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Lúpus Eritematoso sistemico 1 Lúpus Eritematoso sistemico Status Reumato Assign Introdução O lupus é uma doença inflamatória cronica, pouco frequente e com etiologia pouco conhecida (ha presença de componente genético e ambienteal) Acomete mais mulheres jovens, afetando múltiplos órgãos e sistemas (as manifestações variam para cada paciente) A doença não tem cura e a destruição de células e tecidos varia de pessoa para pessoa. Varia entre períodos de maior atividade e períodos de remissão (o objetivo é deixar o paciente em remissão) Epidemiologia Há preferencia por certos grupos raciais, como asiáticos, afro-americanos e hispano-americanos (raça negra maior que raça branca nos EUA). Acomete 9 mulheres a cada 1 homem, sendo que na infancia essa prevalencia é menor (3 mulheres para cada homem). Mais de 60% dos casos se iniciam entre 16 e 55 anos. Mortalidade: Apresenta uma curva bimodal, ou seja, o primeiro pico acontece no estágio inicial da doença, em decorrencia da própria atividade do lúpus ou como complicação do tratamento (drogas imunossupressoras, que predispoem a infecções) e o segundo pico de mortalidade esta relacionado a causas cardiovasculares. Atualmente a sobrevida é de cerca de 90% Lúpus Eritematoso sistemico 2 Etiopatogenia Possui causa multifatorial, podendo envolver susceptibilidade genética. Alguns pacientes irão apresentar variações genéticas que irão promover uma ativação da imunidade inata e adaptativa. Ao mesmo tempo essas mutações, podem levar a um aumento da produção de antígenos próprios. Além disso, simultaneamente ao aumento da susceptibilidade genética, temos a contribuição importante de fatores ambientais, como por ex as viroses (epstein- Barr), que irão atuar sobre as células da imunidade inata (como as cel dendríticas) ao mesmo tempo que libera substancias inflamatórias, como IFN-1. IFN-1 atua sobre células dendríticas —> ativação de LT—> libera citocinas pró- inflamatórias. IFN-1 atua sobre células dendríticas —> ativação de LB através da liberação do fator BAFF—> Produção de autoanticorpos. Ativação de macrófagos —> liberação de espécies reativas de o2—> liberação de citocinas inflamatórias —> dano ao endotelio vascular Os fatores ambientais envolvidos são: Hormonais (estrogenio) Radiação UV (mto frequente desencadear a doença por exposição solar, por isso deve ser evitado e deve-se usar protetor, visto que essa radiação altera o DNA, tornando-o imunogenico) A doença portanto ira ocorrer por: Perda de tolerancia imunológica (ataque aos próprios tecidos) Falha nos mecanismos supressores Ativação policlonal de linfócitos B Autoanticorpos Classificação O lupus pode ser classificado em: Lúpus Eritematoso sistemico 3 Discoide: Acomete apenas a pele Cutaneo articular: Acomete pele e articulação, porém sem manifestação visceral Sistemico Drogas: São os casos em que o lupus é induzido por drogas, caracterizados por serem casos mais leves e que cessam após suspenção da medicação. Os principais são os dois superiores e o inferior a direita. Manifestações clínicas Lúpus Eritematoso sistemico 4 Sistemicas Fadiga Mal estar Febre Anorexia Perda de peso Musculoesqueléticas Poliartrite intermitente, acometendo principalmente mãos, punhos e joelhos, podendo ser simétricas (normalmente a artrite do lúpus é benigna e não cursa com deformações ósseas). Miosite: Inflamação muscular, podendo ser causada tanto pela doença quanto pelo uso de corticoides/antimaláticos utilizados no tratamento da doença (importante saber a etiologia dessa miosite) Artropatia de Jaccoud, diferente da encontrada na AR, pois nesse caso não há envolvimento articular e sim de partes moles (ligamentos/tendões) e além disso, ela pode ser reversível. Artralgia Necrose óssea: Complicação/evolução Lúpus Eritematoso sistemico 5 Cutaneas: Podem ser subdivididas em: 1. LES cutaneo agudo Eritema malar: Tende a poupar o sulco nasolabial Lesões maculosas ou papilhoas difusas: Guarda uma relação com áreas expostas ao sol, devido a fotossensibilidade que esses pacientes apresentam. LES bolhoso: Manifestação mais grave 2. LES cutaneo subagudo Lúpus Eritematoso sistemico 6 Papuloescamosas hiperemiadas Anular 3. LES cutaneo cronico discoide As regiões preferidas da lesão discoide são o couro cabeludo, pavilhão auricular, região torácica anterior e porção superior do