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DESCRIÇÃO Breve estudo sobre teoria geral dos recursos: análise do conceito de recurso, classificações, princípios recursais, efeitos principais, juízo de admissibilidade e mérito recursal. PROPÓSITO O estudo dos recursos é imprescindível para o dia a dia dos operadores do Direito, considerando a frequência com que ut ilizado na prát ica, muito maior do que qualquer outro meio de impugnação de decisões judiciais. Além disso, t rata-se de remédio processual considerado um desdobramento do próprio processo, apto a provocar um reexame da decisão judicial impugnada, o que demonstra a relevância de se estudar o tema. PREPARAÇÃO Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos o Código de Processo Civil (CPC) para a consulta dos disposit ivos legais que serão mencionados. OBJETIVOS MÓDULO 1 Analisar o conceito, classificação e princípios dos recursos MÓDULO 2 Ident ificar o significado de juízo de admissibilidade e juízo de mérito recursal MÓDULO 3 Listar os principais efeitos do recurso INTRODUÇÃO Neste estudo, t rabalharemos parte significat iva da teoria geral dos recursos, o que engloba: O conceito de recurso A classificação dos recursos Os princípios recursais O juízo de admissibilidade e mérito recursal Os principais efeitos dos recursos O conteúdo passará, principalmente, pelas seguintes indagações: � Afinal, o que define os recursos? Pode um recurso impugnar apenas parte da decisão? � � O recorrente tem liberdade para crit icar qualquer vício da decisão impugnada ou tem sua fundamentação limitada a algum t ipo de vício? Todo recurso pode discut ir matéria de fato? � � O que é recurso adesivo? Quais são os principais princípios do sistema recursal? � � E, finalmente, o que seria o juízo de admissibilidade e juízo de mérito recursal? Como funciona? O estudo aqui apresentado responderá todas essas indagações de forma concisa e didát ica, ut ilizando-se constantemente de exemplos para melhor compreensão do assunto. MÓDULO 1 Analisar o conceito, classificação e princípios dos recursos No vídeo a seguir, o professor Felipe Varela define recurso e discorre sobre os elementos da definição. Vamos assist ir! CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DOS RECURSOS Numa acepção técnica, conforme ensina Barbosa Moreira, recurso é: O REMÉDIO VOLUNTÁRIO IDÔNEO A ENSEJAR, DENTRO DO MESMO PROCESSO, A REFORMA, A INVALIDAÇÃO, O ESCLARECIMENTO OU A INTEGRAÇÃO DE DECISÃO JUDICIAL QUE SE IMPUGNA. (MOREIRA, 2012, p. 233) Embora tenha sido elaborado quando vigente o Código de Processo Civil de 1973 (CPC/73), esse conceito ainda é atual e muito bem aceito pela jurisprudência e doutrina, pois reúne todas as característ icas principais do recurso. Inicialmente, o recurso é um meio voluntário, e, portanto, não obrigatório. Interpõe recurso o recorrente insat isfeito com a decisão judicial proferida. Pode o recurso ser manejado pelas partes, terceiros prejudicados e Ministério Público, como parte ou fiscal da ordem jurídica, nos termos do art . 996 do CPC. O recurso impugna apenas pronunciamentos judiciais decisórios. No caso, as “sentenças” e “decisões”. Os chamados “despachos” não possuem conteúdo decisório; são atos judiciais que apenas impulsionam a marcha processual. Portanto, contra eles não cabe recurso, nos termos do art . 1.001 do CPC. � EXEMPLO Há decisões que são irrecorríveis. É o caso da decisão do relator que releva a pena de deserção quando o recorrente prova justo impedimento e da decisão do relator do recurso especial que considera prejudicado recurso extraordinário, nos termos, respect ivamente, dos art igos 1.007, §6º e art . 1.031, §2º, do CPC. Ainda no que diz respeito ao conceito de Barbosa Moreira (2012), veja-se que o recurso impugna decisão judicial dentro do mesmo processo em que é proferida. Em outras palavras, prolonga o estado de lit ispendência, não instaurando um novo processo. Conforme ensina a doutrina, o recurso é considerado um elemento, um aspecto, uma extensão do próprio direito de ação o qual é exercido no processo. Ou seja, é um desdobramento do processo. Igualmente se apresenta o recurso como um ônus processual, afinal, a parte não está obrigada a recorrer do julgamento que o prejudica, “mas se o vencido não o interpuser, consolidam-se e se tornam definit ivos os efeitos da sucumbência” (MARQUES, 1976, p. 20). O direito de recorrer é considerado potestat ivo, “porque produz a instauração do procedimento recursal e o respect ivo complexo de situações dele decorrentes, como o direito à tutela jurisdicional recursal (...) e o dever de o órgão julgador examinar a demanda” (DIDIER JR. et al, 2016, p. 88). O conceito de recurso também prevê quatro possíveis resultados que podem ser alcançados: A reforma A invalidação O esclarecimento A integração da decisão judicial que se impugna DECISÃO JUDICIAL QUE SE IMPUGNA Para mais detalhes, conferir tópico relat ivo ao juízo de mérito dos recursos. A fim de ident ificar quais desses resultados o recurso busca, é preciso examinar o fundamento da decisão impugnada, de modo a ident ificar o vício ocorrido. Além dos recursos, são meios de impugnação de decisão judicial do nosso sistema: AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO & SUCEDÂNEOS RECURSAIS O recurso, como visto, é meio de impugnação de decisão judicial ut ilizado dentro de um mesmo processo. Ou seja, t rata-se de meio que se desenvolve no próprio processo. Não à toa, em regra, não há citação do recorrido para apresentar contrarrazões, mas sua mera int imação. Conforme ensina a doutrina, A IDENTIDADE DE PROCESSO NÃO SIGNIFICA NECESSARIAMENTE A IDENTIDADE DE AUTOS, CONSIDERANDO-SE QUE O RECURSO PODE SE DESENVOLVER EM AUTOS PRÓPRIOS – POR EXEMPLO, AGRAVO DE INSTRUMENTO, MAS CONTINUARÁ A FAZER PARTE DO MESMO PROCESSO NO QUAL A DECISÃO IMPUGNADA FOI PROFERIDA. (NEVES, 2017, p. 1542) Por outro lado, a ação autônoma de impugnação é um meio de impugnação de decisão que dá origem a um novo processo, diferente do recurso, que, como visto, ocorre dentro do mesmo processo. São exemplos de ações autônomas: Imagem: Shutterstock.com AÇÃO RESCISÓRIA Imagem: Shutterstock.com RECLAMAÇÃO Já o sucedâneo recursal é uma categoria residual, que não é recurso nem ação autônoma de impugnação. � EXEMPLO Como sucedâneos recursais, podemos citar: pedido de reconsideração, pedido de suspensão da segurança (art . 4º da Lei 8.437/92 e art . 15 da Lei 12.016/09) e correição parcial. O direito processual brasileiro adota o sistema de taxat ividade recursal. Com efeito, só cabe recurso quando expressamente previsto em lei. No caso, os recursos do sistema jurídico brasileiro encontram-se no art . 994 do CPC, segundo o qual são cabíveis os seguintes recursos: I - Apelação II - Agravo de instrumento III - Agravo interno IV - Embargos de declaração V - Recurso ordinário VI - Recurso especial VII - Recurso extraordinário VIII - Agravo em recurso especial ou extraordinário IX - Embargos de divergência � ATENÇÃO É possível, contudo, encontrar recursos previstos em lei ext ravagante, como é o caso dos embargos infringentes previstos no art . 