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AN02FREV001/REV 4.0 79 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FISIOTERAPIA APLICADA À GERIATRIA E GERONTOLOGIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 80 CURSO DE FISIOTERAPIA APLICADA À GERIATRIA E GERONTOLOGIA MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 81 MÓDULO IV 9 PATOLOGIAS E TRATAMENTO FISIOTERÁPICO 9.1 IDOSOS PORTADORES DE DOENÇAS REUMÁTICAS FIGURA 23 FONTE: Cobbis, ano. A artrite reumatoide e a osteoartrose estão entre as doenças reumáticas articulares mais prevalentes na população que sofre de acometimentos crônicos, sendo comum em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, e em desenvolvimento, como o Brasil. De forma geral, as patologias reumáticas (musculares e ósseas) nos idosos acarretam comprometimento da função, diminuição do nível de dependência do paciente, diminuição da destreza para os movimentos, prejuízos na marcha e quedas recorrentes. AN02FREV001/REV 4.0 82 9.1.1 Osteoartrose FIGURA 24 FONTE: Cobbis, ano. A osteoartrose (OA) pode ser definida como o quadro clínico articular consequente às alterações bioquímicas, moleculares e histológicas que ocorrem na cartilagem articular e no osso subcondral quando, por diversos fatores, há uma falha dos condrócitos em sintetizar qualitativa ou quantitativamente a matriz extracelular. Em estágio inicial, trata-se de uma degeneração não inflamatória e sua evolução leva à formação de osso subcondral novo na superfície articular e nas margens articulares. O desenvolvimento da degeneração articular primária é fortemente relacionado com o envelhecimento. As articulações mais acometidas são as relacionadas com o suporte do peso corporal, como o joelho, a articulação intervertebral, o disco e a articulação coxofemoral, e as pequenas interfalangianas proximal e distal no membro superior. De forma geral, após os 30 e 35 anos, 50% das pessoas apresentarão alterações articulares degenerativas que predispõem à OA e, após a quinta década, praticamente essas mudanças estarão presentes em toda a população, sendo que as mulheres apresentam esses sinais mais precocemente que os homens. Giorgi (2001) afirma que a prevalência aumenta com a idade: é pouco notada antes dos 40 anos, mais frequente após os 70 e aos 75 anos ou mais, aproximadamente 85% dos indivíduos têm evidência da enfermidade. A perda da cartilagem determina modificações secundárias também nos ligamentos, nas cápsulas e nos músculos responsáveis pelos movimentos da articulação acometida. AN02FREV001/REV 4.0 83 Com a progressão de o processo inflamatório articular, os ligamentos e a cápsula tornam-se contraturados, e os músculos tornam-se fracos pelos repetidos períodos de desuso, contribuindo para rigidez e enfraquecimento associado à osteoartrose. Na fase inicial da doença, os pacientes experimentam dor articular localizada que piora com a atividade e diminui com o repouso, enquanto na fase avançada, nem mesmo o repouso é capaz de aliviar os sintomas dolorosos. O diagnóstico da OA deve ser acompanhado da história do paciente, relatado de sintomas, sinais clínicos, exames laboratoriais e achados radiológicos. 9.1.2 Tratamento Fisioterápico Uma vez que a OA é uma doença com características fisiopatológicas irreversíveis, especialmente em estágios avançados, e com progresso incapacitante, a fisioterapia é sempre uma medida conservadora no acompanhamento dos pacientes com essa doença. De forma geral, os objetivos do tratamento fisioterápico na OA são direcionados para: Redução ou alívio da dor e rigidez articulares; Redução da sensação parestésica; Aumento da funcionalidade; Manutenção e aumento da força muscular; Aumento da estabilidade articular; Proteção articular; Aumento da propriocepção e sensação cinestésica. O fisioterapeuta deve orientar o paciente sobre: O controle do peso corporal e sua implicação na progressão das lesões articulares; Mostrar as vantagens da prática de atividade física orientada; Recomendar e treinar o uso de órteses para reduzir a descarga de peso; Promover a melhora do alinhamento articular; AN02FREV001/REV 4.0 84 Reduzir as instabilidades articulares do paciente. Além do potencial de recuperação da cartilagem articular, como discutido no início deste capítulo, os exercícios exercem papel importante na recuperação de hipotonia ou atrofia muscular. Estudos de revisão mostram efeitos benéficos da cinesioterapia na reabilitação da atrofia muscular de pacientes com artrose de joelho e quadril. Um programa típico para combater a atrofia muscular, causada indiretamente pela artrose do joelho, por exemplo, envolveria inicialmente exercícios isométricos para a musculatura da coxa, como as séries de levantamento da perna estendida (straigth leg raise - SLR), seguidos por isotônicos conforme a evolução dos sinais inflamatórios, se presentes, e os sintomas. Alongamentos de quadríceps e de isquiotibiais, frequentemente encurtados em paciente com histórias de longa duração, são fundamentais para o funcionamento normal da articulação do joelho. Na reabilitação de pacientes portadores das patologias reumáticas do tecido muscular, em que a queixa principal é a dor muscular ou a poliartralgia, a TENS (Transcutaneous Electrical Neurologic Stimulation) é conhecida por promover alívio de dor nas atividades funcionais. FIGURA 25 FONTE: Disponível em: <www.usp.br>. Acesso em: dia/mês/ano. Diferentes tipos de inserções de eletrodo podem ser utilizados dependendo da região dolorosa. No caso das dores musculares mais abrangentes, como aquela destinada ao alívio da dor na musculatura proximal das cinturas escapular e pélvica AN02FREV001/REV 4.0 85 causadas pela polimiosite, às inserções sobre o ponto doloroso ou com eletrodos cruzados são as mais indicadas. 9.2 OSTEOPOROSE FIGURA 26 FONTE: Clinicaq, ano. Estima-se que em cerca de um terço de todas as mulheres na pós- menopausa, a diminuição da massa óssea atinja rapidamente os níveis do limiar de fratura. É notado que, em razão de sua natureza insidiosa, da falta de sintomas clínicos antes de ocorrer fraturas e da ausência de marcadores clínicos e laboratoriais específicos, o diagnóstico dessa doença é realmente impossível sem o auxílio das técnicas desenvolvidas nas últimas duas décadas. O desafio é, portanto, identificar precocemente as mulheres pertencentes a esse grupo de alto risco. A prevenção é a melhor forma de se evitar a instalação e as complicações da osteoporose, e inclui: A identificação de fatores de risco que levam ao desenvolvimento dessa doença; AN02FREV001/REV 4.0 86 O diagnóstico precoce do enfraquecimento dos ossos, medindo-se a densidade óssea. A densitometria óssea revolucionou, nos últimos 20 anos, a investigação diagnóstica da massa óssea. Trata-se de um método sensível e preciso. O baixo erro de precisão aliado à alta sensibilidade faz com que a densitometria seja útil tanto no diagnóstico como no acompanhamento da evolução do paciente com osteoporose. O osso trabecular é o tipo mais vulnerável à osteoporose. As mulheres têm um risco quatro vezes maior de desenvolver osteoporose que os homens, basicamente em funçãoda diminuição de hormônios sexuais femininos após a menopausa. 