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Fisioterapia Aplicada à Geriatria e Gerontologia - Módulo 04


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AN02FREV001/REV 4.0 
 79 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FISIOTERAPIA APLICADA À 
GERIATRIA E GERONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 80 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FISIOTERAPIA APLICADA À 
GERIATRIA E GERONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 81 
 
MÓDULO IV 
 
 
9 PATOLOGIAS E TRATAMENTO FISIOTERÁPICO 
 
 
9.1 IDOSOS PORTADORES DE DOENÇAS REUMÁTICAS 
 
 
FIGURA 23 
 
FONTE: Cobbis, ano. 
 
A artrite reumatoide e a osteoartrose estão entre as doenças reumáticas 
articulares mais prevalentes na população que sofre de acometimentos crônicos, 
sendo comum em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, e em 
desenvolvimento, como o Brasil. De forma geral, as patologias reumáticas 
(musculares e ósseas) nos idosos acarretam comprometimento da função, 
diminuição do nível de dependência do paciente, diminuição da destreza para os 
movimentos, prejuízos na marcha e quedas recorrentes. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 82 
9.1.1 Osteoartrose 
 
FIGURA 24 
 
FONTE: Cobbis, ano. 
 
 
A osteoartrose (OA) pode ser definida como o quadro clínico articular 
consequente às alterações bioquímicas, moleculares e histológicas que ocorrem na 
cartilagem articular e no osso subcondral quando, por diversos fatores, há uma falha 
dos condrócitos em sintetizar qualitativa ou quantitativamente a matriz extracelular. 
Em estágio inicial, trata-se de uma degeneração não inflamatória e sua 
evolução leva à formação de osso subcondral novo na superfície articular e nas 
margens articulares. O desenvolvimento da degeneração articular primária é 
fortemente relacionado com o envelhecimento. 
As articulações mais acometidas são as relacionadas com o suporte do peso 
corporal, como o joelho, a articulação intervertebral, o disco e a articulação 
coxofemoral, e as pequenas interfalangianas proximal e distal no membro superior. 
De forma geral, após os 30 e 35 anos, 50% das pessoas apresentarão alterações 
articulares degenerativas que predispõem à OA e, após a quinta década, 
praticamente essas mudanças estarão presentes em toda a população, sendo que 
as mulheres apresentam esses sinais mais precocemente que os homens. 
Giorgi (2001) afirma que a prevalência aumenta com a idade: é pouco 
notada antes dos 40 anos, mais frequente após os 70 e aos 75 anos ou mais, 
aproximadamente 85% dos indivíduos têm evidência da enfermidade. A perda da 
cartilagem determina modificações secundárias também nos ligamentos, nas 
cápsulas e nos músculos responsáveis pelos movimentos da articulação acometida. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 83 
Com a progressão de o processo inflamatório articular, os ligamentos e a cápsula 
tornam-se contraturados, e os músculos tornam-se fracos pelos repetidos períodos 
de desuso, contribuindo para rigidez e enfraquecimento associado à osteoartrose. 
Na fase inicial da doença, os pacientes experimentam dor articular localizada 
que piora com a atividade e diminui com o repouso, enquanto na fase avançada, 
nem mesmo o repouso é capaz de aliviar os sintomas dolorosos. O diagnóstico da 
OA deve ser acompanhado da história do paciente, relatado de sintomas, sinais 
clínicos, exames laboratoriais e achados radiológicos. 
 
 
9.1.2 Tratamento Fisioterápico 
 
 
Uma vez que a OA é uma doença com características fisiopatológicas 
irreversíveis, especialmente em estágios avançados, e com progresso incapacitante, 
a fisioterapia é sempre uma medida conservadora no acompanhamento dos 
pacientes com essa doença. De forma geral, os objetivos do tratamento fisioterápico 
na OA são direcionados para: 
 
 Redução ou alívio da dor e rigidez articulares; 
 Redução da sensação parestésica; 
 Aumento da funcionalidade; 
 Manutenção e aumento da força muscular; 
 Aumento da estabilidade articular; 
 Proteção articular; 
 Aumento da propriocepção e sensação cinestésica. 
 
O fisioterapeuta deve orientar o paciente sobre: 
 O controle do peso corporal e sua implicação na progressão das lesões 
articulares; 
 Mostrar as vantagens da prática de atividade física orientada; 
 Recomendar e treinar o uso de órteses para reduzir a descarga de peso; 
 Promover a melhora do alinhamento articular; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 84 
 Reduzir as instabilidades articulares do paciente. 
 
Além do potencial de recuperação da cartilagem articular, como discutido no 
início deste capítulo, os exercícios exercem papel importante na recuperação de 
hipotonia ou atrofia muscular. Estudos de revisão mostram efeitos benéficos da 
cinesioterapia na reabilitação da atrofia muscular de pacientes com artrose de joelho 
e quadril. 
Um programa típico para combater a atrofia muscular, causada 
indiretamente pela artrose do joelho, por exemplo, envolveria inicialmente exercícios 
isométricos para a musculatura da coxa, como as séries de levantamento da perna 
estendida (straigth leg raise - SLR), seguidos por isotônicos conforme a evolução 
dos sinais inflamatórios, se presentes, e os sintomas. 
Alongamentos de quadríceps e de isquiotibiais, frequentemente encurtados 
em paciente com histórias de longa duração, são fundamentais para o 
funcionamento normal da articulação do joelho. Na reabilitação de pacientes 
portadores das patologias reumáticas do tecido muscular, em que a queixa principal 
é a dor muscular ou a poliartralgia, a TENS (Transcutaneous Electrical Neurologic 
Stimulation) é conhecida por promover alívio de dor nas atividades funcionais. 
 
 
FIGURA 25 
 
FONTE: Disponível em: <www.usp.br>. Acesso em: dia/mês/ano. 
 
 
Diferentes tipos de inserções de eletrodo podem ser utilizados dependendo 
da região dolorosa. No caso das dores musculares mais abrangentes, como aquela 
destinada ao alívio da dor na musculatura proximal das cinturas escapular e pélvica 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 85 
causadas pela polimiosite, às inserções sobre o ponto doloroso ou com eletrodos 
cruzados são as mais indicadas. 
 
 
9.2 OSTEOPOROSE 
 
FIGURA 26 
 
 
FONTE: Clinicaq, ano. 
 
 
Estima-se que em cerca de um terço de todas as mulheres na pós-
menopausa, a diminuição da massa óssea atinja rapidamente os níveis do limiar de 
fratura. É notado que, em razão de sua natureza insidiosa, da falta de sintomas 
clínicos antes de ocorrer fraturas e da ausência de marcadores clínicos e 
laboratoriais específicos, o diagnóstico dessa doença é realmente impossível sem o 
auxílio das técnicas desenvolvidas nas últimas duas décadas. O desafio é, portanto, 
identificar precocemente as mulheres pertencentes a esse grupo de alto risco. 
A prevenção é a melhor forma de se evitar a instalação e as complicações 
da osteoporose, e inclui: 
 
 A identificação de fatores de risco que levam ao desenvolvimento dessa 
doença; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 86 
 O diagnóstico precoce do enfraquecimento dos ossos, medindo-se a 
densidade óssea. 
 
A densitometria óssea revolucionou, nos últimos 20 anos, a investigação 
diagnóstica da massa óssea. Trata-se de um método sensível e preciso. O baixo 
erro de precisão aliado à alta sensibilidade faz com que a densitometria seja útil 
tanto no diagnóstico como no acompanhamento da evolução do paciente com 
osteoporose. O osso trabecular é o tipo mais vulnerável à osteoporose. 
As mulheres têm um risco quatro vezes maior de desenvolver osteoporose 
que os homens, basicamente em funçãoda diminuição de hormônios sexuais 
femininos após a menopausa. 
 