34 da Lei nº 6.830/1980. O recurso de embargos infringentes que era previsto no art . 496, III, e 530 do CPC/73 foi subst ituído no Código atual pela técnica de ampliação do colegiado prevista no art . 942 do CPC. CLASSIFICAÇÕES DOS RECURSOS Há diversas classificações que podem exist ir para os recursos. Tudo irá depender dos critérios adotados, os quais são os mais variados possíveis. Aqui, serão explicadas as classificações mais mencionadas pela doutrina. São, basicamente, quatro classificações: Quanto à extensão da matéria Quanto à fundamentação Quanto ao objeto imediato do recurso Quanto à independência ou subordinação do recurso QUANTO À EXTENSÃO DA MATÉRIA Conforme estabelece o art . 1002 do CPC, a decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. Ou seja, a depender do quanto impugnado, pode o recurso ser: � Clique nos cards a seguir. TOTAL PARCIALO recurso total é o que tem como objeto a integralidade da parcela da decisão que gerou sucumbência ao recorrente. Nesse sent ido, quando o recorrente impugna tudo aquilo que ele pode impugnar, ou seja, todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida, o recurso será considerado total. Caso o recorrente não especifique a parte da decisão que impugna, considera-se o recurso como total. O recurso parcial é aquele em que o recorrente – de forma voluntária – impugna apenas parte do conteúdo impugnável da decisão. Ou seja, ele decide impugnar parcela ou um capítulo da decisão. Vale regist rar que quando a decisão tem mais de uma resolução ou resolve mais de uma pretensão, afirma-se que cada parte dela const itui um capítulo de sentença. Podem os capítulos versar sobre mérito (i.e., sobre o pedido formulado pela parte), sobre matéria processual ou sobre ambos (DIDIER JR. et al, 2016, p. 95). Na hipótese de ser interposto recurso parcial, o órgão recorrido não poderá int roduzir qualquer alteração no que diz respeito à parte que não foi impugnada (Tantum devolutum quantum appellatum (Significa “tanto se devolve quanto se apela (impugna)”. ) ). Isso porque “a parte não atacada da sentença t ransita em julgado, desde logo, se versar sobre o mérito da causa, ou incorre em preclusão, se se t ratar de questões processuais” (THEODORO JR., 2020, p. 931). O Tribunal só avaliará a parte da sentença na qual a parte tenha apelado, sendo este o limite do Tribunal. Em suma, o recurso é total quando impugna todos os capítulos da decisão que geraram sucumbência ao recorrente, ao passo que o recurso parcial é o que impugna apenas um ou alguns dos capítulos que gerou sucumbência. Veja um exemplo: � Clique na figura abaixo para ver as informações. Foto: Shutterstock.com Fernanda requer a condenação de Carlos ao pagamento de dano moral, lucros cessantes e danos emergentes, sendo que na sentença somente é acolhido o primeiro pedido. Será total a apelação interposta por Fernanda que t iver como objeto os lucros cessantes e os danos emergentes, embora não tenha o recurso uma ident idade plena com o objeto da decisão impugnada. Será parcial o recurso na hipótese de a apelação versar somente a respeito dos lucros cessantes ou somente a respeito dos danos emergentes (NEVES, 2017, p. 1557). Lembra-se, por fim, que o julgamento proferido pelo t ribunal subst ituirá a decisão impugnada no que t iver sido objeto de recurso, nos termos do art . 1008 do CPC. Aqui, encontra-se previsto o princípio da subst itut ividade, segundo o qual, em regra, uma vez provido o recurso, a decisão recorrida “desaparece”, ficando em seu lugar a decisão proferida, que irá subst itui- la. QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO Os recursos podem ter fundamentação livre ou vinculada: RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO LIVRE É aquele cuja admissibilidade não está limitada a qualquer matéria prevista em lei. Ou seja, o recorrente tem liberdade para crit icar a decisão impugnada, apontando qualquer vício nela existente. Não há na causa de pedir recursal qualquer delimitação na lei dos possíveis vícios a serem alegados. São exemplos: apelação, agravo de instrumento etc. RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA É aquele em que, para sua admissão, a lei limita as crít icas que podem ser feitos à decisão recorrida. Por exemplo, para opor embargos de declaração, deve o recorrente alegar obscuridade, contradição, omissão ou erro material da decisão (art . 1.022 do CPC). Para se interpor recurso especial, é preciso que haja algum dos quest ionamentos quanto à lei federal previstos no art . 105, III, da Const ituição Federal. Para, ademais, interpor recurso extraordinário, deve haver algum equívoco de natureza const itucional previsto no art . 102, III, da Const ituição Federal. QUANTO AO OBJETO IMEDIATO DO RECURSO Em relação ao objeto imediato, os recursos podem ser divididos em: Imagem: Shutterstock.com RECURSOS EXCEPCIONAIS São aqueles em que não se autoriza debate sobre matéria de fato, apenas sobre questão de direito, sendo vedado o reexame de provas. A doutrina costuma apontar que, nesses recursos, o objet ivo é viabilizar uma melhor aplicação da norma federal e const itucional. Ou seja, busca-se não a proteção do direito subjet ivo da parte, mas a proteção do direito objet ivo. São recursos excepcionais: o recurso extraordinário, o recurso especial e os embargos de divergência. Imagem: Shutterstock.com RECURSOS ORDINÁRIOS São aqueles em que há controvérsia sobre matéria de fato e matéria de direito. Buscam, precipuamente, a proteção do direito subjet ivo da parte, seu interesse em part icular na demanda. São recursos ordinários todos os demais que não são classificados como excepcionais. QUANTO À INDEPENDÊNCIA OU SUBORDINAÇÃO DO RECURSO O recurso pode ser classificado também como: principal (ou independente) ou adesivo (ou subordinado): Recurso principal É aquele interposto contra decisão judicial dentro do prazo legal sem depender de ato prat icado pela parte contrária contra a mesma decisão recorrida. Ou Recurso adesivo É aquele interposto no prazo de contrarrazões ao recurso interposto pela outra parte, mot ivado não pela vontade originária de impugnar, mas como contraposição ao recurso oferecido pela outra parte (NEVES, 2017, p. 1558). � ATENÇÃO É importante destacar que, enquanto o recurso principal tem os requisitos de admissibilidade comuns daquele recurso para ser julgado no mérito, o recurso adesivo, além desses, tem sua admissibilidade condicionada ao conhecimento do recurso principal. Vejamos um exemplo dado pela professora Teresa Arruda Alvim: O uso do recurso adesivo envolve certo inconformismo inicial. Assim, por exemplo, se A pede 10 e o juiz concede 6, B pode, num primeiro momento, resignar-se. Mas se A recorre, insist indo nos 10, pode “aderir” ao seu recurso, porque o risco de a quant ia ser majorada não quer correr. O seu conformismo inicial dizia respeito à perspect iva de pagar 6, não a correr o risco de pagar 10 (ALVIM, 2016, p. 1495). Foto: Shutterstock.com O recurso adesivo tem previsão no art . 