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Colombianos no Brasil

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O “SONHO AMERICANO” COLOMBIANO NO BRASIL
Wellington Bezerra de Souza 
RESUMO
A migração colombiana vem aumentando nos últimos anos, levando os colombianos a procurarem outros países, refazer suas vidas e ter paz, o conflito armado colombiano entre guerrilheiros, narcotraficantes e paramilitares é um dos mais antigos da América Latina, este conflito é um dos principais motivadores para a migração em massa. Os destinos são vários, os principais são os Estados Unidos da América (EUA) e Brasil. Neste artigo iremos abordar o aumento de migrantes em países da América e os motivos para esta migração.
PALAVRAS CHAVES: Colômbia – Brasil - Migração
O território colombiano está localizado ao norte da América do Sul. É banhado pelo Mar do Caribe, entre o Panamá e a Venezuela, e pelo oceano Pacífico, entre o Equador e Panamá. A leste é delimitado com Venezuela e Brasil; ao sul com Peru e Equador. Possui dois territórios insulares: San Andrés e Providencia, no Mar do Caribe, e a ilha de Malpelo, no oceano Pacífico. A história da Colômbia inicia com as primeiras ocupações existentes há mais de 20 mil anos que provinham de diferentes locais. Antes da chegada dos espanhóis, a região era habitada pelos índios caraíbas, chibchas, muiscas e quimbayas. 
Colômbia significa terra de Cristóvão Colombo, mas anteriormente teve inúmeras denominações em decorrência do processo de colonização. Em 1509 a região era identificada como Nova Andaluzia; por volta de 1538 Nova Granada; em 1717 como Vice-Reinado da Nova Granada, que incluía a Colômbia, Panamá, Venezuela e Equador, tendo como capital desde de 1718 a cidade de Bogotá, criada em 1538 como Santa Fé. 
A campanha de independência foi iniciada em 1810, mas somente é consolidada em 1819 com Simon Bolívar que cria a Grã Colômbia, correspondendo atualmente ao Equador, Venezuela, Panamá e a costa ocidental da Nicarágua. Tal integração fazia parte do projeto bolivariano com proposta de unidade entre os povos e espaços colonizados pela Espanha. A Grã Colômbia dissolveu-se em 1830, transformando-se em Estado de Nova Granada. Em 1858 há nova mudança para Confederação Granadina, e em 1863 para Estados Unidos da Colômbia.
 Em 1886, período conhecido como A Regeneração, adotou-se o nome que o país tem até hoje, República da Colômbia. Em 1903 o país perde porção de seu território, sendo estabelecida a República do Panamá em consequência de conflito conhecido como Guerra dos Mil Dias (1899-1902), e que propiciou o início da construção do canal interoceânico com a participação dos Estados Unidos. Posteriormente, as fronteiras foram sendo estabelecidas com os outros países. 
Ao longo dos séculos XIX e XX a Colômbia teve inúmeras instabilidades políticas, incluindo guerras civis e múltiplos ensaios de formas de governo. Nova constituição foi estabelecida em 1991, transformando o país num Estado Social, em forma de República Unitária. A população colombiana é atualmente constituída de mais de cinquenta por cento de mestiços de brancos, ameríndios e negros; seguido de brancos, mestiços de brancos e negros, negros, mestiços de brancos e ameríndios e ameríndios, e se concentra nas grandes cidades do país e próximas ao mar. País caribenho, andino e amazônico, apresenta uma grande variedade geográfica em relação a outros países da América Latina, e conformado por uma comunidade política integrada por grande diversidade étnica e cultural, emergente de um mesmo passado histórico e com identidade própria, com origem na mescla entre as tradições dos antigos habitantes e espanhóis que colonizaram o país, que se destacam na região. 
O país possui importantes locais considerados pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade a saber: Porto, Fortaleza e Conjunto Monumental de Cartagena, Centro Histórico de Santa Cruz de Mompox, Parque Arqueológico Nacional de Tierradentro e de San Agustín, entre outros.
O conflito colombiano, um dos mais antigos da América Latina, deriva da disputa pelo poder entre liberais, conservadores e socialistas. Ele é marcado por ser um conflito com operações de falsa bandeira. 
O conflito colombiano iniciou aproximadamente em 1964 ou 1966 e é uma guerra assimétrica de baixa intensidade, em curso entre o governo colombiano, os grupos paramilitares, os traficantes e os guerrilheiros de esquerda, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), lutando entre si para aumentar sua influência em território colombiano.
