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Desenvolvimento da Criança e do Adolescente

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Prévia do material em texto

Elson Ferreira Costa
Edilson Coelho Sampaio
Organizadores
DESENVOLVIMENTO DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Evidências Científicas e 
Considerações Teóricas-Práticas
1ª Edição
2020
Copyright© 2020 por Editora Científica Digital 
Copyright da Edição © 2020 Editora Científica Digital
Copyright do Texto © 2020 Os Autores
EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA
Guarujá - São Paulo - Brasil
www.editoracientifica.org - contato@editoracientifica.org
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos 
autores. Permitido o download e compartilhamento desde que os créditos sejam atribuídos aos autores, mas sem a 
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de 
Atribuição Creative Commons. Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).
CORPO EDITORIAL
 
Editor Chefe
Reinaldo Cardoso
Editor Executivo
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Elielson Ramos Jr. 
Érica Braga Freire
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Arte e Diagramação
Andrewick França
Bruno Gogolla
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Robson José de Oliveira - Universidade Federal do Piauí
Prof. Dr. Carlos Alberto Martins Cordeiro - Universidade Federal do Pará
Prof. Me. Ernane Rosa Martins - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Prof. Dr. Rossano Sartori Dal Molin - FSG Centro Universitário 
Prof. Dr. Carlos Alexandre Oelke - Universidade Federal do Pampa
Prof. Me. Domingos Bombo Damião - Universidade Agostinho Neto, Angola
Prof. Dr. Edilson Coelho Sampaio - Universidade da Amazônia
Prof. Dr. Elson Ferreira Costa - Universidade do Estado Do Pará
Prof. Me. Reinaldo Eduardo da Silva Sale - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará
Prof. Me. Patrício Francisco da Silva - Faculdade Pitágoras de Imperatriz
Prof. Me. Hudson Wallença Oliveira e Sousa - Instituto Nordeste de Educação Superior e Pós-Graduação
Profª. Ma. Auristela Correa Castro - Universidade Federal do Oeste do Pará
Profª. Drª. Dalízia Amaral Cruz - Universidade Federal do Pará
Profª. Ma. Susana Martins Jorge - Ferreira - Universidade de Évora, Portugal
Prof. Dr. Fabricio Gomes Gonçalves - Universidade Federal do Espírito Santo
Prof. Me. Erival Gonçalves Prata - Universidade Federal do Pará
Prof. Me. Gevair Campos - Faculdade CNEC Unaí
Prof. Esp. Flávio Aparecido de Almeida - Faculdade Unida de Vitória
Prof. Me. Mauro Vinicius Dutra Girão - Centro Universitário Inta
Prof. Esp. Clóvis Luciano Giacomet - Universidade Federal do Amapá
Profª. Drª. Giovanna Faria de Moraes - Universidade Federal de Uberlândia
Profª. Drª. Jocasta Lerner - Universidade Estadual do Centro-Oeste
Prof. Dr. André Cutrim Carvalho - Universidade Federal do Pará
Prof. Esp. Dennis Soares Leite - Universidade de São Paulo
Profª. Drª. Silvani Verruck - Universidade Federal de Santa Catarina
Prof. Me. Osvaldo Contador Junior - Faculdade de Tecnologia de Jahu
Profª. Drª. Claudia Maria Rinhel Silva - Universidade Paulista
Profª. Drª. Silvana Lima Vieira - Universidade do Estado da Bahia
Profª. Drª. Cristina Berger Fadel - Universidade Estadual de Ponta Grossa
Profª. Ma. Graciete Barros Silva - Universidade Estadual de Roraima
Prof. Dr. Carlos Roberto de Lima - Universidade Federal de Campina Grande
CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Júlio Ribeiro - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Prof. Dr. Wescley Viana Evangelista - Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado
Prof. Dr. Cristiano Souza Marins - Universidade Federal Fluminense
Prof. Me. Marcelo da Fonseca Ferreira da Silva - Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória
Prof. Dr. Daniel Luciano Gevehr - Faculdades Integradas de Taquara
Prof. Me. Silvio Almeida Junior - Universidade de Franca
Profª. Ma. Juliana Campos Pinheiro - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prof. Dr. Raimundo Nonato F. do Nascimento - Universidade Federal do Piauí
Prof. Dr. Iramirton Figuerêdo Moreira - Universidade federal de Alagoas
Profª. Dra. Maria Cristina Zago - Faculdade de Ciências Administrativas e Contábeis de Atibaia
Profª. Dra. Gracielle Teodora da Costa Pinto Coelho - Centro Universitário de Sete Lagoas
Profª. Ma. Vera Lúcia Ferreira - Centro Universitário de Sete Lagoas
Profª. Ma. Glória Maria de França - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Profª. Dra. Carla da Silva Sousa - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01 .......................................................................................................................................... 15
A AUTORIA ENUNCIATIVA DAS CRIANÇAS DURANTE A APROPRIAÇÃO CULTURAL MEDIADA 
PELA LINGUAGEM NO JOGO
Santiago Daniel Hernandez-Piloto Ramos
CAPÍTULO 02 .......................................................................................................................................... 31
A CONCEPÇÃO DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA SOB A VISÃO DO PROFISSIONAL E DO 
CUIDADOR: MAPEAMENTO BIBLIOGRÁFICO EM PERIÓDICOS NACIONAIS DE 2006 A 2010
Lucieny Almohalha; Tássia Ribeiro Roza
CAPÍTULO 03 .......................................................................................................................................... 49
A INTERFACE DA PSICOLOGIA COM A SURDEZ: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Gláucio Silva Camargos; Laszlo Antônio Ávila
CAPÍTULO 04 .......................................................................................................................................... 67
A ELIMINAÇÃO DAS DIFERENÇAS ENTRE OS SEXOS: UMA LEITURA PSICANALÍTICA
Nádia Laguárdia de Lima; Adilson Pereira dos Santos; Alice Oliveira Rezende; Carolina Marra Melo; 
Fabiana Cerqueira; Ronaldo Sales de Araújo
CAPÍTULO 05 .......................................................................................................................................... 86
A FREQUENCIA E IMPORTÂNCIA DO COMPORTAMENTO DE FICAR SOZINHO NA ADOLESCÊNCIA
Márcia Regina Fumagalli Marteleto; Teresa Helena Schoen
CAPÍTULO 06 ........................................................................................................................................ 100
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO PATERNA NA PRIMEIRA INFÂNCIA: CRIANDO VÍNCULOS
Diego Tadeu; Gabriele Vita; Haynna Queiroz; Vitória Terzian; Laura C. P. Maia; Pammela de Jesus
CAPÍTULO 07 .........................................................................................................................................110
A INFLUÊNCIA DE HABILIDADES COGNITIVAS NA ADAPTAÇÃO SOCIAL DE CRIANÇAS COM 
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Márcia Regina Fumagalli Marteleto; Brasília Maria Chiari; Jacy Perissinoto
CAPÍTULO 08 ........................................................................................................................................ 124
ACIDENTES NA PRIMEIRA INFÂNCIA: DIAGNÓSTICO IDENTIFICANDO O CENÁRIO NACIONAL E 
AS PRINCIPAIS ORIGENS QUE LEVAM AOS ACIDENTES NA PRIMEIRA INFÂNCIA
Raissa Rangel Tavares; Murialdo Gasparet; Mauricio Soares do Vale
SUMÁRIO
CAPÍTULO 09 ........................................................................................................................................ 138
AÇÕES COMUNITÁRIAS NA MELHORIA DE ACESSO A SERVIÇOS DE SAÚDE INFANTIL: RELATO 
DE EXPERIÊNCIA
Bruna de Souza Diógenes; Eder Ferreira de Arruda; Isabela Nicoli de Araujo Lopes; Jéssica Amorim 
de Carvalho Nery; Yara Martins Gurgel
CAPÍTULO 10 ........................................................................................................................................ 154
ALTERAÇÕES OFTALMOLÓGICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES PORTADORES DE 
DIABETES MELLITUS TIPO 1 EM UM HOSPITAL FILANTRÓPICO DE VITÓRIA - ES
Yasmin Duarte Acha Moysés; JéssicaRibeiro Zanotti; Renato Vieira Gomes; Christina Cruz Hegner; 
Bruno de Freitas Valbon
CAPÍTULO 11 ........................................................................................................................................ 171
ANÁLISE DA GRAVIDADE CLÍNICA DE PACIENTES ADMITIDOS NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 
DE UM HOSPITAL DE REDE PÚBLICA
Davi Santana Sousa; Ana Beatriz Santos Viana; Raquel da Silva; Aida Carla Santana de Melo Costa
CAPÍTULO 12 ........................................................................................................................................ 186
ANÁLISE DO PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DOS PACIENTES DIABÉTICOS PEDIÁTRICOS 
EM TRATAMENTO EM HOSPITAL FILANTRÓPICO DE VITÓRIA
Aminy Rampinelli Loureiro; Larissa Fiorotti Daleprane; Luiza Souza Cani
CAPÍTULO 13 ........................................................................................................................................ 202
ANEMIA FERROPRIVA EM ADOLESCENTES AO FINAL DA GESTAÇÃO: AMAZÔNIA OCIDENTAL 
BRASILEIRA, ACRE
Lilian Uchôa Lima; Maria Taynaria Correia Martins; Maria Tamires Lucas dos Santos; Cícero Francalino 