997 do CPC. Segundo o caput desse disposit ivo legal, cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com as observâncias das exigências legais. No caso de serem vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro (art . 997, §1º, do CPC). Observa-se, por fim, as regras previstas no art . 997, §2º, do CPC. Segundo o referido parágrafo, e conforme já dito, o recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa. Além disso, o recurso adesivo será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder (art . 997, §2º, I, do CPC). Será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial (art . 997, §2º, II, do CPC). E, por fim, não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível (art . 997, §2º, III, do CPC). Foto: Shutterstock.com PRINCÍPIOS A doutrina majoritária aplica aos recursos do processo civil os seguintes princípios fundamentais: PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO É a possibilidade de a parte ter a solução de sua causa revisada por um segundo órgão jurisdicional. Permite-se, assim, um reexame da causa à parte vencida, o que ocorre, em regra, perante um órgão jurisdicional diferente e hierarquicamente superior. O objet ivo da revisão do ato judicial é diminuir os riscos de falhas no primeiro julgamento e evitar abusos de poder do magist rado – o que poderia ocorrer, caso sua decisão fosse única e não sujeita a qualquer reexame. � ATENÇÃO O duplo grau se faz t ipicamente via recurso e subordina-se à iniciat iva da parte, mas há hipóteses em que sua ocorrência é imposit iva em razão de previsão legal, como é o casoda remessa necessária, conforme prevê o art . 496 do CPC. Por fim, regist ra-se que o duplo grau tem relação com reexame do pronunciamento final que julga o mérito; não à toa é comum a previsão legal de decisões interlocutórias irrecorríveis. Ademais, não se t rata de direito absoluto, podendo ser limitado, como é o caso das ações de competência originária do STF, nos termos do art . 102, I, da Const ituição Federal (DIDIER JR. et al, 2016, p. 92) PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE Sedimenta que os recursos do nosso ordenamento jurídico estão taxat ivamente previstos em lei. Portanto, só haverá recurso se houver previsão legal, não se admit indo, por exemplo, sua previsão em regimento interno do Tribunal ou sua criação via negócio jurídico processual celebrado entre as partes. O princípio encontra-se no art . 994 do CPC, mas é preciso regist rar que é possível haver outros recursos que não os ali previstos, como é o caso dos embargos infringentes na lei de execução fiscal. Foto: Shutterstock.com PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE (OU SINGULARIDADE) É aquele segundo o qual para cada decisão judicial recorrível só existe um recurso específico, sendo vedada a interposição de dois recursos simultaneamente ou sucessivamente contra a mesma decisão. O princípio comporta exceções, como é o caso da interposição de recurso especial e extraordinário quando a decisão, ao mesmo tempo, viola norma infraconst itucional federal e norma const itucional. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE Exige que o recorrente alegue os mot ivos de seu inconformismo com a decisão judicial impugnada. É preciso, em suma, que o recorrente apresente os mot ivos de fato e de direito para que requeira um novo julgamento daquela questão. O recurso precisa ser dialét ico, ou seja, discursivo, de modo que indique os fundamentos que embasam o pedido de nova decisão. Sobre o princípio, vejam-se as lições de Humberto Theodoro Junior: � Clique na figura abaixo para ver as informações. Foto: Shutterstock.com Na verdade, isto não é um princípio que se observa apenas no recurso. Todo o processo é dialét ico por força do contraditório que se instala, obrigatoriamente, com a propositura da ação e com a resposta do demandado, perdurando em toda a instrução probatória e em todos os incidentes suscitados durante o desenvolver da relação processual, inclusive, pois, na fase recursal. Para que se cumpra o contraditório e ampla defesa assegurados const itucionalmente (CF, art . 5º, LV), as razões do recurso são elemento indispensável a que a parte recorrida possa respondê- lo e a que o t ribunal ad quem possa apreciar- lhe o mérito. O julgamento do recurso nada mais é do que um cotejo lógico-argumentat ivo entre a mot ivação da decisão impugnada e a do recurso. Daí por que, não contendo este a fundamentação necessária, o t ribunal não pode conhecê- lo (THEODORO JR., 2020, p. 950). � COMENTÁRIO Como se nota, o princípio da dialet icidade dialoga diretamente com o princípio do contraditório. Além do contraditório, é comum a doutrina o relacionar também com o princípio disposit ivo, visto que este “delimita o mérito do recurso, ou seja, só pode o juiz apreciar aquilo que foi objeto de pedido de rejulgamento, que precisa, necessariamente, estar dentro dos fundamentos do recurso” (ABELHA, 2016, p. 1403). PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE É a autorização de se trocar um recurso por outro, na hipótese de equívoco cometido pela parte. Contudo, para a sua aplicação, é preciso que: Não tenha havido erro grosseiro comet ido pela parte. Não tenha precluído o prazo para interposição. Conste inexistência de má-fé. Esteja fundada dúvida quanto ao recurso a ser interposto. O CPC expressamente previu a fungibilidade recursal em alguns casos, como é a hipótese do art . 1.024, §3º, segundo o qual: O ÓRGÃO JULGADOR CONHECERÁ DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COMO AGRAVO INTERNO SE ENTENDER SER ESTE O RECURSO CABÍVEL, DESDE QUE DETERMINE PREVIAMENTE A INTIMAÇÃO DO RECORRENTE PARA, NO PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS, COMPLEMENTAR AS RAZÕES RECURSAIS, DE MODO A AJUSTÁ-LAS ÀS EXIGÊNCIAS DO ART. 1.021, § 1º. Outros exemplos: art . 1.032 e art . 1.033 do CPC. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS É aquele que proíbe o órgão julgador de um recurso de proferir decisão mais desfavorável ao recorrente do que a decisão recorrida contra a qual se interpôs recurso. Com efeito, o órgão ad quem somente pode alterar a decisão dentro do que foi pedido no recurso. Não pode piorar a situação do recorrente, mas apenas mantê- la ou melhorá- la. PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE EM SEPARADO DAS INTERLOCUTÓRIAS É aquele, como o próprio nome sugere, que prevê a irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias. � SAIBA MAIS O princípio no Código atual ganhou relevo, considerando que o agravo ret ido foi ext into e que as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento passaram a ser mais restritas, nos termos do art . 1.015 do CPC. A apelação, no caso, passou a ser o recurso cabível contra não apenas a sentença, mas também contra as decisões não agraváveis por instrumento. PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE Trata da impossibilidade de a parte apresentar as razões do seu recurso fora do prazo de sua interposição. Isso porque, uma vez interposto o recurso, há preclusão consumativa. O princípio sofre mit igação no art . 