Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Modais de transportes APRESENTAÇÃO A gestão dos modais de transportes é uma tarefa essencial da área de logística e supply chain da s empresas, perpassando os mais diversos tipos de indústrias e setores. Por exemplo, as empresa s transportadoras (COMETA e Expresso Nepomuceno, algumas das maiores do Brasil) lidam di ariamente com questões relativas ao perfil das rotas e das cargas a serem transportadas, para, ent ão, tomarem decisões estratégicas sobre como proceder com as atividades de transportes. Nesse sentido, cabe ressaltar que esse tipo de companhia trata, sobretudo, dos transportes terrestres, u ma das modalidades mais importantes no Brasil. Assim como as transportadoras rodoviárias, muitas empresas se especializam em outros modais: o aquaviário (marítimo, lacustre e fluvial), o dutoviário e o aéreo. O controle de número de viag ens realizadas, as rotas a utilizar e o perfil das cargas, bem como o acompanhamento em tempo r eal das entregas, a realização de transporte rápido, eficiente e seguro de produtos, de acordo com as especificidades dos clientes e das cargas, entre outras, são algumas das atividades que perpass am a rotina dessas empresas. É com base nesses aspectos que a gestão dos modais de transportes (nacional e internacionalmente) é uma competência essencial para a maioria dos negócios com f oco em produção, comercialização e entrega de bens materiais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a definir e descrever os diferentes sistemas de modais de transportes, suas particularidades e aplicações e vai, ainda, compreender o funcion amento dos modais terrestres, bem como aprender de forma mais detalhada quais são, e como o peram, os modais aéreo, aquaviário e dutoviário. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os diferentes tipos de modais de transporte.• Descrever tipos de modais terrestres.• Listar tipos de modais aéreo, aquaviário e dutoviário.• INFOGRÁFICO O transporte de cargas é um elemento estratégico na gestão das cadeias de suprimentos das corp orações, independentemente do setor de operações. Sendo assim, compreender as características dos diferentes modais, particularmente no que tange às distintas velocidades que podem atingir, e, portanto, os tipos de produtos e prazos aos quais mais se adequam, é de grande relevância nes se processo. Neste Infográfico, confira algumas particularidades dos três tipos de modais mais utilizados: o marítimo, o rodoviário e o aéreo, particularmente no que tange às velocidades de cada um deles. CONTEÚDO DO LIVRO No contexto da gestão da distribuição física, é importante compreender os diferentes tipos de m odais de transportes, bem como as suas especificidades e usos. O transporte ocorre por meio da condução de certa carga de um ponto de origem até um local de destino. Cada modal é apropriad o para distintas necessidades da firma, e condições e constrangimentos impostos pelo ambiente natural, geográfico e econômico da empresa. Assim, para que a gestão da distribuição física ocor ra de maneira ótima, são necessários sistemas de gestão de transportes adequados a esse context o sempre mutável. Ademais, profissionais bem qualificados na área são essenciais na etapa de ju lgamento e tomada de decisão sobre transportes e seleção de modais. Em logística e gestão da cadeia de suprimentos, a compreensão de quais modais são possíveis, s uas particularidades e especificidades são pontos relevantes por dois motivos. Primeiro, cada em presa contém particularidades e cada produto tem necessidades que fazem com que a tomada de decisão sobre as estratégias de distribuição física e o transporte não seja tão simples. Segundo, o s distintos modais são suscetíveis a variações econômicas, ambientais e políticas, portanto, o tra balho do analista é constante nesse processo de avaliação sobre quais modais escolher, e por qu e. No capítulo Modais de transporte, da obra Gestão da distribuição física, você vai estudar três as pectos relacionados ao tema: os diferentes tipos de modais de transportes; os tipos de modais ter restres; e os tipos de modais aéreo, aquaviário, dutoviário. Boa leitura. GESTÃO DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA Marcos Vinícius Isaias Mendes Modais de transporte Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os diferentes tipos de modais de transporte. Descrever os tipos de modais terrestres. Listar os tipos de modais aéreo, aquaviário e dutoviário. Introdução