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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO DO 
CONSUMIDOR
Introdução ao Direito do Consumidor
Livro Eletrônico
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Keity Satiko
Introdução ao Direito do Consumidor
DIREITO DO CONSUMIDOR
Apresentação .................................................................................................................4
Introdução ao Direito do Consumidor .............................................................................5
1. Introdução ao Direito do Consumidor ..........................................................................5
1.1. Código de Defesa do Consumidor e Constituição Federal de 1988 .............................5
1.2. Competência Legislativa ...........................................................................................6
1.3. Código de Defesa do Consumidor: Norma de Ordem Pública e Interesse Social ........8
1.4. O Código de Defesa do Consumidor, Microssistema Legislativo .............................. 10
1.5. O Código de Defesa do Consumidor e o Reconhecimento de Ofício das Matérias 
pelo Julgador ................................................................................................................ 10
1.6. Código de Defesa do Consumidor: Lei de Função Social ........................................... 11
1.7. Característica do Código de Defesa do Consumidor ................................................. 11
1.8. Diálogo das Fontes ................................................................................................ 12
2. Princípios do Código de Defesa do Consumidor ......................................................... 13
2.1. Princípio da Vulnerabilidade ................................................................................... 14
2.2. Princípio da Hipossuficiência ...................................................................................17
2.3. Princípio Da Transparência ou Informação ............................................................. 18
2.4. Princípio da Boa-fé ................................................................................................ 19
2.5. Princípio da Confiança .......................................................................................... 20
2.6. Princípio do Equilíbrio Contratual ......................................................................... 20
2.7. Princípio do Acesso à Justiça ................................................................................. 21
2.8. Princípio da Reparação Integral .............................................................................24
2.9. Princípio da Solidariedade .....................................................................................24
2.10. Princípio da Intervenção do Estado ......................................................................25
2.11. Princípio da Interpretação mais Favorável ao Consumidor ....................................26
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Keity Satiko
Introdução ao Direito do Consumidor
DIREITO DO CONSUMIDOR
2.12. Princípio da Efetividade ........................................................................................26
2.13. Princípio da Harmonia das Relações de Consumo .................................................26
3. Relação Jurídica de Consumo ....................................................................................27
4. Incidência do Código de Defesa do Consumidor ........................................................34
4.1. Instituições Financeiras ..........................................................................................35
4.2. Contratos Planos de Saúde ...................................................................................35
4.3. Entidades de Previdência Privada ..........................................................................36
4.4. Relação Condômino e Condomínio .........................................................................39
4.5. Segundo o Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, Não se Aplica o CDC ... 40
4.6. Segundo o Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, Aplica-se o CDC ........... 41
5. Súmulas e Jurisprudência .........................................................................................42
5.1. Súmulas .................................................................................................................42
5.2. Jurisprudência .......................................................................................................44
Resumo ........................................................................................................................ 61
Questões de concurso ..................................................................................................63
Gabarito ........................................................................................................................71
Gabarito Comentado .....................................................................................................72
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Keity Satiko
Introdução ao Direito do Consumidor
DIREITO DO CONSUMIDOR
ApresentAção
Olá, querido(a) aluno(a), tudo bem? 
Hoje, iniciaremos nossos estudos de Direito do Consumidor. É uma honra e satisfação 
participar da sua caminhada de estudos.
Já adianto que a disciplina de Direito do Consumidor é a “bola da vez” em concursos pú-
blicos. Você deve estar pensando: “Será”? Explico.
Direito do Consumidor é uma disciplina relativamente enxuta e de altíssima incidência em 
provas de concursos. Assim, estrategicamente, é muito vantajoso para o “concurseiro (a)” 
focar suas energias para gabaritar Direito do Consumidor. Pode acreditar: é completamente 
possível GABARITAR! 
A cobrança de Direito do Consumidor, em concursos públicos, envolve basicamente tópi-
cos conceituais da disciplina; hipóteses de aplicabilidade do CDC; posicionamento jurispru-
dencial e a própria legislação “seca”. Em nosso curso, iremos abordar os principais assuntos 
e revisar, de forma didática, o conteúdo dos principais editais de concursos públicos.
Antes de iniciarmos nossos estudos, permita-me uma breve apresentação.
Sou Keity Satiko, professora de Direito do Consumidor, no Gran Cursos Jurídicos. Fui ana-
lista judiciária do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, lotada na 2ª instância, 
em gabinete Cível. Atualmente, sou Defensora Pública do Distrito Federal. Na Defensoria Pú-
blica do Distrito Federal, fui lotada no Núcleo de Defesa do Consumidor- NUDECON, com atu-
ação na tutela individual e coletiva.
Estou à disposição. Desejo sorte nessa linda e recompensadora jornada. Você é CAPAZ!
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Keity Satiko
Introdução ao Direito do Consumidor
DIREITO DO CONSUMIDOR
INTRODUÇÃO AO DIREITO DO CONSUMIDOR
1. Introdução Ao dIreIto do ConsumIdor
Vamos dar início às nossas aulas compreendendo a origem da disciplina de Direito do 
Consumidor.
Até 1990, o adquirente de produtos e serviços utilizava, fundamentalmente,para a defesa 
de seus direitos, a Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – o antigo Código Civil –, e a Lei n. 
1.521, de 26 de dezembro de 1951 – Crimes contra a economia popular.
Todavia, o mercado brasileiro passava por significativas mudanças, diante dos avanços 
nas formas de comunicações e o grande desenvolvimento científico e tecnológico do merca-
do de consumo.
Assim, os antigos e acanhados fornecedores passaram a ser cada vez mais bem-dotados 
de estrutura técnica e econômica para práticas comerciais. Nesse cenário, a produção deixou 
de ter o aspecto artesanal e passou a ser manipulada em grande escala. Consequentemente, 
surgem os mais diversos e complexos contratos consumeristas.
Diante dos avanços, emerge a grande contradição: como as novas relações do mercado 
poderiam ser reguladas pelo Código Civil de 1916 de Clóvis Beviláqua, planejado para regular 
e atender relações horizontais, marcadas pelo equilíbrio entre as partes envolvidas.
A “nova era” exigiu a revisão desse modelo ultrapassado, requerendo a instituição de le-
gislações mais específicas, pois aumentavam-se a vulnerabilidade dos consumidores e, con-
sequentemente, o desequilíbrio contratual. Conclusão: o Código Civil não era apto a proteger 
adequadamente os consumidores.
No Brasil, esse processo, visando a proteção consumerista, teve nascedouro com o ad-
vento da Constituição Federal de 1988, que originou importantes diplomas normativos como 
o Estatuto da Cidade, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso e a tão 
festejada Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor (CDC).
1.1. CódIgo de defesA do ConsumIdor e ConstItuIção federAl de 1988
O constituinte de 1988 positivou a necessidade de se proteger o consumidor, em diversos 
dispositivos constitucionais.
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Introdução ao Direito do Consumidor
DIREITO DO CONSUMIDOR
Tais como os artigos 5º, inciso XXXII, art. 170, inciso V, e art. 48 da ADCT, todos da CF/1988.