 
9.2.1 Sintomas 
 
A osteoporose é uma doença silenciosa e progressiva, tendo como primeiro 
sinal, em geral, a ocorrência de fraturas, quando a doença já está instalada. As 
primeiras fraturas ocorrem de modo espontâneo nas vértebras, sem necessidade de 
uma ação traumática. 
O peso do tronco é suficiente para que os corpos vertebrais “desabem” 
progressivamente, resultando em deformidade dos mesmos, o que vai conferir à 
coluna vertebral a curvatura característica que tantas pessoas idosas apresentam. A 
estatura dessas pessoas vai sendo reduzida, podendo chegar a dez ou mais 
centímetros de perda. 
As fraturas mais comuns ocorrem no fêmur, no punho e no úmero (ossos 
com grande porcentagem de osso esponjoso). As dores, principalmente as na 
coluna, surgem depois da ocorrência das fraturas vertebrais, causando pinçamento 
dos nervos e acarretando dores no peito, nos braços e nas pernas. 
Algumas medidas práticas podem ser tomadas, tais como: 
 Retirar tapetes soltos da casa; 
 Usar corrimão ao subir ou descer escadas; 
 Manter claridade no trajeto do quarto para o banheiro; 
 Habituar-se a manter um copo d'água na mesa de cabeceira; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 87 
 Usar tapete antiderrapante no banheiro; 
 Usar sapato de salto baixo; 
 Evitar curvar-se ou carregar peso. 
 
Muito do que se atribui ao envelhecimento natural ou às suas patologias 
pode ser dependente, em essência, da imobilidade a que o próprio ser humano se 
condenou durante esse longo e importante período de vida. 
 
 
9.2.2 Tratamento Fisioterápico 
 
 
O exercício apresenta papel fundamental na manutenção e na possibilidade 
de aumentar o pico de massa óssea e, teoricamente, deve ser iniciado 
precocemente na vida de um indivíduo a fim de minimizar as chances de 
aparecimento da osteoporose. 
O nível de exercício deve ser mantido já que os benefícios são perdidos com 
a descontinuidade do programa. Para minimizar os riscos do desenvolvimento de 
lesões musculoesqueléticas por traumas repetitivos, a educação objetivando o uso 
apropriado do equipamento de exercício e a observação dos sinais de alerta às 
lesões por over use são essenciais. Exercitar seus pacientes excessivamente tem 
efeito deletério. 
O prazer de fazer alguma atividade é fundamental, em especial nos 
pacientes idosos. Uma vez escolhida, verifique se há necessidade de supervisão 
prévia e durante a realização da atividade. 
Alguns cuidados adicionais, porém, podem e devem ser levados em conta 
independente das situações: 
 Os calçados devem ser macios, leves e com sola antiderrapante. Uma 
queda pode trazer sérias consequências. Incentive seu paciente a não se acanhar 
em usar tênis, mesmo que ele nunca tenha usado antes. 
 Roupas leves e que permitem boa ventilação são próprias para o clima 
quente. No frio, recomende abrigos confortáveis, que não limitem os movimentos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 88 
 O piso deve ser regular e um pouco áspero para evitar tropeços ou 
escorregões. Quando for incluído exercício de solo, utilize toalha ou colchonete. 
 A iluminação deve ser suficiente para o paciente perceber o piso, o 
instrutor e os companheiros. 
 A ventilação deve ser adequada para manter o ambiente agradável. Evite 
o contraste abrupto de temperaturas. 
 A descontração é fundamental para que todos os movimentos possam ser 
realizados no limite das possibilidades físicas do seu paciente, sem que haja uma 
censura. O movimento pode e deve ser utilizado não apenas para a locomoção, mas 
também como forma de prazer. 
 
O terapeuta deve ter um papel na prevenção de complicações mais sérias 
associadas à osteoporose, em geral, as fraturas. O programa de reabilitação 
destinado a aumentar a flexibilidade, o equilíbrio e o fortalecimento deve ajudar a 
prevenir quedas. 
Escolher a órtese mais adequada para o auxílio da marcha ensinando seu 
paciente a usá-Ia e também os cuidados apropriados para evitar lesões é papel do 
fisioterapeuta. Educar o paciente e a família com respeito aos riscos ambulatoriais e 
domiciliares, tais como escadas sem corrimão e sapatos de salto, também é muito 
importante. 
As intervenções medicamentosas para prevenção ou tratamento da 
osteoporose também têm implicações para o terapeuta. Por exemplo, a 
administração de estrógenos está associada ao aparecimento de êmbolos 
sanguíneos, acidente vascular cerebral, aumento da pressão arterial, súbitas 
alterações de coordenação, visão, respiração, entre outros. Entretanto, a terapia de 
reposição hormonal pode ser importante para o tratamento da perda da massa 
óssea. 
O objetivo da fisioterapia na osteoporose não é favorecer a aquisição de 
massa óssea e sim promover: 
• Melhora da força muscular; 
• Equilíbrio; 
• Condicionamento físico; 
• Coordenação; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 89 
• Amplitude de movimento; 
• Diminuição da dor. 
 
Devemos salientar sempre a prevenção de quedas e consequentemente o 
risco de fraturas. 
Os exercícios que podem ser realizados por indivíduos osteoporóticos são: 
• Caminhadas por 50 minutos, cinco vezes na semana; 
• Atividades para equilíbrio e coordenação; 
• Exercícios que envolvam situação de peso; 
• Atividades que envolvam a extensão da coluna. 
 
Alguns exercícios devem ser evitados como: 
• Aeróbica de alto impacto; 
• Corrida; 
• Salto. 
 
Esses exercícios devem ser evitados por aumentarem o risco de fraturas 
vertebrais por causa da fragilidade das vértebras e flexão da coluna. Ao realizar esta 
atividade, o paciente com osteoporose pode aumentar as forças de compressão na 
coluna e aumentar o risco de colapsos vertebrais. 
Devem ser evitadas as atividades que envolvam risco de quedas como: step, 
caminhada em terrenos irregulares, etc. Movimentos resistidos de fechamento e 
abertura de quadril também devem ser evitados, pois aumentam a chance de 
fraturas proximais do fêmur. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 90 
9.3 SARCOPENIA 
 
 
FIGURA 27 
 
 
FONTE: Adam, ano. 
 
 
A sarcopenia nos idosos está associada a mudanças intrínsecas do tecido 
muscular caracterizadas por perda da massa muscular, da força e da qualidade de 
contração em esforço máximo. Essas alterações são causadas pela perda das 
proteínas musculares, pelas mudanças na proporção de tipos de fibras musculares, 
pela inervação, pela resistência à fadiga e pelo metabolismo para obtenção de 
energia. 
Com a diminuição da força e da potência muscular, declina também a 
habilidade de desenvolvimento de toques rápidos nas articulações, necessária para 
atividades rápidas que necessitam de força moderada, tais como recuperar o 
equilíbrio. As fraturas são também causas de piora no quadro de imobilização dos 
idosos. Próteses, principalmente de quadril por fratura fisiológica por osteoporose, 
são muito representativas nos idosos. 
Os exercícios preventivos deverão privilegiar os locais de maior risco de 
fraturas, tais como o quadril, a coluna e os punhos. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 91 
 
