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Problema 1: Intermediária. Envelhecimento

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Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Problema 1: Intermediária 
Objetivos: 
1- Explicar as teorias e conceitos relacionados ao processo de envelhecimento. 
2- Explanar sobre os tipos de idade relacionados ao envelhecimento. 
3- Elucidar sobre as alterações fisiológicas inerentes ao envelhecimento. 
4- Descrever os aspectos psicossociais do idoso e sua inserção na sociedade. 
 
Teorias biológicas do envelhecimento 
 
As teorias genéticas apresentam especulações e evidências sobre a identidade de genes responsáveis pelo 
envelhecimento, acumulações de 
erros na estruturação genética, 
senescência programada e 
telômeros. As teorias bioquímicas 
estão focadas no metabolismo 
energético, na geração de 
radicais livres e na taxa de 
sobrevida associada à saúde 
mitocondrial. As teorias 
fisiológicas apresentam 
explicações para a senescência associadas ao sistema endócrino e o papel dos hormônios na regulação da 
taxa de envelhecimento celular. De modo bastante amplo, quando são analisados os mecanismos 
moleculares de dano e limitações celulares, existem três grandes processos pelos quais tais moléculas 
sofrem comprometimento, causando senescência ou doenças. O primeiro é secundário a reações químicas 
intracelulares, seja como consequência do surgimento de espécies tóxicas de oxigênio, os radicais livres, seja 
por agentes exógenos como poluentes ou radiação. Uma segunda causa está associada a subprodutos de 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
componentes da glicose e seus metabólitos; por fim, a presença de erros espontâneos nos processos 
bioquímicos, como a duplicação de DNA, modificações nos processos de transcrição, pós-transcrição, 
translação e póstranslação no âmago celular 
Teixeira e Guariento (2010) pontuam que frequentemente as teorias do envelhecimento são apresentadas 
em dois grupos: teorias programadas e teorias estocásticas. Segundo as observações de Weinert e Timiras 
(2003), as programadas são baseadas no conceito de “relógio biológico”, ou seja, fenômenos delimitados 
marcando etapas específicas da vida, como crescimento, maturidade, senescência e morte. Para esses 
mesmos autores, as teorias estocásticas estão condicionadas a alterações moleculares e celulares, 
progressivas e aleatórias que promovem danos nas estruturas biológicas para manutenção da vida. 
Teorias estocásticas do envelhecimento 
A segunda lei da termodinâmica afirma que, do ponto de vista da mecânica estatística, os processos físicos 
e químicos tendem a um aumento da desordem ou de sua entropia. Todas as células, guardadas as devidas 
proporções, são instáveis do ponto de vista termodinâmico. Sua organização intrínseca está submetida a um 
contínuo e ininterrupto processo de diversos “ataques” aleatórios – estocásticos – que podem causar, em 
cada unidade, uma degradação. As teorias de cunho estocástico sugerem que fenômenos diversos oriundos 
dessa desordem promoveriam erros em diversos segmentos orgânicos, provocando um declínio fisiológico 
e estrutural progressivo. 
Teoria do uso e desgaste: 
O constructo teórico do uso e desgaste persiste até os dias de hoje sob uma ótica principal: quanto mais 
desgaste sofre uma célula, maior é o comprometimento em sua habilidade de sobrevida. Ao longo do 
envelhecimento celular são observados inúmeros agravos que promovem uma limitada capacidade de 
reparação, a qual, com o passar do tempo, é cada vez menor. Hoje, entretanto, essa teoria é totalmente 
discordante das observações práticas. 
Teoria das modificações proteicas: 
A interação entre as organelas citoplasmáticas e seus respectivos eventos bioquímicos estão em constante 
funcionamento flutuando em um equilíbrio dinâmico, habilitando a manutenção do que é conhecido como 
homeostase. Champion (1942) postulou que modificações pós-traducionais poderiam ser disseminadas e, 
assim, esse fenômeno ser um mecanismo plausível de envelhecimento. A “falha na reparação” é a sugestão 
de que o acúmulo de modificações químicas irreparáveis em macromoléculas importantes poderia impedir 
o funcionamento adequado de algumas células. 
A hipótese é que as moléculas de longa vida, com baixo turn-over, e que residem na célula por longa data 
sofram uma desnaturação tênue no ambiente citoplasmático. 
Exemplos de proteínas que apresentam algumas das alterações sugeridas são o colágeno e a elastina. 
Constituintes essenciais do tecido conjuntivo e de suma importância para os mamíferos, elas sofrem um 
declínio gradual de suas funções, trazendo diversas repercussões na habilidade funcional desses organismos. 
Na pele, é observada redução do tônus e maleabilidade; no aparelho cardiovascular, alterações nas camadas 
arteriais, traduzindo-se, ao envelhecimento, no aumento da pressão sistólica. 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Outra importante observação é que a atividade proteica parece ficar mais lenta com o envelhecimento. As 
vias citoplasmáticas de degradação expressam um processamento inadequado de proteínas. Estas proteínas 
pós-tradução tornam-se anormais e se acumulam, e, com o passar do tempo, sua taxa de degradação 
diminui. 
Teoria da mutação somática e do dano ao DNA: 
Nesta teoria a ideia principal é que fatores orgânicos poderiam causar alterações específicas na composição 
do DNA e nas células somáticas. Falha na reparação ou anomalias existentes promoveriam “golpes” 
aleatórios que comprometeriam a expressão de grandes regiões cromossômicas ou mesmo cromossomos 
inteiros. Como consequência, a expressão inadequada de suas funções promoveria o envelhecimento 
celular. 
Teoria do erro catastrófico: 
A teoria do erro catastrófico apresenta que, ao longo dos anos, erros aleatórios e constantes poderiam 
construir alterações drásticas nas atividades enzimáticas, levando à limitação do funcionamento celular e, 
em nível macro, de todo o organismo. 
Na teoria do erro catastrófico, o funcionamento incorreto de elementos da síntese proteica foi proposto 
como modelo de observação. Um dos exemplos é a ação da enzima aminoacil-tRNA sintetase (aaRS), que 
tem como papel precípuo catalisar a esterificação de um aminoácido específico em um dos possíveis tRNA 
correspondentes durante a síntese proteica. Erros aleatórios cumulativos podem ocorrer nesta estrutura, 
comprometendo-a drasticamente e induzindo a gênese imprópria de proteínas e um processo de feedback 
com autoamplificação. Seu funcionamento incorreto promoveria uma catástrofe na origem de novas 
proteínas e, em consequência, danos graves à célula e desfechos incompatíveis com a vida. 
Desdiferenciação: 
Esta teoria baseia-se no conceito de que as células diferenciadas têm a habilidade de repressão seletiva da 
atividade de genes desnecessários para a sobrevivência. Nessa hipótese, o envelhecimento normal 
ocorreria pelo fato de essas células desviarem-se de seu processo de diferenciação. Mecanismos 
estocásticos promoveriam ativação ou repressão gênica, causando síntese inadequada de proteínas ou 
mesmo a síntese de proteínas desnecessárias, que, com o tempo, diminuiriam a atividade celular e, em 
consequência, causariam a morte. Richard Cutler, em 1985, cunhou o termo “desdiferenciação” para indicar 
esse processo e sugeriu que a consequente falta de um controle gênico rigoroso poderia resultar em 
produção de proteínas sintetizadoras, além de outras características de seu estado diferenciado. 
Dano oxidativo e radicais livres: 
A teoria do dano oxidativo (Quadro 2.5) foi proposta por Denham Harman em 1957. Ela postula que o 
envelhecimento seria consequente aos efeitos deletérios das espécies reativas de oxigênio nas organelas 
citoplasmáticas. 
A teoria de radicais livres é também dividida em hipóteses associadas, especialmente no papel 
desempenhado por algumas organelas citoplasmáticas e nos tipos de danos sob algumas moléculas durante 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
o envelhecimento.Mutações no DNA mitocondrial acelerariam as lesões oriundas dos radicais livres através 
da introdução de componentes enzimáticos na cadeia de transporte de elétrons na crista mitocondrial. 
Teorias sistêmicas 
As teorias sistêmicas tentam, de certa forma, agrupar o processo de envelhecimento de maneira encadeada 
e organizada. 
Teorias metabólicas: 
Em seus primórdios, as teorias metabólicas envolveram um perfil prático da observação cotidiana. Animais 
de grande porte possuem, geralmente, maior sobrevida que animais pequenos. Juntamente às teorias de 
restrição calórica e de consumo energético, em observações inicialmente feitas no século 19, a premissa 
pontuada foi que a taxa metabólica de um organismo era inversamente proporcional a seu peso corporal. 
Desse modo, longevidade e metabolismo estariam ligados por um nexo causal em que taxas metabólicas 
elevadas promoveriam ou estariam associadas a um tempo de vida curto. A evidência científica experimental 
aponta que alterações na taxa metabólica podem modificar o tempo de vida em alguns animais. 
Estudos na espécie humana apontam que níveis reduzidos de glicemia, menor temperatura corporal e lento 
declínio de alguns hormônios estariam associados a um tempo de vida mais longo quando comparados com 
aqueles que não possuíam estas características. Ademais, alguns trabalhos apontam que ocorre uma 
redução da taxa metabólica basal com o envelhecimento, que é ainda mais acelerada nas idades mais 
avançadas. Enquanto altas taxas metabólicas estão diretamente associadas à mortalidade, seu 
alentecimento, em contrapartida, é observado nos organismos com maior longevidade. 
Teorias genéticas: 
As teorias genéticas afirmam que modificações na expressão gênica seriam responsáveis pelas alterações 
observadas nas células senescentes. Nas últimas décadas, achados contundentes mostraram que nossos 
genes têm um papel crucial no tempo que uma célula poderá viver. 
Teorias neuroendócrinas e imunológicas: 
O postulado das teorias neuroendrócrinas é que o envelhecimento seria decorrente de alterações ocorridas 
nas funções neurais e endócrinas, notadamente no sistema hipotálamo-hipófise-adrenal. Este sistema 
alterado limitaria a integração das funções orgânicas específicas, levando à degradação das funções 
homeostáticas. A hipótese de alguns autores é que o envelhecimento seria o resultado da redução da 
habilidade adaptativa do organismo ao estresse por uma queda da resposta simpática. Seja pela diminuição 
dos receptores de catecolaminas, pelo declínio de proteínas responsáveis pela resistência ao estresse (heat 