No contexto da gestão da distribuição física, é importante compreender os diferentes tipos de modais de transporte, bem como suas especifici- dades e usos. O transporte se dá por meio da condução de uma certa carga de um ponto de origem até um local de destino. Cada modal é apropriado para distintas necessidades da firma e para diversas condições e constrangimentos impostos pelos ambientes natural, geográfico e econômico da empresa. Assim, para que a gestão da distribuição física ocorra de maneira ótima, são necessários sistemas de gestão de transporte adequados a esse contexto sempre mutável. Além disso, profissionais bem qualificados na área são essenciais na etapa de julgamento e tomada de decisão sobre transportes e seleção de modais. Em logística e gestão da cadeia de suprimentos, a compreensão de quais modais são possíveis, bem como quais são as suas particularidades e especificidades, é um ponto relevante por dois motivos. Primeiro, cada empresa possui particularidades, e cada produto possui necessidades que fazem a tomada de decisão sobre estratégias de distribuição física e transporte não ser tão simples. Segundo, os distintos modais são suscetí- veis a variações econômicas, ambientais e políticas, portanto, o trabalho do analista é constante nesse processo de avaliação sobre quais modais escolher e por quê. Neste capítulo, você estudará sobre os diferentes tipos de modais de transporte. Além disso, conhecerá os tipos de modais terrestres, bem como os tipos de modais aéreo, aquaviário e dutoviário. 1 Diferentes tipos de modais de transporte A literatura especializada aponta que existem cinco modais de transporte em logística e cadeia de suprimentos, são eles: rodoviário, ferroviário, aé- reo, aquaviário e dutoviário. O modal rodoviário refere-se ao transporte realizado por meio de estradas e autopistas, mais conhecidas como rodovias. Por exemplo, os transportes realizados por automóveis, ônibus, caminhões e carretas enquadram-se nessa categoria. O modal ferroviário refere-se ao transporte realizado via trens e locomotivas, mais utilizado no escoamento de grãos e commodities correlatas. O modal aéreo, evidentemente, diz respeito ao transporte via aeronaves, mais direcionado a produtos sensíveis (p. ex., fl ores) e que exigem entrega rápida, muitas vezes para longas distâncias. O modal aquaviário, por sua vez, é aquele realizado via mares ou rios. Apesar de ser relativamente lento, é indicado para o transporte de longa distância de cargas pesadas e volumosas. Por fi m, o modal dutoviário refere-se ao transporte realizado pela passagem de líquidos (p. ex., petróleo e gás) por dutos, geralmente subterrâneos ou subaquáticos. Na dinâmica dos transportes logísticos, vários fatores devem ser levados em consideração pelas empresas na determinação dos modais mais apropriados, os quais devem ser indicados para cada tipo de mercadoria a ser transportada. Alguns desses fatores são apresentados a seguir. Velocidade A velocidade é importante para o remetente que deseja comercializar seus bens de modo a entregá-los no tempo mais curto possível, bem como para eliminar os encargos bancários causados por cargas em longo período em trânsito. Para tanto, deve-se selecionar o serviço mais rápido disponível, obtendo, assim, o mínimo intervalo entre o momento em que os bens são pedidos/despachados e a data de entrega no seudestino (BRANCH, 2008). Frequência A frequência do serviço é um fator-chave na operação logística global, sobre- tudo na gestão da cadeia de suprimentos internacional. Ela é mais importante quando as mercadorias só podem ser vendidas em pequenas quantidades em intervalos frequentes. Isso pode ser observado em produtos “da moda”, como roupas de alto valor agregado, a exemplo de vestidos de grife com estoque Modais de transporte2 limitado. Em virtude da sua alta frequência de serviço e velocidade, o frete aéreo favorece tais critérios (BALLOU, 2006). Imagine a seguinte situação: uma grife de vestidos de inverno precisa transportar e distribuir os lotes de sua última coleção para a Europa, América e Ásia. A grife poderia efetuar o transporte por navio? Ou, com uma frequ- ência diminuta, poderia primeiro enviar o lote para a Europa, depois para a América e, por fim, para a Ásia? É evidente que não. Como se trata de uma mercadoria de temporada, sazonal, se as entregas não forem feitas com alta frequência e velocidade, os itens correm o risco de não serem vendidos, ou de não chegarem a tempo. Empacotamento