9.3.1 Tratamento Fisioterápico 
 
 
Ao programar o atendimento dos pacientes, é necessário avaliar se são 
portadores de osteoporose leve, moderada ou grave, se têm dores ou se 
apresentam fraturas. Pacientes portadores de osteopenia, constatada pelo exame 
de densitometria óssea, devem ser encorajados à prática de exercícios livres, 
musculação, modalidades esportivas, dança e exercícios posturais. 
A hidroterapia é uma alternativa válida para os idosos portadores de 
osteoporose, especialmente quando associada à osteoartrite. Exercícios de 
fortalecimento da musculatura extensora da coluna devem ser incentivados, assim 
como o alongamento dos músculos peitorais e os exercícios abdominais são 
importantes para a prevenção das deformidades. A postura defeituosa pode causar 
dor. 
Como a dor crônica desencadeia posturas antiálgicas,estabelece-se um 
círculo vicioso que deve ser avaliado e abordado adequadamente pelos 
fisioterapeutas. Pacientes com osteoporose moderada e grave devem ser atendidos 
individualmente, observando-se a presença de dores, fraturas instáveis e outras 
complicações. 
A fisioterapia dispõe de recursos eletroterápicos para o tratamento de 
processos dolorosos, tais como a eletroestimulação transcutânea (TENS), que 
podem proporcionar grande alívio nesses ou em outros casos. Para todos os 
pacientes portadores de osteoporose, a orientação e educação são fatores 
importantes da conduta fisioterapêutica. 
Evitar posturas em flexão; manter a coluna alinhada quando sentado, 
deitado e de pé; pegar objetos no chão, com os quadris e os joelhos flexionados; e 
evitar exercícios em posturas de flexão são providências úteis, que devem ser 
aconselhadas a portadores de osteoporose. 
Como demonstrado pela literatura, a não observância dessas orientações 
aumenta a incidência de fraturas vertebrais em pacientes portadores de 
osteoporose. A fratura do colo do fêmur é uma das complicações mais comuns da 
osteoporose. Nesses casos, o procedimento cirúrgico consiste em osteossínteses e 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 92 
artroplastias parciais e totais, utilizadas em casos de fraturas muito instáveis ou em 
pacientes que já apresentam processos degenerativos da articulação do quadril. 
A abordagem da fisioterapia irá depender do tipo de fratura, do tratamento 
cirúrgico realizado e das características individuais do idoso que será submetido ao 
tratamento. Porém, alguns procedimentos são comuns e de grande importância na 
prevenção das complicações no pós-operatório imediato. A manutenção de uma boa 
ventilação pulmonar e a cinesioterapia de bombeamento vascular para a prevenção 
de tromboembolismos são condutas prioritárias com o idoso acamado. 
Na fase em que o paciente se encontra no leito, o incentivo às mudanças de 
decúbito e a proteção das áreas com proeminências ósseas (escápulas, trocânteres, 
calcâneos e região sacral) e de pouco tecido muscular são importantes para a 
prevenção de úlceras de pressão. 
Orientações devem ser feitas quanto ao posicionamento adequado do 
membro operado e às mudanças de decúbito e transferências do paciente para as 
cadeiras. A manutenção de um alinhamento articular contribuirá para o sucesso do 
procedimento cirúrgico e para prevenir deformidades futuras. Um trabalho 
cinesioterápico isométrico objetivando a manutenção do trofismo e da força 
muscular dos extensores e abdutores, bem como o fortalecimento geral da 
musculatura, permitirá uso de auxílios para a marcha e deambulação o mais rápido 
possível. 
Assentar o paciente o mais precocemente, em cadeiras com alturas 
adequadas, orientar o mesmo para a utilização de adaptadores mais altos em 
assentos sanitários e a realização de atividades funcionais de maneira adequada 
são condutas simples, mas de grande importância para a prevenção de 
complicações. 
O treino de marcha deverá ser feito dentro da individualidade do paciente. 
Na medida do necessário, devem ser usadas desde barras paralelas até a bengala 
convencional, passando por andadores e bengalas canadenses. É importante 
lembrar que o fortalecimento muscular geral e o treino respiratório e cardiovascular 
prévios contribuirão para uma marcha mais adequada, sem alterações do 
movimento ou desvios posturais compensatórios, ajudando, dessa maneira, a 
recuperar o desempenho funcional do paciente, similar àquele anterior à fratura. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 93 
A função do membro deverá ser preservada, mesmo nos casos em que não 
exista a possibilidade de deambulação. É frequente a instalação de um quadro de 
imobilidade e medo na impossibilidade da deambulação precoce, ocasionando um 
decréscimo no desempenho funcional, que pode conduzir a complicações e à 
dependência. 
Nesses casos, um círculo vicioso é instalado, denominado síndrome de 
imobilidade (imobilidade - declínio funcional geral, com descondicionamento, 
complicações cardiorrespiratórias, enfraquecimento muscular e prejuízo da 
coordenação motora e do equilíbrio - imobilidade). 
A síndrome de imobilidade é, então, definida como o desequilíbrio da relação 
normal entre o repouso e a atividade física, ocorrendo por um tempo prolongado, 
causando alterações fisiológicas e bioquímicas em praticamente todos os órgãos. 
Suas consequências podem levar a uma incapacidade maior do que a causada pela 
enfermidade inicial e seus comprometimentos irão depender da gravidade da 
doença, da duração do repouso no leito, da idade do paciente e da sua prévia 
capacidade física e funcional. 
Diversos problemas, doenças e complicações podem levar o idoso ao leito. 
Devemos pesquisar aquelas que são mais comuns e passíveis de intervenção 
terapêutica. Os déficits sensoriais, como: o prejuízo da visão; o medo de quedas; a 
inadequação ambiental; a falta de motivação; a superproteção familiar ou dos 
cuidadores; e, ainda, os quadros psiquiátricos, como depressão, ansiedade e 
angústia, são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento dessa síndrome. 
O repouso no leito é uma indicação clínica de grande valia e deve ser 
utilizado em casos agudos de infecções, em períodos pós-operatórios e para o 
restabelecimento de quadros traumáticos e inflamatórios. Entretanto, essa indicação 
deve ser bem criteriosa, para que os efeitos negativos de uma imobilização 
prolongada não se sobreponham aos seus benefícios. 
A intervenção precoce da fisioterapia irá evitar a instalação desse círculo 
vicioso e de suas comorbidades. Melhor para a saúde e bem-estar do idoso é a 
prevenção, tanto a que ajuda a impedir doenças, fraturas, quedas, imobilidade e 
incapacidade, quanto a que diminui a chance de sua ocorrência durante um eventual 
tratamento. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 94 
9.4 DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS 
 
 
Autores como Jackson (2000) consideram que as demências constituirão um 
problema de saúde pública crescente nos próximos 30 anos. Essa estatística 
relaciona-se com o aumento da expectativa de vida, presumindo-se que não haja 
cura ou meios de prevenir suas causas comuns. Assim, as alterações 
comportamentais e mentais tornam-se frequentes no idoso. 
 
 
9.4.1 Demências 
 
 
Como algumas doenças, as demências avançam lentamente, a sua 
detecção precoce é difícil porque a pessoa mantém as habilidades sociais e a 
capacidade de compensar quaisquer déficits. Nos Estados Unidos, apenas se 
estima a prevalência da demência por causa da falta de uma base de dados sólida e 
dos problemas com o diagnóstico correto. 
Fundamentando-se em estudos europeus, a prevalência da demência é de 
10 a 20% entre os idosos, dependendo da amostra e dos critérios de definição da 
demência que foram utilizados. Embora os dados publicados para os Estados 
Unidos sejam mínimos, estima-se que aproximadamente 15% da população acima 
de 65 anos de idade apresentem comprometimento cognitivo. O risco de 
deterioração aumenta com o avançar da idade, variando de três porcento para 
aqueles entre 65 e 74 anos de idade; 18,7% para aqueles entre 75 e 84 anos de 
idade e mais de 47% para aqueles com 85 anos de idade ou mais. 
Estima-se que a prevalência nos residentes em casas geriátricas com mais 
de 65 anos de idade é tão elevada quanto 50%. Dos idosos com um transtorno 
mental orgânico, calcula-se que de 10 a 20% apresentam condições reversíveis ou 
parcialmente reversíveis. 
Descreve-se a demência como um grupo de transtornos caracterizados pelo 
desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos. Os fatores contribuintes podem ser 
os efeitos psicológicos de uma condição clínica ou os efeitos de uma substância. O 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 95 
aspecto essencial da demência é o comprometimento da memória de curto e longo 
prazo, associado a uma diminuição no raciocínio abstrato, julgamento e outros 
distúrbios da função corticalsuperior. 
Esses fatores devem ser suficientemente graves para interferir de modo 
significativo no trabalho, nas atividades sociais ou no relacionamento com os outros. 
A memória é o aspecto mais clássico, com a retenção da capacidade de 
empreender novas tarefas, mostrando maior declínio que a lembrança de temas 
remotos. 
À medida que o caso progride, pode ser afetada a memória recente e 
remota, com a pessoa alcançando o estágio em que o reconhecimento de pessoas 
familiares se torna comprometido. A desorientação pode passar despercebida no 
início, porque o indivíduo tentará compensar a perda. O raciocínio desorganizado 
torna-se aparente com a incapacidade da pessoa de seguir as orientações ou de 
tolerar as alterações na rotina. 
 