9.2.1 Sintomas A osteoporose é uma doença silenciosa e progressiva, tendo como primeiro sinal, em geral, a ocorrência de fraturas, quando a doença já está instalada. As primeiras fraturas ocorrem de modo espontâneo nas vértebras, sem necessidade de uma ação traumática. O peso do tronco é suficiente para que os corpos vertebrais “desabem” progressivamente, resultando em deformidade dos mesmos, o que vai conferir à coluna vertebral a curvatura característica que tantas pessoas idosas apresentam. A estatura dessas pessoas vai sendo reduzida, podendo chegar a dez ou mais centímetros de perda. As fraturas mais comuns ocorrem no fêmur, no punho e no úmero (ossos com grande porcentagem de osso esponjoso). As dores, principalmente as na coluna, surgem depois da ocorrência das fraturas vertebrais, causando pinçamento dos nervos e acarretando dores no peito, nos braços e nas pernas. Algumas medidas práticas podem ser tomadas, tais como: Retirar tapetes soltos da casa; Usar corrimão ao subir ou descer escadas; Manter claridade no trajeto do quarto para o banheiro; Habituar-se a manter um copo d'água na mesa de cabeceira; AN02FREV001/REV 4.0 87 Usar tapete antiderrapante no banheiro; Usar sapato de salto baixo; Evitar curvar-se ou carregar peso. Muito do que se atribui ao envelhecimento natural ou às suas patologias pode ser dependente, em essência, da imobilidade a que o próprio ser humano se condenou durante esse longo e importante período de vida. 9.2.2 Tratamento Fisioterápico O exercício apresenta papel fundamental na manutenção e na possibilidade de aumentar o pico de massa óssea e, teoricamente, deve ser iniciado precocemente na vida de um indivíduo a fim de minimizar as chances de aparecimento da osteoporose. O nível de exercício deve ser mantido já que os benefícios são perdidos com a descontinuidade do programa. Para minimizar os riscos do desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas por traumas repetitivos, a educação objetivando o uso apropriado do equipamento de exercício e a observação dos sinais de alerta às lesões por over use são essenciais. Exercitar seus pacientes excessivamente tem efeito deletério. O prazer de fazer alguma atividade é fundamental, em especial nos pacientes idosos. Uma vez escolhida, verifique se há necessidade de supervisão prévia e durante a realização da atividade. Alguns cuidados adicionais, porém, podem e devem ser levados em conta independente das situações: Os calçados devem ser macios, leves e com sola antiderrapante. Uma queda pode trazer sérias consequências. Incentive seu paciente a não se acanhar em usar tênis, mesmo que ele nunca tenha usado antes. Roupas leves e que permitem boa ventilação são próprias para o clima quente. No frio, recomende abrigos confortáveis, que não limitem os movimentos. AN02FREV001/REV 4.0 88 O piso deve ser regular e um pouco áspero para evitar tropeços ou escorregões. Quando for incluído exercício de solo, utilize toalha ou colchonete. A iluminação deve ser suficiente para o paciente perceber o piso, o instrutor e os companheiros. A ventilação deve ser adequada para manter o ambiente agradável. Evite o contraste abrupto de temperaturas. A descontração é fundamental para que todos os movimentos possam ser realizados no limite das possibilidades físicas do seu paciente, sem que haja uma censura. O movimento pode e deve ser utilizado não apenas para a locomoção, mas também como forma de prazer. O terapeuta deve ter um papel na prevenção de complicações mais sérias associadas à osteoporose, em geral, as fraturas. O programa de reabilitação destinado a aumentar a flexibilidade, o equilíbrio e o fortalecimento deve ajudar a prevenir quedas. Escolher a órtese mais adequada para o auxílio da marcha ensinando seu paciente a usá-Ia e também os cuidados apropriados para evitar lesões é papel do fisioterapeuta. Educar o paciente e a família com respeito aos riscos ambulatoriais e domiciliares, tais como escadas sem corrimão e sapatos de salto, também é muito importante. As intervenções medicamentosas para prevenção ou tratamento da osteoporose também têm implicações para o terapeuta. Por exemplo, a administração de estrógenos está associada ao aparecimento de êmbolos sanguíneos, acidente vascular cerebral, aumento da pressão arterial, súbitas alterações de coordenação, visão, respiração, entre outros. Entretanto, a terapia de reposição hormonal pode ser importante para o tratamento da perda da massa óssea. O objetivo da fisioterapia na osteoporose não é favorecer a aquisição de massa óssea e sim promover: • Melhora da força muscular; • Equilíbrio; • Condicionamento físico; • Coordenação; AN02FREV001/REV 4.0 89 • Amplitude de movimento; • Diminuição da dor. Devemos salientar sempre a prevenção de quedas e consequentemente o risco de fraturas. Os exercícios que podem ser realizados por indivíduos osteoporóticos são: • Caminhadas por 50 minutos, cinco vezes na semana; • Atividades para equilíbrio e coordenação; • Exercícios que envolvam situação de peso; • Atividades que envolvam a extensão da coluna. Alguns exercícios devem ser evitados como: • Aeróbica de alto impacto; • Corrida; • Salto. Esses exercícios devem ser evitados por aumentarem o risco de fraturas vertebrais por causa da fragilidade das vértebras e flexão da coluna. Ao realizar esta atividade, o paciente com osteoporose pode aumentar as forças de compressão na coluna e aumentar o risco de colapsos vertebrais. Devem ser evitadas as atividades que envolvam risco de quedas como: step, caminhada em terrenos irregulares, etc. Movimentos resistidos de fechamento e abertura de quadril também devem ser evitados, pois aumentam a chance de fraturas proximais do fêmur. AN02FREV001/REV 4.0 90 9.3 SARCOPENIA FIGURA 27 FONTE: Adam, ano. A sarcopenia nos idosos está associada a mudanças intrínsecas do tecido muscular caracterizadas por perda da massa muscular, da força e da qualidade de contração em esforço máximo. Essas alterações são causadas pela perda das proteínas musculares, pelas mudanças na proporção de tipos de fibras musculares, pela inervação, pela resistência à fadiga e pelo metabolismo para obtenção de energia. Com a diminuição da força e da potência muscular, declina também a habilidade de desenvolvimento de toques rápidos nas articulações, necessária para atividades rápidas que necessitam de força moderada, tais como recuperar o equilíbrio. As fraturas são também causas de piora no quadro de imobilização dos idosos. Próteses, principalmente de quadril por fratura fisiológica por osteoporose, são muito representativas nos idosos. Os exercícios preventivos deverão privilegiar os locais de maior risco de fraturas, tais como o quadril, a coluna e os punhos. AN02FREV001/REV 4.0 91 9.3.1 Tratamento Fisioterápico Ao programar o atendimento dos pacientes, é necessário avaliar se são portadores de osteoporose leve, moderada ou grave, se têm dores ou se apresentam fraturas. Pacientes portadores de osteopenia, constatada pelo exame de densitometria óssea, devem ser encorajados à prática de exercícios livres, musculação, modalidades esportivas, dança e exercícios posturais. A hidroterapia é uma alternativa válida para os idosos portadores de osteoporose, especialmente quando associada à osteoartrite. Exercícios de fortalecimento da musculatura extensora da coluna devem ser incentivados, assim como o alongamento dos músculos peitorais e os exercícios abdominais são importantes para a prevenção das deformidades. A postura defeituosa pode causar dor. Como a dor crônica desencadeia posturas antiálgicas,estabelece-se um círculo vicioso que deve ser avaliado e abordado adequadamente pelos fisioterapeutas. Pacientes com osteoporose moderada e grave devem ser atendidos individualmente, observando-se a presença de dores, fraturas instáveis e outras complicações. A fisioterapia dispõe de recursos eletroterápicos para o tratamento de processos dolorosos, tais como a eletroestimulação transcutânea (TENS), que podem proporcionar grande alívio nesses ou em outros casos. Para todos os