shock proteins) ou mesmo pela diminuição da habilidade das catecolaminas como indutoras de formação 
proteica, traduziriam-se, com o envelhecimento, em mecanismos de contrarresposta inadequada do eixo 
central e periférico, apresentando inúmeras limitações nos feedbacks e causando, com isso, a senescência. 
Os fenômenos inflamatórios crônicos tão observados no envelhecimento tendem a aumentar algumas 
substâncias como o cortisol, que contribuem diretamente para resistência à insulina e suas nefastas 
complicações. 
Epigenética: 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
A epigenética é conceituada como um conjunto de modificações no genoma que são herdadas pelas 
gerações subsequentes, mas que não alteraram a sequência do DNA. De forma bastante interessante a 
ciência tem apresentado que variações não genéticas (ou epigenéticas) apresentadas por determinado 
organismo ao longo de sua vida podem ser passadas aos seus descendentes. Hábitos de vida e até mesmo o 
ambiente social podem modificar o funcionamento celular. Esses efeitos são secundários a determinadas 
modificações pós-transcricionais do DNA. 
Os estudos iniciais em epigenética do envelhecimento encontraram um padrão global de baixos níveis de 
metilação na maioria dos tecidos envelhecidos de mamíferos. 
Organismos envelhecidos apresentam epigenomas modificados e o envelhecimento é o principal fator de 
risco associado ao desenvolvimento do câncer. Modificações de histonas como a perda da trimetilação da 
histona H4-K20 e monoacetilação da H4-K16, além dos próprios modificadores de histonas, como as 
sirtuínas, também apontam a epigenética como um elo comum entre o envelhecimento e a gênese tumoral. 
Apoptose: 
Uma teoria estabelece que o estresse oxidativo desempenha um papel primário na fisiopatologia da 
apoptose induzida pela idade a partir do acúmulo de danos ao DNA mitocondrial. Dados da última década 
corroboram essa hipótese e a estendem também aos danos sofridos por diversas proteínas intracelulares. 
Tais proteínas atuam direta ou indiretamente na rede de sinalização que leva à morte celular programada. 
Do ponto de vista do envelhecimento, a apoptose tem efeitos especialmente notáveis na definição da 
longevidade de células pós-mitóticas, como os neurônios, estando envolvida em diversos distúrbios 
neurodegenerativos ou na morte celular como resposta normal a agentes estressores. 
Evidências atuais mostram que a apoptose desempenha papéis críticos no envelhecimento dos sistemas 
nervoso, imune muscular e conjuntivo. Porém, a demonstração detalhada da importância da apoptose para 
o envelhecimento de organismos inteiros é um trabalho lento e de difícil execução. 
Idades do envelhecimento 
 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Determinar o início da velhice é uma tarefa complexa porque é difícil a generalização em relação à velhice, 
e há distinções significativas entre diferentes tipos de idosos e velhices. A idade é um fato pré-determinado, 
mas o tratamento dado aos anos depende das características da pessoa. Assim, torna-se difícil saber que 
critérios utilizar para se definir o início da velhice, pois os aspectos que caracterizam este período são 
questões ainda controversas que provocam inúmeras discussões entre os profissionais, atraindo a atenção 
de estudiosos. Na realidade, existem diferentes formas de se definir e conceituar a velhice. Uma delas é a 
definição preconizada pela Organização Mundial da Saúde, que é baseada na idade cronológica, na qual a 
definição de idoso inicia aos 65 anos nos países desenvolvidos e aos 60 anos nos países em desenvolvimento. 
No Brasil, de acordo com o Estatuto do Idoso, as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos são 
reconhecidas como idosas. Entretanto, alguns direitos como a gratuidade no transporte coletivo público 
urbano e semi-urbano só é concedida aos maiores de 65 anos. O envelhecimento humano, cada vez mais, é 
entendido como um processo influenciado por diversos fatores, como gênero, classe social, cultura, padrões 
de saúde individuais e coletivos da sociedade, entre outros. 
Idade cronológica 
A idade cronológica, que mensura a passagem do tempo decorrido em dias, meses e anos desde o 
nascimento, é um dos meios mais usuais e simples de se obter informações sobre uma pessoa. Porém, o 
conceito de idade é multidimensional e, por isso, a idade cronológica não se torna uma boa medida da função 
desenvolvimental (Hoyer & Roodin, 2003). 
A idade cronológica refere-se somente ao número de anos que tem decorrido desde o nascimento da pessoa, 
portanto não é um índice de desenvolvimento biológico, psicológico e social, pois ela por si só não causa o 
desenvolvimento. Segundo Hoyer e Roodin (2003), a idade é meramente um marcador aproximado do 
processo que influencia o comportamento ao longo do tempo. 
Idade biológica 
A idade biológica é definida pelas modificações corporais e mentais que ocorrem ao longo do processo de 
desenvolvimento e caracterizam o processo de envelhecimento humano, que pode ser compreendido como 
um processo que se inicia antes do nascimento do indivíduo e se estende por toda a existência humana. 
As mudanças e as perdas fazem parte do envelhecimento. A partir dos 40 anos, a estatura do indivíduo 
diminui cerca de um centímetro por década, principalmente devido à diminuiçãoda altura vertebral 
ocasionada pela redução da massa óssea e outras alterações degenerativas da coluna vertebral. A pele fica 
mais fina e friável, menos elástica e com menos oleosidade. A visão também declina, principalmente para 
objetos próximos. A audição diminui ao longo dos anos, porém normalmente não interfere no dia-a-dia. Com 
o envelhecimento, o peso e o volume do encéfalo diminuem por perda de neurônios, mas, apesar desta 
redução, as funções mentais permanecem preservadas até o final da vida (Costa & Pereira, 2005). 
Idade social 
A idade social é definida pela obtenção de hábitos e status social pelo indivíduo para o preenchimento de 
muitos papéis sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua idade, em sua cultura e em seu grupo 
social. Um indivíduo pode ser mais velho ou mais jovem dependendo de como ele se comporta dentro de 
uma classificação esperada para sua idade em uma sociedade ou cultura particular. A medida da idade social 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
é composta por performances individuais de papéis sociais e envolve características como tipo de 
vestimenta, hábitos e linguagem, bem como respeito social por parte de outras pessoas em posição de 
liderança. Ela também se relaciona com as idades cronológica e psicológica. 
Por outro lado, o envelhecimento social deve ser entendido como um processo de mudanças de papéis 
sociais, no qual são esperados dos idosos comportamentos que correspondam aos papéis determinados 
para eles. Há papéis que são graduados por idade e que são típicos desta parte da vida. Diferentes padrões 
de vestir e falar são esperados de pessoas em diferentes idades, e o status social varia de acordo com as 
diferenças e de acordo com a idade. 
Idade psicológica 
O conceito de idade psicológica pode ser usado em dois sentidos. Um se refere à relação que existe entre a 
idade cronológica e às capacidades psicológicas, tais como percepção, aprendizagem e memória, as quais 
prenunciam o potencial de funcionamento futuro do indivíduo. 
O envelhecimento psíquico ou amadurecimento não é naturalmente progressivo, como efeito da passagem 
de tempo. Depende também da passagem do tempo, mas, sobretudo, do esforço pessoal contínuo na busca 
do autoconhecimento e do sentido da vida. 
Com o envelhecimento psíquico há, portanto, redução da vulnerabilidade. A pessoa idosa torna-se 
suficientemente sábia para aceitar a realidade, tolerar a dor ou a perda da independência biológica, pois 
seus dispositivos de segurança são cada vez mais eficazes na relação com o mundo. 
Ciclos da vida: 
Infância: 0 a 12 anos; adolescência: 12 a 18 anos; adultez: 18 a 59 anos; velhice 60 anos ou mais. 
As etapas do período adulto são a adultez jovem (18 aos 30 anos), a adultez propriamente dita (30 aos 60 
anos) e a adultez velha (acima de 60 anos). 
A adultez velha (acima de 60 anos) ou velhice é a grande fase da vida, na qual o indivíduo, agora pessoa, 
atinge o grau máximo de compreensão do mistério da vida (consciência do absoluto) e do seu papel na 
unificação do universo. Vive a liberdade plena, permitindo-lhe compreender o lugar e a parte que cabem ao 
mal em um mundo em evolução. O sentido ético da sua existência permite a superação dos preconceitos e 
a participação ativa na evolução das pessoas e dos grupos aos quais esteja ligado. Está, assim, cumprido o 
destino do ser humano adulto, cuja fé em si mesmo e no destino do mundo o faz viver em um permanente 
comungar e servir. 
O envelhecimento representa a consequência ou os efeitos da passagem do tempo no organismo 
(envelhecimento somático) e psiquismo (envelhecimento psíquico). Todas as dimensões são igualmente 
importantes, na medida em que são coadjuvantes para a manutenção da estabilidade somática e psíquica, 
indispensáveis para o ser humano cumprir a sua meta, que é ser feliz. 
O envelhecimento individual depende do grau de fragilidade do organismo e do psiquismo. Pode ser dividido 
em quatro tipos: 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
 Robustez física e cristalização psíquica: o envelhecimento somático não está associado a alguma perda 
física limitante, mas o indivíduo apresenta perturbação do seu psiquismo, que o impede de compreender 
o sentido da vida. 
 Robustez física e maturidade psíquica: o envelhecimento somático não está associado a alguma perda 
física limitante e o psiquismo atinge a maturidade mental, a paz e a sabedoria. 
 Fragilidade física e cristalização psíquica: o envelhecimento somático é patogênico, com limitações e/ou 
incapacidades físicas e seu psiquismo encontra-se cristalizado na infância psíquica. 
 Fragilidade física e maturidade psíquica: o envelhecimento somático é patogênico, com limitações e/ou 
incapacidades físicas. Todavia, o psiquismo do indivíduo evoluiu, conquistando a maturidade mental. O 
seu viver é pautado na aceitação da realidade e na tolerância à dor e seus estados de equilíbrio são cada 
vez mais flexíveis, pois seus dispositivos de segurança são cada vez mais eficazes na relação com o 
mundo. A felicidade pode ocorrer, caso as limitações físicas não sejam suficientemente graves para 
comprometer os mecanismos homeostáticos do organismo. 
Fisiologia do envelhecimento 
 
