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THS e TEA – Treino de Habilidades Sociais Aplicada ao Autismo Mariana Cervi, Psicóloga (UNESP) Especialista em Análise do Comportamento Aplicada à Educação de Pessoas com TEA e atraso no Desenvolvimento Intelectual (UFSCar); Mestranda em Educação Especial com ênfase em Análise do Comportamento Aplicada (University of West Florida) Objetivos do Curso oIntrodução aos critérios diagnósticos de autismo (TEA) e como eles se relacionam com as habilidades sociais oIntrodução aos conceitos do Treino de Habilidades Sociais com Adolescentes e Adultos oApresentação de Modelo de Avaliação Comportamental oApresentação de estratégias para desenvolvimento de pré-requisitos oDiscussão sobre estratégias de prevenção: sexualidade, bullying e violência, drogas oApresentação de técnicas referentes ao Treino de Habilidades Sociais oDiscussão de Casos Mariana Cervi - THS e TEA 2 Módulos 1. Introdução (TEA, THS) 2. Avaliação Comportamental 3. Pré-requisitos e Prevenção 4. Técnicas Comportamentais 5. Exemplos Práticos Mariana Cervi - THS e TEA 3 Módulo 1: Introdução (TEA, THS) Mariana Cervi - THS e TEA 4 Transtorno do Espectro Autista – TEA DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição, 2014) – Critérios Diagnósticos para o Transtorno do Espectro Autista: 1. Déficits na comunicação/interação social 2. Padrões restritos/repetitivos de comportamentos, interesses e atividades 3. Sintomas presentes desde o início do desenvolvimento 4. Sintomas causam prejuízo significativo em diversas áreas da vida Mariana Cervi - THS e TEA 5 DSM V – Critérios Diagnósticos (exemplos) 1. Déficits na comunicação/interação social em diferentes contextos: o Dificuldade para estabelecer, responder e/ou manter uma conversa o Descompasso entre comportamentos não-verbais (tom de voz, sorriso) e o contexto da conversa o Contato visual reduzido ou ausente Mariana Cervi - THS e TEA 6 DSM V – Critérios Diagnósticos (exemplos) 2. Padrões restritos/repetitivos de comportamentos, interesses e atividades o Estereotipias motoras (rocking, flapping) ou vocais (ecolalias) o Brincadeiras disfuncionais (enfileirar ou empilhar brinquedos, sem contexto aparente) o Incômodo visível e intenso com mudanças na rotina ou no ambiente o Interesses restritos pelos mesmos desenhos (ou partes deles) ou objetos (nem sempre funcionais) o Hiper ou hipo sensibilidade a estímulos sensoriais (cheiros, texturas, gostos, sons, etc.) Mariana Cervi - THS e TEA 7 DSM V – Critérios Diagnósticos (exemplos) 3. Sintomas presentes desde o início do desenvolvimento o Ainda que o indivíduo tenha sido diagnosticado tardiamente, os sintomas aqui citados estavam presentes desde a infância 4. Sintomas causam prejuízo significativo em diversas áreas da vida o Critério comum aos transtornos descritos no DSM e se refere ao fato de muitas pessoas (se não todas!) apresentarem características que se assemelhem a critérios diagnósticos, mas que essa eventualidade e ausência de prejuízo significativo em múltiplos contextos os exclui do diagnóstico Mariana Cervi - THS e TEA 8 DSM V – Critérios Diagnósticos (níveis) Além dos critérios diagnósticos, o DSM V também classifica as pessoas com TEA em três níveis fundamentados na gravidade do quadro e em quanto auxílio elas precisam para realizar atividades cotidianas. Pessoas com TEA com gravidade nível 1 precisam de menos apoio do que uma pessoa com TEA nível 3 Mariana Cervi - THS e TEA 9 Comunicação/Interação Padrões/Restrições Nível 1 Conseguem realizar atividades de maneira independente, mas, sem apoio os prejuízos são notáveis, tanto na emissão quanto na compreensão desses comportamentos Dificuldade na transição entre atividades; na organização e no planejamento (possíveis obstáculos para a independência total), por prejudicarem a pessoa em diversos contextos (trabalho, relacionamentos) Nível 2 Consegue se