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BIOGÊNESE MITOCONDRIAL ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA OTIMIZAR A DNA Mitocondrial Membrana externa Membrana interna Matriz O principal papel das mitocôndrias está relacionado à respiração celular, levando a produção de energia (ATP). Esse processo, também denominado como síntese bioenergética, ocorre através da oxidação de moléculas, convertendo a energia gerada dessa ação para a formação de ATP, por meio dos complexos proteicos da cadeia de transporte de elétrons. Nessa mesma via, existe a formação de um subproduto, as espécies reativas de oxigênio (EROs) que, em níveis baixos, atuam beneficamente em vias de sinalização celular. De fato, essa função mitocondrial na respiração celular é bem conhecida pelos profissionais, contudo essa organela não se resume a apenas isso. Nesse contexto, a mitocôndria também apresenta um potencial biossintético, sendo uma importante fonte de metabólitos intracelulares usados para a produção de certas moléculas. Por exemplo, o α-cetoglutarato encontrado no Ciclo de Krebs é um precursor do glutamato, glutamina, prolina e arginina, enquanto o oxaloacetato produz lisina, asparagina, metionina, treonina e isoleucina. Esses aminoácidos, por sua vez, são precursores de outras moléculas bioativas, como nucleotídeos, óxido nítrico, glutationa e porfirinas. Finalizando as funções gerais, a mitocôndria também desempenha um papel na morte celular por apoptose. Logo, frente a certos sinais relacionados à morte células, como acúmulo de espécies reativas de oxigênio e danos no DNA, a membrana externa mitocondrial se torna permeável, levando a liberação de substâncias relacionadas a ativação irreversivelmente das caspases, a jusante para realizar o processo de apoptose. FUNÇÕES GERAIS RELACIONADAS A MITOCÔNDRIA 01. AS MITOCÔNDRIAS SÃO IMPORTANTES ORGANELAS PRESENTES EM QUASE TODAS AS EUCARIÓTICAS. NESSE CONTEXTO, PRECISAMOS PRIORIZAR SUA SAÚDE, ADOTANDO ESTRATÉGIAS QUE OTIMIZEM SUA “BIOGÊNESE”. ANTES DE VOCÊ SE PERGUNTAR O QUE SIGNIFICA ESSE TERMO, FIQUE TRANQUILO POIS, AO LONGO DESSE E-BOOK VOCÊ IRÁ COMPREENDER SOBRE A MITOCÔNDRIA COMO UM TODO. Apresentando primeiramente sobre a morfologia das mitocôndrias, essas consistem em uma membrana externa e interna, separadas por um espaço intermediário. A membrana externa contém porinas, que regulam a troca de pequenas moléculas e informações entre a organela e o meio celular, enquanto a membrana interna é enriquecida de proteínas envolvidas em diversas funções, além disso essa membrana envolve o espaço da matriz. Nesse espaço, encontramos o genoma da organela, sendo uma pequena molécula de DNA. Figura 1. Estrutura mitocondrial Além das funções gerais citadas acima, podemos especificar a importância da mitocôndria no processo inflamatório. Nesse cenário, uma vez que as células do sistema imunológico são ativas, suas funções se alteram, assim há uma maior demanda energética, logo a mitocôndria se torna vital nessa situação. Além disso, falando especificamente do sistema imune adaptativo nesse contexto de diferenciação celular, a segunda linha de defesa contra infecções e a maior produção de EROs pelas mitocôndrias, leva a uma sinalização de ativação e diferenciação, assim, células como os linfócitos T, podem se tornar efetoras madura. Ademais, essa organela é alvo de muitos patógenos, sendo essencial que o sistema imunológico seja responsivo ao estado da mitocôndria. Nesse cenário, as células desse sistema imune inato reconhecem moléculas específicas das próprias células, como padrões moleculares associados a danos (DAMPS), no qual encontramos o DNA mitocondrial. Assim, com o reconhecimento do genoma da organela, é desencadeada uma resposta inflamatória, logo a mitocôndria atua como uma sinalizadora de danos frente a um patógeno. Além disso, a produção de EROs como subproduto no contexto da inflamação, é crucial para a defesa do