O envelhecimento é caracterizado por alterações previsíveis, progressivas, associadas ao aumento da 
suscetibilidade para muitas doenças. Esse processo não é uniforme entre as pessoas. Além disso, no mesmo 
indivíduo um órgão pode sofrer mais comprometimento do que o outro. Concorrem para a variação da 
longevidade fatores genéticos, estilo de vida escolhido e exposições ambientais. Nos mais longevos já 
podemos demonstrar que a influência genética é dominante. 
 
Composição corporal 
Há controvérsias em relação ao início do envelhecimento, porém, por volta dos 25 anos já podemos observar 
modificações na composição corporal. Toda a celularidade diminui, reduzindo a função dos órgãos, 
continuamente. Ocorre diminuição da água intracelular, tornando o organismo da pessoa idosa desidratado, 
fisiologicamente. Daí devemos ficar alertas ao prescrevermos fármacos hidrossolúveis, como a digoxina, pois 
elas estarão em maior concentração, podendo ocorrer efeitos indesejáveis. A musculatura vai diminuindo, 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
especialmente as fibras tipo II, de contração rápida, como as encontradas nas mãos. Com isso a força 
muscular vai diminuindo, estando na 8 a década de vida 40% menor quando comparada à 2 a década. Em 
contrapartida, há aumento proporcional da gordura, especialmente em torno da cintura pélvica, provocando 
modificações da silhueta. Aqui também teremos que dar atenção às regras farmacológicas, pois as 
substâncias lipossolúveis, como as de ação central, terão seu tempo de ação aumentado. 
 
Pele 
Com o envelhecimento, a pele se torna seca, por diminuição das 
glândulas sebáceas, e espessada, com as papilas dérmicas menos 
profundas, levando a menor junção entre a epiderme e a derme, 
facilitando a formação de bolhas e predispondo a lesões. O número 
de melanócitos diminui de 8 a 20%, por década, após os 30 anos. Esse 
fato, associado ao alentecimento da reposição das células da 
epiderme, ao maior tempo de exposição aos raios UV e à redução 
das células de Langerhans (células mediadoras da resposta 
imunológica na pele), contribui para o aumento da incidência do 
câncer de pele. Na derme do indivíduo idoso, observa-se menor 
número de fibras elásticas e colágenas, levando a uma perda da resiliência e à formação de rugas. Também 
há diminuição da vascularização, justificando a palidez e a diminuição da temperatura da pele, aumentando 
a frequência de dermatites. 
 
Pálpebras 
A flacidez das pálpebras superiores leva a uma limitação do 
campo visual lateral, podendo a pessoa não ver objetos ao 
seu lado, não ver um veículo se aproximar ao atravessar a 
rua, aumentando o risco de sofrer acidentes.Apesar da 
diminuição da secreção lacrimal, a flacidez nas pálpebras 
inferiores desloca o orifício de entrada do canal lacrimal, 
provocando um lacrimejamento incomodativo, obrigando a 
pessoa a limpar os olhos, nem sempre com as mãos limpas, 
provocando infecções oculares. A atrofia da fáscia palpebral pode levar à herniação da gordura orbitária 
para dentro do tecido palpebral, produzindo “bolsas” embaixo dos olhos. 
 
Ocorre também atrofia da aponeurose do músculo elevador da pálpebra, podendo cobrir a pupila, como 
visto na ptose senil. Essa alteração provoca uma lentidão nos idosos ao olharem o retrovisor quando estão 
dirigindo, podendo ser causa de acidentes automobilísticos. 
 
