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Esquema de estudo de Direito do Consumidor por Thiago JS Oliveira

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Esquema de estudo de Direito do Consumidor – Parte Geral
Por Thiago JS Oliveira
Consumidor
Fornecedor
Relação de consumo
A relação de consumo é dinâmica, pois, nascem/crescem/evoluem/representam. Mas, o que é relação de consumo?
Compreende-se ser relação de consumo todo ato negocial de razão habitual, ou seja, para que aufira relação de consumo é necessário que o ato desenvolvido seja frequente por fato do fornecedor. Transmutação da simples relação pessoal para uma complexa relação urbana ampla, acarretada de impessoalidade.
Por tal fator de impessoalidade, gera-se a necessidade de certa proteção específica ao consumidor.
Pelo mero não enquadramento da figura do consumidor nos polos público ou privado, é cabível, o direito do consumidor, ao campo temático dos direitos difusos e coletivos. Mas, porquê da tutela de proteção estatal ao consumidor, sendo que a relação não importa diretamente ao órgão em questão? Simples, pela mera razão da vulnerabilidade.
Assim sendo, pela vulnerabilidade e hipossuficiência, a tutela para gerir e cobrar direitos quando de supostos prejuízos advirão tanto do Estado quanto da própria parte, tutela respectiva.
A ONU, antes mesmo de qualquer outro órgão destacara os desiquilíbrios aos quais o consumidor está pré-determinado, ocorrendo estar ao não equilíbrio econômico, educacional e aquisitivo. Por tais razões, perpetrou determinadas proteções iniciais ao consumidor. Por Res. n. 2. 542/ 11.12.1969 (Decl. Nac. Unidas sobre o Progr. e Desiq. Social); 1973 – CDH = ONU; 1985 – Res. n. 39/248/85 – 16.04.1985 (Proteção direta do consumidor pela ONU, discorrendo e apresentando alguns dos principais princípios que regem a relação.
CDC no Brasil
Entre a temporalidade de 1971 a 1973, o país discutirá as primeiras problemáticas quanto ao tema, por relevância de Nina Ribeiro, que na época agia na função de deputado.
1978
Surge o 1º órgão de defesa do consumidor – Procon – Lei 1.903/78, de âmbito inicial e privativo ao Estado de SP;
Âmbito Federal somente em 1985, por decreto n. 91.469/CNDC, substituído pela SNDE;	
Indiretamente protegia o consumidor, pelas vertentes, Dec. n. 22.626 – 7.04.1933; CF/34, arts. 115 e 117; Dec. Lei n. 869 – 18.11.1938; Dec. Lei n. 9.840 – 11.09.1946 (vigente); Lei n. 7.244 (Juizados Especiais de pequenas causas); Lei n. 7.347 (Ação Civil Pública de Resp. por danos causados ao consumidor); CF/88 – em quatro dispositivos, arts.: 5º, XXXII, 24, VIII, 170, V e, ADCT – art. 48, de edição do CDC pela Lei n. 8.078 – 11.09.1990 – vigência/1991.
Alterações do CDC
Lei n. 8656 – 21.5.1993, alterando a redação do art. 57;
Lei n. 8703 – 6.9.1993, dando nova redação ao § único do art. 57;
Lei n. 8884 – 13.6.1994, alterando o art. 39; alterando também a Lei n. 7347/85, aos arts. 1º, V, e 5º, II;
Lei n. 9008 – 21.3.1995, decorrente da Medida Prov. N. 683, corrigindo a redação dos arts. 45; 82; 98 e 39;
Lei n. 9298 – 1º.8.1996, alterando o § 1º do art. 52;
Lei n. 9870 – 23.11.1999, alterando art. 39, inserindo inciso XI;
Lei n. 11.785 – 22.9.2008, definindo o tamanho da fonte dos contratos por adesão;
Lei n. 11.800 – 29.10.2008, alterando o CDC, impedindo publicidade enganosa, por sua variável possibilidade de comunicação, acrescendo § único ao art. 33;
Lei n. 11.989 – 27.7.2009, alterando art. 31, acrescendo § único;
Lei n. 12.039 – 1º.10.2009, incluindo art. 42-A.