hospedeiro, levando a quebra de bactérias fagocitadas. A RELAÇÃO DAS MITOCÔNDRIAS NO COMBATE À INFLAMAÇÃO 02. A INFLUÊNCIA DA MITOCÔNDRIA NA LONGEVIDADE 03. Podemos associar também a influência da saúde mitocondrial sobre a longevidade. Como citado anteriormente, existe a produção de EROs como um subproduto da via de cadeia de transportes de elétrons que, em níveis baixos, apresenta sua função como sinalizadora. Por outro lado, nossas células apresentam enzimas que têm o papel de neutralizar os EROs, como a superóxido dismutase (SOD). Para contextualizar, espécies reativas são moléculas instáveis e extremamente reativas capazes de transformar outras moléculas com as quais colidem, como proteínas, lipídios, entre outras. Assim, o acúmulo de EROs quando superior a capacidade de defesa natural do organismo frente a essa situação, levará a um quadro conhecido como estresse oxidativo, lesionando a célula por três formas: peroxidação lipídica das membranas, modificação oxidativa de proteínas e danos ao DNA. Falando do envelhecimento, esse é um processo aleatório devido ao acúmulo de danos moleculares e celulares ao longo do tempo, com aumento de mutações ou arranjos de DNA, instabilidade genômica, comprometimento de funções de proteínas, vias metabólicas e de sinal alteradas. Todo esse processo é induzido por estresse oxidativo, levando a menor longevidade. Assim, a saúde mitocondrial com um equilíbrio entre a produção e neutralização de EROs é um dos pilares do envelhecimento. Primeiro, precisamos entender um pouco sobre os conceitos morfológicos mitocondriais. Apesar dessa organela estar envolvida em uma série de vias metabólicas, sua eficiência está relacionada ao volume de mitocôndrias celulares. Durante a vida dessa organela, ocorrem diversos ciclos frequentes de fusão, que permitem gerar múltiplas mitocôndrias heterogêneas, e de fissão, direcionado principalmente a organelas disfuncionais para serem degradadas pelo processo de mitofagia. Para o processo de aumento do número e do volume mitocondrial, damos o conceito de biogênese mitocondrial, sendo regulado principalmente pela proteína PGC-1α. Nesse cenário, após a ativação dessa via, há estimulação de uma série de fatores de transcrição nucleares, resultando na transcrição e replicação do DNA mitocondrial. Após esse processo, é realizada a síntese, importação e montagem de proteínas que compõem essa organela. Como desfecho, teremos o crescimento e divisão, com a formação de novas mitocôndrias. Por outro lado, para as mitocôndrias que passaram pelo processo de fissão por serem desnecessárias ou estarem danificadas, acabam tendo como desfecho a mitofagia que é a morte mitocondrial, sendo essencial para o controle da função da mitocôndria. Para isso, é desencadeada a via PINK1, sendo ativada pela despolarização da membrana, um sinal de disfunção mitocondrial causada por hipóxia, falta de NADH e/ ou um número limitado de complexos respiratórios disfuncionais. Para finalizar esse processo, a estabilização da PINK1 na membrana mitocondrial externa leva à fosforilação de proteínas responsáveis pela degradação da organela. CONCEITOS MORFOLÓGICOS DA MITOCÔNDRIA 04. LEGAL, PODEMOS NOTAR QUE A MITOCÔNDRIA DESEMPENHA DIVERSAS FUNÇÕES, MAS COMO SERÁ QUE PODEMOS TORNÁ-LA MAIS SAUDÁVEL? Figura 2. Processo de fissão, fusão e mitofagia mitocondrial. Retirado e adaptado do artigo de Memme et al. 2019. Fusão + + + ETC mtDNA TIM TOM HSP60 ClpP Tfam Mfn2 Mfn1 Mfn2M fn 2 M fn 2 Mfn1 Lysosome Mitofagia Fissão Mff Fis 1 Drp1 LC3II p62 U b LC3II p62 Ub NIX LC3II BNII Parkin Parkin PARK1 PARK1 ROS LAMP 2 ROS MITOCÔNDRIAS E O CONCEITO DE FLEXIBILIDADE METABÓLICA O EXERCÍCIO FÍSICO E BIOGÊNESE MITOCONDRIAL 05. 