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Fisioterapia Aplicada à Geriatria e Gerontologia - Módulo 03

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AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FISIOTERAPIA APLICADA À 
GERIATRIA E GERONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
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 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FISIOTERAPIA APLICADA À 
GERIATRIA E GERONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO III 
 
 
8 FISIOPATOLOGIA DO ENVELHECIMENTO 
 
 
8.1 SISTEMA NERVOSO 
 
 
FIGURA 8 - 
 
FONTE: Disponível em: <http://bluesnake49.blogspot.com.br/2011/02/o-que-e-perfeicao.html> 
Acesso em: 18 Maio. 2012. 
 
 
 
O processo de envelhecimento na vida dos indivíduos permanece, ainda, 
como um dos pontos mais complexos, obscuros e críticos para a ciência, apesar dos 
grandes esforços que vêm sendo feitos, especialmente desde a segunda metade do 
século XX. Sendo esse processo inevitável e silencioso no início, mas progressivo e 
inexorável, não se descobriu, até o presente momento, como ele se desenvolve e 
evolui nos diferentes órgãos, tecidos e células do organismo como um todo, 
especialmente, quais os mecanismos que o desencadeiam ou o que possam 
retardar, já que o processo não se faz de uma maneira uniforme. 
Existem evidências de que o processo do envelhecimento seja, em sua 
essência, de natureza multifatorial, dependente da programação genética e das 
 
 
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alterações que vão ocorrendo em nível celular e molecular, que resultarão em sua 
aceleração ou desaceleração, com redução de massa celular ativa, diminuição da 
capacidade funcional das áreas afetadas e sobrecarga, em menor ou maior grau, 
dos mecanismos de controle homeostático. (FREITAS et al., 2006). 
Como é um fenômeno biológico normal na vida de todos os seres vivos, não 
deve ser considerado como doença. Apesar de as doenças crônico-degenerativas, 
que podem acometer os indivíduos ao longo de suas vidas, estarem paralelamente 
associadas ao processo do envelhecimento, não seguem a mesma linha de 
inexorabilidade. Do envelhecimento ninguém escapa até o presente momento, mas 
isso não significa que todo idoso venha a ter uma ou várias doenças crônico-
degenerativas. 
O sistema nervoso central (SNC) é o sistema biológico mais comprometido 
com o processo do envelhecimento, pois é o responsável pela vida de relação 
(sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros) e pela vida vegetativa 
(funções biológicas internas). Sua perda é fundamental para o desequilíbrio da 
senescência. 
O comprometimento do SNC é preocupante pelo fato de não dispor de 
capacidade reparadora. São unidades morfofuncionais pós-mitóticas, sem 
possibilidade reprodutora, ficando sujeitas ao processo do envelhecimento por meio 
de fatores intrínsecos (genético, sexo, circulatório, metabólico, radicais livres, etc.) e 
extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, drogas, radiações, etc.), que não 
deixam de exercer uma ação deletéria com o decorrer do tempo. 
Sintomas psicológicos podem também ser reações de uma perturbação 
física. Deve-se ter em mente que, com o envelhecimento populacional, a prevalência 
de inúmeras doenças crônicas aumentará com a idade; e, também, que o idoso 
poderia ser, muitas vezes, portador de várias dessas doenças crônicas (diabetes, 
artrite reumatoide, câncer, doenças cárdio e cerebrovasculares, pneumopatias, entre 
outras). 
Assim, ele estará mais susceptível a perturbações mentais, por apresentar 
mais sintomas depressivos, mais ansiedade, menor autoestima e menor capacidade 
de controle emocional. 
 
 
 
 
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FIGURA 9 – CÉREBRO HUMANO 
 
FONTE: Disponível em: <www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-corda> 
Acesso em: 27 out. 2009. 
 
 
Nos últimos 100 anos tem havido um aumento da altura média da população 
e, consequentemente, do peso médio do cérebro (efeito secular), de acordo com 
dados de populações de diferentes épocas. Por outro lado, se analisarmos o 
cérebro, ao longo da vida dos indivíduos, a estimativa do volume cranioencefálico 
nos mostra uma diferença de volume, com o envelhecimento. O peso do cérebro é 
constituído por células gliais (astrócitos, oligodendroglia e epêndima), mielina, vasos 
sanguíneos e um número astronômico de neurônios, estimado cautelosamente em 
20 bilhões. 
O cérebro pesa 1,350 kg, atingido na metade da segunda década de vida. A 
partir dessa etapa, inicia-se um declínio ponderal discreto e lentamente progressivo, 
em torno de 1,4 a 1,7% por década. Nas mulheres, o declínio é mais precoce que 
nos homens. Acima dessa idade, o peso do cérebro diminui em relação ao peso 
corporal. Por outro lado, o volume cerebral, quando comparado com a caixa 
craniana, permanece constante até a meia-idade (60 anos), em torno de 93%. 
Nessa época ocorre um decréscimo discreto, que se acentua entre as décadas de 
70 e 90 anos, quando pode chegar a 80%. 
 