A embalagem é uma área-chave no que tange aos transportes internacionais. Os bens enviados por via aérea, por meio de contêineres e via paletização, exigem menos embalagem. Existe uma grande variedade de empacotamentos: embalagem termoencolhível para paletes; carga presa ao palete; envolvimento plano para móveis de cozinha e sala de jantar, como cadeiras de madeira; recipientes de plástico, como caixas pesadas, que são empilháveis; bandejas plásticas reutilizáveis de alta resistência para frutas; e caixas de papelão, amplamente utilizadas. Contudo, uma série de fatores precisa ser considerada: risco de avariar o produto; custo; valor da carga; modo de transporte; cobertura do seguro e dimensão/confi guração da carga; frequência de movimentação da carga, entre outros (NOVAES, 2007). Seguro A embalagem e o seguro nem sempre são identifi cados como centrais na gestão da cadeia de suprimentos, ou como áreas de melhoria potencial e de redução de custos. Quando as mercadorias são transportadas de um país para outro, elas passam por diferentes regimes legais que governam o con- trato. Para reduzir as incertezas que podem surgir, por exemplo, em casos de sistemas jurídicos confl itantes, foram criadas convenções internacionais que regulamentam o transporte de mercadorias entre fronteiras, a fi m de limitar a responsabilidade das transportadoras. Essas convenções incluem: Regras de Hague-Visby, para transporte marítimo; Convenção CMR, para transporte rodoviário; Convenção COTIF, para transporte ferroviário; e Convenção de Varsóvia, para transporte aéreo. 3Modais de transporte Armazenamento O armazenamento refere-se à disposição das cargas antes e após o transporte, à sua alocação física e aos critérios de acondicionamento. Alguns dos fatores importantes a serem analisados pelos analistas de logística são os seguintes: quais são as condições adequadas de armazenamento para cada tipo de carga? As cargas estão acondicionadas, seguras e livres de interferências externas que poderiam avariá-las? Com base nessa série de elementos e nas estratégias logísticas dos distintos modais, pode-se estudar mais detalhadamente os principais modelos de modais terrestres, aquáticos e aéreos, bem como outras va- riações. A Figura 1, a seguir, apresenta diferentes modais de transporte com uso de contêiner. Figura 1. Diferentes modais de transporte e o uso do contêiner. Fonte: Mascha Tace/shutterstock.com. Modais de transporte4 2 Os modais terrestres Os dois principais modais terrestres são o rodoviário e o ferroviário, analisados mais detalhadamente a seguir. Rodoviário O modal rodoviário é mais utilizado em transportes logísticos locais, regionais e nacionais, sobretudo no Brasil, uma vez que ele está restrito a países com contiguidade geográfi ca ou àqueles que não estão muito distantes. De acordo com dados do IBGE (GEOCIÊNCIAS, 2019), é o modal de transporte mais utilizado no Brasil (61,1% de toda a carga transportada em 2015), devido, principalmente, a uma característica estrutural da infraestrutura do país: a malha rodoviária é mais desenvolvida e disponível do que os outros modais de transporte. Sendo assim, seria possível, por exemplo, realizar um transporte de cargas entre a região Sul do Brasil e a região Norte da Argentina, em virtude da proximidade geográfica relativa. No entanto, dificilmente poderíamos utilizar esse modal para o transporte de cargas entre Brasil e Estados Unidos, não apenas pela distância, mas também pelo longo prazo que isso acarretaria (GAITHER, 2001). Todavia, no Brasil, o modal rodoviário possui vários problemas, os quais estão relacionados, sobretudo, a deficiências infraestruturais históricas do país. De acordo com Dias e Ribeiro (2013), algumas dessas deficiências incluem: problemas na legislação quanto à fiscalização e ao monitoramento; inefici- ência no financiamento à melhoria da infraestrutura; baixos investimentos governamentais e privados; e infraestrutura rodoviária com problemas no pavimento e na sinalização. Assim, ainda que a infraestrutura das rodovias seja melhor e mais disponível que a de modais como o ferroviário e o aquaviário, a precariedade de muitas dessas rodovias — sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, menos privilegiadas — causa sérios problemas para o escoamento de cargas e mercadorias que utilizam esse modal. Um dos problemas ocasionados por essa relativa precariedade infraestrutu- ral refere-se aos riscos de acidentes, além do fato de que há um