06. O último conceito que precisamos entender para otimizar a saúde mitocondrial é a flexibilidade metabólica, que descreve a capacidade de um organismo de responder ou se adaptar de acordo com mudanças na demanda energética. Nesse cenário, precisamos pensar emqual substrato energético será utilizado e como promover a biogênese mitocondrial. Por outro lado, temos a inflexibilidade metabólica, onde o organismo não consegue se adaptar a diferentes substratos. Como exemplo, podemos pensar naquele indivíduo que come a cada três horas e que, quando fica horas sem comer, acaba sentindo muita fome, ficando estressado, desfocado e ansioso. Nesse sentido, esse organismo só está sabendo utilizar um tipo de substrato, provavelmente o carboidrato, não conseguindo trabalhar em jejum. Além disso, quando presente por muito tempo, a inflexibilidade metabólica gera um excesso de EROs e provoca um quadro de síndrome metabólica, trazendo diversas consequências como: aumento da resistência à insulina, maior risco para doenças cardiovasculares, aumento de peso e obesidade. Dessa maneira, para alcançarmos a flexibilidade metabólica, precisamos estimular a biogênese mitocondrial e, para isso, temos a PGC-1α que desempenha um papel central nesse processo. Assim, precisamos buscar a adoção de estratégias que levem a maior expressão dessa proteína, como a prática de exercício físico e estratégias nutricionais. Hoje em dia já está bem conhecida a influência do exercício físico sobre as vias de sinalizações citadas anteriormente. Contudo, para que o treinamento promova adaptações mitocondriais, como a biogênese, é necessário que exista uma frequência, intensidade e duração suficientes, por um período de tempo adequado. Nesse cenário, por muitos anos o treinamento de resistência prolongado foi considerado o principal meio de alcançar as adaptações, aumentando as proteínas mitocondriais totais, incluindo aquelas envolvidas na β-oxidação e na cadeia de transporte de elétrons, melhorando assim a capacidade de fornecimento de energia ao músculo em exercício. Entretanto, hoje já sabemos que, para a adaptação mitocondrial ocorrer, é necessário que exista a ativação das fibras musculares e, nesse sentido, exercícios com elevado consumo de VO2 (volume de oxigênio máximo é a capacidade máxima do corpo de um indivíduo de transportar e metabolizar oxigênio durante um exercício físico) geram o recrutamento de uma maior variedade de tipos de fibras. Assim, as abordagens de treinamento evoluíram do tradicional exercício de resistência de longa distância para modalidades alternativas que economizam tempo, como o treinamento intervalado de sprint e o treinamento intervalado de alta intensidade. Para entendermos melhor o processo que associa o exercício com a biogênese mitocondrial, podemos falar um pouco sobre as vias envolvidas. Com o exercício, inicia-se uma infinidade de sinais que convergem para PGC-1α: ativação da proteína quinase dependente de cálcio / calmodulina (CaMK), através do aumento da concentração intracelular de Ca2+; ativação da proteína quinase ativada por p38 mitogênio (p38 MAPK), que é sensível a múltiplos estressores, como os EROs; fosforilação de proteína quinase ativada por AMP (AMPK), ativada pela hidrólise de ATP por miosina, além das ATPases e o aumento resultante na razão AMP: ATP; e o cAMP induzido por meio de sinalização adrenérgica. Logo, todas essas vias irão convergir para a estimulação da biogênese mitocondrial. VITAMINAS E MINERAIS PARA A SAÚDE MITOCONDRIAL 07. Por fim, poderíamos citar todas as vitaminas desse complexo, logo, para um bom funcionamento mitocondrial, precisamos adequar a ingestão dessas na dieta. Além das vitaminas do complexo B, o ácido ascórbico (vitamina C) é considerado um potente antioxidante que ativa a Sirt1, desencadeando uma cascada de sinalização, reduzindo a expressão de EROs, além de estimular a PGC-1α. Ademais, a vitamina A, encontrada principalmente na cenoura, está relacionada com o aumento dos níveis do fator de transcrição mitocondrial, uma peça fundamental para o bom desempenho da organela. Para finalizar, podemos citar a vitamina E por ser considerada uma grande