Art. 5º, CF-88 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170º, CF- 88 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre ini-
ciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios:
V – defesa do consumidor;
ADCT- Art. 48º, CF-88 O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Cons-
tituição, elaborará o código de defesa do consumidor.
Em primeira nota, aluno(a), verifique que a defesa do consumidor está elencada no art. 5º, 
XXXII da CF, isto é, consta do título “Dos direitos e garantias fundamentais”. Assim sendo, a 
defesa do consumidor é núcleo imodificável da Constituição Federal.
Como cláusula pétrea não será admissível qualquer proposta de emenda constitucional 
tendente a abolir ou esvaziar a defesa do Direito do Consumidor. – Vedação ao retrocesso, 
efeito cliquet.
Ademais, além de Direito e Garantia fundamentais, o CDC é princípio norteador da ativi-
dade econômica do Estado.
A defesa do consumidor é princípio de ação política do Estado porque legítima a adoção 
de políticas protetivas para o consumidor. Nesse cenário, o Estado poderá intervir na ordem 
econômica primando pela defesa e interesses dos consumidores.
Como resposta legal protetiva, o Constituinte de 1988, nos Atos das Disposições Constitu-
cionais Transitórias (ADCT), artigo 48, estabeleceu que o Congresso Nacional, dentro de cento 
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaboraria o Código de Defesa do Consumidor.
Todavia, o prazo temporal estabelecido pelo constituinte não foi observado, sendo o Códi-
go de Defesa do Consumidor promulgado em 11 de setembro de 1990 e sua entrada em vigor 
ocorreu em 11 de março de 1991.
1.2. CompetênCIA legIslAtIvA
Aluno(a), a quem compete legislar sobre Direito do Consumidor?
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DIREITO DO CONSUMIDOR
A resposta está preconizada nos artigos 24 e 30, ambos da Constituição Federal.
Conforme previsão constitucional do artigo da 24, CF/1988:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
V – produção e consumo.
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artís-
tico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Portanto, a União tem competência para editar normas gerais de proteção aos consumi-
dores e os Estados e o Distrito Federal têm competência para editar normas específicas para 
adequar à realidade de cada unidade federativa – art. 24, parágrafo 1ª e 4ª, da CF/1988.
Trata-se de competência concorrente, assim, diante da omissão da União, os outros entes 
federativos assumirão a competência plena para edição de normas gerais e especificas.
Todavia, sabe-se que a competência plena é temporária.
Assim, diante da edição de normas gerias pela União, as normas gerais editadas pelos 
Estados e pelo Distrito Federal, que dispuserem de forma conflitante com as normas da União, 
deixarão de ter validade.
Questão 1 (FCC/DPE-AP/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Lei municipal que proíbe a cobrança 
de consumação mínima em bares da cidade é, segundo a jurisprudência do STF:
a) constitucional, pois o Município tem competência concorrente à União para legislar sobre 
direito do consumidor.
b) inconstitucional, pois cabe a União e ao Estado, de forma subsidiária, legislar sobre direito 
do consumidor.
c) constitucional, pois o Município tem competência concorrente ao Estado para legislar so-
bre direito do consumidor.
d) inconstitucional, pois cabe a União e ao Estado legislar sobre direito do consumidor de 
forma concorrente.
e) ilegal, pois o Código de Defesa do Consumir prevê que cabe ao estabelecimento comercial 
decidir pela cobrança, respeitados os limites legais.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Letra d.
A lei é inconstitucional, pois os Municípios não podem legislar sobre consumo, visto que não 
estão no rol dos legitimados previstos no art. 24, CF/1988.
Por outro lado, a Constituição Federal, art. 30, preconizou que compete ao Município legis-
lar sobre assuntos locais. O Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário, entendeu 
ser de competência local legislar sobre tempo máximo de espera em filas de agência bancá-
ria, bem como imposições de instalações de banheiros em agências bancárias.
RE 432.789
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. CONSUMIDOR. INSTITUI-
ÇÃO BANCÁRIA. ATENDIMENTO AO PÚBLICO. FILA. TEMPO DE ESPERA. LEI MUNICI-
PAL. NORMA DE INTERESSE LOCAL. LEGITIMIDADE. Lei Municipal n. 4.188/01. Banco. 
Atendimentoao público e tempo máximo de espera na fila. Matéria que não se confunde 
com a atinente às atividades-fim das instituições bancárias. Matéria de interesse local 
e de proteção ao consumidor. Competência legislativa do Município. Recurso extraordi-
nário conhecido e provido.
A Turma conheceu do recurso extraordinário e lhe deu provimento, nos termos do voto do 
Relator. Unânime. Falou pelo recorrido a Dra. Magda Montenegro. 1ª. Turma, 14.06.2005.
1.3. CódIgo de defesA do ConsumIdor: normA de ordem públICA e 
Interesse soCIAl
Como explicitado, diante do desejo do constituinte em proteger o consumidor, surge a Lei 
n. 8.078/1990, o Código de Defesa do Consumidor, norma de ordem pública e interesse social, 
que deverá ser aplicado nas relações consumerista, conforme previsão do artigo 1º, do dis-
positivo legal.
Art. 1ª O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem públi-
ca e interesse social, nos termos dos arts. 5, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e 
disposições Transitórias.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Aluno(a), você deve estar se questionando: “O que são normas de ordem pública e inte-
resse social?”
Normas de ordem pública são aquelas que revestem valores importantes para toda a co-
letividade, são normas que transcendem interesses particulares, são normas que não podem 
ser afastadas ou modificadas pela vontade das partes. Portanto, são normas cogentes.
Por outro lado, as normas de interesse social buscam trazer equilíbrio na relação jurídica 
equalizando a diferença entre consumidor e fornecedor.
O STJ, inclusive, já entendeu nesse sentido.
As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de ordem pública e interesse 
social. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores básicos e 
fundamentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o consumidor 
delas abrir mão “ex ante” e no atacado. (STJ, Resp 586.316, Rel.Ministro Herman Benja-
min, 2 t. dj 19-3-2009.
Questão 2 (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2013) No que se refere as normas do 
CDC e Política Nacional das Relações de Consumo, julgue o item seguinte. Parte da doutrina 
considera o CDC norma de ordem pública e principiológica, o que significa que ele prevalece 
sobre as normas gerais e especiais anteriores.
Certo.
O CDC é norma de ordem pública (art. 1ª da Lei n. 8.078/1990) e de interesse social. Os seus 
dispositivos poderão ser aplicados ex officio pelo magistrado, no caso em concreto, ainda que 
sem requerimento das partes. Além disso, o código enquadra-se em uma norma principiológi-
ca e, assim, deve prevalecer quando colidir com outras normas gerais e especiais anteriores.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
1.4. o CódIgo de defesA do ConsumIdor, mICrossIstemA legIslAtIvo
O que é um microssistema legislativo, professora?
Vamos entender.
Por anos, as disciplinas jurídicas eram estudadas de forma isolada, de forma estanque, 
assim, o estudo era monotemático.