comunicar por meio de um repertório limitado de frases e interações, muitas vezes ecolalias contextualizadas; consegue interagir desde que no contexto de seus interesses restritos Padrões e dificuldades são notados por observadores casuais e interferem no funcionamento social, mas são menos intensos e frequentes Nível 3 Fala inteligível/ausência completa de fala; inicia interações apenas para satisfazer suas necessidades, mas muitas vezes de maneiras inapropriadas (choro, auto e hétero agressão) Apego intenso a padrões e determinados objetos; estereotipias e ecolalias prejudicam o convívio social; sofrimento intenso a mudanças, por vezes acompanhado de auto/hétero agressão Mariana Cervi - THS e TEA 10 TEA e THS - Importância das Habilidades Sociais para pessoas com TEA oFalhas na comunicação (THS para ampliar o repertório, tanto no que diz respeito a ação quanto para a reação e para a análise dos diferentes contextos sociais) oInteresses e comportamentos restritos (THS para ampliar repertório, uma vez que tais interesses restritos e padrões tendem a prejudicar o indivíduo quando em grupo, por não aceitar mudanças em seu ambiente nem participar de diferentes brincadeiras, ou mesmo querer assistir apenas uma parte de um único desenho, entre outras situações socialmente limitantes que não convidam ou permitem a inclusão de um outro) Mariana Cervi - THS e TEA 11 Treino de Habilidade Sociais - THS oDefinição oAssertividade oHabilidades Sociais (na prática) oComponentes não-verbais Mariana Cervi - THS e TEA 12 THS – Definição Habilidades Sociais: repertório comportamental individual, cujo objetivo é estabelecer e desenvolver relacionamentos interpessoais de maneira satisfatória, aumentando a probabilidade de reforçamento natural (Caballo, 2003). o Quanto mais socialmente habilidoso, mais fácil é enfrentar as situações sociais do dia-a-dia que envolvem outras pessoas o Quanto menos, mais difícil, o que tende a gerar comportamentos de fuga/esquiva (círculo vicioso) o Questões éticas: ser tímido/reservado não é algo a ser modificado. A questão central é a pessoa conseguir atingir seus objetivos com autonomia, mesmo que com alguma dificuldade (padrão) Mariana Cervi - THS e TEA 13 THS – Definição O comportamento socialmente habilidoso não é um traço geral, e deve ser interpretado em seu contexto o Variações externas ao indivíduo: culturais (árabes, indianos), gênero, idade, classe social (roupas, cabelos, gírias). Quem for auxiliar a pessoa com TEA, precisa ter esses conhecimentos/modelos o Variações internas: regras individuais, padrões de comportamento, diferentes contextos (hierarquia, locais) Obs.: Não precisamos seguir o que é esperado (o que é mutável!), mas é importante saber o que é esperado, para podermos nos preparar para contrariar Mariana Cervi - THS e TEA 14 THS – Assertividade oSinceridade (sinceridade ≠ grosseria) oObjetividade (mentalismos e generalizações) oResposta eficaz mínima (resolver o problema ou descontar minha raiva? “Escalada”!) oPreocupação com o outro (feedback e desenvolvimento do outro) oUso do “eu” (foco em si, não no outro) Obs.: habilidades que muitos neurotípicos não possuem (modelos) Mariana Cervi - THS e TEA 15 FONTE: RIMM & MASTERS, 1983 THS – Habilidades Sociais (na prática) oRecusar/fazer um pedido/convite oFazer/responder perguntas oElogiar/receber elogios oPedir/Aceitar desculpas oPedir/Oferecer ajuda oExpressar medo, insatisfação, incômodo, confusão, falta de conhecimento, falha oExpressar interesse romântico oFornecer/solicitar/aceitar críticas construtivas oIniciar/continuar/encerrar conversa oInsistir, resistir, cobrar, discordar, discutir, solicitar mudança de comportamento oNarrar/ouvir eventos Mariana Cervi - THS e TEA 16 FONTE: RIMM & MASTERS, 1983 Mariana Cervi - THS e TEA 17 THS – Nível 3 /fazer um pedido/convite oElogiar/receber elogios oPedir/Aceitar desculpas , confusão, falta