 
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Na fase terminal da vida pode haver congestão e edema cerebral, e, 
também, a fixação em formol pode aumentar o peso em torno de 10%. Alterações 
morfológicas da substância branca e corpo caloso resultam em perda de grandes e 
pequenos neurônios e/ou retração dos grandes neurônios corticais que são 
observados a partir dos 65 anos. 
O RNA citoplasmático reduz regularmente com a idade, nos neurônios do 
córtex frontal, giro hipocampal, células piramidais do hipocampo e células de 
Purkinje do cerebelo, entre outros; associado à redução da substância de NISSL e 
mais o acúmulo de lipofucsina, resulta em atrofia neuronal simples ou pigmentar, 
observada em maior grau no córtex cerebral, principalmente nas células piramidais. 
Os eventos do desenvolvimento embrionário são acompanhados por morte 
programada de células neuronais e refletem a transitoriedade premeditada de 
unidades biológicas dentro do organismo. Portanto, neurônios defeituosos e 
supérfluos são perdidos mesmo durante esse intervalo inicial de vida. Esse conceito 
tem validade, pois os neurônios não podem reproduzir-se; células oligodendrogliais 
não podem remielinizar-se, e os vasos sanguíneos cerebrais têm capacidade 
limitada para reparação estrutural. 
Sabe-se que o SNC humano tem um processo de reparação denominado 
plasticidade, que sugere que os neurônios maduros têm uma capacidade de 
desenvolver-se e formar novas sinapses. Daí a formação de novos circuitos 
sinápticos, significando a capacidade de aprender e adquirir novos conhecimentos, 
de lembrar novos fatos e a flexibilidade de desenvolver novas habilidades. 
A demência pode ocorrer em pacientes que apresentem espaços 
ventriculares normais para sua idade. Outras mudanças que ocorrem no cérebro 
incluem: depósito de lipofucsina nas células nervosas, depósito amiloide nos vasos 
sanguíneos e células, aparecimento de placas senis e, menos frequentemente, 
emaranhados neurofibrilares. Embora as placas e emaranhados sejam 
característicos de doença de Alzheimer (DA), eles podem aparecer em cérebros de 
idosos em evidência de demência. 
Mudanças nos sistemas de neurotransmissores, particularmente os 
dopaminérgicos, ocorrem com a idade. Por exemplo, níveis de acetilcolina, 
receptores colinérgicos, ácido gama-aminobutírico, serotonina e catecolaminas são 
baixos. Embora o significado dessa diminuição não esteja completamente entendido, 
 
 
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existe uma correlação com mudanças funcionais, como por exemplo, baixa de colina 
acetiltransferase na doençade Alzheimer, e de dopamina em doença de Parkinson. 
Por outro lado, ocorre um aumento de atividade de outras enzimas, como a 
monoaminoxidase. 
No envelhecimento normal cerebral a redução moderada da atividade 
colinérgica resulta em uma redução discreta da atenção e da capacidade de 
aprendizado. Mudanças cognitivas no envelhecimento e queixas de declínio de 
memória são sintomas muito frequentes no relato de pessoas entre os 60 e 70 anos 
e, às vezes, mesmo em indivíduos mais jovens. 
Segundo o senso comum, o esquecimento é uma característica da velhice, 
sendo parte inexorável e inevitável do processo de envelhecimento. Embora exista 
um fundo de verdade nessas crenças, nem todo esquecimento é normal ou 
inevitável nos idosos, principalmente naqueles de boa saúde física e mental. 
A síndrome do declínio mental relacionado com a idade indica que pacientes 
podem sofrer distúrbios subjetivos e objetivos, manifestados mais tipicamente por: 
 
 Disfunção intelectual ou cognitiva: ausências, distúrbios de memória e, 
na evolução, alteração na orientação temporoespacial e dificuldade de 
linguagem; 
 Alteração de humor e sensação de bem-estar, falta de interesse, 
grosseria no tratamento, ansiedade, labilidade de humor e tendência a 
depressão; 
 Comportamento: apatia, irritabilidade e agressividade. 
 
A característica clínica essencial da doença degenerativa primária é a 
deterioração intelectual progressiva, lenta e gradual, que evolui tipicamente por meio 
dos seguintes estágios: 
 
 Dano de memória e distúrbios de orientação; 
 Distúrbios da fala (afasia), da capacidade de reconhecer objetos 
(agnosia) e incapacidade de executar movimentos dirigidos, gestos ou 
manipular objetos (apraxia) nos anos subsequentes; 
 
 
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 Incontinências e imobilidade total (em caso de acamamento) na sua 
fase terminal. 
 
Dentre as situações, devem-se observar aquelas que são reversíveis como: 
depressão, hipo ou hipertireoidismo, e outros quadros endócrinos; má nutrição e 
deficiências vitamínicas, anemia, desidratação e distúrbios eletrolíticos, medicações 
infecções, embolias, insuficiências metabólicas, mas que podem provocar quadros 
confusionais agudos (delirium), que podem ser confundidos com demência. Mesmo 
que o paciente saia do estado de confusão, pode ficar algum dano cerebral que 
deve ser avaliado se é reversível ou não. 
 
 
8.2 SISTEMA CARDIOVASCULAR 
 
 
FIGURA 10 – CORAÇÃO HUMANO 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: < http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/Circulacao.php> 
Acesso: 18 de Maio 2012. 
 