grande nível de desgaste dos veículos, o que acaba aumentando o tempo de deslocamento das mercadorias transportadas. O risco de roubos e saques também afeta empresas e trabalhadores da área. Outra consequência das deficiências infraestruturais diz respeito ao valor dos fretes, que se tornam consideravelmente mais caros 5Modais de transporte devido a esses problemas. Logicamente, isso impacta de forma negativa a competitividade de empresas transportadoras e, por consequência, diminui a eficiência das cadeias de suprimentos de forma geral. O modal rodoviário apresenta vantagens e desvantagens. Uma das vantagens é a possibilidade de deslocar produtos de um ponto de origem a qualquer ponto de destino de forma prática. Diz-se, portanto, que o rodoviário é um modal porta a porta. No entanto, esse modal também possui muitas desvantagens, como o limite de pesos e volumes de capacidade de carga e o alto índice de poluição por gases causadores das mudanças climáticas, como o CO2. Ademais, o transporte de longas distâncias não é recomendado pelo modal rodoviário, visto que as vias aquaviárias, marítimas e aéreas são mais apropriadas nessas situações (BALLOU, 2006). Ferroviário O modal ferroviário (Figura 2) caracteriza-se, principalmente, por sua capacidade de transportar grandes volumes. Segundo Ferreira (2011), esse modal tem como característica principal o atendimento a longas distâncias e grandes quantidades de carga com menor custo de seguro e frete. O autor aponta, ainda, que o Brasil possui aproximadamente 20.000 Km de ferrovias, o que ainda é considerado bem abaixo do ideal. Outras características do modal ferroviário são baixo consumo energético por unidade transportada e menor índice de roubos/furtos e acidentes em relação ao transporte rodoviário. Conforme Oliveira (2012, p. 132), analisando especificamente o modal ferroviário no estado de São Paulo, observa-se que: O modal ferroviário de longa distância foi praticamente todo concedido, e é fiscalizado por órgãos federais como a ANTT e o Departamento Nacional de Infraestruturas de Transportes Terrestres (DNIT). No Estado de São Paulo, as principais empresas privadas que administram o transporte ferroviário são a América Latina Logística (ALL) e a MRS. Sendo assim, nesse estado, o modal ferroviário caracteriza-se por ser prati- camente todo privatizado,de modo que é subutilizado, considerando-se o seu potencial. Além disso, em sua dimensão federal, outros desafios enfrentados pelo modal ferroviário são os seguintes: gargalos logísticos e operacionais; Modais de transporte6 problemas em áreas urbanas; malhas dispersas e não integradas, com divisão de áreas regionais e dificuldade de circulação entre concessionárias; e diversidade de bitolas (OLIVEIRA, 2012). Conforme Ornellas e Campos (2008, p. 71): [...] os custos fixos do transporte ferroviário são considerados elevados, porém seus custos variáveis são baixos. Serviços como carregamento, descarrega- mento, manobras no pátio, faturamento e cobrança contribuem para os altos custos fixos, mas um grande volume de carga serve para uma redução signi- ficativa dos custos por unidade de peso, resultando na economia de escala. Figura 2. Trem utilizado para carregamento de cargas. Fonte: Vale (2017, documento on-line). Em relação ao modal ferroviário no estado de São Paulo, o mais rico do Brasil, as ferrovias são praticamente todas concedidas, isto é, o modal foi privatizado. Esse é um aspecto interessante para o debate sobre investimentos públicos e privados na infraestrutura de transportes. Nessa discussão, com difícil consenso entre os analistas, o que se sabe é que a privatização — apesar de, em alguns casos, melhorar a qualidade da infraestrutura —, com toda certeza, aumenta consideravelmente o custo final do modal ferroviário. 7Modais de transporte 3 Os modais aéreo, aquaviário e dutoviário A seguir, são apresentados os modais aéreo, aquaviário e dutoviário em mais detalhes. Aquaviário Segundo o IPEA (POMPERMAYER; CAMPOS NETO; PAULA, 2014, p. 22), o modal aquaviário é considerado o meio de transporte mais efi ciente e com menor custo, visto que: [...] o consumo de combustível e o custo associado aos veículos são em geral menores que nos modos terrestre (rodoviário e ferroviário) e aéreo. Essas características são mais importantes para o transporte de produ- tos de baixo valor agregado e que envolvam grandes volumes, uma vez que, neste caso, o transporte representa uma porcentagem significativa do valor