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DIREITO CIVIL DIREITOS REAIS alunos 2022

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DIREITO CIVIL – DIREITOS REAIS
Prof. Guilherme Loria Leoni
@prof_guilherme_leoni 
DR 7/8A - Noturno (Terça-feira)
PLANO DE ENSINO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Noções Introdutórias de Direito das Coisas. 
1.1. Conceito de Direito das Coisas. 
1.2. Fontes e Princípios de Direito das Coisas. 
1.3. Resenha Histórica de Direito das Coisas. 
2. Posse.
2.1. Origem e Evolução Histórica. 
2.2. Teorias Principais sobre a Posse. 
2.3. Conceito e Natureza Jurídica. 
2.4. Elementos.
2.5. Sujeito e Objeto da Posse.
2.6. A Posse e sua Classificação.
2.7. Aquisição da Posse.
2.8. Efeitos da Posse.
2.9. Perda da Posse.
2.10. Transmissão da Posse.
2.11. Ações Possessórias.
2.12. Proteção da Posse através de Outras Ações.
3. Classificação dos Direitos Reais.
4. Propriedade. 
4.1. Direito de Propriedade – Caracterização Geral.
4.2. Função Social da Propriedade.
4.3. Limitações do Direito de Propriedade.
4.5. Aquisição da Propriedade Imóvel.
4.5.1. Aquisição por Usucapião.
4.5.2. Aquisição pelo Registro do Título.
4.5.3. Aquisição por Acessão: Ilhas, Aluvião, Avulsão, Álveo Abandonado, Construções e Plantações.
4.6. Aquisição da Propriedade Móvel.
4.6.1. Usucapião. 
4.6.2. Ocupação. 
4.6.3. Achado do Tesouro.
4.6.4. Tradição.
4.6.5. Especificação.
4.6.6. Confusão, Comissão e Adjunção.
4.7. Perda da Propriedade.
4.8. Direitos de Vizinhança.
4.8.1. Uso Anormal da Propriedade.
4.8.2. Árvores Limítrofes.
4.8.3. Passagem Forçada. 
4.8.4. Passagem de Cabos e Tubulações.
4.8.5. Águas.
4.8.6. Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem.
4.8.7. Direito de Construir.
4.9. Condomínio Geral: Voluntário e Necessário.
4.10. Condomínio Edilício.
4.11. Propriedade Resolúvel.
4.12. Propriedade Fiduciária.
5. Superfície.
6. Servidões: Constituição, Exercício e Extinção.
7. Usufruto: Disposições Gerais, Direitos e Deveres do Usufrutuário, Extinção do Usufruto.
8. Uso.
9. Habitação. 
10. Direito do Promitente Comprador.
11. Penhor, Hipoteca e Anticrese.
11.1. Penhor: 
11.1.1. Constituição, Direitos e Obrigações do Credor Pignoratício, Extinção do Penhor.
11.1.2. Penhor Rural, Penhor Industrial e Mercantil, Penhor de Direitos e Títulos de Crédito, Penhor de Veículos, Penhor Legal.
11.2. Hipoteca: Hipoteca Legal, Registro da Hipoteca, Extinção da Hipoteca, Hipoteca de Vias Férreas. 
11.3. Anticrese. 
12. Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia, conforme Lei nº 11.481, de 2007.
13. Concessão de Direito Real de Uso, conforme Lei nº 11.481, de 2007. 
14. Temas e Casos Práticos da Área voltados para a Realidade Regional de Inserção do Curso.
1. Noções Introdutórias de Direito das Coisas. 
	1.1. Conceito de Direito das Coisas. 
	1.2. Fontes e Princípios de Direito das Coisas. 
	1.3. Resenha Histórica de Direito das Coisas. 
CÓDIGO CIVIL – Livro III, Parte Especial – Arts. 1.196/1.510-E
Entendimento CLÁSSICO - Clóvis Beviláqua (Direito das Coisas – extr. de CRG DCEsq 2, p369): 
Direito das Coisas “é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio”. 
Entendimento MODERNO – Flávio Tartuce:	
- “O Direito das Coisas é o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas, ou mesmo determináveis” 
Coisas: 
tudo aquilo que não é humano, e que existe OBJETIVAMENTE
somente as coisas possíveis de serem apropriadas pelo homem (móveis ou imóveis), é que integram ao direito das coisas
o direito das coisas é compreendido por bens materiais, corpóreos, palpáveis
-É GENERO, sendo BEM a espécie
	- BENS: são as coisas que são passíveis de apropriação, com valor econômico e tem utilidade e, 	alguns, denotam raridade.
- Todo o BEM que denote VÍNCULO JURÍDICO decorrente do DOMÍNIO, é que se diz integrante ao Direito das Coisas.
Coisas em abundância na natureza, e que não podem ser apropriadas, “deixam de ser bens em sentido jurídico” (CRG, DCEsq, 2, p. 369).
- Evolução HISTÓRICA: 
Direito Civil moderno: oriundo do Direito Romano, no tocante ao DIREITO DE PROPRIEDADE (entre outros institutos civis) que remonta à estrutura jurídica atual (decorre do direito da época de Justiniano – séc. VI d.C, e vem desde a fundação – séc. VIII a.C)
A propriedade decorre de concepção “nitidamente individualista”: PROPRIUM – próprio de uma pessoa; pertencente a alguém. 
Sistema Feudal: há HEREDITARIEDADE com objetivo de garantir o domínio familiar para não se perder o poder, sobretudo no contexto político. 
- Revolução Francesa: características da tradição do Direito Romano (princípios individualistas). 
Função Social da Propriedade (Séc. XX): evolução com a mudança do conceito egoístico e individualista:
			
			- predomínio do interesse público sobre o privado; 
			- perda das características de direito absoluto e ilimitado – transformar-se em direito de finalidade social;
			- Constituição Federal/88: a propriedade atenderá a sua função social (art. 5º, XXIII):
			- CC: art. 1.228, §§ 1º e 4º. 
 		- Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257, de 10/7/2001): usucapião coletiva - áreas urbanas com mais de 		250 m2 e ocupadas por população de baixa renda para moradia por 5 anos, onde não for possível 			identificar os terrenos ocupados individualmente. 
		- CC: 1.240-A - usucapião familiar
Distinção entre direitos reais e pessoais:
	Direito real: - poder do titular sobre a coisa
		 - garantia de exclusividade e que pode ser oposto contra todos (defesa contra qualquer pessoa 				que turbe ou esbulhe a posse)
		 - Elementos caracterizadores: 
					- sujeito ativo (titular sobre a coisa) , 
					- a coisa, e
					- o domínio do sujeito sobre a coisa.
	Direito pessoal (obrigacional): - vínculo jurídico existente entre duas pessoas envolvidas em uma relação 	para que uma preste algo a outra. 
		 - Elementos caracterizadores:
					- sujeito ativo, 
					- sujeito passivo, e - a prestação.
TEORIAS acerca de direitos reais: a unitária realista e a dualista. 
A primeira tenta unificar o direito pessoal e obrigacional sob o ponto de vista patrimonial
A segunda trata da distinção entre os direitos pessoal e real, em vista da diversidade de princípios que regem cada um deles. 
A teoria dualista é a adotada pela doutrina.
Distinções entre direitos obrigacionais ou pessoais (jus ad rem) com os direitos reais (jus in re) são:	
a) quanto ao objeto: os dir. pessoais exigem cumprimento de uma obrigação, os dir. reais incidem sobre uma coisa;
b) quanto ao sujeito: no dir. pessoal o sujeito passivo é determinado ou determinável, enquanto que no dir. real é indeterminado, pois engloba todas as pessoas da coletividade que não podem turbar o domínio do sujeito ativo sobre a coisa;
c) quanto à duração: no dir. pessoal são transitórios, pois se extinguem com o cumprimento, no dir. real é perpétuo, pois não se extingue pelo não uso, mas só nos casos de usucapião, desapropriação;
d) quanto à formação: no dir. pessoal dependem da vontade das partes e que podem participar em uma infinidade de contratos, enquanto que no dir. real a formação só pode ser determinada pela lei e em número limitado;
 e) quanto ao exercício: no dir. pessoal é exigida uma figura intermediária que é o sujeito passivo, enquanto que no dir. real o exercício ocorre somente pelo titular sobre a coisa;
 f) quanto à ação: no dir. pessoal é exercida e dirigida contra quem está figurando na relação jurídica e que deve prestar algo, enquanto que no dir. real pode ser dirigida contra quem detenha a coisa.
Mesmo com referidas divergências, em alguns casos haverá em direitos reais alguma característica de direito pessoal e vice-versa. 
Exemplo CRG: é possível um direito obrigacional (pessoal) ter atributo de direito real como “direitos obrigacionais que facultam o gozo de uma coisa, os chamados direitos pessoais de gozo: os direitos do locatário e os do comodatário, por exemplo. Por outro lado, a lei permite a atribuição de eficácia reala certos contratos, normalmente constitutivos de simples direitos de crédito, como o que estabelece o direito do promitente comprador ou o direito de preferência”.
- Há o entrelaçamento entre direito real e obrigacional: compra e venda (direito obrigacional) o objeto é a aquisição de uma propriedade (direito real), e em outros casos o direito real servirá de acessório a um direito obrigacional, como a cláusula que prevê a garantia de penhor ou hipoteca.
Diferenças: quadro comparativo
	Direitos reais 
	Relações jurídicas entre uma pessoa (sujeito ativo) e uma coisa. O sujeito passivo não é determinado, é toda a coletividade. 
 