 
9.4.1.1 Tratamento fisioterápico 
 
 
Apesar de ser uma doença progressiva, a fisioterapia objetiva retardar o seu 
curso, preservando, ao máximo possível, as funções motoras. É importante orientar 
a família para que a estimulação das capacidades cognitivas remanescentes 
preserve as funções intelectuais pelo maior tempo possível. 
Usar sinais para a identificação de quartos e banheiros; fornecer orientação 
temporal, por meio de relógios e calendários visíveis; fornecer orientação espacial, 
mantendo uma lâmpada acesa durante a noite, não alterando a disposição dos 
móveis da casa, nem mexendo na rotina do paciente. 
Essas providências ajudam a controlar a ansiedade e a compensar os 
déficits cognitivos. A avaliação fisioterapêutica dependerá do comprometimento do 
paciente. Nas fases iniciais poderão ser avaliados todos os itens, tais como a 
amplitude articular, a força muscular, alterações posturais e capacidade respiratória. 
Entretanto, os itens relacionados à psicomotricidade deverão ser observados com 
maior cautela e prudência. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 96 
Coordenação, equilíbrio, lateralidade, marcha, autopercepção, imagem 
corporal e funções da vida diária devem ser valorizados. Nas fases mais tardias, em 
que o comprometimento é maior, às vezes, só é possível avaliar a mobilidade por 
meio de movimentos passivos; a avaliação pulmonar torna-se mais crítica, assim 
como histórico do paciente junto à família. 
Em qualquer fase, obter informações sobre a vida pregressa, como 
passatempos, onde nasceram, se têm filhos e netos, com o que trabalham e qual a 
formação escolar, é útil para estabelecer vínculo com o paciente e com sua família. 
O tratamento fisioterápico dependerá das necessidades do paciente, mas a 
criatividade do fisioterapeuta na escolha das atividades é muito importante. A 
cinesioterapia pode ser utilizada para manter ou melhorar a amplitude e a força 
muscular. Nas fases iniciais, um programa de alongamento, exercícios com carga e 
exercícios aeróbicos são necessários para prevenção de problemas 
osteomusculares e cardiovasculares. 
Um programa com exercícios respiratórios também é necessário para a 
manutenção da capacidade pulmonar. A psicomotricidade deverá ser estimulada 
com maior ênfase à lateralidade, à autoimagem, à percepção corporal, à 
coordenação e ao equilíbrio. 
Os recursos da massoterapia e da ginástica holística, com uso de bolas, 
bastões e escovas, podem contribuir positivamente. Jogos e músicas são excelentes 
recursos que estimulam a concentração, os movimentos e os reflexos. Os recursos 
lúdicos facilitam a participação do paciente, mas o fisioterapeuta deverá posicionar-
se na sua frente, usar comando de voz, orientar todas as fases dos movimentos e, 
se necessário, executar junto com ele. 
A orientação quanto ao tempo e espaço e a estimulação da memória e do 
raciocínio complementam a terapia. Pode-se, por exemplo, nomear os exercícios 
para tentar pedi-los pelo nome ao paciente. Alterações de humor e agressividade 
podem ser sinais de fadiga ou dor. 
O profissional deverá estar atento e sensível para captar as alterações que o 
paciente possa apresentar durante a terapia. Nas fases iniciais, trabalhar com 
grupos pode ser uma alternativa interessante para o trabalho fisioterápico, uma vez 
que o contato com outras pessoas pode estimular a participação do paciente. Com a 
evolução da doença, no entanto, pode ser necessário um tratamento individualizado, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 97 
e, algumas vezes, o atendimento domiciliar pode ser a única alternativa em razão 
das limitações. 
 
 
9.4.2 Doença de Alzheimer 
 
 
A DA contribui com 60% dos casos de demência. Os episódios geralmente 
são herdados e caracterizados pelo início precoce, com sintomas iniciando em torno 
de 50 anos de idade. A complementação do diagnóstico só se fará mediante 
autópsia após a morte. Nos estágios finais apresentam apatia, dificuldade de 
linguagem, depressão e completa falta de conhecimento dos familiares. 
 
 
FIGURA 28 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
 
 
 
 
9.4.3 Delirium 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 98 
A palavra “delirium” deriva do latim delirare, que literalmente significa “fora 
dos trilhos”; em sentido figurado, quer designar “estar perturbado, desorientado”. É 
uma manifestação neuropsiquiátrica de doença orgânica, que acomete 
principalmente pacientes idosos, especialmente hospitalizados. 
É definido como uma “Síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica”, 
caracterizada pela presença simultânea de perturbações da consciência e atenção, 
da percepção, do pensamento, da memória, do comportamento psicomotor, das 
emoções e do ritmo sono-vigília. A duração é variável e a gravidade varia de formas 
leves a muito graves. 
Qualquer condição que comprometa a função cerebral pode causar delirium. 
Entre as causas clínicas em idosos destacam-se os processos infecciosos, 
particularmente pneumonia e infecção do trato urinário, afecções cardiovasculares, 
cerebrovasculares, pulmonares que causam hipóxia, e distúrbios metabólicos. 
Vários grupos de fármacos também podem contribuir para o delirium, 
condições cirúrgicas também podem ser fatores etiológicos, bem como fatores 
psicossociais como estresse psicológico de hospitalização e ambiente não familiar. 
O principal diagnóstico diferencial é com a demência. A história é fundamental, pois 
informações sobre início agudo e curso flutuante dos sintomas. 
A depressão pode lembrar mais sintomas de delirium hipoativo, com 
comportamento apático, linguagem lentificada e distúrbios do sono, mas de maneira 
gradual (depressão). O tratamento envolve a correção da sua causa. 
 
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DA DEPRESSÃO E DEMÊNCIA 
CARACTERÍSTICAS Depressão Demência 
PROGRESSÃO Rápida Lenta 
ATENDIMENTO MÉDICO Mais precoce Mas tarde 
VALOR QUEIXA Detalhada Ausente 
O QUE É VALORIZADO Fracassos Sucessos 
ESFORÇO E DISPOSIÇÃO Pouco Mantido 
SOCIABILIDADE Perdida Mantida 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 99 
PIORA MANHÃ TARDE 
INÍCIO PRECISO INDETERMINADO 
FONTE: Guccione, 2002. 
 
 
 
9.4.4 Depressão no Idoso 
 
 
Situações psicossociais tradicionalmente ligadas ao envelhecimento, como 
pobreza, viuvez, institucionalização e solidão, são relatadas como fatores de risco 
para o desenvolvimento de sintomas depressivos. No seu processo de 
envelhecimento, os indivíduos se defrontam com fortes mudanças no seu papel 
social, destacando-se, entre essas, a ocasionada pela aposentadoria. 
Tem-se observado que a maioria das pessoas aposenta-se sem preparar-se 
devidamente, sem um projeto definido, o que, frequentemente Ieva à diminuição da 
autoestima, do ritmo das atividades e do interesse pelo cotidiano. As perdas, 
especialmente a morte do cônjuge, de filhos ou de amigos próximos, muitas vezes, 
atuam como fatores desencadeantes de sintomas e transtornos depressivos ou de 
ansiedade. 
 
 
9.4.5 Acidente Vascular Encefálico (AVE) 
 
 
FIGURA 29 
 
FONTE: Gettyimagem. Disponível em: <www.gettyimages.pt/Brasil>. Acesso em: 06/10/2011. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 100 
Pode ser definido como qualquer alteração na qual umaárea cerebral é, 
transitória ou definitivamente, afetada por isquemias ou sangramentos decorrentes 
de processos patológicos nos vasos cerebrais. Inicialmente os déficits neurológicos 
observados refletem a lesão decorrente da extensão do núcleo (região de necrose 
neuronal) e da zona de penumbra (região peri-infarto), caracterizada por neurônios 
em mínima atividade. 
9.4.6 Doença de Parkinson (DP) 
 
 
FIGURA 30 
 
FONTE: Arquivo Pessoal, ano. 
 