Nesse cenário, havia o Código Civil, o Código de Processo Civil, o Código Penal, o Código 
de Processo Penal e, assim, sucessivamente. Não havia no ordenamento jurídico matérias 
diversas em um mesmo diploma legislativo, ou seja, ramos jurídicos distintos demandavam 
legislações distintas.
O Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e Adolescen-
te e o Estatuto da Cidade romperam o paradigma de legislação monotemática.
É certo que legislações monotemáticas ainda existem. Porém, de modo cada vez mais 
raro. Assim, atualmente, é possível verificar leis que não obedecem a essa divisão rígida, sen-
do possível verificar várias disciplinas jurídicas em um único diploma jurídico.
Por força do caráter interdisciplinar, o Código de Defesa do Consumidor outorgou tute-
las específicas ao consumidor nos campos civil (arts. 8 a 54), administrativo (arts. 55 a 60 e 
105/106), penal (arts. 61 a 80) e jurisdicional (arts. 81 a 104).
Pontua-se que a doutrina entende que mais do que um microssistema legislativo, o CDC 
é um microssistema jurídico.
Microssistema jurídico porque o CDC é o diploma que tem o foco no problema. Nas pa-
lavras de prof. Felipe Braga Neto (Manual de Direito do Consumidor, 2018): “É um microssis-
tema jurídico porque reflete, e de modo inovador, essa tendência de legislar tendo em foco 
problemas, consumo, idosos, crianças, etc. - e não as velhas categorias de direito público e 
de direito privado.”
1.5. o CódIgo de defesA do ConsumIdor e o reConheCImento de ofíCIo 
dAs mAtérIAs pelo JulgAdor
Outra consequência, segundo a doutrina, derivada do CDC, norma de ordem pública e 
interesse social, é a possibilidade de o juiz conhecer de ofício das matérias relativas ao CDC. 
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DIREITO DO CONSUMIDOR
É importante ponderar que a jurisprudência do STJ não é pacífica quanto ao tema, há 
julgados que não têm admitido que o julgador conheça, de ofício, das cláusulas abusivas, 
especialmente em contratos bancários.
Súmula n. 381 do STJ
Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das 
cláusulas.
Ademais, a jurisprudência dos tribunais superiores (STF e STJ) afasta a aplicação do CDC 
aos contratos anteriores à sua vigência. Exceção são os contratos de execução diferida e 
prazo indeterminado, nestes casos, ainda que anteriores ao CDC, a estes se aplicam em razão 
de seus efeitos protraírem-se no tempo.
1.6. CódIgo de defesA do ConsumIdor: leI de função soCIAl
Parte da doutrina, entende que o Código de Defesa do Consumidor é uma “lei de função 
social”, sendo assim, a lei consumerista não poderia sofrer derrogações ou ab-rogações pro-
vindas de outros diplomas legais em detrimento do consumidor.
O Código de Defesa do Consumidor embora seja uma lei ordinária, é uma lei de função 
social, uma lei que materializa, no plano infraconstitucional, o desejo da Constituição Federal. 
Nesse viés, o CDC não pode ser alterado com o escopo de reduzir, flexibilizar, a proteção con-
ferida ao consumidor, burlando o objetivo da Constituição Federal.
1.7. CArACterístICA do CódIgo de defesA do ConsumIdor
Norma Principiológica
O CDC é uma lei principiológica que estabelece valores, propõe objetivos a serem alcança-
dos. Dessa feita, o CDC é permeado de conceitos abertos, conceitos jurídicos indeterminados 
e normas com valores semânticos flexíveis, que demandam valoração pelo intérprete.
Assim, o CDC deve ser considerado norma de principiológica, com eficácia supralegal, da 
qual irradiam diversas orientações para a produção de outras leis que protejam os interesses 
dos Consumidores (Flávio Tartuce, Manual de Direito do Consumidor, 2014).
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Destaca-se que, do mesmo modo, a respeito do caráter de norma principiológica, opinam 
Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, expondo pela prevalência contínua do Código 
Consumerista sobre as demais normas, eis que “as leis especiais setorizadas (v.g., seguros, 
bancos, calçados, transportes, serviços, automóveis, alimentos etc.) devem disciplinar suas 
respectivas matérias em consonância e em obediência aos princípios fundamentais do CDC”.
Diante de tais premissas, pode-se dizer que o Código de Defesa do Consumidor tem efi-
cácia supralegal, ou seja, está em um ponto hierárquico intermediário entre a Constituição 
Federal de 1988 e as leis ordinárias. Para tal dedução jurídica, pode-se utilizar a simbologia 
do sistema piramidal, atribuída a Hans Kelsen. (Flávio Tartuce, Manual de Direito do Consu-
midor, 2014.) Vejamos:
Pirâmide de Kelsen
1.8. dIálogo dAs fontes
O CDC, para resolver conflitos, busca “dialogar” com outras normas jurídicas, perseguindo 
o resultado mais justo, conforme preconiza o texto constitucional.
Inclusive, o CDC é expresso ao estabelecer esse diálogo das fontes.
Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou conven-
ções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos 
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princí-
pios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
A técnica do diálogo das fontes propõe um diálogo entre as diversas fontes que estão regu-
lando a relação jurídica. Nesse cenário, duas ou mais normas irão se aplicar a um só tempo a 
mesma relação jurídica. Obviamente, uma delas irá ser aplicada de forma preponderante, desde 
que seja aquela que apresente a solução mais justa, mais conforme à Constituição Federal.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Segundo Claudia Lima Marques, há três diálogos possíveis a partir da teoria exposta:
• Havendo aplicação simultânea das duas leis, se uma lei servir de base conceitual para 
a outra, estará presente o diálogo sistemático de coerência. Exemplo: o consumidor 
que realiza o contrato de compra e venda (art. 481 do CC). Assim, o conceito de contra-
to de compra e venda pode ser retirado do Código Civil, e utilizada esta conceituação 
na relação de consumo;
• Se o caso for de aplicação coordenada de duas leis, uma norma pode completar a outra, 
de forma direta (diálogo de complementaridade) ou indireta (diálogo de subsidiarieda-
de). O exemplo típico ocorre com os contratos de consumo que também são de adesão. 
Em relação às cláusulas abusivas, pode ser invocada a proteção dos consumidores 
constante do art. 51 do CDC e, ainda, a proteção dos aderentes constante do art. 424 
do CC;
• Os diálogos de influências recíprocas sistemáticas estão presentes quando os concei-
tos estruturais de uma determinada lei sofrem influências da outra. Assim, o conceito 
de consumidor pode sofrer influências do próprio Código Civil. Como afirma a própria 
Claudia Lima Marques, “é a influência do sistema especial no geral e do geral no es-
pecial, um diálogo de doublé sens (diálogo de coordenação e adaptação sistemática)”.
2. prInCípIos do CódIgo de defesA do ConsumIdor
O estudo dos princípios consagrados pelo Código de Defesa do Consumidor é importante 
para a compreensão do arcabouço Consumerista, pois, como dito, são inúmeros conceitos 
legais indeterminados, construções vagas e flexíveis que permeiam o CDC.
Antes de elencar os princípios que serão estudados, é prudente relembrar que segundo 
Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, os princípios são 
[...] regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou negócio jurídico. 