	Princípio da publicidade (tradição – bem móvel e registro – bem imóvel). 
	Efeitos erga omnes (exercido em face de toda a coletividade)
	Rol taxativo (numerus clausus): entendimento clássico – art. 1.225 do CC. 
	A coisa responde (direito de sequela- direito de perseguir a coisa objeto do direito, se ela for subtraída do sujeito). 
	Caráter permanente. 
Instituto típico: propriedade. 
	Direitos pessoais (obrigacionais) de cunho patrimonial 
	Relações jurídicas entre uma pessoa (sujeito ativo – credor) e outra (sujeito passivo –devedor). 
	Princípio da 	autonomia 	privada (liberdade). 
	Efeitos inter partes (exercido em face de quem figura na relação obrigacional – entre as partes vinculadas no contrato) 
	Rol exemplificativo (numerus apertus) – art. 425 do CC – criação dos contratos atípicos. 
	Os bens do devedor respondem (princípio da responsabilidade patrimonial). 
	Caráter transitório, em regra, o que vem sendo mitigado pelos contratos relacionais ou cativos de longa duração. 
Instituto típico: contrato. 
Características e generalidades dos direitos reais.
Aderência (ligação) imediata à coisa: ligando-a diretamente ao seu titular;
b) direito de sequela: segue a coisa onde quer que se encontre;
c) único e exclusivo: não há como verificar direito real onde já exista;
d) chamado como um direito absoluto: tem ação real contra qualquer detentor da coisa.
Compondo-se as características acima pode-se dizer que o direito real tem ligação exclusiva à coisa, vinculando seu titular, que pode ser reclamado e/ou exercido onde estiver o objeto, cabendo esse direito real a um só objeto, eis que único e exclusivo para cada coisa, e pode ser exercida contra quem detenha (esbulho) ou tente se apropriar da coisa (turbação). 
					
Espécies dos direitos reais e aquisição (análise de cada um delas):
	- Art. 1.225 do Código Civil: forma taxativa (numerus clausus):
		- propriedade; 
		- superfície; 
		- servidões; 
		- usufruto; 
		- uso; 
		- habitação; 
		- direito do promitente comprador do imóvel; 
		- penhor; 
		- hipoteca 
		- anticrese.
o Direito Real é taxativo: - tipificado legalmente, não admitindo convenção de forma privada,
 			- admite-se que outras leis tipifiquem novas espécies além das do art. 1225.
AQUISIÇÃO de Direitos Reais
não basta, como defendem alguns doutrinadores, ter um contrato nos termos do art. 481 do CC - um dos contratantes fica obrigado em transferir o domínio de coisa determinada e o outro em pagar o preço pela coisa. (Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.)
tal forma contratual, criam-se apenas direitos e obrigações.
o Domínio só se adquire:
pela Tradição (entrega): coisa móvel (art. 1226 CC) ou 
pelo Registro do título: coisa imóvel (1227 CC): ao registro do título, deve-se observar os arts. 108 e 215 do CC em que tratam da escritura pública como validade do negócio jurídico devendo, em consequência, ocorrer o registro público deste documento para validar e perfectibilizar a aquisição do imóvel. 
- A isso some-se o brocardo que diz: Quem não registra não é dono.
Código Civil - Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017)
XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
II - DA POSSE – Arts. 1.196/1.203 CC
1. Conceito de posse e distinção de detenção. 	2. Natureza da posse.	3. Espécies (classificação).	4. Aquisição e perda da posse. 5. Efeitos da posse.
 1. Conceito de posse e distinção de detenção 
 	- Conceito clássico de Clóvis Beviláqua:
				“É o exercício, de fato, dos poderes constitutivos do domínio ou 					propriedade, ou de alguns deles somente”.
	- A posse, sobre coisa móvel ou imóvel (objeto da posse), é situação jurídica factual que pode levar, após certas exigências, a transformar o 	possuidor em proprietário. 
	- O possuidor pode exercer os poderes de:
					- uso, 
					- gozo e, 
					- em alguns casos, também pode exercer o de disposição.
	- Protege-se a posse para se evitar a violência, assegurando os direitos e consequente paz social.
	- Adota-se a teoria objetiva, instituída por Ihering: posse é uma conduta de dono.
	- Só não será posse quando a própria a lei assim definir, como a detenção por exemplo, descrita no art. 1.198 do CC.
	Art. 1.198 C.C.. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em 	nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
	Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, 	presume-se detentor, até que prove o contrário.
Na detenção do bem: a pessoa exerce poderes de fato (e não de Direito) sobre uma coisa, MAS não será possuidora. 
É considerado como FÂMULO DA POSSE (ou SERVO DA POSSE): 
aquele que detém a coisa em nome de outra pessoa 
Segue as orientações e ordens do efetivo possuidor
o servo da posse tem relação de dependência para com aquele cujo nome detém a coisa
a lei não estende a proteção ao servo da posse - este não tem direito de reivindicar, em seu nome, a posse sobre o bem que detém
- DISTINÇÃO PRINCIPAL:
			- o possuidor exerce o poder em seu nome, por interesse próprio (Ex. inquilino)
			- o servo da posse exerce o poder em nome e em interesse de outrem
 - Exemplo (NERY JUNIOR, Nelson. Código civil comentado. 2. ed., rev. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 564): 
		- caseiros; 
		- funcionários em relação aos objetos de trabalho (motorista; empregado doméstico, etc.).
.
2. Natureza da posse: 
			- é um fato ou um direito?
			- Em resposta: a posse é verdadeiro sinal externo da propriedade
			- direito de possuir e pelo modo que seu possuidor se apresenta perante a sociedade. 
	