da Rocha; Sneyla Ferreira Teles Souza; Kleynianne Medeiros de Mendonça Costa; Maria José Francalino 
da Rocha Pereira
CAPÍTULO 14 ........................................................................................................................................ 213
AS INFLUÊNCIAS DO CUIDAR NOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DE PAIS DE CRIANÇAS COM 
PARALISIA CEREBRAL
Alessandra Cristina de Souza Conceição; Brenda Cunha Freitas; Letícia Mercedes Pinto Costa; Edilson 
Coelho Sampaio; Elson Ferreira Costa; Luísa Sousa Monteiro Oliveira; Danusa Eny Falcão Batista
CAPÍTULO 15 ........................................................................................................................................ 227
AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES SENSÓRIO-MOTORAS E A ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO 
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Fabiana Sarilho de Mendonça; Mariana Callil Voos; Tarita Inoue Oliveira Garcia; Wania Christina Jorge
SUMÁRIO
CAPÍTULO 16 ........................................................................................................................................ 253
ASMA, ANTIASMÁTICOS E ANOMALIAS CONGÊNITAS
Valdemir Pereira de Sousa; Leticia Admiral Louzada; Gabriela Lira Devens; Maria do Carmo de Souza 
Rodrigues; Aline Ximenes Fragoso; Maria Regina Galvêas de Oliveira Rebouças; Andrea Lube Antunes 
de S.Thiago Pereira; Iuri Drumond Louro; Eliete Rabbi Bortolini; Flavia Imbroisi Valle Errera
CAPÍTULO 17 ........................................................................................................................................ 276
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AOS CUIDADOS COM RECÉM-NASCIDOS GEMELARES 
PREMATUROS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Lilian Ravena Ferreira Evaristo; Joel Marrocos Fernandes Filho; Gabriela Miranda Andrade; Cristina 
Costa Bessa; Aline de Souza Pereira
CAPÍTULO 18 ........................................................................................................................................ 284
AUTISMO E SEUS (DES)ENLACES EM NARRATIVAS DA SÉRIE “ATYPICAL”: REFLEXÕES 
PSICANALÍTICAS
Tânia de Miranda Santos; Dorivaldo Pantoja Borges Junior; Samara Lima; Julio Fernandes Costa Passos; 
Arina Marques Lebrego
CAPÍTULO 19 ........................................................................................................................................ 308
AUTOLESÃO NÃO SUICIDA NA ADOLESCÊNCIA
Tânia Mara Martinez da Silva; Teresa Helena Schoen
CAPÍTULO 20 ........................................................................................................................................ 325
AVALIAÇÃO DAS SUJIDADES ENCONTRADAS EM AMOSTRAS DE LEITE HUMANO ORDENHADO 
PROCESSADAS EM UM BANCO DE LEITE
Pâmela Suéllen Ferraz Garcia Siqueira
CAPÍTULO 21 ........................................................................................................................................ 339
CARACTERIZAÇÃO DE HABILIDADES COGNITIVAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM 
FISSURA PALATINA
Leidiana Peixoto Ribeiro Domingues; Márcia Regina Fumagalli Marteleto
CAPÍTULO 22 ........................................................................................................................................ 352
CARIÓTIPO COMPLEXO EM ADOLESCENTE COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA REFRATÁRIA
Maisa Dias Pedrotti; Leonardo Assad Lomonaco
SUMÁRIO
CAPÍTULO 23 ........................................................................................................................................ 359
CESARIANA EM ADOLESCENTES SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE ROBSON: REGIÃO DE ATENÇÃO 
À SAÚDE JURUÁ TARAUACÁ/ENVIRA, ACRE
Maria José Francalino da Rocha Pereira; Robson José Lima da Silva Filho; Carla Evangelista de Araújo; 
Luciana Braga da Silva; Suelen Cardoso da Silveira de Souza; Cícero Francalino da Rocha; Aline 
Fernanda Silva Sampaio
CAPÍTULO 24 ........................................................................................................................................ 377
CESARIANA NA REGIÃO DE ATENÇÃO À SAÚDE BAIXO ACRE/PURUS, ACRE
José Ítalo Menezes de Almeida; Josinaldo Lacerda Lima; Simone Silva Souza; Suelen Cardoso da Silveira 
de Souza; Ana Paula Ramos; Luciana Braga da Silva; Cícero Francalino da Rocha; Aline Fernanda 
Sampaio; Maria José Francalino da Rocha Pereira
CAPÍTULO 25 ........................................................................................................................................ 392
COMPORTAMENTO DA ATIVIDADE FÍSICA NAS REDES DE ENSINO
Josivana Pontes dos Santos; Caroline Lopes Vieira; Luciana Botelho Praça Melo; Marcelo Tiago Balthazar 
Corrêa; Daniel Delani; Luis Gonzaga de Oliveira Gonçalves; Kátia Fernanda Alves Moreira; Paulo Renato 
Vitória Calheiros; Orivaldo Florêncio de Souza; Edson dos Santos Farias
CAPÍTULO 26 ........................................................................................................................................ 409
CONHECIMENTO DE ADOLESCENTES SOBRE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Maria José Francalino da Rocha Pereira; Cícero Francalino da Rocha; Sneyla Ferreira Teles Souza; 
Maria Tamires Lucas dos Santos; Kleynianne Medeiros de Mendonça Costa; Néia Schor
CAPÍTULO 27 ........................................................................................................................................ 429
CONHECIMENTO E USO PRÉVIO DE CONTRACEPTIVOS ENTRE ADOLESCENTES GRÁVIDAS 
DA AMAZÔNIA
Maria do Socorro Vilanova Pyles; Rosangêla Maria Rodrigues Oliveira; Maria Tamires Lucas dos Santos; 
Kleynianne Medeiros de Mendonça Costa
CAPÍTULO 28 ........................................................................................................................................ 442
CONHECIMENTO MATERNO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO PARA O PREMATURO
Cristiane de Oliveira Negrão; Maria Cristina Porto e Silva
CAPÍTULO 29 ........................................................................................................................................ 460
CONSEQUÊNCIAS DO USO DE ÁLCOOL E CIGARRO SOBRE O BINÔMIO MÃE- FETO
Alesandro Lima Rodrigues; Denisa Rosa de Souza; Jovane de Lima Borges
SUMÁRIO
CAPÍTULO 30 ........................................................................................................................................ 470
COR DA PELE E SUBJETIVIDADE: RACISMO, SAÚDE E INFÂNCIA
Kenia Soares Maia; Maria Helena Navas Zamora
CAPÍTULO 31 ........................................................................................................................................ 486
DAILY MATERNAL SEPARATIONS DURING STRESS HYPORESPONSIVE PERIOD DECREASE THE 
THRESHOLDS OF PANIC-LIKE BEHAVIORS TO ELECTRICAL STIMULATION OF THE DORSAL 
PERIAQUEDUCTAL GRAY OF THE ADULT RAT
Ana Cristina Borges-Aguiar; Luana Zanoni Schauffer; Edo Ronald de Kloet; Luiz Carlos Schenberg
CAPÍTULO 32 ........................................................................................................................................521
DESENVOLVIMENTO INFANTIL, PSICOMOTRICIDADE E EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO DE 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Maria de Fátima Vasconcelos; Pedro Humberto Campos
CAPÍTULO 33 ........................................................................................................................................ 531
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR: PANORAMA SOBRE AS PRINCIPAIS TEMÁTICAS DE 
ESTUDO A PARTIR DA ANÁLISE DE GRAFOS
Elson Ferreira Costa; Edilson Coelho Sampaio
CAPÍTULO 34 ........................................................................................................................................ 544
DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: ESTUDO DE CASO
Teresa Helena Schoen; Aline Hanazumi; Heloisa Galbiatti Abreu; Márcia Regina Fumagalli Marteleto
CAPÍTULO 35 ........................................................................................................................................ 559
EFEITOS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E NA APRENDIZAGEM 
DE CRIANÇAS COM HISTÓRICO DE INFECÇÕES HELMÍNTICAS
Luciana Netto
CAPÍTULO 36 ........................................................................................................................................ 593
EXCESSO DE PESO E PERFIL LIPIDICO EM ESCOLARES DE VITÓRIA - ES
Patrícia Casagrande Dias de Almeida; Janine Pereira da Silva; Gustavo Carreiro Pinasco; Kátia Valéria 
Manhabusque; Elaine Guedes Gonçalves de Oliveira; Juliana Peterle Barbosa; Lucas Merchak Vieira; 
Ana Carolina Merchak Vieira; Valmin Ramos da Silva; Joel Alves Lamounier
SUMÁRIO
CAPÍTULO 37 ........................................................................................................................................ 603
GASTROSQUISE: INCIDÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
