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Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 1 INTRODUÇÃO • Via aérea definitiva. • Visa proteger e preservar vias aéreas pérvias. MODALIDADES ELETIVA: • Planejada. • Objetivo é bem estabelecido. • Exemplo: aquela que o anestesista faz antes de qualquer cirurgia/procedimento. • Planejamento dos equipamentos, técnicas e analgesia a serem utilizados. SRI – SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO: • Método utilizado na emergência e, principalmente, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). • Exemplos: insuficiência respiratória, em que o ambu ou a máscara não reinalante são insuficientes; desconforto respiratório importante; lesões obstrutivas em via aérea superior. • Objetivo: Otimizar o procedimento que está sendo feito em caráter de urgência. INDICAÇÕES • Insuficiência Respiratória Aguda (IRA). • Oxigenação inadequada. • Proteção de via aérea no rebaixamento do nível de consciência (RNC). INDICAÇÕES ABSOLUTAS: • Glasgow <9. Obs: Cenários de Glasgow <9 em que não realiza IOT: 1. Status neurológico prévio (Alzheimer avançado, demência, sequela de AVC); 2. HGT <70mg/dL (hipoglicemia; pode fazer tríade de Whipple – tremores, sudorese e rebaixamento); 3. Estado pós-ictal. • Queimaduras de vias aéreas: Obs. Inalação de fumaça pode ser considerada queimadura, dependendo do tipo de fumaça. • Desaturação <90% ou PO2<60 mmHg refratária a FiO2 mínima de 50% e/ou VNI. Importante: DPOC tolera até 88% de saturação (tolera entre 90-92%). • Edema agudo de glote. INDICAÇÕES RELATIVAS: • PCR (na prática, IOT pra todo mundo). • Procedimentos anestésicos: ex – cirurgia de remoção de vesícula, apêndice. Eletiva. • Uso de surfactante: ex – neonato prematuro. • Realização de EDA em pacientes rebaixados. CONTRAINDICAÇÕES PATOLOGIAS GLÓTICAS/SUPRAGLÓTICAS: • Trauma de laringe. • Ruptura da junção laringotraqueal. • Lesões expansivas oclusivas: ex - tumores com obstrução completa. VIA AÉREA DIFÍCIL • 03 tentativas de IOT mal sucedidas OU • Mais de 10 minutos tentando realizar IOT. ❖ Edema de laringe. ❖ Alterações anatômicas: dificuldade na visualização. Relativa. ❖ Lesões: laringe, abertura glótica. Relativo. ❖ Grau de habilidade: relativa. RECONHECIDA A primeira etapa da sequência rápida é a preparação, que envolve estudar a via aérea do paciente. • Sedação leve. • Anestesia tópica. • Bloqueios. IOT – INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 2 NÃO RECONHECIDA • Ventilação manual com máscara. • Tubo esôfago-traqueal. • Máscara laríngea. • Cricotireoidostomia: realizada quando mais de 3 tentativas mal sucedidas por profissional experiente OU quando o paciente não consegue manter uma boa saturação com a máscara de O2. Se falência de via aérea → via aérea cirúrgica: • Traqueostomia: feita geralmente. • Cricotireoidostomia: tende a se manter por apenas 2 dias, por conta do risco de edema subglótico. SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO (SRI) • Procedimento pré-IOT para facilitar o mesmo. • Objetivo: eficácia na primeira passagem; menos complicações. 7 P`S 1 – PREPARAÇÃO • Avaliação da via aérea + plano de abordagem. • Preditores: LEMON. ❖ L → Look externally (impressão geral). ❖ E → Evaluate (3-3-2 → boca/tireoide – mento/hioide – tireoide). ❖ M → Mallampati: abertura da boca). ❖ O → Obstructions: voz abafada, salivação excessiva, estridor). ❖ N → Neck mobility: possibilidade de extensão cervical). MALLAMPATI • Mallampati Grau I: visualização dos arcos palatinos, palato duro, palato mole, úvula. • Mallampati Grau II: parte da úvula. • Mallampati Grau III: base da úvula. • Mallampati Grau IV: apenas palato duro. CORMACK-LEHANE Laringoscopia – visão da abertura glótica. • Cormarck-Lehane Grau I: visualização da epiglote e cordas vocais. • Cormarck-Lehane Grau II: epiglote e parte das cordas vocais. • Cormarck-Lehane Grau III: apenas epiglote. Não visualiza a abertura glótica. • Cormarck-Lehane Grau IV: nem a epiglote dá pra ser visualizada direito. • Monitorização + Oximetria + Acessos venosos calibrosos. • Capnografia (se disponível). • Seleção de equipamentos e fármacos. LARINGOSCÓPIO: A lâmina do laringoscópio é escolhida de acordo com o paciente, bem como da disponibilidade. Na grande maioria dos casos, é utilizada a lâmina 3 (padrão). • Retas: pediatria (00,0 e 1) e obesos (3 e 4). • Curvas. TUBO ENDOTRAQUEAL: Varia de acordo com o paciente. • Mulher: 7-7,5 mm (diâmetro da boca). • Homem: 7,5-8,0 mm. • DPOC: maior tubo possível (8-9,5mm). Na prática, utiliza-se a 8,0 para todo mundo, exceto quando a pessoa tem <1,50m. Regra: tamanho do tubo X 3. Exemplo: Se o tubo for número 7, introduz 21 cm. Na prática, é comum inserir 22 cm em todo mundo. Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 3 ADJUVANTES (BOUGLE): É tipo um guia para a intubação. Modo de uso: coloca o laringoscópio e passa o bougle. Quando ele entra na via aérea, é possível sentir as cartilagens e anéis traqueais. Se não quiser utilizá-lo de primeira, pode ser considerado caso não seja possível fazer a intubação, pois aumenta as taxas de sucesso da mesma. OUTROS EQUIPAMENTOS: • Lubrificante estéril para balão e seringa: importante. • Equipamento para VA nasal e oral. • VA de resgate (combitube, máscara laríngea). • Capnógrafo: é o padrão ouro para avaliação da posição do tubo. • Fixador (tape). • Estetoscópio: ausculta. • Seringa de 20mL. • Monitor: monitorização da FC, PA, saturação e eletro – QRS. • Ambu: pré-oxigenação e testagem do tubo. Bolsa + máscara + balão. 100% de FiO2. IMPORTANTE ❖ Testar luz do laringoscópio e cuff. ❖ Paramentação: capas, luvas estéreis, máscaras, óculos, gorro. N95, face shield e capa impermeável em casos de COVID. 2 - PRÉ-OXIGENAÇÃO Aumenta a concentração de O2 dentro dos pulmões. O que determina o grau de desaturação (importante ou discreta) é o grau de oxigenação e a doença de base. • Aumenta segurança do procedimento. • Média de 3 a 5 minutos em fonte de alto fluxo. O ideal é uma saturação de 94% (DPOC 92%). • Posicionar: Trendelenburg reverso 30º: cabeceira elevada; cabeça 20º pra cima; manobras para patência de VA: Jaw-thrust e Chin-lift. 3 - PRÉ-TRATAMENTO • Otimizar medidas para prevenir hipotensão. • Reconhecer órgãos vulneráveis que possam complicar. • Atenção à hipoxemia. • Descompressão de pneumotórax. 4 - PARALISIA COM INDUÇÃO • Sedoanalgesia + bloqueio neuromuscular. • Meta: alcançar efeitos para realizar IOT em 45- 60 segundos. • Provém amnésia e reduz reflexos parassimpáticos. ANALGÉSICOS: • Fentanil: ampola 50mcg/mL - 3mcg/Kg; opioide com potência 100x maior que a morfina. ❖ Exemplo: paciente 70kg: 70X3mcg → 210 mcg → 3-4mL. ❖ IV em bolus lento. Pode diluir. ❖ Importante: quanto dado em bolus rápido, ocasiona rigidez torácica. Para reverter essa situação, é preciso fazer bloqueador neuromuscular. • Lidocaína: 1-1,5 mg/Kg. SEDATIVOS: • Propofol: 10 mg/mL – 1 mg/Kg. ❖ IV em bolus, sem diluir. ❖ Dose recreativa: 0,5mg/kg. ❖ Exemplo: paciente 70 kg: 70X1 → 70mg → 7 mL. ❖ Características: meia vida curta (cerca de 5 minutos), tempo de ação rápido, anticonvulsivante (neuroproteção), hipnótico e sedativo (gaba agonista), amnésico e hipotensor. ❖ É a droga do neurocrítico (HSA, AVC hemorrágico, crise convulsiva, mal epiléptico, TCE grave). ❖ Não fazer em pacientes hipotensos. ❖ Se pra indução → acesso periférico. Se infusão contínua → acesso central. ❖ Efeitos: hipotensão, bradipneia, depressão respiratória. Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 4 • Etomidato: ampola 20mg/10mL - 0,3 mg/kg. ❖ IV em bolus, sem diluir. ❖ Inércia hemodinâmica. ❖ Tempo de ação (20-30 segundos) e meia vida (2 minutos) mais curtos.