- Teoria subjetiva (Savigny): - defende a ideia de que posse é fato e, por isso, tal existência independem de todas as regras de direito
		- inegável que posse também se verifica por situação factual
		- mas, certamente, produz efeitos e consequências jurídicas (Direito). 
	- É a teoria objetiva (adotada pela legislação brasileira) que atende a previsão de ter a posse um direito protegido juridicamente.
- A natureza da posse é a de ser um fato juridicamente protegido (DIREITO – Art. 1.196 CC).
3. Espécies (classificação): formas de como os sujeitos ativos podem exercer seus diretos. 
Classificadas em
 (MONTEIRO, Washington de Barros. Curso e direito civil: direito das coisas. 37. ed., ver. e atual. por Carlos Alberto Dabus Maluf. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 19, 3. v.):
		- posse direta e indireta;
		- posse justa e injusta;
		- posse de boa-fé e de má-fé;
		- posse nova e posse velha;
		
		- posse natural e posse jurídica (civil), e
		- posse “ad interdicta” e posse “ad usucapionem”.
Posse direta e posse indireta: art. 1.197 do CC traz a distinção legal da posse direta e indireta. 
	- tanto uma quanto outra são posses jurídicas (jus possidendi). 
	- Art. 1.196 do CC: é possuidor toda a pessoa que exerce de fato, plenamente ounão, alguns dos 	poderes da propriedade.
	- Poderes inerentes da propriedade: 
				- reunidos na pessoa de um só titular, 
				- mas podem se achar esparsos e distribuídos entre várias pessoas
	- Conclusão: 	- quando o sujeito tem materialmente a coisa há posse direta; 
			- na mesma ocasião a posse é indireta para o proprietário: consequência de seu 			domínio, que concedeu ao primeiro o direito de possuir diretamente a coisa. 
			- a posse direta e indireta são conjuntas, ou seja, uma não anula a outra.
	As características principais da posse direta são o caráter temporário e a materialidade, eis que trata-se de relação transitória, com prazo definido, não perpétuo, enquanto está no uso do bem.
	É de se salientar várias possibilidades de desmembramento da posse em direta e indireta, como por exemplo: -locação; arrendamento; alienação fiduciária, etc.
MONTEIRO, Washington de Barros, op. cit., p. 26. 
 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
- Posse direta? Inquilino
Posse indireta? Proprietário
Direito Pessoal? Contrato de locação
Direito Real? Domínio
proteção de quem contra quem? Do inquilino em face do proprietário
Característica principal da posse direta: 
Temporariedade - relação transitória, com prazo definido, não perpétuo.
Possibilidades de desmembramento da posse em direta e indireta (MONTEIRO, Washington de Barros, op. cit., p. 26):
		-locação; 
		- arrendamento; 
		- alienação fiduciária, etc.
O possuidor direto quanto o indireto podem pleitear proteção contra terceiros; 
Só o possuidor direto pode defender-se contra o indireto:
este último (indireto = proprietário) não poderá invocar proteção contra o possuidor direto na duração do contrato de locação
		Exemplo: locação - o locatário (inquilino) tem posse direta, e o locador (proprietário) tem posse indireta.
. 
	Casuística: 
	- o possuidor indireto não poderá se valer de interditos contra o possuidor direto enquanto este último esteja no exercício da posse
	- Mesmo se o possuidor direto descumprir parte do contrato (falta de pagamento de aluguel ou posse sem título - quando terminado o prazo da locação sem devolução do imóvel ao seu dono), deverá o possuidor indireto se valer de ação de despejo: CF/88 art. 5º., inciso LI - a ação do locador para reaver imóvel locado será sempre a de despejo (NERY JUNIOR, Nelson, op. cit., p. 565, nota 2).
	- O possuidor direto pode intentar ação possessória contra o possuidor indireto caso este venha tentar (turbar) reaver a posse de forma abusiva. 
Posse justa e posse injusta: caracterizadas pela pureza e/ou seus vícios.
	- Art. 1.200 do CC trata da posse justa: posse pura, sem vício:
	Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
	- Posse injusta: com os vícios objetivos da posse - violência (vis), clandestinidade (clam) e precariedade.
Posse violenta: é a caracterizada pela aquisição forçada, com violência inicial de forma física ou grave ameaça 
Exemplo: quando se toma um bem de alguém; expulsando de um imóvel com violência o possuidor anterior. 
A falta de violência é característica de posse mansa.
- Posse clandestina: estabelecida às ocultas do individuo que deve e tem interesse em conhecê-la.
	
- Posse precária: é a originada pelo abuso de confiança, recusando-se a restituir a coisa quando deveria fazê-lo.
 
Simples comparativo com lei penal (relação analógica): 
violência corresponde ao roubo, 
clandestinidade corresponde ao furto
precariedade corresponde à apropriação indébita. 
doutrina: mesmo a posse injusta, desde que cessados os vícios pela inércia do proprietário, pode ser defendida pelo “novo possuidor” (esbulhador) contra terceiros que tentem ou pratiquem a posse injusta para si. 
doutrinador italiano Bonfant: para defender a posse “basta que seja justa em relação ao adversário” (Corso di Diritto Romano, 3/208 apud VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003, 5. v, p. 70).
CASUÍSTICA: Resp 302.137/RJ, j. 15.09.2009 – Comodatário se recusa em devolver injustificadamente a coisa entregue em comodato: a posse se torna injusta pelo vício objetivo da precariedade – foi procedente o pedido de reintegração de posse com o voto – “a recusa do comodatário em restituir a coisa após o término do prazo do comodato, mormente quando notificado extrajudicialmente para tanto, implica em esbulho pacífico decorrente da precariedade da posse, podendo o comodante ser reintegrado na mesma através das ações possessórias”
Posse de boa-fé e posse de má-fé
	- BOA-FÉ (art. 1201 e 1202 CC): 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
		- é o que ocorre quando o possuidor tem a convicção de que a coisa lhe pertence, 		desconhecendo (ignorando) qualquer espécie de vício.
		- ignorar = desconhecer o problema; desconhecer o vício
CARACTERIZAÇÃO da boa-fé ou da má-fé: deve ser estabelecida por critérios subjetivos: 
“decorrente da convicção do possuidor” (STJ, 4ª. T., Resp 206421-SP, re. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, v.u., j. 29.6.2000, DJU 2.9.2000, p. 106): análise subjetiva da intenção do possuidor, verificando-se sua alegação e circunstâncias em que a posse fora adquirida. 
	- se os vícios são de conhecimento do possuidor, a posse é de má-fé.
	
IMPORTÂNCIA na caracterização: hipóteses de indenização por benfeitorias
se de boa-fé e perdendo a posse, o possuidor nessa condição poderá pleitear indenização por benfeitorias porventura realizadas.
- JUSTO TÍTULO: título hábil em transferir o domínio que, se fosse emanado do verdadeiro proprietário, de fato o transferiria. 
	- Exemplo 1 (Washington de Barros Monteiro): possibilidade de um menor, sem estar assistido ou 	representado, ter emitido um título, supostamente justo. Sabendo o possuidor que o menor não tem 	assistência ou representação, e provado isso, a posse se torna de má-fé; mas, provado pelo 	possuidor o desconhecimento disso, torna-se ela de boa-fé.
	- Exemplo 2 - justo título: ocorre quando uma escritura de compra e venda registrada é documento 	hábil para que o domínio do imóvel seja transmitido. Porém, não sendo o vendedor o dono (non 	domino) a aquisição, embora de boa-fé amparada por documento hábil e público, estará viciada e 	pode ser anulada.
	Deve-se ressaltar que a possibilidade de anulação ocorre pelo caráter da presunção da boa-fé ser 	relativa (juris tantum), e por isso admite-se prova em contrário.
Art. 1.202 CC: posse de boa-fé, passando a ser de má-fé. 
Adota-se o sistema do direito canônico: ampara-se em moral severa, “exigindo que a boa-fé exista durante todo o tempo em que a coisa se encontre em poder do possuidor” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das coisas. p. 19.)
	- Não há como saber qual o momento o possuidor teve ciência de que não tinha mais posse 	de boa-fé
	- Dessa dúvida deve se valer da objetividade: como a confissão ou a citação válida em ação 	possessória 
	- A partir da citação, o possuidor poderá ser considerado de má-fé, a não ser que o autor da ação 	prove que o possuidor tinha ciência que sua posse não era amparada por justo título, sofrendo as 	consequências desde então. 
Posse nova e posse velha: - posse nova com menos de ano e dia / - posse velha com mais de ano e dia.
Co-relação dos art.s 1.210 e 1.211 CC:
Art. 1.210. O possuidor tem direito a sermantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. (AUTOTUTELA!!!????) 
§ 2 o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
	- Nota-se na doutrina a preocupação em distinguir a posse nova e posse velha de ação de força nova e ação de força velha, respectivamente.
	- Qual ação cabível?: 		- deve-se verificar o tempo entre a turbação ou esbulho e a reação do possuidor. 
				- O tempo se presta para verificar o cabimento, ou não, da liminar descrita no art. 558 do 				atual CPC (art. 924 do antigo CPC), além de definir o rito procedimental, seja ele especial 				ou comum, cujas ações são estudadas na disciplina de Direito Processual Civil.	
CPC Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput , será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
Posse jurídica (civil) e posse natural	
	- Posse jurídica ou civil (jus possidendi): decorre do exercício de um direito de propriedade. 
		- posse transmitida ou adquirida por força legal: qualquer uma das formas de aquisição da 		posse. 
		- tem o objeto como seu (affectio tenendi).
		- dá ao possuidor a possibilidade de exercer em nome próprio qualquer dos poderes 			relativos à propriedade (art. 1204 CC).
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Exemplo: 1- princípio da “saisine”: proprietário do bem no momento da morte do antecessor!
	2- com a escritura pública de compra e venda.
	