Os princípios gerais de direito não se encontram positivados no sistema normativo. São regras 
estáticas que carecem de concreção. Têm como função principal auxiliar o juiz no preenchimento 
das lacunas. (TARTUCE, 2014).
Vamos estudar os seguintes princípios:
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• princípio da vulnerabilidade;
• princípio da hipossuficiência;
• princípio da transparência ou informação;
• princípio da boa-fé;
• princípio da confiança;
• princípio do equilíbrio contratual;
• princípio do acesso à justiça;
• princípio da reparação integral;
• princípio da solidariedade;
• princípio da intervenção do estado;
• princípio da interpretação mais favorável ao consumidor;
• princípio da efetividade;
• princípio da harmonia das relações de consumo.
2.1. prInCípIo dA vulnerAbIlIdAde
Conforme ensina Bruno Miragem, Curso de Direito do Consumidor, 2016 “o princípio da 
vulnerabilidade é o princípio básico que fundamenta a existência e aplicação do direito do 
consumidor”. 
Segundo o referido princípio, o consumidor é a parte fraca na relação jurídica consumeris-
ta, merecendo real proteção.
É bom ressaltar que a vulnerabilidade não depende de condição econômica, ou de qualquer 
outra derivação. Trata-se de uma presunção absoluta e tem fundamento no art. 4º, I, do CDC.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das neces-
sidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus in-
teresses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia 
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I – Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
Pontua-se que a vulnerabilidade da pessoa física (consumidora) é presumida, ao passo 
que a vulnerabilidade da pessoa jurídica (consumidora) deverá ser comprovada no caso con-
creto. Assim, caso a vulnerabilidade da pessoa jurídica não for demonstrada, pode ser que 
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estejamos tratando de uma relação empresarial, e não de uma relação consumerista, de sorte, 
a não atrair o CDC.
No que tange à vulnerabilidade, a doutrina elenca espécies. Podendo ser:
• Vulnerabilidade Técnica: decorre da ausência de conhecimentos acerca das caracte-
rísticas e utilidade do produto ou serviço adquirido. Como, por exemplo, o consumidor 
que adquire um computador para estudar para concursos públicos, mas não detém 
conhecimento técnico do funcionamento do produto;
• Vulnerabilidade Jurídica: decorre da falta de conhecimento, pelo consumidor, dos direi-
tos e deveres inerentes à relação de consumo. Como, por exemplo, o consumidor que 
celebra um contrato de financiamentoimobiliário, sem possuir conhecimento jurídico 
para compreender as cláusulas contratuais;
• Vulnerabilidade Fática ou Econômica: decorre da condição de fragilidade do consu-
midor frente ao fornecedor, em decorrência das circunstâncias de fato que levam o 
fornecedor a ser superior. A superioridade pode ser financeira, social, cultural. Como, 
por exemplo, o consumidor que adquire o serviço de TV à cabo, em sua residência, for-
necido de forma exclusiva pela empresa “X”.
É importante frisar que o conceito de vulnerabilidade é diverso do conceito de hipossufi-
ciência. Todo consumidor é vulnerável, característica inata à própria condição de destinatário 
final de produto ou serviço, porém nem sempre será hipossuficiente.
Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente!!!
A doutrina diferencia vulnerabilidade de hipossuficiência. Vulnerabilidade é conceito de 
direito material, por conseguinte, apresenta-se como uma presunção absoluta em favor do 
consumidor, nos termos do art. 4º, I, do CDC.
Por sua vez, hipossuficiência é instituto de direito processual, decorre da dificuldade proba-
tória do consumidor, é uma presunção relativa, aferível no caso concreto (art. 6º, VIII, parte final).
Atualmente, a doutrina trabalha ainda com o conceito de hipervulnerabilidade ou vulnera-
bilidade agravada. Segundo a professora Cláudia Lima Marques (Manual de Direito do Con-
sumidor, 2015) é:
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[...] a situação social fática e objetiva de agravamento da vulnerabilidade da pessoa física con-
sumidora, por circunstâncias pessoais aparentes ou conhecidas do fornecedor, como sua idade 
reduzida (assim como no caso da comida para bebês ou da publicidade para crianças) ou sua 
idade alentada (assim os cuidados especiais com idosos, no Código em diálogo com o Estatuto do 
Idoso, e a publicidade de crédito para idosos) ou sua situação de doente (assim o caso do glúten e 
as informações na bula de remédios). (MARQUES, 2015).
A hipervulnerabilidade ou vulnerabilidade agravada é reconhecida pela jurisprudência do 
STJ, no julgamento do REsp n. 1.358.057/PR e também no EREsp n. 1.515.895/MS, em que 
o Tribunal da Cidadania determinou a contemplação da informação-advertência “CONTÉM 
GLÚTEN: O GLÚTEN É PREJUDICIAL À SAÚDE DOS DOENTES CELÍACOS” aos produtos que 
contiverem este ingrediente.
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PROPAGANDA 
ENGANOSA. COGUMELO DO SOL. CURA DO CÂNCER. ABUSO DE DIREITO. ART. 39, INCISO 
IV, DO CDC. HIPERVULNERABILIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS. 
INDENIZAÇÃO DEVIDA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL COMPROVADO.
1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor ludibriado por propa-
ganda enganosa, em ofensa a direito subjetivo do consumidor de obter informações 
claras e precisas acerca de produto medicinal vendido pela recorrida e destinado à cura 
de doenças malignas, dentre outras funções.
2. O Código de Defesa do Consumidor assegura que a oferta e apresentação de produtos 
ou serviços propiciem informações corretas, claras, precisas e ostensivas a respeito de 
características, qualidades, garantia, composição, preço, garantia, prazos de validade e 
origem, além de vedar a publicidade enganosa e abusiva, que dispensa a demonstração 
do elemento subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração.
3. A propaganda enganosa, como atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a 
induzir em erro o consumidor fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de estado 
de perigo (art. 156 do Código Civil).
4. A vulnerabilidade informacional agravada ou potencializada, denominada hipervulne-
rabilidade do consumidor, prevista no art. 39, IV, do CDC, deriva do manifesto desequilí-
brio entre as partes.
5. O dano moral prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re 
ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo consumidor.
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6. Em virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação 
da verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 
7. Recurso especial provido. (REsp 1329556/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS 
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 09/12/2014).
2.2. prInCípIo dA hIpossufICIênCIA
De forma diversa do conceito de vulnerabilidade, a hipossuficiência é um conceito fático 
e não jurídico, portanto, deverá ser analisada no caso concreto. Assim, lembre-se: Todo con-
sumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
A hipossuficiência decorre da previsão expressa do art. 6º, inciso VIII, do CDC, e é utiliza-
da como instrumento de defesa do consumidor em juízo, notadamente quanto à inversão do 
ônus da prova.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII – a facilitação da defesa dos seus direitos, inclusive, com a inversão do ônus da prova, a seu 
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipos-
suficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Perceba que a hipossuficiência tem caráter processual, sendo analisada no caso concreto pelo 
magistrado. No caso da existência hipossuficiência, o juiz poderá inverter o ônus da prova.
