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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Fisiologia Fisiologia da Contração Muscular Existem três tipos de músculos, sendo: Músculo estriado esquelético; Músculo estriado cardíaco; Músculo liso. A musculatura lisa corresponde ao sistema nervoso autonômico, dividido em simpático, parassimpático e vegetativo, ou entérico. Já a musculatura cardíaca corresponde aos músculos do coração e todos os seus fatores que influenciam, principalmente o sistema nervoso simpático e parassimpático. É o mais abundante do corpo humano, e está relacionado com a geração de força: Sustentação postural; Locomoção; Ventilação. Além disso, os músculos esqueléticos estão envolvidos com a produção de calor e também com o fornecimento de aminoácidos para diversos processos metabólicos. Excitabilidade (responsavidade): quando estimulados por sinais químicos, alongamento ou outros estímulos, o músculo responde com mudanças elétricas através da membrana, gerando contração; Condutividade: o estímulo elétrico pode ser dissipado na célula muscular esquelética; Contratilidade: pode encurtar de forma substancial quando estimulado, permitindo “puxar” os ossos, como um sistema de alavancas, e gerar movimento ou grande tensão. Extensibilidade: além de contrair, pode retornar a posição original ou até mesmo se alongar. Pode alongar até 3 vezes em relação ao estado encurtado. Elasticidade: após alongado, o musculo retorna ao estado mais encurtado com grande estabilidade, o que chama-se de complacência. O musculo estriado esquelético é organizado por tecido conjuntivo que formam envoltórios, sendo: Endomísio; Perimísio; Epimísio. Além disso, cada fibra muscular é composta por miofibrilas, organizadas por miofilamentos de actina e miosina, divididas em sarcômeros. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Fisiologia Fibra: célula alongada (especializada em contração); Sarcolema: membrana plasmática; Sarcoplasma: núcleo, mitocôndrias, etc.; Retículo sarcoplasmático: RE, importante para a característica da condutividade; Túbulo T: formado pela invaginação do sarcolema, em consonância com dois retículos sarcoplasmáticos (tríade); Miofilamentos: actina e miosina. Corresponde a unidade contrátil do músculo. Disco Z: separa os sarcômeros; Banda A: escura, sobreposição de filamentos de actina e miosina; Banda I: menos densa, somente os filamentos finos de actina; Zona H: filamentos de miosina; Linha M: proteínas ancorando os filamentos de miosina. Proteínas contrateis: actina e miosina; Proteínas reguladoras: troponina e tropomiosina; Proteínas estruturais: titina, nebulina, distrofina e alfa-actinina. O alinhamento adequado dos filamentos dentro de um sarcômero é assegurado por duas proteínas: titina e nebulina. Uma única molécula de titina se estende desde um disco Z até a linha M vizinha. A titina tem duas funções: 1. Estabilizar a posição dos filamentos contráteis; 2. Fazer os músculos estirados retornarem ao seu comprimento de repouso, o que ocorre devido à sua elasticidade. A titina é auxiliada pela nebulina, uma proteína gigante não elástica que acompanha os filamentos finos e se prende ao disco Z. A nebulina auxilia no alinhamento dos filamentos de actina do sarcômero. A distrofina é uma proteína que liga o citoesqueleto da fibra muscular à matriz extracelular, através da membrana celular, Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Fisiologia e tem papel vital em manter a estrutura e a função muscula. A actinina ou alfa-actinina é uma proteína que faz parte dos microfilamentos da actina. A αlfa-actinina é necessária para a união dos filamentos de actina à linha Z da célula muscular esquelética e aos corpos densos da célula muscular lisa. Em um músculo esquelético no estado de repouso, a tropomiosina enrola-se ao redor dos filamentos de actina e cobre de forma parcial todos os sítios que permitiriam a ligação da miosina na actina. Essa é a posição de bloqueio da tropomiosina, ou posição “desligada”. A mudança entre os estados “ligado” e “desligado” da tropomiosina é regulada pela troponina. Quando a contração é iniciada em resposta ao cálcio (1), uma das proteínas do complexo – a troponina C – liga-se reversivelmente ao Ca2+ (2). O complexo cálcio-troponina C desloca a tropomiosina, afastando-a dos sítios de ligação à miosina na actina (3). Essa posição “ligada” permite que as cabeças da miosina formem ligações cruzadas fortes, de alta energia, e executem o movimento de força (4), puxando o filamento de actina (5). Esses ciclos de contração ficam se repetindo enquanto os sítios de ligação estiverem expostos. 