pacientes portadores de osteoporose, a orientação e educação são fatores importantes da conduta fisioterapêutica. Evitar posturas em flexão; manter a coluna alinhada quando sentado, deitado e de pé; pegar objetos no chão, com os quadris e os joelhos flexionados; e evitar exercícios em posturas de flexão são providências úteis, que devem ser aconselhadas a portadores de osteoporose. Como demonstrado pela literatura, a não observância dessas orientações aumenta a incidência de fraturas vertebrais em pacientes portadores de osteoporose. A fratura do colo do fêmur é uma das complicações mais comuns da osteoporose. Nesses casos, o procedimento cirúrgico consiste em osteossínteses e AN02FREV001/REV 4.0 92 artroplastias parciais e totais, utilizadas em casos de fraturas muito instáveis ou em pacientes que já apresentam processos degenerativos da articulação do quadril. A abordagem da fisioterapia irá depender do tipo de fratura, do tratamento cirúrgico realizado e das características individuais do idoso que será submetido ao tratamento. Porém, alguns procedimentos são comuns e de grande importância na prevenção das complicações no pós-operatório imediato. A manutenção de uma boa ventilação pulmonar e a cinesioterapia de bombeamento vascular para a prevenção de tromboembolismos são condutas prioritárias com o idoso acamado. Na fase em que o paciente se encontra no leito, o incentivo às mudanças de decúbito e a proteção das áreas com proeminências ósseas (escápulas, trocânteres, calcâneos e região sacral) e de pouco tecido muscular são importantes para a prevenção de úlceras de pressão. Orientações devem ser feitas quanto ao posicionamento adequado do membro operado e às mudanças de decúbito e transferências do paciente para as cadeiras. A manutenção de um alinhamento articular contribuirá para o sucesso do procedimento cirúrgico e para prevenir deformidades futuras. Um trabalho cinesioterápico isométrico objetivando a manutenção do trofismo e da força muscular dos extensores e abdutores, bem como o fortalecimento geral da musculatura, permitirá uso de auxílios para a marcha e deambulação o mais rápido possível. Assentar o paciente o mais precocemente, em cadeiras com alturas adequadas, orientar o mesmo para a utilização de adaptadores mais altos em assentos sanitários e a realização de atividades funcionais de maneira adequada são condutas simples, mas de grande importância para a prevenção de complicações. O treino de marcha deverá ser feito dentro da individualidade do paciente. Na medida do necessário, devem ser usadas desde barras paralelas até a bengala convencional, passando por andadores e bengalas canadenses. É importante lembrar que o fortalecimento muscular geral e o treino respiratório e cardiovascular prévios contribuirão para uma marcha mais adequada, sem alterações do movimento ou desvios posturais compensatórios, ajudando, dessa maneira, a recuperar o desempenho funcional do paciente, similar àquele anterior à fratura. AN02FREV001/REV 4.0 93 A função do membro deverá ser preservada, mesmo nos casos em que não exista a possibilidade de deambulação. É frequente a instalação de um quadro de imobilidade e medo na impossibilidade da deambulação precoce, ocasionando um decréscimo no desempenho funcional, que pode conduzir a complicações e à dependência. Nesses casos, um círculo vicioso é instalado, denominado síndrome de imobilidade (imobilidade - declínio funcional geral, com descondicionamento, complicações cardiorrespiratórias, enfraquecimento muscular e prejuízo da coordenação motora e do equilíbrio - imobilidade). A síndrome de imobilidade é, então, definida como o desequilíbrio da relação normal entre o repouso e a atividade física, ocorrendo por um tempo prolongado, causando alterações fisiológicas e bioquímicas em praticamente todos os órgãos. Suas consequências podem levar a uma incapacidade maior do que a causada pela enfermidade inicial e seus comprometimentos irão depender da gravidade da doença, da duração do repouso no leito, da idade do paciente e da sua prévia capacidade física e funcional. Diversos problemas, doenças e complicações podem levar o idoso ao leito. Devemos pesquisar aquelas que são mais comuns e passíveis de intervenção terapêutica. Os déficits sensoriais, como: o prejuízo da visão; o medo de quedas; a inadequação ambiental; a falta de motivação; a superproteção familiar ou dos cuidadores; e, ainda, os quadros psiquiátricos, como depressão, ansiedade e angústia, são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento dessa síndrome. O repouso no leito é uma indicação clínica de grande valia e deve ser utilizado em casos agudos de infecções, em períodos pós-operatórios e para o restabelecimento de quadros traumáticos e inflamatórios. Entretanto, essa indicação deve ser bem criteriosa, para que os efeitos negativos de uma imobilização prolongada não se sobreponham aos seus benefícios. A intervenção precoce da fisioterapia irá evitar a instalação desse círculo vicioso e de suas comorbidades. Melhor para a saúde e bem-estar do idoso é a prevenção, tanto a que ajuda a impedir doenças, fraturas, quedas, imobilidade e incapacidade, quanto a que diminui a chance de sua ocorrência durante um eventual tratamento. AN02FREV001/REV 4.0 94 9.4 DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS Autores como Jackson (2000) consideram que as demências constituirão um problema de saúde pública crescente nos próximos 30 anos. Essa estatística relaciona-se com o aumento da expectativa de vida, presumindo-se que não haja cura ou meios de prevenir suas causas comuns. Assim, as alterações comportamentais e mentais tornam-se frequentes no idoso. 9.4.1 Demências Como algumas doenças, as demências avançam lentamente, a sua detecção precoce é difícil porque a pessoa mantém as habilidades sociais e a capacidade de compensar quaisquer déficits. Nos Estados Unidos, apenas se estima a prevalência da demência por causa da falta de uma base de dados sólida e dos problemas com o diagnóstico correto. Fundamentando-se em estudos europeus, a prevalência da demência é de 10 a 20% entre os idosos, dependendo da amostra e dos critérios de definição da demência que foram utilizados. Embora os dados publicados para os Estados Unidos sejam mínimos, estima-se que aproximadamente 15% da população acima de 65 anos de idade apresentem comprometimento cognitivo. O risco de deterioração aumenta com o avançar da idade, variando de três porcento para aqueles entre 65 e 74 anos de idade; 18,7% para aqueles entre 75 e 84 anos de idade e mais de 47% para aqueles com 85 anos de idade ou mais. Estima-se que a prevalência nos residentes em casas geriátricas com mais de 65 anos de idade é tão elevada quanto 50%. Dos idosos com um transtorno mental orgânico, calcula-se que de 10 a 20% apresentam condições reversíveis ou parcialmente reversíveis. Descreve-se a demência como um grupo de transtornos caracterizados pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos. Os fatores contribuintes podem ser os efeitos psicológicos de uma condição clínica ou os efeitos de uma substância. O AN02FREV001/REV 4.0 95 aspecto essencial da demência é o comprometimento da memória de curto e longo prazo, associado a uma diminuição no raciocínio abstrato, julgamento e outros distúrbios da função corticalsuperior. Esses fatores devem ser suficientemente graves para interferir de modo significativo no trabalho, nas atividades sociais ou no relacionamento com os outros. A memória é o aspecto mais clássico, com a retenção da capacidade de empreender novas tarefas, mostrando maior declínio que a lembrança de temas remotos. À medida que o caso progride, pode ser afetada a memória recente e remota, com a pessoa alcançando o estágio em que o reconhecimento de pessoas familiares se torna comprometido. A desorientação pode passar despercebida no início, porque o indivíduo tentará compensar a perda. O raciocínio desorganizado torna-se aparente com a incapacidade da pessoa de seguir as orientações ou de tolerar as alterações na rotina. 