1.024, §4º, do CPC, segundo o qual: CASO O ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO IMPLIQUE MODIFICAÇÃO DA DECISÃO EMBARGADA, O EMBARGADO QUE JÁ TIVER INTERPOSTO OUTRO RECURSO CONTRA A DECISÃO ORIGINÁRIA TEM O DIREITO DE COMPLEMENTAR OU ALTERAR SUAS RAZÕES, NOS EXATOS LIMITES DA MODIFICAÇÃO, NO PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS, CONTADO DA INTIMAÇÃO DA DECISÃO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO É aquele que veda que, uma vez interposto um recurso, este seja subst ituído por outro, interposto posteriormente, ainda que dentro do prazo recursal (NEVES, 2017, p. 1599). Com efeito, a faculdade de interpor recurso preclui quando a parte não se manifesta no prazo legal ou quando se manifesta de forma inadequada. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DO JULGAMENTO DO MÉRITO RECURSAL Consagra a ideia de que o órgão julgador deve sempre priorizar o julgamento de mérito do recurso (o fenômeno também se aplica para o julgamento da demanda principal e julgamento de demanda incidental). O art . 4º do CPC é um dos disposit ivos legais que consagra o princípio, visto que assegura à parte o direito à solução integral do mérito. Ao t ratar desse princípio, o professor e desembargador Alexandre Câmara afirma o seguinte: Foto: Shutterstock.com PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE Traduz a necessidade de manifestação de vontade da parte para que o recurso seja interposto. Recorrer é um ato de vontade, um mecanismo de utilização voluntário. NÃO EXISTE RECURSO OBRIGATÓRIO, BEM COMO NÃO PODE O JUIZ DE OFÍCIO RECORRER PELA PARTE, AINDA QUE INCAPAZ. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DE ACORDO COM A TAXATIVIDADE, RECURSOS ESTÃO PREVISTOS DE FORMA TAXATIVA NA LEI. ASSINALE O RECURSO QUE NÃO ESTÁ PREVISTO NO ART. 994 DO CPC: A) Agravo interno B) Agravo de instrumento C) Agravo em recurso especial D) Embargos infringentes E) Embargos de divergência 2. SOBRE O CONCEITO DE RECURSO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) O recurso não é interposto dentro do mesmo processo em que proferida a decisão recorrida. B) O recurso pode buscar somente a invalidação e a reforma da decisão judicial. C) O recurso pode buscar a invalidação, a reforma, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial. D) O recurso é considerado um meio de impugnação interposto de modo obrigatório pela parte. E) O recurso e as ações autônomas de impugnação são considerados sinônimos pela doutrina e jurisprudência brasileira. GABARITO 1. De acordo com a taxatividade, recursos estão previstos de forma taxativa na lei. Assinale o recurso que não está previsto no art. 994 do CPC: A alternat iva "D " está correta. A resposta é a let ra D, tendo em vista que os embargosinfringentes não estão previstos no art . 994 do CPC. 2. Sobre o conceito de recurso, assinale a alternativa correta: A alternat iva "C " está correta. A resposta é a let ra C. Em sede do direito processual civil, o recurso tem uma acepção técnica e restrita, podendo ser definido como o meio ou remédio impugnat ivo apto para provocar, dentro da relação processual ainda em curso, o reexame de decisão judicial, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando obter reforma, invalidação, esclarecimento ou integração. MÓDULO 2 Identificar o significado de juízo de admissibilidade e juízo de mérito recursal ASPECTOS GERAIS SOBRE O JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO Uma vez interposto o recurso, seu julgamento será const ituído por duas fases: O JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE No juízo de admissibilidade, verificam-se os requisitos de admissibilidade do recurso. Em outras palavras, são examinados certos pressupostos necessários do recurso para que ele possa ser, posteriormente, julgado no mérito. Quando o juízo de admissibilidade é posit ivo, diz-se que órgão julgador “admit iu” ou “conheceu” do recurso. Quando é negat ivo, afirma-se que o órgão julgador “inadmit iu” ou “não conheceu” do recurso. O juízo de admissibilidade é um juízo sobre os requisitos mínimos para apreciar o recurso. Nele, toma-se uma decisão acerca da apt idão do recurso para ter seu objeto lit igioso (mérito) analisado. O JUÍZO DE MÉRITO O julgamento de mérito recursal é a apreciação do pedido que consta no recurso , que pode ser a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial. Se o juízo de mérito for posit ivo, diz-se que o recurso foi “provido” ou que foi “dado provimento” a ele. Se o juízo for negat ivo, afirma-se que o recurso foi “desprovido” ou que foi “negado provimento” a ele. � ATENÇÃO O primeiro é preliminar ao segundo. Só há juízo de mérito se o juízo de admissibilidade t iver sido posit ivo. REQUISITOS DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os requisitos de admissibilidade do recurso dividem-se em: Imagem: Shutterstock.com REQUISITOS INTRÍNSECOS Têm relação com a existência do direito de recorrer (cabimento, legit imação, interesse e inexistência de fato impedit ivo ou ext int ivo do poder de recorrer). Imagem: Shutterstock.com REQUISITOS EXTRÍNSECOS Referem-se ao modo de exercício do direito de recorrer (preparo, tempest ividade e regularidade formal). No vídeo a seguir, o professor Felipe Varela discorre brevemente sobre os requisitos de admissibilidade dos recursos, com foco nos requisitos int rínsecos. Vamos assist ir! REQUISITOS INTRÍNSECOS DO RECURSO CABIMENTO RECORRIBILIDADE & ADEQUAÇÃO Ou seja, a decisão deve ser recorrível e o recurso adequado, isto é, o recurso previsto em lei adequado para impugnar aquele t ipo de decisão judicial. � EXEMPLO Se o órgão julgador profere despacho, não há recurso cabível a ser interposto contra, visto que despacho não é decisão recorrível; mas sim ato judicial sem conteúdo decisório não sujeito a recurso. Por outro lado, se a parte interpõe recurso de apelação para impugnar decisão interlocutória, cometerá erro de cabimento, visto que a apelação não é o recurso adequado previsto em lei contra esse t ipo de decisão. O estudo do cabimento é correlato a t rês princípios já estudados no módulo anterior: TAXATIVIDADE UNIRRECORRIBILIDADE FUNGIBILIDADE LEGITIMIDADE RECURSAL A legit imidade recursal está prevista no art . 996 do CPC. É a apt idão necessária que se deve ter para interpor recurso contra certa decisão naquele caso concreto. O recurso pode ser interposto: � Clique nos cards a seguir. PELA PARTE VENCIDA PELO TERCEIRO PREJUDICADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO Por parte vencida, entende-se as partes (autor ou réu) e o terceiro interveniente (v.g. o denunciado, o assistente e o chamado), que a part ir da intervenção torna-se parte. Por terceiro prejudicado, compreende-se aquele que não part icipa do processo, mas é afetado por aquela decisão judicial, mot ivo pelo qual ingressa no processo para impugnar voluntariamente aquela decisão. São, portanto, pessoas estranhas ao processo que, de algum modo, são at ingidas por seus efeitos. Exemplo: O sublocatário que é at ingido por decisão judicial proferida no âmbito de um processo de despejo do qual não faz parte. Segundo o parágrafo único do art . 