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Trauma Torácico Referência: Guia de Trauma - UNIFESP Maria Luíza Lacerda - 22/08/22 Introdução ● classificados em: ○ contusões (traumatismos fechados) ○ ferimentos (traumatismos abertos) ● anamnese → informações valiosas sobre o mecanismo de trauma ● médico socorrista deve ter habilidade para executar os procedimentos iniciais ○ punção e drenagem pleural ○ intubação orotraqueal ○ cricotireoidostomia e traqueostomia ● padronização do atendimento aos pacientes politraumatizados - ATLS ● trauma torácico leva a repercussões na fase inicial, geralmente em A, B e C na avaliação contusões torácicas ● principal causa = acidentes automobilísticos Fratura Simples de Costela ● lesão óssea da parede torácica mais comum ● isolada ou associada a pneumo/hemotórax ● crianças apresentam menos fraturas costais (elasticidade dos ossos) ● fraturas dos últimos arcos → lesão de fígado ou baço ● fraturas dos primeiros arcos → traumas graves com possíveis lesões vasculares ● diagnóstico ○ dor ○ possível crepitação à palpação do ponto fraturado ○ RX = solução de continuidade na costela (interrupção) ● conduta ○ sedação da dor ○ enfaixamento torácico deve ser evitado = pouco eficiente e restringe a mobilização Fraturas Múltiplas de Costela ● afundamento torácico ● traumatismos mais graves do tórax ● fraturas de 2 ou mais arcos costais em mais de um local → tórax instável ● perda da rigidez do envoltório ósseo → movimento paradoxal do tórax (parte fraturada se movimenta de forma diferente do restante) ● contusão pulmonar → insuficiência respiratória do paciente ● diagnóstico ○ inspeção = movimento paradoxal do tórax (abaulamento na expiração e depressão na inspiração) ○ palpação = crepitação nos arcos costais à respiração e dor intensa ○ RX = múltiplas soluções de continuidade ○ TC = não é essencial, mas pode revelar intercorrências pleurais, laceração pulmonar e pneumomediastino; útil na avaliação da extensão do dano parenquimatoso ● conduta ○ sedação da dor = analgésicos comuns ou anestesia peridural torácica ○ tórax instável muito evidente → colocar peso (1 kg) sobre a região afetada e fixá-lo com esparadrapo (paliativo) ○ tratar complicações pleurais (pneumo/hemotórax) ○ sinais de insuficiência respiratória → intubação e ventilação mecânica Fratura do Esterno ● compressão anteroposterior do tórax (acidentes automobilísticos = uso de cinto de segurança diminui o risco) ● pode estar associada à contusão cardíaca ● diagnóstico ○ dor intensa na parte anterior ○ inspeção = deformidade transversal do esterno (sinal do degrau) ○ palpação = crepitação grosseira ○ RX de tórax em perfil ou incidência para esterno ● conduta ○ sedação da dor ○ investigação de contusão cardíaca associada = ausculta, ECG, enzimas cardíacas, ECO ○ grande deformidade transversal ou dor intensa → fixação cirúrgica ● não é emergencial, pode aguardar a investigação de lesões mais graves Hemotórax ● sangue na cavidade pleural ● não é lesão extremamente grave, mas o paciente deve ser acompanhado como doente de risco ● diagnóstico ○ choque hipovolêmico ○ dispneia (compressão do pulmão pela massa líquida) ○ propedêutica de derrame pleural ■ ↓FTV e ↓MV ■ macicez à percussão ○ RX = linha de derrame ou velamento difuso do hemitórax ● conduta ○ drenagem pleural (indicada em todos os doentes) ■ 4° ou 5° EIC ■ linha axilar média ■ drenos tubulares de ⅜ de polegada ou 34/36 French (Fr) ○ toracotomia ■ quando houver saída imediata > 1.500 ml de sangue na drenagem pleural ■ quando na evolução, o sangramento for > 300 ml/h em 2h consecutivas ■ quando mesmo drenado, o velamento radiológico se mantém Pneumotórax ● ar na cavidade pleural → compressão do parênquima pulmonar → insuficiência