9.4.1.1 Tratamento fisioterápico Apesar de ser uma doença progressiva, a fisioterapia objetiva retardar o seu curso, preservando, ao máximo possível, as funções motoras. É importante orientar a família para que a estimulação das capacidades cognitivas remanescentes preserve as funções intelectuais pelo maior tempo possível. Usar sinais para a identificação de quartos e banheiros; fornecer orientação temporal, por meio de relógios e calendários visíveis; fornecer orientação espacial, mantendo uma lâmpada acesa durante a noite, não alterando a disposição dos móveis da casa, nem mexendo na rotina do paciente. Essas providências ajudam a controlar a ansiedade e a compensar os déficits cognitivos. A avaliação fisioterapêutica dependerá do comprometimento do paciente. Nas fases iniciais poderão ser avaliados todos os itens, tais como a amplitude articular, a força muscular, alterações posturais e capacidade respiratória. Entretanto, os itens relacionados à psicomotricidade deverão ser observados com maior cautela e prudência. AN02FREV001/REV 4.0 96 Coordenação, equilíbrio, lateralidade, marcha, autopercepção, imagem corporal e funções da vida diária devem ser valorizados. Nas fases mais tardias, em que o comprometimento é maior, às vezes, só é possível avaliar a mobilidade por meio de movimentos passivos; a avaliação pulmonar torna-se mais crítica, assim como histórico do paciente junto à família. Em qualquer fase, obter informações sobre a vida pregressa, como passatempos, onde nasceram, se têm filhos e netos, com o que trabalham e qual a formação escolar, é útil para estabelecer vínculo com o paciente e com sua família. O tratamento fisioterápico dependerá das necessidades do paciente, mas a criatividade do fisioterapeuta na escolha das atividades é muito importante. A cinesioterapia pode ser utilizada para manter ou melhorar a amplitude e a força muscular. Nas fases iniciais, um programa de alongamento, exercícios com carga e exercícios aeróbicos são necessários para prevenção de problemas osteomusculares e cardiovasculares. Um programa com exercícios respiratórios também é necessário para a manutenção da capacidade pulmonar. A psicomotricidade deverá ser estimulada com maior ênfase à lateralidade, à autoimagem, à percepção corporal, à coordenação e ao equilíbrio. Os recursos da massoterapia e da ginástica holística, com uso de bolas, bastões e escovas, podem contribuir positivamente. Jogos e músicas são excelentes recursos que estimulam a concentração, os movimentos e os reflexos. Os recursos lúdicos facilitam a participação do paciente, mas o fisioterapeuta deverá posicionar- se na sua frente, usar comando de voz, orientar todas as fases dos movimentos e, se necessário, executar junto com ele. A orientação quanto ao tempo e espaço e a estimulação da memória e do raciocínio complementam a terapia. Pode-se, por exemplo, nomear os exercícios para tentar pedi-los pelo nome ao paciente. Alterações de humor e agressividade podem ser sinais de fadiga ou dor. O profissional deverá estar atento e sensível para captar as alterações que o paciente possa apresentar durante a terapia. Nas fases iniciais, trabalhar com grupos pode ser uma alternativa interessante para o trabalho fisioterápico, uma vez que o contato com outras pessoas pode estimular a participação do paciente. Com a evolução da doença, no entanto, pode ser necessário um tratamento individualizado, AN02FREV001/REV 4.0 97 e, algumas vezes, o atendimento domiciliar pode ser a única alternativa em razão das limitações. 9.4.2 Doença de Alzheimer A DA contribui com 60% dos casos de demência. Os episódios geralmente são herdados e caracterizados pelo início precoce, com sintomas iniciando em torno de 50 anos de idade. A complementação do diagnóstico só se fará mediante autópsia após a morte. Nos estágios finais apresentam apatia, dificuldade de linguagem, depressão e completa falta de conhecimento dos familiares. FIGURA 28 FONTE: Rebelatto, 2007. 9.4.3 Delirium AN02FREV001/REV 4.0 98 A palavra “delirium” deriva do latim delirare, que literalmente significa “fora dos trilhos”; em sentido figurado, quer designar “estar perturbado, desorientado”. É uma manifestação neuropsiquiátrica de doença orgânica, que acomete principalmente pacientes idosos, especialmente hospitalizados. É definido como uma “Síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica”, caracterizada pela presença simultânea de perturbações da consciência e atenção, da percepção, do pensamento, da memória, do comportamento psicomotor, das emoções e do ritmo sono-vigília. A duração é variável e a gravidade varia de formas leves a muito graves. Qualquer condição que comprometa a função cerebral pode causar delirium. Entre as causas clínicas em idosos destacam-se os processos infecciosos, particularmente pneumonia e infecção do trato urinário, afecções cardiovasculares, cerebrovasculares, pulmonares que causam hipóxia, e distúrbios metabólicos. Vários grupos de fármacos também podem contribuir para o delirium, condições cirúrgicas também podem ser fatores etiológicos, bem como fatores psicossociais como estresse psicológico de hospitalização e ambiente não familiar. O principal diagnóstico diferencial é com a demência. A história é fundamental, pois informações sobre início agudo e curso flutuante dos sintomas. A depressão pode lembrar mais sintomas de delirium hipoativo, com comportamento apático, linguagem lentificada e distúrbios do sono, mas de maneira gradual (depressão). O tratamento envolve a correção da sua causa. TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DA DEPRESSÃO E DEMÊNCIA CARACTERÍSTICAS Depressão Demência PROGRESSÃO Rápida Lenta ATENDIMENTO MÉDICO Mais precoce Mas tarde VALOR QUEIXA Detalhada Ausente O QUE É VALORIZADO Fracassos Sucessos ESFORÇO E DISPOSIÇÃO Pouco Mantido SOCIABILIDADE Perdida Mantida AN02FREV001/REV 4.0 99 PIORA MANHÃ TARDE INÍCIO PRECISO INDETERMINADO FONTE: Guccione, 2002. 9.4.4 Depressão no Idoso Situações psicossociais tradicionalmente ligadas ao envelhecimento, como pobreza, viuvez, institucionalização e solidão, são relatadas como fatores de risco para o desenvolvimento de sintomas depressivos. No seu processo de envelhecimento, os indivíduos se defrontam com fortes mudanças no seu papel social, destacando-se, entre essas, a ocasionada pela aposentadoria. Tem-se observado que a maioria das pessoas aposenta-se sem preparar-se devidamente, sem um projeto definido, o que, frequentemente Ieva à diminuição da autoestima, do ritmo das atividades e do interesse pelo cotidiano. As perdas, especialmente a morte do cônjuge, de filhos ou de amigos próximos, muitas vezes, atuam como fatores desencadeantes de sintomas e transtornos depressivos ou de ansiedade. 9.4.5 Acidente Vascular Encefálico (AVE) FIGURA 29 FONTE: Gettyimagem. Disponível em: <www.gettyimages.pt/Brasil>. Acesso em: 06/10/2011. AN02FREV001/REV 4.0 100 Pode ser definido como qualquer alteração na qual umaárea cerebral é, transitória ou definitivamente, afetada por isquemias ou sangramentos decorrentes de processos patológicos nos vasos cerebrais. Inicialmente os déficits neurológicos observados refletem a lesão decorrente da extensão do núcleo (região de necrose neuronal) e da zona de penumbra (região peri-infarto), caracterizada por neurônios em mínima atividade. 