Rafaela Martins Togneri; Hector Yuri Conti Wanderley; Maria do Carmo de Souza Rodrigues; Ingrid 
Hellen André Barreto; Renata Cristina Moreira Queiroz; Marya Duarte Pagotti; Aline Ximenes Fragoso; 
Regina Galvêas Oliveira Rebouças; Andrea Lübe Antunes de S. Thiago Pereira; Eliete Rabbi Bortolini; 
Flávia Imbroisi Valle Errera
CAPÍTULO 38 ........................................................................................................................................ 619
HORMÔNIO DE CRESCIMENTO LEVANDO À CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA
Mariana Chaves Penteado; Deborah de Oliveira Togneri Pastro; Bruno Gemilaki Dal Poz; Victor Yuri 
Pereira Damasceno; Manoela Sandri Schafer; Melissa Chaves Vieira Ribera; Silvane da Cruz Chaves 
Rodrigues; Ricardo Batista Ribera; Danilo Chaves Rodrigues
CAPÍTULO 39 ........................................................................................................................................ 628
INCIDÊNCIA DE BULLYING EM ADOLESCENTES E SUA AUTOPERCEPÇÃO SOBRE O PAPEL 
QUE DESEMPENHAM
Deborah Zacarias Guedes; Teresa Helena Schoen-Ferreira; Márcia Regina Fumagalli Marteleto; 
Kopelman Benjamin Israel
CAPÍTULO 40 ........................................................................................................................................ 638
MEU FILHO TEM MEDO: A INCIDÊNCIA DESTA EMOÇÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Márcia Regina Fumagalli Marteleto; Teresa Helena Schoen
CAPÍTULO 41 ........................................................................................................................................ 651
NECESSIDADE DE APOIO E SUPORTE: UMA EXPERIÊNCIA COM A TERAPIA ASSISTIDA POR 
CAVALOS
Sandra dos Santos; Teresa Helena Schoen
CAPÍTULO 42 ........................................................................................................................................ 669
O FIO DA CONVERSA: PROSA COM CRIANÇAS PEQUENAS, DESENCADEANDO PROJETOS
Luciana Teston Sivalle; Márcia Maria C. Ramos
CAPÍTULO 43 ........................................................................................................................................ 679
O KINECT® COMO TRATAMENTO NA OSTEOPOROSE PEDIÁTRICA
Darcisio Hortelan Antonio; Aline Papin Roedas da Silva; Juliana Rodrigues Sigolo; Roger Palma; Simone 
Cristina Chiodi Prestes; Thaisa Rino de Oliveira Freitas
SUMÁRIO
CAPÍTULO 44 ........................................................................................................................................ 692
PADRÃO DO USO DE TABACO POR ESTUDANTES ADOLESCENTES RESIDENTES EM MUNICÍPIO 
DA REGIÃO SUL DO PAÍS
Queli Cristina Schutz; Adriana Barni Truccolo
CAPÍTULO 45 ........................................................................................................................................ 704
PERCEPÇÕES DE CUIDADORES SOBRE ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA DA 
INFÂNCIA
Samyra Said de Lima; Angélica Homobono Nobre; Elson Ferreira Costa; Dalízia Amaral Cruz
CAPÍTULO 46 ........................................................................................................................................ 724
RELAÇÃO ENTRE A SOBRECARGA DO CUIDADOR E O NEURODESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS 
COM SÍNDROME CONGENITA DO ZIKA VIRUS
Raphaela Barroso Guedes-Granzotti; Carla Patrícia Hernandez Alves Ribeiro César; Jamille Rodrigues 
Costa do Nascimento; Larissa Santos de Jesus; Barbara Cristina da Silva Rosa; Danielle Ramos 
Domenis; Kelly da Silva
CAPÍTULO 47 ........................................................................................................................................ 739
RELAÇÃO TEÓRICA-PRÁTICA ENTRE A POLÍTICA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E OS CONCEITOS 
DE EDUCAÇÃO DE PAULO FREIRE: REVISÃO INTEGRATIVA
Maryldes Lucena Bezerra de Oliveira; Cicero Gonçalves Pereira; Sabrina Alaide Amorim Alves; Italla 
Maria Pinheiro Bezerra
CAPÍTULO 48 ........................................................................................................................................ 749
RELATO DE CASO: INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA EM CRIANÇA COM VÍRUS DA 
INFLUENZA
Maria Amélia de Jesus Ramos Albuquerque; Caroline Nolasco de Melo; Teresa Cristina Maia dos Santos; 
Déborah de Oliveira Togneri Pastro; Gustavo Peres Valadão; Nádia Beatriz Desto; Isis Marinho França; 
Tayná Feltrin Dourado
CAPÍTULO 49 ........................................................................................................................................ 758
RESSIGNIFICANDO A HISTÓRIA DE VIDA DE UMA CRIANÇA EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL: 
RELATO DE PESQUISA
Julyana Sueme Winkler Oshiro
CAPÍTULO 50 ........................................................................................................................................ 781
ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DA SAÚDE E DA DOENÇA E SUAS REPERCUSSÕES PRAGMÁTICAS
Maryldes Lucena Bezerra de Oliveira; Sabrina Alaide Amorim Alves; Italla Maria Pinheiro Bezerra
SUMÁRIO
CAPÍTULO 51 ........................................................................................................................................ 791
SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA: CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL 
NA PREVENÇÃO
Kamilla Kleanny Silva Sousa; Maria das Graças Teles Martins
CAPÍTULO 52 ........................................................................................................................................ 805
UM PALÁCIO ABANDONADO: UM ESTUDO SOBRE A PSICOSE NA INFÂNCIA
Larissa Arruda Aguiar Alverne; Karla Patrícia Holanda Martins
CAPÍTULO 53 ........................................................................................................................................ 816
USO TERAPÊUTICO DE CANABINÓIDES NO TRATAMENTO DE EPILEPSIA EM CRIANÇAS NO 
BRASIL
Luciane Aparecida Gonçalves Manganelli; Yago Soares Fonseca; Aline Prates Correia; Grasiely Faccin 
Borges; Wilcler Hott Vieira; Lilian Santos Lima Rocha de Araujo
CAPÍTULO 54 ........................................................................................................................................ 828
VIVÊNCIAS LÚDICAS COMPARTILHADAS: AS EXPERIÊNCIAS DO BRINCAR EM PROL DA 
FORMAÇÃO MÉDICA
Júlia Mata da Costa; Maisa Rezende Nazarethde Freitas Cardoso; Isadora Barros Previato; Patrícia 
Uebe Ribeiro; Flávia Magela Rezende Ferreira
SOBRE OS ORGANIZADORES ............................................................................................................ 834
ÍNDICE REMISSIVO .............................................................................................................................. 835
“
01
A autoria enunciativa das 
crianças durante a apropriação 
cultural mediada pela linguagem 
no jogo
Santiago Daniel Hernandez-Piloto Ramos
10.37885/200901521
https://dx.doi.org/10.37885/200901521
Palavras-chave: Alfabetização, Criança, Educação Infantil.
RESUMO
O artigo aborda o nascimento social e a influência da literatura na apropriação cultural, 
mediada pela linguagem no jogo. Parte-se do uso dos gêneros textuais para a leitura de 
mundo das crianças bem pequenas. Pretende-se responder como as crianças, no proces-
so de humanização –nascimento social- mediado pela linguagem e no uso da literatura, 
se apropriam da cultura e expressam nas brincadeiras os conhecimentos adquiridos 
na sala de aula. Objetiva-se discorrer sobre a importância da leitura como experiência 
psíquica e seu desdobramento na apropriação das formas culturais de escrita, usadas 
socialmente, de forma lúdica e sem combater a verdadeira experiência. Conclui-se que a 
inserção neste mundo da linguagem, por parte dos bebes e as crianças, tem lugar muito 
antes de entrarem no ciclo de alfabetização, entretanto compreende-la como uma forma 
especial permite à criança novas formas de expressão e comunicação.
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas 17
INTRODUÇÃO
Este relato de experiência parte do trabalho desenvolvido, em 2015, dentro de um 
Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), em Vila Nova de Colares, no município de 
Serra, por professoras da educação infantil no uso de diferentes gêneros textuais (BAKHTIN, 
2003); (MARCUSCHI, 2008) - contos, mitos, lendas-, de acordo com o plano de ação da 
escola, que deveriam perpassar os projetos de sala de aula, para permitir a apropriação 
cultural e leitura de mundo das crianças bem pequenas do grupo 31 a partir da influencia da 
literatura sobre o brincar das crianças no processo de apropriação mediado pela linguagem 
e o jogo (JUKOVSKAIA, 1975); (ELKONIN, 1985); (VIGOTSKY, 2003b, 2007a, 2007b); 
(VIGOTSKI, 2007); (RAMOS; HERNANDEZ PILOTO, 2013); (RAMOS, 2014). Entende que, 
o desenvolvimento psíquico da criança dentro do espaço escolar dá-se tanto a partir do ato 
responsivo quanto responsável (BAKHTIN, 2010) do professor e a interação social com os 
Outros, assim como pela relação como o mundo dos objetos concretos da cultura criados 
historicamente pelo homem.