 
Está compreendida dentro da síndrome parkinsoniana, que pode apresentar 
diversas etiologias; porém a prevalência da doença de Parkinson, de origem 
idiopática, aumenta em cerca de 10 vezes na população acima de 60 anos. Essa 
doença caracteriza-se pela destruição de neurônios dopaminérgicos localizados na 
substância negra, provocando um quadro clínico constituído por acinesia, rigidez, 
tremor e instabilidade postural. 
O diagnóstico médico é determinado clinicamente por meio de exames de 
neuroimagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 101 
 
9.4.6.1 Tratamento fisioterápico 
 
 
Especificamente em relação à população idosa que apresenta sinais 
neurológicos decorrentes da presença ou não de doenças, o fisioterapeuta deve 
rever vantagens e desvantagens de cada intervenção. Enquanto a qualidade do 
movimento é importante para adequada funcionalidade, pode-se reconhecer que a 
restauração do movimento normal torna-se um objetivo inatingível. 
Deve haver um equilíbrio entre reeducação de padrões normais de 
movimento e aceitação da compensação desejada e necessária. É importante 
ressaltar que a intervenção fisioterápica no idoso tem como principal objetivo 
restaurar ou manter a funcionalidade. Assim, a avaliação descrita anteriormente 
torna-se um instrumento extremamente útil para o rastreamento dos fatores de risco, 
considerando que a maioria das informações pode ser obtida por anamnese ou 
observação do ambiente em que esse indivíduo permanece com maior frequência. 
Nesse sentido, tal instrumento será útil para fornecer um conjunto de 
orientações domiciliares e de atividades de vida diária. Porém, para a maioria dos 
indivíduos nessa faixa etária é necessário avaliar os fatores intrínsecos (inerentes ao 
organismo), especificamente os sistemas que atuam sobre o controle postural, 
possibilitando identificar quais os impedimentos para posteriormente intervir. 
Entender os fatores cognitivos é uma etapa importante no processo de 
avaliação, uma vez que déficits de alerta, atenção, memória ou julgamento podem 
afetar o desempenho do paciente durante a avaliação. A maioria dos aspectos da 
função cognitiva é avaliada subjetivamente com base em observações. 
Mesmo idosos sem doenças instaladas podem apresentar deficit de 
memória ou compreensão, requerendo do fisioterapeuta adoção de algumas 
estratégias como dar ordens simples certificando-se de que o paciente entendeu o 
objetivo da tarefa, aumentar a motivação incentivando de modo verbal o 
desempenho da tarefa, bem como organizar as tarefas em uma sequência crescente 
de dificuldade para melhorar o desempenhar e manter um nível adequado de alerta 
para o desenvolvimento do aprendizado, ou seja, diminuir estímulos externos para 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 102 
pacientes agitados e aumentar a qualidade de estímulos para pacientes 
depressivos. 
A instabilidade pode resultar de alteração no sistema neuromuscular por 
incapacidade de gerar e coordenar adequadamente as forças necessárias para 
mover o centro de gravidade. Dessa forma, quedas de força decorrentes das 
alterações no recrutamento e do tempo de ativação das unidades motoras, além de 
alterações sensoriais e perceptuais, podem interferir no desempenho do controle 
postural e da tarefa decorrente de problemas relacionados com a execução e o 
planejamento motor. 
Apesar de a instabilidade estar diretamente relacionada com a perda de 
equilíbrio em idosos associado à diminuição da função nos sistemas 
musculoesquelético e neuromuscular, essa diminuição da função do controle 
postural (equilíbrio) pode ser revertida por meio de treinamento. Esse treinamento 
pode incluir exercícios aeróbios, de força muscular ou equilíbrio. 
Alguns estudos demonstram que a melhora do equilíbrio, ou seja, do 
controle postural, ocorre de forma mais significativa quando o treinamento enfatiza a 
utilização de diferentes aferências sensoriais, integrando essas aferências sob 
condições de redução ou alteração desses estímulos sensoriais. 
Assim, pode ser realizado tal treinamento instruindo o paciente a 
permanecer em pé sobre superfícies instáveis, por exemplo, pranchas de equilíbrio 
ou espumas de diferentes densidades associadas à restrição visual ou alteração 
visual (fechamento dos olhos ou utilização de lentes para alterar a informação visual, 
respectivamente). 
O treinamento do controle postural baseado em estímulo sensorial provoca 
melhor reeducação do equilíbrio por execução que estiver inadequada, decorrente 
de alteração da amplitude de movimento ou déficit de força, tal melhora não será 
observada, sendo necessário realizar exercícios para alongamento e fortalecimento 
muscular anteriormente ao treino de equilíbrio. 
Outro distúrbio que afeta o controle da postura e a coordenação dos 
movimentos de múltiplas articulações é a ataxia, termo geral para decomposição de 
movimentos, podendo ser decorrente de déficits nos sistemas sensorial, vestibular e 
cerebelar. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 103 
A ataxia é essencialmente um distúrbio decorrente da incapacidade do 
paciente em processar o estímulo sensorial, dessa forma o movimento será 
realizado a partir de estratégias compensatórias para manter a estabilidade e a 
orientação do corpo no espaço. 
Na maioria dos casos, o tratamento da ataxia tem como objetivo melhorar a 
função do sistema sensorial parcialmente afetado sem sobrecarga dos sistemas 
restantes. Essa abordagem considera que a repetição adequada dos estímulos e, 
consequentemente, da resposta motora gera aprendizado motor, mesmo em longo 
prazo, com a vantagem de treinar o sistema deficitário e não sobrecarregar os outros 
sistemas como o visual e o somato sensorial. Como nos casos de aplicação de 
pesos para aumentar a resistência ao movimento e, assim, transmitir mais estímulos 
sensoriais. 
 
 
FIGURA 31 - PACIENTE EM TREINAMENTO DE EQUILÍBRIO DE TRONCO 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 32 - TREINO DE MARCHA 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 104 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
O treino de marcha vai depender de cada patologia e de cada caso. Dentro 
dos tratamentos foram colocados alguns aspectos que devem ser observados. 
 
9.5 DISFUNÇÕES CARDIOCIRCULATÓRIAS 
 
 
FIGURA 33 
 
Fonte: Getty Images. Disponível em: <www.gettyimages.pt/Brasil>. Acesso em: dia/mês/ano. 
 
 
Atualmente a doença da artéria coronária ou coronariopatias em idosos, é 
considerada um problema de saúde pública, pois vem atingindo proporções 
epidêmicas principalmente nos países industrializados. Nos Estados Unidos, as 
coronariopatias são as principais causas de morte, de incapacidade funcional e de 
perda de poder econômico. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 105 
 
 
9.5.1 Principais Doenças da Artéria Coronária 
 
 
A angina de peito ou angina pectoris é caracterizada por dor ou desconforto 
paroxístico no tórax, tem curta duração e é aliviada pelo repouso. A angina surge 
quando as necessidades metabólicas do miocárdio excedem a oferta de sangue 
oxigenado que flui pelas artérias coronárias. Isso ocorre em razão da obstrução do 
fluxo sanguíneo por placas de ateroma ou por vasoespasmo. 
 