Exemplo: aplicação da inversão do ônus da prova: João, consumidor, aduz que a operadora do 
cartão de crédito está fazendo cobranças indevidas, pois não realizou as compras que estão 
na fatura do seu cartão de crédito. O juiz entendendo que João não consegue comprovar que 
não realizou a compra (fato negativo), e, por outro lado, entendendo o juiz que a operadora 
poderá comprovar que, de fato, a compra ocorreu, poderá inverter o ônus da prova, em razão 
da hipossuficiência de João. Não é razoável que o consumidor faça prova de fato negativo.
Assim, os institutos da vulnerabilidade e da hipossuficiência são diferentes, conforme Le-
andro Lages (Direito do Consumidor, 2017) afirma:
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A vulnerabilidade independe da condição social, cultural ou econômica do consumidor, caracte-
riza-se pelo fato de o consumidor desconhecer as técnicas de produção. O consumidor hipossu-
ficiente, além de desconhecer as técnicas de produção, tem a sua situação agravada em virtude 
de fatores econômicos, sociais e culturais, justificando a concessão de direitos e garantias extras, 
como a inversão do ônus da prova. (LAGES, 2017).
2.3. prInCípIo dA trAnspArênCIA ou InformAção
O consumidor deve ser informado de forma adequada e clara a respeito do produto ou 
serviço disponível no mercado de consumo. A informação deve conter descrições da quanti-
dade, qualidade, riscos à saúde, forma de armazenamento, aspectos contratuais, quando for 
o caso, com informações da taxa de juros, prazode vencimento, etc.
O art. 6º, inciso III, CDC estabelece que a informação clara e adequada sobre os produtos 
e serviços é direito básico do consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação 
correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem 
como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei n. 12.741, de 2012)
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível 
à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei n. 13.146, 
de 2015)
Importante pontuar que o parágrafo único estabelece que a informação deve ser acessível 
à pessoa com deficiência.
Segundo posição doutrinária, a transparência nas relações de consumo deve ser observa-
da nas três etapas da relação jurídica:
• Fase pré-contratual – art. 37, CDC;
• Fase contratual – art. 46, CDC;
• Fase pós-contratual- art. 10, parágrafo 1ª, CDC.
Cabe relembrar que “as cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor de-
verão ser redigidas com destaque permitindo sua imediata e fácil compreensão” – art. 54, 
parágrafo 4º, CDC.
Ademais, com fundamento no princípio da transparência, o artigo 47 do CDC estabelece 
que “as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
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2.4. prInCípIo dA boA-fé
Inicialmente, cumpre registrar que a boa-fé objetiva é prevista de forma explícita no art. 
4º, inciso III, do CDC.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das neces-
sidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus in-
teresses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia 
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização 
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de 
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição 
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
A boa-fé objetiva consiste no dever imposto às partes que devem agir de forma leal, reta, 
proba, ou seja, postura em conformidade com os padrões sociais da ética, correção e trans-
parência, respeitando a legítima expectativa que a outra parte contratante deposita na relação 
jurídico-consumerista.
É importante relembrar que a boa-fé objetiva difere da boa-fé subjetiva, pois nesta há per-
quirição do elemento psicológico do agente, enquanto na objetiva não há questionamento da 
intenção do agente, apenas verificação se a conduta adotada é leal, honesta, ética.
Boa-fé objetiva difere de boa-fé subjetiva.
É cediço, ainda, que a boa-fé objetiva ostenta algumas funções. Vamos relembrar?
• Função interpretativa ou critério hermenêutico – art. 4º, do CDC, e art. 113 do C.C. Dian-
te de um contrato que permita mais de uma interpretação, devemos buscar a interpre-
tação que esteja com maior consonância com a boa-fé objetiva.
• Função integrativa ou criação de deveres jurídicos. A boa-fé objetiva tem o condão de 
criar deveres anexos à obrigação principal. Deveres anexos que deverão ser observa-
dos pelos fornecedores. São deveres anexos:
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 – dever de informação: o consumidor deve ser informado da maneira adequada da 
utilização do produto/ serviço adquirido;
 – dever de cuidado: o consumidor deve ser informado a maneira mais segura para uti-
lizar o produto/ serviço adquirido;
 – dever de cooperação: o fornecedor deve cooperar com o consumidor para o bom 
termo da relação contratual, evitando conduta que importem abusos ou lesões a 
direitos ou às legítimas expectativas do consumidor;
Segundo a doutrina, o descumprimento dos deveres anexos enseja o adimplemento ruim 
do contrato ou a violação positiva do contrato.
Função de controle ou limitativa do exercício de direitos subjetivos. Quaisquer exercícios 
de direitos por parte do fornecedor devem ser compatíveis com a boa-fé objetiva, sendo nulas 
cláusulas contratuais incompatíveis com a boa-fé, art. 51, IV, do CDC.
2.5. prInCípIo dA ConfIAnçA
A relação jurídico-consumerista deve respeitar as legítimas expectativas do consumidor 
em relação ao produto ou serviço adquirido. 
2.6. prInCípIo do eQuIlíbrIo ContrAtuAl
O referido princípio tem fundamento no art. 6º, inciso do II, do CDC
Art. 6ª São direitos básicos do consumidor:
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a 
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
O princípio do equilíbrio contratual tem decorrência direta da vulnerabilidade do consumi-
dor, visa corrigir um desequilíbrio fático entre consumidor e fornecedor de modo que o contra-
to de consumo seja guiado por cláusulas que assegurem o equilíbrio entre direitos e deveres, 
especialmente, em favor do consumidor, pois este é a parte frágil na relação jurídica.
O CDC, antevendo o desequilíbrio fático existente entre consumidor e fornecedor, estabe-
leceu o rol de cláusulas abusivas que não devem constar em contrato de consumo (art. 51, 
do CDC).
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Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento 
de produtos e serviços que:
I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer 
natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações 
de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, 
em situações justificáveis;
II – subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos 
neste código;
III – transfiram responsabilidades a terceiros;
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em 
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
V – (Vetado);
VI – estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII – determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII – imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
IX – deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X – permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI – autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja con-
ferido ao consumidor;
XII – obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança desua obrigação, sem que igual 
direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII – autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, 
após sua celebração;
XIV – infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV – estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI – possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
2.7. prInCípIo do ACesso à JustIçA
Sendo o consumidor hipossuficiente, deve-se facilitar seu acesso à justiça para a defesa 
de seus direitos. Nesse cenário, O CDC elenca vários dispositivos que contemplam o princípio 
do acesso à justiça, podemos listar:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu 
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipos-
suficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas 
as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do 
disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I – a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
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No que tange ao art. 101, trata-se apenas de uma facultatividade do consumidor, visando 
o mais amplo acesso à justiça. Inclusive, o STJ entende que o magistrado poderá de ofício, 
em caso de cláusula de eleição de foro, em relações de consumo, declarar nula a referida 
cláusula, caso verifique que foi instituída em prejuízo ao consumidor.