Por tanto se pretende responder como as crianças, como leitores e autores de seu 
discurso, no processo de humanização (LEONTIEV, 1978), mediado pela linguagem no uso 
dos diferentes gêneros textuais presentes na literatura, se apropriam da cultura e expressam 
no brincar os conhecimentos adquiridos na sala de aula.
Uma primeira hipótese do artigo parte da premissa de que o trabalho com os diferentes 
gêneros textuais dentro das obras literárias, como manifestação artística de representação 
estética da realidade objetiva durante o ato criador, é uma condição que proporciona à 
criança relações sociais, e produto da sua força emocional e expressiva, induze-a a par-
ticipar ativamente de sua criação e desfrute em outros momentos da vida social. Vários 
autores, seguidores de Vigotski2, defenderam a disposição sensorial adequada para tal 
atividade. Já que, quanto mais ativos se desenvolvam os movimentos de apropriação por 
parte do corpo da criança, mais completas e intensas serão as sensações e percepção do 
mundo objetivo. Estas reações estéticas, as quais se referia Vigotski3 (1999), não podem 
ser limitadas à base sensorial. Pois precisam o emprego, por parte da criança, de numero-
sos processos funcionais para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores (FPS), 
que representam o substrato da consciência humana (VIGOTSKI, 2004), como: memoria, 
linguagem, pensamento e imaginação, e fantasia.
De tal forma não se pode limitar a relação da criança bem pequena com a literatura 
às atividades programadas. Pois os diferentes gêneros textuais passam a ser objetos so-
ciais concretos da “criação humana para atender às necessidades das interações verbais” 
(GONTIJO; SCHWARTZ, 2009, p. 97) e cumprem também seu papel quando as crianças os 
incluem nas brincadeiras e nos jogos de papeis, os empregam em seus atos de fala e nas 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas18
relações com os outros. Nestes jogos, a criança toma a inciativa e emprega-os socialmente 
nas interações verbais, tornando-os instrumentos de suas práticas individuais. Isto leva a 
refletir, que todo conhecimento humano, por mais simples que possa parecer, e se realize 
numa atividade concreta, e seja mediado por instrumentos, “não se limita à experiência 
pessoal de um indivíduo, antes se realiza na base da aquisição por ele da experiência e da 
pratica social” (LEONTIEV, 2004, p. 90). Pois a criança somente se torna historicamente real 
e culturalmente produtiva como parte do todo social, a través do Outro e dentro dele. Ou seja, 
para a psicologia histórico-cultural (PHC), este elemento produtor de conhecimento não 
é de natureza biológica, mas “humana, pois são as pessoas que realizam a mediação” 
(GONTIJO; SCHWARTZ, 2009, p. 12) e os empregam de acordo com suas necessidades 
individuais e sociais.
Uma segunda hipótese que orienta este trabalho, de acordo com os estudos de Gontijo 
e Schwartz (2009), parte do pressuposto que é possível aprender brincando e brincar apren-
dendo, pois “mediante a atividade lúdica, a criança reorganiza suas experiências, com e no 
mundo, incorporando elementos do contexto cultural que contribuem com o desenvolvimento 
da imaginação” (RAMOS, HERNANDEZ-PILOTO, p. 124), sem a qual seria “[...] impossível 
conhecer corretamente a realidade, [...] sem se afastar dela, das impressões isoladas ime-
diatas, concretas, em que essa realidade está representada nos atos elementares de nossa 
consciência” (VIGOTSKI, 2003, p. 128-129).
Os estudos de Ariès (1981) permitiram uma aproximação à noção de infância e a visão 
socialmente construída sobre elas de acordo com as formas de organização da sociedade. 
Assim, os professores da educação infantil, por muito tempo, cristalizaram, também, tal visão 
de Ser inerte, ingênuo, frágil e ausente de saberes, levando-a a ser controlada dentro dos 
projetos educativos que impediram sua autonomia, seu direito ao brincar, como processo 
de aprendizagem e desenvolvimento intelectual, social e humano. Por outro lado, este olhar 
adulto de superioridade combateu a infância e cassou seu direito à memoria (BENJAMIN, 
2002) e a experiência verdadeira - Erfahrung - com a leitura de mundo e o processo de 
apropriação da linguagem escrita (GONTIJO, 1996; 2003); (VYGOTSKY, 2005) como ato 
de fala humana impresso.
Os objetivos deste trabalho visam, a partir do relato de experiência das professoras da 
educação infantil de um Centro Municipal de Educação Infantil, abordar o papel da cultura no 
processo de humanização da criança; apresentar como se apropria da linguagem oral a criança, 
mediada pelos gêneros textuais, na vivencia com a obra literária como experiência psicológica; 
e analisar as possibilidades apresentadas no relato de experiência do trabalho com diferentes 
gêneros textuais com as crianças no cotidiano da Educação Infantil de forma lúdica e sem 
combater a verdadeira experiência nem perder por parte dos adultos “o “espirito brincalhão” 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas 19
e a “alegria” que tal vez conheceram na infância” (BENJAMIN, 1989, p. 9) no ato responsável 
de ensinar as “formas culturaisde escrita” (GONTIJO, 2003, p. 6) usadas socialmente.
O referencial teórico que fundamenta o estudo está ancorado nos postulados da (PHC), 
por estudar o desenvolvimento da criança a partir das relações sociais mediadas pelos ins-
trumentos elaborados historicamente pelo homem. Assim, tomando como ponto de partida 
o fato que “[...] a aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar”4 
(VIGOTSKY, 2005, p. 8), ou seja, sempre carrega uma pré-história, pelo que nunca parte 
de zero. É possível afirmar que a inserção neste mundo da linguagem, por parte dos bebes 
tem lugar muito antes das crianças entrarem no espaço escolar. Entretanto os estudos na 
área da alfabetização possibilitam compreende-la como uma “forma especial de linguagem” 
que a partir de sua apropriação permite ao sujeito da fala “novas formas de expressão e 
comunicação” (GONTIJO; SCHWARTZ, 2009, p. 14) durante o processo de humanização.
PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DA CRIANÇA NO MUNDO NÃO NATURAL
Para Vigotski e seguidores da (PHC) tudo que é humano, é um produto da vida em 
sociedade mediada nas relações com os Outros e na apropriação e uso dos instrumentos 
elaborados historicamente pelas gerações anteriores. Portanto, os instrumentos utilizados 
pelo homem, no seu processo de transformação e desenvolvimento humano, também são 
objetos sociais, elaborados no decurso das atividades coletivas. Dispor deles, para Leontiev, 
não significa possuí-los, mas dominá-los, ou seja, produzi-los, utiliza-los. Para este psicólogo 
russo “o home é um ser de natureza social, que tudo que tem de humano nele provém da sua 
vida em sociedade, no ceio da cultura criada pela humanidade” (LEONTIEV, 2004, p 279).
Tudo que compõe a consciência do homem é produto das diversas objetivações e 
apropriações durante a atividade humana. Outra das vertentes que abordam o tocante à 
transformação do homem, e, a criação de um novo patamar, superior, da personalidade ou 
da conduta humana, buscam seus fundamentos nos postulados teóricos de Nietzche, mas 
o próprio Vigotski alertara já em seu trabalho sobre A transformação socialista do homem, 
em 1930, o erro desta teoria, que ignorava a diferença entre as leis de evolução biológicas 
[natureza] das leis de evolução histórica. Portanto não resta duvida que o “ser humano evolui 
e se desenvolver como um ser histórico, social” (VIGOTSKI, 1930, p. 7). Por conseguinte, a 
sua elevação biológica ao novo patamar se poderá objetivar ao dominar os processos gerais 
que dominam sua própria natureza. E assim conclui que “a transformação biológica do ho-
mem não representa um pré-requisito senão que, ao invés disso, é resultado da libertação 
social do homem” (VIGOTSKI, 1930, p. 7).
Na atividade deste novo homem, se reflete o meio social e cultural - constituído pela 
ação realizada historicamente por homens e mulheres ao longo de seu desenvolvimento: 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas20
ação transformadora do meio natural e ao mesmo tempo transformação do conjunto das 
relações sociais, entretanto, corresponde a ele a apropriação e constituição de sua indivi-
dualidade. Além de ser um reflexo do social (intrapsíquico) do mundo é, ao mesmo tempo, 
criador de si mesmo e de seu próprio mundo subjetivo (intrapsíquico). Por isso, em suas 
experiências, o ser social apropria-se da cultura e o faz mediado por instrumentos e signos 
presentes na linguagem, carregada das influências culturais externas que determinam seu 
desenvolvimento qualitativo, embora essa determinação qualitativa opere no sujeito em 
virtude do processo ativo e criativo interno e subjetivo.