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/Circulacao.php
 
 
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Após o desenvolvimento neonatal, o número de células miocárdicas não 
aumenta. Estudos realizados demonstraram que há modificações bioquímicas e 
anatômicas que acompanham o envelhecimento, mas é importante avaliar a 
importância fisiológica desses dados, pois nem sempre uma alteração bioquímica 
pode estar relacionada com a idade, levando a uma reação global. Portanto, as 
alterações na função cardiovascular que acompanham o envelhecimento podem ser 
decorrentes de alterações de padrões de doença, variáveis do estilo de vida ou 
resultantes simplesmente do próprio envelhecimento, sendo este o fator de maior 
dificuldade de definição. 
O sistema cardiovascular sofre significativa redução de sua capacidade 
funcional com o envelhecimento. Em repouso, contudo, o idoso não apresenta 
redução importante do débito cardíaco, mas em situações de maior demanda, tanto 
fisiológicas (esforço físico) como patológicas (doença arterial coronariana), os 
mecanismos para a sua manutenção não podem falhar, resultando em processos 
isquêmicos. 
Com o avanço da idade, o coração e os vasos sanguíneos apresentam 
alterações morfológicas e teciduais, mesmo na ausência de qualquer doença, sendo 
que, ao conjunto dessas alterações, convencionou-se o nome de “coração senil” ou 
presbicardia. 
 
 
8.2.1 Alterações Morfológicas 
 
 
Em razão da elevada incidência de doenças cardíacas e vasculares no 
idoso, há uma dificuldade de reconhecimento das alterações decorrentes 
especificamente do processo de envelhecimento. 
 
 
8.2.1.1 Pericárdio 
 
 
 
 
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Na maioria das vezes, as alterações do pericárdio são discretas, em geral 
decorrentes do desgaste progressivo, sob forma de espessamento difuso, 
particularmente nas cavidades esquerdas do coração, sendo comum o aparecimento 
do aumento da taxa de gordura epicárdica, não havendo alterações degenerativas 
ligadas diretamente à idade. 
 
 
8.2.1.2 Endocárdio 
 
 
As alterações encontradas no endocárdio são o espessamento e a 
opacidade, em especial no coração esquerdo, com proliferação das fibras colágenas 
e elásticas, fragmentação e desorganização destas com perda da disposição 
uniforme habitual, em virtude do resultado de hiperplasia irritativa resultante da longa 
turbulência sanguínea. 
 
 
8.2.1.3 Miocárdio 
 
 
As alterações do miocárdio são as mais expressivas, embora em 
determinadas necrópsias, mesmo de indivíduos idosos, não se destacam por sua 
intensidade. No miocárdio há acúmulo de gordura principalmente nos átrios e no 
septo interventricular, mas pode também ocupar as paredes dos ventrículos. Na 
maioria dos casos não apresenta expressão clínica, sendo que em algumas 
situações parece favorecer o aparecimento de arritmias atriais. 
Observa-se também moderada degeneração muscular com substituição das 
células miocárdicas por tecido fibroso, sem correlação com lesões de artérias 
coronárias. Portanto, estas alterações podem ser indistinguíveis das resultantes de 
isquemia crônica. 
O aumento da resistência vascular periférica pode ocasionar uma moderada 
hipertrofia miocárdica concêntrica principalmente da câmara ventricular esquerda. A 
presença de depósitos amiloides está relacionada frequentemente com a maior 
 
 
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incidência de insuficiência cardíaca independente da presença ou não de outra 
causa. O depósito amiloide pode ocupar áreas do nódulo sinoatrial e/ou do nódulo 
de Tawara, podendo acarretar complicações de natureza funcional, como arritmias 
atriais, disfunção atrial e até bloqueio atrioventricular. 
 
 
 
FIGURA 11 – CORTE LONGITUDINAL DO CORAÇÃO 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
8.2.2 Alterações das Valvas 
 
 
O tecido valvar, composto predominantemente por colágeno, está sujeito a 
grandes pressões. Com o envelhecimento, observa-se degeneração e 
espessamento dessas estruturas, sendo que, histologicamente, as valvas de quase 
todos os indivíduos idosos apresentam algum grau dessas alterações, mas somente 
uma pequena proporção irá desenvolver anormalidades em grau suficiente para 
desencadear manifestações clínicas. Dentre os processos de degeneração, está a 
calcificação das valvas, mas também com pouca complicação e sintomatologia. 
 
 
 
 
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8.2.3 Alterações do Sistema de Condução ou Específico 
 
 
Processos degenerativos e/ou depósitos de substâncias podem ocorrer 
desde o nódulo sinusal aos ramos do feixe de His. O envelhecimento se acompanha 
de uma acentuada redução das células do nó sinusal, podendo comprometer o nó 
atrioventricular e o feixe de His. A infiltração gordurosa separando o nó sinusal da 
musculatura subjacente contribui para o aparecimento de arritmia sinusal, sendo a 
mais frequente nesta faixa etária a fibrilação atrial. Essas alterações se instalam de 
forma lenta e gradual após os 60 anos e não estão, geralmente, relacionadas à 
doença coronariana, sendo que os distúrbios do ritmo relacionados a esse processo 
variam de arritmias benignas até bloqueios de ramos que evoluem para bloqueios 
atrioventriculares, podendo levar até a crise de Stokes-Adams. 
A crise de Stokes-Adams é um modelo exemplar de síncope por diminuição 
do débito cardíaco. A hipóxiacerebral depende de uma queda do fluxo sanguíneo 
encefálico, apresentando a estes doentes uma alteração da condução 
atrioventricular com pulso lento permanente. O quadro clínico pode se exteriorizar 
apenas por tontura transitória, por síncope e, nos acessos mais prolongados, por 
crise convulsiva. 
 