Por sua vez, o art. 6º do CDC, com arrimo no princípio do acesso à justiça, estabelece que 
para a facilitação da defesa do consumidor é possível a inversão do ônus da prova.
A inversão do ônus ocorre quando o juiz, diante da alegação verossímil ou quando o con-
sumidor se mostrar hipossuficiente, inverterá carga probatória.
Observa-se que a inversão do ônus da prova é decorrência direta do princípio da vulne-
rabilidade do consumidor. Assim, a fim de facilitar o exercício dos direitos do consumidor, o 
CDC adotou a regra de distribuição dinâmica do ônus da prova e estabeleceu duas formas, 
segundo a doutrina, de inversão do ônus da prova.
O art. 6º, VIII, prevê a denominada inversão ope judicis. Esta é determinada pelo juiz no 
caso concreto, desde que presente uma das condições legais:
I – verossimilhança das alegações; ou
II – hipossuficiência.
Basta uma das duas!
Verificado um dos dois pressupostos, pode o juiz determinar a inversão do ônus da prova. 
Vale ressaltar que a inversão do ônus da prova pode se dar de ofício ou a requerimento da parte.
O STJ, no precedente Resp n. 802832/MG, entendeu que a inversão do ônus da prova deve 
ocorrer até o despacho saneador, a fim de não surpreender a outra parte e garantir o contra-
ditório e ampla defesa. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a inversão do ônus da prova 
é regra de procedimento ou regra de instrução e não de julgamento.
Por outro lado, há parcela doutrinária que entende que a inversão do ônus da prova é regra 
de julgamento, isto é, no momento da sentença o juiz poderá inverter o ônus probatório.
Doutrina abalizada entende que a adoção do entendimento de que a inversão do ônus da 
prova, possível no momento do julgamento, sem dar chances à parte que até então não tinha 
tal ônus de produzir a prova, viola o princípio do contraditório, gerando cerceamento de defesa.
Obs.: � inversão do ônus da prova é regra de procedimento ou de instrução, segundo o STJ.
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Outros pontos importantes já decididos pela jurisprudência do STJ são:
I – a inversão do ônus da prova não significa que a parte contrária passa a ter a obrigação de arcar 
com os custos da prova a ser produzida, ou seja, inversão do pagamento das despesas relativas à 
prova não se confunde com inversão do ônus da prova;
II – a inversão do ônus da prova pode ser aplicada nas ações coletivas de consumo.
Questão 3 (FCC/MPE-CE/PROMOTOR/2011) A inversão do ônus da prova para facilitação 
da defesa dos direitos do consumidor no processo civil:
a) obrigatória quando o pedido se fundar em norma de ordem pública, porque o interesse pri-
vado do fornecedor neste caso deverá ser sempre afastado.
b) obrigatória, sempre que o Ministério Público for o autor da ação e, nos casos em que, inter-
vindo como fiscal da lei, requerer aquele benefício.
c) inadmissível quando o objeto do processo revestir interesse exclusivamente privado, para 
não ferir o princípio da isonomia.
d) admissível, a critério do juiz, desde que a parte o requeira, mediante declaração de pobreza 
firmada de próprio punho, porque ela firma presunção relativa de sua hipossuficiência.
e) admissível quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossufi-
ciente, segundo as regras ordinárias de experiência.
Letra e.
De acordo com o art. 6º, VIII, CDC.
Visando o mais amplo acesso à justiça, o art. 5º do CDC estabelece que, para a execução 
da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o Poder Público com os seguintes 
instrumentos:
• Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
• Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Minis-
tério Público;
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• Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores víti-
mas de infrações penais de consumo;
• Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a so-
lução de litígios de consumo;
• Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do 
Consumidor.
Vejam, o art. 5º viabiliza o princípio do acesso à justiça, facilitando o direito do consumidor.
2.8. prInCípIo dA repArAção IntegrAl
O CDC prevê a reparação integral dos danos sofridos pelo consumidor, seja material ou 
moral. O fundamento está no art. 6º, VI, do CDC.
Art. 6ª São direitos básicos do consumidor:
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Ressalte-se que não apenas a pessoa física consumidora pode sofrer dano moral, mas, 
também, a pessoa jurídica consumidora, nos termos da Súmula 227 do STJ.
Súmula 227 do STJ
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Segundo a literalidade do CDC, a reparação do dano deverá ser integral, ou seja, o Código 
repudia reparações tarifadas. Entretanto, é importante relembrar recentes posicionamentos 
do STF no RE n. 636.331/RJ e STJ (no REsp n. 673.048-RS – DJ 18/05/2018), que entenderam 
que é possível a limitação,por legislação internacional espacial, do direito do passageiro à 
indenização por danos materiais decorrentes de extravio de bagagem.
2.9. prInCípIo dA solIdArIedAde
Segundo Bruno Miragem, Curso de Direito do Consumidor, 2016:
[...] o princípio da solidariedade promove a repartição dos riscos sociais entre os fornecedores para 
que o consumidor lesado tenha efetivamente satisfeita sua pretensão, bem como, amplia para 
fora da relação meramente contratual os efeitos do contrato e os meios financeiros para supri-las. 
(MIRAGEM, 2016).
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Segundo o art. 7º, parágrafo único, tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão 
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
O art. 18 também afirma que os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem 
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor.
O art. 25, §1º, no mesmo sentido, preconiza que, havendo mais de um responsável pela 
causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação.
Nítida é a preocupação do CDC em promover a repartição do risco de sorte para que o 
consumidor possa, de fato, ser ressarcido dos danos. Claramente, há a consagração da res-
ponsabilidade solidária entre os fornecedores.
Com suporte no princípio da solidariedade, o STJ entende que empresas de plano de saú-
de respondem solidariamente por dano causado por médico ou hospital credenciados. Se o 
consumidor sofrer o dano praticado pelo hospital credenciado, o plano de saúde e o hospital 
são responsáveis solidários pela reparação do dano.
Art. 7º, Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela 
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Art. 18º Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solida-
riamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao 
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da 
disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem 
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a 
substituição das partes viciadas
Art. 25º, § 1º Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solida-
riamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
2.10. prInCípIo dA Intervenção do estAdo
O Estado deve intervir nas relações de consumo em defesa do consumidor (vulnerável da 
relação jurídica). 
A intervenção poderá ocorrer no âmbito administrativo, legislativo ou judicial e encontra 
fundamento no art. 4º, II, do CDC. 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessi-
dades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses 
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DIREITO DO CONSUMIDOR
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das rela-
ções de consumo, atendidos os seguintes princípios:
II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
2.11. prInCípIo dA InterpretAção mAIs fAvorável Ao ConsumIdor
Em caso de cláusula dúbia, será adotado o princípio da interpretação mais favorável ao 
consumidor. Nesse sentido, o art. 47 do CDC diz que as cláusulas contratuais serão interpre-
tadas de maneira mais favorável ao consumidor.
Em homenagem ao instituto do diálogo das fontes, que terá aplicação na relação jurídica 
consumerista, o art. 423 do CC entende que, quando houver no contrato de adesão cláusulas 
ambíguas e contraditórias, deve ser adotada a interpretação mais favorável ao aderente.