braço (a lesão discoide no período de atividade fica mais hipocromica, com a cor vermelha e na remissão mais branca). Alopécia Vasculites: ulceras orais, nasais, vaginais, urticária, eritema periungueal, ulcerações digitais em MMII, fenomeno de Raynaud. Nota: A lesão hipocromica na orelha é mto característica de lúpus. Lúpus Eritematoso sistemico 7 Hematológicas Manifesta-se como uma pancitopenia (redução do número de células sanguíneas), portanto, o paciente pode apresentar: Anemia: Ocorre em decorrencia de um estado inflamatório cronico. A principal forma de anemia é a normocromica/normocitica (mais frequente e cronica). Outro Lúpus Eritematoso sistemico 8 tipo é a anemia hemolítica, porem essa é pouco comum e possui uma instação aguda e grave Leucopenia: Abaixo de 4 mil, geralmente ocorre as custas de uma linfopenia (abaixo de 1500) Plaquetopenia: Essa manifestação não tende a ser muito grave (em torno de 50 mil plaquetas). Caso haja uma manifestação mais grave, sempre deve ser eito o diagnóstico diferencial com a síndrome do anticorpo antifosfolipide (SAF), que se manifesta pela ocorrencia de fenomenos tromboembólicos de repetição, associados a complicações obstétricas como aborto. Cardiovasculares Qualquer estrutura cardíaca pode ser acometida (pericardio, miocardio, endocardio, coronárias), estando associado a um alto indice de morbimortalidade, sendo as complicações vasculares a principal causa tardia de mortalidade no LES. Pericardite ou derrame pericardio: Manifestações mais comuns; cardiomegalia no raio x de torax Miocardite Endocardite: Vegetações de Libmann-sacks - endocardite asséptica, que pode estar relacionada com a SAF Doença coronariana aterosclerótica: risco de iam 50x maior em mulheres que na população geral. Pulmonares Qualquer estrutura do pulmão pode ser acometida, como: parenquima, vasos, pleura e diafragma. A manifestação mais comum é a serosite, em decorrencia do derrame pleural, que é pequeno/moderado e bilateral. Além da serosite, esses pacientes podem ter um envolvimento da caixa torácica, sendo importante fazer o diagnóstico diferencial do acometimento pleural (pleurites) Hemorragia alveolar/pulmonar: Manifestação rara, porem pode levar o paciente a óbito. Suspeita-se quando o paciente apresentar um quadro súbito de dispnéia, Lúpus Eritematoso sistemico 9 hemoptíase, hipóxia e IRPA + queda no hematócrito (em decorrencia da hemorragia) e infiltrado alveolar difuso no Raio X. Renais Sempre deve se fazer uma avaliação renal, mesmo em pacientes assintomáticos. A nefrite lúpica é um dos principais determinantes na morbimortalidade do LES, atingindo em torno de 50-70% dos casos. Geralmente a nefrite ocorre no início da doença, 2-5 anos após o diagnóstico. Raramente é a manifestação inicial. Classificação da glomerulo nefrite lúpica: 1. GN mesangial mínima: normal a microscopia óptica, mas quando realiza-se a imunofluorescencia pode-se observar depósitos de imunocomplexos 2. GN mesangial proliferativa: Hipercelularidade mesangial ou expansão da matriz mesangial a MO 3. GN focal: Menos de 50% dos glomérulos acometidos, segmentar ou global a MO 4. GN proliferativa difusa: Mais de 50% dos glomerulos acometidos, segmentar ou globalmente a MO. É nessa fase que deve-se intervir de forma agressiva para evitar evolução para a fase 6. 5. GN membranosa: Depósitos imunes subepiteliais (global ou segmentar) a MO, IF e ME. Geralmente esta associado a uma síndrome nefrótica. 6. GN com esclerose avançada: Mais de 90% dos glomérulos esclerosados golbalmente (insuficiencia renal grave) Edema e hipertensãosão manifestações renais raras mas indicam doença grave. Podem ocorrer também hematúria e proteinúria macroscópica Manifestações neuropsiquiatricas São diversas, sendo as mais comuns: Distúrbios cognitivos Cefaleia Lúpus Eritematoso sistemico 10 Doença cerebrovascular Convulsões Polineuropatia (SNP) Diagnóstico Laboratorial Não há um teste patogneumonico para LES. O laboratorial auxilia no diagnóstico (paciente com FAN+, autoanticorpo+), na atividade da doença (se o tratamento ta fazendo efeito) e na toxicidade medicamentosa. 1. Anticorpo anti-nuclear (FAN): Exame para diagnóstico (não é preciso repeti-lo após a confirmação). FAN+ não é igual a lupus, é necessário tbm as manifestações clinicas (uma parte da população pode ter FAN+ sem ter a doença e a medida que envelhecemos aumenta-se a chance de ter FAN+) Esse exame possui uma sensibilidade alta e especificidade baixa Não serve para acompanhar o paciente, apenas para diagnóstico. 