A aquisição decorre de força de lei, mas “sem necessidade de atos físicos ou da apreensão material da coisa” (CRG) 
Exemplo: - constituto possessório (cláusula constituti): pacto entre contratantes de se promover a tradição da coisa, mas continuando a coisa em poder de outrem - também conhecido como tradição convencional (traditctio ficta). Assim, se A vende sua casa a B, continuando A a residir no imóvel como inquilino, A será o possuidor natural (direta) e B o possuidor da coisa (posse indireta), sem ter ocorrido sua ocupação física.
STJ: válida a transmissão da posse pela escritura pública (Resp 21.125-0-MS, 3ª. Turma)
Posse natural: exercício de poderes, em nome de outrem, de fato sobre a coisa, como prevê o art. 1.198 do CC (detenção); segundo Limongi França, é a posse “que assenta na detenção material e efetiva da coisa”
Posse “ad interdicta” e posse “ad usucapionem”
	- Posse ad interdicta: é a “exercida simultaneamente com o direito de propriedade” 
	- possuidor pode se valer dos interditos, que são ações de defesa ou recuperação da posse: posse protegível, MAS SEM CONDUZIR À USUCAPIÃO
	- a proteção pelos interditos depende de posse justa (sem vícios da violência, clandestinidade ou precariedade)
- Posse ad usucapionem: espécie de aquisição da posse. 
	- seu possuidor não tem domínio (não é proprietário) ou título que autorize ser proprietário (não tem regsitro do bem em seu nome), mas conduz, após certo tempo, a aquisição de domínio
	- prazo é definido em lei em casos específicos para a usucapião (art. 1.238/1.244 CC)
	GERAL: 
	- 10 anos + ânimo de dono (animus domini), continuidade, mansa e pacífico, justo título e boa-fé = usucapião 	ORDINÁRIA – Art. 1.242 CC
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. (FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE)
	- 15 anos: requisitos acima, menos justo título e boa-fé = usucapião EXTRAORDINÁRIA – Art. 1.238 CC
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. (FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE)
Posse “pro diviso”: vários possuidores sobre um mesmo bem que comporta uma divisão de fato
cada compossuidor (COMPOSSE) se localiza em parte determinada do bem – divisão de fato
cada compossuidor pode mover ação possessória contra o outro se houver molestação no exercício dos direitos
Posse “pro indiviso”: composse simultânea de coisa indivisível – Art. 1.199 CC
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Exs. de adquirentes de coisa comum: marido e mulher (regime parcial ou universal); coerdeiro antes da partilha 
todos têm posse conjunta (COMPOSSE) em quotas distintas
Utilização/exploração do bem comum sobre a totalidade da coisa por todos compossuidores
Aquisição e perda da posse (arts. 1.204/1.209 CC)
	- Art. 1.204 CC: momento da consumação da posse
		- se adquire ao se tornar possível exercer, em nome próprio, qualquer dos poderes relativos 	à propriedade: uso, gozo, fruição, disponibilidade (exceção)
		- o possuidor ou exerce conjuntamente esses poderes o que corresponde ao exercício da propriedade (já se inclui a posse), ou os exerce de forma desmembrada, como a posse direta pelo inquilino, por exemplo, sem poder dispor da coisa. 
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Ler conjugadamente com o o Art. 1.196 do CC:
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
- Doutrina classifica as formas de aquisição da posse, observando a vontade do adquirente: 
	a) apreensão: coisa subordinada ao possuidor diretamente
	- animus de possuir: toma para si o bem e pode exercer os atos de uso, gozo, fruição e disposição. 	- Geralmente com bens móveis quando não tem dono (res nullius) como o exemplo de caça, ou por coisa abandonada (res derelicta). 
	- Para bens imóveis essa forma não é comum, mas é aceitável para fins de usucapião, em que o possuidor ocupa o imóvel e age como se dono fosse até o sê-lo juridicamente. Aqui, a vontade deriva apensa do possuidor, é unilateral; 
	Há quem admita a aquisição por apreensão quando a coisa venha a ser retirada de outrem sem permissão. Embora ocorrido com violência ou clandestinidade, a aquisição se mostra possível se o primitivo possuidor se omitir e não reagir em defesa de sua posse (art. 1210, caput e § 1º. CC).
b) exercício de direito: posse adquirida em decorrência de relação contratual - locatário e comodatário, que tem a posse direta, podendo usar e fruir a coisa;
c) tradição: aquisição decorrente do ato de entrega (traditio), oriundo de negócio jurídico oneroso ou gratuito - nasce da vontade dos envolvidos no negócio jurídico: o contrato gera a transferência da posse de um para outro negociante. Exemplo:contratos de compra e venda e de doação. 
	- pode ser efetiva (real ou material): entrega do bem decorrente de um contrato; 
	- pode ser simbólica: representação do objeto a ser entregue - entrega das chaves ao comprador de um veículo ou imóvel; 
	- ficta ou consensual: mera ficção protegida por lei, não ocorrendo qualquer entrega material do objeto ou de algo que o represente. 
d) sucessão: a posse pode ser adquirida por sucessão, seja inter vivos ou mortis causa. 
	- mortis causa: a sucessão pode ser universal ou singular. 
		- universal: quando o sucessor herda a totalidade dos bens deixados pelo seu antecessor 		ou sua proporção, podendo ser sucessão legítima ou testamentária. 
		- 1ª. parte do art. 1.207 do CC: o sucessor a titulo universal continua na posse de seu 			antecessor, em todos seus efeitos e vícios, ou seja, se ela era injusta, a posse do 			sucessor também será. (Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.)
		- opera-se soma das posses.
		- singular: quando for por legado, ou seja, o testador deixa um bem certo e determinado, 		como um apartamento, por exemplo
		- não há obrigatoriedae da soma das posses, ou seja, da junção do tempo anterior ao 			tempo presente, sendo facultativa - 2ª. parte do art. 1207 do CC.
Código civil - Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Como se nota a sucessão legítima é sempre universal, pois transfere o total ou a fração ideal do patrimônio do falecido; já a sucessão testamentária pode ser a título universal ou singular, devendo ser observado se há coisa individualizada, sempre dependendo da vontade do testador.
 PERDA DA POSSE (art. 1.223 do CC)
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
	- ocorre quando não há mais posse pelo possuidor sobre o bem
	- não poderá mais exercer os poderes da propriedade, mesmo que assim não era a intenção do possuidor. 
	- pode ser por supressão do corpus e do animus, verificados no caso do abandono, em que o sujeito deixa 	de exercer por sua própria vontade a intenção de possuir
	- consequência: não tem mais os atos materiais sobre a coisa (não responde e nem defende mais o bem). 
	- Pode caracterizar o abandono: a ausência prolongada do possuidor e a falta de interesse ou diligência 	sobre a coisa. 
	- A própria perda e o perecimento da coisa, mas sem a intenção de desfazer-se dela, acarretando a perda da 	posse por supressão do corpus. 
EFEITOS DA POSSE
	A posse gera os seguintes efeitos: 
defesa direta; 
faculdade ao uso dos interditos (ações possessórias); 
Percepção (recebimento) dos frutos; 
indenização por benfeitorias; 
direito de retenção por benfeitorias; 
responsabilidade por deteriorações, e 
usucapião.
DEFESA DIRETA (autodefesa): prevista e autorizada pelo art. 1210, § 1º. do CC
pode ser usada força própria e de imediato: observada moderação na aplicação dessa força, observados os mesmos parâmetros para a legítima defesa e desforço imediato, excluindo-se a antijuridicidade do exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 CP). 
É verdadeiro meio, único e exclusivo, para a proteção possessória, sem necessitar recorrer ao Poder Judiciário, polícia ou qualquer outra autoridade. 
Admite-se, também, o emprego de armas dentro das mesmas proporções da provocação de quem tenta turbar ou esbulhar a posse. 
- Deve ser exercido pelo próprio possuidor, podendo ser auxiliado por quem quer que seja. 
o guardião, como exemplo de detenção, pode usar a medida da defesa direta, em favor do possuidor, eis que essa é sua função: proteger e zelar pela posse de terceiro e a mando deste. 
OBS.: Não se confunde, com a impossibilidade do mero detentor no exercício de ações possessórias.
Há duas espécies de autodefesa: a legítima defesa e o desforço imediato.
- legítima defesa refere-se à reação imediata à turbação, que é a posse molestada, perturbada. É empregada, portanto, para impedir a perda da posse.
- desforço imediato: reação imediata ao esbulho, que é a perda da posse - emprega-se tal meio para recuperar a posse.
Cumpre ressaltar que a autodefesa, quando exercida com excesso, pode acarretar ações indenizatórias (art. 187 CC) e criminais, devendo sempre se valer desse meio moderadamente. Sempre que não for possível repelir a turbação ou retomá-la, mesmo que de imediato, por força própria, melhor usar o direito aos interditos.
A doutrina enfatiza que quando não se possa utilizar da proteção da Administração Pública, judiciária ou policial devem se valer dos requisitos:
injustiça da agressão;
A imediatidade da repulsa, e 
Proporcionalidade da defesa.
(Marco Aurélio Bezerra de Mello – Código Civil Comentado, p. 882)
 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA - OCUPAÇÃO DE IMÓVEL PARTICULAR - EXPULSÃO APÓS EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - ATO PRATICADO PELO PROPRIETÁRIO COM AUXÍLIO DE TERCEIROS - CONDUTA ANTIJURÍDICA - DANOS MORAIS DEVIDOS - QUANTUM - PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE - DANOS MATERIAIS - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - NÃO CABIMENTO. Nos termos do art. 1.210, §1º do Código Civil, o possuidor turbado ou esbulhado poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contando que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse. A reação do possuidor precisa ser imediata, ou seja, logo após tomar conhecimento da agressão à sua posse ou logo que possa agir. Se a oportunidade da autodefesa passar, o possuidor que se viu ameaçado ou privado de sua posse deverá buscar auxílio nas vias judiciais, não se falando mais em desforço imediato. Em tendo buscado auxílio na via judicial, é inadmissível o ato praticado pelo proprietário, de reaver o imóvel, arrombando portas e retirando os pertences dos autores do local, fazendo justiça com as próprias mãos, o que, por si só, já evidencia a prática de conduta ilícita, passível de indenização, sobretudo porque o ordenamento jurídico dispõe de mecanismos processuais próprios e suficientes para assegurar a retirada segura das pessoas e a recuperação civilizada da propriedade. O valor da indenização por danos morais deve ser fixado de acordo com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, levando em conta o grau de culpa e a extensão do dano causado, a situação social e econômica das partes, bem como as circunstâncias do evento danoso. Para a reparação por danos materiais é necessário que o prejuízo patrimonial esteja provado nos autos, pois a indenização é medida pela extensão do dano (CC, art. 944). (TJMG Apelação Cível 1.0598.16.001316-8/002      0013168-28.2016.8.13.0598 (1))
B) FACULDADE AO USO DOS INTERDITOS (ações possessórias, também conhecidas por ações possessórias típicas 
ou em sentido estrito) 
	- principal efeito da posse: resguardar a paz social, reprimir a violência e assegurar o uso e gozo da propriedade.
	- requisito principal para se intentar ação possessória: que o possuidor tenha a posse justa. 
	- Exceção: mesmo o possuidor injusto poderá se valer dos interditos, desde que a posse seja justa contra o adversário.
	