9.4.6 Doença de Parkinson (DP) FIGURA 30 FONTE: Arquivo Pessoal, ano. Está compreendida dentro da síndrome parkinsoniana, que pode apresentar diversas etiologias; porém a prevalência da doença de Parkinson, de origem idiopática, aumenta em cerca de 10 vezes na população acima de 60 anos. Essa doença caracteriza-se pela destruição de neurônios dopaminérgicos localizados na substância negra, provocando um quadro clínico constituído por acinesia, rigidez, tremor e instabilidade postural. O diagnóstico médico é determinado clinicamente por meio de exames de neuroimagem. AN02FREV001/REV 4.0 101 9.4.6.1 Tratamento fisioterápico Especificamente em relação à população idosa que apresenta sinais neurológicos decorrentes da presença ou não de doenças, o fisioterapeuta deve rever vantagens e desvantagens de cada intervenção. Enquanto a qualidade do movimento é importante para adequada funcionalidade, pode-se reconhecer que a restauração do movimento normal torna-se um objetivo inatingível. Deve haver um equilíbrio entre reeducação de padrões normais de movimento e aceitação da compensação desejada e necessária. É importante ressaltar que a intervenção fisioterápica no idoso tem como principal objetivo restaurar ou manter a funcionalidade. Assim, a avaliação descrita anteriormente torna-se um instrumento extremamente útil para o rastreamento dos fatores de risco, considerando que a maioria das informações pode ser obtida por anamnese ou observação do ambiente em que esse indivíduo permanece com maior frequência. Nesse sentido, tal instrumento será útil para fornecer um conjunto de orientações domiciliares e de atividades de vida diária. Porém, para a maioria dos indivíduos nessa faixa etária é necessário avaliar os fatores intrínsecos (inerentes ao organismo), especificamente os sistemas que atuam sobre o controle postural, possibilitando identificar quais os impedimentos para posteriormente intervir. Entender os fatores cognitivos é uma etapa importante no processo de avaliação, uma vez que déficits de alerta, atenção, memória ou julgamento podem afetar o desempenho do paciente durante a avaliação. A maioria dos aspectos da função cognitiva é avaliada subjetivamente com base em observações. Mesmo idosos sem doenças instaladas podem apresentar deficit de memória ou compreensão, requerendo do fisioterapeuta adoção de algumas estratégias como dar ordens simples certificando-se de que o paciente entendeu o objetivo da tarefa, aumentar a motivação incentivando de modo verbal o desempenho da tarefa, bem como organizar as tarefas em uma sequência crescente de dificuldade para melhorar o desempenhar e manter um nível adequado de alerta para o desenvolvimento do aprendizado, ou seja, diminuir estímulos externos para AN02FREV001/REV 4.0 102 pacientes agitados e aumentar a qualidade de estímulos para pacientes depressivos. A instabilidade pode resultar de alteração no sistema neuromuscular por incapacidade de gerar e coordenar adequadamente as forças necessárias para mover o centro de gravidade. Dessa forma, quedas de força decorrentes das alterações no recrutamento e do tempo de ativação das unidades motoras, além de alterações sensoriais e perceptuais, podem interferir no desempenho do controle postural e da tarefa decorrente de problemas relacionados com a execução e o planejamento motor. Apesar de a instabilidade estar diretamente relacionada com a perda de equilíbrio em idosos associado à diminuição da função nos sistemas musculoesquelético e neuromuscular, essa diminuição da função do controle postural (equilíbrio) pode ser revertida por meio de treinamento. Esse treinamento pode incluir exercícios aeróbios, de força muscular ou equilíbrio. Alguns estudos demonstram que a melhora do equilíbrio, ou seja, do controle postural, ocorre de forma mais significativa quando o treinamento enfatiza a utilização de diferentes aferências sensoriais, integrando essas aferências sob condições de redução ou alteração desses estímulos sensoriais. Assim, pode ser realizado tal treinamento instruindo o paciente a permanecer em pé sobre superfícies instáveis, por exemplo, pranchas de equilíbrio ou espumas de diferentes densidades associadas à restrição visual ou alteração visual (fechamento dos olhos ou utilização de lentes para alterar a informação visual, respectivamente). O treinamento do controle postural baseado em estímulo sensorial provoca melhor reeducação do equilíbrio por execução que estiver inadequada, decorrente de alteração da amplitude de movimento ou déficit de força, tal melhora não será observada, sendo necessário realizar exercícios para alongamento e fortalecimento muscular anteriormente ao treino de equilíbrio. Outro distúrbio que afeta o controle da postura e a coordenação dos movimentos de múltiplas articulações é a ataxia, termo geral para decomposição de movimentos, podendo ser decorrente de déficits nos sistemas sensorial, vestibular e cerebelar. AN02FREV001/REV 4.0 103 A ataxia é essencialmente um distúrbio decorrente da incapacidade do paciente em processar o estímulo sensorial, dessa forma o movimento será realizado a partir de estratégias compensatórias para manter a estabilidade e a orientação do corpo no espaço. Na maioria dos casos, o tratamento da ataxia tem como objetivo melhorar a função do sistema sensorial parcialmente afetado sem sobrecarga dos sistemas restantes. Essa abordagem considera que a repetição adequada dos estímulos e, consequentemente, da resposta motora gera aprendizado motor, mesmo em longo prazo, com a vantagem de treinar o sistema deficitário e não sobrecarregar os outros sistemas como o visual e o somato sensorial. Como nos casos de aplicação de pesos para aumentar a resistência ao movimento e, assim, transmitir mais estímulos sensoriais. FIGURA 31 - PACIENTE EM TREINAMENTO DE EQUILÍBRIO DE TRONCO FONTE: Rebelatto, 2007. FIGURA 32 - TREINO DE MARCHA AN02FREV001/REV 4.0 104 FONTE: Rebelatto, 2007. O treino de marcha vai depender de cada patologia e de cada caso. Dentro dos tratamentos foram colocados alguns aspectos que devem ser observados. 9.5 DISFUNÇÕES CARDIOCIRCULATÓRIAS FIGURA 33 Fonte: Getty Images. Disponível em: <www.gettyimages.pt/Brasil>. Acesso em: dia/mês/ano. Atualmente a doença da artéria coronária ou coronariopatias em idosos, é considerada um problema de saúde pública, pois vem atingindo proporções epidêmicas principalmente nos países industrializados. Nos Estados Unidos, as coronariopatias são as principais causas de morte, de incapacidade funcional e de perda de poder econômico. AN02FREV001/REV 4.0 105 9.5.1 Principais Doenças da Artéria Coronária A angina de peito ou angina pectoris é caracterizada por dor ou desconforto paroxístico no tórax, tem curta duração e é aliviada pelo repouso. A angina surge quando as necessidades metabólicas do miocárdio excedem a oferta de sangue oxigenado que flui pelas artérias coronárias. Isso ocorre em razão da obstrução do fluxo sanguíneo por placas de ateroma ou por vasoespasmo. 