996 do CPC, cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submet ida à apreciação judicial at ingir direito de que se afirme t itular ou que possa discut ir em juízo como subst ituto processual. Por fim, há o Ministério Público, que pode recorrer na qualidade de parte ou de fiscal da ordem jurídica. INTERESSE RECURSAL O interesse recursal assenta-se no binômio utilidade-necessidade. O recurso será út il para o recorrente, quando est iver postulando decisão capaz de lhe proporcionar situação jurídica mais favorável do que aquela que lhe é proporcionada pela decisão impugnada. Veja-se o exemplo de Alexandre Câmara: � Clique na figura abaixo para ver as informações. Foto: Shutterstock.com Pense-se, por exemplo, no caso de ter sido proferida sentença de total improcedência do pedido. Pois se contra tal sentença se insurge o réu, postulando sua reforma para que o processo seja ext into sem resolução do mérito, lhe faltará interesse em recorrer, já que a providência postulada não melhora (ao contrário, piora) sua situação jurídica. É preciso, então, que, at ravés do recurso, se busque uma providência út il, assim compreendida como aquela que é capaz de proporcionar ao recorrente uma melhoria de situação jurídica (em comparação com a situação proporcionada pela decisão recorrida). Só assim estará presente o interesse em recorrer (CÂMARA, 2015, p. 496). Por outro lado, o recurso será necessário, quando for preciso fazer o uso das vias recursais para se obter o que pretende contra a decisão impugnada. � EXEMPLO Como recurso desnecessário, podemos citar o que é interposto pelo réu, em ação monitória, contra decisão que determina a expedição do mandado monitório. O recurso, nesse exemplo, é desnecessário, pois a simples apresentação de embargos monitórios é suficiente para impedir que a decisão monitória produza efeito execut ivo (DIDIER JR. et al, 2016, p. 166). INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO E EXTINTIVO DO PODER DE RECORRER A “inexistência de fato impedit ivo e ext int ivo do poder de recorrer” é considerada um requisito recursal negat ivo, pois se t rata, como o nome sugere, de fatos impeditivos e extintivos do direto de recorrer que não podem ocorrer, sob pena do recurso ser inadmit ido. Sobre o tema, a doutrina costuma fazer menção à desistência, à renúncia e à aceitação (aquiescência). A desistência ocorre quando, uma vez já interposto o recurso, o recorrente manifesta o desejo de que tal recurso não seja julgado. Sobre a desistência, dispõe o art . 998 do CPC: O RECORRENTE PODERÁ, A QUALQUER TEMPO, SEM A ANUÊNCIA DO RECORRIDO OU DOS LITISCONSORTES, DESISTIR DO RECURSO. Pode a desistência ser total ou parcial. Ademais, não depende da anuência do lit isconsórcio (parágrafo único do art . 998 do CPC), assim como dispensa homologação judicial para produzir efeitos. A renúncia ocorre quando a parte vencida previamente abre mão de interpor recurso. Além disso, independe da aceitação da outra parte (art . 999 do CPC). O termo inicial para renúncia ocorrer data da int imação da decisão contra qual se pode insurgir. A renúncia também pode ser parcial ou total, bem como expressa ou tácita. Foto: Shutterstock.com Sobre tais classificações, confiram-se os exemplos dados por Daniel Neves: � Clique na figura abaixo para ver as informações. Foto: Shutterstock.com A declaração unilateral do recorrente renunciando ao direito de recorrer, que pode ser feita por escrito ou oralmente na audiência na qual a decisão impugnável é prolatada, const itui renúncia expressa.Quando a parte simplesmente deixa de recorrer dentro do prazo recursal, há renúncia tácita do direito de recorrer. A renúncia pode ser total ou parcial. Pode a parte recorrente limitar a sua renúncia ao direito recursal de forma principal, mantendo o direito de recorrer adesivamente, sendo essa a forma mais evidente de mostrar à parte contrária que se deseja o t rânsito em julgado, mas, na hipótese de a parte contrária ingressar com recurso, provavelmente haverá recurso adesivo. Não havendo especificação, a renúncia at inge o direito recursal como um todo (NEVES, 2017, p. 1622). Por fim, a aquiescência (Sinônimo de aceitação) está prevista no art . 1.000 do CPC, segundo o qual “a parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer”. A aquiescência, ou aceitação, gera uma preclusão lógica que impede a admissão do recurso. Ela é expressa quando a parte se manifesta ao juízo ou à parte contrária diretamente, e tácita quando a parte prat ica, sem nenhuma reserva, ato incompat ível com a vontade de recorrer (art . 1000, parágrafo único, do CPC). � ATENÇÃO A aquiescência, assim como a renúncia, só pode ocorrer entre a int imação da decisão recorrível e a interposição do recurso. São exemplos de aquiescência: pagamento de condenação e apresentação de contas na ação de exigir contas. REQUISITOS EXTRÍNSECOS DO RECURSO TEMPESTIVIDADE O requisito tempest ividade t raduz a necessidade de o recurso ser interposto dentro do prazo legal. Em regra, o prazo para interposição do recurso é de 15 dias úteis, com exceção dos embargos de declaração, que são de 5 dias úteis nos termos dos arts. 1.003, §5º, e 1.023, caput , do CPC. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são int imados da decisão (art . 1.003, caput , do CPC). Se a decisão houver sido proferida em audiência, os sujeitos serão considerados int imados nessa mesma audiência (art . 1.003, §1°, do CPC). � ATENÇÃO Nos casos de recurso interposto por réu contra decisão proferida antes de sua citação, aplicam- se as regras do art . 231, I a VI, nos termos do art . 1.003, §2º, do CPC. Nesse sent ido, o início do prazo recursal será a data da juntada do AR, quando a citação ou a int imação for pelo correio (inciso I do art . 231); da data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a int imação for por oficial de just iça (inciso II do art . 231); da data de ocorrência da citação ou da int imação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria (inciso III do art . 231); e do dia út il seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a int imação for por edital (inciso IV do art . 231). Por fim, ressaltam-se as demais regras do art . 1003 do CPC: � PRIMEIRA REGRA No prazo para interposição de recurso, a pet ição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial (art . 1.003, §3º, do CPC). RECURSO PELO CORREIO Para aferição da tempest ividade do recurso remet ido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem (art . 1.003, §4º, do CPC). � � FERIADO LOCAL Se for recorrente, deverá comprovar a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso (art . 1.003, §6º, do CPC). REGULARIDADE FORMAL Todo recurso deve atender regras gerais de forma: ser fundamentado, expor as razões de irresignação e ter pedido de novo julgamento. Além disso, em regra, o recurso é ato processual escrito, deve ser assinado e exige capacidade postulatória (isto é, presença de advogado representando a parte). Foto: Shutterstock.com No entanto, existem também requisitos de regularidade formais específicos que precisam ser preenchidos a depender do recurso interposto. � EXEMPLO O agravo de instrumento exige que o agravante t raga peças obrigatórias dos autos de origem quando o processo é físico, a apelação exige pet ição dirigida ao juízo de primeiro grau e certas informações mínimas, e assim por diante. PREPARO O preparo é o adiantamento das despesas para a interposição do recurso. Conforme prevê o caput do art . 