 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Fâneros 
A diminuição do número das glândulas sudoríparas somada à diminuição dos vasos sanguíneos da derme e 
da espessura do tecido celular subcutâneo dificultam a termorregulação. As glândulas sebáceas mantêm seu 
número constante, mas seu tamanho aumenta enquanto a liberação de gordura e a produção de cera 
diminuem. O embranquecimento dos cabelos ocorre pela perda progressiva de melanócitos nos bulbos 
capilares. As alterações do crescimento e da aparência dos cabelos são devidas a um processo complexo 
representando um estado de saúde. O número dos corpúsculos de Pacini e Meissner, responsáveis pela 
sensação de pressão e tato leve, diminuem predispondo a lesões e diminuindo a destreza para certos 
movimentos com as mãos. O crescimento longitudinal das unhas diminui. Elas se tornam mais quebradiças 
e frágeis. 
Musculatura 
A massa muscular diminui quase 50% entre os 20 e 90 anos, 
e a força muscular, que é máxima por volta dos 30 anos, 
sofre perda de 15% por década a partir dos 50 anos. Essa 
perda é mais acelerada, chegando a 30%, por década, aos 70 
anos e, praticamente a metade aos 80 anos. Essa redução 
ocorre tanto em número quanto no volume das fibras. 
Entretanto, a força muscular do diafragma sofre pouca 
alteração, enquanto a força da musculatura da panturrilha 
diminui significativamente ao longo dos anos. 
Foi observada uma associação entre níveis baixos de vitamina D e fraqueza muscular, entretanto a 
concentração ótima para a função da musculatura continua desconhecida. Sabe-se que a suplementação de 
vitamina D traz benefícios na força muscular quando os níveis dessa vitamina estão abaixo de 20 ng/mℓ. 
O trabalho muscular é necessário para a manutenção de quase todas as funções do corpo como postura, 
locomoção, respiração e digestão. A atividade física, independentemente da idade, aumenta a força e a 
velocidade muscular, além de prevenir perda óssea, quedas, hospitalizações e melhorar a função articular. 
Portanto, os profissionais devem estar aptos a identificar os indivíduos com baixa massa muscular e força, 
pois mesmo os mais frágeis podem melhorar seu desempenho com intervenções na atividade física. 
Os exercícios praticados com regularidade diminuem os fatores de risco para doenças cardíacas, diabetes e 
alguns tipos de câncer. Promovem o bem-estar, melhoram o ritmo do sono e alcançam benefícios para além 
do físico, como maior integração social, ajudando na esfera psicológica. 
 
Alterações cardiovasculares 
Ao contrário do que se acreditava, o coração é um órgão autorregenerativo. No coração normal morrem, 
por apoptose diariamente, cerca de três milhões de miócitos, sendo repostos pelas células-tronco cardíacas. 
Ao longo da vida essa população de miócitos é reposta 18 vezes, independente de doenças cardíacas. 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
No coração idoso ocorre perda progressiva dos miócitos, devido a um declínio progressivo da habilidade de 
duplicação das células-tronco cardíacas. Entretanto, observa-se aumento de seu volume celular. A 
diminuição da capacidade contrátil causa aumento do coração que esconde a atrofia das células contráteis. 
Em uma aparente contradição, as câmeras cardíacas dilatadas e o coração senil, embora atrófico em número 
celular, morfologicamente, é hipertrófico. Há redução progressiva do número de células do nódulo sinusal. 
Comparada com uma pessoa de 20 anos, aos 75 anos permanecem somente 10% delas. Observa-se também 
perda de fibras na bifurcação do feixe de His. Daí a maior chance de arritmias cardíacas. 
O envelhecimento compromete severamente algumas partes do sistema cardiovascular enquanto outras 
são mantidas sem alterações. 
 