9.5.2 Infarto Agudo do Miocárdio É uma necrose do músculo miocárdio decorrente de um comprometimento da irrigação sanguínea causada pela oclusão da artéria coronária que irriga a área afetada; a oclusão ocorre normalmente em virtude da presença de placas ateroscleróticas equantidades variadas de trombose superpostas. Quatro quintos dos infartos ocorrem em indivíduos com idade por volta dos 65 anos, porém, isso não descarta a possibilidade de ocorrência em indivíduos de meia-idade e idosos mais avançados. O paciente idoso deve ser avaliado de forma minuciosa, principalmente quando apresenta outras doenças que fazem parte dos fatores de risco para a doença coronariana. As próprias mudanças fisiológicas e morfológicas que ocorrem naturalmente com o processo de envelhecimento predispõem essa população às instabilidades cardiovasculares. Ocorre também em razão da existência de grande número de alterações cardiovasculares associadas a um histórico de vida, tais como: sedentarismo, alimentação inadequada, tabagismo, além da hipertensão arterial, diabetes, entre outras doenças que contribuem para maior incidência de IAM à medida que o adulto envelhece. AN02FREV001/REV 4.0 106 Na internação do paciente com IAM o papel do fisioterapeuta é fundamental, principalmente quando se trata de idosos que, em geral, evoluem com complicações pulmonares e vasculares periféricas relacionadas com o imobilismo, pois esse paciente permanecerá em repouso no leito por um período de 24 a 48 horas. Nesse momento, o fisioterapeuta deve saber avaliar muito bem o paciente e, embora nas primeiras horas pós-infarto não é aconselhado o submeter ao esforço físico, pode-se solicitar respirações profundas, tosse e acompanhar de perto a evolução desse paciente para evitar as complicações decorrentes do período do imobilismo. Após as primeiras 24 a 48 horas de permanência no leito hospitalar, os pacientes com IAM não complicados já poderão ser mobilizados, evitando assim os efeitos indesejáveis do imobilismo. Essa mobilização deverá ser feita de forma gradual, evitando exercícios isométricos para não aumentar a sobrecarga cardíaca. No primeiro dia após o período de repouso citado (24 a 48 horas), o paciente deverá ser incentivado a sentar-se com as pernas para fora do leito. Esse procedimento deverá ser realizado vagarosamente, pois poderá ocorrer episódio de hipotensão postural pela mudança do decúbito. Quando o paciente estiver habituado com a posição será possível levá-Io para a poltrona ao lado do leito, onde deverá permanecer por um período curto, aproximadamente o tempo de arrumação do quarto. No segundo dia, o paciente poderá estar utilizando a pia e permanecer sentado fora do leito por um período maior, desde que não apresente nenhum episódio de dor ou sintomas de IAM. No terceiro dia, poderá sair da cama e permanecer na poltrona durante dois períodos, sendo um pela manhã e outro à tarde. No quarto dia iniciaremos a deambulação pelo quarto que será estendida ao corredor nos dias que se seguirão caso o paciente se mantenha estável. 9.5.3 Hipertensão AN02FREV001/REV 4.0 107 A hipertensão arterial é um dos principais fatores associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como aterosclerose coronariana e a insuficiência cardíaca, bem como de outras doenças como insuficiência renal e derrames cerebrais. Apesar de tantos malefícios, a hipertensão arterial é ainda muito negligenciada por alguns pacientes. Vários fatores têm contribuído para esse descaso, por exemplo, o fato de a hipertensão quase sempre não apresentar qualquer sintoma, o que muitas vezes dificulta o diagnóstico e a adesão ao tratamento. A hipertensão arterial é a doença crônica degenerativa mais comum em nosso meio, estimando-se que sua prevalência na população adulta acima de 50 anos seja de 15%. Essa doença constitui um importante fator de risco coronário, estando relacionada com 40% dos óbitos por doenças cardiovasculares e com o aumento do risco de complicações, tais como acidente vascular cerebral (derrame), infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca. Os dados epidemiológicos mostram aumento da incidência com o envelhecimento, sendo que entre os pacientes com idade superior a 75 anos mais da metade são hipertensos. O exercício físico, com duração mínima de 30 minutos por dia e intensidade adequada, auxilia substancialmente a reduzir a pressão arterial, além de promover o bem-estar daqueles que o realizam. É importante considerar os seguintes aspectos para a reabilitação cardíaca em idosos: • Ambiente e exercícios apropriados: a idade mais avançada, em geral, compromete o estilo de vida, já que o surgimento de artrite diminui a flexibilidade. Nesse caso, a atividade física cuidadosa pode ser benéfica, utilizando-se local de treinamento amplo, de preferência no mesmo plano e em superfície lisa. • Exercício e medicação: no indivíduo mais idoso, vale à pena salientar que a relação fisiológica e farmacológica é processada, às vezes, com diferentes peculiaridades na absorção, no metabolismo, na distribuição. Portanto, diante desses tipos de respostas do idoso recomendam-se cuidados especiais com a hipotensão arterial sistêmica, a arritmia em indivíduos que usam hipotensores e AN02FREV001/REV 4.0 108 diuréticos, os fármacos atuantes na função cognitiva (hipnótico, alfa agonista central e beta adrenérgico), os quais podem, eventualmente, precipitar isquemia cerebral. 9.5.4 Programa de Exercícios O programa de exercícios físicos tem o objetivo de levar o paciente a alcançar um condicionamento físico satisfatório, melhorar a eficiência dos batimentos cardíacos, proporcionar a vascularização colateral, além de fazer com que o paciente incorpore a atividade física nas suas atividades diárias. A cada sessão o paciente deverá iniciar suas atividades com exercícios leves de aquecimento, fazendo caminhadas, exercícios de membros superiores e inferiores, preparando-se para o período de atividade mais intensa em esteira ou em bicicleta ergométrica. A prescrição de protocolos individuais em rotina clínica deverá incluir um conjunto de dados para compor a linha de base, instruções para um aquecimento apropriado, descrições de exercícios de força e resistência para os membros e o tronco, e descrições de alongamentos e exercícios respiratórios para compor o desaquecimento. A fase pós-alta consiste na fase subaguda ou pós-hospitalar, com duração mínima de seis a oito semanas e máxima de 17 semanas. Tem como objetivos aumentar a capacidade aos esforços, trabalhar musculatura respiratória, assegurar continuidade ao programa, avaliar as cargas de trabalho leves a moderadas, informar sobre a monitorização, criar hábitos saudáveis no indivíduo e educar o paciente quanto ao controle dos fatores de risco. Mostram-se ainda outros objetivos com a RCV (reeducação cardiovascular), como: em longo prazo, estabilizar ou reverter o processo aterosclerótico; diminuir a morbimortalidade cardiovascular, melhorando a sintomatologia de angina de peito e as manifestações de disfunção ventricular esquerda; estimular a readaptação social, diminuindo ou eliminando a ansiedade e a depressão que podem acompanhar os idosos após um evento coronário; educar o paciente sobre sua doença, revelando as possíveis intercorrências e demonstrando-lhe a possibilidade da interferência favorável dessas medidas preventivas na sua evolução. AN02FREV001/REV 4.0 109 FIGURA 34 – TESTE ERGOMÉTRICO FONTE: Rebelatto, 2007. 9.6 DISFUNÇÕES RESPIRATÓRIAS O idoso é mais propenso a apresentar problemas respiratórios e a desenvolver quadros de insuficiência respiratória, podendo manifestar atelectasias, reter secreções e sofrer infecções respiratórias. Os sintomas respiratórios agudos estão entre as razões mais comuns de enfermidades respiratórias nos idosos e acabam por necessitar de atenção médica e fisioterápica. Além das manifestações clínicas das doenças respiratórias crônicas desempenharem um importante papel na função respiratória reduzida, hospitalizaçõesagudas e taxa de mortalidade alta são observadas em indivíduos mais velhos. 