1.007: NO ATO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO, O RECORRENTE COMPROVARÁ, QUANDO EXIGIDO PELA LEGISLAÇÃO PERTINENTE, O RESPECTIVO PREPARO, INCLUSIVE PORTE DE REMESSA E DE RETORNO, SOB PENA DE DESERÇÃO. A deserção corresponde à sanção em razão da falta de pagamento. Ademais, o porte de remessa e de retorno é dispensado se os autos forem elet rônicos (art . 1007, §3º, do CPC). Em hipóteses de falha na comprovação do preparo (preenchimento errado da guia de pagamento), ausência de preparo ou preparo insuficiente, o processo não será inadmit ido imediatamente. O relator do recurso, antes, int imará a parte para corrigir o defeito, nos termos do art . 932, parágrafo único, do CPC. Foto: Shutterstock.com No caso de recurso sem preparo, o relator int imará o recorrente para que o realize em dobro, sob pena de deserção (art . 1.007, §4°, CPC). No entanto, é vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º (art . 1.007, §5º, do CPC). A hipótese de insuficiência no valor do preparo implicará deserção apenas se o recorrente, int imado, não vier a supri- lo no prazo de cinco dias (art . 1.007, §2º, do CPC). O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, int imar o recorrente para sanar o vício no prazo de cinco dias (art . 1007, §7º, do CPC). Se o int imado não saná- lo, a pena de deserção poderá ser aplicada. � VOCÊ SABIA Não é todo recurso que exige preparo. Existem isenções de custas previstas em lei para determinados recursos, como é o caso dos embargos de declaração e o agravo em recurso especial e ext raordinário, arts. 1023 e 1.042, §2º, ambos do CPC. Ademais, há sujeitos que estão isentos de custas, como o Ministério Público, Dist rito Federal, a União, os Estados, Municípios e respect ivas autarquias, conforme estabelece o art . 1.007, § 1º, do CPC. JUÍZO DE MÉRITO Feita a análise do juízo de admissibilidade, e sendo ele posit ivo, passa-se agora a examinar o juízo de mérito do recurso. Trata-se do momento em que o órgão julgador aprecia os fundamentos constantes no recurso do recorrente para decidir se lhe assiste razão ou não. O mérito do recurso nada mais é do que a pretensão recursal. É formado pela causa de pedir (fundamento do recurso) e o pedido recursal. Como brevemente dito em tópico anterior, o recurso pode buscar quatro resultados: REFORMA INVALIDAÇÃO ESCLARECIMENTO INTEGRAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL QUE SE IMPUGNA Para ident ificar quais desses resultados o recorrente deve requerer em seu recurso, é preciso examinar o fundamento da decisão impugnada, de modo a ident ificar o vício ocorrido. CAUSA DE PEDIR E PEDIDO RECURSAL A causa de pedir recursal são os fatos jurídicos expostos no recurso que demostram que a decisão recorrida cometeu: ERRO IN IUDICANDO Quando a decisão recorrida incorre em erro in iudicando, significa dizer que cometeu o chamado “erro de julgamento”, que pode ser definido como um equívoco de conclusão. Nessas hipóteses, o recorrente deve formular pedido de reforma da decisão recorrida, buscando um novo pronunciamento, uma nova conclusão diversa daquela existente no julgado originário a qual considera equivocada. Exemplos: “decisão que condenou o réu a cumprir obrigação que não era verdadeiramente devida; na decisão que anulou o contrato que não t inha qualquer vício; na decisão que declarou a falsidade de um documento que é autênt ico (...)” (CÂMARA, 2015, p. 490). ERRO IN PROCEDENDO Quando a decisão recorrida incorre em erro in procedendo, afirma-se que houve um “erro de at ividade”, que pode ser definido como um vício deat ividade na decisão judicial. Aqui, não se está diante de um erro na conclusão do julgado, se certo ou errado, mas, sim, no modo como foi produzida. Nesses casos, deverá a parte requerer a invalidação da decisão, de modo que outra seja produzida em condições de validade, sem o vício anterior existente. São exemplos as hipóteses em que a decisão é proferida sem fundamentação adequada, sem respeito ao contraditório ou por um juízo incompetente. Por fim, pode a decisão recorrida ocorrer em omissão, contradição, obscuridade. Nessas hipóteses, o propósito do recorrente não será reformar nem cassar, mas tão somente aperfeiçoar a decisão, eliminando um desses vícios. No caso de contradição e obscuridade, o resultado buscado pelo recurso será o esclarecimento, o que ocorrerá via embargos de declaração, nos termos do art . 1.022, I, do CPC. Vejamos: Por obscura, compreende-se a decisão que é incompreensível total ou parcialmente. & Por contraditória, compreende-se a decisão – como o próprio nome indica – que tem t rechos do seu conteúdo incompat íveis e contraditórios entre si. Por outro lado, no caso de decisões que incorrem em omissão, deve o recorrente buscar a integração da decisão judicial, de modo a provocar o juízo para que se manifesta acerca de algo que não se manifestou. Aqui, o recurso cabível será embargos de declaração, nos termos do art . 1.022, II, do CPC. Contudo, nada impede que se requeira a integração de decisão omissa em sede de apelação, nos termos do art . 1.013, §3º, III, do CPC. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NOS TERMOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DOS RECURSOS É DE: A) 15 dias corridos. B) 15 dias úteis, com exceção do agravo interno, cujo prazo é de 5 dias úteis. C) 15 dias úteis, com exceção dos embargos de declaração, cujo prazo é de 5 dias úteis. D) 10 dias úteis. E) 10 dias corridos. 2. RAFAEL AJUIZOU AÇÃO DE COBRANÇA CONTRA JOÃO, A QUAL FOI JULGADA PROCEDENTE EM PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO. O PROCESSO TRAMITA PELO MEIO ELETRÔNICO. INCONFORMADO COM A SENTENÇA, JOÃO INTERPÕE RECURSO DE APELAÇÃO DENTRO DO PRAZO LEGAL, MAS AS CUSTAS RECOLHIDAS FORAM PARCIALMENTE PAGAS. NESSE CASO: A) O magist rado deverá aplicar imediatamente a pena de deserção a João. B) João será int imado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro do valor do preparo, dispensado o porte de remessa e retorno, sob pena de deserção. C) João será int imado, na pessoa de seu advogado, para recolher o valor total do preparo, inclusive porte de remessa e retorno, sob pena de deserção. D) João será int imado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro do valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. E) João será int imado a suprir a parcela do preparo não paga no prazo de cinco dias, sob pena de deserção, e sem a necessidade de pagamento do porte de remessa e de retorno, pois os autos são elet rônicos. GABARITO 1. Nos termos do Código de Processo Civil, o prazo para interposição dos recursos é de: A alternat iva "C " está correta. A resposta é a let ra C, nos termos do art . 