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Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 1 CONDUÇÃO CARDÍACA Nó sinusal → nó atrionvetricular → ramos direito e esquerdo do feixe de Hiss → fibras de Purkinje. Se alguma coisa acontece na transferência desses elétrons para o nó atrioventricular, tem-se possivelmente, uma bradiarritmia, sendo estas, na maioria das vezes, relacionadas com o bloqueio atrioventricular (BAV). O BAV pode ser um prolongamento muito elevado do intervalo PR ou prolongamentos consecutivos que terminam em abolição de transporte dos elétrons. BAV 1º GRAU • P --- QRS. • Intervalo PR (começa no início da onda P e termina no início do QRS) prolongado. Imagem: intervalo PR >200 milissegundos. SIGNIFICADO CLÍNICO • Geralmente assintomáticos e sem repercussão clínica importante (não necessitando de tratamento), exceto se o intervalo PR for extremamente prolongado (ex: >400ms) No entanto, é importante observar se não vai ter evolução para um BAV avançado ou interferência com outras dinâmicas cardíacas, promovendo bradicardia mais intensa. TRATAMENTO BRADICARDIA COM REPERCUSSÃO CLÍNICA • Atropina: 0,5 mg IV (repetir a cada 5 minutos com dose máxima de 3mg). A ampola de atropina tem 0,25mg (metade da dose necessária para um adulto). Então, pode-se fazer até 12 ampolas, de 2 em 2, a cada 5 minutos. BAV 2º MOBITZ 1 • P -- QRS, P ---- QRS, P ------ QRS, P, P – QRS, P - --- QRS, P – QRS, P, P – QRS ... • ¨Bloqueio mineiro¨: No início, intervalo PR curto, no tempo certo. Logo após, começa a ter um atraso, que vai aumentando, até que chega um momento em que vira uma onda P amputada (onda P sem intervalo QRS). 1. Estímulo: nó sinusal → nó atrioventricular → ventrículo. Tempo normal. 2. Estímulo: nó sinusal → nó atrioventricular (trava o estímulo) → ventrículo. 3. Estímulo: nó sinusal → nó atrioventricular (trava o estímulo por um tempo maior) → ventrículo. BRADIARRITMIAS Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 2 4. Estímulo: nó sinusal → nó atrioventricular (trava e não libera o estímulo). Onda P sem QRS. Resumo: não existe condução ventricular em determinadas partes do traçado. Importante: Fenômeno de Wenckebach: onda P amputada em BAV 2º Mobitz 1. SIGNIFICADO CLÍNICO • Associa-se a IAM de parede inferior: normalmente o bloqueio é transitório e secundário a vagotomia das primeiras 06h de IAM – Reflexo Bezold-Jarich, porém pode evoluir para BAVT. TRATAMENTO BRADICARDIA COM REPERCUSSÃO CLÍNICA • Atropina: 0,5mg IV (repetir a cada 5 minutos com dose máxima de 3mg). • Dopamina: 2-10 mcg/Kg/min IV. É raro usar dopamina em MOBITZ 1 nos bloqueios simples, mas pode ser utilizada caso refratário a atropina. BAV 2º MOBITZ 2 • Bloqueio avançado: P,P -- QRS, P, P -- QRS, P, P ... • ¨Bloqueio carioca¨: QRS sim, QRS não. Presença de 2 ondas P entre 2 QRS no traçado. Importante: é perigoso um bloqueio de ramo dentro de uma FA ou de um IAM, mas dentro de um bloqueio atrioventricular é muito pior, pois o paciente, na maioria das vezes, instabiliza, necessitando de marcapasso transvenoso ou transcutâneo de urgência. TRATAMENTO – MARCAPASSO • Tipo – transcutâneo – implantes as pás do DEA. • Realizar sedação adequada no paciente. • Acionar modo marcapasso. • Selecionar modo marcapasso (sincronizado X não sincronizado). • Programar a FC e a corrente elétrica. • Avaliar a resposta hemodinâmica: não deixe o marcapasso transcutâneo por mais de 1 hora no paciente. TRANSCUTÂNEO, TRANSVENOSO E DEFINITIVO: • O tratamento é com marcapasso. • Transcutâneo: O indivíduo toma aproximadamente 60 choques (pele) por minuto. Na maioria das vezes, para analgesia, é utilizada morfina em bomba ou, até mesmo, fentanil em baixas doses. • Transvenoso: melhor, mais seguro, menos doloroso. O choque é dado diretamente no músculo cardíaco, portanto, a energia utilizada é muito menor. Não disponível em todos os lugares, e necessidade de habilidade e experiência. • Definitivo: ideal. Importante: Se o paciente conseguir sustentar só com dopamina, é aconselhável não passar o marcapasso transcutâneo, e sim, esperar pelo transvenoso ou definitivo. DOPAMINA: • Dopamina: 2-10 mcg/Kg/min IV. • A ampola tem 50mg/10mL. • A solução padrão da dopamina (correr em infusão contínua) tem 05 ampolas em 200mL de soro glicosado a 5%. O cálculo a seguir serva para qualquer cálculo em infusão contínua: Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 