respiratória ● se houver fístula de parênquima pulmonar com mecanismo valvulado, pode se tornar hipertensivo = desvio do mediastino para o lado contralateral, torção das veias cavas e choque ● diagnóstico ○ dispneia ○ abaulamento do hemitórax afetado ○ hipertimpanismo à percussão ○ ausência ou diminuição do murmúrio vesicular ○ hipertensivo = sinais de choque com estase jugular ○ RX = linha de pleura visceral afastada do gradeado costal ○ punção pleural com seringa confirma o diagnóstico ● conduta ○ emergência (hipertensivo) = punção pleural descompressiva ■ previamente à drenagem ■ agulha ou cateter de teflon ■ 2° EIC ■ linha hemiclavicular ■ punção positiva → drenagem pleural ○ drenagem pleural sob selo d'água ■ 4° ou 5° EIC ■ linha axilar média ■ dreno tubular multiperfurado ○ após a drenagem sob selo d’água, pode aparecer um borbulhamento pelo dreno em casos de fístula de parênquima ■ para espontaneamente ■ para ajudar a fechar a fístula = aspiração contínua com pressão de 10-20 cm de água ■ se persistir por +10 dias, cirurgia para sutura do pulmão (toracotomia ou videoassistida) ● fístula broncopleural com borbulhamento intenso na respiração + enfisema subcutâneo + insuficiência respiratória = ruptura traqueobrônquica ○ investigação = fibrobroncoscopia ○ se confirmada, fazer toracotomia imediata Síndrome do Desconforto Respiratório ● contusão pulmonar → SDRA ● geralmente associada à contusão torácica grave do tipo afundamento torácico ● alterações dependem do edema intersticial inflamatório pós-traumático ● sintomas clínicos podem se manifestar mais tardiamente (12-24h) ● diagnóstico ○ trauma intenso de tórax ○ dispneia progressiva com início mais tardio ○ gasometria = hipoxemia progressiva ○ RX = infiltrado alveolar difuso e zonas de condensação ● conduta ○ restrição hídrica ○ diuréticos ○ antibióticos para possíveis infecções secundárias ○ fisioterapia respiratória com sedação da dor ○ ventilação mecânica (casos graves) Ruptura Traqueobrônquica ● lesões de traqueia cervical ● lesões de traqueia torácica ● lesões dos brônquios principais Traqueia Cervical ● trauma direto com contusão traqueal e ruptura ou hiperextensão do pescoço (impactos frontais) ● diagnóstico ○ sinais externos de trauma cervical = escoriações e hematomas no pescoço ○ cornagem ou voz rouca ○ palpação cervical = crepitação dos anéis traqueais ○ enfisema subcutâneo cervical ● conduta ○ restabelecer a perviabilidade das VA = intubação traqueal ou traqueostomia ○ sutura da lesão ○ ressecção segmentar e anastomose terminoterminal (dependendo do grau da lesão) Traqueia Torácica ou Brônquios Principais ● compressão anteroposterior violenta ou desaceleração súbita (impactos frontais ou quedas de grandes alturas) ● locais comuns = carina e brônquio principal direito ● diagnóstico ○ história de trauma com desaceleração súbita ○ desconforto respiratório ○ escarro com sangue ○ hemoptise moderada ○ enfisema subcutâneo grande e disseminado ○ RX = pneumomediastino, pneumotórax ou atelectasia total do pulmão ○ fibrobroncoscopia confirma o diagnóstico ● conduta ○ insuficiência respiratória → intubação seletiva contralateral ○ toracotomia para sutura, broncoplastia ou traqueoplastia Hérnia Diafragmática Traumática ● traumas fechados com compressão torácica ou abdominal ● traumas abertos consequentes a ferimentos toracoabdominais ● contusão → hérnia diafragmática à esquerda ● à direita = associada a traumas mais graves (ruptura hepática ou do átrio direito) → péssimo prognóstico ● a ruptura pode ser tamponada na fase aguda, manifestando-se mais tardiamente → estrangulamento de vísceras ocas pelo orifício herniário ou achados radiográficos ● diagnóstico ○ RHA no tórax ○ RX = imagem gasosa na base do hemitórax