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Atividade Física para Hipertensos


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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA PARA HIPERTENSOS 
 
 
 
1 
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2013 – Portal Educação 
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 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842a Atividade física para hipertensos / Portal Educação. - Campo Grande: 
Portal Educação, 2013. 
 88p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-835-2 
 1.Hipertensão – Atividade Motora. I. Portal Educação. II. Título. 
 CDD 613.71 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 7 
2 HIPERTENSÃO ARTERIAL: DIAGNÓSTICO, CLASSIFICAÇÃO E MECANISMOS .............. 8 
2.1 HIPERTENSÃO PRIMÁRIA ....................................................................................................... 9 
2.2 HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA ................................................................................................ 10 
2.3 POR QUE A HIPERTENSÃO É UM RISCO PARA A SAÚDE CARDIOVASCULAR? .............. 10 
2.4 DESORDENS ASSOCIADAS À HIPERTENSÃO AUMENTAM O RISCO 
CARDIOVASCULAR PARA O HIPERTENSO ..................................................................................... 15 
2.5 HIPERTENSÃO ARTERIAL E OBESIDADE ............................................................................. 15 
2.6 HIPERTENSÃO ARTERIAL E COLESTEROL .......................................................................... 16 
2.7 HIPERTENSÃO ARTERIAL, DIETA E SÓDIO ........................................................................ 17 
2.8 A HIPERTENSÃO NO IDOSO .................................................................................................. 18 
2.9 HIPERTENSÃO ARTERIAL E APNEIA DO SONO .................................................................. 19 
 
 
3 
2.10 O ALUNO HIPERTENSO PODE APRESENTAR SÍNDROME METABÓLICA ......................... 20 
2.11 O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NA IDENTIFICAÇÃO DE RISCO E NA PREVENÇÃO 
DA HIPERTENSÃO ............................................................................................................................ 21 
2.12 O TREINAMENTO FÍSICO PODE CONTRIBUIR PARA A PREVENÇÃO DA 
HIPERTENSÃO ARTERIAL ................................................................................................................. 22 
2.13 A AÇÃO DE MEDICAMENTOS E OUTRAS SUBSTÂNCIAS SOBRE PRESSÃO 
ARTERIAL .............................................................................................................................. 23 
2.13.1 Substâncias que podem aumentar a pressão arterial ............................................................... 23 
2.13.2 Efeitos potenciais dos medicamentos anti-hipertensivos para o exercício e a performance 
esportiva ............................................................................................................................. ..25 
2.13.3 Uso de medicamentos anti-hipertensivos, prescrição e controle de exercícios: ....................... 27 
3 RESPOSTA AGUDA DA PRESSÃO ARTERIAL AO EXERCÍCIO .......................................... 29 
3.1 RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL DURANTE O EXERCÍCIO ISOTÔNICO ..................... 29 
3.2 RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL DURANTE O EXERCÍCIO ISOMÉTRICO .................. 31 
3.3 HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO .............................................................................................. 33 
3.4 RESPOSTA CRÔNICA DA PRESSÃO ARTERIAL AO EXERCÍCIO ....................................... 35 
3.5 TREINAMENTO FÍSICO E A PREVENÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL .......................... 35 
 
 
4 
3.6 EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL DE 
HIPERTENSOS .............................................................................................................................. 36 
3.7 MECANISMOS ENVOLVIDOS NA REDUÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL DE 
HIPERTENSOS COM O TREINAMENTO FÍSICO .............................................................................. 39 
3.8 RECOMENDAÇÕES GERAIS AO HIPERTENSO .................................................................... 39 
3.9 O HIPERTENSO PODE PARTICIPAR DE ATIVIDADES ESPORTIVAS? ............................... 40 
3.10 CARACTERÍSTICAS DO TREINAMENTO AERÓBIO COMO FATOR DE INFLUÊNCIA 
NA RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL DE HIPERTENSOS ....................................................... 41 
3.11 TREINAMENTO COM PESOS E A RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL DE 
HIPERTENSOS .............................................................................................................................. 44 
3.12 EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO EM HIPERTENSOS COM SÍNDROME 
METABÓLICA .............................................................................................................................. 44 
3.13 RECOMENDAÇÕES GERAIS SOBRE PROGRAMA DE TREINAMENTO PARA 
HIPERTENSOS .............................................................................................................................. 46 
4 MEDIDA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM REPOUSO E DURANTE O EXERCÍCIO .......... 47 
4.1 COMO MEDIR A FREQUÊNCIA CARDÍACA? ......................................................................... 47 
4.2 TIPOS DE APARELHO ............................................................................................................ 49 
4.3 COMO MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL DURANTE AS AULAS? ............................................ 51 
 
 
5 
4.4 MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL DURANTE O EXERCÍCIO ............................................... 54 
4.4.1 Medida da pressão arterial durante os exercícios aeróbios ........................................................ 54 
4.4.2 Medida da pressão arterial durante os exercícios com pesos .................................................... 55 
4.5 IDENTIFICAÇÃO DE RESPOSTAS INADEQUADAS E PROCEDIMENTOS 
RECOMENDADOS .............................................................................................................................. 55 
4.5.1 Identificando alterações na pressão arterial ................................................................................ 55 
4.5.2 É necessário medir a pressão arterial de hipertensos em todas as sessões de exercício? ........ 57 
4.6 SITUAÇÕES ESPECÍFICAS NO TRABALHO COM HIPERTENSOS ...................................... 57 
4.6.1 Hipotensão postural .................................................................................................................... 57 
4.7 CUIDADOS PARA CONQUISTAR E RETER ALUNOS ........................................................... 58 
4.7.1 Aderência ao treinamento ........................................................................................................... 58 
4.7.2 Fatores psicossociais .................................................................................................................. 60 
4.7.3 Estratégias para tornar o ambiente mais atraente ao aluno ....................................................... 60 
4.7.4 Recomendações práticas para aumentar a aderência ao treinamento ...................................... 63 
4.7.5 Barreiras relacionadas a públicos específicos ...........................................................................63 
 
 
6 
5 PRESCRIÇÃO DE TREINAMENTO AERÓBIO ........................................................................ 65 
5.1 CUIDADOS PRELIMINARES .................................................................................................... 66 
5.1.1 Exame médico ............................................................................................................................ 66 
5.1.2 Teste ergoespirométrico e ergométrico máximo ......................................................................... 66 
5.2 COMPONENTES DA PRESCRIÇÃO ....................................................................................... 69 
 
5.2.1 Componentes da sessão de treinamento .................................................................................... 69 
5.3 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PELA FREQUÊNCIA CARDÍACA ....................................... 76 
6 PRESCRIÇÃO DE TREINAMENTO COM PESOS .................................................................. 78 
6.1 EXERCÍCIOS ISOMÉTRICOS ................................................................................................. 79 
6.2 EXERCÍCIOS DINÂMICOS COM PESOS: ............................................................................... 79 
6.3 PROGRESSÃO DO TREINAMENTO ....................................................................................... 81 
6.4 CONTROLE DA SOBRECARGA CARDIOVASCULAR DURANTE O EXERCÍCIO .................. 81 
6.5 TIPO DE EQUIPAMENTO E EXECUÇÃO DOS MOVIMENTOS .............................................. 82 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 83 
 
 
 
7 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A hipertensão arterial está entre as desordens cardiovasculares de maior incidência no 
Brasil. Essa constatação associada ao aumento de informação sobre os benefícios do exercício 
para a saúde cardiovascular tem levado um número cada vez maior de hipertensos a procurar 
por orientação para a realização de atividade física regular. 
Digamos que você seja procurado por um aluno com o seguinte perfil: hipertenso 
(diagnóstico há cinco anos); toma dois medicamentos (betabloqueador e vasodilatador); IMC 31 
kg/m2, circunferência da cintura 104 cm; colesterol total 250 mg/dL; triglicérides 180 mg/dL; 
sedentário. É possível perceber no perfil apresentado uma série de aspectos que precisam ser 
melhorados pelo treinamento a começar pela própria hipertensão, mas o que é preciso saber 
para de fato atender bem esse aluno? Trata-se de um desafio apresentado com frequência em 
nosso meio e que levanta inicialmente a necessidade de conhecimentos específicos sobre: como 
avaliar os riscos e particularidades associados não só à hipertensão, mas também à sua 
associação com outras desordens e quais as implicações desses aspectos para a prática de 
exercícios. Para começar a atender essa necessidade, um bom começo é conhecer um pouco 
melhor a hipertensão arterial e o que ela representa para a saúde cardiovascular desse aluno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
2 HIPERTENSÃO ARTERIAL: DIAGNÓSTICO, CLASSIFICAÇÃO E MECANISMOS 
 
 
Uma pessoa é identificada como hipertensa quando apresenta pressão arterial mantida 
em valores maiores ou iguais a 140/90 mm Hg (para pressão arterial sistólica e diastólica, 
respectivamente), ou ainda quando faz uso de medicamento anti-hipertensivo. Conforme os 
valores avançam nos estágios I, II e III (tabela I) a gravidade da hipertensão aumenta. 
 
Tabela I - Valores de referência para diagnóstico e classificação da hipertensão arterial 
Classificação Pressão arterial sistólica Pressão arterial diastólica 
 (mm Hg) (mm Hg) 
Ótima < 120 < 80 
Normal <130 <85 
Limítrofe 130-139 85-89 
Estágio I - 
hipertensão 
140-159 
u 
90-99 
Estágio II - 
hipertensão 
160-179 
u 
100-109 
Estágio III - 
hipertensão 
> 180 
u 
> 110 
Hipertensão sistólica 
isolada 
>140 <90 
FONTE: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. São Paulo, 2006. 
 