1) Elevação do Ca2+ citosólico; 2) Ligação do Ca2+ à troponina (TnC); 3) O complexo Cálcio-troponina desloca a tropomiosina, afastando-a do sítio de ligação da miosina na actina G; 4) A miosina liga-se fortemente à actina e conclui o movimento de força; 5) O filamento de actina é movido. A acetilcolina liberada na fenda sináptica da junção neuromuscular liga-se aos receptores ionotrópicos (canais) de ACh Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Fisiologia da placa motora terminal da fibra muscular. A adição efetiva de carga positiva (influxo de sódio) despolariza a membrana da fibra muscular, gerando um potencial da placa motora (PPM). Normalmente, os potenciais da placa motora sempre atingem o limiar, levando à geração de um potencial de ação muscular. Quando o potencial de ação penetra nos túbulos T, ocorre a liberação de Ca2+ a partir do retículo sarcoplasmático. No nível molecular, a transdução do sinal elétrico em um sinal de cálcio necessita de duas proteínas de membrana. A membrana do túbulo T contém uma proteína sensível à voltagem, um canal de cálcio do tipo L, chamado de receptor de di-hidropiridina (DHP). No músculo esquelético, exclusivamente, esses receptores de DHP estão acoplados mecanicamente aos canais de Cálcio do retículo sarcoplasmático adjacente. Estes canais de liberação de cálcio do RS são conhecidos como receptores de rianodina (RyR). Quando a despolarização produzida por um potencial de ação alcança um receptor de DHP, o receptor sofre uma alteração conformacional. Essa alteração causa a abertura dos canais RyR para a liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático. O Cálcio armazenado flui para o citosol, a favor do seu gradiente eletroquímico, iniciando o processo de contração. Relaxamento: para finalizar uma contração, o cálcio deve ser removido do citosol. O retículo sarcoplasmático bombeia o cálcio de volta para o seu lúmen utilizando uma cálcio-ATPase. À medida que a concentração citosólica de cálcio livre diminui, o equilíbrio entre o cálcio ligado e o não ligado é alterado, e o cálcio desliga-se da troponina. A remoção do cálcio permite que a tropomiosina volte à sua posição inicial e bloqueie o sítio de ligação à miosina presente na molécula de actina. Com a liberação das ligações cruzadas, a fibra muscular relaxa, com a ajuda de componentes elásticos do sarcômero e do tecido conectivo do músculo. 1) O neurônio somatomotor libera ACh na junção neuromuscular; 2) O influxo efetivo de Na+ através do receptor de ACh desencadeia um potencial de ação muscular; 3) O potencial de ação que penetra no túbulo T produz uma alteração conformacional no receptor de DHP; 4) A mudança conformacional do receptor de DHP causa a abertura dos canais RyR de liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático e o Ca2+ entra no citoplasma; Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Fisiologia 5) O Ca2+ liga-se à troponina e permite a ligação entre actina e miosina; 6) As cabeças da miosina executam o movimento de força;7) O filamento de actina desliza em direção ao centro do sarcômero; 8) As bombas de cálcio (cálcio-ATPases) do retículo sarcoplasmático bombeiam o Ca2+ de volta ao RS; 9) A redução da [Ca2+] citosólico livre desfaz a ligação entre o cálcio e a troponina; 10) A tropomiosina volta a recobrir o sítio de ligação. Quando as cabeças da miosina são liberadas, os elementos elásticos puxam os filamentos de volta para a posição de repouso. De onde é obtido todo o ATP necessário para a atividade muscular? A quantidade, ou “pool”, de ATP estocado em uma fibra muscular a qualquer tempo é suficiente para apenas cerca de oito contrações. À medida que o ATP é convertido em ADP e Pi durante a contração, o estoque de ATP precisa ser restabelecido pela transferência de energia a partir de outras ligações fosfato de alta energia ou pela síntese de ATP utilizando processos mais lentos, como as vias metabólicas da glicólise e da fosforilação oxidativa. A reserva energética de segurança dos músculos