 
8.2.4 Alterações da Aorta 
 
 
A modificação principal que ocorre, sem considerar a arteriosclerose, seria a 
alteração na textura do tecido elástico e aumento do colágeno. Os processos 
ocorrem na camada média, sob a forma de atrofia, de descontinuidade e de 
desorganização das fibras elásticas, aumento de libras colágenas e eventual 
deposição de cálcio. A formação de fibras colágenas não distensíveis predomina 
sobre as responsáveis pela elasticidade intrínseca que caracteriza a aorta jovem, 
resultando, portanto, em redução da elasticidade, maior rigidez da parede e aumento 
do calibre. 
 
 
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Normalmente, as implicações clínicas das modificações da parede e do 
diâmetro da aorta são pouco acentuadas e observa-se, ocasionalmente, aumento da 
pressão sistólica e da pressão de pulso, com moderadas repercussões sobre o 
trabalho cardíaco. 
 
 
 
 
8.2.5 Alterações das Artérias Coronárias 
 
 
As alterações das artérias coronárias não são, em geral, expressivas quando 
não é considerada a arteriosclerose vascular podendo ser encontradas, como 
condição habitual de envelhecimento, perdas de tecido elástico e aumento do 
colágeno acumulando-se em trechos proximais das artérias. Eventualmente, ocorre 
depósito de lípides com espessamento da túnica média. É comum a presença de 
vasos epicárdicos tortuosos, ocorrendo mesmo quando não há diminuição dos 
ventrículos. No coração a coronária esquerda altera-se antes da direita. 
Estas alterações são diferentes da arteriosclerose; outra situação discutida 
seria a de artérias coronárias dilatadas, que não encontrou apoio em verificações de 
necropsia antigas. Outra alteração significativa é a calcificação das artérias 
coronárias epicárdicas, observada com frequência em indivíduos muito idosos, muito 
comum nesta população, podendo atingir o tronco coronário e as três grandes 
artérias, ocupando geralmente o terço proximal desses vasos. Em alguns casos, 
podemos ter a amiloidose das artérias coronárias. 
 
 
8.3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
 
 
Há uma grande influência do sistema nervoso autônomo sobre o 
desempenho cardiovascular. As consequências funcionais da diminuição da 
influência simpática sobre o coração e vasos do idoso são observadas 
 
 
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principalmente durante o exercício; portanto, à medida que o idoso envelhece o 
aumento do débito cardíaco durante o esforço se obtém com o maior uso da lei de 
Frank-Starling, com dilatação cardíaca, aumentando o volume sistólico para 
compensar a resposta atenuada da frequência cardíaca. 
O envelhecimento determina modificações estruturais que levam à 
diminuição da reserva funcional, limitando a performance durante a atividade física, 
bem como reduzindo a capacidade de tolerância em várias situações de grande 
demanda, principalmente nas doenças cardiovasculares. O débito cardíaco pode 
diminuir em repouso, principalmente durante o esforço, tendo uma influência 
importante do envelhecimento por meio de várias determinantes: 
 Diminuição da resposta de elevação de frequência cardíaca ao esforço ou 
outro estímulo. 
 Com o envelhecimento, temos diminuição da complacência do ventrículo 
esquerdo, mesmo na ausência de hipertrofia miocárdica, com retardo no 
relaxamento do ventrículo, com elevação da pressão diastólica desta cavidade, 
levando à disfunção diastólica no idoso, muito comum, e que se deve principalmente 
pela dependência da contração atrial para manter o enchimento ventricular e o 
débito cardíaco. 
 Ocorre diminuição da complacência arterial, com aumento da resistência 
periférica e consequente aumento da pressão sistólica, com aumento da pós-carga 
dificultando a ejeção ventricular em razão das alterações estruturais na vasculatura. 
 Diminuição da resposta cronotrópica e inotrópica às catecolaminas, 
mesmo com a função contrátil do ventrículo esquerdo preservada. 
 Diminuição do consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.) pela redução da 
massa ventricular encontrada no envelhecimento. 
 Diminuição da resposta vascular ao reflexo barorreceptor, com maior 
suscetibilidade do idoso à hipotensão. 
 Presença de diminuição da atividade da renina plasmática, sendo que nos 
hipertensos poderemos encontrar níveis de aldosterona plasmática normais, com 
diminuição da resposta ao peptídeo natriurético atrial, embora a sua concentração 
plasmática esteja aumentada. 
 
 
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 No idoso, teremos maior prevalência de hipertensão sistólica isolada, 
mais frequente do que a sistodiastólica acima dos setenta anos, estando associada 
a um maior risco de doenças cárdio e cerebrovasculares. 
 
 
 
 
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8.4 SISTEMA RESPIRATÓRIO 
 
 
FIGURA 12 
 
FONTE: Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/funcionamento-sistema-
respiratorio-552993.shtml> 
Acesso em : 18 Maio de 2012. 
 