3 A concentração de uma solução dessa é igual a soluto/solvente → 5 ampolas de dopa (5 X 50mg – quantidade de dopa que tem em cada ampola) / 50 mL (cada ampola tem 10ml) + 200 mL (soro de diluição). ❖ Ampola – 50mg/10mL ❖ Solução padrão – 05 ampolas + 200 mL de SG5% ❖ [C} = Soluto/solvente = 5X50mg / 50mL + 200 mL ❖ [C] = 250mg/250mL → 1mg/1mL → 1000mcg/mL Fórmula: vazão (ml/h – é o que programa na bomba de infusão) = dose (mcg/kg/min) x massa (kg – usa o peso predito) x 60 / [C – concentração da dose]. Esse “60” é um fator de conversão fixo, para transformar minuto em hora (mcg/kg/min → hora). ❖ Vazão (mL/h) = Dose (mcg/Kg/min) X massa (kg) X 60 / [C] ❖ Vazão (mL/h) = 5(mcg/Kg/min) X 70(Kg) X 60 / 1000 ❖ Vazão (mL/h) = 21mL/h. Lembrete: Dopamina é dose dependente, sendo droga vasoativa >10mcg. Melhores drogas vasoativas: noradrenalina, adrenalina e vasopressiva. BAVT – BAV 3º GRAU • P -- QRS, P, P ---- QRS, P – QRS, P --- QRS, P, P - -- QRS ... • Não tem nenhum estímulo do nó sinusal que chegue no ventrículo. Apesar de não passar nenhum estímulo do sinusal para o feixe de His, as fibras de Purkinje tem algum poder para contração ventricular. Quando essas fibras assumem, o paciente precisa ficar em repouso absoluto. Os batimentos ficam muito baixos (30- 35bpm), porém é uma forma de sobreviver até implantar um marcapasso transvenoso ou definitivo ou, atém mesmo, administrar atropina ou dopamina. ❖ Completa desorganização, assincronia entre o átrio e o ventrículo. Dica de como reconhecer um BAVT: veja se tem onda P entre QRS e T. Em que mundo o átrio vai contrair quando o ventrículo está no auge da contração? Além disso, onda P fundida com outra onda também é indicativo de bloqueio atrioventricular de 3º grau. Observação: no eletro, o QRS final é maior (maior amplitude de onda) que todos os outros QRS, porque juntou a onda P, ou seja, aconteceu contração atrial e ventricular ao mesmo tempo. A distância entre 2 ondas Ps (em vermelho) é sempre a mesma, pois quem está mantendo o ritmo da distância atrial é o nó sinusal. Observação: Pode coexistir BAVT com FA, como por exemplo, da doença de chagas ou estado avançado da ICC. ¨Coexistência maligna¨. * O BAVT pode responder bem a drogas. O que não responde bem é bloqueio com QRS largo. ❖ Onda P, QRS, onda P antes da T (patognomônico de BAVT). ❖ Onda P, onda P, QRS largo (prognóstico pior), onda T negativa, onda P, QRS largo, onda P. Depois da onda P vem uma T negativa (diagnóstico de BAVT). SIGNIFICADO CLÍNICO a) Doença de Lenégre: Doença fibro-degenerativa da junção AV. É a causa mais comum de bloqueios infranodais. b) IAM de parede inferior: às vezes é um BAVT transitório, às vezes não. É a segunda causa mais importante destes bloqueios. c) Endocardite infecciosa, amiloidose e sarcoidose. TRATAMENTO - MARCAPASSO • Tipo – transcutâneo – implantes as pás do DEA. • Realizar sedação adequada no paciente. Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 4 • Acionar modo marcapasso. • Selecionar modo marcapasso (sincronizado X não sincronizado). • Programar a FC e a corrente elétrica. • Avaliar a resposta hemodinâmica: não deixe o marcapasso transcutâneo por mais de 1 hora no paciente. O tratamento é com marcapasso definitivo, e até lá, usa-se o transcutâneo outransvenoso ou, se o paciente tiver assintomático ou oligoassintomático, usa dopamina. ALGORITMO DO TRATAMENTO DA BRADICARDIA ❖ Assintomática: ❖ Observar e monitorizar. ❖ Sintomática: ❖ Atropina: 0,5 mg IV de 3-5 minutos. Se não resolver, fazer: ❖ Dopamina: 2-10 mcg/kg/min ou ❖ Adrenalina: 2-10 mcg/min Se for BAVT ou BAV de 2º Mobitz 2 manda para o marcapasso definitivo. ❖ Critérios de instabilidade hemodinâmica (hipotensão, rebaixamento, dor torácica e dispneia) precisa de um marcapasso de urgência. EXEMPLOS DE ELETRO ❖ Laudo: BAV 1º grau. ❖ Distância entre as ondas P, QRS largo, intervalo PR>200ms. ❖ Laudo: BAVT + IAM com supra de parede inferior. ❖ Onda P, QRS, P, QRS, P, T. Assincronia. ❖ A distância entre as 2 ondas P é completamente diferente da distância entre 2 QRS. Importante: ao ver BAVT, tem que procurar hipotireoidismo e supra. Lembrar que uma das principais causas de BAVT é infarto de parede inferior. IMPORTANTE • BAVT e BAV de 2º Mobitz 2 são as 2 principais indicações de marcapasso. • Taquiarritmias e Bradiarritmias são sempre analisadas no DII longo.
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