Inclusive, o STJ entendeu que, quando a cláusula do contrato de seguro preconiza que a 
cobertura engloba apenas o evento decorrente de furto qualificado, a seguradora não pode se 
negar a cobrir o evento decorrente de furto simples. Isso porque a distinção jurídica entre o 
que é furto simples e furto qualificado requer conhecimento inerente ao bacharel em Direito. 
Isto é, o homem médio ao celebrar o contrato de seguro acredita que o seu veículo estará pro-
tegido contra furtos (furto simples e furto qualificado), devendo a cláusula ser interpretada de 
maneira mais favorável ao consumidor.
2.12. prInCípIo dA efetIvIdAde
O CDC busca a proteção efetiva do consumidor, são exemplos, a solidariedade entre os 
fornecedores, a previsão de desconsideração da personalidade jurídica, a previsão da tutela 
coletiva, bem como outros institutos jurídicos que prezam pela efetividade.
2.13. prInCípIo dA hArmonIA dAs relAções de Consumo
As relações consumeristas devem ter como norte a conjugação de interesses entre forne-
cedor e consumidor buscando a igualdade substancial entre os envolvidos e o cumprimento 
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integral do contrato. Todavia, o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor não pode 
implicar tratamento hostil do fornecedor. A ideia central é o equilíbrio.
O CDC, quando estabelece a Política Nacional das Relações de Consumo, diz que essa 
política terá por objetivo, dentre outros, assegurar a harmonia das relações de consumo.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das neces-
sidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus in-
teresses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia 
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei n. 9.008, de 
21.3.1995)
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização 
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de 
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição 
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
3. relAção JurídICA de Consumo
A relação jurídica de consumo é composta pelos elementos subjetivos e objetivos. 
Relação jurídica de consumo
Elementos subjetivos: consumidor e fornecedor; Elemento objetivo: produto ou serviço;
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, 
que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,bem 
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos 
ou prestação de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações 
de caráter trabalhista.
Vamos dar início aos nossos estudos pela conceituação de consumidor, o primeiro ele-
mento subjetivo da relação jurídica de consumo.
Conceito de Consumidor
I – Consumidor stricto sensu (ou standard, ou padrão): conceito expresso no caput do art. 
2º, do CDC: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final.”
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Elementos do conceito legal:
I – pessoa física ou jurídica;
II – que adquire ou utiliza produto ou serviço;
III – como destinatário final.
Aspecto subjetivo: consumidor é a pessoa física ou a pessoa jurídica, independente se 
brasileiro ou estrangeiro.
Aspecto objetivo: consumidor é aquele que adquire ou utiliza um produto ou serviço.
Aspecto teleológico: a aquisição do produto ou utilização do serviço deverá ocorrer na 
qualidade de destinatário final;
O ponto central do conceito legal é entender e delimitar o âmbito de incidência da expres-
são “destinatário final”, conforme previsão legal.
Inicialmente, surgiram duas correntes.
Teoria Finalista ou subjetiva: consumidor é aquele que retira o produto ou serviço do mer-
cado de consumo dando destinação fática e econômica para o bem. Em outras palavras, con-
sumidor é aquele que não reinsere esse bem no mercado de consumo, encerrando a cadeia. 
Por exemplo, é aquele que compra um computador para estudar para concursos públicos, 
para utilização pessoal- assistir vídeos aulas da prof. Keity, ler PDF de Direito do Consumidor.
Confira precedente jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça seguindo a corrente 
finalista.
Tratando-se de financiamento obtido por empresário, destinado precipuamente a incre-
mentar a sua atividade negocial, não se podendo qualificá-lo, portanto, como destinatá-
rio final, inexistente é a pretendida relação de consumo. Inaplicação no caso do Código 
de Defesa do Consumidor (STJ, REsp. 218505/MG, DJ 14/02/2000, Rel. Min. Barros 
Monteiro, j. 16/09/1999)
Teoria Maximalista ou objetiva: consumidor é aquele que retira o produto ou serviço do 
mercado de consumo dando destinação simplesmente fática ao bem. Assim, basta que o 
consumidor tenha adquirido determinado bem para se enquadrar no conceito legal, pouco 
importando se irá reinserir na cadeia de consumo. Por exemplo, aquele que compra um com-
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putador para seu estabelecimento empresarial. Segundo a teoria maximalista, nessa situação 
apresentada, esse contrato de compra do computador receberia a incidência do CDC.
Observem que as duas teorias são opostas, assim surgiu a teoria finalista aprofundada, 
abrandada, mitigada ou intermediária. Essa teoria está pautada nos ensinamentos da profes-
sora de Cláudia Lima Marques.
Segundo a teoria finalista aprofundada, é preciso perquirir a noção de vulnerabilidade do 
consumidor, com base no art. 4º, I, do CDC.
A teoria finalista aprofundada é adotada pelo Superior Tribunal de Justiça. 
Teoria Finalista Aprofundada ou Mitigada (ou abrandada): consumidor é aquele que dá 
destinação fática e econômica ao bem. Todavia, se no caso concreto houver alguma espécie 
de vulnerabilidade do consumidor em face do fornecedor, haverá a incidência do Código de 
Defesa do Consumidor, ainda que o bem tenha sido adquirido como insumo da atividade ne-
gocial do consumidor (consumo intermediário). Por exemplo, aquele que compra um compu-
tador para sua quitanda de frutas e verduras, verificado, no caso concreto, a vulnerabilidade, 
esse pequeno empresário será considerado consumidor, ou seja, mesmo adquirindo o produ-
to para reinserir na atividade econômica.
O que é vulnerabilidade?
Vulnerabilidade é o reconhecimento de que uma das partes da relação contratual (o con-
sumidor) é mais fraca, merecendo proteção especial. Segundo Cláudia Lima Marques, “a vul-
nerabilidade é multiforme, sendo um conceito legal indeterminado, que exige tratamento dife-
renciado em favor da parte mais fraca (favor debilis), com efeitos práticos”.
Quais são as espécies de vulnerabilidade?
• Vulnerabilidade Jurídica – ausência de conhecimento jurídico, contábeis e financeiros;
• Vulnerabilidade Técnica – o consumidor não tem conhecimento técnico do produto 
ou serviços;
• Vulnerabilidade Econômica ou fática – o fornecedor tem maior poderio econômico;
• Vulnerabilidade Informacional – o consumidor não possui todas as informações sobre 
o produto ou serviço.
Portanto, para o consumidor que adquire o produto ou serviço como insumo de sua ativi-
dade profissional (consumo intermediário), incidirá o CDC na contratação, se observada uma 
das espécies de vulnerabilidade elencadas.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Exemplo: um motorista de Uber frente à montadora de veículos; costureira autônoma frente 
a fabricante de máquina de costura; dono de pequeno bar frente a fabricante da cerveja Skol.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL CIVIL. PROCESSO CIVIL. 
RECURSO MANEJADO SOB A GIDE DO CPC/73. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RECURSO 
ESPECIAL. PESSOA JURÍDICA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. APLICAÇÃO DO CDC. TEORIA 
FINALISTA MITIGADA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ART. 27 DO CDC. SÚMULA N” 83 DO 
STJ. AGRAVO REGIMENTAL NˆO PROVIDO. (...)