 
 
 
9.5.2 Infarto Agudo do Miocárdio 
 
 
É uma necrose do músculo miocárdio decorrente de um comprometimento 
da irrigação sanguínea causada pela oclusão da artéria coronária que irriga a área 
afetada; a oclusão ocorre normalmente em virtude da presença de placas 
ateroscleróticas equantidades variadas de trombose superpostas. 
Quatro quintos dos infartos ocorrem em indivíduos com idade por volta dos 
65 anos, porém, isso não descarta a possibilidade de ocorrência em indivíduos de 
meia-idade e idosos mais avançados. O paciente idoso deve ser avaliado de forma 
minuciosa, principalmente quando apresenta outras doenças que fazem parte dos 
fatores de risco para a doença coronariana. 
As próprias mudanças fisiológicas e morfológicas que ocorrem naturalmente 
com o processo de envelhecimento predispõem essa população às instabilidades 
cardiovasculares. Ocorre também em razão da existência de grande número de 
alterações cardiovasculares associadas a um histórico de vida, tais como: 
sedentarismo, alimentação inadequada, tabagismo, além da hipertensão arterial, 
diabetes, entre outras doenças que contribuem para maior incidência de IAM à 
medida que o adulto envelhece. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 106 
Na internação do paciente com IAM o papel do fisioterapeuta é fundamental, 
principalmente quando se trata de idosos que, em geral, evoluem com complicações 
pulmonares e vasculares periféricas relacionadas com o imobilismo, pois esse 
paciente permanecerá em repouso no leito por um período de 24 a 48 horas. Nesse 
momento, o fisioterapeuta deve saber avaliar muito bem o paciente e, embora nas 
primeiras horas pós-infarto não é aconselhado o submeter ao esforço físico, pode-se 
solicitar respirações profundas, tosse e acompanhar de perto a evolução desse 
paciente para evitar as complicações decorrentes do período do imobilismo. 
Após as primeiras 24 a 48 horas de permanência no leito hospitalar, os 
pacientes com IAM não complicados já poderão ser mobilizados, evitando assim os 
efeitos indesejáveis do imobilismo. Essa mobilização deverá ser feita de forma 
gradual, evitando exercícios isométricos para não aumentar a sobrecarga cardíaca. 
No primeiro dia após o período de repouso citado (24 a 48 horas), o paciente 
deverá ser incentivado a sentar-se com as pernas para fora do leito. Esse 
procedimento deverá ser realizado vagarosamente, pois poderá ocorrer episódio de 
hipotensão postural pela mudança do decúbito. Quando o paciente estiver habituado 
com a posição será possível levá-Io para a poltrona ao lado do leito, onde deverá 
permanecer por um período curto, aproximadamente o tempo de arrumação do 
quarto. 
No segundo dia, o paciente poderá estar utilizando a pia e permanecer 
sentado fora do leito por um período maior, desde que não apresente nenhum 
episódio de dor ou sintomas de IAM. No terceiro dia, poderá sair da cama e 
permanecer na poltrona durante dois períodos, sendo um pela manhã e outro à 
tarde. No quarto dia iniciaremos a deambulação pelo quarto que será estendida ao 
corredor nos dias que se seguirão caso o paciente se mantenha estável. 
 
 
 
 
 
 
 
9.5.3 Hipertensão 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 107 
 
 
A hipertensão arterial é um dos principais fatores associados ao 
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como aterosclerose coronariana e a 
insuficiência cardíaca, bem como de outras doenças como insuficiência renal e 
derrames cerebrais. Apesar de tantos malefícios, a hipertensão arterial é ainda muito 
negligenciada por alguns pacientes. 
Vários fatores têm contribuído para esse descaso, por exemplo, o fato de a 
hipertensão quase sempre não apresentar qualquer sintoma, o que muitas vezes 
dificulta o diagnóstico e a adesão ao tratamento. A hipertensão arterial é a doença 
crônica degenerativa mais comum em nosso meio, estimando-se que sua 
prevalência na população adulta acima de 50 anos seja de 15%. 
Essa doença constitui um importante fator de risco coronário, estando 
relacionada com 40% dos óbitos por doenças cardiovasculares e com o aumento do 
risco de complicações, tais como acidente vascular cerebral (derrame), infarto do 
miocárdio e insuficiência cardíaca. Os dados epidemiológicos mostram aumento da 
incidência com o envelhecimento, sendo que entre os pacientes com idade superior 
a 75 anos mais da metade são hipertensos. 
O exercício físico, com duração mínima de 30 minutos por dia e intensidade 
adequada, auxilia substancialmente a reduzir a pressão arterial, além de promover o 
bem-estar daqueles que o realizam. 
É importante considerar os seguintes aspectos para a reabilitação cardíaca 
em idosos: 
 
• Ambiente e exercícios apropriados: a idade mais avançada, em geral, 
compromete o estilo de vida, já que o surgimento de artrite diminui a flexibilidade. 
Nesse caso, a atividade física cuidadosa pode ser benéfica, utilizando-se local de 
treinamento amplo, de preferência no mesmo plano e em superfície lisa. 
• Exercício e medicação: no indivíduo mais idoso, vale à pena salientar que 
a relação fisiológica e farmacológica é processada, às vezes, com diferentes 
peculiaridades na absorção, no metabolismo, na distribuição. Portanto, diante 
desses tipos de respostas do idoso recomendam-se cuidados especiais com a 
hipotensão arterial sistêmica, a arritmia em indivíduos que usam hipotensores e 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 108 
diuréticos, os fármacos atuantes na função cognitiva (hipnótico, alfa agonista central 
e beta adrenérgico), os quais podem, eventualmente, precipitar isquemia cerebral. 
 
 
9.5.4 Programa de Exercícios 
 
O programa de exercícios físicos tem o objetivo de levar o paciente a 
alcançar um condicionamento físico satisfatório, melhorar a eficiência dos 
batimentos cardíacos, proporcionar a vascularização colateral, além de fazer com 
que o paciente incorpore a atividade física nas suas atividades diárias. 
A cada sessão o paciente deverá iniciar suas atividades com exercícios 
leves de aquecimento, fazendo caminhadas, exercícios de membros superiores e 
inferiores, preparando-se para o período de atividade mais intensa em esteira ou em 
bicicleta ergométrica. 
A prescrição de protocolos individuais em rotina clínica deverá incluir um 
conjunto de dados para compor a linha de base, instruções para um aquecimento 
apropriado, descrições de exercícios de força e resistência para os membros e o 
tronco, e descrições de alongamentos e exercícios respiratórios para compor o 
desaquecimento. 
A fase pós-alta consiste na fase subaguda ou pós-hospitalar, com duração 
mínima de seis a oito semanas e máxima de 17 semanas. Tem como objetivos 
aumentar a capacidade aos esforços, trabalhar musculatura respiratória, assegurar 
continuidade ao programa, avaliar as cargas de trabalho leves a moderadas, 
informar sobre a monitorização, criar hábitos saudáveis no indivíduo e educar o 
paciente quanto ao controle dos fatores de risco. 
Mostram-se ainda outros objetivos com a RCV (reeducação cardiovascular), 
como: em longo prazo, estabilizar ou reverter o processo aterosclerótico; diminuir a 
morbimortalidade cardiovascular, melhorando a sintomatologia de angina de peito e 
as manifestações de disfunção ventricular esquerda; estimular a readaptação social, 
diminuindo ou eliminando a ansiedade e a depressão que podem acompanhar os 
idosos após um evento coronário; educar o paciente sobre sua doença, revelando as 
possíveis intercorrências e demonstrando-lhe a possibilidade da interferência 
favorável dessas medidas preventivas na sua evolução. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 109 
 
 
FIGURA 34 – TESTE ERGOMÉTRICO 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
9.6 DISFUNÇÕES RESPIRATÓRIAS 
 
 
O idoso é mais propenso a apresentar problemas respiratórios e a 
desenvolver quadros de insuficiência respiratória, podendo manifestar atelectasias, 
reter secreções e sofrer infecções respiratórias. Os sintomas respiratórios agudos 
estão entre as razões mais comuns de enfermidades respiratórias nos idosos e 
acabam por necessitar de atenção médica e fisioterápica. 
Além das manifestações clínicas das doenças respiratórias crônicas 
desempenharem um importante papel na função respiratória reduzida, 
hospitalizaçõesagudas e taxa de mortalidade alta são observadas em indivíduos 
mais velhos. 
 
 
9.6.1 Doenças Pulmonares que mais Acometem o Idoso 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 110 
 
FIGURA 35 
 
FONTE: Cobbis, ano. 
 