esquerdo ou velamento não característico ○ pode ser confundida com pneumotórax, cúpula elevada ou derrame pleural → usar contraste ou SNG em casos de dúvida (estômago no tórax) ● conduta ○ sutura do diafragma (sempre) ○ se diagnosticada na fase aguda → laparotomia ○ se diagnosticada mais tardiamente e sem sinais de abdome agudo → toracotomia (expõe melhor a cúpula frênica) Tamponamento Cardíaco ● líquido na cavidade pericárdica → compressão das câmaras cardíacas → restrição diastólicae colapso circulatório ● contusões = ruptura cardíaca ou lesão de vasos → tamponamento ● diagnóstico = clínico, exames apenas comprovam a presença do derrame ○ trauma sobre a região torácica anterior ○ fácies pletórico ○ estase jugular ○ hipotensão arterial = choque com pressão venosa alta ○ bulhas cardíacas abafadas ○ pulso paradoxal de Kussmaul = diminuição da amplitude do pulso na inspiração profunda ○ ECG = complexos de baixa voltagem ○ RX = aumento de área cardíaca ○ ECO = derrame pericárdico e sinais indiretos de tamponamento (swimming heart) ○ FAST na emergência ● conduta ○ punção pericárdica pela via subxifóide = confirma o diagnóstico ■ ângulo entre o processo xifóide e o rebordo costal esquerdo ■ inclinação de 30° ■ monitorização do ritmo cardíaco ■ extrassístole ventricular → contato com o coração ○ drenagem pericárdica via subxifóide sob anestesia ○ sangramento pelo dreno e estado do paciente indicam a necessidade de toracotomia ferimentos torácicos ● principais agentes = armas branca e de fogo ● cateteres e punções → ferimentos torácicos iatrogênicos ● geralmente resolvidos com drenagem pleural sob selo d’água ● pode necessitar de diagnóstico topográfico e abordagem da lesão → toracotomia exploradora de urgência/emergência ● feridas cardíacas, da aorta ou do hilo pulmonar = mais graves (potencial hemorrágico agudo) ● diagnósticos que devem ser imediatamente confirmados ou descartados ○ pneumotórax ○ hemotórax ○ tamponamento cardíaco Ferida Soprante (pneumotórax aberto) ● perda de substância na parede torácica → comunicação entre o meio externo e a cavidade pleural → pneumotórax imediato, balanço do mediastino e ar pêndulo → instabilidade súbita da mecânica respiratória ● diagnóstico ○ inspeção = lesão na parede torácica + ruído do ar entrando e saindo pelo orifício torácico (inspiração e expiração) ● conduta ○ oclusão imediata do orifício → pneumotórax aberto vira fechado ○ se houver material, realizar um curativo com a fixação de 3 lados = um aberto funciona como válvula (ar sai mas não entra) ○ drenagem pleural por outra via que não o ferimento ○ ferimento deve ser desbridado e suturado Ferimentos do Esôfago Torácico ● dois mecanismos ○ interno, geralmente iatrogênico = passagem de sondas, instrumentos para dilatação ou cauterização ○ ferimentos externos torácicos = arma de fogo e transfixantes laterolaterais no tórax ● lesão silenciosa na fase inicial → nenhum ou poucos sintomas se for exclusiva de esôfago ● sintomas tardios = mediastinite + empiema pleural (infecção grave de difícil controle e solução) ● tratamento definitivo depende da progressão da infecção ○ fechamento da fístula esofágica ○ desbridamento ○ esofagectomia com reconstrução futura ● diagnóstico ○ ferimento transfixante laterolateral do mediastino ○ dor após manipulação do lúmen do esôfago (sondas, cateteres etc.) ○ radiografia contrastada do esôfago ○ esofagoscopia (diagnóstico precoce) ○ fase tardia (12-24h) = mediastinite (dor e febre), empiema pleural e septicemia ● conduta ○ fase aguda = toracotomia + sutura da lesão (paciente em jejum oral por 7 dias no mínimo → sonda enteral) ○ fase tardia = antibioticoterapia + toracotomia → desbridamento e drenagem
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