 
Quanto à causa a hipertensão pode ser classificada como primária ou secundária. 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
2.1 HIPERTENSÃO PRIMÁRIA 
 
 
A hipertensão primária corresponde aproximadamente 95% dos casos de hipertensão 
arterial e caracteriza-se por ser idiopática, ou seja, não ter causa conhecida. A hipertensão 
arterial é considerada uma patologia multifatorial, por isso diversos mecanismos relacionados à 
regulação da pressão arterial podem apresentar alterações e contribuir para o seu 
desenvolvimento. 
A pressão arterial é resultante das modificações de fluxo sanguíneo e resistência à 
passagem do sangue nos vasos. Para entender melhor essas modificações é importante 
observar o comportamento de determinantes hemodinâmicos da pressão arterial como: débito 
cardíaco (volume de sangue bombeado por minuto pelo coração) e resistência vascular 
periférica (resistência que o sangue recebe durante sua passagem pelos vasos). Assim, a 
pressão arterial resulta da relação entre o volume de sangue que está sendo bombeado pelo 
coração e o calibre dos vasos. 
Portanto, quando alguém passa a ser hipertenso é porque ou o débito cardíaco ou a 
resistência vascular periférica estão aumentados, ou ainda ambos (figura 1). O aumento da 
resistência vascular periférica, característico na maior parte dos casos de hipertensão arterial 
estabelecida, deve-se a uma combinação de fatores neuro-humorais (interação entre sistema 
nervoso e a liberação de hormônios) e metabólicos, dentre estes, o aumento da atividade 
nervosa simpática que gera vasoconstrição, reduzindo o calibre das artérias; a ativação de 
hormônios pressores como a angiotensina II; perda da capacidade do endotélio (revestimento 
interno do vaso) para gerar vasodilatação e regular localmente o fluxo nas artérias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
FIGURA 1. POSSÍVEIS MODIFICAÇÕES NOS DETERMINANTES DA PRESSÃO ARTERIAL 
NA HIPERTENSÃO. 
FONTE: Do autor. 
 
 
2.2 HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA 
 
 
A hipertensão secundária ocorre em cerca 5% dos casos da doença e resulta de uma 
desordem preexistente. Entre as desordens geradoras de hipertensão estão: as doenças renais 
que afetam o controle do volume sanguíneo e aumentam a atividade de sistemas reguladores da 
pressão arterial, como, o sistema renina-angiotensina e os tumores na medula e córtex da 
glândula suprarrenal. Pessoas que apresentam hipertensão secundária podem mais comumente 
ter dificuldade no controle da pressão arterial por resistência à ação de medicamentos anti-
hipertensivos. 
 
 
2.3 POR QUE A HIPERTENSÃO É UM RISCO PARA A SAÚDE CARDIOVASCULAR? 
 
 
Se um aluno se apresenta a você como hipertenso, fundamentalmente é porque ele 
não consegue manter uma pressão arterial abaixo de 140/90 mm Hg (ver tabela I) sem 
medicamento e/ou outras medidas. Nesse caso, para manter sua pressão dentro de limites 
Débito Cardíaco
 X
 Resistência Vascular Periférica
 RResistência vascular periférica
 Resistência à passagem do sangue 
Débito cardíaco
Débito cardíaco
Vol. de sangue bombeado
 por minuto
 PAA
Hipertensão
Pressão
Arterial
(PA)
=
Débito cardíaco
X
Resistência vascular periférica
 
 
11 
considerados aceitáveis, esse aluno geralmente fará uso de medicamentos que poderão ser 
associados ou, em alguns casos, substituídos por intervenções como dieta e exercícios como 
veremos. A redução da pressão arterial é necessária para evitar os danos estruturais e, 
funcionais em diversos órgãos e tecidos (lesões de órgãos-alvo) causados pela hipertensão que 
justificam a sua importância como fator de risco cardiovascular. 
 
 
FIGURA 2. HIPERTENSÃO ARTERIAL E LESÃO DE ÓRGÃOS-ALVO 
HIPERTENSÃO 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.sbh.org.br>.Acesso em: 29 dez. 2014. 
 
 
Dentre essas consequências destacam-se: 
a) Infarto agudo do miocárdio e hipertrofia ventricular esquerda; 
b) Acidente Vascular Cerebral (AVC); 
c) Disfunção renal. 
 
a) Hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio e hipertrofia ventricular esquerda 
 
 
 
 
Insuficiência Renal
Doença Renovascular
Angina do peito
Angina Instável
Infarto do Miocárdio
Hipertrofia do VE
Morte Súbita
Insuficiência Cardíaca
AVC Isquêmico
AVC Hemorrágico
 
 
12 
FIGURA 3 
FONTES: Disponível em: <www.besthealth.com; www.mypharmacy.co.uk>. Acesso em: 29 dez. 2014. 
 
 
O fato de apresentar hipertensão arterial faz do seu aluno alguém com uma chance 
maior de ter um infarto, principalmente pela influência direta da elevação da pressão arterial 
sobre a obstrução coronária. O aumento da pressão arterial pode potencializar diretamente o 
desenvolvimento de lesões na parede das artérias, facilitando a deposição de gordura e 
formação da placa de ateroma. Além disso, a hipertensão arterial pode contribuir indiretamente 
para o desenvolvimento da placa de ateroma, pelo estímulo às alterações no sistema renina-
angiotensina, que também serão facilitadoras do estabelecimento da placa. 
 
 
FIGURA 4. DESENVOLVIMENTO DA PLACA DE ATEROMA NA CORONÁRIA: PROCESSO 
FACILITADO PELA HIPERTENSÃO ARTERIAL. 
FONTE: Fisiopatologia Cardiovascular, Atheneu, 2000. 
 
 
 
13 
Outra desordem decorrente do efeito da hipertensão arterial sobre a função cardíaca é 
a hipertrofia ventricular esquerda. Essa desordem se desenvolve a partir da sobrecarga imposta 
ao coração por níveis elevados de pressão arterial, gerando espessamento da parede do 
ventrículo e redução da câmara cardíaca, além de um processo degenerativo do miócito (célula 
muscular cardíaca) e do acúmulo anormal de colágeno fibrilar no espaço intersticial. Essas 
alterações podem ter como consequência a presença de arritmias, o desenvolvimento de 
insuficiência cardíaca e infarto do miocárdio. 
 
 
FIGURA 5. HIPERTROFIA VENTRICULAR ESQUERDA DESENCADEADA PELA 
HIPERTENSÃO ARTERIAL. 
 
FONTES: Disponível em: <www.aurorahealthcare.org; http://commons.wikmedia.org>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
b) Acidente vascular cerebral (AVC) e hipertensão arterial 
FIGURA 6 
FONTES: Disponível em: <www.besthealth.com; www.zmscience.com>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
14 
 
A hipertensão arterial é o principal fator de risco para o acidente vascular cerebral 
(AVC) hemorrágico. A elevação da pressão contribui para o aparecimento de alterações nos 
vasos cerebrais, tais como: ruptura de microaneurismas, arteriosclerose (enrijecimento da 
parede dos vasos), necrose dos vasos ou ruptura de veias. 
c) Hipertensão arterial e disfunção renal. 
 
FIGURA 7 
 
FONTE: Disponível em: <www.besthealth.com; www.aic.cuhk.edu.hk>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
O Aumento da pressão de perfusão no rim, presente na hipertensão, provoca uma 
série de alterações que comprometem as funções do néfron a (unidade funcional do rim), 
desencadeando espessamento da parede dos vasos renais, esclerose desses vasos, atrofia 
tubular, entre outros, em um processo conhecido como nefroesclerose. Essas modificações irão 
comprometer funções renais importantes como: filtração, absorção, reabsorção e excreção de 
água, eletrólitos e outras substâncias, tornando o rim insuficiente. 
Tomando por base o maior risco cardiovascular apresentado pelo hipertenso em razão 
das consequências conhecidas da hipertensão arterial, tornam-se necessárias medidas por parte 
do professor no que se refere à orientação do aluno para a importância de manter a pressão 
arterial em níveis aceitáveis e com baixo risco para a realização de exercício, recomendando 
procedimentos prévios ao início em um programa de treinamento, medindo periodicamente a 
 
 
15 
pressão arterial e também estimulando a adesão ao tratamento medicamentoso associado ao 
treinamento físico sempre que for necessário. 
 
 
2.4 DESORDENS ASSOCIADAS À HIPERTENSÃO AUMENTAM O RISCO 
CARDIOVASCULAR PARA O HIPERTENSO 
 
 
Voltando ao caso do aluno que lhe procurou, o seu perfil reflete bem a média dos 
hipertensos encontrados na prática, ou seja, apresenta outras desordens associadas à 
hipertensão arterial. A maior parte desses fatores está relacionada a hábitos de vida 
inadequados que se somam aos chamados fatores de risco não modificáveis como: idade, sexo 
e história familiar. Portanto, é importante que você conheça bem as implicações dessas 
associações. 
 
 
2.5 HIPERTENSÃO ARTERIAL E OBESIDADE 
 
FIGURA 8 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.acponline.org>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
 
 
16 
Embora não tenha sido estabelecida uma relação de causa e efeito com a hipertensão 
arterial, a obesidade tem se mostrado fortemente relacionada ao seu desenvolvimento. Aspectos 
comuns às duas desordens como a resistência à insulina e o aumento na absorção e retenção 
renal de sódio podem explicar, pelo menos em parte, esta relação. Contudo, existem algumas 
particularidades que devem ser consideradas. 
No estudo de Framingham, observou-se que quanto maior a dobra cutânea 
subescapular maior era o risco para o desenvolvimento da hipertensão em homens e mulheres 
até os 40 anos. De fato, raramente a hipertensão acomete pessoas magras até os 40 ou 50 
anos. Além disso, a obesidade em geral coexiste com outras disfunções metabólicas como a 
alteração nos níveis de colesterol, aumentando ainda mais o risco cardiovascular. 
 