Estrutura cardíaca: 
Ocorre hipertrofia do ventrículo esquerdo, provocando aumento da pressão arterial dependente da idade. 
O aumento médio é de 1 g/ano nos homens e 1,5 g/ano nas mulheres. O volume diastólico final diminui 
somente nas mulheres e, portanto, não está correlacionado com a idade. Também se observa aumento no 
número e na espessura das fibras colágenas presentes no miocárdio. Nos muito velhos a massa ventricular 
esquerda pode diminuir, provavelmente devido ao extremo sedentarismo. O acúmulo da proteína amiloide 
é encontrado em aproximadamente 50% dos pacientes acima de 70 anos. Se faz parte do processo de 
envelhecimento, ainda é discutível. 
Estrutura arterial: 
O aumento da rigidez da parede arterial é um fenômeno universal e contribui para muitas alterações do 
sistema cardiovascular. A diferença se dá na camada média, diferentemente do que ocorre na aterosclerose, 
em que o comprometimento está na camada íntima. Com o aumento da rigidez das paredes, as artérias 
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aumentam de diâmetro e de espessura. Após os 60 anos a elasticidade está bem diminuída, aumentando a 
impedância do fluxo sanguíneo durante a sístole. 
O aumento da velocidade da onda de pulso aórtico e a diminuição da pressão diastólica são outras 
consequências da rigidez aórtica. Como a perfusão coronariana acontece durante a diástole pode-se 
provocar um dano ao paciente coronariopata ao prescrevermos anti-hipertensivos. 
Sistema nervoso 
A diferença do tamanho do cérebro entre indivíduos adultos e idosos tem pequeno significado funcional. O 
volume do cérebro diminui em torno de 7 cm3 por ano após os 65 anos de idade, com maior perda nos lobos 
frontal e temporal e perda maior da substância branca do que da substância cinzenta. O fluxo cerebral 
diminui heterogeneamente de 5 a 20% com deterioração dos mecanismos que mantêm o fluxo sanguíneo 
cerebral com a flutuação da pressão arterial. 
Em resposta ao dano neuronal, as células gliais aumentam. Esse acúmulo de células gliais, denominado 
gliose, representa uma resposta compensatória protegendo a função neuronal e a plasticidade. O número 
de células da micróglia, pertencentes ao sistema imune, permanece sem mudanças. Há perda dos axônios e 
redução da mielina que cobre esses axônios levando a rarefação da substância branca periventricular 
denominada no exame de ressonância magnética de leucoaraiose. 
Em algumas pessoas, o número de dendritos diminui, perdendo assim as sinapses, alterando a 
neurotransmissão, piorando a comunicação do sistema nervoso. Entretanto, em decorrência da plasticidade 
cerebral pode ocorrer aumento da densidade dos dendritos, assim como seu prolongamento, como uma 
reação de manutenção da função cerebral. Nos quadros demenciais a perda dendrítica é acentuada e 
progressiva, diminuindo a plasticidade e a dinâmica dos processos cerebrais. 
Enovelados neurofibrilares e placas senis são encontrados no envelhecimento normal, porém em menor 
extensão que na doença de Alzheimer. Além das modificações do sistema nervoso central, há também 
mudanças dos nervos periféricos e da musculatura. As células do corno anterior da medula diminuem. 
Ocorre redução da mielina nos nervos sensoriais. A consequência dessas mudanças inclui perda da sensação 
vibratória, do tato e da dor, assim como disfunção autonômica afetando a reatividade pupilar, a regulação 
da temperatura corporal e o controle vascular cardíaco e periférico. 
Parteda cognição pode sofrer certa deterioração nas pessoas idosas saudáveis, como a velocidade do 
processamento cognitivo, menor destreza para executar movimentos finos e problemas com a memória 
recente. 
Alterações cognitivas e comportamentais 
As memórias processual e semântica são bem conservadas com o avanço da idade. A habilidade de 
reconhecer objetos e faces, assim como a percepção visual, permanecem estáveis ao longo da vida. As 
memórias episódica e laborativa e a função executiva são as mais afetadas no envelhecimento. A velocidade 
de processamento e a função executiva diminuem com a idade, especialmente após os 70 anos. As 
capacidades de atenção e concentração diminuem a habilidade para desempenhar múltiplas tarefas ao 
mesmo tempo. 
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A capacidade de solucionar problemas e aprender informações novas diminui após os 30 anos. Já a fluência 
verbal fica comprometida após os 70 anos. Todo esse declínio pode levar a diminuição do desempenho nos 
testes cognitivos. 
Apesar de todas as alterações descritas, o sistema nervoso se mantém íntegro graças à sua plasticidade e à 
sua capacidade de compensar e reparar os danos ocorridos, sendo possível manter-se funcionalmente 
estável no meio social, no trabalho e em casa. 
Marcha, postura e equilíbrio 
O sistema nervoso participa, praticamente, de todas as 
funções orgânicas. Uma das mais importantes para a pessoa 
idosa é o controle da marcha e do equilíbrio. A instabilidade 
postural representa um dos gigantes da geriatria devido às 
suas complicações. Várias são as estruturas centrais e 
periféricas responsáveis por essa função de independência 
motora. 
Com o avanço da idade a marcha se altera. Na maioria das 
vezes a mulher, tanto adulta jovem quanto idosa, tem um 
desempenho pior quando comparada ao homem. É comum 
uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos menores. Ao mudar de direção no 
caminho faz a volta com o corpo em bloco. A postura típica, mais rígida, como se estivesse em alerta para se 
defender de alguma queda, caracteriza-se pela base alargada, retificação da coluna cervical, um certo grau 
de cifose torácica, flexão do quadril e dos joelhos. Esse conjunto de fatores indica piora da estabilidade, 
podendo até nos fazer pensar em parkinsonismo. 
As alterações da marcha podem ajudar no diagnóstico clínico. A assimetria dos passos faz pensar em artrite 
ou hemiplegia; a falta de movimentos dos ombros em parkinsonismo; aumento da base em 
comprometimento do cerebelo; uma flexão mais acentuada do tronco pode revelar dificuldade de visão ou 
de propriocepção ou algum dano no sistema vestibular. Para vencer essas dificuldades o idoso diminui o 
tamanho dos passos e anda mais devagar. O grande problema nos distúrbios da marcha é a queda, com 
todas as complicações posteriores. 
A prática regular de exercícios físicos é uma forma de driblar essas modificações impostas pela natureza, 
trazendo ainda benefícios tanto neurológicos quanto mentais, promovendo sensação de bemestar e de 
saúde. 
Sono 
Nosso marca-passo circadiano localiza-se no hipotálamo acima do quiasma. O ciclo sono-vigília se modifica 
com o envelhecimento. Há a tendência de dormir mais cedo e acordar mais cedo. As queixas de insônia, 
sonolência diurna, despertares durante a noite e sono pouco reparador são frequentes. Isso ocorre porque 
existem dois tipos de sono: REM (rapid eye movement), quando acontecem os sonhos, e o não REM, que se 
subdivide em quatro estágios. No idoso, o sono REM praticamente não se altera. Já no sono não REM ocorre 
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aumento dos estágios 1 e 2 (facilidade no despertar) e diminuição dos estágios 3 e 4 que são exatamente os 
dois períodos de sono mais profundo. 
Os períodos de apneia ocorrem no sono REM. São mais frequentes nos idosos, particularmente, no homem 
idoso e obeso. Durante uma noite, um homem de 24 anos faz, em média, cinco períodos de apneia, enquanto 
aos 74 anos chega a 50 vezes. Isso leva a um sono entrecortado, pois a pessoa acorda para restabelecer a 
respiração. Com a noite mal dormida ocorre sonolência durante o dia, mau humor, diminuição da memória, 
cefaleia e até depressão. Nesse período podem ser observadas arritmias cardíacas e hipertensão pulmonar. 
Apesar dos estudos não se tem a conclusão se essas alterações do sono, especialmente a hipoxia noturna, 
provocam efeitos adversos na função cerebral. 
Outra consequência da alteração da respiração durante o sono é a ocorrência do ronco. Os estudos 
estatísticos mostram que 60% dos homens e 45% das mulheres roncam frequentemente após os 60 anos. 
Outro distúrbio do sono observado é a síndrome das pernas inquietas. É um desconforto sentido a cada 30 
s durante uma grande parte da noite. Parece que corresponde a uma incoordenação entre a excitação e a 
inibição motora. 
A hipófise secreta melatonina, um hormônio derivado do neurotransmissor serotonina. Sua secreção é 
regulada pelo ritmo circadiano e ajuda na sincronia interna das funções orgânicas. Nos idosos ela está baixa. 
Não há trabalhos conclusivos quanto à reposição de melatonina para as pessoas idosas e nem seus efeitos 
colaterais. As alterações do ritmo circadiano observadas nas pessoas idosas podem influenciar os resultados 
dos testes, dependendo da hora de sua realização. 
Memória 
Admite-se que as partes do cérebro responsáveis pela memória envolvem o hipocampo, o tálamo, os córtex 
temporal, frontal e pré-frontal e o cerebelo. 
Não há dúvidas de que neurotransmissores, como a acetilcolina (ACh) e o glutamato, transmissor excitatório 
que atua no cérebro e na medula espinal, estejam envolvidos nos processos de memória e aprendizado. 
Tem-se atribuído ao glutamato acúmulo de radicais livres nos neurônios com consequente degeneração 
neuronal. 
O ácido gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibitório no cérebro. O equilíbrio entre 
o glutamato, excitatório, e o GABA, inibitório, é essencial para o funcionamento normal do SNC. 
Como podemos identificar um objeto, conhecido antes, pela visão, palpação, cheiro etc., estamos certos de 
que existem diferentes tipos de memória. É importante reconhecer as principais categorias nas quais as 
habilidades da memória são agrupadas. A memória pode ser dividida, de acordo com o tempo que ela é 
guardada, em memória a curto prazo, longo prazo, memória prospectiva e memória remota. Também pode 
ser dividida de acordo com o tipo de material arquivado, memória visual, verbal, para fatos ou eventos 
ocorridos ou assistidos pela pessoa. Ainda pode ser vista de acordo com o processo envolvido na codificação 
do arquivamento, o próprio arquivo e a recuperação do arquivo. As memórias reflexa medular, sensorial e 
implícita pouco se alteram com o envelhecimento. Já a episódica começa a diminuir por volta dos 30 anos e 
declina, progressivamente, enquanto a semântica responsável pela recordação de nomes, palavras e 
memória espacial pode ser mantida por toda a vida. 
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Sistema respiratório 
Com o envelhecimento há grandes modificações tanto na arquitetura quanto na função pulmonar, 
contribuindo para o aumento da frequência de pneumonia, aumento da probabilidade de hipoxia e 
