Buscar

Resumão - Tema 1 Lesões elementares, acne e psoríase

Prévia do material em texto

Tema 1 – Lesões elementares, acne e psoríase 
Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV 
Pele 
3 camadas: 
• Epiderme – camada basal, espinhosa, granulosa e córnea 
• Derme – colágeno e fibras elásticas 
• Hipoderme ou subcutâneo – células adiposas 
Anexos: pelos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e unhas. 
Exame clínico da pele: inspeção → palpação → digitopressão ou 
vitropressão → compressão 
Lesões elementares 
ALTERAÇÕES DE COR – mancha ou mácula 
Manchas vasculossanguíneas: 
• Eritema – vermelha/vasodilatação. Desaparece à digitopressão 
o Palidez – atenuação da cor pela vasoconstrição 
o Cianose – arroxeada por congestão passiva ou venosa 
o Rubor – vermelho-vivo por vasocongestão 
o Enantema – exantema nas mucosas 
• Exantema 
o Morbiliforme ou rubeoliforme: tem pele normal 
entremeadas às manchas 
o Escarlatiniforme: manchas confluem e aspecto áspero 
• Fenômeno de Raynaud: constrição das pequenas artéria e 
arteríolas – inicialmente fica com palidez e depois cianótica. 
• Púrpura: vermelha por extravasamento de hemácias na derme e 
não desaparece à vitropressão 
o Petéquias: <1cm 
o Equimoses: >1cm 
o Víbices: lineares 
Manchas pigmentares: 
• Leucodérmica: ↓ ou ausência de melanina 
o Acrômica: ausência de melanina – branco-marfim 
o Hipocrômica: ↓melanina 
• Hiperpigmentares ou hipercrômicas: ↑melanina ou outros 
pigmentos 
o Melanodermia – melanina 
o Icterícia – pigmento biliar 
o Carotenodermia – caroteno 
• Pigmentação exógena: drogas, corantes, tatuagem... 
• Albinismo: síntese defeituosa da melanina – branco-leite 
ELEVAÇÕES EDEMATOSAS – elevações da pele 
Urtica: vermelha ou branco-rosada devido a vasodilatação na derme 
superior e média. Tamanho e formas variáveis de duração efêmera. 
Angioedema (edema de Quincke): vasodilatação e edema na derme 
profunda ou hipoderme. Edema de mucosas 
FORMAÇÕES SÓLIDAS – alterações do relevo cutâneo 
Placa: altura <1cm, em plataforma que se estende em superfície. 
Pode ser única ou resultar da confluência de múltiplas pápulas. 
Nódulo: saliente ou não, de 1 a 3cm. Alterações dérmicas e/ou 
hipodérmicas. 
Nodosidade ou tumor: elevada ou não de mais de 3cm 
Goma: nódulo ou nodosidade que sofre liquefação na porção central, 
podendo ulcerar e eliminar material necrótico. 
Vegetação: exofítica, pedunculada ou aspecto de couve-flor, 
facilmente sangrante, consequente à papilomatose e à acantose. 
Verrucosidade: elevada, de superfície dura, inelástica e cor 
amarelada, consequente da hiperqueratose. 
COLEÇÕES LÍQUIDAS 
Vesícula: ≤1cm 
Bolha ou flictena: >1cm 
Pústula: ≤1cm com pus 
Abscesso: >1cm com pus 
Hematoma: acúmulo de sangue (vermelho → roxo → verde-
amarelado) 
ALTERAÇÕES DE ESPESSURA - ↑constituintes epiderme ou derme 
Queratose: ↑espessura com ↑camada córnea → dura, inelástica, amarelada e 
áspera 
Liquenificação: ↑espessura com ↑sulcos e da cor própria → aspecto 
quadriculado 
Edema: depressível, cor da própria pele ou rósea-avermelhada por 
extravasamento do plasma e seu acumulo no interstício (localização, 
intensidade, consistência, elasticidade, temperatura, sensibilidade e causas) 
Infiltração: ↑espessura e consistência com limites imprecisos → sulcos menos 
evidentes 
Esclerose: espessura coriácea e não pregueável quando é pinçada, 
acompanhada de hipo ou hipercromia 
Atrofia: ↓espessura → ↓número e volume dos constituintes teciduais. 
PERDA E REPARAÇÕES TECIDUAIS 
Escamas: massas furfuráceas ou micáceas que se desprendem da 
superfície cutânea devido a alteração da queratinização 
Fissura ou ragádia: perda linear da epiderme e derme 
Erosões ou exulcerações: perda da continuidade superficiais da pele – 
exclusivamente da epiderme 
Ulceração: perda de continuidade mais profunda – pode atingir até 
tecidos mais profundos 
Escoriações: erosões lineares de origem traumática 
Crosta: concreção amarela, esverdeada ou vermelha escura que se 
forma em área de perda tecidual 
Escara: cor lívida ou preta limitada por necrose tecidual 
Cicatriz: resultante da reparação de processo destrutivos 
• Atrófica: fina 
• Hipertrófica: exagerada 
Acne 
Lesões que surgem, mais comumente, na puberdade. Podem ser 
mínimas ou mais evidentes e polimorfas. Intensidade variável 
PATOGENIA: alterações dos folículos pilossebáceos – glândula 