 
2.6 HIPERTENSÃO ARTERIAL E COLESTEROL 
 
FIGURA 9 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://acponline.com; http://prohealthresourses.com>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
As lipoproteínas são fundamentais para o desenvolvimento da placa de ateroma nas 
coronárias que pode desencadear o infarto. Sendo assim, a presença de níveis de colesterol 
alterados em associação à hipertensão arterial, aumenta o risco cardiovascular. O 
HDL
LDL
Triglicérides
Col. total
 
 
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desenvolvimento da placa de ateroma sofre, reconhecidamente, influência direta das 
lipoproteínas de baixa densidade (LDL), um dos componentes do colesterol. 
Por outro lado, outro componente do colesterol, a lipoproteína de alta densidade (HDL), 
exerce uma função benigna, removendo o excesso do colesterol dos tecidos, diminuindo assim o 
risco cardiovascular. De maneira geral o risco aumenta quando há presença de níveis elevados 
de colesterol e/ou alta concentração de LDL com baixa concentração de HDL no sangue. 
Altos níveis de colesterol estão relacionados à maior incidência de doença coronariana 
e de suas complicaçõesErro! Fonte de referência não encontrada.1. Medidas como redução 
de peso e o exercício podem aumentar o HDL colesterol, reduzindo, portanto, o risco 
cardiovascular. 
 
FIGURA 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://medicineworld.org>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
2.7 HIPERTENSÃO ARTERIAL, DIETA E SÓDIO 
 
 
A natureza do hábito alimentar tem sido apontada como agravante, tanto para 
hipertensão como para aterogênese (formação de placa de ateroma nos vasos). Assim, dietas 
ricas em colesterol, gorduras, saturadas, calorias e, possivelmente, proteína animal aumentam a 
concentração de lipídios no sangue e o risco cardiovascular, enquanto que dietas ricas em fibras 
e, possivelmente, proteína vegetal diminuem esses parâmetros. Recomendações de 
especialistas internacionais também incluem a restrição na ingestão de sódio para menos de 100 
 
 
18 
mmol/dia (equivalente a < 2,3 g de sódio ou < 6 g de cloreto de sódio) em função de sua 
sobrecarga prejudicar a função renal e o controle da pressão arterial. 
Pode-se perceber que a dieta inapropriada para o hipertenso pode ter ação direta 
sobre o agravamento da hipertensão arterial como acrescentar fatores que aumentam o seu 
risco potencial². 
 
 
2.8 A HIPERTENSÃO NO IDOSO 
 
 
Como vimos anteriormente,o risco associado à hipertensão não difere entre jovens e 
idosos. Entretanto, a presença dessa patologia associada às alterações, decorrentes do 
processo de envelhecimento assumem características distintas quanto à evolução e cuidados. 
Como existe uma boa chance de haver entre seus alunos hipertensos aqueles com mais de 60 
anos, vale considerar alguns aspectos. 
 
FIGURA 11 
 
FONTE: Disponível em: <www.montefiori.org>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
É mais comum em idosos hipertensos um maior aumento da pressão arterial sistólica 
de repouso, sendo mais frequentes os casos de hipertensão sistólica isolada (quando há 
elevação somente da pressão arterial sistólica). Essa manifestação da doença ocorre em função 
de um aumento da rigidez arterial, em parte explicado pelo envelhecimento, que se soma a 
 
 
19 
outros fatores para aumentar a pressão arterial. A variabilidade da pressão arterial também 
aumenta com a idade, tornando mais comum os casos de hipertensão lábil (grande variação nos 
valores de um momento para o outro). Após os 65 anos, embora ainda haja um risco alto de 
Acidente Vascular Cerebral (AVC), é mais comum à presença de obstrução coronária em 
hipertensos idosos. 
 
 
2.9 HIPERTENSÃO ARTERIAL E APNEIA DO SONO 
 
 
A apneia caracteriza-se por momentos em que a pessoa para de respirar durante o 
sono e ocorre em 2 a 4% da população e 50% das pessoas que manifestam este problema são 
hipertensas, sendo ainda maior nos hipertensos com IMC > 27 kg/m2, ou seja, quanto mais 
acima do peso maior a chance de apresentar apneia do sono. Essas pessoas relatam ronco, 
percepção de apneia, respiração irregular, agitação durante o sono e cansaço crônico pela 
manhã. O impacto da apneia do sono sobre as doenças cardiovasculares está relacionado em 
boa parte ao aumento da pressão arterial e associado à resistência à insulina, disfunção 
endotelial, arritmias, insuficiência cardíaca, infarto e AVC. 
A apneia do sono figura entre os fatores que contribuem para o estabelecimento da 
hipertensão arterial como fator associado à obesidade e também contribui isoladamente para a 
elevação crônica da pressão arterial. Como a falta de sono pode, por si, elevar a pressão arterial, 
os episódios de sono de curta duração e uma baixa qualidade do sono têm uma relação direta 
com o desenvolvimento da hipertensão. O tratamento mais utilizado para este problema é o uso 
de um aparelho chamado CEPAP (continuos positive airway pressure), que provoca uma 
pressão positiva, facilitando a expiração, eliminando a presença da apneia e reduzindo a pressão 
arterial de sono e de vigília. Além disso, a simples redução do peso melhora a qualidade do sono 
de quem apresenta apneia. 
Portanto, é recomendável ficar atento, principalmente aos alunos obesos ou com 
sobrepeso que relatem os sintomas mencionados e orientá-los a buscar tratamento quando 
necessário. 
 
 
 
 
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2.10 O ALUNO HIPERTENSO PODE APRESENTAR SÍNDROME METABÓLICA 
 
 
O termo síndrome metabólica significa a presença associada de pelo menos três dos 
cinco fatores de risco cardiovascular apresentados na tabela II. No caso específico de 
hipertensos, trata-se da presença de dois ou mais desses fatores associados à hipertensão. 
 
Tabela II. Critérios clínicos para identificação da síndrome metabólica 
Circunferência da cintura 
 > 102 cm para homens 
> 88 cm para mulheres 
Pressão arterial 
 > 130 mm Hg para pressão arterial sistólica 
e/ou 
> 85 mm Hg para pressão arterial diastólica 
Glicemia de jejum 
> 110 mg/dL ou 6,1 mmol/L 
Triglicérides 
> 150 mg/dL ou 1,69 mmol/L 
HDL colesterol 
< 40 mg/dL (1,04 mmol/L) para homens 
 < 50 mg/dL (1,29 mmol/L) para mulheres 
Adaptado de Expert panel on detection, avaluation, and treatment of high blood cholesterol in 
adult 
(adult treatment panel II), 2000. 
 
 
 
21 
Não por acaso estamos trabalhando com esse perfil como exemplo de aluno. A 
tendência que observamos no Brasil está presente nas grandes cidades do mundo. Nos Estados 
Unidos a síndrome metabólica incide sobre 23,7% da população adulta, aumentando quatro 
vezes o risco de doença cardíaca fatal e cinco a nove vezes o risco de desenvolver diabetes, 
entre outros. Mas, é importante lembrar que o exercício pode modificar, além da pressão arterial, 
todos os demais fatores envolvidos na síndrome metabólica, cabendo a você a orientação do 
aluno sobre esses aspectos e o direcionamento do programa de treinamento para atender às 
suas necessidades específicasErro! Fonte de referência não encontrada.1. 
 
 
2.11 O PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NA IDENTIFICAÇÃO DE RISCO E NA PREVENÇÃO 
DA HIPERTENSÃO 
 
 
Apesar de o hipertenso apresentar maior risco de uma resposta exacerbada da 
pressão arterial durante o exercício, a chamada resposta hiper-reativa da pressão arterial pode 
também ser apresentada por normotensos (indivíduos com pressão arterial em níveis normais). 
A tabela III mostra os limites para elevação da pressão arterial durante um teste de 
esforço. Por esse critério considera-se elevação acentuada quando a pressão arterial sistólica for 
> 220 mm Hg e/ou quando a pressão arterial diastólica apresentar elevação > 15 mm Hg. 
 
Tabela III. Parâmetros para identificação de elevação acentuada da pressão arterial 
durante teste de esforço 
Resposta hiper-reativa da pressão arterial durante teste de esforço 
 
Pressão arterial sistólica Pressão arterial diastólica 
 > 220 mm Hg elevação > 15 mm Hg 
 
FONTE: II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Teste Ergométrico, 2001Erro! Fonte de 
referência não encontrada.3. 
 
 
 
22 
 
A proposta de considerar o aumento exagerado da pressão arterial durante o exercício 
como um risco para que normotensos passem a ser hipertensos no futuro, baseia-se na 
possibilidade de desajustes em mecanismos envolvidos no controle da pressão arterial que se 
manifestariam durante uma situação de estresse como a do exercício, produzindo valores de 
pressão arterial, muito elevados, mesmo que em repouso esses valores sejam normais. 
Os mecanismos propostos como desencadeadores da resposta hiper-reativa da 
pressão arterial durante o exercício são aqueles relacionados a uma menor vasodilatação que 
sugere uma maior resistência vascular periférica, característica em hipertensos e que já poderia 
estar presente nesses normotensos. Nessas condições a elevação do débito cardíaco durante o 
exercício contribuiria não só para elevar a pressão arterial sistólica, mas também a diastólica 
como ocorre na hipertensão. 
Entretanto, existem ainda algumas divergências quanto à metodologia utilizada para a 
medida e a interpretação do comportamento da pressão arterial durante um teste de esforço. Por 
outro lado, apesar das controvérsias há boas evidências de que a resposta hiper-reativa 
observada em esforço aumenta de três a quatro vezes o risco de normotensos se tornarem 
hipertensos12. 
Sendo assim, sempre que você encontrar esse tipo de resposta em um teste de um 
aluno interprete como um alerta sobre uma maior possibilidade desse aluno apresentar elevação 
acentuada da pressão arterial durante as sessões, mas principalmente sobre a necessidade de 
acompanhamento médico e de possíveis mudanças nos hábitos de vida, incluindo a aderência a 
um programa de treinamento para tentar, na medida do possível, melhorar a resposta da 
pressão arterial ao exercício e evitar a confirmação da tendência ao desenvolvimento da 
hipertensão. 
 