diminuição do consumo máximo de oxigênio pela pessoa idosa. Os primeiros sinais de piora da respiração 
pulmonar já podem ser vistos por volta dos 25 anos. Os pulmões se tornam mais volumosos, os ductos e 
bronquíolos se alargam e os alvéolos se tornam flácidos, com perda do tecido septal. A consequência é o 
aumento de ar nos ductos alveolares e diminuição do ar alveolar com piora da ventilação e perfusão. 
Respiração: 
A maioria dos músculos sofre um certo grau de sarcopenia, daí a capacidade de a função pulmonar piorar 
em algumas pessoas pela diminuição da força e da resistência da musculatura respiratória,tornando a tosse 
menos vigorosa. A função mucociliar é lenta, prejudicando a limpeza de partículas inaladas e facilitando a 
instalação de infecções. 
Todas as modificações do sistema respiratório são lentas, mas progressivas. A partir dos 25 anos a VO2 
máxima diminui em 5 mℓ/kg/min/década. O tórax se torna enrijecido devido à calcificação das cartilagens 
costais e os pulmões distendidos pela diminuição da capacidade de as fibras elásticas retornarem após a 
distensão na inspiração. Com isso o volume pulmonar e a capacidade ventilatória diminuem. A capacidade 
vital pode chegar a diminuir 75% entre a 7 a e a 2 a década, enquanto o volume residual aumenta em torno 
de 50%. A consequência é a inadequada oxigenação do sangue, enquanto a PCO2 não se altera. 
Surfactante: 
O surfactante é um líquido secretado pelos pneumócitos tipo II, localizado na superfície interna do alvéolo, 
com a finalidade de manter sua tensão baixa. Sua produção está diminuída nos idosos. Na deficiência do 
surfactante os alvéolos poderão colabar na expiração, fazendo atelectasias. O surfactante também tem 
função protetora, impedindo a entrada de partículas, e aumenta a capacidade de os macrófagos pulmonares 
destruírem bactérias. Ainda na deficiência de surfactante, há o aumento da permeabilidade alveolar, 
podendo levar ao edema pulmonar. Apesar de sua perda progressiva, a maioria dos idosos é capaz de levar 
uma vida normalmente ativa. 
Sistema hematopoético 
O conceito de que havia alterações significativas do sistema hematopoético está sendo revisto. Parece que 
o processo de envelhecimento é mais lento nas células hematopoéticas, quando comparadas com as outras 
células. Especula-se que a reserva das células pluripotenciais possa ser poupada, contribuindo para a 
explicação da longevidade do indivíduo. Já a função da medula óssea não se modifica. Entretanto, podem se 
tornar evidentes, sob condições de estresse, como no tratamento quimioterápico. No nascimento quase 
toda a medula óssea apresenta atividade hematopoética, mas desde a infância ela começa a ser 
progressivamente substituída por tecido adiposo. No adulto sua atividade concentra-se na pélvis e no 
esterno. Por volta dos 70 anos a celularidade da medula óssea no osso ilíaco é 30% menor que no adulto 
jovem. Apesar dessa modificação a contagem celular no sangue periférico é mantida. 
Multiplicação celular: 
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O potencial proliferativo da maioria das células-tronco hematopoéticas é limitado e diminui com o 
envelhecimento. Uma vez que a célula entre no ciclo de divisão torna-se mais suscetível a mutações devido 
à redução da fidelidade de reparo do DNA. Essa pode ser a explicação do surgimento de leucemia secundária 
ao transplante de medula óssea. 
A perda de telômero em tecidos normais começa no adulto jovem e progride gradualmente com o 
envelhecimento. A perda sequencial do DNA telomérico da parte final do cromossomo a cada divisão celular 
poderia alcançar um ponto crítico que serviria de gatilho para o envelhecimento e para influenciar o 
equilíbrio entre renovação e multiplicação das células-tronco. O encurtamento do telômero é observado nos 
portadores da síndrome de Werner, nos quais ocorrem alterações precoces do envelhecimento. 
Eritropoese: 
A vida das hemácias, em torno de 120 dias, exige contínua renovação dessa população celular pela medula 
óssea, mesmo nos muito idosos, visto que sua principal função é transportar oxigênio através da circulação 
para todas as células e tecidos do corpo, de acordo com suas necessidades. 
Embora o envelhecimento não seja causa de anemia observa-se mudança do perfil hematológico, sugerindo 
uma exaustão das células-tronco hematológicas pluripotenciais, tornando os idosos mais suscetíveis a esta 
doença. Também ocorre aumento da produção de radicais livres, os quais alteram as funções celulares e a 
integridade de suas membranas. Com isso, as hemácias deformadas são retiradas de circulação e a medula 
óssea acelera a produção em uma tentativa de reparar o dano. Entretanto, a aceleração desse processo pode 
alterar a composição das membranas das hemácias, não conseguindo o equilíbrio da renovação dessas 
células, podendo surgir anemia e agregação das hemácias. 
Os principais moduladores hormonais da eritropoese são a eritropoetina (EPO), a testosterona e a 
interleucina (IL)-3. Os trabalhos mostram não haver diferença significativa nos níveis dessas substâncias nos 
indivíduos idosos relativas à produção hematopoética. 
O feedback entre hemoglobina e EPO está mantido, mas a secreção de EPO em resposta à anemia por 
deficiência de ferro está diminuída. Isso ocorre porque as citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6, 
aumentam com o avanço da idade, reduzindo a resposta das células-tronco. Admite-se que haja maior 
produção de IL-6 pelos monócitos, pelas células T, células endoteliais e células ósseas. 
Embora o número de plaquetas não se altere com o envelhecimento, o fibrinogênio, os fatores V, VII, VIII e 
IX, o cininogênio de alto peso molecular e a pré-calicreína aumentam, assim como os fragmentos da 
degradação da fibrina (dímero D), fazendo com que se considere o envelhecimento um estado 
prócoagulante, importante fator de risco para trombose venosa profunda. 
Sistema urinário 
Há perda do tecido renal, especialmente após os 50 anos. Em seu lugar observam-se tecido gorduroso e 
fibrose. Essa modificação inicia-se no córtex, comprometendo a concentração urinária, alcançando os 
glomérulos, piorando também a filtração renal. 
A função renal começa a diminuir de maneira progressiva, chegando a sua metade aos 85 anos. Aos 60 anos, 
o rim pesa em média 250 g; aos 70 anos, 230 g; e aos 80 anos, 190 g. Paralelamente ocorre diminuição do 
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fluxo plasmático de 600 mℓ/min para 300 mℓ/min. Para compensar, os rins mantêm uma vasodilatação com 
o aumento das prostaglandinas contribuindo para o aumento da lesão renal com o uso de anti-inflamatórios 
não esteroides. 
A avaliação renal é feita mediante simples exames de urina e sangue, facilitando os estudos das alterações 
que acontecem com o envelhecimento. O rim pode ser afetado diretamente como acontece nas lesões do 
néfron ou indiretamente como no caso de doenças cardiovasculares. Da mesma forma a lesão renal pode 
levar a alterações a distância como distúrbios hidreletrolíticos e hipertensão arterial. Ainda, pela sua função 
excretora, o declínio da função renal pode levar a intoxicação medicamentosa, particularmente perigosa no 
idoso. 
Sistema endócrino 
O sistema endócrino, como o sistema nervoso, coordena respostas fisiológicas aos fatores ambientais, 
melhorando a sobrevida individual. As alterações hormonais influenciam o declínio funcional, as 
incapacidades, as doenças da pessoa idosa e a longevidade. 
Tireoide: 
Geralmente os valores de tiroxina (T4) e tri-iodo-tironina (T3) estão em níveis normais baixos e os do TSH 
normais altos. O hormônio tireoestimulante (TSH) elevado e a T4 normal podem ocorrer devido à 
manutenção da imunorreatividade do TSH nas análises laboratoriais, porém com ação biologicamente 
menos ativa. Os hormônios tireoidianos estimulam o consumo de oxigênio em quase todos os tecidos, 
aumentando a taxa do metabolismo celular e contribuindo para a manutenção da temperatura corporal. 
Seu efeito calorigênico diminui com o aumento da idade, aumentando a suscetibilidade de hipotermia nos 
idosos. A resposta ao calor também está comprometida devido à menor sudorese. 
Paratireoide: 
As glândulas paratireoidianas, responsáveis pela secreção dos hormônios paratireoidiano (PTH) e 
calcitonina, parecem não alterar suas funções de forma marcante. Algumas diferenças étnicas e de gênero 
têm sido observadas. Mulheres negras e asiáticas, pós-menopausa, apresentam baixos níveis de PTH e 
elevados níveis de cálcio em relação às mulheres brancas.Os homens mantêm baixos níveis desse 
hormônio, coincidindo com menor incidência de osteoporose que as mulheres. Na idade avançada a 
calcemia é mantida pela reabsorção do cálcio ósseo mais do que pela absorção intestinal do cálcio ofertado 
pela dieta ou pela reabsorção do mineral pelo rim. Uma possível explicação para essa mudança pode ser 
uma diminuição na capacidade do PTH de estimular a produção da forma ativa da vitamina D, a qual estimula 
a absorção de cálcio intestinal. 
Hipófise: 
Com o envelhecimento, a hipófise aumenta de volume, e as alterações bioquímicas que aí ocorrem variam 
de indivíduo para indivíduo. Os níveis de melatonina tanto diurnos quanto noturnos diminuem na maioria 
das pessoas, interferindo no sono, visto que este hormônio tem efeito hipnótico. Este hormônio também 
apresenta ação protetora contra os danos oxidativos. 
Pâncreas: 
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São pequenas as alterações morfológicas observadas no pâncreas com o envelhecimento, o mesmo não 
ocorrendo com os hormônios. É esperado um leve aumento da glicemia de jejum relacionado à idade. Para 
os idosos ativos pode não haver essa diferença. Entretanto, após ingesta de alimentos a glicemia alcança 
níveis mais elevados e o tempo de retorno ao normal é mais longo quando comparado com adultos jovens. 
A intolerância à glicose com o envelhecimento é devida a vários fatores, além da diminuição da insulina. 
Sistema digestório 
A principal função do sistema digestório é transferir as substâncias nutritivas, vitaminas, minerais e líquidos 
para o sangue, daí alcançando os tecidos, e excretar o conteúdo não absorvido. Apesar de os efeitos do 
envelhecimento no trato gastrintestinal serem modestos, as alterações podem modificar a incidência e a 
apresentação de vários problemas do sistema digestório nos idosos. 
Boca: 
Como as pessoas idosas vão mais ao médico do que ao dentista é importante que identifiquemos 
precocemente problemas orais para o devido encaminhamento, evitando não só problemas na boca como 
também as repercussões sistêmicas por eles causados. A boca está para o corpo assim como o fundo de olho 
está para a circulação. 
 Cáries: um dos principais problemas dos idosos, inclusive na raiz pela retração das gengivas, 