É historicamente enraizada no conflito conhecido como La Violencia, que foi desencadeado pelo assassinato do líder político populista Jorge Eliécer Gaitán em 1948, e na sequência da forte repressão anticomunista apoiada pelos Estados Unidos na área rural da Colômbia na década de 1960, que levaria os militantes liberais e comunistas a se reorganizar nas FARC. 
Os liberais se aliaram com setores socialistas numa guerra civil contra os conservadores que durou 16 anos, de 1948 a 1964.
Em 1964, temendo a radicalização da guerrilha camponesa, influenciada pela revolução cubana, os liberais se aliam aos Conservadores e apoiam o envio de tropas ao povoado de Marquetália. Os camponeses comunistas, na fuga para as regiões montanhosas da selva, constituem as FARC.
Sob a liderança de Manuel Marulanda, o Tirofijo, ex-combatentes liberais fundam as FARC - Exército do Povo, para lutar nos anos 60 pela criação de um estado marxista. Outros grupos de esquerda - como o guevarista ELN - e milícias de extrema direita entram no conflito. A partir dos anos 80, a Guerra Civil ganha um novo protagonista: o tráfico de drogas. As FARC financiam a luta armada à custa dos serviços de proteção vendidos aos traficantes e tanto as FARC quanto o ELN financiam sua luta à custa do sequestro de civis. Cerca de 3 mil resgates são pagos anualmente às guerrilhas. A violência já matou cerca de 30 mil pessoas desde os anos 60 e tem forçado maciços deslocamentos internos. Em consequência da guerra, a Colômbia é o país mais perigoso do mundo para o sindicalismo.
A maioria dos migrantes latino-americanos se movimenta por motivos econômicos. Mas em países como Colômbia, Venezuela e Cuba os conflitos políticos internos ditam o fluxo migratório. Os EUA são o principal destino. A Colômbia, imersa num prolongado conflito armado entre guerrilheiros, paramilitares e narcotraficantes, tem cerca de 4 milhões de cidadãos vivendo no Exterior. 
O Brasil é signatário dos principais tratados internacionais de direitos humanos e é parte da Convenção das Nações Unidas de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e do seu Protocolo de 1967. O país promulgou, em julho de 1997, a sua lei de refúgio (nº 9.474/97), contemplando os principais instrumentos regionais e internacionais sobre o tema. A lei adota a definição ampliada de refugiado estabelecida na Declaração de Cartagena de 1984, que considera a “violação generalizada de direitos humanos” como uma das causas de reconhecimento da condição de refugiado. Em maio de 2002, o país ratificou a Convenção das Nações Unidas de 1954 sobre o Estatuto dos Apátridas e, em outubro de 2007, iniciou seu processo de adesão à Convenção da ONU de 1961 para Redução dos Casos de Apátrida. 
A lei brasileira de refúgio criou o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), um órgão interministerial presidido pelo Ministério da Justiça e que lida principalmente com a formulação de políticas para refugiados no país, com a elegibilidade, mas também com a integração local de refugiados. A lei garante documentos básicos aos refugiados, incluindo documento de identificação e de trabalho, além da liberdade de movimento no território nacional e de outros direitos civis. 
De acordo com o CONARE, o Brasil possui atualmente (em outubro de 2014) 7.289 refugiados reconhecidos, de 81 nacionalidades distintas (25% deles são mulheres) – incluindo refugiados reassentados. Os principais grupos são compostos por nacionais da Síria, Colômbia, Angola e República Democrática do Congo (RDC). Este perfil vem mudando gradualmente desde 2012, quando o país adotou uma cláusulade cessação de refúgio aplicável aos angolanos e liberianos, com base em orientação global expedida pelo ACNUR em junho do mesmo ano. Conforme a portaria do Ministério da Justiça nº 2.650 (de outubro de 2012), estes estrangeiros estão recebendo a residência permanente no país, em substituição ao status de refugiado. 
Com base em dados do CONARE referentes ao período entre janeiro de 2010 e outubro de 2014, o ACNUR elaborou uma análise estatística que demonstra o fortalecimento continuado da proteção aos refugiados e solicitantes de refúgio no Brasil. O número total de pedidos de refúgio aumentou mais de 930% entre 2010 e 2013 (de 566 para 5.882 pedidos). Até outubro de 2014, já foram contabilizadas outras 8.302 solicitações. A maioria dos solicitantes de refúgio vem da África, Ásia (inclusive Oriente Médio) e América do Sul. 