De acordo com o anteriormente apresentado é possível afirmar que os bebês não 
nascem em um mundo “natural”, mas humano, rodeada pelas objetivações produzidas a 
partir da atividade e trabalho humano, e para sua entrada na história da humanidade não 
vasta seu nascimento físico- animal-, pois “é necessário algo como um segundo nascimento, 
um nascimento social” (BAKHTIN, 2004, p. 11). Nas relações sociais se apropria e passa a 
participar das atividades e práticas culturais. Seria errado, então, pensar que o simples fato 
do homem (Ser hominizado) nascer no mundo humano (não natural) o levaria em direção 
ao Ser humanizado. Para que essa inserção ocorra, “não é suficiente nascer e viver em 
sociedade, não basta o contato imediato com as objetivações humanas” (MARTINS, 2013, 
p. 10), mas a apropriação e sintetização do conjunto de fenômenos produzidos pela historia 
humana, se situando assim no cerne da construção da humanidade. Este gênero humano 
“expressa-se como construção histórica, como resultado da história social posta na forma 
de objetivações genéricas” (MARTINS, 2007, p. 89).
As reações naturais, biologicamente herdadas, da criança se transformam com as intera-
ções. Neste processo dialético a criança –social, espacial e temporariamente localizada- passa 
de produto do meio, a sujeito criador ativo, que constrói sua individualidade dentro do meio 
em que se encontra inserida. “Só essa localização social e histórica do homem o torna real e 
lhe determina o conteúdo da criação da vida e da cultura” (BAKHTIN, 2004, p. 11). Portanto 
a cultura como produto objetivado pelo homem é parte da natureza humana a ser apropriada 
para seu desenvolvimento e constituição como Ser humanizado e desenvolvido culturalmente. 
Este processo evidencia uma transformação qualitativa superior de um Ser natural (biológico), 
que já nasce inserido na cotidianidade, em um Ser cultural (humanizado), não desde o postu-
lado nietzchiano, mas da abordagem histórico-cultural. Assim, o desenvolvimento cultural da 
criança estará em estreita relação com o desenvolvimento de sua consciência, e sua máxima 
humanização “pressupõe a apropriação de formas elevadas acimada vida cotidiana, e, nessa 
elevação, a forma escolar exerce um papel insubstituível” (MARTINS, 2006, p, 53).
De acordo com Pino (2000) durante a apropriação do saber sistematizado e construído 
historicamente pelo homem, e do desenvolvimento cultural, as funções biológicas adquirem 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas 21
novas formas qualitativas de existência na consciência da criança. O salto qualitativo no 
desenvolvimento do Ser criança humanizado, como para Bakhtin (2004), “implica um novo 
nascimento, o cultural, uma vez que só o nascimento biológico não dá conta da emergência 
dessas funções definidoras do humano” (PINO, 2005, p. 47). Vigotski (1997) conceitua o 
desenvolvimento da criança como um processo dialético de natureza cultura, onde “a natu-
reza transforma-se em cultura, sem perder suas caraterísticas, e a cultura materializar-se 
em natureza constitui um paradoxo que só o caráter simbólico da cultura pode desvendar” 
(PINO, 2005, p. 53). Este nascimento cultural ao qual Angel Pino faz menção constitui o 
processo de propagação das (FPS) por meio de práticas sociais e não biológicas, como as 
elementares, durante este desenvolvimento cultural a criança apropria-se das significações 
e sentidos atribuídos pela humanidade aos objetos e à natureza. Entretanto como é possível 
a humanização da criança e seu pleno desenvolvimento cultural se lhe é negado o acesso 
aos bens materiais – portadores de significações – produzidos pelos homens?
Apoiado em Marx, Vigotski defende o papel central da educação na “transformação 
do homem, no percurso de formação [social] consciente de novas gerações, a base mesma 
[forma básica] para transformar o tipo de humano [histórico] concreto” (VIGOTSKI, 1930, p. 6).
Este Ser criança-hominizada torna-se Ser Social-Cultural se apropriando da humanidade 
produzida historicamente, e a ela não negada nas relações sociais, pois o individuo humano 
não elabora seu conhecimento individualmente, mas nas relações dialógicas com os Outros, 
se apropriando do saber historicamente produzido e socialmente existente e compartilhado 
nas relaçõessociais pelas diferentes formas de linguagens. Seu desenvolvimento cultural 
não pode se resumir à inserção dela na cultura, mas à apropriação da cultura dos outros, 
agora transformada em cultura-alheia-dela.
A CULTURA E SUA APROPRIAÇÃO PELA CRIANÇA
Como explicitado anteriormente a criança não nasce humana, mas inserida num mundo 
humano (não natural). Por conseguinte cabe nos questionar em que mediada este Ser-criança 
hominizado relaciona-se com a palavra social-alheia, como ato de fala ou como ato de fala 
impresso, antes de torna-la palavra interior, quando se relaciona com o psiquismo. Pode-se 
afirmar, então, que para o desenvolvimento psíquico da criança é importante a apropriação 
das diferentes formas de linguagem, em especial da palavra, como parte da realidade mate-
rial, pois a partir dela é possível ao sujeito a relação direta com a realidade transmutando-a 
em signos carregados de significados produzidos socialmente pelos usuários da língua.
Também fora discutido no tópico anterior, a importância da apropriação das objetivações 
humanas dentro do processo de transformação do Ser-criança homonizado em direção ao 
ser-crinaça humanizado. Ao analisar, de acordo com Vigotski, que a atividade criadora é 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas22
“toda realização humana criadora de algo novo” (VIGOTSKY, 2003a, p. 7), seja esta como 
parte do reflexo dos objetos do mundo material exterior a consciência, seja esta determi-
nada por processos complexos da própria consciência, tanto como um impulso reprodutor 
ou reprodutivo da experiência alheia-social ou da experiência vivenciada permite pensar a 
literatura e os diferentes gêneros textuais utilizados nos atos de fala como um patrimônio 
produzido pela humanização do Ser hominizado, e com isto sua compreensão como direito 
cultural a ser compartilhado com as demais gerações para sua apropriação e uso social.
Os bebês desde os primeiros dias inicia seu processo de leitura de mundo como forma 
de emancipação de seu estagio biológico, em direção a um estagio cultural. Esta emanci-
pação, hereditária das funções elementares, permite começar a construir significados e dar 
sentido aos mais diversos estímulos do mundo material exterior.
A compreensão, como forma de diálogo, por parte desta criança hominizada, dos dife-
rentes signos, intercambiados nas trocas sociais, e seus significados, é um ato necessário 
não só para a compreensão, mas para se fazer compreender pelos outros sujeitos de sua 
comunidade linguística e social. Quando a criança compreender os enunciados (unidades 
de significações) orais e escritos, a ela destinadas ou presentes nas relações dialógicas com 
os Outros, já em sua manifestação discursiva no ato responsivo para com o Outro, opõe-se 
a palavra-alheia do outrem, com uma contrapalavra. Esta nova enunciação “como processo 
de atividade de linguagem tanto exterior como interior, é ininterrupto, não tem começo nem 
fim” (BAKHTIN; VOLOCHINOV, 2004, p. 125).
Neste processo dialógico social de apropriação dos diferentes gêneros textuais do dis-
curso (BAKHTIN, 2003), presentes em todos os campos da atividade humana e ligados ao 
uso da linguagem, a criança realiza suas primeiras percepções e internalização de informa-
ções trocadas socialmente, com relação à linguagem-alheia. Pois, como alerta Bakhtin, nada 
a ela pertence antes da inclusão no mundo não natural, nem mesmo o nome que carrega 
desdo o nascimento vem do mundo biológico natural, ou seja, que desde esta perspectiva 
a tomada de consciência do Ser não é individual, mas novamente social. Destarte a crian-
ça toma consciência dela, originalmente, “[...] através dos outros: deles recebo a palavra, 
a forma e o tom que servirão para a formação original da representação que terei de mim 
mesmo” (Bakhtin, 2003, p. 373-374).
Este princípio da alteridade permite à criança tomar do outro sua completude provi-
sória e necessária para, na relação dialógica o Outro fornecer os elementos que o tornam 
o ser que é social e cultural. Portanto o outro toma papel vivo e falante como ato educativa 
nos enunciados portadores dos mais diversos gêneros do discurso. No primeiro momento 
cabe ao outro a tradução das sensações da criança em palavras, e, posteriormente a partir 
da apropriação dos signos construídos pela criança a significação do mundo dos adultos, 
antes distante e incompreensível. Aqui, se inicia o primeiro estagio de leitura da criança do 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas 23
mundo do adulto: leitura de vozes, sons, gestos, entre outros, ou seja, o infante lê o mundo 
com todos os sentidos.
Neste processo de trocas-apropriações-enunciados-respostas nenhum dos sujeitos 
do discurso permanece inalterado, portanto, desloca-se a outro nível sociocultural diferente 
de quando entrou na interação dialógica. Este excedente de visão do Outro sobre a criança 
permitem o acabamento provisório do Ser-criança hominizada. Consequentemente, o pas-
sado discursivo do falante determina o presente cultural da criança, de forma criadora, pela 
linguagem. A qual não funciona de forma igual para vários grupos, pois “[...] a palavra (o 
discurso interior) se revela como material semiótico privilegiado do psiquismo” (BAKHTIN; 
VOLOCHINOV, 2004, p. 52). Esta, utilizada nos enunciados concretos pelos usuários da lín-
gua, é um fenômeno ideológico por excelência, se posicionando sempre na relação Eu-Outro.