Aspectos processuais: atual CPC arts. 554/559 (antigo CPC arts. 920 a 925); atual 560/566 (antigo 926 a 931) no que tange às 
ações de manutenção e de reintegração de posse e o interdito proibitório nos arts. 567/568 (antigo 932 e 933).
	
- Ações possessórias atípicas: ações de imissão na posse, nunciação de obra nova e embargos de terceiro possuidor, cuja análise se verá adiante.
para legitimar (ativo) o ingresso dos interditos, exige-se a condição de possuidor (art. 560 do atual CPC), mesmo que não se tenha 
título: cabem aos possuidores diretos, indiretos, sucessores mortis causa (princípio da saisine). 
Já a legitimidade passiva é verificada aoautor da ameaça, turbação ou esbulho, bem como o terceiro que recebe a coisa viciada, caracterizando sua má-fé (art. 1.212 CC). 
Se a turbação ou esbulho for praticada por menor incapaz e pessoa sem discernimento da vida civil, o responsável figura no pólo passivo, será o responsável pela vigilância, como curador, tutor, pais. 
- O herdeiro a título universal ou mortis causa também pode figurar no pólo passivo de ações possessórias, visto a continuidade da posse em todos seus efeitos, inclusive os vícios (ver arts. 1.207 e 1.212 CC).
Os interditos podem ser:
Ação de manutenção de posse e de reintegração de posse: art. 1210, caput do CC - previsão de manutenção da posse no caso de turbação e de reintegração no caso de esbulho. 
	- turbação é a molestação da posse, que mesmo ocorrendo tal fato o possuidor continua na posse, mas pode-se valer da ação de manutenção de posse para não vir a perdê-la; 
	- esbulho é a perda da posse em vista da prática de atos violentos, ou por aquele que se apossa da coisa de forma clandestina ou precariamente.
No caso das presentes ações, deverá ao autor provar sua posse e a turbação ou esbulho praticado pelo réu e a data do fato.
2) Interdito proibitório: espécie de ação cabível quando houver justo receio de turbação ou esbulho iminente
	- ação de proteção preventiva da posse, impedindo a consumação da turbação ou do esbulho.
	- previsão processual: art. 567 do atual CPC (antigo 932) - para ingresso da ação, o autor deve obedecer os seguintes requisitos: sua posse; a ameaça da turbação ou do esbulho pelo réu e o justo receio de que se concretize tais atos.
A sentença determinará a expedição de mandado de proibição, impetrando multa diária de descumprimento da ordem judicial.
 Do Interdito Proibitório - CPC
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo.
- 3 princípios básicos nas ações de manutenção (no caso de turbação) e reintegração de posse (no caso de esbulho) e a de interdito proibitório (nos casos de ameaça de turbação ou esbulho):
	1- princípio da fungibilidade: a interposição de uma ação possessória em vez de outra não obsta seu seguimento, podendo o juiz conhecer do pedido e determinar a proteção cabível ao caso concreto, eis que a natureza da ação é sempre de proteção possessória, variando, apenas, o fato. Tal princípio tem a permissibilidade do art. 554 do atual CPC (antigo 920) - Art. 554. CPC: A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
2- natureza dúplice: prevista no art. 556 do atual CPC (antigo 922) - é autorizado ao réu da ação possessória demandar proteção possessória na própria contestação, acrescido de perdas e danos contra o autor. (Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.)
OBS.: Não é reconvenção, eis que tal solicitação é efetivada na própria contestação, e a reconvenção deve ser efetivada com pedido que fundamente um direito violado e poderia ter sido proposto em uma ação autônoma, mas se faz também em sede de contestação. Aqui é conhecido como pedido contraposto, podendo, portanto, os litigantes assumirem a posição de autor e réu. Assim, se , por exemplo, o autor ingressa com ação de reintegração de posse, o réu poderá, ao contestar, requerer em face do autor a manutenção de posse e indenização por perdas e danos que entender cabíveis. 
3- proibição da exceptio proprietatis: é o princípio de que em ação possessória não se discute a propriedade e sim a posse. 
Posse e propriedade têm proteções autônomas e uma independe da outra. 
A propriedade não dá direito em molestar a posse alheia; em assim sendo, o proprietário poderá ser réu em ação possessória. 
a defesa da posse deve ser efetivada sob o argumento da posse, propriamente, e não com base na propriedade. 
o § 2º. do art. 1210 do CC afirma que a alegação de propriedade não impede as ações de manutenção ou reintegração da posse - análoga ao do art. 557 do atual CPC (antigo 923) (Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.) 
	Cumpre esclarecer que outros procedimentos processuais deverão ser vistos na disciplina de processo civil, afim de não invadir a matéria.
C) PERCEPÇÃO DOS FRUTOS (arts. 1214 a 1216 CC)
	- frutos são os bens acessórios produzidos pelo bem principal sempre dependente deste
	- a percepção ou retirada não gera desgaste ou perecimento do bem principal. 
	- Deve, em regra, pertencer ao proprietário da coisa principal (art. 92, 2ª parte CC).
	