2. Autoanticorpos: Temos alguns autoanticorpos característicos do LES e por isso devem ser solicitados diante da suspeita clínica da doença, como o ANTI-DNA nativo, que é uma marcador de nefrite lúpica. Diferente do FAN, esses são importantes para diagnóstico e acompanhamento da doença, por isso pode repeti-lo. Anti-SM += diagnóstico de lupus. 3. Complemento sérico Hemograma: anemia e leucopenia Plaquetas: trombocitopenia VHS: restrições (inespecífico) PCR quantitativa: aumenta em geral com infecção, não no lupus (só se tiver associada) Lúpus Eritematoso sistemico 11 C3 e C4: baixos no sangue em períodos de atividade pois foram consumidos pelos tecidos (importante pra diagnóstico e para atividade da doença). 4. Urina: EAS Proteinúria de 24h Relação proteina/creatinina Nota: Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com outras doenças autoimunes e infecções (ranseníase e endocardite infecciosa podem se confundir com lupus). Critérios de classificação Critérios do ACR para classificação do LES: Eritema malar, erupção discoide, fotossensibilidade, ulceras orais, artrites, serosites, doença renal, disturbio neurológico, distúrbio hematológico, disturbio imune (anti DNA, anti Sm), FAN+ Se tiver 4 desses 11 critérios acima, ha o diagnóstico de LES. Critérios para classificação do LES 2019: FAN+ Titulo maior ou igual a 1:80 Score maior ou igual a 10 Lúpus Eritematoso sistemico 12 Tratamento Medida gerais Inicialmente, o paciente deve ser educado em relação a sua doença, conhecendo-a da melhor forma, para que se possa ter sucesso. Esses pacientes podem precisar tbm de um apoio psicológico, bem como sua familia. Lúpus Eritematoso sistemico 13 É importante a prática de ativ física, dieta e evitar tabagismo (principalmente para evitar complicações cardiovasculares) Também é fundamental a proteção contra os raios UV, com uso diário de protetor solar e roupas adequadas. Nota: A gravidez não é contra-indicada. Tratamento farmacológico Forma leve: cutaneo, articular, pleurite Forma moderada: miosite, pericardite Forma grave: visceral, manifestações neurológicas, nefrite proliferativa, miocardite, anemia hemolitica. O tratamento deve ser individualizado de acordo com os órgãos/sistemas acometidos e da gravidade das manifestações clínicas Antes de iniciar qualquer medicamento, é de suma importancia se atualizar o cartão vacinal. Anticoncepção: O LES acomete mais mulheres e isso esta relacionado a variações hormonais, portanto, essas pacientes devem ser orientadas quanto a anticoncepcionais. 1. Antimaláricos: Cloroquina Capazes de reduzir a atividade da doença e novos surtos Poupar o uso de corticoides Atuam de maneira benéfica no perfil lipídico e glicemia dos pacientes Baixo risco de trombose Reduz a mortalidade cardiovascular (reduz a chance de IAM). Posologia: Difosfato de cloroquina em 4mg/kg/dia ou a hidroxicloroquina (preferível, pois é mais eficaz e menos tóxica que a cloroquina) em 6mg/kg/dia 2. Corticoides: A dose ira depender da gravidade dos sintomas Lúpus Eritematoso sistemico 14 A dose deve ser efetiva, mas deve ser reduzida assim que possível, devido aos seus efeitos adversos, como: desmineralização óssea (predispoe a osteoporose e fraturas), sendo impotante suplementar vit d e calcio. Pode ser utilizado por via oral (predinisona e prednisolona) para formas menos graves ou pulsoterapia (metilprednisolona) em formas mais graves, na dose de 500 mg em 1 ou 2 doses IV por 3 dias. 3. Imunossupressores: Ciclofosfamida por via oral ou pulsoterapia Metotrexato Inibidores da calcineurina (tacrolimus). 4. Agente biológico Belimumabe: Anticorpo monoclonal humano; inibidor de BLYS; Fator de ativação de célula Beta Rituximabe: casos específicos Nota: O quadro ideal é de um paciente em remissão, com cuidados gerais e uso de hidroxicloroquina (eternamente) Lúpus Eritematoso sistemico 15 Nota 2: Primeira consulta = sintomas; segunda consulta = FAN+; terceira consulta = DNA e SM positivos Nota 3: O controle metabólico é mto importante. Nota 4: Aspectos clinicos do lupus —> mulher jovem, adinamia, emagrecimento, artralgia/artrite, lesões em áreas expostas ao sol, fotossensibilidade e febre.
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