é a fosfocreatina (ou creatina- fosfato, ou ainda, fosfato de creatina). A fosfocreatina é uma molécula cujas ligações fosfato de alta energia são geradas entre a creatina e o ATP quando os músculos estão em repouso. Quando os músculos entram em atividade, como durante o exercício, os grupamentos fosfato de alta energia da fosfocreatina são transferidos para o ADP, gerando mais ATP para abastecer os músculos. MÚSCULO EM REPOUSO ATP do metabolismo + creatina ADP + fosfocreatina MÚSCULO EM ATIVIDADE Fosfocreatina + ADP creatina + ATP OBS: a enzima que faz essa conversão é a creatina-cinase, e o ATP produzido é necessário para contração e relaxamento, além de atuar na bomba Na+/K+. A energia armazenada nas ligações fosfato de alta energia é muito limitada. Assim, as fibras musculares precisam utilizar o metabolismo de biomoléculas para transferir energia das ligações covalentes para o ATP (preferencialmente a glicose por ser mais rápida). Quando as concentrações de oxigênio caem durante um exercício intenso, o metabolismo da fibra muscular depende preferencialmente da glicólise anaeróbia. Que é metabolizada a lactato. O metabolismo anaeróbio da glicose é uma fonte mais rápida de geração de ATP, porém produz quantidades muito menores de ATP para cada molécula de glicose. Quando as demandas energéticas excedem a quantidade de ATP que pode ser produzida pelo metabolismo anaeróbio da glicose, os músculos conseguem trabalhar apenas por um intervalo muito curto de tempo antes de entrarem em fadiga. Tétano: resulta de uma frequência rápida (tempo menor entre cada estímulo), Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Fisiologia existindo ainda tensão na fibra quando ocorrer o próximo estímulo. Um estímulo continuado manterá a tensão no músculo alta até que ocorra a fadiga. A unidade motora é o componente básico da atividade muscular e refere-se ao conjunto do corpo celular do motoneurônio e das fibras musculares esqueléticas inervadas pelo mesmo. O local exato de intersecção do terminal nervoso com a célula muscular é chamado placa motora. Pequenas unidades são responsáveis por movimentos mais precisos. Nessa ocasião, 1 motoneurônio enerva cerca de 10 fibras musculares. Já as grandes unidades motoras são responsáveis por movimentos mais grosseiros. Nesse arranjo, 1 motoneurônio enerva cerca de 150 fibras musculares. Músculos Tônicos: Maior porcentagem de fibras vermelhas; Profundos; Postura e estabilidade; Aeróbios. Músculos Fásicos: Maior porcentagem fibras brancas; Superficiais; Movimentos rápidos; Anaeróbios. Há dois tipos de fibras de acordo com a velocidade de contração: rápida e lenta. O que define a velocidade de contração é o tipo de miosina (velocidade para hidrolisar ATP). OBS: tudo depende da isoforma de miosina e a inervação motora é fundamental na determinação dessa isoforma. A modificação do tipo de fibra se dá pela: Microgravidade crônica; Denervação; Imobilização e ausência de carga crônica; Treinamento físico de alto rendimento, etc. O tipo de fibra é primariamente definido geneticamente e os treinos modificam substancialmente as propriedades metabólicas. CARACTERÍSTICAS Lenta Fraca Resistente Rápidas Fortes Resistentes Rápidas Fortes Não resistentes REDE CAPILAR Densa (+) Densa (-) Reduzida UNIDADES MOTAS Grande Intermediária Pequena MITOCÔNDRIAS (+++) (++) (+) TOLERÂNCIA A FADIGA Alta Média Pequena DIÂMETRO Pequeno Médio Grande Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Fisiologia Com isso, fica claro que o músculo não é composto por apenas um tipo de fibra. Isométrica: a contração isométrica é aquela onde o músculo desenvolve tensão, porém não há alteração em seu comprimento externo. Em outras palavras, a contração isométrica é aquela em que o músculo contrai-se e produz força sem nenhuma alteração macroscópica no ângulo da articulação. Isotônico: A contração isotônica ou também conhecida como contração dinâmica, é aquela que acontece quando há uma desigualdade de forças entre a potência muscular e a resistência provocando, assim, o deslocamento do segmento. Pode ser excêntrica, quando o músculo alonga enquanto está sob tensão devido a uma força externa maior que a força gerada pelo músculo, ou concêntrica, no qual os músculos encurtam durante a geração de força.
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