	- o possuidor de boa-fé do bem principal: art. 1214 do CC – tem direito aos frutos
		- cessando esse direito aos frutos pendentes quando tiver ciência que sua posse não é mais 		de boa-fé, devendo ser estes restituídos, deduzindo-se as despesas com produção e custeio, 		(parágrafo único).
	- exemplo de frutos: 	- frutos das árvores, leite de uma vaca, os filhotes (naturais); 
				- os surgidos por manufatura industrial ou artesanal (industrial) ou
				- as rendas da coisa, como o aluguel e os juros de rendimentos (civis). Pelo 	
	- estado dos frutos:
			- pendentes (unidos à coisa); 
			- percebidos (colhidos, retirados); 
			- estantes (separados da coisa e armazenados para venda); 
			- percipiendos (deviam mas não foram colhidos) e 
			- consumidos (não existem mais pois foram consumidos).
	- cessada a boa-fé do possuidor do bem principal: também cessa a boa-fé na posse dos acessórios
	- não terá mais direitos aos frutos pendentes e nem os colhidos de forma antecipada (antes de sua efetiva 	época para a percepção, mas já no instituto da má-fé), conforme previsão do p. único do art. 1214.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
- Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
o possuidor só tem direito em receber os frutos naturais e industriais que foram de fato colhidos antes que tenha cessado a boa-fé; 
quanto ao frutos civis, sua percepção é presumida dia por dia, ou seja, o fruto civil não tem a materialidade enquanto está aplicado em banco ou enquanto passam-se os dias de uma locação por exemplo. 
	- Assim, a materialidade efetiva ocorrerá quando o inquilino der o dinheiro ao 	dono do imóvel e o investidor resgatar o valor investido com seus rendimentos. 
Dessa forma, o possuidor tem direito em receber tais frutos civis até o dia em que cessar a boa-fé.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
trata da impossibilidade de percepção dos frutos quando o possuidor estiver com má-fé. 
Os frutos colhidos e os consumidos pelo possuidor na situação de má-fé devem ser restituídos, tendo, porém, direito à restituição das despesas de produção e custeio, caso contrário, haveria locupletamento da parte adversa.
 
D) RESPONSABILIDADE POR DETERIORAÇÕES (arts. 1217 e 1218 do CC)
	
Art. 1.217. O possuidorde boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
Arts. 1217 e 1218 do CC tratam da perda ou deterioração da coisa pelo possuidor de boa-fé e pelo de má-fé, respectivamente. 
Boa-fé (1217): não é imputado a responsabilização pela perda ou deterioração desde que não ocorra culpa desse possuidor pelo fato; 
caso tenha agido com dolo ou culpa, mesmo sendo possuidor de boa-fé, deverá indenizar o reivindicante da coisa. 
Má-fé (1218): independente de culpa, responderá pela perda ou deterioração da coisa, salvo se demonstrar, inequivocamente, que tal perda ou deterioração ocorreria mesmo que estivesse na posse de quem a reivindica. 
Exemplo: temporal que acaba por desabar um telhado ou chuva torrencial que inunda toda a cidade vindo a danificar o imóvel.
E) INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS (arts. 1.219 a 1.222 do CC)
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
 - As benfeitorias se dividem em 3 modalidades: 
	- necessárias (para conservar a coisa); 
	- úteis (para aumentar ou facilitar o uso da coisa) e 
	- voluptuárias (benfeitoria suntuosa ou para recreio).
	
Arts. 1219 e 1220: determinam a indenização pelas benfeitorias necessárias tanto para o possuidor de boa-fé quanto ao de má-fé. 
Note-se que a lei prevê a indenização, ou seja, ao valor da benfeitoria necessária realizada e não em levantá-la, retirá-la. 
A indenização nesse caso também é prevista mesmo ao possuidor de má-fé, pois caso contrário estar-se-ia autorizando o locupletamento do reivindicante, visto que este último também teria a necessidade de realizar as benfeitorias necessárias para que a coisa não viesse a perecer.
A benfeitoria útil só deverá ser indenizada ao possuidor de boa-fé (1219); 
ocorre perda ao possuidor de má-fé: o reivindicante da coisa as receberá de forma gratuita do possuidor de má-fé.
	
 - benfeitorias voluptuárias: ao possuidor de boa-fé é garantido o direito de levantá-las (jus tollendi) quando não ocorre destruição ou perecimento da coisa. 
	- se possível o levantamento da coisa pelo possuidor, também há hipótese do reivindicante pagar o valor 	correspondente à benfeitoria e tê-la para si. Ex.: uma escultura no quintal. 
	- sem interesse do reivindicante: não poderá impedir que possuidor de boa-fé a retire sem detrimento da 	coisa. 
	- Outra hipótese: impossibilidade de levantamento pelo possuidor de boa-fé em vista da ocorrência de 	dano à coisa, ocasião que se o reivindicante não quiser pagar o valor correspondente à benfeitoria 	voluptuária, o possuidor perde a possibilidade e o direito à indenização. Ex.: uma piscina.
possuidor de má-fé: 
perde o valor referente às benfeitorias úteis e voluptuárias; 
- Não pode levantar as voluptuárias, mesmo que não ocorra detrimento da coisa (art. 1220 CC). 
Justifica-se por presumir que o possuidor de má-fé tenha agido com intuito de locupletar-se, recebendo valor pela benfeitoria na coisa que tinha ciência inequívoca que não era sua.
- Art. 1221 CC: trata da compensação entre as benfeitorias e os danos, e só serão ressarcidas se ao tempo da retomada da coisa ainda existirem benfeitorias ressarcíveis ao tempo da evicção (ato decorrente de sentença em que atribui ao reivindicante o direito sobre a coisa), sob a verificação de ser o possuidor de má-fé ou de boa-fé.
-Art. 1222 CC: trata do direito do reivindicante em optar, quando obrigado em indenizar o possuidor de má-fé, pelo valor atual e seu custo
			- o reivindicante poderá escolher o pagamento do custo exercido pelo possuidor 			para realizar a benfeitoria ou o valor a que ela corresponderia no momento do 				pagamento. 
			- possivelmente a escolha será pela de menor valor (pelo reivindicante). 
Porém, estando o país passando por instabilidade financeira, mudança de moeda entre outros tormentos econômicos, deverá existir uma verificação coerente e aplicar, quando necessário, correção ao valor de custo, conforme já decidiu o STF quando da vigência do anterior Código Civil e em época de instabilidade e crise econômica, tudo para se evitar um possível locupletamento do reivindicante.
F) DIREITO DE RETENÇÃO POR BENFEITORIAS (é uma espécie de condição suspensiva para o cumprimento da obrigação de entregar o bem)
	- Retenção é o direito de defesa cabível ao possuidor (credor da benfeitoria realizada) em continuar a deter coisa alheia até que seja ressarcido pelo seu crédito originado pelas benfeitorias. 
- a retenção surge ao possuidor de ficar com a coisa integral (bem pincipal), e não apenas da benfeitoria realizada (acessório), até ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis a que tenha direito. 
- o possuidor condiciona a devolução da coisa ao pagamento integral de referidas benfeitorias.
Ao possuidor de boa-fé é assegurado o direito às benfeitorias necessárias e úteis e se não pagas pelo reivindicante, poderá retê-las, como previsto no art. 1219 CC. 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
ao possuidor de má-fé, mesmo que sejam as benfeitorias necessárias, não terá direito de retenção, como previsto no art. 1220. (Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.)
 