comercializado. Isso contrasta com os produtos de alto valor agregado, caso em que o tempo passa a ter maior relevância. Além disso, o transporte pelas águas costuma se valer de vias naturais preexistentes, o que reduz o custo associado à implantação das vias, que é alto em ferrovias e rodovias. A seguir, são detalhados os modais hidroviário e marítimo. Hidroviário Em geral, os transportes hidroviários (marítimos, fl uviais ou lacustres) são utilizados para cargas pesadas e a largas distâncias. Apesar disso, os prazos frequentemente são longos, ao passo que os preços pagos costumam ser medianos. O transporte por rios e lagos deve ser priorizado sempre que possível. No caso do Brasil, o transporte hidroviário deve ser utilizado para o transporte de grãos, como milho e soja, e outras commodities agrícolas, como cana-de-açúcar, cultivos predominantes em regiões como Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Modais de transporte8 Para saber mais sobre o transporte hidroviário, leia o texto Hidrovias No Brasil: Perspectiva Histórica, Custos E Institucionalidade, de Pompermayer, Campos Neto e Paula, disponível no site Econstor, o qual fornece um excelente e atualizado panorama sobre os trans- portes hidroviários no Brasil. A leitura é fundamental para entender a importância e a relevância econômica desse modal para o desenvolvimento do país. Marítimo A vasta maioria dos transportes internacionais é realizada através do modal marítimo, com o uso de navios de carga (Figura 3). No entanto, para o uso desse modal em lagos e rios, faz-se necessário que haja contiguidade entre os diferentes países, uma situação rara. O transporte marítimo apresenta três características principais: Grande capacidade: grandes massas a granel ou contêineres podem ser transportados. Por exemplo, os grandes navios petroleiros, chamados de ULCC (do inglês ultra large crude carrier), têm capacidade para mais de 500.000 TPM (toneladas de peso morto). Os maiores navios porta-contêineres têm capacidade para até 23.756 contêineres de 20 pés. Nível internacional: o transporte marítimo o melhor meio de se mo- vimentar grandes volumes de mercadorias entre dois pontos geografi- camente distantes. Além disso, o desenvolvimento de “autoestradas” marítimas e o transporte marítimo de curta distância permitem a combinação do transporte marítimo com outros modais de transporte. Flexibilidade e versatilidade: a flexibilidade refere-se à possibilidade de usar embarcações de tamanhos pequenos (100 TPM) até muito grandes, incluindo aí os grandes navios petroleiros. Já a versatilidade refere-se ao fato de que navios de vários tamanhos, adaptados a todos os tipos de carga, estão disponíveis: além dos cargueiros tradicionais, existem navios porta-contêineres, navios-tanque de metano, para carga rolante, carga refrigerada e granel sólido, entre outros. 9Modais de transporte Figura 3. Navio de carga em operação. Fonte: Avigator Fortuner/Shutterstock.com. Aéreo O transporte internacional aéreo é, sem dúvidas, o mais caro, devido às grandes distâncias e às especifi cidades dos produtos transportados por meio desse modal (p. ex., bens de luxo, produtos muito sensíveis, produtos rapidamente perecíveis, etc.). É utilizado no transporte de itens que necessitam de entrega urgente e mercadorias com pouco peso e volume (NOVAES, 2007). Além disso, o transporte aéreo tem se benefi ciado, nos anos recentes, pelo crescente número de frotas e rotas aeroviárias. Segundo Ferreira (2011), o modal aéreo é adequado para mercadorias de alto valor agregado, pequenos volumes e urgência de entrega. Ele possui algumas vantagens sobre os demais modais, pois é mais rápido, além de ser mais viável para remessas, como bagagem, peças de reposição, produtos eletrônicos, mercadoria perecível, brindes, medicamentos, amostras laboratoriais, entre outras. A cidade de São Paulo, no Brasil, é a cidade com melhor infraestrutura logística, comparativamente ao restante do país, embora aeroportos como Congonhas e Guarulhos estejam próximos da saturação (OLIVEIRA, 2012). No entanto, “[...] as taxas de frete aéreo excedem as do rodoviário por mais de duas vezes e as do ferroviário, por mais de dezesseis vezes” (ORNELLAS; CAMPOS, 2008, p. 73). Portanto, esse modal excede consideravelmente os valores dos demais modais. Em relação aos custos, tanto os fixos (compra ou leasing de aeronaves, etc.) quanto os variáveis (combustível, manutenção e mão de obra) são consideravelmente altos (ibidem). Modais de