 
9.6.1.1 Infecções 
 
 
As infecções têm valor importante no idoso, particularmente aqueles que são 
inválidos e institucionalizados. Muitas acontecem com mais frequência na idade 
avançada e determinam morbidez e taxas de mortalidade maiores no idoso que no 
jovem. Considerando que muitas dessas enfermidades são evitáveis ou curáveis, é 
importante uma boa compreensão do diagnóstico, do tratamento e da prevenção de 
infecções associadas ao processo de envelhecimento. 
Cerca de 40% das camas de hospital são ocupadas por pacientes geriátricos 
e cinco porcento dos pacientes com idade avançada residem em instituições de 
cuidado em longo prazo. Fatores como, baixa reserva fisiológica, presença de 
doenças crônicas subjacentes, demora no diagnóstico em razão de apresentações 
clínicas atípicas levam ao atraso no tratamento terapêutico, taxas mais altas de 
antibiótico adverso e outras interações de droga, e complicações resultantes de 
procedimento diagnóstico invasivo, acrescentando um quadro de morbidez e 
mortalidade nas doenças infecciosas no idoso. 
Apesar das técnicas sofisticadas de diagnóstico e das novas terapias, as 
infecções respiratórias continuam sendo preocupantes enfermidades entre os 
idosos. A pneumonia prossegue sendo o inimigo especial da velhice. 
 
 
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 111 
A infecção por vírus da gripe é talvez o exemplo mais dramático da 
importância da infecção respiratória nesses grupos de idosos. Apesar da importância 
clínica da infecção da gripe no meio de pessoas idosas e da disponibilidade de 
métodos de imunização segura e barata, a administração anual de vacina no meio 
de pessoas com mais de 65 anos na maioria das comunidades ainda é pequena. 
Sabe-se que a imunização da gripe reduz as taxas de hospitalização em 
50% e as de mortalidade em 40 a 55%. A imunização anual de pessoas acima de 65 
anos talvez seja a prática de menor custo que os médicos podem proporcionar como 
cuidados primários para pacientes idosos. 
 
 
9.6.1.2 DPOC 
 
 
A DPOC é uma doença que causa grande impacto social, pois é 
incapacitante, necessita de alto investimento para que seja mantido o tratamento do 
paciente e leva à morte prematura de indivíduos que poderiam estar em plena 
atividade produtiva. A mortalidade por DPOC abaixo de 45 anos é baixa, 
aumentando com a idade. Os fatores de risco para o aparecimento e 
desenvolvimento da DPOC são: os ambientes que propiciam a inalação da fumaça 
do cigarro, da poeira e de substâncias químicas; a desnutrição; as infecções 
constantes na infância, entre outros. 
O estudo da oxigenação arterial é um dado importante e pode ser feito de 
forma não invasiva com o uso do oxímetro de dedo. Nele se analisa a saturação 
arterial da hemoglobina (SP02). É um exame prático, rápido, não expõe o paciente a 
riscos e é barato. 
A gasometria feita com o sangue arterial é um processo invasivo e doloroso 
para o paciente, por isso deverá ser colhida quando a SP02 estiver abaixo de 88% 
ou a doença estiver em grau moderado para grave, nesses casos, com a finalidade 
de analisar o nível do gás carbônico e o grau de hipoxemia, para saber se o paciente 
tem ou não indicação de uso de oxigenoterapia. 
 
 
 
 
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 112 
9.6.2 Tratamento Ambulatorial e Reabilitação Pulmonar 
 
 
O uso das técnicas fisioterápicas terá o objetivo de promover a eliminação 
de secreção com o auxílio das manobras de higiene brônquicas, a reexpansão 
pulmonar, a reeducação respiratória e as atividades da vida diária. Além disso, 
devem ser realizados exercícios de fortalecimento muscular, alongamento e 
condicionamento físico, objetivando o aumento da mobilidade torácica e corporal, 
bem como maior eficiência do ato respiratório e da funcionalidade global. 
Dessa forma, o fisioterapeuta respiratório deve atuar na prevenção de 
recidivas do aparecimento de quadros infecciosos pulmonares nos pacientes 
crônicos, além de desempenhar função curativa, nos casos agudos, e educacional 
para todos os pacientes, familiares ou cuidadores. 
Para que haja sucesso no emprego da fisioterapia respiratória é necessário 
que o fisioterapeuta tenha conhecimento da fisiologia e da anatomia humana, da 
biomecânica da respiração, bem como dos mecanismos e dos agentes causadores 
das doenças pulmonares. 
Segundo a American Heart Association (AHA), para que haja sucesso no 
tratamento é importante que o paciente realize exercícios aeróbios, pelo menos três 
vezes por semana, com duração mínima de 20 a 30 minutos. Já o American College 
of Sports Medicine (ACSM) preconiza que a frequência utilizada deve ser de três a 
cinco dias por semana, com duração de 20 a 60 minutos por sessão, dependendo 
da intensidade. 
De qualquer forma, o importante é que o exercício seja capaz de promover 
algumas alterações, tais como: aumento da capilarização muscular, aumento das 
mitocôndrias e do metabolismo oxidativo, que levarão o paciente a melhorar o 
condicionamento físico. 
A dispneia nos pacientes com DPOC ocorre pelo desequilíbrio entre a 
necessidade ventilatória aumentada e a limitação da capacidade pulmonar. O 
aumento da necessidade ventilatória ocorre porque esses pacientes apresentam 
alteração da relação ventilação/perfusão, aumento na relação espaço morto/volume 
corrente, ocorrência de hipoxemia arterial e aumento do comando neural. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 113 
Por outro lado, a diminuição da capacidade pulmonar ocorre pela fadiga 
muscular respiratória, secundária ao aumento do trabalho ventilatório pela obstrução 
brônquica e pela desvantagem mecânica causada pela insuflação pulmonar, com 
inadequação da curva tensão versus comprimento. 
É importante avaliar inicialmente o estado físico respiratório do paciente, 
para estudo comparativo. A espirometria estará medindo os volumes e as 
capacidades pulmonares, além de fornecer dados como o volume expiratório 
forçado no primeiro segundo (VEF1) e a relação entre capacidade vital forçada e 
volume expiratório forçado no primeiro segundo (CVF/VEF1), que provê o grau de 
obstrução e a gravidade do estado do paciente. 
Para potencializar a ação e os resultados dessas técnicas, alguns recursos 
são bastante utilizados, os quais estão descritos a seguir: 
 
 Inaloterapia ou Aerossolterapia: tem a finalidade de umedecer a 
secreção brônquica, que pode encontrar-se muito espessa e aderida à parede do 
brônquio, dificultando sua eliminação. O uso da inaloterapia na forma de 
nebulização, usando NaCl a 0,9%, é feito antes ou durante a terapia dependendo da 
avaliação das condições do paciente, com o objetivo de aumentar o volume da 
secreção expectorada. Em alguns casos é possível associar a inaloterapia ao uso de 
broncodilatadores e às terapias de higiene brônquicas, aumentando a eficiência do 
medicamento e da própria higiene brônquica. 
 
 
FIGURA 36 - PACIENTE REALIZANDO INALOTERAPIA 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 114 
 
 
 Flutter: esse equipamento combina as técnicas de pressão positiva 
expiratória com oscilações de alta frequência na abertura da via aérea, com o 
objetivo de prevenir e tratar o colapso pulmonar por rolhas mucosas, além de 
aumentar a eliminação de secreções pulmonares. O flutter é um aparelho parecido 
com um cachimbo de haste curta e bocal. Na parte distal encontra-se um recipiente, 
em seu interior existe uma peça em forma de funil sobre a qual repousa uma bola 
pequena de aço estéril de alta densidade e o recipiente é envolvido por uma 
cobertura plástica perfurada. O paciente deverá colocá-lo entre os lábios e realizar 
expiração bucal. 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 37 - PACIENTE UTILIZANDO O APARELHO FLUTTER 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. Exercício respiratório com inspiração fracionada: a inspiração deverá 
ser nasal, suave, porém pequena e interrompida por períodos de apneia pós-
inspiratória e programada em até seis tempos. As várias inspirações deverão ser 
realizadas dentro de um mesmo ciclo respiratório e a expiração deve ser pela boca. 
 
 
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 115 
Deve atingir níveis próximos ao volume de reserva expiratória. Essa técnica poderá 
melhorar a complacência pulmonar. (VELLOSO, 2008). 
 