 
2.12 O TREINAMENTO FÍSICO PODE CONTRIBUIR PARA A PREVENÇÃO DA 
HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
 
Além de servir à avaliação de risco para o aparecimento da hipertensão como vimos 
anteriormente, o exercícioguarda também uma relação com a prevenção da doença. A primeira 
 
 
23 
pista desta influência está na presença de altos índices de sedentarismo em populações de 
hipertensos. Com base nesta verificação a relação entre o nível de exercício realizado ao longo 
da vida e a incidência de hipertensão foi testada por Paffenbarger e colaboradores. 
Os autores observaram que quanto maior o nível de exercício físico realizado durante a 
vida, menor era a incidência de hipertensão, ou seja, se alguém tivesse relatado ter gasto em 
média 500 kcal/semana somente com exercício ao longo de algumas décadas tinha muito mais 
chance de ser hipertenso do que os que relataram ter gasto de 500 a 2000 kcal/semana ou mais. 
E o mais interessante é que os que se exercitaram menos tiveram maior incidência de 
hipertensão mesmo que não apresentassem história familiar da doença (pai, mãe ou irmãos 
hipertensos), ao passo que entre os que se exercitaram mais houve menos casos de 
hipertensão, incluindo os que apresentavam hipertensão na família. 
 
 
2.13 A AÇÃO DE MEDICAMENTOS E OUTRAS SUBSTÂNCIAS SOBRE PRESSÃO ARTERIAL 
 
FIGURA 12 
 
FONTE: Disponível em: <www.farmacorner.com>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
2.13.1 Substâncias que podem aumentar a pressão arterial 
 
 
O uso de certas substâncias presentes na alimentação ou em medicamentos e a 
exposição a agentes químicos podem elevar a pressão arterial. Por isso, para uma abordagem e 
orientação adequadas, torna-se importante o conhecimento sobre essas substâncias e suas 
ações quando se trabalha com alunos hipertensosErro! Fonte de referência não encontrada.1. 
 
 
24 
Abaixo, estão listadas algumas substâncias que podem ter ação hipertensora, desencadeando 
ou potencializando a elevação da pressão arterial. 
 
Substâncias associadas à elevação da pressão arterial 
Drogas prescritas 
Cortisona e outros esteroides - córtico e mineralo; ACTH 
Estrógenos – contraceptivos orais 
Anti-inflamatórios não esteroidais 
Fenilpropanolaminas e análogos 
Ciclosporina e tacrolimos 
Eritropoetina 
Sibutramina 
Ketamina 
Desfluorana 
Carbamazepina 
Bromocriptina 
Metocloropramida 
Antidepressivos (principalmente venlafaxina) 
Buspirona 
Combinação Clonidina e Betabloqueador 
Clozapina 
Entorpecentes e outros “produtos naturais” 
Cocaína 
“Ecstasy herbal” e outras fenilpropanolaminas análogas 
Nicotina 
Esteroides anabólicos 
Narcóticos 
Metilfenidata 
Fenciclidina 
Ketamina 
Ergotaminas e outras preparações análogas 
Substâncias ingeridas na alimentação 
 
 
25 
Cloreto de sódio 
Álcool 
Alimentos contendo Tiamina (com MAO-I) 
Elementos químicos e outras substâncias industriais 
Lead 
Mercúrio 
Tálio e outros metais pesados 
Sais de lítio e outros cloretos 
O uso ou a exposição do aluno a substâncias como essas requerem muitas vezes que 
você auxilie no estímulo à modificação ou eliminação de alguns hábitos de vida. 
 
 
2.13.2 Efeitos potenciais dos medicamentos anti-hipertensivos para o exercício e a performance 
esportiva 
 
 
Os medicamentos anti-hipertensivos controlam a pressão arterial por ação 
farmacológica, alterando mecanismos e produzindo outras respostas cardiovasculares e 
metabólicas que podem trazer implicações para a prática de exercícios³. O quadro I apresenta a 
relação entre o tipo de medicamento em uso e seus potenciais efeitos para o exercício. 
 
 
Quadro I Medicamentos anti-hipertensivos: ações e potenciais efeitos no exercício 
Classes de 
anti-hipertensivos 
Efeitos 
hemodinâmicos 
Efeitos metabólicos e no 
sist. nervoso central 
Potenciais efeitos sobre o 
exercício 
Diurético 
Hydroclorothiazida 
# Perda urinária de potássio 
(K+) e magnésio (Mg2+) 
Durante exercício: 
hipovolemia (redução no 
volume plasmático) 
Hipotensão postural 
(redução acentuada da 
pressão na posição 
 
 
26 
ortostática) 
Diurético Lasix Redução no volume 
plasmático 
Aumento em colesterol, 
glicose e ácido úrico 
plasmáticos 
Câimbras e fraqueza 
muscular 
 
Betabloqueadores 
Beta 1 e 2 Não seletivos 
(propranolol) 
20 a 30% de redução 
na frequência 
cardíaca (FC) 
Redução na 
contratilidade cardíaca 
Aumento da 
resistência vascular 
periférica (RVP) no 
músculo e pele 
Inibição de lipólise e 
glicogenólise 
Aumento de colesterol total 
e redução de HDL 
colesterol 
Redução no VO2 max. 
devido à diminuição do 
débito cardíaco e fluxo 
sanguíneo muscular 
Redução da mobilização de 
substrato 
Fadiga precoce 
Possibilidade de 
bronquioespasmo 
Betabloqueadores 
Beta 1 seletivo (etanolol, 
bisoprolol) 
Menor efeito na 
resistência vascular 
periférica 
Menor inibição da lipólise e 
glicogenólise 
Menor efeito sobre o 
músculo liso dos brônquios 
Ação combinada (beta/alfa1) 
(labetalol) 
Redução da 
resistência vascular 
periférica e menor 
efeito sobre fluxo 
sanguíneo muscular 
 
 
# 
 
 
# 
Agentes bloqueadores alfa-
adrenérgicos 
Ação Periférica (alfa 1) 
(prazosina, terazosina) 
 
Redução da RVP 
Hipotensão postural 
Importante após dose 
oral. 
Pequena limitação da 
elevação da PA 
durante o exercício 
Pequenas modificações no 
metabolismo 
VO2 max. preservado 
Pouco efeito sobre o 
treinamento ou 
performance esportiva 
 
 
27 
Ação central (alfa 2) 
(clonidina, guanabens) 
Redução da RVP 
Menor redução na 
frequência cardíaca 
 
 
# 
VO2 max preservado 
Pouco efeito sobre o 
treinamento ou 
performance esportiva 
Vasodilatadores 
Diretos (hydralazina, minoxidil) 
Redução da RVP 
Aumento da FC 
Aumento reflexo do 
débito cardíaco (DC) 
Dor de cabeça 
Retenção de líquido por 
ativação do sistema renina-
angiotensina 
Pode dificultar a chegada 
de sangue para o músculo 
devido à vasodilatação 
generalizada 
Vasodilatadores continuados 
Bloqueadores de canal de 
cálcio (nifedipina, diltiazem e 
verapamil) 
Redução RVP 
Aumento na FC 
(nifedipina) 
Redução na FC 
(verapamil) 
Dores de cabeça 
Retenção de líquido 
(nifedipina) 
Constipação (verapamil) 
VO2 max geralmente 
preservado 
Pode dificultar a chegada 
de sangue no músculo 
devido à vasodilatação 
generalizada 
Inibidores de enzima 
conversora de angiotensina 
Captopril, enalapril, fosinopril, 
etc. 
Redução RVP 
Aumento FC 
Pouco efeito sobre o 
metabolismo 
Potencial para aumento do 
potássio 
 
 
# 
 
 
2.13.3 Uso de medicamentos anti-hipertensivos, prescrição e controle de exercícios 
 
 
Problemas mais frequentes na prática e cuidados específicos 
 
Betabloqueadores 
Conforme descrito no quadro I os agentes betabloqueadores reduzem a pressão 
arterial pela redução da frequência cardíaca (FC) e do débito cardíaco (DC), o que irá levar os 
usuários desses medicamentos a apresentar FC de repouso muito baixa e aumento mais 
modesto durante o exercício. 
 
 
28 
O problema está naqueles casos em que o aluno realiza um teste ergométrico antes de 
iniciar um programa de treinamento sem o uso do medicamento (por recomendação médica) e 
vai realizar o treinamento sob uso desse medicamento. Nesse caso, a prescrição realizada com 
base na FC máxima atingida no teste superestima a FC de treino ou zona-alvo, tornando difícil o 
controle. 
A medida mais apropriada para resolver esse problema é que você recomende ao 
aluno a realização do teste sob efeito do medicamento para que o comportamento da FC no 
exercício esteja de acordo com a situação em que ele irá treinar com você (usando o 
medicamento). Se isso não for possível, você pode ainda fazer uso de uma correção descrita na 
tabela V, em que você ajusta os valores de frequência cardíaca considerados para prescrição de 
acordo com a dosagem diária do medicamento. 
 
Tabela V. Tabela de correção pela dosagem de betabloqueador para frequência 
cardíaca de treino a partir de teste ergométrico realizado sem o uso do medicamento. 
Betabloqueador em dosagem equivalente 
ao propranololRedução percentual sobre a frequência 
máxima do teste 
 10 mg 
 25 mg 
 40 mg 
 50 mg 
 80 mg 
100 mg 
125 mg 
150 mg 
160 mg 
200 mg 
11% 
12% 
14% 
15% 
18% 
20% 
22% 
25% 
26% 
30% 
 
Adaptado de I Consenso Nacional de Reabilitação Cardiovascular, 19973. 
 