transporte10 Dutoviário Como o nome já diz, o modal dutoviário refere-se ao transporte através de dutos ou tubos. O transporte dutoviário é uma alternativa lenta, com custo de frete muito baixo, porém permite a movimentação de carga sem interferência de variáveis externas (p. ex., congestionamentos). Para viabilizar esse meio de transporte, há necessidade de infraestrutura, pois dutos, pontos de recepção, sistemas de suporte e estações de movimentação de carga são críticos para a realização de transporte por esse modal. Em virtude do grande volume de investimento necessário, o transporte dutoviário é ainda incipiente no Brasil. Além disso, há a limitação de tipo de carga: mercadorias em estado líquido ou gasoso são as indicadas para esse tipo de transporte. Conforme Souza Filho, Alves e Ferreira Filho (2006, p. 1874), o problema de distribuição dutoviária pode ser dividido em algumas categorias: Quanto ao número de dutos utilizados: um único duto ou dois ou mais dutos (rede de dutos). Quanto à quantidade de produtos escoados: um único produto ou dois ou mais produtos (polidutos). Quanto à quantidade de destinações (recebem os produtos escoados): um único destino ou dois ou mais destinos. Quanto à quantidade de fontes (produzem os produtos escoados): umaúnica fonte ou duas ou mais fontes. Desse modo, o transporte dutoviário é matematicamente complexo e um grande desafio para engenheiros de produção e de transportes. Não é para menos que, segundo Ornellas e Campos (2008, p. 74): [...] os dutos apresentam o maior custo fixo e o menor custo variável entre todos os tipos de transporte. O alto custo fixo é resultado do pagamento pelo direito de passagem, da construção e da necessidade de controle das estações, além da manutenção da capacidade de bombeamento e dos próprios dutos. Como não há necessidade de mão de obra intensiva durante as operações de transporte, o custo variável é extremamente baixo após sua construção. Entretanto, em notas positivas, observa-se que esse modal transporta de forma segura e para longas distâncias. Além disso, ele permite que se dispense arma- zenamento, simplifica a carga e a descarga, reduz o custo de transporte (custo variável) e proporciona um menor índice de perdas e roubos (FERREIRA, 2011). 11Modais de transporte O capítulo “Transporte de Cargas no Brasil: Estudo Exploratório das Principais Variáveis Relacionadas aos Diferentes Modais e às suas Estruturas de Custos”, de Peter Wanke e Paulo Fleury, é uma excelente referência para entender melhor sobre os custos e as especificidades dos transportes de cargas no Brasil contemporâneo. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BRANCH, A. E. Global supply chain management and international logistics. London: Routledge, 2008. DIAS, A. C. S.; RIBEIRO, M. M. Um estudo sobre a infraestrutura existente no Brasil para o transporte de cargas. Intellectus, ano 9, n. 23, 2013. Disponível em: http://www.revis- taintellectus.com.br/ArtigosUpload/23.240.pdf. Acesso em: 19 maio 2020. FERREIRA, M. A. Tipos de modais. Techoje, 2011. Disponível em: http://www.techoje. com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/670&. Acesso em: 20 maio 2020. GAITHER, N. Administração da produção e operações. 8. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. GEOCIÊNCIAS. IBGE mapeia a infraestrutura dos transportes no Brasil. Rio de Janeiro: Agên- cia IBGE, 2019. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de- -imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/14707-asi-ibge-mapeia-a-infraestrutura- -dos-transportes-no-brasil. Acesso em: 20 maio 2020. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2007. OLIVEIRA, C. A. Infraestrutura de transportes: análise dos principais modais no estado de São Paulo. Formação, v. 1, n. 19, p. 124-150, 2012. Disponível em: https://revista.fct. unesp.br/index.php/formacao/article/view/1029/1718. Acesso em: 20 maio 2020. ORNELLAS, A.; CAMPOS, R. Características de modais de transporte e requisitos para simulações na área de logística. Gest Prod Oper Sist, v. 3, n. 3, p. 69, 2008. Disponível em: https://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/view/469/189. Acesso em: 20 maio 2020. POMPERMAYER, F. M.; CAMPOS NETO, C. Á. S.; PAULA, J. M. P. Hidrovias no Brasil: perspec- tiva histórica, custos e institucionalidade. Brasília, DF: Ipea, 2014. Disponível em: https:// www.econstor.eu/bitstream/10419/121587/1/797027513.pdf. Acesso em: 20 maio 2020. Modais de transporte12 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. SOUZA FILHO, E. M.; ALVES, V. R. F. M.; FERREIRA FILHO, V. Utilização de técnicas de pes- quisa operacional em problemas de distribuição dutoviária: uma revisão. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA OPERACIONAL, 38., 2006, Goiânia. Anais [...]. Maringá: UEM, 2006. Disponível em: http://www.din.uem.br/~ademir/sbpo/sbpo2006/pdf/arq0086. pdf. Acesso em: 20 maio 2020. VALE. Quer viajar de trem no carnaval? As passagens para o período já estão à venda! Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/news/Paginas/ quer-viajar-de-trem-no-carnaval-as-passagens-para-o-periodo-ja-estao-a-venda.aspx. Acesso em: 20 maio 2020. Leitura recomendada WANKE, P. F.; FLEURY, P. F. Transporte de cargas no Brasil: estudo exploratório das principais variáveis relacionadas aos diferentes modais e às suas estruturas de custos. In: DE NEGRI, J. A.; KUBOTA, L. C. (org.). Estrutura e dinâmica do setor de serviços no Brasil. Brasília, DF: IPEA, 2006. p. 409-464. 13Modais de transporte DICA DO PROFESSOR A gestão da distribuição física envolve uma série de fatores-chave que, muitas vezes, definem o modal de transporte que será adotado. Esses fatores-chave envolvem certos tipos de julgamento e tomada de decisão, associados à função logística da empresa. Sendo assim, dizem respeito a el ementos, como: características físicas da carga, tempo e prazos definidos com os clientes, agilid ade e rapidez das empresas de transportes subcontratadas, preços e custos com fretes, seguros e combustíveis, entre outros. Nesta Dica do Professor, você irá estudar três dos fatores-chave na seleção dos modais de transp ortes. Com isso, conseguirá entender como ocorre a tomada de decisão gerencial envolvida na se leção dos distintos modais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. NA PRÁTICA Muitas tecnologias têm sido desenvolvidas na área de controle e informação e podem ser utiliza das para a logística. Uma dessas tecnologias é a blockchain: uma tecnologia de registro distribuí do que visa à descentralização como medida de segurança. Veja, Na Prática, como as tecnologias emergentes têm afetado os modais logísticos. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/93d7a1c8a4e853074e0b0786366aaf3b SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Território e circulação: transporte rodoviário de carga no Brasil É importante analisar a dependência do Brasil no que tange ao modal terrestre. Por que isso ocor re? Quais características do Brasil (mercadológicas, infraestruturais, culturais, políticas e econô micas) contribuem para o uso tão destacado desse modal? Essa análise é relevante não apenas pa ra empresas transportadoras e operadores logísticos empresariais (analistas), como também para estudantes e pesquisadores da área. Assim, o link da tese doutoral a seguir nos ajuda a responder boa parte dessas perguntas, sendo uma leitura crucial. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. O Transporte de cabotagem e longo curso e as recentes transformações no setor portuário e marítimo brasileiro O frete é um dos grandes componentes dos custos logísticos internacionais, em particular nos tra nsportes marítimos. Por que isso ocorre? Para ajudar a responder a essa pergunta, o link disponi bilizado é de um artigo científico que analisa detalhadamente o transporte marítimo no Brasil e no mundo, as razões para a escolha desse modal e os modos como essa prática ocorre. A compar ação desse modal com outros tipos de modais também fica evidenciada no texto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. O Transporte de Cargas no Brasil e sua Importância para a Economia O Brasil possui uma diversificada rede de sistemas de transporte, que contribui com o desenvolv imento econômico e com a integração do país, os modais de transporte aéreo, aquaviário, ferrovi https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-04112013-130623/publico/2013_DanielMonteiroHuertas_VCorr.pdf https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/882/1/TransporteCabotagem.pdf ário e rodoviário se complementam, permitindoo escoamento de produtos entre as regiões. Cad a um desses modais apresentam vantagens e desvantagem, sendo possível escolher o mais rentáv el conforme as necessidades. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/handle/123456789/3003/O%20Transporte%20de%20Cargas%20no%20Brasil%20e%20sua%20Import%C3%83%C2%A2ncia%20para%20a%20Economia.pdf?sequence=1
Compartilhar