sebácea hipertrofiada e pelo fino rudimentar. 
Risco elevado: XYY; Distúrbios endócrinos; SOP, 
hiperandrogenismo, hipercortisolismo, puberdade precoce 
Dieta: leite e alta carga glicêmica favorece acnes 
Fatores genéticos: relacionados com características das glândulas. 
FISIOPATOLOGIA 
Sebo → microcomedões fechado ou aberto → células da epiderme 
entopem saída do sebo → pápula → macrocomedão → inflamação 
→ acúmulo de neutrófilos → pústula → cisto ou nódulo 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Lesões polimorfas: comedões, pápulas, pústulas, nódulos e abscessos 
Principais locais: face, ombros, porção superior do tórax 
Acne não inflamatória – acene comedônica 
(grau I) – mais comum 
• Presença de comedões e algumas pápulas 
Acne inflamatória papulopustulosa (grau II) 
• Comedões abertos, pápulas, com ou sem 
eritema inflamatório e pústulas de 
intensidade variável 
• Seborreia sempre 
Acne inflamatória nódulocística ou nódulo-abscedante (grau III) 
• Comedões abertos, pápulas, pústulas e seborreia. 
• Ruptura da parede folicular → reação 
inflamatória aos corneócitos e bactérias 
• Nódulos furunculoides e cistos 
Acne inflamatória conglobata (grau IV) – grave 
• Nódulos purulentos, numeroso e grandes, 
formando abscessos e fístulas que drenam 
pus. 
• Bridas e lesões queloidianas. 
Acne inflamatória fulminans (grau V) – rara e grave: 
• Desenvolvimento abrupto de lesões 
nodulares e supurativas em associação 
com manifestações sistêmicas. 
Variantes 
• Acne da mulher adulta: persiste ou surge após 25 anos 
• Acne medicamentosa 
• Acne ocupacional, cosmética e de pomadas 
• Acne neonatal: 2 semanas de idade 
• Acne infantil: entre 2 e 12 meses 
• Acne tropical: exposição ao calor extremo 
TRATAMENTO – precoce para evitar cicatrizes, eritema e hiperpigmentação 
 Mecanismos de ação: 
• Retinóides: normalização da queratinização folicular e coesão 
dos corneócitos. Ação anti-inflamatória (tretinoína e adapaleno) 
o Isotretinoína oral (roacutan) → CI gravidez 
• Peróxido de benzoíla: bactericida que ↓ P. acnes (pediatria) 
• Ácido azeláico: inibe crescimento de P.acnes → ↓acne 
inflamatória. Ajuda clarear hiperpigmentação pós-inflamatória 
o Único que pode ser usado na gravidez e amamentação 
Acne comedoniana: retinóide tópico, extração, melhora da dieta, 
sabonetes antioleosidade e cuidados com pele 
Acne papular/pustular: 
• Retinóide tópico OU 
• Retinóide tópico + ATB OU 
• ATB oral + retinóide tópico e/ou peróxido de benzoíla 
Acne nodular: ATB oral + retinóide + peróxido de benzoíla 
• Mulheres: anticoncepcional oral 
Acne conglobata ou fulminante: isotretinoína oral 
Outras condutas: máscaras de LED, peelings 
Cicatrizes queilodianas: infiltração de corticoide, laser de CO2 
ROSÁCEA 
Afecção crônica caracterizada por flushing, eritema persistentes, 
pápulas e pústulas 
Agravantes: exposição solar, álcool, calor, abuso de pimenta, estresse 
Tratamento: metronidazol, ácido azelaico, imunomoduladores, ATB, 
isotretinoína e laser. 
Psoríase 
Condição comum, crônica, recorrente, imunomediada, de ocorrência 
universal, qualquer idade (2ª e 5ª décadas), ambos sexos. 
ETIOLOGIA 
• Histórico familiar positivo 
• Aspectos multifatoriais (traumas, infecções, medicamentos), 
geográficos e étnicos 
• Fumo, álcool, estresse e obesidade 
HISTOPATOLOGIA: Paraceratose, ausência de camada granulosa, 
acantose, atrofia supra-papilar, microabscesso de Munro (acúmulo de 
neutrófilos no estrato córneo), microabscesso de Kogoj (epiderme) 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Psoríase em placas – psoríase vulgar – forma mais comum (90%):• Placas eritematoinfiltradas 
com escamas secas, branco-
prateadas, aderentes e 
estratificadas. 
• Lesões bem delimitadas, tamanhos variados e simétricas a face 
de extensão dos membros (joelhos, cotovelos, couro cabeludo e 
região dorsal) 
• Número de lesões é variável 
• Curetagem de Brocq: 
o Sinal da vela: escamas esbranquiçadas 
o Sinal orvalho sangrento (Auspitz): após 
retirada das escamas, surge superfície 
vermelho brilhante com pontos hemorrágicos 
Psoríase em gotas ou gutata: crianças, adolescentes e adultos jovens 
• Aparecimento súbito de pequenas pápulas 
eritematodescamativas de até 1cm, geralmente, em tronco e 
membros proximais 
• Em geral, precedida por infecção estreptocócica de VAS 
 