 
Vasodilatadores 
 
 
29 
O uso desses anti-hipertensivos requer cuidados maiores principalmente com paradas 
repentinas para evitar desconfortos como desmaios e tonturas pela somação do efeito 
vasodilatador do medicamento com o do exercício após a sua realização³. 
Finalizando, os tópicos discutidos, os quais permitem ao profissional que atua na 
orientação de atividade física para a saúde uma visão inicial da excelente oportunidade que a 
sua prática diária lhe oferece para auxiliar no tratamento e também na prevenção da hipertensão 
arterial, tanto pelos programas propriamente ditos como pelas orientações e recomendações 
específicas baseadas em boa parte no que vimos até aqui. 
 
 
3 RESPOSTA AGUDA DA PRESSÃO ARTERIAL AO EXERCÍCIO 
 
 
O comportamento da pressão arterial durante o exercício é um importante referencial 
da sobrecarga imposta ao sistema cardiovascular e de especial interesse para quem trabalha 
com hipertensos, para os quais aumentos exagerados da pressão arterial são representativos de 
risco 2. Mas para que você tome medidas preventivas ou mesmo para restabelecer valores 
alterados é necessário inicialmente saber o que é considerado uma resposta normal da pressão 
arterial durante o exercício. 
Quando você coloca um aluno para realizar uma determinada atividade ou quando 
esse aluno realiza um teste ergométrico, uma série de alterações cardiovasculares serão 
desencadeadas para levar mais oxigênio e nutrientes para os músculos em atividade, os quais 
terão sua taxa metabólica aumentada de acordo com o nível de intensidade ao qual estiverem 
sendo solicitados. O comportamento da pressão arterial nessa situação será resultante dessas 
alterações. 
Conceitualmente, resposta aguda refere-se às alterações ocorridas durante ou após 
uma única sessão de exercício e pode ser influenciada por uma série de fatores relacionados às 
características do exercício como veremos. 
 
 
3.1 RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL DURANTE O EXERCÍCIO ISOTÔNICO 
 
 
 
30 
 
Para facilitar a compreensão podemos partir da análise do comportamento da pressão 
arterial durante um teste ergométrico máximo com incremento progressivo de carga até a 
exaustão. Nessas condições, as variáveis determinantes da pressão arterial (débito cardíaco e 
resistência vascular periférica) modificam-se sensivelmente. Com o aumento da taxa metabólica 
muscular o débito cardíaco necessitará não só ser aumentado como redistribuído entre os 
diferentes tecidos e órgãos. 
O aumento do débito cardíaco (DC) ocorre pelo aumento da frequência cardíaca (FC) 
e também pelo aumento do volume sistólico ou de ejeção (quantidade de sangue bombeada por 
batimento), dando conta de que o coração está batendo mais vezes e com mais força. Os 
valores máximos do DC podem ser 4 a 5 vezes maiores do que os de repouso em não atletas e 
chegar a 8 vezes em atletas de elite. 
A redistribuição do DC é caracterizada pelo direcionamento de uma maior quantidade 
de sangue para o tecido muscular que tem sua demanda metabólica aumentada. Essa alteração 
é obtida a partir de ajustes distintos no fluxo sanguíneo para o músculo e para outros tecidos 
com menor demanda metabólica. 
Dessa forma, nos vasos musculares predomina a vasodilatação que resulta de uma 
série de alterações no controle local (no próprio vaso) do fluxo sanguíneo mediadas 
principalmente pela ação de metabólitos da contração muscular como adenosina, ácido lático, 
potássio, etc., e do óxido nítrico, um potente vasodilatador liberado pelo endotélio, entre outros. 
Enquanto nos tecidos menos ativos há o predomínio de vasoconstrição que tem como principal 
desencadeador o aumento da atividade do sistema nervoso simpático e contribui de forma 
significativa para que mais sangue chegue até o músculo em atividade. 
Portanto, durante o exercício isotônico o ajuste adequado do fluxo sanguíneo inclui 
aumento do débito cardíaco e redução da resistência vascular periférica, que influenciarão de 
forma bastante característica o comportamento da pressão arterial2. A pressão arterial sistólica 
(PAS) por ser medida no pico de cada sístole é mais influenciada pelo débito cardíaco. Sendo 
assim, do repouso para o exercício máximo, essa variável irá aumentar até certo nível de forma 
quase linear e se manterá em valores menores do que 220 mm Hg, por influência da 
vasodilatação aumentada no músculo que irá reduzir a resistência contra a qual o coração irá 
trabalhar 1,2. 
 
 
31 
Já a pressão arterial diastólica (PAD), por representar o valor mínimo obtido no sistema 
durante a diástole será mais influenciada pela resistência vascular periférica, apresentando um 
comportamento de manutenção (+ 10 mm Hg) ou de redução de seus valores. Esse é o 
comportamento normal esperado da pressão arterial durante o exercício e indica que o ajuste do 
fluxo sanguíneo periférico está adequado e o coração não está excessivamente sobrecarregado. 
 
 
 
FIGURA 13. COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL EM EXERCÍCIO PROGRESSIVO 
FONTE: Adaptado de Mcardle et. al., 2003. 
 
 
Agora imagine que você está treinando um aluno em uma atividade aeróbia 
prolongada, realizando um exercício em uma mesma carga por um período relativamente longo. 
Nessa situação, do repouso até que o exercício se estabilize em uma carga as respostas de 
pressão arterial e frequência cardíaca seguem na mesma linha do exercício progressivo. No 
entanto, a partir do momento em que o exercício é mantido em uma mesma carga, essas 
variáveis também não irão apresentar grandes alterações. Essa estabilização segue o princípio 
do estado-estável que nesse momento ocorre em todos os sistemas envolvidos, tendo como 
principal justificativa o equilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio no músculo2. 
 
 
3.2 RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL DURANTE O EXERCÍCIO ISOMÉTRICO 
 
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1 2 3 4 5
% VO2 max
0 50 100
P
A
 m
m
 H
g
PAS
PAM
PAD
 
 
32 
 
A contração mantida com ausência de movimento que caracteriza o exercício 
isométrico gera um aumento da pressão intramuscular e compressão dos vasos que irrigam a 
musculatura ativa, produzindo importantes alterações bioquímicas locais, entre elas: redução da 
concentração de O2 (PO2), aumento da concentração de CO2 (PCO2) e redução do pH. 
A tensão muscular sobre os vasos e as alterações bioquímicas no sangue estimula de 
forma distinta o sistema cardiovascular para o desencadeamento das alterações que se seguem. 
A compressão exercida pelos músculos sobre os vasos diminui o seu calibre, dificultando a 
chegada de sangue ao músculo e sensibiliza mecanorreceptores musculares, que sinalizarão 
para o sistema nervoso central. 
A situação da musculatura ativa nesse momento é caracterizada essencialmente por 
uma grande dificuldade de chegada de sangue que prejudicará também o retorno venoso. Essa 
redução, por sua vez mobilizará o controle barorreflexo da pressão arterial. As respostas, tanto 
mediadas pela ação dos mecanorreceptores quanto pelo controle barorreflexo serão o aumento 
da frequência cardíaca e a vasoconstrição. 
Outro fator importante são as alterações na composição do sangue (redução de PO2, 
aumento de PCO2 e redução de pH), que acionam um mecanismo conhecido como 
metaborreflexo que ocorre a partir da sensibilização de quimiorreceptores situados nos músculos 
e vasos, cujo resultado final é vasoconstrição. 
A vasoconstrição gerada em resposta aos estímulos químicos e mecânicos terão como 
agente comum o aumento da atividade do sistema nervoso simpático que se manterá 
aumentada enquanto esses estímulos estiverem presentes. Note que, apesar dos estímulosseguirem vias diferentes, o resultado final é o mesmo: vasoconstrição e aumento da resistência 
vascular periférica, que irá consequentemente produzir aumentos mais pronunciados tanto da 
pressão arterial sistólica quanto da pressão arterial diastólica, diferentemente, do que é 
observado durante o exercício isotônico. 
Nesse caso, o marcado aumento na resistência vascular periférica irá dificultar a 
manutenção do débito cardíaco e a oferta de sangue para o músculo, além de aumentar o 
trabalho cardíaco. Pode-se dizer, portanto, que nessas condições o sistema cardiovascular está 
sob uma sobrecarga excessiva, aumentando o risco de acometimentos, sobretudo para 
hipertensos. 
 
 
33 
FIGURA 14. COMPORTAMENTO DE VARIÁVEIS HEMODINÂMICAS DURANTE O EXERCÍCIO 
ISOTÔNICO E ISOMÉTRICO. 
 
Adaptado de Hanson and Huckert, 19954. 
Legenda: PA: pressão arterial; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; RVP: resistência 
vascular periférica; DC débito cardíaco; FC: frequência cardíaca. 
 