Também o número de refugiados reconhecidos aumentou expressivamente no período mencionado. Em 2010, 150 refugiados foram reconhecidos pelo CONARE, enquanto em 2014 (até outubro), houve 2.032 deferimentos pelo Comitê, o que representa um crescimento aproximado de 1.240%. Desta forma, apesar de haver se mantido estável de 2010 a 2012 (em torno de 4.000), a população de refugiados no Brasil vem crescendo de forma acelerada entre 2013 e 2014 (até outubro), quando atingiu 5.256 e 7.289 indivíduos, respectivamente. 
Este perfil sofreu alterações ao longo dos anos com o aumento das solicitações feitas por sírios e a diminuição de solicitações realizadas por colombianos. O caso dos sírios pode ser explicado pela postura solidária do Brasil com as vítimas do conflito naquele país, inclusive por meio da aprovação da Resolução Normativa nº17 do CONARE. Tal resolução facilita a entrada no Brasil de quem queira solicitar refúgio em decorrência do conflito sírio, por meio da emissão de um visto de turista válido por 90 dias. 
A redução de solicitações de refúgio feitas por colombianos deve-se em parte aos avanços da negociação de paz entre o governo da Colômbia e as FARC, mas principalmente pela adesão da Colômbia ao Acordo de Residência do Mercosul. Este acordo facilita aos colombianos a obtenção de residência temporária no Brasil por um período de 02 anos, que posteriormente pode ser convertida em residência permanente. A partir do ano de 2013, a maioria dos colombianos que chegou ao Brasil solicitou residência com base no Acordo do MERCOSUL. 
Consequentemente, em julho de 2014 o número de refugiados sírios ultrapassou o de colombianos, tornando-se a principal nacionalidade dos refugiados que vivem no Brasil. Outros países relevantes entre os solicitantes de refúgio são Senegal, Gana e Nigéria. Isto revela a intensificação dos fluxos mistos, já que a maioria dos solicitantes destes países é, na realidade, migrantes que deixaram seus países por causas econômicas – embora haja uma minoria de refugiados. Nos últimos anos, todas as importantes crises humanitárias impactaram diretamente os mecanismos de refúgio no Brasil, com expressivos números de solicitantes da Síria, Líbano e RDC chegando ao país. 
Em termos de gênero e idade, os dados do CONARE demonstram que o percentual de mulheres diminuiu de 20% (em 2010 e 2011) para 10% (em 2013), se mantendo estável em 2014. A metade dos solicitantes de refúgio é formada por adultos entre 18 e 30 anos. Apenas 4% dos pedidos são apresentados por menores de 18 anos, dos quais 38% correspondem a crianças entre 0 e 5 anos. 
Para implementar seu mandato, que é o de contribuir para que os Estados cumpram seus compromissos internacionais de prestar proteção internacional e promover soluções duradouras para refugiados e outras populações de interesse, o ACNUR conta no Brasil com um escritório-sede em Brasília e duas unidades em São Paulo, que cuidam, respectivamente, da proteção e integração de refugiados e da arrecadação de fundos privados. A agência trabalha em estreita parceria com o governo (nos âmbitos federal, estadual e municipal), o setor privado e organizações da sociedade civil que operam em regiões estratégicas do país. 
Os projetos do ACNUR que prestam assistência humanitária aos solicitantes de refúgio e refugiados são implementados por ONGs parceiras localizadas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Amazonas e Distrito Federal. 
Em 2014, a maioria das solicitações de refúgio no Brasil foi apresentada em São Paulo (26% do total de solicitações no período), Acre (22%), Rio Grande do Sul (17%) e Paraná (12%). Regionalmente, estão concentradas nas regiões Sul (35%), Sudeste (31%) e Norte (25%). 
Todas as solicitações de refúgio apresentadas no Brasil são analisadas e decididas pelo CONARE, que é composto por representantes dos ministérios da Justiça, das Relações Exteriores, da Educação, do Trabalho e da Saúde, além de representantes da Polícia Federal e de organizações da sociedade civil que trabalham com o tema dos refugiados. O ACNUR é parte do comitê, apenas com direito a voz. Desde 2012, a Defensoria Pública da União tem participado das reuniões do CONARE, com direito a voz – conforme Memorando de Entendimento assinado com o comitê. 