9.6.1 Doenças Pulmonares que mais Acometem o Idoso AN02FREV001/REV 4.0 110 FIGURA 35 FONTE: Cobbis, ano. 9.6.1.1 Infecções As infecções têm valor importante no idoso, particularmente aqueles que são inválidos e institucionalizados. Muitas acontecem com mais frequência na idade avançada e determinam morbidez e taxas de mortalidade maiores no idoso que no jovem. Considerando que muitas dessas enfermidades são evitáveis ou curáveis, é importante uma boa compreensão do diagnóstico, do tratamento e da prevenção de infecções associadas ao processo de envelhecimento. Cerca de 40% das camas de hospital são ocupadas por pacientes geriátricos e cinco porcento dos pacientes com idade avançada residem em instituições de cuidado em longo prazo. Fatores como, baixa reserva fisiológica, presença de doenças crônicas subjacentes, demora no diagnóstico em razão de apresentações clínicas atípicas levam ao atraso no tratamento terapêutico, taxas mais altas de antibiótico adverso e outras interações de droga, e complicações resultantes de procedimento diagnóstico invasivo, acrescentando um quadro de morbidez e mortalidade nas doenças infecciosas no idoso. Apesar das técnicas sofisticadas de diagnóstico e das novas terapias, as infecções respiratórias continuam sendo preocupantes enfermidades entre os idosos. A pneumonia prossegue sendo o inimigo especial da velhice. AN02FREV001/REV 4.0 111 A infecção por vírus da gripe é talvez o exemplo mais dramático da importância da infecção respiratória nesses grupos de idosos. Apesar da importância clínica da infecção da gripe no meio de pessoas idosas e da disponibilidade de métodos de imunização segura e barata, a administração anual de vacina no meio de pessoas com mais de 65 anos na maioria das comunidades ainda é pequena. Sabe-se que a imunização da gripe reduz as taxas de hospitalização em 50% e as de mortalidade em 40 a 55%. A imunização anual de pessoas acima de 65 anos talvez seja a prática de menor custo que os médicos podem proporcionar como cuidados primários para pacientes idosos. 9.6.1.2 DPOC A DPOC é uma doença que causa grande impacto social, pois é incapacitante, necessita de alto investimento para que seja mantido o tratamento do paciente e leva à morte prematura de indivíduos que poderiam estar em plena atividade produtiva. A mortalidade por DPOC abaixo de 45 anos é baixa, aumentando com a idade. Os fatores de risco para o aparecimento e desenvolvimento da DPOC são: os ambientes que propiciam a inalação da fumaça do cigarro, da poeira e de substâncias químicas; a desnutrição; as infecções constantes na infância, entre outros. O estudo da oxigenação arterial é um dado importante e pode ser feito de forma não invasiva com o uso do oxímetro de dedo. Nele se analisa a saturação arterial da hemoglobina (SP02). É um exame prático, rápido, não expõe o paciente a riscos e é barato. A gasometria feita com o sangue arterial é um processo invasivo e doloroso para o paciente, por isso deverá ser colhida quando a SP02 estiver abaixo de 88% ou a doença estiver em grau moderado para grave, nesses casos, com a finalidade de analisar o nível do gás carbônico e o grau de hipoxemia, para saber se o paciente tem ou não indicação de uso de oxigenoterapia. AN02FREV001/REV 4.0 112 9.6.2 Tratamento Ambulatorial e Reabilitação Pulmonar O uso das técnicas fisioterápicas terá o objetivo de promover a eliminação de secreção com o auxílio das manobras de higiene brônquicas, a reexpansão pulmonar, a reeducação respiratória e as atividades da vida diária. Além disso, devem ser realizados exercícios de fortalecimento muscular, alongamento e condicionamento físico, objetivando o aumento da mobilidade torácica e corporal, bem como maior eficiência do ato respiratório e da funcionalidade global. Dessa forma, o fisioterapeuta respiratório deve atuar na prevenção de recidivas do aparecimento de quadros infecciosos pulmonares nos pacientes crônicos, além de desempenhar função curativa, nos casos agudos, e educacional para todos os pacientes, familiares ou cuidadores. Para que haja sucesso no emprego da fisioterapia respiratória é necessário que o fisioterapeuta tenha conhecimento da fisiologia e da anatomia humana, da biomecânica da respiração, bem como dos mecanismos e dos agentes causadores das doenças pulmonares. Segundo a American Heart Association (AHA), para que haja sucesso no tratamento é importante que o paciente realize exercícios aeróbios, pelo menos três vezes por semana, com duração mínima de 20 a 30 minutos. Já o American College of Sports Medicine (ACSM) preconiza que a frequência utilizada deve ser de três a cinco dias por semana, com duração de 20 a 60 minutos por sessão, dependendo da intensidade. De qualquer forma, o importante é que o exercício seja capaz de promover algumas alterações, tais como: aumento da capilarização muscular, aumento das mitocôndrias e do metabolismo oxidativo, que levarão o paciente a melhorar o condicionamento físico. A dispneia nos pacientes com DPOC ocorre pelo desequilíbrio entre a necessidade ventilatória aumentada e a limitação da capacidade pulmonar. O aumento da necessidade ventilatória ocorre porque esses pacientes apresentam alteração da relação ventilação/perfusão, aumento na relação espaço morto/volume corrente, ocorrência de hipoxemia arterial e aumento do comando neural. AN02FREV001/REV 4.0 113 Por outro lado, a diminuição da capacidade pulmonar ocorre pela fadiga muscular respiratória, secundária ao aumento do trabalho ventilatório pela obstrução brônquica e pela desvantagem mecânica causada pela insuflação pulmonar, com inadequação da curva tensão versus comprimento. É importante avaliar inicialmente o estado físico respiratório do paciente, para estudo comparativo. A espirometria estará medindo os volumes e as capacidades pulmonares, além de fornecer dados como o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e a relação entre capacidade vital forçada e volume expiratório forçado no primeiro segundo (CVF/VEF1), que provê o grau de obstrução e a gravidade do estado do paciente. Para potencializar a ação e os resultados dessas técnicas, alguns recursos são bastante utilizados, os quais estão descritos a seguir: Inaloterapia ou Aerossolterapia: tem a finalidade de umedecer a secreção brônquica, que pode encontrar-se muito espessa e aderida à parede do brônquio, dificultando sua eliminação. O uso da inaloterapia na forma de nebulização, usando NaCl a 0,9%, é feito antes ou durante a terapia dependendo da avaliação das condições do paciente, com o objetivo de aumentar o volume da secreção expectorada. Em alguns casos é possível associar a inaloterapia ao uso de broncodilatadores e às terapias de higiene brônquicas, aumentando a eficiência do medicamento e da própria higiene brônquica. FIGURA 36 - PACIENTE REALIZANDO INALOTERAPIA FONTE: Rebelatto, 2007. AN02FREV001/REV 4.0 114 Flutter: esse equipamento combina as técnicas de pressão positiva expiratória com oscilações de alta frequência na abertura da via aérea, com o objetivo de prevenir e tratar o colapso pulmonar por rolhas mucosas, além de aumentar a eliminação de secreções pulmonares. O flutter é um aparelho parecido com um cachimbo de haste curta e bocal. Na parte distal encontra-se um recipiente, em seu interior existe uma peça em forma de funil sobre a qual repousa uma bola pequena de aço estéril de alta densidade e o recipiente é envolvido por uma cobertura plástica perfurada. O paciente deverá colocá-lo entre os lábios e realizar expiração bucal. FIGURA 37 - PACIENTE UTILIZANDO O APARELHO FLUTTER FONTE: Rebelatto, 2007. Exercício respiratório com inspiração fracionada: a inspiração deverá ser