Tal fato se explica pela proteção ao reivindicante, não garantindo poder de retenção ao possuidor de má-fé, eis que poderia se valer de tal fato para inviabilizar e prejudicar direito do reivindicante.
O direito de retenção pode ser alegado em audiência de justificação da retomada ou manutenção da posse, quando indeferida liminar no caso de ação de força nova, o que acaba por frustrar a restituição ao reivindicante. Sendo deferida a liminar sem designação de audiência de justificação, o réu da ação deve requerer direito de retenção.
 
DOS DIREITOS REAIS
 
O art. 1.225 do Código Civil, elenca, de modo taxativo, os Direitos Reais:
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017)
XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
DA PROPRIEDADE (conteúdo On-line)
 
Domínio: é o mais completo dos direitossubjetivos
- A propriedade é a essência do direito privado: o conflito de interesses entre os homens, que o ordenamento jurídico disciplina, se manifesta na disputa sobre bens.
 
Propriedade é direito real que recai diretamente sobre a coisa e cujo exercício independe de prestação de quem quer que seja.
Art. 1.228 CC – o proprietário (ou titular do direito de propriedade) tem a prerrogativa de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reivindicá-los de quem quer que injustamente os possua ou detenha.
 
O domínio é diferente dos demais direitos reais por incidir sobre a coisa própria
usufruto, servidão, uso, habitação e todos os demais direitos reais (salvo a propriedade): têm por objetivo a coisa alheia pois recaem sobre coisa de outrem.
 
Domínio é direito real que vincula e legalmente submete ao poder absoluto de nossa vontade a coisa corpórea, na sua substância e acessórios.
Deste conceito extraímos duas ideias elementares:
 
*A de vínculo legal → todo direito subjetivo representa vínculo jurídico (domínio também).
O vínculo entre proprietário e coisa vincula “erga omnes” (todo ser humano/toda coletividade). 
Todos têm obrigação passiva de não turbar o exercício do direito por seu titular. Tal vínculo é determinado pela lei
 
A de submissão da coisa corpórea à vontade de proprietário → este pode usar, gozar e dispor da coisa: “jus utendi”, “jus fruendi”, “jus abutendi”, dos romanos.
E o proprietário pode reaver a coisa das mãos de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
 
 
 
“Jus utendi” – possibilidade de usar a coisa conforme a vontade do proprietário e possibilidade de excluir estranhos de igual uso.
“Jus fruendi” – poder de colher os frutos naturais e civis da coisa, e explorá-la economicamente, aproveitando seus produtos. 
Isto porque os acessórios são do dono do principal (salvo disposição especial em contrário). 
Art. 1.232, CC – frutos e produtos da coisa, ainda quando separados pertencem ao seu proprietário, salvo se por motivo especial couberem a outrem.
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
 
- “Jus abutendi” – direito de dispor da coisa alienando-a.
 
Obs: Para usar, gozar ou dispor da coisa, o proprietário precisa tê-la à sua disposição. 
	- a lei confere ao proprietário a prerrogativa de reivindicá-la das mãos de quem injustamente a detenha (ius vindicandi). 
	- A ação de reivindicação é ação real e tem como pressuposto o domínio. 
	- É conferida ao dono para recuperar ou obter a coisa de que foi privado, ou que lhe não foi entregue. 
	- Tal ação é instrumento pelo qual o proprietário exerce o seu direito de sequela.
 
Modos de aquisição da propriedade imóvel: 
 
I-                   Pelo registro do título de transferência no registro de imóvel.
II-                Pela acessão.
III-              Pela usucapião.
IV-             Pelo direito hereditário (direito de família).
 
I-                   Da aquisição por registro do título aquisitivo;
 
	- O contrato não transfere o domínio. 
	- É necessária a formalidade da tradição. 
	- No caso do imóvel, é necessário o registro do título aquisitivo no Registro de Imóveis - tradição solene (para a publicidade nos negócios imobiliários, devido à importância dos bens imóveis)
	- Com o sistema de registros públicos, os negócios imobiliários devem ser registrados nas próprias circunscrições onde se encontram os prédios. Assim qualquer interessado pode sempre ver se houve negócio jurídico tendo por objeto certo bem imóvel.
O ato do registro:
- Feito o contrato, como a venda e compra, por exemplo, o interessado apresenta o instrumento público (escritura) no cartório do Registro de Imóvel. 
Recebendo o título, o oficial o anotará no Livro de Protocolo (Lei de Registros Públicos – Lei nº 6.015 de 31/12/73 – art.174 e 182 a 186). 
O título toma a data de sua apresentação, bem como o número de ordem.
Se ao oficial parecer legal o título, faz-se o registro. 
Se não, o oficial exige que o apresentante o regularize. 
Não querendo, ou não podendo satisfazer a exigência, o título será remetido a juízo com a declaração de dúvida.
		- Julgada procedente a dúvida, o oficial cancela a apresentação. 			- Improcedente, o interessado apresenta de novo o seu título, que será afinal registrado, guardando o número de prenotação, se a dúvida for julgada em 30 dias, e recebendo novo número se o julgamento exceder a esse período. (Procedimento de dúvida – arts. 198 a 207, Lei 6.015/73).
 
 - A data do registro é a da transferência do domínio, e tal informação é relevante, por exemplo para o caso de dupla venda (prevalece a transcrita primeiro).
 
 - Outros atos não contratuais também estão sujeitos ao registro, como a sentença de ação divisória e as de ação de inventário e partilha, se adjudicarem bem imóvel em pagamento de quinhões e dívidas da herança. Isto porque há mudança de titularidade de domínio – e o registro público deve representar a verdade.
- CÓDIGO CIVIL: 1.238/1.244
Da Usucapião
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1 o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2 o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
§ 1 o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 2 o (VETADO) . (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel.
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.
Art. 1.244. Estende-se ao possuidoro disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
Da usucapião: usus + capio (tomar) = “tomar pelo uso”
	- influência do tempo para atribuir juridicidade a situações de fato:		
			- nas relações jurídicas, 
			- na prescrição extintiva, e 
			- na prescrição aquisitiva, ou usucapião (prescribente = quem adquire por usucapião)
	- Na usucapião busca-se:
			- regularizar uma situação de fato que se alonga no tempo,
			- posse sem ser molestada (posse mansa e pacífica) por tempo previsto em lei, 
			- se transforma em situação de direito (o possuidor adquire o domínio, através de 				declaração judicial levada  a registro).
 
Conceito: Usucapião é modo originário de aquisição do domínio, através da posse mansa e pacífica, por certo espaço de tempo, fixado na lei.
 