Tanto Vigotski quanto Bakhtin ressaltam a importância do outro no processo mediáti-
co de construção e apropriação cultural da criança. No caso especifico da linguagem para 
aprender a falar, a criança, deve “aprender a construir enunciados” (BAKHTIN, 2003, p. 283) 
e isto não é uma ação biológica, mas cultural alcançado nas trocas com os outros. Porem 
estes enunciados no ato da fala apenas são possíveis “através do domínio de determinados 
gêneros do discurso” (BAKHTIN, 2003, p. 282), os quais não são dados da mesma forma 
que nos é dada a língua materna, e na maioria das vezes a criança passa a ter conheci-
mento e domina-los a partir de seu estudo teórico na escola. Para este autor “aprender a 
falar significa aprender a construir enunciados” (BAKHTIN, 2003, p. 283), pois não falamos 
mediante palavras o frases isoladas, mas por meio de enunciados concretos presentes dentro 
dos diversos gêneros textuais do discurso. Entretanto, ao se estudar os enunciados, não 
pode se deixar de lado a importância da palavra, como ponte entre mim e o outro, a qual 
se relaciona com o contexto social e carrega um conjunto de significados que socialmente 
foram dados a ela dentro dos diferentes gêneros do discurso. Radicando, nisto, seu caráter 
plural, multifacético e polissêmico. Por isso, as diversas formas de linguagem com as quis 
nos expressamos, junto com a palavra são de valor social. Todo signo é social por natureza, 
tanto exterior quanto interior. Destarte encontramos, nos postulados bakhtinianos, uma con-
cepção de linguagem que se aproxima dos fundamentos da (PHC). Por isso, o enunciado é 
apresentado por Bakhtin inserido na história, na cultura, na sociedade, ou seja, ele emerge a 
partir da vida do homem, “produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados 
e, mesmo que não haja um interlocutor real, este pode ser substituído pelo representante 
médio do grupo social ao qual pertence o locutor. Não pode haver interlocutor abstrato” 
(BAKHTIN; VOLOCHINOV, 2004, p. 112).
Essa natureza social do enunciado é resultado das interações sociais. Quando a 
criança apropria-se do uso real desses gêneros e aprende a se comunicar por meio de 
enunciados com seu interlocutor concreto de sua comunidade social, já esta dando em si 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas24
um salto qualitativo de seu primeiro estágio biológico para um novo momento de seu de-
senvolvimento psíquicocultural. Mas como favorecer essa aprendizagem dentro da escola 
usando a literatura?
O antes exposto permite repensar a importância da pratica docente e uso da literatura 
a partir do domínio dos gêneros textuais dentro da sala de aula com as crianças. Todavia, 
Walter Benjamin e Lev. S. Vigotski preocupavam-se com a importância da acumulação 
de numerosas experiências na primeira infância para alcançar a capacidade literária, pois 
para isto, “deve alcançar um elevado domínio da palavra, levando seu mundo interior a um 
grado altíssimo de desenvolvimento” (VIGOTSKY, 2003a, p. 54). Este ato de compreensão, 
ativo e criador do texto, é diferente do ato de compreender a linguagem oral, que surge na 
comunicação viva entres as pessoas, pois “continua a criação, multiplica a riqueza artística 
da humanidade” (BAKHTIN, 2003, p. 378).
Até agora dedicamos ênfase a dissertar sobre a constituição da criança como Ser-
criança humanizado a partir de seu segundo nascimento como ser sociocultural pela apro-
priação da cultura mediada pela linguagem oral. Entretanto entende-se que como alerta 
Vigotski o domínio da linguagem escrita por parte da criança não é menos importante nesse 
processo de desenvolvimento psíquico e humanização. Blonskii citado por este autor (2003a, 
p. 57) falando sobre a importância de instruir a criança na linguagem escrita, enfatiza a 
necessidade dos professores selecionar adequadamente vários gêneros textuais (bilhetes, 
cartas pessoais e de negocio, pequenos relatos) dentro das obras literárias, para serem 
pedagógicas. E conclui que esta tarefa deveria na verdade difundir na criança este desejo, 
mas sem deixar de ajuda-lo a conseguir os meios para seu domínio.
Introduzir as crianças na primeira infância a trabalhar e dominar os gêneros discursi-
vos presentes na literatura, não significa adentra-las prematuramente neste mundo, nem 
as coloca-las a se expressar antes de tempo na linguagem dos adultos, mas uma forma de 
ajuda-las a elaborar e desenvolver sua própria linguagem literária e domínio dos gêneros 
do discurso como enunciados concretos dos atos de fala. Por outro lado se ela nasce num 
mundo humano, estes gêneros estão para ela presente e incompreensíveis no mundo cultu-
ral e social onde realizam suas interações com os outros. Assim, “a educação em geral e a 
educação literária das crianças em particular, não é só possível, como totalmente inevitável” 
(VIGOTSKY, 2003a) e necessária. Nestes jogos infantis, com os brinquedos e os desenhos, 
onde se consolidam os processos de simbolização de primeira ordem (VIGOTSKI, 2007) a 
linguagem literária –simbolismo de segunda ordem- e o psiquismo misturam-se, relação esta 
que potencializa o próprio processo de simbolização. Nas mãos das crianças, durante os 
momentos lúdicos, o livro como objeto concreto passa a ser também um tipo de brinquedo 
pelo qual brinca e aprende e aprende brincando.
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas 25
As aproximações teóricas apresentadas, aqui nestes tópicos, possibilitaram as ba-
ses para analisar uma pratica educativa desenvolvida dentro de um Cmei da Serra com 
gêneros textuais.
COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS: LITERATURA- MITOS E LENDAS 
NA SALA DE AULA COM CRIANÇAS BEM PEQUENAS.
As crianças na primeira infância brincam durante grande parte do dia. Nestes momen-
tos, se utilizam de suas experiências, como o conteúdo da literatura a ela apresentada tanto 
na vida cotidiana quanto no espaço escolar. O papel da literatura dentro das brincadeiras 
poderia ser apresentada aqui a partir de varias pesquisas e trabalhos desenvolvidos com as 
crianças dentro da escola. Entretanto nos deteremos no trabalho desenvolvido pelas pro-
fessoras de um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), em Vila Nova de Colares, no 
município de Serra, cujos procedimentos metodológicos que foram aplicados nas atividades 
programadas também exerceram influência sobre o conteúdo dos jogos que realizaram as 
crianças após tais atividades.
No início do ano letivo de 2016, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais 
para a Educação Infantil (BRASIL, 2009, p. 25), as professoras resolveram que o plano de 
ação da escola seria a utilização de diferentes gêneros textuais para possibilitar experiências 
narrativas e a apropriação cultural das crianças bem pequenas. Desta forma, o tema escolhi-
do deveria perpassar os projetos de sala de aula para trabalhar outros conteúdos culturais.
Em busca de uma temática que envolvesse toda a comunidade escolar, se propôs a 
realizar uma viagem imaginaria-cultural pelo Brasil. O que já em si seria uma forma de de-
senvolver a imaginação delas.
Cada grupo ficaria responsável por uma região, tornando essa variedade cultural mais 
próxima da criança e resgatando as belezas que estavam a sua volta. Os grupos III A, III B e 
III C, do turno matutino, escolheram visitar e fazer um grande “tour” pela região Norte, a fim 
de conhecer e se apropriar da cultura, dos costumes, da culinária, das danças, entre ou-
tros. E assim, durante o ano as professoras foram realizando coletivamente os planejamentos 
semanais utilizando também livros de histórias, contos, lendas, mitos, desenhos, reportagens, 
que falassem sobre esta Região, a floresta amazônica e as influências, principalmente as 
indígenas, localizadas na área de estudo.
Vale ressaltar que, levando em consideração a amplitude dos acontecimentos vivenciados 
pelas professoras e as crianças durante o ano, bem como a pequena dimensão desse relato para 
contemplá-los, deve-se afirmar que não se tem pretensão aqui de esboçar todos os enlaces em 
algumas páginas, devido a grande produção realizada pelas crianças em suas individualidades.
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas26
Desta forma, nos deteremos nesta experiência com a literatura e os diferentes gêne-
ros textuais, os quais foram fundamentais para a apropriação de diversos saberes cultu-
rais pelas crianças.
Os gêneros textuais fazem parte do nosso dia a dia, e por isso trabalha-los dentro 
da educação infantil como forma de alfabetização é um elemento que impulsiona outras 
possibilidades de atividades. Deveriam sempre estar presente nos planejamentos de todos 
os professores alfabetizadores, pois “convivemos com uma diversidade de textos verbais, 
imagéticos, híbridos que foram produzidos por vários sujeitos em situações e contextos bem 
diferentes uns dos outros” (GONTIJO; SCHWARTZ, 2009, p. 96). Dai a importância de se 
conhecimento e domínio, tanto pelo professor quanto pela criança.