 
O aparelho respiratório pode sofrer alterações anatômicas e funcionais, que 
variam de amplitude, porém são inerentes ao processo normal e natural do 
envelhecimento, não devendo ser avaliadas como fator isolado. Vários fatores 
podem afetar a função pulmonar, sendo, frequentemente, agravantes do processo 
de envelhecimento, tais como o tabagismo, poluição ambiental, exposição 
profissional, doenças pregressas pulmonares ou não, diferenças socioeconômicas, 
constitucionais e raciais. 
A frequente associação com outras enfermidades, principalmente as de 
caráter crônico-degenerativas, faz com que os idosos apresentem maior 
comprometimento da função pulmonar. A redução dos parâmetros funcionais do 
idoso sadio, de acordo com vários autores, é da grandeza de aproximadamente 
20%. (CASSOL, 2004). 
 
 
 
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/funcionamento-sistema-respiratorio-552993.shtml%3e%20%20Acesso
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/funcionamento-sistema-respiratorio-552993.shtml%3e%20%20Acesso
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/funcionamento-sistema-respiratorio-552993.shtml%3e%20%20Acesso
 
 
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8.4.1 Alterações Estruturais do Sistema Respiratório 
 
 
Entre as principais alterações fisiológicas do aparelho respiratório destacam-
se: 
 Perda das propriedades de retração elástica do pulmão; 
 Enrijecimento da parede torácica; 
 Diminuição da potência motora e muscular. 
 
Para Freitas et al. (2002), alterações da elasticidade, da complacência e dos 
volumes pulmonares, decorrentes das mudanças do tecido conectivo pulmonar, da 
redução de massa muscular e da acentuação da cifose fisiológica, são descritas 
como fatores limitantes na terceira idade. Esses fatores podem frequentemente 
comprometer a reserva funcional dos idosos, tornando-os sintomáticos. As 
propriedades mecânicas do pulmão do idoso estão fisiologicamente alteradas 
quando comparadas com as do adulto jovem. 
 
 
FIGURA 13 – CURVA DE COMPLACÊNCIA DO PULMÃO 
 
 
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 66 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
8.4.1.1 Pulmão 
 
 
A maior alteração encontrada no pulmão senil é a diminuição do tamanho da 
via aérea, principalmente associada às alterações do tecido conectivo de suporte. O 
estreitamento de bronquíolos, o aumento dos ductos alveolares e o achatamento 
dos sacos alveolares são resultantes das alterações nas concentrações de elastina 
e colágeno observadas no envelhecimento. 
No interstício pulmonar, as fibras elásticas, o colágeno e a musculatura lisa 
desempenham importante papel na tensão elástica pulmonar, podendo também 
sofrer influências do volume sanguíneo pulmonar e do muco brônquico. No pulmãosenil, o aumento do volume de ar nos ácinos decorre do aumento do volume de ar 
nos ductos alveolares, levando ao que chamamos de ductectasias, sendo 
considerada uma alteração fisiológica, não constituindo enfisema pulmonar 
propriamente dito. 
A redução do número e da atividade das células mucociliares, do epitélio de 
revestimento brônquico leva a maior dificuldade do clareamento das vias aéreas, 
predispondo a maior incidência de infecção nesse grupo. As alterações anatômicas, 
em combinação com a reorientação das fibras elásticas, podem ocasionar as 
 
 
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seguintes alterações fisiológicas na senescência: redução da elasticidade pulmonar, 
aumento da complacência pulmonar, redução da capacidade de difusão de oxigênio, 
fechamento prematuro de vias aéreas, fechamento de pequenas vias aéreas, 
redução dos fluxos expiratórios. 
 
 
 
FIGURA 14 – ALTERAÇÕES DAS VIAS AÉREAS INFERIORES 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
8.4.1.2 Parede torácica 
 
 
O enrijecimento do gradeado costal é a principal alteração fisiológica do 
envelhecimento associado à parede torácica, podendo ser atribuído ao processo de 
osteoporose e osteoartrose senil, caracterizado por descalcificação das costelas e 
vértebras, calcificação das cartilagens condroesternais e alterações nas articulações 
costovertebrais. A complacência total do aparelho respiratório no idoso está reduzida 
à custa, principalmente, do enrijecimento da parede torácica em contraposição aos 
 
 
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 68 
efeitos da redução da elasticidade pulmonar, ocasionando mudanças no formato do 
pulmão e na dinâmica respiratória. 
 
 
8.4.1.3 Músculos respiratórios 
 
 
No envelhecimento fisiológico ocorre substituição de tecido muscular por 
tecido gorduroso, o que, associado aos elevados índices de inatividade e até 
imobilismo, compete para a redução da massa e da potência da musculatura 
esquelética, acarretando menor capacidade de sustentar o trabalho muscular 
(endurance). A redução da massa e da potência muscular é certamente fator de 
grande importância para o declínio da função pulmonar e que pode ser modificado 
por meio de programas de atividade física, fisioterapia motora e respiratória e 
suplementação nutricional. 
 
 
8.4.1.4 Alterações da função pulmonar 
 
 
As alterações no tamanho da via aérea e da superfície alveolar contribuem 
para a redução do volume pulmonar útil para as trocas gasosas e para o aumento do 
espaço morto. As vias aéreas servem como conduto para gases inspirados e 
expirados (zona de condução), e, com o envelhecimento, tornam-se maiores, 
comprometendo a eficiência das trocas gasosas. O volume de ar inspirado contido 
no espaço morto aumenta de 1/3 para 1/2 do volume corrente em idosos. 
A redução da complacência torácica, o aumento da complacência pulmonar 
e a redução da força dos músculos respiratórios promovem a redução da 
capacidade vital (CV). A capacidade residual funcional (CRF), que corresponde ao 
volume de gás nos pulmões no final da expiração, e o volume residual (VR), que 
corresponde ao volume de gás nos pulmões após expiração forçada, aumentam 
com a idade, enquanto a capacidade pulmonar total (CPT) e o volume corrente (VC) 
pouco se alteram. 
 