 
3.3 HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO 
 
 
A hipotensão pós-exercício (HPE) é caracterizada pela observação de valores de 
pressão arterial mais baixos após a realização de uma sessão de exercício do que aqueles 
observados antes de sua realização e que se mantêm dessa forma por um período prolongado. 
A HPE, caracteristicamente dura de vários minutos até horas após o exercício e tem uma 
magnitude média esperada de 8/9 mm Hg em normotensos, 14/9 em hipertensos limítrofes e 
10/7 em hipertensos, para as pressões: sistólica e diastólica respectivamente. 
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 2 3 4 5
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1 2 3 4 5
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5
0
2
4
6
8
1 0
1 2
1 2 3 4 5
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 2 3 4 5
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
1 8 0
2 0 0
1 2 3 4 5
Exercício
Isotônico
Exercício
Isométrico
PA
RVP
DC
FC
PAS
PAD
 
 
34 
Alguns fatores relacionados às características de quem realizou o exercício e ao tipo, 
intensidade e duração do exercício podem influenciar essa redução da pressão arterial, como 
segue: 
a) população: a hipotensão pós-exercício é maior quanto maiores forem os valores de pressão 
arterial iniciais, por isso, hipertensos em geral apresentam resposta hipotensora pós-exercício 
mais pronunciada do que normotensos. 
b) tipo de exercício: o fenômeno da hipotensão pós-exercício vem sendo observado na maior 
parte dos estudos frente aos exercícios aeróbios. Embora alguns autores tenham estudado esse 
fenômeno mais recentemente, utilizando exercícios com pesos, não existem grandes evidências 
de redução prolongada da pressão arterial após esses exercícios. É importante lembrar que 
existe e é bastante conhecida à redução da pressão arterial que ocorre nos primeiros segundos 
ou minutos após os exercícios com pesos, decorrente de uma oclusão total ou parcial dos vasos 
durante o exercício que ocasionará uma resposta vasodilatadora logo após sua execução. 
Entretanto, essa situação não se caracteriza como hipotensão pós-exercício pela sua curta 
duração. 
c) Duração e intensidade do exercício: a redução da pressão arterial após o exercício tende a ser 
maior quanto maior for a sua duração, no entanto, sua relação com a intensidade não está muito 
bem estabelecida 6 
Apesar de alguns aspectos relativos à HPE como a sua relação com intensidade, tipo e 
duração do exercício e também os mecanismos predominantemente envolvidos não estarem 
muito bem esclarecidos, a redução da pressão arterial e a manutenção em níveis mais baixos 
após o exercício por um tempo prolongado é, até certo ponto, benéfica, principalmente para o 
hipertenso, havendo, inclusive indícios de sua contribuição para o restabelecimento da 
hipovolemia observada durante o exercício sem reidratação. 
Na prática o conhecimento sobre as características da HPE será também útil para a 
adoção de medidas preventivas em relação à somação do efeito hipotensor do exercício com o 
dos medicamentos que pode desencadear desconfortos nas sessões de treinamento ou mesmo 
algumas horas após, como tontura e mal-estar conforme descrito anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
35 
3.4 RESPOSTA CRÔNICA DA PRESSÃO ARTERIAL AO EXERCÍCIO 
 
 
A resposta crônica ao exercício está relacionada ao efeito da prática regular de 
exercícios ao longo do tempo, que, assim como a resposta aguda, poderá ser influenciada pelas 
características do exercício e também pelas diferenças nos perfis apresentados por hipertensos. 
 
 
3.5 TREINAMENTO FÍSICO E A PREVENÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
 
O exercício guarda uma relação inversa com o aparecimento da hipertensão arterial, ou 
seja, quanto mais as pessoas se exercitam menor a chance de apresentarem a doença. Essa 
relação foi demonstrada em um estudo de Paffenbarger e colaboradores, no qual foram 
cruzadas informações sobre o nível de atividade física, mantido por 14.000 indivíduos ao longo 
de algumas décadas de vida e a incidência de hipertensão entre esses indivíduos. 
Assim, entre os que relataram um gasto estimado de 2000 quilocalorias por semana ou 
mais somente com exercícios, houve menor incidência de hipertensão arterial do que entre 
aqueles que se exercitaram menos, mesmo quando apresentavam história familiar de 
hipertensão, sugerindo também a contribuição do treinamento físico para minimizar a 
predisposição genética ao seu desenvolvimento. 
As orientações relativas ao diagnóstico e classificação da hipertensão arterial 
consideram valores entre 120 e 139 mm Hg para pressão arterial sistólica e/ou entre 80 e 89 mm 
Hg para a pressão arterial diastólica como pré-hipertensão, recomendando-se a partir desses 
valores medidas não farmacológicas relacionadas ao estilo de vida, incluindo dieta e exercício 
para prevenir o aparecimento da hipertensão arterial. Nesse caso, o efeito hipotensor e 
preventivo do treinamento físico irá se somar a aspectos como a redução do peso corporal e a 
melhora no perfil lipídico para reduzir o risco cardiovascular. 
 
 
 
 
 
 
36 
3.6 EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL DE HIPERTENSOS 
 
 
Ao tomar contato com o seu aluno hipertenso é comum você se deparar com uma 
grande expectativa de redução da pressão arterial por parte desse aluno. O que se justifica pelo 
fato de o exercício, principalmente o aeróbio, ter sua eficácia comprovada em diminuir a pressão 
arterial de hipertensos, de tal forma que é recomendado entre as medidas não farmacológicas de 
tratamento da hipertensão arterial por diversas instituições de saúde nacionais e internacionais9 
e também pela ampla divulgação nos meios de comunicação sobre as benesses do exercício 
para o hipertenso. Mas, é importante lembrar que esse efeito será variável e dependerá de 
diversos aspectos como veremos. 
A redução da pressão arterial clínica (medida em consultório) de hipertensos, com o 
treinamento aeróbio é bastante conhecida e significativa para a melhora na saúde 
cardiovascular. Isso significa que a 
diminuição que você obtiver com um 
programa de treinamento para o seu aluno 
hipertenso irá reduzir substancialmente a 
possibilidade da presença de consequências 
da hipertensão arterial. 
Figura ao lado. Redução da pressão arterial 
de hipertensos após treinamento aeróbio. 
Legenda. PA: pressão arterial; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica 
FONTE: adaptado de Jennings et. al. 198611. 
 
 
A figura 14 apresenta os dados de um estudo que realizamos com hipertensos no qual 
foi demonstrada a redução gradativa da pressão arterial medida no início de cada sessão como 
efeito do treinamento aeróbio. Além dos valores de pressão arterial média e diastólica 
apresentarem uma tendência a redução durante o período de treinamento, esses valores 
tornaram-se significativamentemenores do que os iniciais na trigésima quarta sessão de 
treinamento (após aproximadamente três meses), mantendo-se mais baixos até os quatro 
meses, quando o estudo foi finalizado. 
 
 
80
90
100
110
130
140
150
160
B 4 6 12
PAS
PAD
Tempo em meses
PA
mm Hg
Efeito sobre a medida clínica
8
120
 
 
37 
FIGURA 14. EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO NA PRESSÃO ARTERIAL DE 
HIPERTENSOS AO LONGO DE UM PERÍODO DE TREINAMENTO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Teixeira L. et. al. Anais do XIX Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, 2001. 
Legenda. PAD: pressão arterial diastólica; PAM: pressão arterial média; * estatisticamente significativo (p<0,05). 
 
 
O aspecto mais relevante desse estudo é que no momento em que foi medida a 
pressão arterial (ao início de cada sessão de exercício) os alunos encontravam-se expostos aos 
estímulos do ambiente de treinamento (ruídos, temperatura não controlada e situações 
cotidianas diversas), mais próximo, portanto, do que se encontra no dia a dia, sugerindo que 
esse benefício possa se estender para a maior parte das situações vivenciadas nas suas rotinas 
diárias e diminuir assim os riscos associados à elevação da pressão arterial. 
Ao se engajar em um programa de treinamento estima-se que o hipertenso a princípio 
possa reduzir sua pressão arterial como efeito isolado do exercício aeróbio em torno de 7,4/5,8 
mm Hg para pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente. 
Considerando que em sua maioria os alunos hipertensos fazem uso de algum 
medicamento anti-hipertensivo, nesse caso as reduções médias adicionais previstas são de 
2,6/1,8 mm Hg. Para os exercícios com pesos, os valores médios gerais esperados são mais 
modestos (3,5/3,4 mm Hg) e não estão bem estabelecidos. Apesar desses valores de referência, 
não é possível precisar, pelo menos inicialmente, como será o efeito do treinamento ao longo de 
 
 75
 80
 85
 90
 95
 100
m
m
 H
g
90
95
 100
 105
 110
 115
m
m
 H
g
PAM
*
*
4 7
10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 42 sessões
PAD
 
 
38 
um programa. Mas, é importante você saber de alguns detalhes sobre as características da 
evolução do seu aluno. 
Considerando que seus alunos com frequência irão apresentar obesidade ou 
sobrepeso associado à obesidade, vale lembrar que redução da pressão arterial poderá ocorrer 
como resposta ao treinamento físico mesmo quando não houver alteração na composição 
corporal, essa verificação abre a possibilidade de, mesmo aqueles alunos que não conseguirem 
reduzir o peso e a gordura corporais satisfatoriamente, poderem se beneficiar com o efeito 
hipotensor do treinamento, embora para esses alunos esta não seja a melhor das situações 
quanto ao risco cardiovascular. 
Essas considerações têm especial importância quando você for lidar com uma situação 
“clássica”, aquela em que o aluno dirige-se a você e pergunta: será que eu depois de começar 
a treinar vou poder deixar de tomar o meu medicamento? 
Mesmo sendo nosso desejo (e o dele) que isso aconteça, por todos os aspectos 
mencionados, não será possível garantir, pelo menos a princípio, esse resultado. O que dizer 
então para esse aluno? Talvez a melhor forma de resposta seja deixar claro que existe essa 
possibilidade, mas que dependerá além dele aderir efetivamente ao programa de treinamento, 
de sua resposta individual, que inicialmente não é possível prever. 
Por experiência devo adiantar que nos casos em que o aluno já tem algum tempo de 
diagnóstico de hipertensão arterial (mais de 5 anos) ou quando faz uso de dois ou mais 
medicamentos para controlar a pressão é mais difícil que o efeito do treinamento possibilite a 
eliminação do uso do medicamento. Mas independente disso, o mais importante nessa situação 
é deixar claro ao aluno que mesmo quando não for possível eliminar totalmente o uso do 
medicamento, existem outros benefícios não menos importantes para a sua saúde 
cardiovascular. Em primeiro lugar, é possível, e com uma chance bem maior, que ele reduza a 
quantidade e/ou o tipo de medicamento utilizado. 
Este pode ser considerado um ganho significativo, porque irá minimizar os efeitos 
colaterais relativos ao uso prolongado dos medicamentos e que o treinamento físico não 
apresenta. Outros benefícios importantes são as modificações nos fatores de risco, que como já 
mencionado, frequentemente acompanham a hipertensão arterial (obesidade, sobrepeso, 
dislipidemias, aumento da glicemia, etc.). 
É também importante lembrar que qualquer que seja o efeito do treinamento físico para 
o aluno, cabe ao seu médico à decisão sobre possíveis modificações na dosagem e na classe de 
 
 
39 
medicamento anti-hipertensivo prescrito. Nesse sentido, você pode dar sua contribuição para a 
decisão do médico do aluno oferecendo informações sobre possíveis melhoras nos valores de 
pressão arterial, observadas a partir de medidas realizadas durante suas sessões de 
treinamento. 
 