O trabalho fundamentou-se nos princípios dialógicos de Bakhtin por entender que 
nas relações dialógicas, nas experimentações, indagações, criações, que se estabelecem 
com os Outros, não só transformamos como também somos transformados pela mediação, 
apropriação e ressignificação dos conhecimentos compartilhados e construídos socialmen-
te. A linguagem dentro das relações dialógicas permite o agir de umas pessoas “sobre as 
outras num processo contínuo de autotransformação. Por isso, a linguagem é uma das 
mais importantes criações da humanidade” (GONTIJO, 2003, p.22), pela qual “os falantes 
tornam-se sujeitos” (GERALDI, 1999, p. 41).
O exemplo a ser compartilhado refere-se ao projeto sobre as Olimpíadas Rio 2015. 
Levando a definir uma serie de perguntas que deveriam ser respondidas como eixos norteado-
res do projeto: 1) De que forma poderia o estudo da Região Norte do Brasil estar relacionada 
com a história das olimpíadas em especial com a Grécia antiga? Um caminho apontado nas 
pesquisas orientou o trabalho pedagógico para a relação entre o mito do fogo5 e a tocha 
olímpica. Assim usando este gênero seria possível dar inicio ao trabalho com as crianças.
Contou-se como surgira o fogo segundo os índios brasileiros. Conversou-se sobre os 
diversos costumes e tradições indígenas presentes nas diferentes regiões da área de estudo 
escolhida. As criançasbem pequenas passaram a conhecer a existência, ainda, de algu-
mas tribos que moram regiões da floresta amazônica. Ademais foi possível neste trabalho 
comparar em conjunto como moram estes povos oriundos do Brasil.
O trabalho não se resumiu as narrativas, mas também foram produzidos pratos indí-
genas típicos da Região Norte. Alguns destes alimentos nunca comidos por elas e outras 
apenas os conheciam. Também fora contado outro mito sobre a história do fogo, mas agora 
segundo os gregos. Este seria o ponta pé inicial para falar sobre a tocha olímpica que estava 
circulando por algumas cidades do Brasil; a importância do fogo nos jogos; as modalidades; 
explicar o símbolo olímpico; e quais eram os mascotes das olimpíadas no Brasil.
5 Mito indígena que conta como foi o surgimento do fogo
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas 27
Tornou-se um momento interessante o poder brincar procurando no mapa as regiões 
que estavam sendo estudadas. Encontrar a região onde moram, e todo o trajeto que per-
correria a tocha até seu destino final. Além do mapa trabalhou-se com o globo terrestre e 
assim encontraram a origem geográfica dos jogos.
Neste momento de aprender brincando e brincar aprendendo, comparavam os países, 
perguntavam se a terra era redonda a partir da representação simbólica com o globo terrestre. 
Este momento foi fundamental dentro da perspectiva seguida no trabalho, pois se abriu a janela 
para o mundo do conhecimento mediado pelas relações dialógicas. As crianças como autores 
de seus enunciados também contavam o que viam na mídia. Perguntavam para além do próprio 
conhecimento cotidiano das professoras ou as obrigava a procurar novas informações. Desta 
forma assim como ensinavam também neste processo de construir juntos aprendiam.
O momento lúdico
Após todo esse processo, surgiu a ideia de realizar em conjunto a própria tocha. Ou seja, 
uma nova ressignificação do símbolo das olimpíadas, mas agora produção da imaginação 
criadora das crianças (VIGOTSKY, 2003a). Foram utilizados vários materiais para sua confei-
ção. Este novo elemento passaria de objeto de estudo a objeto de estudo brinquedo. Assim 
como o livro que transformou-se em brinquedo-conhecimento, agora era a hora do produto 
da atividade criadora ganhar vida nas mãos das crianças deixando aflorar a imaginação e a 
fantasia. Outra atividade, decorrente da sala de aula, foi o conhecimento do corpo, a eleva-
ção da criança a atleta olímpico. Também foram criadas medalhas, trabalhando novamente 
a imaginação e a fantasia, dentro do processo criador.
Aqui não importava em si a competição, mas a participação de todos. Para trabalhar 
a educação estética do olhar outro gênero entrou em cena, o cinematográfico, pois foram 
projetados desenhos animados com a temática de estudo. Por último, assim como na rea-
lidade, a tocha passou simbolicamente por cada uma das salas representando as regiões 
pelas qual passaria na vida real.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O brincar é uma atividade própria da criança. Quando bem trabalhada pelo professor 
pode ganhar maior força educacional. Se alternado este momento, com outras etapas do 
processo educativo, será possível desenvolver nestas crianças bem pequenas qualidades 
tanto cognitivas quanto sócio afetivas e culturais. O trabalho apontou a potencialidade de 
desenvolvimento dentro deste momento lúdico formativo a partir de vários gêneros tex-
tuais. A análise da experiência comprovou que o processo de ensino aprendizagem esteve 
pautado na construção coletiva, dialógica, dentro dos postulados bahktinianos e da (PHC).
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas28
Pode-se concluir que quando se trabalha visando o desenvolvimento de capacidades 
criadoras nas crianças bem pequenas, “desenvolvemos em si seu espírito de observação, 
construindo no desenvolvimento cognitivo de conhecimentos, conseguindo por médio da 
mediação e imitação reflexiva dos maiores no ato da brincadeira” (RAMOS, 2014, p. 100). 
Outra das importâncias da análise deste relato radica na dinâmica do trabalho com crianças, 
pois muitas das vezes o pré-planejamento previsto pelos professores vai para além do es-
perado. As atividades desenvolvidas então não se detiveram no espaço físico da sala ou ao 
uso mecânico do livro, mas entenderam o processo de desenvolvimento relacionando corpo, 
pensamento, emoções, linguagens, etc, pois, é no movimentar que as crianças expressam 
seus pensamentos, emoções, sentimentos, desenvolvem o equilíbrio, a coordenação motora, 
interações, criatividade, imaginação, criticidade e se abre para o diálogo.
REFERÊNCIAS
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“
02
A concepção da assistência à saúde 
da criança sob a visão do profissional 
e do cuidador: mapeamento 
bibliográfico em periódicos nacionais 
de 2006 a 2010
Lucieny Almohalha
UFTM
Tássia Ribeiro Roza
UFTM
10.37885/200901474
https://dx.doi.org/10.37885/200901474
Palavras-chave: Cuidados da Criança, Serviços de Saúde da Criança, Qualidade dos 
Cuidados de Saúde.
RESUMO
Objetivo: Identificar a assistência à saúde prestada à criança segundo a visão do profis-
sional e do cuidador de crianças que frequentam os serviços de saúde, através do ma-
peamento e análise das publicações científicas do período de 2006 a 2010. Métodos: Foi 
realizada uma revisão de literatura, a partir da busca eletrônica de artigos indexados em 
periódicos nacionais na Biblioteca Virtual em Saúde, dentro da base de dados Literatura 
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, publicados no período supracitado.
Resultados: Foram selecionados 17 artigos indexados no período pesquisado, sendo 
destacadas as revistas que apresentaram 2 publicações nos anos em que houve maior 
interesse pelo tema. A partir da análise dos artigos, apareceram como responsáveis 
pelas publicações, diversos profissionais de enfermagem, medicina, odontologia, en-
genharia de produção e psicologia, onde pode ser observada a visão do profissional 
quanto a assistência em saúde a criança. A maioria dos artigos apresentou como públi-
co-alvo pais e responsáveis pela criança, demonstrando assim a preocupação sobre a 
qualidade do atendimento prestado pela equipe e profissionais de saúde, frente à visão 
do acompanhante da criança, quanto à assistência recebida. Conclusão: Os estudos 
analisados vêm mostrar a capacidade de que, bons processos de assistência à saúde 
geram resultados positivos, porém remetem a necessidade do avanço em pesquisas e 
ações mais humanizadas, a fim de possibilitar melhores condições de saúde da criança.
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas 33
INTRODUÇÃO
Pela Constituição Brasileira, todo cidadão tem direito a saúde e acesso universal e 
igualitário ao sistema de saúde público (BRASIL, 1997). A grande maioria da população 
brasileira depende exclusivamente da assistência pública em saúde ofertada pelo Sistema 
Único de Saúde (SUS) em relação aos diversos níveis de atendimento que se encontram 
organizados segundo uma complexidade assistencial assim definida: serviço primário de 
atenção à saúde com unidades básicas de saúde, pronto-atendimento, e pronto-socorro; 
serviço secundário com hospitais gerais e ambulatórios de especialidades e serviço terciário 
com hospitais especializados e universitários (BRASIL, 1997).
O serviço primário de atenção à saúde vem compreender dentro dos três campos da 
assistência, das intervenções ambientais e das políticas externas ao setor saúde, o conjunto 
de ações compreendidas nos chamados níveis de atenção à saúde, representados pela pro-
moção, pela proteção e pela recuperação, nos quais devem ser sempre priorizados o caráter 
preventivo, o tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam 
comprometer as possibilidades dos indivíduos de viver de modo saudável (BRASIL, 1996).