2. A jurisprudência desta Corte tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar 
a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), embora 
não seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresente em situ-
ação de vulnerabilidade. Tem aplicação a Súmula n” 83 do STJ.
3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 646.466/ES, Rel. Ministro MOURA 
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/06/2016, DJe 10/06/2016)
Frisa-se que a vulnerabilidade em favor do consumidor, pessoa física, é presumida e os-
tenta presunção absoluta. Por outro lado, o consumidor pessoa jurídica deverá demonstrar no 
caso concreto a presença da vulnerabilidade.
A doutrina e jurisprudência avançam e reconhecem a Hipervulnerabilidade do consumi-
dor, conceito já estudado em tópico anterior.
Além do consumidor em sentido estrito, há o consumidor por equiparação.
II – Consumidor por equiparação (ou bystander, ou by standard): são aquelas pessoas que não se 
enquadram no conceito de consumidor padrão, mas foram tutelados pela lei como vulneráveise, 
por consequência, têm especial proteção do Código de Defesa do Consumidor.
Estão previstos no art. 2º, parágrafo único; art. 17; e art. 29.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, 
que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pes-
soas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
O consumidor por equiparação (ou bystander) não adquiriu ou utilizou produto ou serviço, 
mas será considerado consumidor nos casos determinados pela lei.
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Art. 2º, parágrafo único, CDC: segundo o dispositivo, equipara-se a consumidor a coleti-
vidade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
Por exemplo, pessoa compra o produto de limpeza”x” e este é utilizado por vários estudantes 
residentes na mesma república, caso haja defeito no produto de limpeza, e vários estudantes 
sofram lesões no corpo por conta do produto, todos eles serão consumidores por equipara-
ção, pois intervieram na relação de consumo. Mesmo que não tenham firmado contrato de 
consumo, serão considerados consumidores por equiparação.
Art. 17 do CDC: por outro lado, o art. 17 amplia a noção de consumidor a fim de proteger 
todas as vítimas de um acidente de consumo, por exemplo: consumidor compra um com-
putador para estudar e chama os amigos concurseiros(as) para assistirem à videoaula de 
Consumidor da @prof.keity, esse computador explode e causa lesão em todos os presentes. 
O consumidor que comprou o computador será considerado consumidor padrão (art. 2º, do 
CDC), meus amigos concurseiros(as) que não compraram o computador serão considerados 
consumidores por terem sido vítimas de um acidente de consumo, nos termos do art. 17, do 
CDC.
Inclusive, o STJ já considerou consumidor por equiparação o proprietário de um imóvel 
que sofre danos em decorrência da queda de aeronave em sua residência.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ACIDENTE AÉREO. TRANSPORTE DE MALOTES. 
RELAÇÃO DE CONSUMO. CARACTERIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SER-
VIÇO. VÍTIMA DO EVENTO. EQUIPARAÇÃO A CONSUMIDOR. ARTIGO 17 DO CDC.
I – Resta caracterizada relação de consumo se a aeronave que caiu sobre a casa das 
vítimas realizava serviço de transporte de malotes para um destinatário final, ainda que 
pessoa jurídica, uma vez que o artigo 2” do Código de Defesa do Consumidor não faz 
tal distinção, definindo como consumidor, para os fins protetivos da lei, “... toda pessoa 
física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. 
Abrandamento do rigor técnicos do critério finalista.
II – Em decorrência, pela aplicação conjugada com o artigo 17 do mesmo diploma legal, 
cabível, por equiparação, o enquadramento do autor, atingido em terra, no conceito 
de consumidor. Logo, em tese, admissível a inversão do ônus da prova em seu favor. 
Recurso especial provido.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
(REsp 540.235/TO, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 
07/02/2006, DJ 06/03/2006, p. 372).
Art. 29, CDC: o artigo 29 preconiza que, para os fins deste Capítulo e do seguinte, equipa-
ram-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele 
previstas.
Essa referência está ligada à ideia de publicidade. As pessoas sujeitas à publicidade são 
consumidores por equiparação. Assim, diante da previsão legal, é plenamente possível que 
tenha consumidor sem qualquer contrato de consumo.
Ao lado do consumidor existe a figura do fornecedor.
Conceito de Fornecedor
O conceito de fornecedor é expresso no Código de Defesa do Consumidor. Conforme dis-
põe o art. 3º, do CDC:
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem 
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação exportação, distribuição ou comercialização de produtos 
ou prestação de serviços.
Observem o quanto é amplo o conceito de fornecedor. Sendo assim, para o CDC, o vocá-
bulo fornecedor é delimitado como gênero, do qual são espécies, segundo o art. 3º: o produtor, 
montador, criador, fabricante, construtor, transformador, importador, exportador, distribuidor, 
comerciante e o prestador de serviços.
A intenção do CDC foi ampliar ao máximo o conceito de fornecedor. Em linhas gerais, for-
necedor é aquele que desenvolve atividade profissional com habitualidade. Nesse viés, aquele 
que vende um bem eventualmente não é considerado fornecedor, o que afasta a relação jurí-
dica de consumo.
O STJ já decidiu que agência de viagem, quando vende veículo próprio, não atua como 
fornecedor, já que a venda de veículos não faz parte da atividade comercial de uma agência 
de viagem.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
As normas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam às relações de compra e Venda de 
objeto totalmente diferente daquele que não se reveste da natureza do comércio exercido pelo ven-
dedor. No caso, uma agência de viagem. Assim, quem vendeu o veículo não pode ser considerado 
fornecedor à luz do CDC (STJ, AGA 150829/DF, Rei. Min. Waldemar Zveiter, DJ 11/05/1998).
Conforme conceito legal, os entes despersonalizados estão incluídos no conceito de for-
necedor, como por exemplo o espólio a massa falida.
O STJ já assentou que mesmo as entidades sem fins lucrativos, de caráter beneficente e 
filantrópico, poderão ser consideradas fornecedor, caso desempenhem atividade no mercado 
de consumo mediante remuneração e para o público em geral. Por exemplo, a entidade filan-
trópica que forneça para comunidade em geral “escolinha de futebol”, mediante remuneração.
O profissional liberal, segundo o CDC, é considerado fornecedor de serviços. Profissional 
liberal é aquele que exerce com autonomia a seu ofício, sem subordinação técnica a outrem. 
Como por exemplo: o dentista, o arquiteto, o médico, o engenheiro etc.
Ainda, vale ressaltar que há presença de fornecedor no art. 3º do Estatuto do Torcedor:
Art. 3º Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 
de setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a enti-
dade de prática desportiva detentora do mando de jogo.
Segundo a doutrina do professor Leonardo de Medeiros Garcia (Código de Defesa do Con-
sumidor, comentado artigo por artigo, 2017):
[...]os fornecedores podem ser divididos em:
I – fornecedor real: é o fabricante, o produtor e o construtor;
II – fornecedor aparente: o detentor do nome, marca ou signo aposto

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