❖ É exclusivamente para indução. Não faz manutenção. • Ketamina: 50mg/mL - 1-2 mg/Kg. ❖ IV em bolus, sem diluir. ❖ Efeito dissociativo quando usado para manutenção (alíquota): logorreia e polilalia. ¨Soro da verdade¨. Necessário associar com outro sedativo, como propofol (¨Quetafol¨) ou precedex (¨Quetadex¨). ❖ Efeito broncodilatador: ex – DPOC, asma. ❖ Efeito hipertensivo e taquicárdico. ❖ Preserva o drive respiratório. ❖ Contraindicada em pacientes neurocríticos. ❖ É sedativa e analgésica (associada comumente com o fentanil). • Midazolam 0,1-0,3 mg/kg. • Tiopental: 3-5 mg/Kg. Apenas indução: Etomidato. Apenas manutenção: midazolam (dormonid). Manutenção e indução: Propofol, ketamina e fentanil. Lembrete: é possível fazer indução com uma droga e manutenção com outra. Logo após a indução começa a manutenção. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES: O bloqueio faz parte do tripé da intubação, mas não é obrigatório. Se não for possível intubar com o paciente bloqueado, tem que fazer crico de urgência, porque na maioria das vezes não responde bem aos antídotos, e demora 20-30 minutos pra passar o efeito. Existem 3 classes: • 1 - Despolarizantes: ❖ Succinilcolina: 1,5-2 mg/Kg. ❖ Principal contraindicação: hipercalemia. Outra: hipertermia (febre). ❖ Reverte, em parte (tempo 15 minutos). • 2 - Não despolarizantes: ❖ Rocurônio: 1-1,2 mg/Kg. 50mg IV (dose única)? ❖ Não tem contraindicações. ❖ Não reverte (pode reverter com 30 min). Uso do BNM: casos de COVID (evitar reflexo de tosse), paciente com estômago cheio (evitar reflexo de vômito), paciente com resistência após sedativo e analgésico. • 3 – Infusão contínua (curarizantes). ❖ As únicas hipóteses de utilização de BNM de rotina em infusão contínua são COVID e SARA, sendo o Cisatracúrio o único permitido. Os BNM são contraindicados de forma absoluta em pacientes com via aérea difícil. 5 – POSICIONAMENTO • Profissional se posiciona na cabeceira do leito. • Ajustar a cabeceira e a altura do leito. • Extensão cervical: via aérea mais retificada → melhor visualização da abertura glótica → maior facilidade na passagem do tubo. • Sniff position = eixos alinhados. Alinhamento do eixo laríngeo com o eixo faríngeo e com o oral. Manobras para visualização: BURP; Sellick: evitar broncoaspiração. Importante: em situações de trauma raquimedular (TRM) não é pra extender a cabeça do paciente, podendo ser feita a manobra jaw thrust (deslocamento da mandíbula) para facilitar o acesso a corda vocal. 6 – PASSAGEM DO TUBO • Inserção do laringoscópio: com a mão esquerda. • Visualização da abertura glótica. Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 5 • Passagem do tubo: com a mão direita. • Insuflar o cuff (deve ser insuflado com pressão aproximada de 20-30 cm de água, ou seja, insufla 10-15 mL de ar em uma seringa de 20mL) + retirar fio guia + retirar o laringoscópio. • Confirmar posição do tubo: acopla o ambu e ausculta (1º - região epigástrica; 2º - pulmonar). A confirmação padrão-ouro é feita com o capnógrafo. TIPOS DE INTUBAÇÃO • Ideal: antes da bifurcação da carina, taqueia. • Seletivação brônquica: tubo em 1 dos brônquios. • Intubação do esôfago: inadequado. 7 – PÓS-IOT • Fixar tubo com tapes/esparadrapos. • Acoplar ao ventilador. • Observar parâmetros: hipotensão e queda da saturação comuns. • Se parâmetros ruins: buscar complicações: pneumotórax, ruptura de cuff, interrupção do circuito de O2, tampão mucoso, tubo esofágico. • Saturação → transporte. • pO2/FiO2l → troca gasosa. • PCO2 → ventilação. CONFIRMAÇÃO DA TÉCNICA: 1. Ausculta dos campos pulmonares → conectar o ambu ao tubo e auscultar: epigástrio, base de HTXs e ápices de HTXs. 2. Radiografia de tórax. CAPNOGRAFIA DE CURVAS: • É o método mais acurado de comprovação de intubação correta. • Dosagem de CO2 do paciente. Se tiver exalando CO2, vai fazer curva (imagem 2), confirmando o posicionamento correto. Se estiver no esôfago, o gráfico será uma linha (imagem 1). MÉTODOS COM MENOS ACURÁCIA: • Tubo embaçado: pior método de confirmação. • Elevação do tórax a cada insuflação do ambu. • Melhora da saturação de O2 pelo oxímetro de pulso. INFORMAÇÕES IMPORTANTES • Ar ambiente: FiO2 21%. • Cateter nasal: 24-39% (3% por litro, 6L no máximo). • Máscara de venture: 28-50%. • Máscara não reinalante: 86-87% (teoricamente 100%). • Ambu ligado ao fluxo 15l/min: 100%.
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