O serviço secundário de atenção à saúde corresponde ao nível de atenção que in-
corpora funções do nível primário e acrescenta aquelas de tratamento especializado e com 
objetivos de reabilitação. É representado por programas, sistemas e serviços de tratamen-
to ambulatorial e pequenos hospitais de tecnologia intermediária, compostos por equipes 
multidisciplinares que atendem indivíduos em diferentes faixas etárias, as mais variadas 
formas de patologias e diagnósticos. Os ambulatórios de pediatria, por exemplo, são classi-
ficados como espaços de atenção secundária à saúde e locais nos quais diversos quadros 
clínicos e desenvolvimentais são acompanhados com periodicidade variável, de acordo 
com a demanda da criança e de sua família. Os espaços ambulatoriais se tornaram espa-
ços de atenção à saúde infantil de extrema importância, uma vez que através dos serviços 
oferecidos podem ser realizados acompanhamentos periódicos do desenvolvimento infantil 
(BRASIL, 1996; 2007).
Já o nível de atenção constituído por grandes hospitais especializados e hospitais uni-
versitários, que concentram tecnologia de maior complexidade e de ponta, e que servem de 
referência para demais programas, sistemas e serviços, vem representar o serviço terciário 
de atenção à saúde (BRASIL, 1996).
A integralidade da assistência é preconizada pelo SUS e conforme sua filosofia assis-
tencial é necessário ser considerado como atendimento integral a saúde que vai além da 
formulação de um planejamento terapêutico, deve ser contemplado também a regulação 
de políticas públicas do setor, a reorientação das relações entre o Estado e a sociedade e o 
olhar para o sujeito-usuário dentro de uma lógica de atendimento que considere o cuidado 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: EvidênciasCientíficas e Considerações Teóricas-Práticas34
nas mais diversas dimensões do ser humano (MATOS, 2004). Esta forma de oferecer a 
assistência e o cuidado integralizado deve englobar não só o sujeito usuário do sistema de 
saúde, seus familiares, os profissionais que no sistema atuam e os gestores que o executam. 
Todos têm o direito de ser protagonistas do sistema e participantes ativos do processo do 
cuidar (BRASIL, 1996).
À criança e ao adolescente é preconizado “o direito à vida e à saúde que permitam o 
nascimento e o desenvolvimento sadio em condições dignas de existência” (BRASIL, 1996). 
São necessárias políticas públicas que venham contribuir no desenvolvimento de ações vol-
tadas para o atendimento em saúde da criança e dos adolescentes para atender e estimular 
essa demanda a ter dignas condições de saúde e possuir melhor qualidade de vida. Assim 
como também é pressuposto, que o sistema de saúde considere como parte integrante e 
permanente de sua rotina as ações desenvolvidas nos variados espaços sociais, como a 
vigilância epidemiológica e sanitária, as ações educativas em saúde, a humanização de 
atendimento e as intervenções de ordem institucional, para que este funcionem de acordo 
com a proposta de atenção integral à criança e ao adolescente (BRASIL, 1995).
Em geral, no Brasil os serviços de saúde tem tido significativos avanços tecnológicos, 
tem se aprimorado em equipamentos para manutenção da vida cada vez mais avançados, 
porém estes avanços não são seguidos juntamente com as relações humanas dentro dos 
serviços de saúde, ou seja, não são aprimorados ajustes também na habilidade da comuni-
cação com os pacientes, através do respeito aos seus valores morais, do trabalho em equipe 
e atitudes mais humanitárias (CAPRACA; RODRIGUES, 2004). Pela filosofia preconizada 
pelo SUS em relação à assistência humanizada, é necessário que os profissionais estejam 
aptos a realizar uma assistência integral na qual o sujeito é participante ativo de todo o 
processo do cuidar, deve ter ouvido suas necessidades e suas opiniões em relação ao seu 
tratamento e ao serviço que lhe é prestado (BRASIL, 1996).
Quando os profissionais desenvolvem ou aprimoram esta habilidade eles irão contribuir 
para o oferecimento de uma assistência mais humanizada e então perceberão o quanto a 
família e/ou cuidadores demonstram suas próprias necessidades, isso irá então sugerir o 
desenvolvimento de ações pelos profissionais de saúde como, a orientação e o apoio psico-
lógico aos pais quanto aos aspectos específicos do tratamento, informações a respeito do 
estado de saúde do filho, do diagnóstico, tratamento, prognóstico, medicamentos, exames; 
explicações do motivo da hospitalização e tudo o que é feito com e para seu filho, cuidados 
especiais com a criança, além de orientações quanto à sua participação nos cuidados bá-
sicos (GUARESCHI; MARTINS, 1997).
Além da criança e do adolescente, seus familiares precisam participar do processo 
do cuidado. Pela política do SUS, é assegurado à família e aos cuidadores, o direito de 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas 35
participarem ativamente do processo do cuidador que envolve o diagnóstico, tratamento e 
prognóstico, recebendo informações sobre os todos os procedimentos que ocorrerão durante 
as intervenções. Dando assim, significado a garantia de participação destes nos cuidados 
básicos da criança e no processo de avaliação dos serviços prestados (BRASIL, 1995).
A preocupação com a qualidade e a avaliação dos serviços é um tema que tem sido 
debatido, em nível mundial, sob os mais diversos enfoques, nas últimas seis décadas. 
Reconhece-se essa diversidade conceitual como, decorrente das diferentes posições que 
os atores ocupam no sistema de atenção à saúde, sejam eles os profissionais, as organiza-
ções de assistência, os compradores de serviços, os usuários (FRANCO; CAMPOS, 1998).
Nos últimos anos, os modelos teóricos têm influenciado bastante sobre a comunicação 
entre profissionais de saúde e usuários, embasando informações para a melhoria do processo 
de comunicação e seus efeitos frente à satisfação e a saúde do indivíduo. Determina com 
isso, que estes efeitos não são influenciados por apenas um aspecto, mas sim, vem englobar 
componentes afetivos como a necessidade de apoio emocional e de se fazer compreender, 
prescrições e explicações adequadas, como também diagnósticos claros e precisos, portanto, 
preconiza que, os atendimentos de saúde atendam as demandas do usuário, seja adulto ou 
criança, adotando um estilo partilhado de consulta, centrado nas necessidades apresentadas, 
através de uma interação do usuário do sistema de saúde com o profissional de assistência 
para atingir a satisfação da prestação do serviço em saúde (RODRIGUES, 2007).
No Brasil, apenas na última década, mais especificadamente no ano de 2006, é que se 
delimitou esta preocupação, a partir da legalização dos direitos dos usuários da saúde, a fim 
de garantir uma melhoria da qualidade da atenção prestada nos serviços de saúde. De acordo 
com essa lei, torna-se possível o conhecimento quanto aos direitos do usuário do sistema 
de saúde e, portanto, existirá uma colaboração entre partes, para a melhoria da qualidade 
do atendimento à saúde dessas crianças (BRASIL, 2006).
Essa legalização demonstra como primeiro princípio, o direito ao acesso ordenado e 
organizado ao sistema de saúde, enfocando a necessidade de um atendimento humanizado, 
acolhedor e livre de qualquer discriminação, preconceito de raça, cor, idade ou orientação 
sexual, estado de saúde ou nível social. Assim é garantido que o atendimento prestado 
ao cidadão respeite a sua pessoa, seus valores e culturas e seus direitos. Ainda assegura 
ao paciente por exemplo, o conhecimento de seu prontuário médico, sempre que solicita-
do (BRASIL, 2006).
A compreensão da percepção dos profissionais e usuários de saúde a respeito da 
assistência do serviço em saúde prestado à criança em nível nacional, através de artigos 
publicados, vem a ser um aprimoramento para o planejamento e desenvolvimento de ações 
que objetivem auxiliar na melhoria da qualidade dos atendimentos prestados no âmbito da 
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas36
saúde. Melhoria que deve ocorrer tanto por parte do gestor do sistema, que precisa conhe-
cer o entendimento de ambos os clientes para poder melhor direcionar suas estratégias e 
ações, como também por parte dos próprios profissionais que, entendendo a percepção da 
qualidade sob a perspectiva de seus clientes, poderão estar mais preparados para atender 
suas expectativas. Esse entendimento permitirá compreender não apenas o significado da 
qualidade relacionada ao nível de satisfação ou insatisfação do cliente à assistência prestada, 
quanto às limitações referentes a esse atendimento do serviço para os diferentes grupos 
(FADEL; FILHO, 2009).
OBJETIVO
Identificar a assistência à saúde prestada à criança segundo a visão do profissional que 
atua no sistema de saúde e do cuidador da criança que o frequenta, através do mapeamento 
e análise das publicações científicas nacionais do período de 2006 a 2010.
MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada através de uma revisão de literatura (GRANT, 2009) a partir 
da busca eletrônica de artigos indexados em periódicos nacionais na Biblioteca Virtual em 
Saúde (BVS), dentro da base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências 
da Saúde (LILACS), a partir dos seguintes descritores: cuidados da criança, serviços de 
saúde da criança, e qualidade dos cuidados de saúde. As consultas foram realizadas no 
período de janeiro a setembro de 2011.
Foram utilizados como critérios de inclusão os textos nacionais publicados entre 2006 
e 2010 na BVS dentro da base de dados LILACS. Este período foi selecionado, pois os 
pesquisadores estavam interessados em entender as publicações a partir da documentação 
federal

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