de conhecimento, falha oExpressar interesse romântico oFornecer/solicitar/aceitar críticas construtivas/continuar/encerrar conversa oInsistir, resistir, cobrar, discordar, discutir, solicitar mudança de comportamento oNarrar/ouvir eventos Mariana Cervi - THS e TEA 18 THS – Nível 3 oIniciar por comportamentos básicos e complexificar conforme o desenvolvimento do indivíduo oPrevine comportamentos inadequados (pedido, negar, pedir um tempo) oAumenta a probabilidade de reforçamento natural (amigos, atividades prazerosas, elogios) oFoco em comportamentos socialmente relevantes, apropriados para a idade (probabilidade de reforço natural→ aproximação de pares→ aprender com eles) Mariana Cervi - THS e TEA 19 THS – Componentes Não-Verbais oContato visual oTom de voz oRitmo da fala oTempo de resposta, duração da resposta oPostura e inclinação do corpo oGesticulação oResposta de ouvinte oAparência/estilo Mariana Cervi - THS e TEA 20 FONTE: RIMM & MASTERS, 1983 Módulo 2: Avaliação Comportamental Mariana Cervi - THS e TEA 21 Modelo de Avaliação DÉFICITS EXCESSOS RESERVAS SOCIALIZAÇÃO CONHECIMENTOS GERAIS INDEPENDÊNCIA Mariana Cervi - THS e TEA 22 Modelo de Avaliação oDéficits: comportamentos que ocorrem em baixa frequência, ou aquém do esperado para a idade do indivíduo oExcessos: comportamentos que, ao contrário do que parece, não estão acima do esperado, mas em exagero, em demasia, sendo também prejudiciais oReservas: comportamentos que compõe o repertório do indivíduo, são o que ele ou ela são capazes de fazer Obs.: atenção especial aos déficits! (os outros dois a pessoa sabe fazer, ainda que de forma ou com frequência inadequada) Mariana Cervi - THS e TEA 23 Modelo de Avaliação oSocialização: comportamentos que incluem terceiros; ações (iniciar um diálogo, cumprimentar, fazer perguntas); reações (responder perguntas, dar continuidade a um assunto); e interpretações (compreender piadas, ironias, emoções do interlocutor) oConhecimentos Gerais: conteúdos acadêmicos aplicados ao cotidiano (somar as contas do mês, dividir a conta do restaurante, interpretar uma notícia de jornal, escrever uma lista de compras, etc.) oIndependência: desde comportamentos de autocuidado, como banho e pentear os cabelos, quanto comportamentos mais complexos, mas igualmente relacionados a autonomia, como pagar contas no banco, dirigir, ou declarar o imposto de renda Mariana Cervi - THS e TEA 24 O que independência e conhecimentos gerais tem a ver com Habilidades Sociais? Questionamento: que imagem estamos passando para o outro? Essa é a imagem que queremos passar? Estamos preparados para lidar com as consequências dela? oAutoestima (higiene, estilo, “personalidade”) oAutoconfiança (pagar contas, usar cartão, andar de bicicleta) oAumento da probabilidade de reforçamento natural (“cheiroso”, “inteligente”) oRedução da probabilidade de ocorrência de situações sociais aversivas (“bafo”, não entender uma piada) Mariana Cervi - THS e TEA 25 Modelo de Avaliação DÉFICITS EXCESSOS RESERVAS Socialização Conhecimentos Gerais Independência oGritar? oComer? oSentar? oChorar? oCantar? oLavar as mãos? oBater? Mariana Cervi - THS e TEA 26 Mariana Cervi - THS e TEA 27 DÉFICITS EXCESSOS Módulo 3: Pré-requisitos e Prevenção Mariana Cervi - THS e TEA 28 Pré-requisitos oHabilidades básicas (saber perder, dividir, fazer turnos, esperar, fazer o que não gosta, lidar com frustração) oIndependência (autocuidado, estudar, chamar um táxi, procurar emprego, declarar imposto de renda) oResolução de problemas (o que fazer em caso de: cortes, incêndio, acidentes, pneu furado, queimaduras, assalto) oRepertório Socialmente Relevante (séries, jogos, músicas, política, economia) oEmoções/Empatia (identificar em si e no outro, expressar, reagir) Mariana Cervi - THS e TEA 29 Prevenção oSexualidade (abuso, estupro, palavrões, conversas, sexualidade, planejamento familiar, DSTs e