 
3.7 MECANISMOS ENVOLVIDOS NA REDUÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL DE 
HIPERTENSOS COM O TREINAMENTO FÍSICO 
 
 
O efeito hipotensor do treinamento físico tem sido relacionado principalmente aos 
mecanismos envolvidos na manutenção do tônus vascular e, consequentemente da resistência 
vascular periférica. Assim, modificações como: redução da atividade simpática periférica, que 
reduz o estímulo neural para vasoconstrição, frequentemente aumentado em hipertensos; 
modificação de mecanismos locais de ajuste do fluxo como o aumento da liberação de óxido 
nítrico pelo endotélio vascular, além de uma maior capilarização no musculoesquelético, têm 
como resultado final uma maior vasodilatação com consequente redução da pressão arterial que 
será preservada enquanto o estímulo do treinamento for mantido. 
 
 
3.8 RECOMENDAÇÕES GERAIS AO HIPERTENSO 
 
 
As estratégias para reduzir a pressão arterial a valores menores do que 140/90 
encontram na mudança de estilo de vida uma das principais recomendações ao hipertenso para 
reduzir seu risco cardiovascular, incluindo, obviamente, a prática regular de exercícios associada 
a outras importantes medidas necessárias à adoção de uma vida mais saudável. 
Nesse contexto, o quadro I mostra as principais medidas a serem tomadas pelo 
hipertenso para alcançar melhoras expressivas no seu prognóstico quanto à saúde 
cardiovascular. Destacam-se as medidas relacionadas à dieta, ao controle do peso e ao fumo, 
que são fatores que podem exercer influência direta sobre os níveis de pressão arterial, mas 
também prejudicar o efeito proposto do exercício. 
 
 
40 
 
Quadro I. Recomendações quanto a possíveis mudanças no estilo de vida para o hipertenso. 
Recomendações essenciais ao hipertenso 
Perder peso se estiver em excesso 
Limitar o consumo diário de álcool (no máximo: 720 ml – cerveja; 300 ml de vinho ou 60 ml de 
uísque) 
Aumentar o nível de atividade física 
Reduzir o consumo diário de sal (máximo 6g de sal de cozinha) 
Reduzir o consumo de gorduras saturadas e colesterol. 
FONTE: Adaptado do Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Avaluation, and 
Treatment of High Blood Pressure4. 
 
 
3.9 O HIPERTENSO PODE PARTICIPAR DE ATIVIDADES ESPORTIVAS? 
 
 
Outra situação que tem se apresentado com frequência é o aluno hipertenso que quer 
participar de atividades esportivas, seja porque já fazia antes de ter o diagnóstico de hipertensão 
ou porque tem afinidade com alguma modalidade que gostaria de passar a praticar 
regularmente. A recomendação quanto à modalidade e ao nível de intensidade de exercício em 
que o hipertenso irá atuar dependerá do risco apresentado. 
O primeiro passo é entender como é classificado o risco de acordo com os valores de 
pressão arterial apresentados e a presença de comorbidades. No quadro II podemos observar 
que o risco aumenta na medida em que se identifica o aumento da pressão arterial, a presença 
de outros fatores de riscoassociados à hipertensão e quando há associação desses aspectos. A 
partir dessa classificação cruzam-se os diferentes níveis de risco apresentados com a situação 
de controle da pressão arterial e das condições clínicas de maneira geral para recomendar-se o 
nível de intensidade apropriado de acordo com o risco presente em cada caso (quadro III). 
Em geral, para hipertensos bem controlados e sem desordens importantes associadas 
não existem restrições muito severas para a prática de esportes. Entretanto, mesmo sendo o 
hipertenso bem condicionado por conta da modalidade esportiva praticada, os cuidados e 
 
 
41 
medidas adotadas devem seguir os mesmos critérios daqueles recomendados a todos os 
hipertensos. 
 
Quadro II. Estratificação de risco e prognóstico em pacientes com hipertensão 
 Pressão arterial clínica (mm Hg) e categorias de risco 
Outros fatores de risco 
associados à hipertensão 
Nível I 
PAS 140-159 
ou PAD 90-99 
Nível II 
PAS 160-179 
ou PAD 100-109 
Nível III 
PAS >180 
ou PAD >110 
Sem outros fatores Risco leve Risco moderado Risco alto 
1 ou 2 fatoresa Risco moderado Risco moderado Risco muito alto 
3 ou mais fatoresa Risco alto Risco alto Risco muito alto 
Lesão de órgão-alvob ou 
diabetes associados a 
manifestações clínicas.c 
Risco muito alto Risco muito alto Risco muito alto 
FONTE: Adaptado de Fagard et. al., 2005. 
 
 
Legenda. PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; a: idade, sexo, 
fumo, colesterol alterado, gordura abdominal, história familiar de desordem cardiovascular; b: 
hipertrofia ventricular esquerda, doença aterosclerótica e espessamento de artéria, aumento em 
creatinina total, microalbuminúria; c: doença cérebro vascular, doença isquêmica do coração, 
insuficiência cardíaca, doença vascular periférica, disfunção renal, proteinúria, retinopatia 
avançada. 
 
 
3.10 CARACTERÍSTICAS DO TREINAMENTO AERÓBIO COMO FATOR DE INFLUÊNCIA NA 
RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL DE HIPERTENSOS 
 
 
A análise da influência das características do treinamento para o trabalho com 
hipertensos servirá de base para toda a elaboração de programas de treinamento sob vários 
 
 
42 
aspectos. O primeiro aspecto importante a ser considerado na relação entre o treinamento físico 
e a resposta da pressão arterial é o fato de o efeito hipotensor ser mais pronunciado em 
hipertensos, sustentando assim a busca pela prática mais adequada para atingir o máximo 
potencial desse efeito. 
A intensidade de treinamento tem sua importância destacada por apresentar 
implicações quanto à faixa mais apropriada para garantir o maior efeito crônico associado à 
menor possibilidade de desconfortos e lesões que podem comprometer a eficácia do 
treinamento. 
A redução da pressão arterial e a melhora no seu controle em hipertensos tem sido 
demonstrada mesmo em intensidades leves como 40% do VO2max e o alcance desse efeito se 
mantém até a intensidade de 70% do VO2max. Não existem evidências de maior efeito em 
intensidades acima de 80% VO2max e, da mesma forma, não tem sido observado prejuízo no 
efeito hipotensor nesse trabalho mais intenso. 
Essas observações serão úteis, principalmente como argumento para melhorar a 
aderência nos diversos interesses dos alunos. Se o seu aluno, por exemplo, não tiver interesse 
ou possibilidade de realizar um treinamento muito intenso, é possível garantir a ele que poderá 
se beneficiar com a melhora no controle da pressão arterial mesmo treinando em intensidade 
mais leve. 
O mesmo vale para o aluno hipertenso que se enquadre entre aqueles com baixo risco 
(Quadro III) e que queira realizar atividades mais intensas como participar de corridas de rua. 
Nessas condições, desde que esteja devidamente condicionado não haverá, em princípio, 
impedimentos para essa prática. 
 
 
Quadro III. Recomendações para atividade física intensa e esporte competitivo para atletas com 
hipertensão e outros fatores de risco. 
Categoria de risco Critérios para identificação Recomendações Acompanhamento 
Baixo PA controlada; s/fatores de risco Todos os esportes Anual 
Moderado PA controlada; c/fatores de risco Evitar esportes com 
componentes estáticos 
e dinâmicos muito 
Anual 
 
 
43 
intensos 
Alto PA controlada; c/fatores de risco Evitar esportes com 
componentes estáticos 
e dinâmicos muito 
intensos 
Anual 
Muito alto PA controlada; c/fatores de risco 
Não associados às manifestações 
clínicas importantes. 
Apenas esportes com 
componentes 
dinâmicos moderados 
ou estáticos leves 
Semestral 
FONTE: Adaptado de Fagard et. al., 2005. 
 
 
A duração da sessão de exercício é outro fator que pode influenciar o efeito do 
treinamento nos parâmetros que vimos anteriormente. Dessa forma, recomenda-se que a 
duração da sessão de exercício deve ter como objetivo mínimo inicial a realização de 30 minutos 
de forma contínua ou intermitente, podendo evoluir para 60 minutos. Os dois aspectos mais 
importantes dessa relação é que não existem diferenças significativas no efeito do treinamento 
dentro dessa faixa de tempo (30 a 60 minutos) e também não há evidência de melhora no efeito 
a partir de 60 minutos por sessão, o que será interessante para a maior parte dos alunos 
economicamente ativos, os quais dispõem de pouco tempo livre. 
A disponibilidade reduzida de tempo também leva muitas vezes a limitações no 
número de vezes que será possível treinarmos. Qual será então o número mínimo de sessões 
semanais para se garantir bons resultados na pressão arterial? A verificação do efeito hipotensor 
agudo do exercício leva crer que seria desejável a maior frequência semanal possível, supondo 
uma somação desse efeito em sessões repetidas. Mas levando em conta mais uma vez o pouco 
tempo disponível do aluno, é possível alcançar bons resultados com uma frequência de três 
vezes por semana, o que traz também uma perspectiva mais “realista” para a evolução de um 
programa de treinamento. 
Parte da variação na resposta da pressão arterial observada entre hipertensos com o 
treinamento físico vem sendo atribuída à herança genética. Com base no estudo de famílias de 
hipertensos tem sido possível estabelecer essa influência. Embora, ainda sejam necessários 
 
 
44 
estudos adicionais no nível molecular para a determinação mais precisa dessa predisposição, o 
Heritage Study, demonstrou que as modificações na pressão arterial sistólica com o treinamento 
físico foram explicadas em 15% pela idade e pelos valores iniciais. 
Dos 85% restantes, 20% foram atribuídos à influência genética. Na frequência 
cardíaca, outros 20% foram associados à idade e valores iniciais, enquanto 35% dos 80% 
restantes foram relacionados à predisposição genética. Portanto, assim como a adaptação de 
outras variáveis, a resposta da pressão arterial de hipertensos ao treinamento físico aeróbio 
também pode ser influenciada pela genética. 
 