Psoríase pustulosa – forma grave com sinais e sintomas sistêmicos 
• Placas eritematoedematosas e pústulas generalizadas 
• Desencadeada em 
o Paciente com psoríase em placas por interrupção de 
corticoide sistêmico 
o Infecções, cirrugias, gravidez, queimaduras, irritantes 
locais 
o Idiopática 
• Comprometimento do estado geral, febre e leucocitose 
• Histologia: infiltração de neutrófilos 
 
Psoríase eritrodérmica 
• Eritema intenso acompanhado de descamação 
discreta 
• Atividade do processo psoriático é intensa com 
proliferação aumentada e perda da maturação 
das células epidérmicas → produção de queratinas anormais 
• Sempre avaliar distúrbios hidroeletrolíticos 
Outras manifestações: 
• Psoríase palmoplantar: refratária ao tratamento 
• Acrodermatite continua de Hallopeau: pústulas em porções 
distais dos dedos das mãos e às vezes dos pés. 
• Psoríase invertida/flexural: placas finas, brilhantes com 
demarcação clara, de coloração rosa a vermelha. 
• Psoríase ungueal: leuconiquia, perda da transparência, pittings 
ungueais. 
• Artrite psoriásica / psoríase artropática (5-42%): artrite 
soronegativa - Espondiloartrite precedida por lesões cutâneas 
o Dores articulares persistentes, inclusive em repouso 
o Dores nos pontos de inserção dos tendões (entesites) 
o Inflamação das partes moles nas articulações distais 
(dactilite) 
o Alteração erosiva radiográfica e perda do espaço 
interarticular 
AVALIAÇÃO DE GRAVIDADE 
Mais usados: PASI (índice de gravidade da psoríase por área) e 
DLQI (índice dermatológico de qualidade de vida) 
PASI ou DLQI > 10 → psoríase moderada a grave 
TRATAMENTO 
Não cura, mas controla 
Depende do tipo, da extensão e de fatores como idade, ocupação, 
condições gerais de saúde, nível intelectual e socioeconômico. 
Medicações tópicas: 
• Análogo de vitamina D3 
• Corticosteroides 
• Antralina 
• Fototerapia 
Tratamento sistêmico: 
• Metotrexate 
• Ciclosporina 
• Retinóides (teratogenicidade) 
Tratamento biológico: 
• Adalimimabe, etanercepte, infliximabe e ustekinumabe

Continue navegando