outros riscos) oBullying e violência (identificar, defender-se, procurar ajuda) oÁlcool e drogas (riscos à saúde, colocar-se em situações de risco, dizer não) Mariana Cervi - THS e TEA 30 Considerações oEducação Intencional x Acidental oApresentar consequências naturais/reais oMentir só quebra a confiança (internet) oNem sempre os pais estarão com seus filhos para nortear suas decisões oOportunidades de treino! (não faz→ faz com ajuda→ faz sozinho) oIndependência, maturidade, responsabilidade... Treino! (o mesmo para dizer não, se defender, argumentar... Se não tenho essas oportunidades em casa, dificilmente agirei dessa maneira quando necessário no futuro) Mariana Cervi - THS e TEA 31 Módulo 4: Técnicas Comportamentais Mariana Cervi - THS e TEA 32 Técnicas Comportamentais oRole-playing* (ensaio comportamental): semelhante a um teatro, com representações de situações e “personagens” que já aconteceram ou que podem acontecer (permite rever, ensaiar, praticar, se colocar no lugar do outro→ inversão de papéis e feedback) oModelo: pode ou não ser parte do ensaio comportamental. Consiste exatamente em dar um modelo de atuação diferente, visando ampliação do repertório → esvanecimento, para que a pessoal encontre seu próprio “tom” (ex.: chamar alguém para sair) oSocial Stories* (“histórias sociais”): histórias estruturadas que descrevem situações sociais específicas de maneira a facilitar a visualização de pontos chaves (apoio visual) e a compreensão do contexto Mariana Cervi - THS e TEA 33 FONTE: OTERO In: ABREU & GUILHARDI, 2004 *Role-Playing Game (RPG) oTreino em grupo (modelo, amizades) oIdades próximas oHabilidades sociais “na prática” (interpretação) oResolução de problemas o“Feedback” (consequências) Obs.: Generalizar para grupos sociais que saiam juntos (shopping, pizzaria, cinema) Mariana Cervi - THS e TEA 34 *Social Stories oEstruturado oDo ponto de vista da pessoa (homem/mulher; criança/adolescente) oIdentificar pontos chave (Que? Quem? Onde? Quando? Porque? Como?) oLinguagem objetiva, simples e positiva (evitar o não) oExemplos: o O que eu posso conversar com cada pessoa? (professores, desconhecidos, amigos, familiares) oMetáfora pasta de amendoim e geleia (opinião) Mariana Cervi - THS e TEA 35 Photo by Jonathan Pielmayer on Unsplash FONTE: Olçay-Gül, & Tekin-Iftar, 2016; Gray, 2020 https://unsplash.com/@jonathanpielmayer?utm_source=unsplash&utm_medium=referral&utm_content=creditCopyText /s/photos/jelly?utm_source=unsplash&utm_medium=referral&utm_content=creditCopyText Técnicas Comportamentais oAnálise de Tarefa e Encadeamento: quebrar um comportamento (escovar os dentes) nas pequenas respostas que o compõem (abrir e fechar a torneira/pasta de dente, pegar a escova, etc.) e ensiná-las individualmente, encadeando-as* oModelagem: reforçamento diferencial (reforço e extinção) por aproximações sucessivas em direção a um comportamento final esperado oDicas* (prompts): (“least to most”, “most to least”) apresentar/remover dicas de acordo com a necessidade do aluno, visando sempre a independência (esvanecimento) oExposição: gradualmente (evitar aversivos) ser exposto à situações em que seja possível treinar as habilidades aprendidas, mas em contextos reais (ex.: ir ao banco, fazer compras, chamar alguém para sair→ online primeiro, depois frente-a-frente) Mariana Cervi - THS e TEA 36 FONTE: COOPER et al., 2020 *Encadeamento – Escovar os Dentes Mariana Cervi - THS e TEA 37 ANTECEDENTE RESPOSTA CONSEQUÊNCIA Escovas de dente da família Pegar a escova correta com a direita (discriminação) Escova correta na mão direita Escova correta na mão direita, pasta de dentes na pia Pegar a pasta de dente com a esquerda Pasta de dente na mão esquerda Pasta de dente na mão esquerda Abrir a pasta de dentes com uma mão ou duas (e com a escova na mão) Pasta de dente aberta Pasta de dente aberta Pressionar o tubo da pasta (força exata) Pasta