Política Nacional de Relações de Consumo
Objetivos:
Atendimento das necessidades dos consumidores;
Transparência da relação;
Harmonia;
Pacificar e compatibilizar interesses;
Eliminar ou reduzir conflitos;
Propor qualidade de vida ao consumidor.
Princípios Gerais
Vulnerabilidade do consumidor
Proteção à parte mais fraca da relação consumerista;
Reconhecida, tal situação hipossuficiente, pela CF/88 – art. 5º, XXXII.
Presença do Estado
Corolário do princípio da vulnerabilidade;
Acarretado pela CF/88 – art. 5º, XXXII e com adição do CDC – defesa do consumidor pelo Poder Público.
Harmonização de interesses
Proporcionamento do não confronto ou acirramento de ânimos;
CF/88 – art. 4º, VIII.
Coibição de abusos
Repressão dos atos abusivos à relação
Incentivo ao autocontrole
Proposta auferida à melhor relação negocial entre fornecedor e consumidor. Modos de resolução apresentados pela própria empresa.
Conscientização do consumidor e do fornecedor
Busca do equilíbrio nas relações de consumo, atendendo as necessidades do consumidor e do fornecedor.
Melhoria dos serviços públicos
Afastamento da alta precariedade dos serviços públicos.
Vulnerabilidade do consumidor
Proposta pela produção em massa e pelo gigantismo publicitário;
O consumidor como parte fraca da relação, não possuindo controle sobre os bens de produção;
Constante submissão às condições oferecidas pelo fornecedor, perpetrando razão de “refém”;
Relação de hipossuficiência multiforme;
Necessária intervenção estatal, no sentido de proteção, sempre. – art. 4º, III, CDC;
Constante busca pelo não desiquilíbrio da relação – posição debilitada e subordinação estrutural, referentes ao ponto focal do consumidor em razão do fornecedor.
Instrumentos de defesa do consumidor
CDC e CF/88 – art. 5º, I a V.
Educação formal e informal: formal – Escola e cursos convencionais de educação ao consumo; informal – Publicidades em geral e propagandas;
Órgãos oficiais: art. 5º, CDC; art. 105, SNDC; Dec. n. 2.181 – revogando decreto n. 861/93.
Associações civis: art. 105, CDC c/c art. 5º, V, CDC; decreto n. 2.181 – 20.3.1997, arts. 3º, IX e 8º.
Informação do consumidor: princípio da transparência; art. 6º, III, CDC c/c arts. 8º, 9º e 10 CDC.
SAC: não estão elencados em lei, nem mesmo nas terminologias da CF/88 nos dispositivos 5º, I a V, mas são considerados meios de defesa.
Juizados especiais: Lei n. 9.099/95, Juizados Especiais Cíveis e Criminais – revoga a Lei n. 7244/74, apresentando nítidas vantagens para o consumidor. Também possibilitou a amplitude da competência dos JEC, incluindo as causas que não excedam 40x o numerário do salário mínimo vigente – art. 275, II, CPC – art. 3º, I a IV, CPC. Cabe ressalvar também que, de início, independeram, as ações de jurisdição, custas, taxas ou despesas – art. 54, CPC (1º Grau), ainda da não necessidade de contratação advocatícia as causas referentes ao numerário de 20x do valor do salário mínimo vigente – art. 9º, CPC.
Atuação do MP: art. 5º, II, CDC; função atribuída ao MP pela CF/88, conforme dispositivos, arts. 127 e 129, III; LC n. 40/81; Lei n. 8625/93; Lei n. 7347/85; Lei n. 8078/90, art. 51, § 4º, I; CDC, arts. 82, 91 e 92.
Assistência jurídica: instituída e mantida pelo Poder Público e gratuita ao consumidor carente. – art. 5º, I, CDC; art. 6º, VII e VIII, CDC; Lei n. 4717/65 (ação popular); Lei n. 7347/85 (ação civil pública); art. 82, I e II, CDC.