A análise dos dados do CONARE também revela uma melhora no desempenho e produtividade do comitê. O número de solicitações processadas aumentou expressivamente em um período de três anos, saindo de 323 em 2010 para 479 em 2011, 904 em 2012, 6.067 em 2013. Naquele ano, 1.585 solicitações foram analisadas no mérito, e o restante foi encaminhado para o Conselho Nacional de Imigração (CNIg). Até setembro de 2014, foram analisados 2.206 casos no mérito, número consideravelmente superior aos anos anteriores. 
A taxa de elegibilidade registrada até outubro de 2014 é a mais alta desde 2010, quando foi de 38,4%. Após um decréscimo em 2011 (21,5%), a taxa voltou a subir, chegando a 40,8% em 2013. Em 2014, a taxa de elegibilidade está em 88,5%, o que pode ser explicado em parte pelo alto índice de deferimentos das solicitações de refugiados originários da Síria. Sem contabilizar os refugiados sírios, a taxa de elegibilidade de 2014 é de 75,2%. 
Em 2014, o CONARE reconheceu solicitações de refúgio de 18 países diferentes, como Síria, Líbano, RDC e Mali, demonstrando sensibilidade às principais crises humanitárias da atualidade. Desde 2013, praticamente 100% das solicitações apresentadas por nacionais da Síria foram reconhecidas. 
Entre os refugiados reconhecidos pelo Brasil, os sírios representam o maior grupo, com 20% do total. Em seguida estão os refugiados da Colômbia, de Angola e da República Democrática do Congo. Outras populações relevantes são os refugiados do Líbano, Libéria, Palestina, Iraque, Bolívia e Serra Leoa. 
Até setembro deste ano, existem 8.687 casos ainda em tramitação no CONARE, sendo 2.164 do Senegal, 1.150 da Nigéria, 1.090 de Gana e 571 da República Democrática do Congo. Dentre o total de solicitações pendentes, 41 foram submetidas em 2011, 176 em 2012, 1.340 em 2013 e 7.130 em 2014. 
Comprometido com o princípio da solidariedade internacional, o Brasil tem exercido papel fundamental no desenvolvimento e implantação do Programa de Reassentamento Solidário na América Latina, como parte do Plano de Ação do México. Desde 2002, o Brasil reassentou mais de 612 refugiados (colombianos, em sua maioria), dentre os quais 46% são mulheres. Também há grupos de refugiados vindos de outros continentes. Em 2014, foram aceitos no Programa de Reassentamento refugiados do Sri Lanka e da Síria. Nos próximos anos, o Brasil planeja expandir seu programa de reassentamento para um maior número de casos extracontinentais, de modo a oferecer acolhida para refugiados deslocados de outras regiões. 
Além de oferecer um ambiente de proteção favorável aos refugiados, o Brasil tem apoiado consistentemente as iniciativas do ACNUR em promover a proteção internacional em diferentes fóruns. Em dezembro de 2010, celebrando o 60º aniversário do ACNUR, o país sediou um encontro governamental onde 18 países da América Latina se comprometeram a se engajar mais na proteção das vítimas de deslocamentos forçados e deapátridas na região. O compromisso foi estabelecido na “Declaração de Brasília para Proteção de Refugiados e Apátridas nas Américas”. 
Ao final de 2012, o Brasil liderou dentro do MERCOSUL, em âmbito ministerial, a adoção da “Declaração de Princípios Internacionais de Proteção dos Refugiados”. O documento reafirma o princípio da não devolução (non-refoulement), a importância da reunificação familiar e a priorização das abordagens de idade, gênero e diversidade. A Declaração também enfatiza a importância de se evitar políticas migratórias restritivas e a necessidade de estabelecer mecanismos de cooperação adicionais e novas formas complementares de proteção humanitária. 
Nos dias 2 e 3 de dezembro de 2014, em reconhecimento à sua importância regional, o Brasil sediará o evento comemorativo dos 30 anos da Declaração de Cartagena sobre a Proteção Internacional de Refugiados de 1984. A reunião concluirá um longo processo de consultas aos governos e à sociedade civil da América Latina e do Caribe, com o apoio do ACNUR, que incluiu reuniões em Buenos Aires, Quito, Manágua e Ilhas Cayman, além de negociações em Genebra com o GRULAC (Grupo da América Latina e do Caribe). O evento culminará com adoção da Declaração e Plano de Ação do Brasil, que renovará os compromissos da região frente aos refugiados e apátridas durante a próxima década. 