saindo do tubo Pasta saindo do tubo Passar a pasta na escova Pasta na escova Pasta na escova, torneira Abrir a torneira Torneira aberta Torneira aberta Molhar a escova Escova molhada Escova molhada,torneira Fechar a torneira Torneira fechada, etc... *Dicas – Escovar os Dentes Mariana Cervi - THS e TEA 38 TOTAL PARCIAL INDEPENDENTE FÍSICA Mão sobre mão Toque leve, auxiliar com a posição, movimento, força Escovar sozinho GESTUAL Dar o modelo completo Apontar, gesticular Escovar sozinho VERBAL Instrução passo-a-passo Orientações pontuais, correções Escovar sozinho Mariana Cervi - THS e TEA 39 Retomando: pré-requisitos oHabilidades básicas (saber perder, dividir, fazer turnos, esperar, fazer o que não gosta, lidar com frustração) oIndependência (autocuidado, estudar, chamar um táxi, procurar emprego, declarar imposto de renda) oResolução de problemas (o que fazer em caso de: cortes, incêndio, acidentes, pneu furado, queimaduras, assalto, perder-se dos pais) oRepertório Socialmente Relevante (séries, jogos, músicas, política, economia) oEmoções/Empatia (identificar em si e no outro, expressar, reagir) Mariana Cervi - THS e TEA 40 São as habilidades comuns nas diversas áreas da vida (pré-requisitos): o comportamento de usar o banheiro, por exemplo, acontece tanto no trabalho quanto na vida pessoal, o mesmo para falar ao telefone, comer, ou iniciar uma conversa Obs.: técnicas como exposição e dicas são utilizadas na maioria das intervenções. Importante: comportamentos socialmente relevantes para a idade! Habilidades Gerais Mariana Cervi - THS e TEA 41 Habilidades Básicas Independência Resolução de Problemas Repertório Emoções/ Empatia Comportamentos Esperar* Procurar emprego* Perder-se* Jogar jogos Expressar emoções Estratégias Modelagem Role-playing Role-playing Modelagem Vídeo modelo Onde estamos? Aonde queremos chegar? Como chegar? Mensuráveis de Sucesso Esperar Espera 2min Esperar 30min Aumentar gradualmente a exigência, reforçar a melhora, dicas com temporizador (remover posteriormente) Estar em um ambiente neutro (sem reforçadores, uma sala de espera sem bateria no celular, por exemplo) por 30min sem emitir nenhum comportamento inadequado (definir) Procurar emprego Emudece na presença de estranhos Apresentar-se e ao próprio currículo a estranhos, responder perguntas Role-playing, modelo, feedback, exposição gradual (hierarquia e generalização: pessoas, locais, conteúdo da conversa, começar por interesse restrito!) Conversar com um estranho de maneira profissional (cumprimentar, sem gírias, sem palavrões, postura, contato visual), apresentar-se, relatar histórico profissional, responder a todas as perguntas Habilidades Gerais – Planejamento Mariana Cervi - THS e TEA 42 Mariana, 5 anos, neurotípica, mora em um condomínio de prédios na cidade de Campinas, no 4º andar. Gosta muito de ser independente, ir ao parque sozinha, mas não sabe voltar. Tem boa memória e já decorou (treino) que mora no J-41, caso se perca e precise pedir ajuda. Sabe também o nome do seu condomínio, o nome de seus pais e o telefone de sua casa. Na praia, gosta de ir buscar picolé ou ir ao mar, de frente para a barraca dos pais. Celulares ainda não existem, ou são muito caros. oTreino de elevador oTreino de shopping oTreino de praia Mariana Cervi - THS e TEA 43 Onde estamos? Aonde queremos chegar? Como chegar? Mensuráveis de Sucesso Shopping /Praia Anda sozinha, mas sob supervisão a distância Caso se perca, saber encontrar os pais, pedindo ajuda para pessoas confiáveis, se necessário Saber falar (para quem você pede ajuda? Aonde você está hospedada? A barraca dos seus pais é aonde? Perto do que? Qual o nome dos seus pais?) → Saber fazer (RPG) → Fazer (exposição) Encontrar os pais no shopping/praia sozinha ou pedindo ajuda a um segurança/guarda- vidas Elevador Já decorou qual é o seu prédio e o nº do apto (J-41) Ir ao parque e voltar para casa