1.003, §5º, e art . 1.023, caput , ambos do CPC, que regulamentam o prazo para os recursos: “Art . 1.003. O prazo para interposição de recurso conta- se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são int imados da decisão. (...) § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder- lhes é de 15 (quinze) dias. Art . 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em pet ição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo”. 2. Rafael ajuizou ação de cobrança contra João, a qual foi julgada procedente em primeiro grau de jurisdição. O processo tramita pelo meio eletrônico. Inconformado com a sentença, João interpõe recurso de apelação dentro do prazo legal, mas as custas recolhidas foram parcialmente pagas. Nesse caso: A alternat iva "E " está correta. A resposta é a let ra E, nos termos do art . 1.007, §§2º e 3º, do CPC, que prevê: “Art . 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pert inente, o respect ivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 2º - A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, int imado na pessoa de seu advogado, não vier a supri- lo no prazo de 5 (cinco) dias. § 3º - É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos elet rônicos”. MÓDULO 3 Listar os principais efeitos do recurso EFEITOS DOS RECURSOS Aqui, t ratemos dos efeitos produzidos pelos recursos cíveis brasileiros. Os dois efeitos básicos tradicionalmente expostos pela doutrina pátria são os efeitos devolut ivo e suspensivo, mas outros serão abordados, quais sejam, o efeito impedit ivo, subst itut ivo, regressivo e t ranslat ivo. EFEITO IMPEDITIVO A interposição de recurso – que preencha os requisitos de admissibilidade – t raz como primeiro efeito um impedimento à preclusão temporal da decisão recorrida. Sua interposição prolonga o estado de lit ispendência. Com efeito, durante o t râmite recursal, não se pode falar em preclusão da decisão recorrida, do seu t rânsito em julgado e até eventualmente da sua coisa julgada. Por essa razão, também não se admite a execução definit iva da decisão impugnada, até que julgado o recurso. EFEITO DEVOLUTIVO Com base nesse efeito, t ransfere-se, em regra, para o órgão ad quem o conhecimento das matérias que tenham sido objeto de decisão no órgão a quo. Ou seja, por meio do recurso e seu efeito devolut ivo, provoca-se o reexame da decisão; há uma reapreciação e novo julgamento de questão já decidida. � ATENÇÃO Há corrente doutrinária que compreende que só há efeito devolut ivo se o recurso for dirigido para outro órgão jurisdicional – diferente do que prolatou a decisão recorrida. Nesse sent ido, para tal corrente, por exemplo, os embargos de declaração, que são dirigidos para o mesmo juízo prolator da decisão impugnada, não teria efeito devolut ivo. Apesar disso, defende-se, aqui, que tal compreensão não é requisito essencial para a configuração do efeito devolut ivo, de modo que se pode afirmar que todo recurso gera efeito devolut ivo, podendo-se haver t ransferência da matéria para outro ou para o mesmo órgão julgador. O que pode variar do efeito devolut ivo de cada recurso é sua: Imagem: Shutterstock.com EXTENSÃO (DIMENSÃO HORIZONTAL) A extensão do efeito devolut ivo é a delimitação do que será submet ido ao órgão que irá julgar o recurso. É a extensão da impugnação. Apenas se devolve o conhecimento de matéria impugnada (art . 1.013, caput , do CPC). Imagem: Shutterstock.com PROFUNDIDADE (DIMENSÃO VERTICAL) A profundidade do efeito devolut ivo, por sua vez, t rata das questões que devem ser apreciadas pelo órgão que irá julgar o recurso. É o material com o qual o órgão que irá julgar o recurso irá t rabalhar para decidi- lo. O art . 1.013, § 1°, do CPC, de certo modo, estabelece que a profundidade da devolução está limitada à extensão da devolução. Isso porque tal disposit ivo determina que será objeto de apreciação e julgamento pelo t ribunal todas as questões suscitadas e discut idas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relat ivas ao capítulo impugnado. Sobre o tema, confiram-se as lições de Fredie Didier: ASSIM, SE O JUÍZO A QUO EXTINGUE O PROCESSO PELA COMPENSAÇÃO, O TRIBUNAL PODERÁ, NEGANDO-A, APRECIAR AS DEMAIS QUESTÕES DE MÉRITO, SOBRE AS QUAIS O JUIZ NÃO CHEGOU A PRONUNCIAR-SE. ORA, PARA JULGAR, O ÓRGÃO A QUO NÃO ESTÁ OBRIGADO A RESOLVER TODAS AS QUESTÕES ATINENTES AOS FUNDAMENTOS DO PEDIDO E DA DEFESA; SE ACOLHER UM DOS FUNDAMENTOS DO AUTOR, NÃO TERÁ DE EXAMINAR OS DEMAIS; SE ACOLHER UM DOSFUNDAMENTOS DA DEFESA DO RÉU, IDEM. NA DECISÃO PODERÁ APRECIAR TODAS ELAS, OU SE OMITIR QUANTO A ALGUMAS DELAS: "BASTA QUE DECIDA AQUELAS SUFICIENTES À FUNDAMENTAÇÃO DA CONCLUSÃO A QUE CHEGA NO DISPOSITIVO DA SENTENÇA". INTERPOSTO O RECURSO CONTRA A DECISÃO, O TRIBUNAL PODERÁ, DESDE QUE RESPEITADO O CONTRADITÓRIO (ART. 10, CPC), EXAMINAR TODAS AS QUESTÕES SUSCITADAS, AINDA QUE NÃO ENFRENTADAS PELO JUÍZO RECORRIDO, RELACIONADAS ÀQUILO QUE É OBJETO LITIGIOSO DO PROCEDIMENTO RECURSAL (DIDIER JR. et al., 2016, p. 144). No vídeo a seguir, o professor Felipe Varela explica o efeito devolut ivo dos recursos e o aprofunda nas suas dimensões, comparando-o, também, com o efeito devolut ivo. Vamos assist ir! EFEITO SUSPENSIVO O efeito suspensivo t rata da possibilidade de se suspender a eficácia da decisão recorrida, enquanto não julgado o recurso interposto. � ATENÇÃO A doutrina comumente crit ica a afirmat iva de que “o recurso tem efeito suspensivo”. Na realidade, não é o recurso que tem efeito suspensivo e, portanto, a capacidade de suspender a eficácia da decisão. Antes mesmo da interposição, a decisão já pode não ser eficaz. Isso porque o efeito suspensivo decorre da mera recorribilidade do ato judicial. Se houver previsão em lei de recurso a ser recebido com efeito suspensivo, a decisão recorrível por tal recurso já surge ineficaz, não sendo, assim, a interposição do recurso que gera a suspensão, mas a previsão legal de efeito suspensivo (NEVES, 2017, p. 1568). Todo recurso pode ter efeito suspensivo. Existem recursos que possuem efeito suspensivo automát ico, por determinação legal. É o caso da apelação, nos termos do art . 1.012 do CPC. Isso significa que a sentença já é automat icamente uma decisão judicial que não produz efeitos, e assim permanecerá até o julgamento do recurso de apelação. Outro exemplo é o recurso especial ou extraordinário interposto contra decisão que julga incidente de resolução de demandas repet it ivas, nos termos do art . 987, §1º, do CPC. Nas hipóteses em que o recurso não é dotado de efeito suspensivo ope legis (por determinação legal), tal efeito pode ser at ribuído por decisão judicial se o recorrente o requerer atendendo aos requisitos do parágrafo único do art . 995 do CPC. Segundo o art igo: A EFICÁCIA DA DECISÃO RECORRIDA PODERÁ SER SUSPENSA POR DECISÃO DO RELATOR, SE DA IMEDIATA PRODUÇÃO DE SEUS EFEITOS HOUVER RISCO DE DANO GRAVE, DE DIFÍCIL OU IMPOSSÍVEL REPARAÇÃO, E FICAR DEMONSTRADA A PROBABILIDADE DE PROVIMENTO DO RECURSO. No Direito Processual Civil brasileiro, a regra é que os recursos não possuem efeito suspensivo automát ico (art . 