	- CF/ 88, art. 183 e 191: bem público não pode ser usucapido. 
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.  
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
 
 
Pressupostos da usucapião:
 
a)      “res habilis” ou coisa hábil: não pode ser coisa fora do comércio ou bem público.
 
b)      “titulus” ou justo título: documento capaz de transferir-lhe o domínio, se proviesse do verdadeiro dono. (na usucapião extraordinária dispensa-se o justo título).
c)      “fides” ou boa-fé: o possuidor deve ignorar o vício, ou obstáculo, que lhe impede a aquisição da coisa ou do direito possuído –  art. 2.001, Código Civil/2002.
(na usucapião extraordinária não é necessária  a boa-fé).
d)      “possessio” ou posse: deve ser mansa e pacífica, para ser a relação de fato à qual será atribuída juridicidade. Isso porque de um lado requer-se atitude ativa do possuidor, que exerce os poderes inerentes à propriedade, e de outro, atitude passiva do proprietário, que com sua omissão colabora para que a situação de fato ganhe juridicidade.
A posse deve ser justa – sem violência, clandestinidade ou precariedade. Lembrando que se a posse começou violenta ou clandestina, mas se alongou por mais de um ano e dia, consideram-se sanados tais vícios (o vício da precariedade jamais sana).
Se a posse é amiúde perturbada pelo proprietário, que defende seu domínio, então não é mansa e pacífica – há oposição, não é contínua e incontestada – e não se consuma a usucapião.
Obs: deve haver continuidade da posse, mas pode haver a sucessão (art. 1.243, Código Civil) – o possuidor pode, para obter o prazo exigido para usucapião, acrescentar à sua posse a do seu antecessor, desde que ambos sejam contínuos e pacíficos.
e)      “tempus” ou transcurso de tempo: o prazo (tempo) é fixado na lei, com o objetivo de proteger o interesse particular e o interesse coletivo.
Para atender melhor ao interesse social, os prazos, que eram maiores – até 30 anos – foram reduzidos (Lei nº 2.437, de 7/3/55).
 
Para a usucapião ordinária, que exige prova de justo título e boa-fé, o prazo é de dez anos. (art. 1.242, Código Civil novo).
 
Para a usucapião extraordinária, o prazo é de quinze anos (antes era de trinta e, depois, de vinte anos – o Código Civil novo reduz ainda mais os prazos).
 
Obs: as causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição extintiva também se aplicam à prescrição aquisitiva (usucapião). Assim como o disposto quanto ao devedor se aplica ao possuidor.
f)        Sentença judicial: que reconhece o direito do prescribente, e cujo registro transfere a este o domínio.
Para Sílvio Rodrigues a transcrição não é substancial para adquirir o domínio, pois a  usucapião é modo autônomo de aquisição da propriedade imóvel.
A sentença declara a aquisição do domínio pela posse mansa e pacífica do imóvel.
A usucapião pode ser alegado em exceção (defesa), mesmo antes da sentença que o reconheça, mas o domínio, para Sílvio Rodrigues, só é adquirido pela sentença que declare a aquisição. Antes dela só há expectativa de direito. A sentença que reconhece a idoneidade dos pressupostos. Então a sentença tem caráter constitutivo e não meramente declaratório. Ex: se o possuidor exerce posse mansa e pacífica por mais de quinze anos, mas é esbulhado e não registra reintegração, não pode mais ter sentença favorável em usucapião, pois a posse perdida era pressuposto necessário para a propositura da ação de usucapião. Se a sentença fosse só declaratória, o domínio já seria do prescribente, que teria direito à usucapião mesmo sem a posse, pois já teria alcançado o prazo suficiente, antes de perdê-la.
 
e)      “tempus” ou transcurso de tempo: o prazo (tempo) é fixado na lei, com o objetivo de proteger o interesse particular e o interesse coletivo.
Para atender melhor ao interesse social, os prazos, que eram maiores – até 30 anos – foram reduzidos (Lei nº 2.437, de 7/3/55).
 
Para a usucapião ordinária, que exige prova de justo título e boa-fé, o prazo é de dez anos. (art. 1.242, Código Civil).
 
Para a usucapião extraordinária, o prazo é de quinze anos (antes era de trinta e, depois, de vinte anos – o Código Civil atual reduz ainda mais os prazos).
 
Obs: as causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição extintiva também se aplicam à prescrição aquisitiva (usucapião). Assim como o disposto quanto ao devedor se aplica ao possuidor.
f)        Sentença judicial: que reconhece o direito do prescribente, e cujo registro transfere a este o domínio.
Para Sílvio Rodrigues a transcrição não é substancial para adquirir o domínio, pois a  usucapião é modo autônomo de aquisição da propriedade imóvel.
A sentença declara a aquisição do domínio pela posse mansa e pacífica do imóvel.
A usucapião pode ser alegado em exceção (defesa), mesmo antes da sentença que o reconheça, mas o domínio, para Sílvio Rodrigues, só é adquirido pela sentença que declare a aquisição. Antes dela só há expectativa de direito. A sentença que reconhece a idoneidade dos pressupostos. Então a sentença tem caráter constitutivo e não meramente declaratório. Ex: se o possuidor exerce posse mansa e pacífica por mais de quinze anos, mas é esbulhado e não registra reintegração, não pode mais ter sentença favorável em usucapião, pois a posse perdida era pressuposto necessário para a propositura da ação de usucapião. Se a sentença fosse só declaratória, o domínio já seria do prescribente, que teria direito à usucapião mesmo sem a posse, pois já teria alcançado o prazo suficiente, antes de perdê-la.
 
O Código Civil destaca a usucapião como em primeiro lugar entre os modos de aquisição de propriedade imóvel.
 
Art. 1.238, Código Civil:
		- Mudanças:
		-Prazo diminui de 20 para 15 anos (usucapião extraordinária.).
		-Suprime-se a presunção de justo título e boa-fé, constante da lei anterior. 
		- especial importância ao fato de morar e produzir no local:
 
Art. 1.238, parágrafo único: prazo de quinze anos se reduz para dez se o possuidor houver estabelecido no imóvel sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
 
Art. 1.239, Código Civil (art. 191, CF/ 88): usucapião “pro labore” – do possuidor de área em zona rural (50 hectares, no máximo), que aí reside e a explora por mais de cinco anos.
 
Art. 1.240, Código Civil: repete regra da CF/88 (art. 183, CF/ 88) – usucapião de áreaurbana a quem a possuir por mais de cinco anos.
 
Requisitos:
a)     área possuída deve ser de no máximo 250 m².
b)     que a área seja utilizada como moradia do possuidor.
c)      que o possuidor não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
d)     que não haja o possuidor desfrutado desse direito anteriormente (§ 2º).
 
     Art. 1.242: usucapião ordinária: exige do prescribente (possuidor) a prova do justo título e da boa-fé. Prazo - dez anos.
NOVA MODALIDADE DE USUCAPIÃO URBANA ESPECIAL: usucapião por abandono de lar.
- usucapião de imóvel em 2 (dois) anos: sanção a cônjuge ou convivente por abandono do lar, privilegiando aquele que persiste na posse do bem.
Lei n° 12.424/2011 criou o art. 1240-A do CC: estabelece a usucapião do imóvel familiar por ex-cônjuge ou ex-convivente, no prazo de 2 (dois) anos, desde que o imóvel tenha até 250m2.
Art. 1240-A: Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 2º vetado
Da Aquisição pelo Registro do Título
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1 o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2 o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
Da Aquisição por Acessão
Art. 1.248. A acessão pode dar-se:
I - por formação de ilhas;
II - por aluvião;
III - por avulsão;
IV - por abandono de álveo;
V - por plantações ou construções.
Subseção I
Das Ilhas
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
Subseção II
Da Aluvião
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
Da Avulsão
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
Do Álveo Abandonado
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
Das Construções e Plantações
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
Da Aquisição da Propriedade Móvel
Da Usucapião
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé.
Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244.
Da Ocupação
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
Do Achado do Tesouro
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.
Da Tradição
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere

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