sozinha, de elevador e de escada, em segurança, sem se perder Dicas e esvanecimento (botão do elevador com adesivo, gibi da Mônica colado no vidro do elevador e no botão para chama-lo). Remover cada um individualmente* Voltar para casa todos os dias, por uma semana, sozinha do parque Mariana Cervi - THS e TEA 44 Passo-a-passo (Exemplo! Não é receita de bolo!) oPrimeiro: você vai com ela, por alguns dias, mostrando todo o trajeto entre o parque e o apartamento, apontando para ela pontos de referência (atentar-se) oSegundo: você vai com ela, mas pede que ela te ensine o caminho, apontando pontos de referência oTerceiro: você vai com ela até o elevador, coloca-a dentro, e a mãe a espera do outro lado (atenção para medo!) oQuarto: você a deixa na porta do prédio, a mãe a espera em casa oQuinto: ela vai sozinha, com você olhando, a mãe a espera em casa oSexto: ela vai sozinha, a mãe a espera oSétimo: ela vai sozinha Obs.: em caso de erro, retornar à fase anterior! (O gibi entra como apoio visual, se necessário) Mariana Cervi - THS e TEA 45 Mariana Cervi - THS e TEA 46 Segurança – Autismo Nível 3 oTreino de voltar para casa (modelo→ exposição→ esvanecimento de dicas / pontos de referência) oTreino de pedir ajuda (PECS, sinais) (modelo→ exposição→ esvanecimento de dicas) oPrevenir (aparelhos que impeçam o afastamento) x Remediar (colar/pulseira de identificação, assim como em idosos, diabéticos...) Mariana Cervi - THS e TEA 47 Habilidades Específicas Refere-se às habilidades que, dependendo do contexto (trabalho, amor, amigos) exige algumas especificidades (falar com o chefe é diferente de falar com o namorado, brigar com o irmão e discutir com colegas de trabalho também). Quanto maior a habilidade da pessoa, mais detalhes são necessários para o seu desenvolvimento (pintar por lazer x pintar profissionalmente). Mariana Cervi - THS e TEA 48 AMOR AMIGOS TRABALHO Mariana Cervi - THS e TEA o Compreensão o Avaliação o Modelo o Ensaio o Treino (exposição) o Feedback o Repete. Mariana Cervi - THS e TEA Exposição Gradual Teoria In Loco In Vivo Mariana Cervi - THS e TEA 51 Módulo 5: Estudo de Caso Mariana Cervi - THS e TEA 52 Exemplos Práticos oPacientes reais, com diagnóstico de TEA oNomes trocados por nomes de personagens autistas do cinema (sigilo) oSeis exemplos (dois de cada nível; incluindo exemplos femininos) oAs descrições dos casos são mistos de diversos pacientes reais (sigilo) Mariana Cervi - THS e TEA 53 Caso 1 – Adam, 31 anos (nível 1) Adam tem 31 anos e foi diagnosticado há 2 anos, faz acompanhamento psicológico desde então. Trabalha registrado, em uma área diferente da que estudou (técnico em elétrica, seu interesse restrito). Teve apenas um relacionamento duradouro (1 ano), e suas outras experiências foram com , justamente por não precisar de habilidades sociais para tanto. Já se colocou em e conhecimentos a respeito de sexualidade em geral. Na adolescência era “zoado” por não conseguir , o que atrapalhava em eventos extra curriculares. Atualmente, tem conseguido conversar com algumas pessoas virtualmente de maneira adequada e, pessoalmente (no contexto terapêutico), tem feito mais contato visual e conseguido manter diálogos por mais tempo. Mariana Cervi - THS e TEA 54 Caso 2 – Temple, 24 anos (nível 1) Temple tem 24 anos, recebeu o diagnóstico de TEA aos 18 anos e faz acompanhamento psicológico desde então. Concluiu a faculdade de administração, e hoje cursa sua segunda faculdade, engenharia de alimentos, e precisa de e para realizar algumas . Trabalha com vendas, mas teve muita (hora extra, “mentiras”, prender o cabelo). Seu . Ainda não conseguiu tirar carta de motorista em razão da elevada em provas. Na adolescência, tinha muita , pois só conseguia conversar sobre novelas e alguns outros programas de TV, além da Atualmente, está em seu segundo relacionamento sério e faz parte de uma turma de amigos. Mariana Cervi - THS e TEA 55 Caso 3 – Wendy, 17 anos (nível 2) Wendy tem 27 anos, recebeu o diagnóstico de TEA quando criança e sempre participou de diversas terapias. Gosta muito de computadores e redes sociais, , masconsegue andar de ônibus quando precisa e frequentar alguns shows (entrada/passagem gratuita). Tirando isso, não faz mais nada sozinha (tarefas domésticas, autocuidado). Sua , mantém sempre o mesmo tom, sem diferenças de entonação ou expressões faciais. Seu vocabulário é extenso, mas só consegue dar continuidade a assuntos do seu interesse. Quando relata um fato que a incomodou, relata tudo em detalhes. Machuca os cantos das unhas até sangrar ( ). O pai faleceu quando ela era criança e , a de Wendy é uma de suas maiores preocupações. Mariana Cervi - THS e TEA 56 Caso 4 – Sam, 16 anos (nível 2) Sam tem 16 anos, e possui altas habilidades em eletrônica, elétrica e mecânica. Se interessa sobre como as coisas são feitas, e deseja muito ser independente. É carinhoso, sorridente, mas tem , tanto no que diz respeito à articulação das palavras quanto em seu conteúdo que, em sua maioria, é composto por de desenhos e vídeos, ainda que consiga se fazer entender, ao menos . Foi considerado durante muito tempo por seu colégio como , por causa de seus comportamentos (bater a cabeça com força nas superfícies), ou por colocar-se em situações de risco, como escalar muros e correr para a rua. Atualmente, com ajuda de uma auxiliar de sala especializada, acompanha a sala, chegando a se destacar em algumas matérias, como matemática, artes visuais e física; inicia algumas poucas interações com pares, e já não se machuca. Mariana Cervi - THS e TEA 57 Caso 5 – Raymond, 16 anos (nível 3) Raymond tem 16 anos, recebeu o diagnóstico de TEA quando criança, e sempre frequentou educação especial, mas, atualmente, não faz nenhum acompanhamento, por motivos financeiros. Raymond consegue se (não necessariamente LIBRAS), mas . É carinhoso, faz contato visual, gosta de beijos e abraços, sempre foi muito carinhoso com suas professoras e terapeutas. No entanto, em casa, quando nervoso, (enforca, bate, arranha), com exceção do pai (com ele, grita e chora até conseguir o que quer, mas não agride), e quebra objetos. Só se acalma com TV, a TV da sala, fazendo com que a . É completamente dependente, usa fraldas. Mariana Cervi - THS e TEA 58 Caso 6 – Steven, 10 anos (nível 3) Steven tem 10 anos, recebeu o diagnóstico de TEA quando criança, sempre participou de diversas terapias, mas, atualmente, frequenta apenas a escola regular e é acompanhando pela mãe, que também é sua auxiliar de sala. Steven não fala nenhuma palavra, apenas emite alguns sons, mas consegue se comunicar perfeitamente: aponta o que quer, faz contato visual, sorri, se empolga, compartilha atividades. Compreende tudo o que lhe é dito. No entanto, suas habilidades motoras finas são comprometidas, e não apresenta interesse por , com exceção de comidas. . Consegue comer sozinho, mas precisa de ajuda para todas as outras atividades. Mariana Cervi - THS e TEA 59 Referências oAmerican Psychiatric Association (2013). DSM V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª Edição) oCaballo, V. E. (1996). Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comportamento (1ª Edição). Santos. oCooper, J. O., Heron, T. E., & Heward, W. L. (2020). Applied Behavior Analysis (3ª Edição). Pearson. oGray, C. (2020) Carol Gray Social Stories. https://carolgraysocialstories.com/socia l-stories/social-story-sampler/ oOtero, V. R. L. In: Abreu, C. N., Guilhardi, H. J. (2004). Terapia Comportamental e Cognitivo-Comportamental: Práticas Clínicas. Roca. oRimm, D. C.; Masters, J. C. (1983). Terapia Comportamental: Técnicas e Resultados Experimentais. Manole. Mariana Cervi - THS e TEA 60 https://carolgraysocialstories.com/social-stories/social-story-sampler/
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