improvement Prove the need Estabilish the infrastructure Identify the improvement projects Estabilish Project teams Provide the teams with resources, training and motivativation to: • Diagnose the causes • Stimulate remedies Estabilish controls to hold the gains FONTE: Juran (1951, p. 58) O trabalho de Philipe Crosby defende que a qualidade não tem custos, é grátis (CROSBY, 1990). A solução que este autor vem propor baseia-se nas seguintes regras: • Qualidade significa conformidade com os requisitos estabelecidos pela empresa/serviço/indústria. • Aplicar “do right first time” para a prevenção de erros. Prevenção é a palavra de ordem na produção. • Erros são inadmissíveis e inaceitáveis – “Zero Defeitos”. • Qualidade tem como única medida que o preço da não conformidade. O sucesso dessa abordagem irá depender da atitude, participação e empenho da gestão de topo, do investimento na qualificação, formação e motivação dos recursos humanos da empresa, e da capacidade de reconhecer o esforço das pessoas (CROSBY, 1990). 30 UNIDADE 1 — HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE EM SAÚDE NO BRASIL Para o japonês Kaoru Ishikawa é possível satisfazer os stakeholders adoptando o conceito de gestão pela qualidade total (MARTINS; NETO COSTA, 1998). No entanto, o esforço isolado de pequenos grupos dentro da organização não é suficiente, é preciso concertação em todos os atos de gestão. Esse autor desenvolveu o famoso diagrama de causa-efeito e é responsável pela ideia dos círculos de qualidade. O diagrama de causa-efeito ou diagrama de Ishikawa, desenhado pela primeira vez em 1943, é uma ferramenta útil que permite identificar e relacionar as diferentes causas da dispersão de qualidade (ISHIKAWA, 1971). Os círculos de qualidade foram criados com o propósito de incentivar as pessoas a se ajudarem umas às outras, estimular a procura de conhecimento e a busca de soluções para a resolução de problemas (ISHIKAWA, 1995). Após a análise de como surgiu a temática da qualidade nas organizações, torna-se importante abordar o que é realmente a qualidade e que características lhe são intrínsecas. Existem diferentes interpretações, algumas delas complementares, no entanto cada autor, símbolos de estudiosos na área da qualidade, dá maior ênfase a determinado aspecto. FIGURA 9 – DEFINIÇÕES DE QUALIDADE Autor Definição Ênfase Deming Grau previsível de uniformização e fiabilidade a um custo baixo, adequado às necessidades do mer- cado Conformidade do produto com as suas especificações técnicas. Empenho continuado da gestão de topo Juran Adequação ao uso Satisfação das necessidades dos clientes Feigenbaun Total das características de um produto ou serviço, referentes a marketing, engenharia, manufa- tura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em uso, atenderá às expectativas do cliente Satisfação do cliente Melhoria da colaboração e co- municação entre departamentos funcionais da organização Crosby Conformidade com as exigências (requisitos, especificações) Produção sem defeitos Envolvimento e motivação dos recursos humanos da organização FONTE: Silva (2009, p. 11) TÓPICO 2 — A QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 31 Segundo Silva (2009, p. 11), “qualidade deriva da palavra latina qualitate e é sinónimo da procura contínua de melhoria em todas as vertentes, desde a política e estratégia da organização até aos indicadores financeiros mais relevantes, passando pelos níveis de satisfação de todos os stakeholders”. No seu livro Managing Quality, Garvin (1988, p. 40) “considera que a qualidade pode ser definida através de diferentes abordagens”. FIGURA 10 – DEFINIÇÕES DE QUALIDADE SEGUNDO GARVIN Transcendente Características inerente e imensurável da qualidade – reconhecemo-la quando a vemos. Baseada no Produto Variáveis mensuráveis e precisas que se identificam com a qualidade de um produto. Baseada no Utilizador Perspectiva idiossincrática e pessoal da qualidade e uma das mais subjetivas. Baseada na Construção A qualidade é determinada pela procura de um produto – se as pessoas o querem é porque é bom. Baseada no Valor Envolve qualidade e preço. Pode usar qualquer uma das medidas de qualidade acima descritas, mas compara-as com o custo do produto. FONTE: Ferreira (1991, p. 43) Associadas ao seu conceito de qualidade, Garvin (1988) descreve também um conjunto de dimensões de qualidade semelhantes às medições físicas. Essas oito dimensões constam na figura a seguir. Os itens são as bases do uso da qualidade (COSTA, 2011). Assim, as organizações podem definir o seu posicionamento estratégico, identificando as dimensões da qualidade que consideram prioritárias para
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