raramente encontradas nos adultos jovens. As cáries radiculares e coronais foram preditores 
significativamente mais importantes de perda dentária do que a condição periodontal. Esse fato 
justifica a aplicação de flúor nos idosos em paralelo à adição de flúor na água. A baixa mineralização 
óssea observada em várias partes do esqueleto, na boca, se manifesta pela perda do osso alveolar 
que, associado à gengivite, constitui outra causa da perda dentária em adultos. Por volta dos 40 anos 
a circunferência da arcada dentária poderá estar um centímetro menor, fazendo com que os dentes 
tenham maior atrito entre si com lesão do esmalte provocando cáries e fazendo aparecer o 
amarelado da dentina. Este amarelado da dentina, associado às manchas do esmalte, origina o 
escurecimento dos dentes que vemos com o envelhecimento. A maior alteração na maxila e na 
mandíbula com a idade é consequente às extrações dentárias com atrofia do osso alveolar trazendo 
como resultado a diminuição da altura da face e mudando o perfil facial. Contribui para essa alteração 
a diminuição da força de mastigação pela redução da massa muscular do masseter e pterigoide. 
 Mucosa oral: torna-se fina, lisa e seca. Perde a elasticidade e parece edemaciada. A língua também 
é lisa devido à perda das papilas, podendo trazer alterações no paladar e sensação de queimação. 
Isso pode ocorrer também devido à deficiência de ferro e das vitaminas B. É comum o aparecimento 
de varicosidades, principalmente na língua, não estando associada a outras doenças. A capacidade 
de cicatrização da mucosa oral se mantém inalterada. 
 Glândulas salivares: A xerostomia, em geral associada a muitas medicações que o idoso precisa 
tomar, pode nem ser mencionada pelo paciente ou não ser valorizada pelo examinador. Porém 
alguns pacientes se queixam frequentemente desse desconforto. O uso de estimuladores das 
glândulas salivares ou de substitutos de saliva alivia esse sintoma. Na presença de estomatodinia 
(ardência na boca), pensar em baixa de vitamina do complexo B ou candidíase oral subclínica. A 
queilite angular, inflamação com ulceração nas comissuras, pode ser por má oclusão da mandíbula, 
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como nos pacientes edentados ou por deficiência de vitaminas e/ou xerostomia. Pode ser porta de 
entrada para fungos e bactérias levando a infecções mais sérias como celulite de face. 
Orofaringe: 
Observam-se adelgaçamento da camada epitelial da mucosa, retração gengival e exposição das raízes 
dentárias predispondo a cáries. A força de oclusão parece ser mais importante que o número de dentes 
remanescentes para a ingesta de vitaminas e fibras. O ato de deglutir é bastante complexo, estando 
envolvidos a boca, a faringe e o esôfago coordenados por seis nervos cranianos. Todas essas estruturas ainda 
são organizadas no centro da deglutição do sistema nervoso central para seu perfeito funcionamento. 
Devido à alteração da musculatura esofágica há um aumento da resistência da passagem dos alimentos pelo 
esfíncter esofágico superior. Pela videofluoroscopia pode-se observar alteração da transferência do bolo 
alimentar para a faringe na maioria dos pacientes idosos, mesmo aqueles sem disfagia. Essa modificação 
associada a menor eficiência mastigatória aumenta o risco de aspiração. 
Esôfago: 
Com o avanço da idade observam-se hipertrofia da musculatura esquelética do terço superior do esôfago, 
diminuição das células ganglionares mioentéricas, que coordenam a peristalse, e aumento da espessura da 
musculatura lisa. 
A motilidade esofágica pode ser anormal pela redução da amplitude da contração muscular após a 
deglutição e pelas contrações terciárias, raramente associadas a queixas. Peristalse anormal após a 
deglutição e as contrações repetitivas não peristálticas, ao mesmo tempo, são chamadas de “presbiesôfago”; 
atualmente, acredita-se que sejam devidas a processos patológicos, tendo sido o termo presbiesôfago 
abandonado. 
Em 35% das pessoas entre 50 e 75 anos de idade pode ocorrer a incompetência esfincteriana distal do 
esôfago, permitindo o refluxo do conteúdo ácido do estômago e levando a esofagite. Em consequência, 
alguns pacientes podem apresentar dor torácica, por vezes exigindo diferenciação com problemas cardíacos. 
Outros apresentam poucos sintomas, a despeito da grave esofagite de refluxo diagnosticada pela 
endoscopia. 
Estômago: 
Com a idade há diminuição das células parietais e aumento dos leucócitos intersticiais. Com isso diminui a 
secreção do ácido clorídrico e de pepsina, dificultando a digestão de alimentos, principalmente, os ricos em 
proteína. Outras enzimas também estão envolvidas diretamente com a digestão como, por exemplo, a 
gastrina. Elas sofrem modificações em todas as fases desde a síntese, passando pela liberação e resposta 
devido às alterações dos receptores. Ainda pode ocorrer a ruptura da barreira da mucosa gástrica, 
permitindo que o ácido clorídrico e a pepsina do lúmen do estômago entrem nas células da mucosa, 
destruindo-as. O rompimento dessa barreira acontece também com o uso de anti-inflamatórios, álcool, 
cafeína e por bactérias. 
Mais de 50% dos indivíduos idosos estão infectados pelo H. pylori, com a prevalência aumentando com a 
idade. 
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Corroborando a lesão celular, a prostaglandina, um lipídio que estimula a secreção de bicarbonato 
protegendo as células da mucosa, está diminuída. Além disso, observa-se dificuldade do esvaziamento 
gástrico pela diminuição de sua motilidade normal, a gastroparesia. 
Em decorrência de todas essas modificações fisiológicas,o estômago fica mais exposto a lesões, com a 
gastrite e a úlcera péptica sendo responsáveis por metade dos sangramentos digestivos altos ocorridos nos 
pacientes acima de 60 anos. 
Intestino delgado: 
Com o avanço da idade, as vilosidades que cobrem toda a mucosa intestinal, em camada única de epitélio 
colunar, diminuem de altura. A absorção de várias substâncias está diminuída, mas a homeostase é mantida. 
A absorção do cálcio diminui devido à redução dos receptores da vitamina D no intestino e da 25(OH) 
vitamina D circulante. Mulheres acima de 75 anos absorvem 25% menos de cálcio quando comparadas com 
uma mulher jovem, especialmente se houver diminuição da secreção ácida. O ferro também tem menor 
absorção, porém com pouca repercussão clínica (Salles, 2007). A diminuição da sensibilidade e dos neurônios 
mioentéricos contribui para a presença de úlceras indolores (Hilton et al., 2001). Malformações vasculares 
são comuns no trato digestivo alto, provocando sangramentos. A nomenclatura utilizada para essas 
alterações é confusa, usando vários termos indistintamente como angiodisplasia, malformação 
arteriovenosa e ectasia vascular. 
Intestino grosso: 
As alterações encontradas no intestino grosso são praticamente exclusivas do envelhecimento. As 
anatômicas incluem atrofia da mucosa, anomalias estruturais das glândulas da mucosa, hipertrofia da 
camada muscular da mucosa e atrofia da camada muscular externa. 
A perda dos neurônios intrínsecos sensoriais pode contribuir para a diminuição da resposta visceral a 
perfuração ou isquemia intestinal, pois o achado clínico de “abdome em tábua” é um sinal pouco frequente 
no paciente idoso. Das alterações funcionais, a constipação intestinal é uma das queixas mais comuns. 
Ocorre por alimentação pobre em fibras, baixa hidratação oral, falta da prática de exercícios físicos regulares, 
coordenação das contrações alterada e o aumento da sensibilidade aos opioides. A diminuição do tônus e 
da força do esfíncter anal, associada a menor complacência retal, aumenta a chance de incontinência fecal 
nas pessoas idosas, sendo as mulheres mais predispostas que os homens. Nos idosos continentes é 
observado um espessamento do esfíncter anal interno, talvez compensatório. 
A presença de divertículos é muito prevalente. Podem variar de 3 mm a 3 cm, sendo encontrados em 30 a 
40% das pessoas acima de 50 anos. Eles surgem devido a um aumento da pressão intraluminal, herniando a 
mucosa entre as camadas das fibras musculares lisas. Complicam com sangramentos digestivos baixos e 
processos inflamatórios, a diverticulite. Com a mudança da dieta com mais fibras, a peristalse se dá 
normalmente sem aumentar a pressão dentro da alça intestinal. 
Pâncreas: 
O pâncreas diminui de tamanho, endurece pelo aumento da fibrose e torna-se mais amarelado pelo depósito 
de lipofucsina. Produz o suco pancreático, auxiliar na função digestiva, onde se encontram as enzimas 
amilase, lipase e as proteases, sendo a tripsina a mais importante. A amilase se mantém em volume 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
constante, porém a lipase e a tripsina têm a sua produção bastante diminuída. A despeito da queda 
dramática da produção dessas enzimas, não há expressão clínica, pois precisamos somente de 1/10 da 
produção da secreção pancreática para fazermos uma digestão normal. 
Fígado: 
Durante toda a vida os hepatócitos se dividem somente duas a três vezes e sua capacidade de regeneração 
com o envelhecimento é ainda controversa. 
Entre os 24 e 90 anos o fígado diminui de volume em aproximadamente 37% e também diminui seu fluxo 
sanguíneo em 35%. Como o pâncreas, escurece pelo depósito da proteína lipofucsina. Esse depósito é 
também visto em outros órgãos, notadamente no cérebro devido à diminuição da proteólise intracelular 
própria do envelhecimento. O sistema reticuloendotelial liso dos hepatócitos diminui e está correlacionado 
com a redução da capacidade de metabolizar substâncias contribuindo para aumentar a suscetibilidade do 
idoso à intoxicação por medicamentos. Já a síntese proteica é mantida. A síntese do colesterol diminui e há 
redução da bile total. Como a função da bile é garantir uma boa digestão e absorção dos lipídios, essa 
diminuição da produção biliar hepática pode agravar a deficiência de vitaminas lipossolúveis, já 
comprometida nas pessoas idosas que, por diferentes motivos, se alimentam mal, fazendo dieta pobre em 
vitaminas lipossolúveis. Embora a função e a anatomia da vesícula estejam bem preservadas com o 
envelhecimento, a composição biliar tem alto índice litogênico, predispondo o idoso à formação de cálculos 
por colesterol. 
O conteúdo do citocromo P-450 diminui com a idade, podendo ser a justificativa para o alentecimento da 
metabolização de algumas substâncias (. A menor quantidade de antagonistas da vitamina K necessária para 
anticoagular idosos é consistente com diminuição da síntese de fatores de coagulação vitamina K-
dependentes, relacionada com a idade. Apesar de todas essas modificações as provas de função hepática 
não se alteram. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ana Clara Silva Freitas 
 