Delegacias especializadas: art. 5º, III, CDC
CDC
Doutrinariamente, tal dispositivo é acarretado como um microssistema jurídico interdisciplinar, formado por normas jurídicas, num mesmo corpo legislativo, coordenadas entre si, objetivando a defesa do consumidor.
Art. 6º, Dir. básicos do consumidor;
Arts. 8º, 9º e 10, obrigações do fornecedor – prevenção e reparação dos danos;
Arts. 12 a 28, resp. civil por vícios e fatos decorrentes do serviço ou produto.
Consumidor
Art. 2º, CDC – Lei n. 8072/90:
Pessoa física ou jurídica;
Adquire ou utiliza;
Destinatário final.
Art. 6º, CDC – inversão do ônus da prova.
Consumidor por equiparação
Consumidor não protagonista da relação em si – art. 2º, § único, CDC;
Defesa: individual – art. 81, CDC; coletiva – arts. 81, § único, e 91, ambos do CDC;
Qualquer pessoa – art. 29, CDC.
3º na relação consumerista
Art. 91, CDC;
Basta ter sido vítima ou que seja atingido de algum modo pelo produto ou serviço prestado.
Fornecedor
De fácil compreensão por exclusão, ou seja, todos aqueles que não compõem a pratica da atividade consumerista;
Conceito: art. 3º, CDC.
Produto: art. 3º, § 1º, CDC;
Serviço: art. 3º, § 2º, CDC.
Direitos básicos do consumidor
Res.ONU n. 32/248 – 10.4.1985
Direito à segurança;
Direito à escolha;
Direito à informação;
Direito a ser ouvido;
Direito a indenização;
Direito à educação para o consumo;
Direito a um meio ambiente saudável;
Art. 6º, I a X, CDC, simetria dos direitos.
Princípios específicos
Princípio da isonomia ou da vulnerabilidade do consumidor: implícito na CF/88 – art. 5º, XXXII, e expresso no CDC – arts. 4º, I, e 47. Os consumidores devem ser tratados de forma desigual pelo CDC e pela legislação em geral a fim de que consigam chegar à igualdade real.
Princípio da boa-fé: arts. 4º, caput; 12 (resp. objetiva); 6º, VIII, (inversão da prova); 51 e § 1º (nulidade absoluta de cláusula abusiva em contratos por adesão); 53 (nulidade em geral), todos do CDC. Exige que as partes da relação de consumo atuem com estrita boa-fé, ou seja, com sinceridade, seriedade, veracidade, lealdade e transparência, não detendo de qualquer objetivo mal disfarçado de esperteza, lucro fácil e imposição de prejuízo alheio.
Princípio da equidade (equilíbrio): devendo haver equilíbrio entre os direitos e deveres dos contratantes. Arts. 4º, I (vulnerabilidade); 4º, II (intervenção estatal); 4º, caput (transparência); 4º, III (boa-fé); 6º, VI (resp. objetiva); 7º, §único (solidariedade obrigacional) e;4º, VI (facilidade do acesso à justiça e sancionamento dos desconformes).
Tutela
Genérica: não há necessidade de jurisdição especifico;
Constitucional: arts. 5º, XXXII; 24, VIII; 129, II e III; 170, V e; 48, ADCT. A tutela constitucional é referida pela expressão aos direitos de cidadania, à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, sendo este um direito do cidadão e dever do Estado;
Específica: por ser o CDC um complexo microssistema jurídico, a tutela especifica perfaz justa e necessária para melhor atenção aos litígios. Arts. 6º, IV; 36 a 38 (de tratamento civil) e; 55 a 60 (via razão adm.), ambos do CDC.
ONU: não se considera a tutela da ONU impositivamente, mas por mera razão política, de cunho em despertar os Estados para a defesa aos consumidores, respeitando ser este o primeiro órgão a cuidar do tema. Res. n. 39/248 – 10.4.1985.

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