 
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A capacidade vital forçada (CVF) e o volume expiratório forçado no primeiro 
segundo (VEFl) reduzem com a idade, assim como a relação VEFI/CVF (índice de 
Tiffeneau). Tais alterações podem ser atribuídas à redução da pressão de 
recolhimento e consequente fechamento das vias aéreas em grandes volumes 
pulmonares. As desordens respiratórias do sono, a obstrução e apneias são, 
reconhecidamente, distúrbios comuns em idosos, os quais apresentam uma redução 
da qualidade e na estrutura do sono. 
 
 
8.5 SISTEMA DIGESTÓRIO 
 
 
FIGURA 15 
 
FONTE: Disponivel em http://www.auladeanatomia.com/digestorio/sistemadigestorio.htm Acesso em: 
18 de Maio 2012. 
 
 
Para Ribeiro e Marin (2009), com o envelhecimento, o aparelho digestório 
apresenta alterações estruturais, de motilidade e da função secretória que variam 
em intensidade e natureza em cada segmento do mesmo. As consequências 
clínicas dessas alterações são, na maioria dos casos, pouco perceptíveis, mas, em 
seu conjunto, adquirem importância para a compreensão e o manuseio de sintomas 
e para a previsão de alterações na farmacocinética de diversas medicações. 
http://www.auladeanatomia.com/digestorio/sistemadigestorio.htm
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 70 
Com o envelhecimento, a musculatura lisa do esôfago pouco se altera, 
porém ocorre importante e progressiva redução de sua inervação intrínseca. De 
maneira geral, reconhece-se diminuição da pressão de repouso e alterações da 
sincronia e magnitude do relaxamento do esfíncter superior do esôfago (que pode 
causar disfagia alta), aumento da incidência de contrações não peristálticas 
(síncronas e falhas) e manutenção da pressão de repouso do esfíncter inferior do 
esôfago. 
Mesmo em pessoas assintomáticas, implicações clínicas importantes, como 
a necessidade de se administrarem medicamentos, por via oral, na posição 
ortostática, acompanhados de razoável quantidade de líquido. Outra importante 
implicação consiste no fato de que materiais ácidos refluídos do estômago 
permanecem por mais tempo em contato com a mucosa esofágica, com maior 
potencial de lesão. 
A secreção de pepsina quer basal, quer estimulada, também se mostra 
reduzida com o envelhecimento. Também tem sido demonstrada redução 
significativa da presença de prostaglandinas na mucosa gástrica, o que aumentaria 
sua susceptibilidade a fatores lesivos. 
O pâncreas sofre importantes alterações estruturais com o envelhecimento. 
O seu peso se reduz de uma média de 60 + ou - 20 gramas menos de 40 gramas na 
nona década de vida. Porém, a reserva funcional pancreática é elevada. Os estudos 
acerca dos efeitos do envelhecimento sobre as alterações estruturais do cólon são, 
da mesma forma que em relação ao delgado, escassos e controversos. 
Três fatos evidentemente idade-relacionados ocorrem, no que se refere ao 
cólon: 
 
- Aumento da prevalência de constipação; 
- Aumento da incidência de neoplasias; 
- Aumento da prevalência de doença diverticular. 
 
Alguns dados explicam parcialmente essas alterações e eles serão aqui 
discutidos. A ocorrência mais frequente de constipação entre os idosos pode ser 
explicada por uma série de fatores extrínsecos ao cólon, como o sedentarismo, a 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 71 
redução na ingestão de fibras e líquidos e alterações hormonais. O tempo de trânsito 
colônico se mostrou aumentado em diversos estudos, mas inalterado em outros. 
Uma possível causa para distúrbios do trânsito seria a redução dos 
neurônios do plexo mioentérico associada ao envelhecimento. No entanto, pouco se 
conhece sobre a regulação do trânsito colônico em idosos e eventuais modificações 
desta em relação a faixas etárias mais jovens. A prevalência de incontinência fecal 
aumenta claramente com o envelhecimento, com consequências pessoais e sociais 
importantes. Diversos mecanismos extrínsecos contribuem para a ocorrência de 
incontinência, como déficit cognitivo, impactação fecal, acidentes vasculares 
cerebrais, neuropatia diabética. 
 
 
8.6 SISTEMA ENDÓCRINO 
 
 
FIGURA 16 
 
 
FONTE: Disponivel em : < http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/sistemaendocrino.php> 
Acesso em : 18 de Maio de 2012. 
 