antioxidante, protegendo a estrutura e função mitocondrial, mantendo sua integridade. Além do exercício físico, o impacto da dieta tem sido amplamente estudado na promoção da biogênese. Nesse cenário, as vitaminas são micronutrientes essenciais para o bom funcionamento do metabolismo mitocondrial. Começando pelas vitaminas do complexo B, essas atuam na geração de energia, principalmente do ciclo de Krebs e a carência dessas pode estar ligada ao aumento da produção de EROs. Assim, podemos começar falando sobre a vitamina B1 (tiamina), um cofator de várias enzimas, como a piruvato desidrogenase citosólica e a cetoglutarato desidrogenase mitocondrial. Já a B2 (riboflavina), é essencial como um grupo prostético para várias enzimas que catalisam as reações redox. A vitamina B3 (niacina) é um cofator importante envolvido nas reações de respiração mitocondrial, glicólise ou oxidação lipídica. Figura 3. Sinalizações celulares durante o exercício físico. Retirado e adaptado do artigo de Memme et al. 2019. Ca2+Ca 2+ Ca2+ EpiNE cAMP AMP:ATP P CaMK P38 MAPK AMPK P P Agora falando dos minerais, alguns deles são nutricionalmente essenciais e, portanto, precisam ser incorporados por meio da dieta. Dentre esses, o selênio apresenta propriedades antioxidantes e mitocondriogênicas, promovendo a biogênese por meio da estimulação da PGC-1α. Já o zinco também exerce propriedades antioxidantes, promovendo a ativação de enzimas como a SOD e CAT, responsáveis por neutralizar radicais livres. Além disso, esse mineral também inibe enzimas pro-oxidantes, como a NADPH oxidase. SUPLEMENTAÇÃO PARA SAÚDE MITOCONDRIAL 08. Figura 4. Efeito de vitaminas e minerais sobre as vias mitocondriais. Retirado e adaptado do artigo de García et al. 2020 Quando falamos sobre a suplementação visando a saúde mitocondrial, precisamos lembrar do estresse oxidativo gerado pelo desequilíbrio entre a produção e a proteção contra radicais livres. Assim, podemos considerar os polifenóis como uns dos principais compostos que podem beneficiar essa organela, graças a sua propriedade antioxidante. Nesse contexto, podemos citar o resveratrol que, através da ativação do Sirt1, há um desencadeamento de diferentes vias de sinalização que promovem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. Paralelamente, também há ativação da PGC- 1α, regulando a biogênese mitocondrial. Além do resveratrol, há outros polifenóis como as catequinas, no qual foi demonstrado que esse composto pode atuar diretamente como neutralizante de EROs, além de ativar algumas enzimas antioxidantes, como a CAT e SOD. Ademais, as catequinas podem inibir algumas enzimas pró- oxidantes, como a NADPH oxidase, suprimindo as vias relacionadas ao estresse. Para finalizar o grupo dos polifenóis, trazemos um pouco sobre os compostos presentes no azeite de oliva, como oleuropeína, hidroxitirosol e pinoresinol, apresentando propriedades antioxidantes. Falando em particular sobre o hidroxitirosol, este demonstrou ser capaz de induzir a ativação do Sirt1, aumentando a expressão da PGC-1α. Além disso, tanto o hidroxitirosol quanto a oleuropeína também podem neutralizar EROs e podem ativar enzimas antioxidantes, como a GPx e CAT.Saindo dos polifenóis, podemos incluir os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, como compostos benéficos na saúde mitocondrial. Nesse cenário, foi demonstrado sua relação com a ativação da AMPK, que por sua vez ativa a PGC-1α, levando a biogênese. Nucleous Antioxidant response pro-oxidant enzmes Mitochondrial structure Inflammation Apoptosis Fission Mitogenesis KREBS CYCLE Ca+2 Ca+2 ATP UCPs I II III IV ROS ER CytC DRP1 PGC-A SIRT1AMPK SIRT3 ATPsyn TFAM ARE NRF2 Além disso, esse ácido graxo também pode atenuar o estresse oxidativo, diminuindo a expressão de citocinas pró-inflamatórias. Ademais, o equilíbrio entre o ômega-6 e ômega-3 influencia a viscosidade nas membranas mitocôndrias, melhorando sua função. Finalizando os suplementos