Aspectos psicossociais do envelhecimento 
 
O processo de envelhecimento envolve alterações que vai desde o nível dos processos mentais, da própria 
personalidade, das motivações que a pessoa tem, das aptidões sociais, ou seja, o envelhecimento, do ponto 
de vista psicológico, vai depender de fatores de ordem genética, patológica (doenças e/ou lesões), de 
potencialidades individuais (processamento de informação, memória, desempenho cognitivo, entre outras); 
com interferência do meio ambiente e do contexto sociocultural. 
O envelhecimento social está relacionado a alterações no status social. A transição da situação de 
economicamente ativo para a de aposentado é percebida como uma perda de utilidade e poder social. É 
com esta mudança que alguns projetos de vida ficam comprometidos. Existem idosos que apresentam 
dificuldades neste processo de adaptação e que iniciam um ciclo de perdas diversas que vão desde a 
condição econômica ao poder de decisão, à perda de parentes e amigos, da independência e da autonomia; 
de contatos sociais, da autoestima, à perda da sua identidade. 
Causas psicológicas no adoecimento na velhice: 
Chega um momento que o indivíduo começa a rever sua vida, fazendo uma reflexão de tudo o que fez ou 
deixou de fazer. Pensa nas suas realizações e seus significados. Cada um vivencia essa fase de forma 
diferente, diante disso alguns podem ficar preocupados e podem surgir sentimentos negativos e se não tiver 
apoio principalmente dos que estão a sua volta podem surgir alterações nos fatores biológicos e psicológicos 
da pessoa idosa levando a quadros como da depressão, sentimentos da síndrome do ninho vazio dentre 
outras. 
A depressão na terceira idade: 
Processo de Envelhecimento 
Ana Clara Silva Freitas 
 
O mundo está envelhecendo e se entristecendo, só no Brasil, de 
acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (publicada em 
2014), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
os idosos são os que mais sofrem com a depressão. Dos 11,2 milhões 
de adultos diagnosticados com a doença naquele ano, a faixa etária 
mais afetada foi a de 60 a 64 anos: 11,1% do total. 
A depressão na terceira idade é um caso que merece bastante 
atenção, pois, embora todo ser humano em qualquer fase de sua vida 
pode experimentar sintomas depressivos, nos idosos a probabilidade de padecer desta doença é ainda 
maior. 
Por mais que existam estudos que abordam aspectos psicológicos, ambientais e bioquímicos que tentem 
explicar o número significativo de casos de depressão, ainda não existe um consenso sobre o que realmente 
causa a depressão. Por isso, é fundamental que o idoso com depressão tenha cuidados de familiares e 
pessoas próximas, é importante ter paciência e conhecimentosobre as doenças que atingem a terceira 
idade. A depressão pode ser tratada e quase sempre têm cura, por isso a importância de se conhecerem os 
sintomas, pois quanto mais cedo se procurar ajuda mais rápido e eficaz é o tratamento. A depressão é uma 
doença complexa, principalmente pela dificuldade do doente em entender e aceitar a enfermidade. Sabe-se 
que não existe cura e sim como lidar com ela, como fazer com que as pessoas melhorem e como mantê-las 
bem e, agora, devemos aprender como preveni-la. 
 
Síndrome do Ninho Vazio: 
Sartori e Zilberman (2009) definem o ninho vazio como sendo uma fase em que os filhos começam a ganhar 
independência da família, lutando por mais autonomia. De acordo com Gomes et al. (2014) esta fase 
costuma ser vivida com dificuldade pelas mulheres, que passam boa parte da vida se dedicando à família, 
ficando muito tempo envolvidas na criação dos filhos. 
Nessa fase, também são observados sintomas de depressão, dependência e desestruturação familiar, como 
é o caso da assim chamada síndrome do ninho vazio, que foi definida em algumas culturas como o sofrimento 
associado à perda do papel da função parental com a saída dos filhos da casa dos pais.

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