 
Alterações no sistema endócrino (e imune) associadas à idade levariam à 
deterioração do organismo e ao processo do envelhecimento. A teoria 
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/sistemaendocrino.php
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 72 
neuroendócrina sugere a presença de um marca-passo central que levaria à falência 
do sistema endócrino. Essa teoria se baseia no fato de que muitos indivíduos jovens 
com doenças endócrinas (osteoporose, diminuição da secreçãode hormônio de 
crescimento, hipogonadismo) apresentam alterações morfológicas, funcionais e 
bioquímicas (diminuição da massa óssea, diminuição da massa muscular, 
hipertensão arterial) que são encontradas em indivíduos idosos “sem doenças”. 
As secreções hormonais obedecem a um ritmo de 24 horas (maiores ou 
menores) e são influenciadas por fatores endógenos e exógenos. Vários estudos 
demonstram relação entre o ritmo de sono e o ritmo de secreção hormonal (por 
exemplo, secreção de hormônio de crescimento). No exemplo citado, deveríamos 
elucidar totalmente se a insônia do indivíduo idoso pode contribuir para a diminuição 
de secreção de hormônio do crescimento (GH) nesse grupo etário. 
A menopausa é definida como a falência total da função ovariana (produção 
de esteroides e ausência de ovulação), resultando em amenorreia permanente. Uma 
ausência de menstruação por um período de doze meses confirma o diagnóstico em 
mulheres idosas. Portanto, a menopausa é um diagnóstico retrospectivo. 
O climatério é uma terminologia usada para caracterizar as alterações 
fisiológicas e os sintomas que decorrem da transição do período reprodutivo para o 
não reprodutivo da mulher. Outra situação que apresenta relação com a deprivação 
hormonal é a osteoporose, que tem uma correlação fisiopatológica, preventiva e 
terapêutica com os níveis estrogênicos. 
A real incidência de sintomas precoces é muito discutida na literatura e sua 
prevalência em relação a diferentes faixas etárias promove controvérsias. 
Analisando uma população com idades entre 46 a 62 anos, observou-se que os 
sintomas vasomotores foram relatados em 57%, depressão/irritabilidade em 57,1%, 
distúrbios do sono em 52%, sintomas osteomusculares em 57%, perda de libido em 
57% e secura vaginal em 21%. 
Como observado anteriormente, a relação entre esses sintomas e o estado 
de hipoestrogenismo possibilita, nos casos em que não existam contraindicações e 
haja desejo do paciente, que se inicie a terapia de reposição hormonal. A terapia 
hormonal apresenta, de acordo com resultados, 90% de resposta positiva. 
Como no sexo feminino, o homem apresenta, com o envelhecimento, 
alterações hormonais. A suspeita clínica de hipogonadismo deve ser feita quando o 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 73 
indivíduo se apresenta com queixas de alteração de libido, vigor, potência sexual, 
fraqueza muscular e diminuição de massa muscular. Ocasionalmente, no idoso 
podem também vir ondas de calor. A questão é, então, a formulação, a dosagem e a 
monitoração da reposição com testosterona. 
Os resultados de reposição de testosterona em indivíduos idosos são muito 
conflitantes e não existem, no momento, trabalhos publicados referindo-se ao efeito 
em idosos com doenças crônicas. O número de pacientes é pequeno e a terapia é 
curta. Sabe-se que a terapêutica com testosterona tem que ser usada com cautela. 
 
 
 
 
8.7 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 
 
 
FIGURA 17 
 
FONTE: Arquivo Pessoal, ano. 
 
 
Segundo Edison Rossi (2008), a atrofia óssea com o envelhecimento não se 
faz de forma homogênea, pois, antes dos 50 anos, perde-se, sobretudo, osso 
trabecular e, após essa idade, principalmente osso cortical. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 74 
 
FIGURA 18 
 
 
FONTE: Adaptado de Rebelatto, 2007. 
 
 
O envelhecimento cartilaginoso traz consigo um menor poder de agregação 
dos proteoglicanos (complexos de proteínas-mucopolissacarídeos) aliados a uma 
menor resistência mecânica da cartilagem; o colágeno adquire menor hidratação, 
maior resistência à colagenase e maior afinidade pelo cálcio. 
 
 
FIGURA 19 – ETAPAS DA LESÃO DEGENERATIVA DA CARTILAGEM 
ARTICULAR NA OSTEOARTROSE 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 75 
 
FONTE: Adaptado de Rebelatto, 2007. 
 
 
Nos discos intervertebrais, a degeneração aumenta com o envelhecimento. 
A degeneração discal compreende rupturas estruturais grosseiras e alterações na 
composição da matriz; estudos recentes indicam que sobrecargas mecânicas 
moderadas e repetidas, sobretudo nos discos de indivíduos dos 50 aos 70 anos, 
podem ser a causa inicial do processo. Sabe-se que os condrócitos de idosos têm 
menor capacidade de proliferação e capacidade reduzida de formar tecido novo, o 
que explica, em parte, a associação entre idade e osteoartrite. 
Com o envelhecimento, há uma diminuição lenta e progressiva da massa 
muscular, sendo o tecido nobre paulatinamente substituído por colágeno e gordura. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 76 
O número de fibras musculares no velho é aproximadamente 20% menor que no 
adulto, sendo o declínio mais acentuado em fibras do tipo II. 
A sarcopenia contribui para outras alterações idade-associadas, como, por 
exemplo, menor densidade óssea, menor sensibilidade à insulina e menor 
capacidade aeróbica. Uma diminuída massa magra idade-dependente resulta, 
sobretudo da sarcopenia, o que traz consigo menor taxa de metabolismo basal, 
menor força muscular e menores níveis de atividades físicas diárias. 
Com o envelhecimento, diminui a velocidade de condução. Há um aumento 
no balanço postural, diminuição dos reflexos ortostáticos e um aumento do tempo de 
reação. O centro de gravidade das pessoas idosas muda para trás do quadril. 
Aumenta o número de fibras nervosas periféricas, que mostram alterações 
morfológicas (degeneração axonal; desmielinização segmentar). 
O maior estudo sobre dor já conduzido revelou uma redução da dor 
relacionada à idade em todas as Iocalizações anatômicas, exceto nas articulações. 
A osteoartrite é, sem dúvida, o distúrbio doloroso mais comum no idoso. A dor 
neuropática, principalmente, a neuralgia do trigêmeo e a pós-herpética ocorrem com 
frequência, enquanto síndromes dolorosas crônicas não malignas comuns aparecem 
com mais frequência do que no adulto. 
 