 
3.11 TREINAMENTO COM PESOS E A RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL DE 
HIPERTENSOS 
 
 
Os resultados relativos ao efeito do treinamento com pesos sobre a pressão arterial 
ainda são bastante conflitantes. Em uma recente meta-análise, envolvendo nove estudos 
Cornelissen e Fagard16 verificaram uma redução média de 3,4 e 3,2 mm Hg para pressão arterial 
sistólica e diastólica respectivamente, após o treinamento com pesos. Mas, mesmo sendo esses 
valores representativos para a redução do risco cardiovascular, observou-se nos estudos que 
apenas 20% dos indivíduos tinham pressão arterial sistólica maior do que 140 mm Hg e 13% 
tinham pressão arterial diastólica maior do que 90 mm Hg, ou seja, a maior parte dos indivíduos 
não era hipertensa. 
Por isso, ainda não é possível identificar o efeito isolado do treinamento com pesos 
sobre a pressão arterial de hipertensos, envolvendo o nível de modificação e também a relação 
com as características do exercício (intensidade, duração e frequência semanal).3.12 EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO EM HIPERTENSOS COM SÍNDROME METABÓLICA 
 
 
A associação da hipertensão com pelo menos outros dois fatores de risco como: 
circunferência aumentada da cintura, dislipidemias, aumento da glicemia, caracteriza a síndrome 
 
 
45 
metabólica. Além dessa combinação, aumentar o risco cardiovascular, por ser bastante comum 
entre nossos alunos é importante considerar que nessa situação a intervenção com o 
treinamento físico irá demandar atenção especial sobre o estado geral de saúde do aluno e 
também sobre possíveis influências dessa associação de fatores sobre a proposta de melhorar o 
controle da pressão e também sobre a necessidade de controlar esses fatores para quebrar o 
círculo vicioso que envolve sua associação com o sedentarismo. 
A resistência à insulina por ser um fator comum a essas desordens e também por 
poder ser modificada pelo treinamento físico, passa a ser um alvo importante para a produção de 
resultados consistentes na redução do risco cardiovascular, entre eles a melhora no controle da 
pressão arterial. Em indivíduos que apresentam resistência à insulina e hiperinsulinemia, por 
exemplo, os efeitos da insulina aumentada no sangue contribuirão para alterações metabólicas 
como as dislipidemias e o maior acúmulo de gordura corporal, além de influenciar o aumento da 
pressão arterial. Portanto, toda vez que o treinamento físico aumenta à sensibilidade a ação da 
insulina, reduzindo a resistência do organismo à ação desse hormônio e seus níveis no sangue, 
estará afetando positivamente não só a pressão arterial, mas também os demais fatores 
associados. 
Em relação à pressão arterial, ainda, observa-se em alguns casos redução mais 
expressiva da pressão arterial em hipertensos que apresentam resistência à insulina e 
hiperinsulinemia do que os que não estão nessa condição. Essa resposta também vem sendo 
associada à redução do peso corporal. Nesse sentido, há também evidências de que o 
treinamento parece apresentar maior efeito hipotensor em indivíduos obesos e com sobrepeso 
do que nos magros. 
Como você pôde ver o efeito do treinamento físico, principalmente aeróbio, sobre a 
pressão arterial de hipertensos está bem demonstrado. Entretanto, mesmo sabendo o que 
esperar do efeito isolado do exercício, o estilo de vida e o estado geral de saúde do hipertenso 
são importantes fatores de influência não só para o efeito sobre a pressão arterial, mas também 
para as outras modificações que se farão necessárias de acordo com o perfil apresentado. 
Somando-se a isso, resta ainda estabelecer a chamada dose-resposta para a obtenção dos 
benefícios do exercício, ou seja, a quantidade mínima necessária para melhorar, modificar 
suficientemente esses fatores e aperfeiçoar o prognóstico quanto à saúde cardiovascular. 
Essas considerações se apoiam também na abordagem multidisciplinar que vem 
sendo proposta para trabalho com esses públicos, envolvendo além do professor, nutricionistas, 
 
 
46 
psicólogos, etc., para alavancar mudanças consistentes nos hábitos de vida desses alunos, em 
intervenções que incluam não só a prática formal de exercícios, mas orientações para aumentar 
o nível de exercícios em todas as suas atividades cotidianas. 
 
 
3.13 RECOMENDAÇÕES GERAIS SOBRE PROGRAMA DE TREINAMENTO PARA 
HIPERTENSOS 
 
 
Com base no alcance do treinamento físico para redução da pressão arterial, melhora na 
capacidade funcional e redução do risco cardiovascular de hipertensos, um programa de 
treinamento físico deve ter as seguintes características 4,12,15 . 
Exercícios aeróbios 
Intensidades entre 50 e 70% do VO2max 
Duração da sessão: 20 a 60 minutos 
Frequência semanal: 3 a 5 vezes 
Exercícios com pesos 
● Em complemento ao aeróbio 
● Realizado em intensidades menores do que 80% da contração voluntária máxima 
● Utilização de circuitos 
● Nos mesmos dias ou em dias alternados ao aeróbio 
 
Em conclusão, a filosofia de trabalho desenvolvida com base na verificação do efeito do 
treinamento sobre a pressão arterial de hipertensos e suas particularidades, pode e deve ser 
aplicada em qualquer que seja o contexto que você trabalhe (academia, personal, grupos de 
terceira idade, atletas, etc.), inclusive o aspecto multidisciplinar que pode ser viabilizado por 
parcerias com outros profissionais e instituições, cabendo a você as adaptações necessárias que 
poderão ser realizadas com a ajuda dos aspectos técnicos que serão discutidos neste material. 
 
 
 
 
 
47 
4 MEDIDA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM REPOUSO E DURANTE O EXERCÍCIO 
 
 
Os valores de pressão arterial medidos durante as aulas servem de parâmetro para 
avaliar como está o controle de cada aluno e também quando eventualmente não poderão iniciar 
ou terão que interromper o exercício. Aspectos relacionados à técnica de medida e cuidados 
específicos devem ser levados em consideração para evitar erros. Vamos abordar aqui apenas 
aspectos essenciais à medida durante as sessões. Para uma abordagem mais detalhada sobre a 
medida da pressão arterial e os procedimentos padronizados, recomendo uma leitura adicional. 
 
 
4.1 COMO MEDIR A FREQUÊNCIA CARDÍACA? 
 
 
A medida da frequência cardíaca pode ser obtida de forma relativamente simples e 
possibilita a verificação do nível de intensidade de forma individualizada, além da presença de 
alterações sugestivas de complicações, sendo, por isso, altamente recomendável no trabalho 
com hipertensos. 
Na prática, tem sido cada vez mais comum o uso do monitor de frequência cardíaca 
(FC), particularmente importante para a observação do comportamento da FC durante o 
exercício. Quando não há possibilidade de uso do monitor, ou em situações específicas, a 
medida deve ser realizada por palpação. Apesar de simples, a medida da frequência cardíaca 
por palpação requer alguns cuidados, a começar pela percepção do batimento. 
Para detectar adequadamente o batimento cardíaco é necessário treinar a 
sensibilidade dos dedos e aprender qual a localização anatômica das artérias. O ponto mais 
recomendável para a realização dessa medida é pela palpação da artéria radial. Outro aspecto 
que reforça a recomendação da medida por palpação é o fato de certas arritmias serem 
detectadas durante as aulas somente com esse tipo de medida. 
 
 
 
 
 
48 
FIGURA 15. Medida da frequência cardíaca utilizando o monitor e pela palpação da 
artéria radial. 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.gizoo.co.uk/ ayurveda2yoga4healing.blogspot.com>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
Em outras formas como a medida na carótida, há o risco de sensibilizar receptores de 
pressão (barorreceptores) presentes nas carótidas e gerar como resposta uma redução “artificial” 
da frequência cardíaca e da pressão arterial, e também a presença de desconfortos como 
tonturas e desmaios decorrentes da diminuição da pressão arterial. Por isso, esse tipo de 
medida deve ser evitado. 
 
 
FIGURA 16. Medida da frequência cardíaca pela palpação da carótida: não 
recomendável. 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.netfit.co.uk>. Acesso em: 13 jan. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
4.2 TIPOS DE APARELHO 
 
 
Esfigmomanômetro de coluna de mercúrio 
Esse aparelho inclui uma coluna de mercúrio com escala em milímetros de mercúrio 
(mm Hg), conectada a um manguito que será insuflado durante a medida, elevando a coluna na 
escala para permitir que com a ajuda de um estetoscópio o observador obtenha os valores de 
pressão arterial durante a desinsuflação. Apesar deste não ser o tipo de medida mais utilizado, 
está entre as possibilidades de uso em ambientes de prática de exercício. Sua vantagem é o fato 
de ser padrão para todos os outros aparelhos e, não necessita ser calibrado periodicamente 
como os demais. 
Além disso, será também mais aplicável em situações específicas durante o exercício. 
Por exemplo, se por alguma razão você puder fazer a medida somente