995 do CPC). Isto é, a regra é o efeito suspensivo ope iudicis (aquele requerido e viabilizado por decisão judicial), sendo excepcionalmente ope legis (por determinação legal). EFEITO SUBSTITUTIVO O julgamento de qualquer recurso é capaz de subst ituir – para todos os efeitos – a decisão recorrida. É o que estabelece o art . 1008 do CPC, segundo o qual “o julgamento proferido pelo tribunal subst ituirá a decisão impugnada no que t iver sido objeto de recurso”. Conforme ensina Theodoro Junior (2020, p. 990-991), contudo, para a subst ituição da decisão recorrida, hão de ser observados alguns requisitos: O recurso deverá ter sido conhecido e julgado pelo mérito; se o caso for de não admissão do recurso, por questão preliminar, ou se o julgamento for de anulação do julgado recorrido, não haverá como o decidido no recurso subst ituir a decisão originária. Deverá o novo julgamento compreender todo o tema que foi objeto da decisão recorrida; se a impugnação t iver sido parcial, a subst ituição operará nos limites da devolução apenas. Segundo Theodoro (2020, p. 991), é irrelevante se o recurso julgado no mérito foi provido ou desprovido. Em qualquer caso, o decidido na instância recursal é o que prevalece e fará coisa julgada. EFEITO REGRESSIVO O efeito regressivo é aquele que autoriza que o órgão a quo reveja a decisão recorrida. Isso porque, em certos casos, autoriza-se que tal juízo reaprecie sua própria decisão, antes mesmo do julgamento do recurso. Tal efeito é visto em todos os t ipos de agravo e em t rês hipóteses de apelação, quais sejam: Na hipótese de sentença que indefere a pet ição inicial (art . 331 do CPC). Quando há sentença de improcedência liminar (art . 332, §3º, do CPC). Nos casos previstos nos incisos do art . 485 do CPC, nos quais o juiz profere sentença sem resolver o mérito (art . 485, §7º, do CPC). EFEITO TRANSLATIVO É o efeito que permite que o t ribunal, no julgamento do recurso, conheça determinadas matérias, independentemente da devolução operada pela vontade do recorrente por meio de seu recurso. No caso, conforme art . 332, §1º e art . 487, p. único, ambos do CPC, são: As matérias de ordem pública, como é o caso das condições da ação e pressupostos processuais. & As matérias que os t ribunais podem apreciar de ofício, em razão de previsão legal, como é o caso da prescrição. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O JULGAMENTO PROFERIDO PELO TRIBUNAL SUBSTITUI A DECISÃO IMPUGNADA NO QUE TIVER SIDO OBJETO DE RECURSO. QUANTO À AFIRMATIVA, ASSINALE O EFEITO RECURSAL NELA CONSAGRADO: A) Efeito regressivo. B) Efeito suspensivo. C) Efeito subst itut ivo. D) Efeito devolut ivo. E) Efeito impedit ivo. 2. A RESPEITO DO EFEITO SUSPENSIVO DOS RECURSOS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Todo recurso é dotado de efeito suspensivo automát ico, por determinação legal. B) Nas hipóteses em que o recurso não é dotado de efeito suspensivo automát ico, tal efeito pode ser at ribuído por despacho irrecorrível proferido pelo relator. C) No Direito Processual Civil brasileiro, a regra é que os recursos não possuem efeito suspensivo automát ico, nos termos do art . 995 do CPC. D) A sentença é uma decisão que nasce sem produzir seus efeitos, tendo em vista que contra ela cabe apelação, um recurso dotado de efeito suspensivo ope iudicis. E) A eficácia da decisão recorrida pode ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos demonstrar o recorrente apenas a probabilidade de provimento do recurso. GABARITO 1. O julgamento proferido pelo tribunal substitui a decisão impugnada no que t iver sido objeto de recurso. Quanto à afirmativa, assinale o efeito recursal nela consagrado: A alternat iva "C " está correta. O julgamento de qualquer recurso é capaz de subst ituir – para todos os efeitos – a decisão recorrida. É o que estabelece o art . 1008 do CPC, segundo o qual “o julgamento proferido pelo tribunal subst ituirá a decisão impugnada no que t iver sido objeto de recurso”. 2. A respeito do efeito suspensivo dos recursos, assinale a alternativa correta: A alternat iva "C " está correta. A resposta correta é a let ra C, considerando que, nos termos do art . 995 do CPC, “os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sent ido diverso”. Desse modo, em regra, as decisões judiciais produzem seus efeitos, em que pese a interposição do recurso. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Como se viu, na definição de Barbosa Moreira (2012), o recurso é “o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna”. Os recursos podem ser classificados, considerando: � A extensão da matéria (recurso total ou parcial) A sua fundamentação (recurso de fundamentação livre ou vinculada) � � Quanto ao objeto imediato (recurso ordinário ou excepcional) A sua independência ou subordinação (recurso principal ou adesivo) � A doutrina majoritária aplica aos recursos os seguintes princípios fundamentais: Princípio do duplo grau de jurisdição Princípio da taxat ividade Princípio da unirrecorribilidade Princípio da dialet icidade Princípio da fungibilidade Princípio da proibição da reformatio in pejus Princípio da irrecorribilidade em separado de algumas decisões interlocutórias Princípioda complementaridade Princípio da consumação Princípio da primazia do julgamento do mérito recursal Princípio da voluntariedade Uma vez interposto o recurso, seu julgamento será composto por duas fases: Juízo de admissibilidade & Juízo de mérito Por fim, foi possível tecer breves comentários sobre os efeitos produzidos pelos recursos, em especial, o efeito devolut ivo, suspensivo, impedit ivo, subst itut ivo, regressivo e t ranslat ivo. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ABELHA, Marcelo. Manual de direito processual civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. ALVIM, T. A. Art. 997. In: CABRAL, A. do P.; CRAMER, R (Coords.). Comentários ao novo Código de Processo Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p. 1495. CÂMARA, A. F. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: At las, 2015. DIDIER JR., F.; CUNHA, L. C. da. Curso de Direito Processual civil: meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos t ribunais. 13. ed. Salvador: JusPodivm, 2016. v. III, p. 832. MARQUES, J. F. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 1976, v. IV, n. 868. MOREIRA, J. C. B. Comentários ao Código de Processo Civil. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. NEVES, D. A. A. Manual de Direito Processual Civil. Salvador: JusPodivm, 2017. THEODORO JR., H. Curso de Direito Processual Civil. 53. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. EXPLORE+ Confira o Manual dos Recursos, Rescisória e Reclamação, de Marco Antonio Rodrigues. São Paulo: At las, 2017. Leia: Teoria Geral dos Recursos, de Luiz Rodrigues Wambier. Aspectos da Teoria Geral dos Recursos no Processo Civil, de Nelson Nery Junior. Um estudo de Teoria Geral do Processo: Admissibilidade e mérito no julgamento dos recursos, de Ada Pellegrini Grinover e João Ferreira Braga. CONTEUDISTA Felipe Varela
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