 
FIGURA 20 – DIFERENÇAS ENTRE ADULTO E IDOSO 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 77 
FONTE: Adaptado de Rebelatto, 2007. 
 
 
8.8 SISTEMA URINÁRIO 
 
 
FIGURA 21 
 
 
FONTE: Disponivel em :< http://educacao.uol.com.br/ciencias/sistema-excretor-rins-filtram-impurezas-
e-as-eliminam-na-urina.jhtm> Acesso em: 18 de Maio de 2012. 
 
 
A partir da quarta década inicia-se o processo de envelhecimento renal, com 
diminuição do seu peso, que pode atingir cerca de 180 gramas, reduzindo a área de 
filtração glomerular e, consequentemente, das suas funções fisiológicas. Por ser 
intensamente vascularizado, o rim recebe aproximadamente 25% do débito cardíaco 
por minuto, que circula principalmente pelo córtex, para o processo de filtração 
glomerular, que é o ponto de partida da ação fisiológica renal, promovendo 
depuração sanguínea de substâncias originárias do metabolismo e manutenção da 
homeostase. 
A partir dos 40 anos todos os vasos renais sofrem progressiva esclerose, 
levando à diminuição da sua luz, com consequentes modificações no fluxo laminar 
do sangue, o que facilita a deposição lipídica na parede vascular, propiciando a 
http://educacao.uol.com.br/ciencias/sistema-excretor-rins-filtram-impurezas-e-as-eliminam-na-urina.jhtm
http://educacao.uol.com.br/ciencias/sistema-excretor-rins-filtram-impurezas-e-as-eliminam-na-urina.jhtm
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 78 
substituição e células musculares por depósitos de colágeno, o que leva à 
diminuição da sua elasticidade. 
O número de glomérulos mantém-se constante até a quarta década, quando 
se inicia o processo de envelhecimento renal, havendo uma progressiva redução 
dessas estruturas, atingindo na sétima década cerca de um terço do número de 
glomérulos iniciais. A principal consequência dessas alterações é a diminuição da 
área de filtração e da permeabilidade glomerulares, proporcionando, dessa forma, a 
diminuição do ritmo de filtração. 
Em decorrência das modificações estruturais observadas com o 
envelhecimento renal, teremos algumas modificações funcionais, as quais podem 
ser atribuídas ao denominado envelhecimento bem-sucedido,já que, apesar dessas 
perdas, são preservadas as funções de equilíbrio do meio interno, que é mantido 
dentro dos níveis de normalidade fisiológica, bem como as excretoras e endócrinas 
do rim. 
Desse equilíbrio resulta a preservação do metabolismo celular. Como citado 
anteriormente, as modificações funcionais são diretamente proporcionais à redução 
das medidas renais. No entanto, trabalhos longitudinais, como o estudo de Bronx, 
revelaram que essas perdas do envelhecimento não são homogêneas, classificando 
os idosos em três categorias: redução da filtração glomerular acentuada, 
intermediária e sem comprometimento. 
 
 
8.8.1 Envelhecimento da Bexiga 
 
 
 Aspectos do envelhecimento diferenciado entre os sexos: 
A origem embriológica comum da bexiga, uretra, ureter e trato genital 
respondem, na mulher, ao estímulo estrogênico, cujo declínio de produção com que 
acompanha o climatério pode trazer consequências na sua fisiologia, participando 
como facilitador do aparecimento, por exemplo, de infecções urinárias. 
Nos homens, associados aos processos degenerativos próprios, a bexiga 
está vulnerável, principalmente, ao aumento prostático e consequente acentuação 
do prejuízo aos processos primários do seu envelhecimento. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 79 
 
 
8.9 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO 
 
 
FIGURA 22 
 
FONTE: Cobbis,. 
 
 
As alterações macroscópicas são: a pele torna-se lisa, fina, com a aparência 
de um papel, há palidez, diminuição da extensibilidade e elasticidade. O panículo 
adiposo pode estar reduzido em certas regiões: face, nádegas, mãos e pés. Os 
pelos são mais finos, rarefeitos, quebradiços e menos numerosos na cabeça, axila, 
púbis e membros, principalmente, nas pernas. 
Os cabelos brancos são explicados pela diminuição progressiva dos 
melanócitos dos folículos pilosos. As unhas se tornam mais frágeis, quebradiças, 
finas ou espessadas, com diminuição do brilho tornam-se opacas e apresentam 
estriações longitudinais, chegando, às vezes, a fissurar. A densidade do colágeno 
diminui significativamente. As fibras elásticas praticamente desaparecem a partir dos 
30 anos de idade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 80 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO III 
IA E GERONTOLOGIA 
FISIOTERAPIA APLGERONTO

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