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PETIÇÃO INICIAL EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO CÍVEL DA COMARCA DE CORONEL FABRICIANO – MINAS GERAIS Aquiles Heráclito, brasileiro, casado, médico, portador da C.I:M – 0.000.000 e CPF: 000.000.000-00, residente e domiciliado na rua Um, nº 02, Bairro Eldorado, Coronel Fabriciano – MG, CEP: 00.000-00, endereço eletrônico aquilesheraclito@hotmail.com, por seu procurador judicial devidamente constituído (em anexo o instrumento de mandato), vem a presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS em desfavor de LINHAS AÉREAS ODISSÉIA S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 000.000.0001/00, com endereço no Aeroporto Santos Dumont, localizado na Avenida do Aeroporto, s/nº, Bairro Centro, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 00.000- 00, endereço eletrônico voeodisseia@hotmail.com, pelos fundamentos de fato e de direito, a seguir expostos: II. DOS FATOS O autor adquiriu, em 01.09.2017, através do sitio da ré www.voeodisseia.com.br, passagens aéreas para o trecho Ipatinga/São Paulo (com conexão no aeroporto de Cofins em Belo Horizonte/MG), sendo a ida marcada para o dia 09.10.2017 e o retorno para o dia 11.10.2017. A identificação dos voos foi feita através do localizador VATJMG, sendo o valor total pago pelas passagens de R$ 2.0000,00 (Dois mil reais). A viagem era destinada a participação em um congresso da área médica, realizado, anualmente, na capital paulista. mailto:aquilesheraclito@hotmail.com mailto:voeodisseia@hotmail.com http://www.voeodisseia.com.br/ O preço das passagens aéreas foi devidamente adimplido através de pagamento via cartão de crédito conforme cópia da fatura em anexo. Acontece, que após regular voo de ida, o autor, ao tentar realizar seu check-in, com devida antecedência, foi informado pela empresa ré, através de seu call center (0300.300.0030), que seus voos de volta já não constavam no sistema. O autor, já ciente de outros erros da empresa aérea decidiu registrar vários protocolos, com intuito que essa situação fosse solucionada até o dia de seu retorno (nº78965, nº79966 e nº80001). No último protocolo foi informado de que a situação estava resolvida. No dia 10.10.2017, o autor frequentou devidamente o congresso de medicina. No dia 11.10.2017, dirigiu-se ao aeroporto de São Paulo, com antecedência, para evitar maiores transtornos. Ao chegar no aeroporto e apresentar-se no check in foi informado que não poderia embarcar, tendo em vista a ocorrência de overbooking, não havendo preterição de passageiros. A empresa aérea agindo assim inobstante ao que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) propõe em sua resolução de n° 400 de 13 de dezembro de 2016. O autor, além de ter tido cautela ao abrir protocolos de reclamação para que sanassem o erro antes do seu embarque de volta, não teve nenhuma orientação plausível dos representantes da ré e que ele registrasse nova reclamação via call center. Não conseguindo resolver a questão, a empresa apenas alocou o autor em um voo de volta no dia 13.10.2017, uma vez que todos os demais voos estavam lotados em razão do feriado de “Nossa Senhora Aparecida”. O autor teve que se hospedar e permanecer em São Paulo. Considerando a hospedagem, alimentação e deslocamento, o autor gastou R$ 2.000 (Dois mil reais), conforme os comprovantes de pagamentos em anexo nos autos. Gasto este, que teve que arcar, pois a empresa sequer deu assistência ao autor. Ressalte-se que, em razão de ter retornado a Coronel Fabriciano apenas no dia 13.10.2017, o autor não pode comparecer ao aniversário de cinco anos de sua única filha, Atena, o qual foi realizado no dia 12.10.2017. Frise-se que, esta comemoração tinha sido agendada com seis meses de antecedência, com confirmação da presença de vários convidados, inclusive familiares e amigos que residem em diferentes regiões do país, deslocando-se no feriado apenas para participar da comemoração. O autor ainda tentou resolver a questão, posteriormente ao seu retorno, abrindo vários protocolos através dos canais de relacionamento conforme descrição abaixo, mas nada foi resolvido frente a inoperância e o descaso da ré com o fito de fazer com que o autor desistisse de reclamar pelos seus direitos, decidindo assim ajuizar uma ação para resolver sua questão. Dia 14.10.2017 – protocolo nº 67871 – via e-mail; Dia 24.10.2017 – protocolo nº 65678 – via call center; Dia 14.11.2017 – protocolo nº 56781 – via e-mail; Dia 24.11.2017 – protocolo nº 34561 – via e-mail; Dia 30.11.2017 – protocolo nº 98761 – via call center; Em todos os protocolos foi repassado ao autor que a empresa entraria em contato no prazo de dois dias úteis; entretanto, este retorno nunca aconteceu e o problema não foi resolvido deixando claro a falta de compromisso e respeito frente ao consumidor. Conforme os fatos acima narrados, é evidente que o autor além de sofrer prejuízos materiais decorrentes do custo total da hospedagem, alimentação e deslocamento R$ 2.000 (Dois mil reais), o abalo moral sofrido pelo autor por não conseguir retornar a sua casa e participar da comemoração do aniversário de cinco anos, de sua única filha. Afora as reiteradas tentativas de resolver este problema antes de retornar a sua cidade, e após junto ao call center. III. DO DIREITO A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 em seu art.5º, V e XXXII, trata sobre a possibilidade de indenização pelos danos materiais e morais, bem como a defesa do consumidor, como direitos e garantias fundamentais. A lei nº 8.078/90 que dispõe sobre a proteção do consumidor em seus arts. 2º e 3º prevê a aplicação de normas e princípios consumeristas em que há uma relação e consumo entre o consumidor pessoa física que contratou os serviços de transporte aéreo como destinatário final e o fornecedor pessoa jurídica de direito privado nacional. O art.14 c/c art.20 da lei acima supracitada trata sobre a responsabilidade objetiva da ré, ou seja, o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos, além de desrespeitar as indicações constantes na oferta publicitária existente em seu sítio. Corroborando com os arts. 14 e 20 da lei nº 8.078/90, a resolução n° 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) em seu art. 21, inciso III, traz que é de responsabilidade da empresa aérea proporcionar ao cliente opções, para que não fiquem desamparados. Nos casos de overbooking, recomenda-se que não haja preterição de passageiros, ou seja, deixar de transportar passageiros que são originários do voo contratado. Art. 21 O transportador deverá oferecer as alternativas de reacomodação, reembolso, e execução do serviço por outra modalidade de transporte, devendo a escolha ser do passageiro, nos seguintes casos. III- Preterição de passageiro. Quanto ao valor pago pelo custo de hospedagem, alimentação e deslocamento R$ 2.000 (Dois mil reais), ressalte-se que o autor se obrigou a arcar com estas despesas não programadas e que a ré sequer prestou adequadamente este dever a ela imposta. Presentes, portanto, a omissão da ré, o dano material do autor e nexo de causalidade entre esses. O doutrinador Flavio Tartuce, em seu Manual de Direito, mostra que ‘Constituem prejuízos ou perdas que atingem o patrimônio corpóreo de alguém’. Não cabe reparação de dano hipotético ou eventual, assim, necessita, em regra, de prova efetiva. Nos termos do artigo 402 do Código Civil, os danos materiais podem ser subclassificados em danos emergentes (o que efetivamente se perdeu) ou lucros cessantes (o que razoavelmente se deixou de lucrar). Ao que foi exposto, percebe-se que o fato de o autor não ter participadodo aniversário de sua filha, configura-se como dano material emergente. Quanto aos danos morais sofridos pelo autor relativos ao abalo por não poder comparecer ao aniversário de sua única filha realizada em sua casa com a presença de familiares e amigos que vieram, inclusive de regiões diferentes para poder prestigiar esta comemoração, causando sofrimento não só a ele, assim como em sua filha que não pode ter o pai presente em sua festa, esposa, familiares e amigos; além das tentativas infrutíferas nas vezes que tentou entrar em contato com a ré via call center ou e-mail, sem que a mesma cumprisse a promessa de retornar aos contatos em dois dias úteis, configurando a responsabilidade civil objetiva da ré vista a omissão em não cumprir o contrato e não preocupar-se em resolver a situação frente as diversas solicitações do autor, os danos sofridos por esse e o nexo causal existente. No que se refere ao valor da indenização pelos danos morais, permita-se esclarecer que a reparação por dano moral não se traduz em indenização, senão mera compensação, pois a ofensa, no caso, não comporta expressão econômica. Busca-se na verdade dar alento à vítima, amenizando seu sofrimento, de forma efetiva, e reprovar a conduta daquele que lesionou. No entanto, não se vale dizer que a reparação do dano seja dotada de algum preço para abater a dor ou sofrimento do indivíduo, mas sim para atenuar em parte, as consequências do prejuízo imaterial. De acordo com o