Em termos de apoio financeiro às contribuições para as operações humanitárias do ACNUR ao redor do mundo, o Brasil se consolidou como o principal doador do ACNUR entre os países emergentes, com US$ 3,5 milhões doados em 2010, US$ 3,7 milhões em 2011, US$ 3,6 milhões em 2012 e US$ 1 milhão em 2013. 
Colombianos que fogem da violência interna veem o Brasil como um lugar pacífico, onde gostariam de retomar sua vida, mas ainda de difícil acesso. O braço das Nações Unidas para refugiados, o Acnur, estima que até 20 mil colombianos já tenham sido "expulsos" para o Brasil por causa da violência e das extorsões praticadas pelas guerrilhas marxistas e por grupos paramilitares. Tráfico de drogas desafia estratégias de segurança Sul-americanos buscam reforçar seu poderio militar, mas a barreira do idioma e a inóspita selva amazônica, que dificulta a travessia a pé, têm contido o fluxo de colombianos, que incluindo os destinos de Equador e Venezuela chega a 250 mil pessoas. Talvez pelo desconhecimento gerado pela distância, o Brasil aparece como uma espécie de esperança ou sonho distante no imaginário de colombianos em situação de emergência. "Dá para ver que no Brasil as coisas estão melhores. Não se veem os problemas que temos aqui na Colômbia: fome, violência, desemprego", disse à BBC Brasil o médico Álvaro Trujillo, que abandonou sua casa em Arauca e vive com ajuda do governo em Bogotá. Para colombianos pobres, o crescimento econômico e a imagem de país amigável fazem do Brasil um lugar que oferece promessas de emprego e de uma vida melhor. "Muita gente foi para o Brasil e diz que lá é muito bom para trabalhar, sobretudo na agricultura. Que quem chega lá encontra emprego facilmente, seja no que for, de acordo com a capacidade da pessoa", disse o vendedor de revistas Luiz Alberto Ruiz. Apenas uma pequena parte dos colombianos entra no Brasil como refugiados - no total, são menos de 500, segundo dados oficiais. Mas o Acnur estima que entre 15 mil e 20 mil vivem na Amazônia legal em necessidade de proteção internacional - ou seja, em uma situação em que poderiam receber o status de refugiado se entrassem com o pedido de documentação. Muitos são indígenas amazônicos que não reconhecem as fronteiras nacionais e escapam da violência indo juntar-se aos seus 'irmãos étnicos' no lado brasileiro da floresta. Os migrantes urbanos, de maior poder aquisitivo, se dirigem a Manaus ou São Paulo, um polo de atração de mão-de-obra sul-americana. Entrada Um dos pontos de entrada no Brasil é Tabatinga, uma pequena cidade distante 2 mil quilômetros de Manaus que se confunde com a colombiana Letícia - as duas cidades são separadas apenas por uma lombada. Ambas são geminadas ã peruana Santa Rosa e, juntas, compõem a tríplice fronteira amazônica. Protegida pela selva, que serve de território de "descanso" para guerrilheiros, mas que não abriga conflitos ativos, a tríplice fronteira é como um 'ponto de espera' para deslocados que ainda nutrem esperança de voltar aos seus povoados. "Letícia e Tabatinga são cidades tranquilas, porque aqui eles esperam para ver se há uma melhora na situação em suas cidades de origem", afirma o Padre Gonzalo Franco, diretor da Pastoral da Mobilidade Humana do Alto
Solimões. "Mas dizemos que Letícia é uma bomba-relógio, porque quando chegar a violência os deslocados vão entrar no Brasil e pedir refúgio." Como a legislação proíbe os refugiados de permanecer a menos de 50 km da fronteira, os que decidem viver no Brasil encaram uma viagem de seis dias de barco a Manaus. Outros terminam sua viagem em São Gabriel da Fronteira, aos pés do Pico da Neblina. A preocupação das organizações humanitárias é que a afluência de pessoas possa gerar ressentimento na população local. Mas este não parece ser um problema para Javier (nome fictício), que morava em Bogotá e fugiu ameaçado por paramilitares. Ex-militante político, ele agora conduz barcos de passeio no rio Amazonas. Ha um ano separado da esposa, que se esconde em outra parte do país, aguarda a papelada para viver em Manaus ou em Brasília. "Tenho a ideia do Brasil como um país muito organizado, onde não há tanta violência", disse Javier ã BBC Brasil. "Nunca escutei nada parecido com o que há na Colômbia, a guerrilha, os paras (paramilitares). As notícias do Brasil não falam disso." Solidariedade desde 2004, quando governos de 20 países se reuniram na Cidade do México para discutir um plano de ação para receber refugiados de todo o mundo, países vizinhos passaram a ter um papel mais ativo no problema da Colômbia. Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez diz que um esforço concentrado das autoridades resultou na concessão de carteiras de identidades para colombianos deslocados. Medidas semelhantes também são comuns no Equador. O Brasil passou a colaborar sobretudo em relação ao mecanismo de realocação de refugiados, idealizado para deslocar de um país a outras pessoas que continuem em situação de risco mesmo longe de casa. "Até agora, a realocação se fazia apenas em alguns países, como Estados Unidos, Canadá e Austrália. Agora, outros países, Ê como o Brasil, estão implementando o Plano de Ação do México e dando a refugiados da região e de fora uma oportunidade de recomeçar", disse à BBC Brasil E o representante do Acnur na Colômbia, Jean Noel Wetteruald. O conflito na Colômbia já obrigou cerca de 3 milhões de pessoas a deixar suas casas, segundo o Acnur. Outras 200 mil engrossam a maré de deslocados a cada ano, afirmou Wetterwald. Ele ressaltou a importância de que a comunidade internacional demonstre "solidariedade" com os refugiados no conflito colombiano. "Em 28 anos de trabalho na ONU, estive em crises que hoje fazem parte da história. No Vietnã, no Camboja. Quando se está no meio da crise, não se vê saída. Mas no final, graças aos instrumentos e os princípios de solidariedade internacional, consegue-se sair dela." Todos os direitos reservados. Proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC. (UCHOA, PABLO. Colombianos veem Brasil como refúgio inacessível. Disponível em :< http://www.estadao.com.br/noticias/geral,colombianos-veem-brasil-como-refugio-inacessivel,138131>. Acessado em : 30.11.2015)
A longa citação é necessária pois se trata de uma reportagem relatando a visão dos colombianos diante desta guerra colombiana, e a importância de órgãos internacionais para ajudar estes migrantes em busca de uma solução. 
Os dados relatados anteriormente mostram como os colombianos estão divididos a nível Brasil, em São Paulo alunos da Faculdade Santa Marcelina realizarão um levantamento da comunidade colombiano na região, a linha de pesquisa em direitos humanos em parceria com a prefeitura do estado de São Paulo ea Policia Federal (PF), concluirão que o número de migrantes colombianos subiu expressivamente no estado , segundo dados par própria PF, o número de colombianos que entram no pais legalmente em 2015 é de 22.904,´número expressivo se compararmos com os dados anteriores que são de 2014.
A Prefeitura do Estado de São Paulo, já possui uma parceria com a entidade social Cáritas a sua atuação é junto aos excluídos e excluídas em defesa da vida e na participação da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, ajudando os migrantes a ter uma orientação, ajuda, abrigo e esperança.
 
REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS
ACNUR - Agência da ONU para Refugiados. Disponível em: < http://www.acnur.org/t3/portugues/recursos/estatisticas/dados-sobre-refugio-no-brasil/ >. Acessado em: 30.11.2015.
BBC BRASIL – Sem Autor. Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2007/06/070619_refugiadosbrasil_pu.shtml > Acessado em 30.11.2015
CONARE – Comitê Nacional para os Refugiados. Disponível em: < http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6240&Itemid=478&cod_pais=COL&tipo=ficha_pais&lang=pt-BR > Acessado em 30.11.2015
GUIA GEOGRÁFICO - Enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe. São Paulo: Boitempo Editorial. Disponível em: < www.guiageo-americas.com >. Acessado em: 30.11.2015.
PORTAL AMAZÔNIA - Portal Amazônia, com informações da Agência Brasil. Disponível em: < http://portalamazonia.com/noticias-detalhe/internacional/colombianos-sao-terceiro-maior-contingente-de-refugiados-no-brasil/?cHash=4b724a02ceef71fb3d3531ac97323a5d >. Acessado em: 30.11.2015
UCHOA, PABLO. Colombianos veem Brasil como refúgio inacessível. Disponível em :< http://www.estadao.com.br/noticias/geral,colombianos-veem-brasil-como-refugio-inacessivel,138131>. Acessado em: 30.11.2015

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