nasal, suave, porém pequena e interrompida por períodos de apneia pós- inspiratória e programada em até seis tempos. As várias inspirações deverão ser realizadas dentro de um mesmo ciclo respiratório e a expiração deve ser pela boca. AN02FREV001/REV 4.0 115 Deve atingir níveis próximos ao volume de reserva expiratória. Essa técnica poderá melhorar a complacência pulmonar. (VELLOSO, 2008). Alguns equipamentos podem ser utilizados para auxiliar na terapia de reexpansão pulmonar, entre esses merecem destaque os que estão descritos a seguir: Inspirômetro de incentivo: é um equipamento utilizado há muitos anos como terapia respiratória profilática segura e bem aceita pelo paciente. O principal objetivo desse aparelho é incentivar uma inspiração profunda. Existem muitos aparelhos que proporcionam o incentivo de respirações profundas, entre eles encontram-se os incentivadores a volume e a fluxo, sendo os inspirômetros a fluxo os mais utilizados por causa do custo. Esse recurso terapêutico é indicado para pacientes com bom nível de consciência, que tenham condições de entender o uso do equipamento e que também colaborem com a execução do tratamento, pois eles deverão utilizá-Io mesmo quando o fisioterapeuta não estiver presente. FIGURA 38 - PACIENTE REALIZANDO TREINAMENTO DOS MEMBROS INFERIORES NA ESTEIRA ROLANTE MONITORADO COM OXÍMETRO DE PULSO FONTE: Rebelatto, 2007. AN02FREV001/REV 4.0 116 9.7 DISFUNÇÕES URINÁRIAS E SEXUAIS FIGURA 39 – SISTEMA URINÁRIO FONTE: Cobbis, ano. Segundo Reis (2003), a incontinência urinária tem prevalência no idoso de 8 a 34% segundo o critério ou método de avaliação. As causas mais importantes são: alterações dos tecidos da senilidade que acometem o trato urinário inferior e o assoalho pélvico, do sistema nervoso central e periférico, alterações hormonais como a menopausa, poliúria noturna, alterações psicológicas, hiperplasia prostática, doenças concomitantes, como câncer, e efeitos colaterais de medicamentos. A incontinência pode ser transitória ou permanente. Além da anamnese cuidadosa para caracterizar as perdas urinárias, a busca de causas associadas ou concomitantes e o diário miccional, indica-se com frequência os exames especializados como a urodinâmica. TABELA 2 – INCONTINÊNCIA URINÁRIA NO IDOSO AN02FREV001/REV 4.0 117 FONTE: Acta Cir. Bras., ano. Incontinência fecal é a perda involuntária de fezes ou gases via anal. É um problema de saúde que atinge aproximadamente 11% da população mundial acima dos 45 anos. No Brasil, 50,9% da população referem alguma disfunção sexual. Tem origem orgânica, psíquica e sociocultural. A fisioterapia irá atuar apenas nas disfunções de origem orgânica. A fisioterapia, nesses casos, utiliza técnicas preventivas (estimulação elétrica, biofeedback, cinesioterapia), de conscientização corporal, treinamento vesical e esfincteriano e fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico (períneo). 9.7.1 Técnicas Fisioterapêuticas para Revitalização Geriátrica É uma atividade realizada em grupos de até 20 pessoas, mas, em geral, dependerá do tamanho do local onde será desenvolvida. Normalmente, deve-se utilizar uma sala arejada e clara, com piso antiderrapante, com, no mínimo, 50 m2 de superfície e temperatura ambiente entre 18 e 20°. Cada sessão deve durar entre 50 e 55 minutos e devem ser realizadas pelo menos duas vezes por semana, sendo a quantidade ideal e aconselhável três vezes por semana. No início de cada sessão deverá ser verificada a presença dos inscritos AN02FREV001/REV 4.0 118 e aprovados e ser feita uma rápida inspeção da indumentária: roupa cômoda, larga, de tecido leve (algodão ou similar) e calçado esportivo (tênis) com sola antiderrapante. A sessão começa com um período curto (cinco a sete minutos) de aquecimento e alongamento dos principais grupos musculares. Em seguida, são trabalhados componentes de mobilidade e força, dedicando-se em todas as sessões aos distintos segmentos corporais e combinando exercícios de força e mobilidade, com duração aproximada de 15 minutos. Posteriormente, inicia-se uma marcha lenta que, pouco a pouco, converte em corrida (se os participantes estiveram aptos a correr; nos casos de impossibilidade, realiza-se a marcha com realização de gestos exagerados), finalizando com retorno gradual à marcha lenta. Esse período dura, aproximadamente, três minutos, com a corrida tendo duração de menos de um minuto. Nesse momento da sessão, descansa-se, procedendo à hidratação com um copo de água ou qualquer suco com componentes antioxidantes. Os 15 ou 20 minutos seguintes devem ser dedicados a exercícios de coordenação, agilidade e equilíbrio, utilizando-se materiais como bolas, pequenos alteres, massas, entre outros, combinados com jogos ou brincadeiras cooperativas. A sessão é finalizada com exercícios respiratórios e de relaxamento. É conveniente, em algumas sessões, controlar a frequência cardíaca para que todos os exercícios sejam realizados em um patamar de 70 a 80% da frequência cardíaca aeróbia máxima para a idade. Também é importante lembrar que exercícios em decúbito supino que demandem carga sobre a zona dorsal e movimentos exagerados de tronco ou pescoço estão contraindicados. À medida que ocorreram aumento da força muscular manual e manutenção de graus aceitáveis de flexibilidade corporal e de consumo máximo de oxigênio, é possível pressupor que tais aspectos também determinaram maior facilidade para a realização de atividades de vida diária (AVDs) e atividades instrumentais de vida diária (AIVDs). Em síntese, os graus de independência funcional tendem a ser maiores e, por decorrência, incrementam-se a satisfação geral e a qualidade de vida. AN02FREV001/REV 4.0 119 FIGURA 40 – EXERCÍCIOS INDICADOS A PESSOAS IDOSAS FONTE: Rebelatto, 2007. FIM DO MÓDULO IV AN02FREV001/REV 4.0 120 GLOSSÁRIO Ácido gama-aminobutírico: é o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central dos mamíferos. Catecolaminas: são compostos químicos derivados do aminoácido tirosina. Colina acetiltransferase: é uma enzima liberada pelos neurônios da placa motora. Deletérias: prejudiciais. Demográficas: referente a populações. Efusão: derramar ou entornar. Estereótipos: é a imagem preconcebida de determinada pessoa. Estocástica: está relacionado com o acaso. Expectativa de vida: é a média de anos que um indivíduo pode ainda viver. Gerontologia: ciência que estuda o envelhecimento. Homeostase: autorregulação. Inexorabilidade: austeridade, crueldade. Lipofucsina: é um pigmento tido como resto de membrana mitocondrial, que sofreu ação de radicais livres. É um material insolúvel que é fagocitado e se acumula nas células. Modus vivendi: modo de viver. Monoaminoxidase: presente em animais cuja ação é degradar. Morbidades: taxa de portadores de determinada doença. Mucopolissacarídeos: são compostos hidratados que fazem gel. Paroxístico: ataque repentino. Psicocognitivas: é a capacidade psicológica que temos de adaptação a diferentes situações. Senectude: velhice. Senescência: envelhecimento. Turnover: começar vida nova. AN02FREV001/REV 4.0 121 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREITAS, E. V.; PY, L.; CANÇADO, F. A. X.; DOLL, J.; GORZONI, M. L. Tratado de geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2006. GUCCIONE, A. A. Fisioterapia geriátrica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara- Koogan, 2002. PAPALEO NETTO, M. Tratado de Gerontologia. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: Ateneu, 2002. REBELATTO, J. R. Fisioterapia Geriátrica: a prática de assistência ao idoso. 2. ed. rev. ampl. Barueri, SP: Manole,2007. FIM DO CURSO! TRIA E GERONTOLOGIA