conhecimento e entendimento do Doutrinador Flávio Tartuce, em seu Manual de Direito Civil, os Danos Morais são relativamente novos para o nosso país, tendo sido pacificado com a nossa constituição de 1988, em especial no art 50, incs. V e X. O autor se posiciona em esclarecer que os danos morais se caracterizam e se conceituam como lesões dos direitos de personalidade, no qual não devem ser renunciáveis aos cidadãos. Em relação a ré que é uma das maiores empresas nacionais do seu ramo que possui uma saúde financeira expressiva e inúmeras lojas espalhadas no país deveria ter uma estrutura administrativa adequada para garantir a eficiência de seus serviços e no atendimento, evitando assim ocorrências de danos ao consumidor, a exemplo do caso concreto. Assim, baseada nas informações, a indenização pelos danos morais deverá ser devidamente quantificada pelo juízo no valor mínimo de R$ 10.000,00 (Dez mil reais) no intuito de compensar o dano assim como punir pela sua omissão. Assim, o autor foi vítima de inseguranças e frustrações que não podem ser consideradas como meros acontecimentos do dia a dia. O caso trata-se de relação de consumo que se amolda aos ditames da LEI 8.078, de 1990 que reúne normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem publica e interesse social ao traçar em seu art.4º as diretrizes na Politica Nacional de Consumo que objetivam atender as necessidades dos consumidores, com respeito à sua dignidade, saúde e segurança, promovendo transparência e harmonia das relações de consumo; observado, entre outros, o princípio da vulnerabilidade do consumidor e impondo ação ao Estado para garantir serviços com padrão adequado de qualidade e segurança. Segundo o art.6º, III, VI e VIII, do Código de Defesa do Consumidor, são direitos básicos do consumidor a informação adequada e clara, a efetiva reparação de danos morais e materiais e a inversão do ônus da prova em seu favor. O dano moral se presume, não sendo necessário prova de prejuízo, uma vez que se trata de acontecimentos que se passa no interior do ser humano, sem a necessidade de ser exteriorizada. Logo, não são exigíveis provas cabais da dor, do constrangimento e da humilhação, uma vez que sua ocorrência não se comprova com os tradicionais meios de prova regulados pelo estatuto processual civil. Reforçando o que já fora apresentado sobre danos morais e materiais em decorrência de atraso de voo, “overbooking”, podemos citar o seguinte precedente jurisprudencial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: TJ-SP – APELAÇÃO CÍVEL 1001172-56.2020.8.26.0002 SP. Data de publicação: 02/09/2020. Ementa: Ação de indenização por danos morais e materiais voo nacional atraso de 24 horas recurso dos autores para majorar os honorários atraso em decorrência de “overbooking”, sem auxílio material suficiente à família composta pelos pais e duas crianças pequenas, de dois e cinco anos de idade majoração da indenização para R$10.000,00 para cada um dos autores adultos e R$6.000,00 para cada criança recurso provido. Encontrado em: 16° Câmara de Direito Privado, 02/09/2020. Diante aos fatos acima narrados, a procedência dos pedidos do autor mostra-se como medida a fim de garantir-lhe a reparação de seus prejuízos materiais e morais, assim como evitar que a ré continue a praticar atos que afrontem o ordenamento jurídico que rege nosso país. III. DOS PEDIDOS Posto isso, tendo em vista as razões acima expostas, requer o recebimento da presente petição inicial e julgados procedentes os pedidos para condenar a ré ODISSÉIA LINHAS AÉREAS a pagar ao autor AQUILES HERÁCLITO título de indenização pelos danos materiais e morais sofridos: a) Citação da ré no endereço citado nessa peça indenizatória; b) Condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 10.000,00 (trinta mil reais), com os devidos juros moratórios. c) Valor de R$ 2.000 (mil e reais) a título de indenização por danos materiais; d) O autor declara a opção de realização de audiência de conciliação/mediação, de acordo com o art. 319, VII do CPC. e) Bem como no pagamento de honorários sucumbenciais e despesas processuais. f) Utilizar-se de todos os meios de provas admitidos em direito, em especial a documental, testemunhal, e o depoimento pessoal. g) Requer ainda, a inversão do ônus da prova, a teor do disposto no art.6º, VIII, da Lei nº 8.078/1990. Dá-se à causa o valor de R$ 12.000,00 (Doze mil reais). Nestes termos, Pede Deferimento. Coronel Fabriciano-MG, 10 de dezembro de 2017. Advogado - OAB
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