Alguns equipamentos podem ser utilizados para auxiliar na terapia de 
reexpansão pulmonar, entre esses merecem destaque os que estão descritos a 
seguir: 
 
 Inspirômetro de incentivo: é um equipamento utilizado há muitos anos 
como terapia respiratória profilática segura e bem aceita pelo paciente. O principal 
objetivo desse aparelho é incentivar uma inspiração profunda. Existem muitos 
aparelhos que proporcionam o incentivo de respirações profundas, entre eles 
encontram-se os incentivadores a volume e a fluxo, sendo os inspirômetros a fluxo 
os mais utilizados por causa do custo. Esse recurso terapêutico é indicado para 
pacientes com bom nível de consciência, que tenham condições de entender o uso 
do equipamento e que também colaborem com a execução do tratamento, pois eles 
deverão utilizá-Io mesmo quando o fisioterapeuta não estiver presente. 
 
 
FIGURA 38 - PACIENTE REALIZANDO TREINAMENTO DOS MEMBROS 
INFERIORES NA ESTEIRA ROLANTE MONITORADO COM OXÍMETRO DE 
PULSO 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
 
 
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 116 
9.7 DISFUNÇÕES URINÁRIAS E SEXUAIS 
 
 
FIGURA 39 – SISTEMA URINÁRIO 
 
FONTE: Cobbis, ano. 
 
 
Segundo Reis (2003), a incontinência urinária tem prevalência no idoso de 8 
a 34% segundo o critério ou método de avaliação. As causas mais importantes são: 
alterações dos tecidos da senilidade que acometem o trato urinário inferior e o 
assoalho pélvico, do sistema nervoso central e periférico, alterações hormonais 
como a menopausa, poliúria noturna, alterações psicológicas, hiperplasia prostática, 
doenças concomitantes, como câncer, e efeitos colaterais de medicamentos. A 
incontinência pode ser transitória ou permanente. 
Além da anamnese cuidadosa para caracterizar as perdas urinárias, a busca 
de causas associadas ou concomitantes e o diário miccional, indica-se com 
frequência os exames especializados como a urodinâmica. 
 
 
TABELA 2 – INCONTINÊNCIA URINÁRIA NO IDOSO 
 
 
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 117 
 
FONTE: Acta Cir. Bras., ano. 
 
 
Incontinência fecal é a perda involuntária de fezes ou gases via anal. É um 
problema de saúde que atinge aproximadamente 11% da população mundial acima 
dos 45 anos. No Brasil, 50,9% da população referem alguma disfunção sexual. Tem 
origem orgânica, psíquica e sociocultural. A fisioterapia irá atuar apenas nas 
disfunções de origem orgânica. 
A fisioterapia, nesses casos, utiliza técnicas preventivas (estimulação 
elétrica, biofeedback, cinesioterapia), de conscientização corporal, treinamento 
vesical e esfincteriano e fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico 
(períneo). 
9.7.1 Técnicas Fisioterapêuticas para Revitalização Geriátrica 
 
 
É uma atividade realizada em grupos de até 20 pessoas, mas, em geral, 
dependerá do tamanho do local onde será desenvolvida. Normalmente, deve-se 
utilizar uma sala arejada e clara, com piso antiderrapante, com, no mínimo, 50 m2 de 
superfície e temperatura ambiente entre 18 e 20°. 
Cada sessão deve durar entre 50 e 55 minutos e devem ser realizadas pelo 
menos duas vezes por semana, sendo a quantidade ideal e aconselhável três vezes 
por semana. No início de cada sessão deverá ser verificada a presença dos inscritos 
 
 
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 118 
e aprovados e ser feita uma rápida inspeção da indumentária: roupa cômoda, larga, 
de tecido leve (algodão ou similar) e calçado esportivo (tênis) com sola 
antiderrapante. 
A sessão começa com um período curto (cinco a sete minutos) de 
aquecimento e alongamento dos principais grupos musculares. Em seguida, são 
trabalhados componentes de mobilidade e força, dedicando-se em todas as sessões 
aos distintos segmentos corporais e combinando exercícios de força e mobilidade, 
com duração aproximada de 15 minutos. 
Posteriormente, inicia-se uma marcha lenta que, pouco a pouco, converte 
em corrida (se os participantes estiveram aptos a correr; nos casos de 
impossibilidade, realiza-se a marcha com realização de gestos exagerados), 
finalizando com retorno gradual à marcha lenta. Esse período dura, 
aproximadamente, três minutos, com a corrida tendo duração de menos de um 
minuto. 
Nesse momento da sessão, descansa-se, procedendo à hidratação com um 
copo de água ou qualquer suco com componentes antioxidantes. Os 15 ou 20 
minutos seguintes devem ser dedicados a exercícios de coordenação, agilidade e 
equilíbrio, utilizando-se materiais como bolas, pequenos alteres, massas, entre 
outros, combinados com jogos ou brincadeiras cooperativas. 
A sessão é finalizada com exercícios respiratórios e de relaxamento. É 
conveniente, em algumas sessões, controlar a frequência cardíaca para que todos 
os exercícios sejam realizados em um patamar de 70 a 80% da frequência cardíaca 
aeróbia máxima para a idade. Também é importante lembrar que exercícios em 
decúbito supino que demandem carga sobre a zona dorsal e movimentos 
exagerados de tronco ou pescoço estão contraindicados. 
À medida que ocorreram aumento da força muscular manual e manutenção 
de graus aceitáveis de flexibilidade corporal e de consumo máximo de oxigênio, é 
possível pressupor que tais aspectos também determinaram maior facilidade para a 
realização de atividades de vida diária (AVDs) e atividades instrumentais de vida 
diária (AIVDs). Em síntese, os graus de independência funcional tendem a ser 
maiores e, por decorrência, incrementam-se a satisfação geral e a qualidade de 
vida. 
 
 
 
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 119 
 
FIGURA 40 – EXERCÍCIOS INDICADOS A PESSOAS IDOSAS 
 
FONTE: Rebelatto, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO IV 
 
 
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 120 
GLOSSÁRIO 
 
 
Ácido gama-aminobutírico: é o principal neurotransmissor inibidor no sistema 
nervoso central dos mamíferos. 
Catecolaminas: são compostos químicos derivados do aminoácido tirosina. 
Colina acetiltransferase: é uma enzima liberada pelos neurônios da placa motora. 
Deletérias: prejudiciais. 
Demográficas: referente a populações. 
Efusão: derramar ou entornar. 
Estereótipos: é a imagem preconcebida de determinada pessoa. 
Estocástica: está relacionado com o acaso. 
Expectativa de vida: é a média de anos que um indivíduo pode ainda viver. 
Gerontologia: ciência que estuda o envelhecimento. 
Homeostase: autorregulação. 
Inexorabilidade: austeridade, crueldade. 
Lipofucsina: é um pigmento tido como resto de membrana mitocondrial, que sofreu 
ação de radicais livres. É um material insolúvel que é fagocitado e se acumula nas 
células. 
Modus vivendi: modo de viver. 
Monoaminoxidase: presente em animais cuja ação é degradar. 
Morbidades: taxa de portadores de determinada doença. 
Mucopolissacarídeos: são compostos hidratados que fazem gel. 
Paroxístico: ataque repentino. 
Psicocognitivas: é a capacidade psicológica que temos de adaptação a diferentes 
situações. 
Senectude: velhice. 
Senescência: envelhecimento. 
Turnover: começar vida nova. 
 
 
 
 
 
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 121 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
FREITAS, E. V.; PY, L.; CANÇADO, F. A. X.; DOLL, J.; GORZONI, M. L. Tratado de 
geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2006. 
 
 
GUCCIONE, A. A. Fisioterapia geriátrica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara- 
Koogan, 2002. 
 
 
PAPALEO NETTO, M. Tratado de Gerontologia. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: 
Ateneu, 2002. 
 
 
REBELATTO, J. R. Fisioterapia Geriátrica: a prática de assistência ao idoso. 2. ed. 
rev. ampl. Barueri, SP: Manole,2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO CURSO! 
TRIA E GERONTOLOGIA

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