nutricionais, não poderíamosdeixar de fora a ação da coenzima Q10 (CoQ10). Para compreendermos melhor, esse composto é um componente integral da cadeia transportadora de elétrons, via essencial para a formação de ATP. No entanto, a disfunção da cadeia respiratória leva a várias doenças mitocôndrias, com excesso de espécies reativas de oxigênio. Assim, o consenso da Mitochondrial Medicine Society recomenda a suplementação de CoQ10 em pacientes que apresentam doenças mitocondriais primárias. Falando agora sobre dietas alimentares, precisamos buscar estratégias que levam ao aumento da ativação da PGC-1α, no qual encontramos a dieta cetogênica, onde mudamos o substrato energético que será utilizado, que nesse caso será os corpos cetônicos, resultando na flexibilidade metabólica. Nesse cenário, podemos abordar especificamente sobre os triglicerídeos de cadeia média (TCM), moléculas formadas por uma cadeia de ácidos graxos compostos por 6 a 12 átomos de carbono. A principal característica dos TCM é a sua rápida absorção, sendo utilizado para a síntese corpos cetônicos de forma mais eficiente. Entretanto, alguns pesquisadores estão explorando a estimulação de vias relacionadas com a biogênese mitocondrial em resposta ao tratamento do TCM. Assim, alguns estudos relataram que o ácido decanóico (C10), está relacionado com a melhora da função mitocondrial e do metabolismo energético em pacientes com distúrbios dessa organela. Mais especificamente, os autores mostram que o tratamento deste TCM pode induzir a atividade da SIRT1. Essa proteína, junto com a PGC-1α, é responsável pela manutenção da biogênese mitocondrial. Além disso, a SIRT1 também demonstrou regular os mecanismos antioxidantes. Além disso, o C10 participa do mecanismo de ação que envolve a ativação de um outro fator de transcrição gênica, o PPAR-gama, que também está relacionado com a melhora da função mitocondrial. O PAPEL DO TCM NA SAÚDE MITOCONDRIAL 09. EU NÃO SOU PREGUIÇOSO, MINHA MITOCÔNDRIA QUE NÃO É EFICIENTE. Entretanto, alguns pesquisadores estão explorando a estimulação de vias relacionadas com a biogênese mitocondrial em resposta ao tratamento do TCM. Assim, alguns estudos relataram que o ácido decanóico (C10), está relacionado com a melhora da função mitocondrial e do metabolismo energético em pacientes com distúrbios dessa organela. Mais especificamente, os autores mostram que o tratamento deste TCM pode induzir a atividade da SIRT1. Finalizando esse e-book, agora que você entendeu a importância da saúde mitocondrial e como promover sua biogênese, precisamos por tudo na prática. Assim, avalie todas as queixas do paciente e procure sempre entender como a flexibilidade metabólica, com uma boa biossíntese energética, pode colaborar para sua melhora clínica e com o intuito de que desse modo, você não escute queixas como a seguinte de pacientes mais por dentro desse processo. Essa proteína, junto com a PGC-1α, é responsável pela manutenção da biogênese mitocondrial. Além disso, a SIRT1 também demonstrou regular os mecanismos antioxidantes. Além disso, o C10 participa do mecanismo de ação que envolve a ativação de um outro fator de transcrição gênica, o PPAR-gama, que também está relacionado com a melhora da função mitocondrial. Figura 5. Efeito do ácido decanóico sobre a biogênese mitocondrial. Retirado e adaptado do artigo de Dabke e Das. 2020. SIRT1 Desintoxicação de EROS Biogênese mitocondrial Metabolismo lipídico OMM IMM 250 µM C10 MRC KREBS CYCLE SIRT3 CS Contudo, além do C10, outros TCM estão sendo associados a melhora da saúde mitocondrial. Assim, podemos citar também o papel do ácido caprílico (C8), influenciando a função dessa organela. Dentre todos os ácidos graxos, o C8 é o que apresenta maior atividade de desacoplamento, graças a estimulação das proteínas UCP3, melhorando os complexos respiratórios, resultando na biogênese mitocondrial. 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