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Tumor benigno de Fígado Aspecto Geral: Incidência: 10 a 20% da população em países desenvolvidos (métodos diagnósticos permitem maior capacidade diagnóstica); Grande parte dos tumores hepáticos benignos não tem indicação cirúrgica; Tipos de tumores hepáticos benignos: ❖ Hemangioma; ❖ Hiperplasia nodular focal; ❖ Adenoma; ❖ Cisto. Hemangioma: Tumor hepático mais frequente; Prevalência geral na população: 0,7 a 7,3%; 66 a 71% dos casos ocorre em mulheres; Não tem fatores de risco associados; Aspectos macroscópicos: ❖ Localização mais comum: subcapsular; ❖ Apresenta consistência amolecida, podendo apresentar áreas de fibrose com calcificação que são mais endurecidas; ❖ Coloração vinhosa, com cavidades preenchidas por sangue; ❖ Em 20% dos casos apresentam tamanho maior que 4 cm e são múltiplos; ❖ Assim sendo, 80% dos hemangiomas hepáticos são nódulos únicos e menores que 4 cm; ❖ Hemangiomas gigantes: ❖ > 5 cm (de acordo com Sabiston); ❖ > 10 cm (de acordo com Blumgart). Microscopia: ❖ Cavidades preenchidas por sangue e circundadas por tecido fibroso. Evolução: ❖ Inalterada ou crescimento lento ; ❖ Muitas vezes diagnosticados de forma acidental - achados de exames complementares que investigavam outras coisas; ❖ Curso assintomático, mesmo nos hemangiomas grandes. Complicações - raras: ❖ Dor abdominal; ❖ Síndrome de Kasabach-Merritt: hemangiomas gigantes que cursam com trombocitopenia e fibrinólise; ❖ Circulação lentificada dentro dos hemangiomas -> pode ter consumo dos fatores de coagulação e plaquetas -> apresentação de fenômenos hemorrágicos como petéquias, equimoses, gengivorragia; ❖ Risco de ruptura - raro (cursa com hemoperitônio); ❖ Crescimento acelerado - tratamento cirúrgico. Diagnóstico: ❖ USG - 80% dos casos: nódulos fica cerca de 3 cm em topografia subcapsular; ❖ Aspecto hiperecogênico (“branco”), regular, arredondado, homogêneo, bem delimitado, sem halo periférico e com reforço posterior. ❖ TC: sensibilidade maior no caso de hemangiomas grandes; ❖ Aspecto: nódulo hipodenso com captação centrípeta do contraste. OBS: Como a circulação é muito lentificada dentro das cavidades do hemangioma, o contraste é captado da periferia para o centro (centrípeto). ❖ RMN (padrão ouro): mais específico que USG no caso de lesões < 3 cm e importante para diagnóstico diferencial com metástases colorretais; ❖ Hipersinal em T2 e hipossinal em T1; ❖ No primeiro exame vemos o contraste em fase arterial com pouca captação pela lesão nesse momento. Nas imagens posteriores observa-se um preenchimento maior da lesão por contraste. ❖ RMN T2: nódulo hiperintenso (cavidades preenchidas por sangue com circulação lentificada); ❖ Em A: RM T2 com lesão hiperintensa e em B RM T1 com lesão hipointensa; ❖ RM T1 com contraste, em C na fase arterial, em D na fase portal e em E na fase tardia = observamos a captação centrípeta de contraste. Diagnóstico hemangioma USG Hiperecogênico, regular, homogêneo reforço posterior, sem halo periférico TC Nódulo hipodenso e captação de contraste centrípeta RMN RMN T1: lesão hipointensa e RMN T2: lesão hiperintensa, captação centrípeta de contraste Tratamento: ❖ Pacientes assintomáticos: conduta expectante; ❖ Hemangioma não tem chance de malignização – fundamental informar e tranquilizar o paciente; ❖ Pacientes sintomáticos -> crescimento rápido, dor, síndrome Kasabach Merrit = hepatectomia; ❖ Em hemangiomas irressecáveis -> embolização arterial (radiologia intervencionista). ❖ Substância que faça embolização da artéria de nutrição principal do segmento hepático acometido pelo hemangioma; ❖ Indicação rara; ❖ Baixa eficácia. Cisto Simples / Cisto Biliar: Incidência de 2-5%; Raramente sangram ou infectam; Não tem comunicação com as vias biliares (apesar do nome); Cistos volumosos -> distensão da cápsula de Glisson -> dor; Evolução: ❖ 16% modificação de volume; ❖ 2,9% desaparecem; ❖ 18% aumentaram de número. Diagnóstico: ❖ USG: paredes finas, conteúdo anecoico, reforço posterior; ❖ RMN: o líquido que preenche o cisto tem aspecto hipointenso em T1 e hiperintenso em T2. Tratamento: ❖ Em geral, conduta expectante; ❖ Indicação cirúrgica: cistos muito volumosos que podem causar sintomas; ❖ Tto: destelhamento do cisto por videolaparoscopia. ❖ Retira-se a parte mais externa do cisto e o líquido extravasa para o peritônio para então ser reabsorvido (não é irritativo e nem infectante). Hiperplasia Nodular Focal (HNF): É 10 vezes mais frequente que os adenomas; 2° tumor benigno mais comum; Acomete mais mulheres que homens (9:1); Estrogênio não tem relação com o aparecimento da hiperplasia, mas tem relação com o crescimento da neoplasia (o que cursam com dor); Macroscopia: ❖ 90% das vezes se apresenta na forma de nódulo isolado; ❖ Lesão bem delimitadas, que pode ser pediculada e apresenta superfície muito vascularizada; ❖ 40% tem menos de 5 cm e 22% tem mais de 10 cm; ❖ Em ⅔ dos casos há uma cicatriz estrelada central. Microscopia: ❖ Cicatriz central rica em fibras colágenas, contendo vasos e formando septos; ❖ Entre os septos há hepatócitos normais, sem sinais de necrose ou hemorragia. ❖ O tecido da hiperplasia é bem semelhante ao parênquima normal -> densidade / ecogenicidade/intensidade nos exames de imagem não se destacam. Evolução: ❖ Sem risco de malignidade; ❖ Risco baixo de rotura do nódulo (0,3 a 2%); ❖ Uso de ACO associado ao aumento do volume da hiperplasia nodular focal; ❖ Hepatomegalia -> dor em HCD (15%). Diagnóstico: ❖ USG de preferência com doppler (sinal em região central = artéria central que nutre o nódulo); ❖ TC: ❖ Antes do contraste -> hipodensa ou isodensa; ❖ Captação de contraste em fase arterial; ❖ Em fase portal lesão fica isodensa; ❖ Em ⅔ dos casos é possível observar a cicatriz estrelada central. ❖ RMN: ❖ Homogênea (90%); ❖ Isointensa em T1 e T2; ❖ Cicatriz central em ⅔; ❖ Hiposinal T1 e hipersinal T2 (líquido “parado” em região central). Tratamento: ❖ Assintomáticos: conduta expectante; ❖ Sintomáticos: hepatectomia. Adenomas Hepáticos: Forte associação com o uso de ACO; ❖ 1: 1 milhão – pessoas que não usam ACO; ❖ 100 : 1 milhão – pessoas que usam ACO. Incidência maior em mulheres (10M:1H); Complicações: malignização (hepatocarcinoma) e hemorragia; Diagnóstico: ❖ Descoberta acidental (10%); ❖ Hemorragia (35%); ❖ Mais de ⅓ dos casos – diagnóstico é feito pela apresentação de quadro hemorrágico. ❖ Hepatomegalia (30%); ❖ Dor hipocôndrio direito (25%); ❖ Diferente dos outros tumores benignos, o diagnóstico não costuma ser feito de forma acidental. Macroscopia: ❖ Em 85% se apresenta na forma de tumor isolado; ❖ Pode se apresentar na forma de adenoma múltiplo ou como adenomatose hepática (>10 adenomas); ❖ Aspectos: superfície marrom amarelada, hipervascularização e pseudocavidades com necrose e sangramento. ❖ Tumor de aspecto amarelado com vários pontos de hemorragia. Microscopia: ❖ Hepatócitos normais ou aumentados com aspecto displásico; ❖ Tumor não apresenta canalículos biliares; ❖ Em 5% dos casos há dúvida diagnóstica: adenoma x carcinoma hepatocelular bem diferenciado. Subtipos (varia de acordo com a mutação): ❖ Tipo 1: mutação que causa inativação do gene HNF1alfa; ❖ Tipo 2: mutação que causa ativação de beta-catenina; ❖ Chance aumentada de malignizar. ❖ Tipo 3: padrão inflamatório; ❖ Comumente associado a degeneração gordurosa hepática. ❖ Tipo 4: nenhum dos subtipos acima (não classificados). Diagnóstico: ❖ USG: não auxilia muito no diagnóstico; ❖ TC: observa-se um sangramento intra-tumoral; ❖ Hiperdensidade (=sangramento) associado a uma massa no fígado. ❖ RMN: em T1 hipersinal e em T2 hipersinal; ❖ Radiologista pode realizar manobra de supressão da gordura -> sinal que a lesão estava gerando diminuir se trata de um tumor com composição rica em gordura (auxilia no diagnóstico).❖ Contraste hepatobiliar com gadolíneo ácido penta acético → contraste que penetra na membrana dos hepatócitos e que depois é excretado na bile. ❖ Se na fase hepatobiliar tem captação de contraste na lesão = sinal de que há hepatócitos presentes = mais provável que seja uma hiperplasia nodular focal; ❖ Se não há captação dentro do nódulo na s=fase hepatobiliar é sinal de que não tem mais hepatócitos na lesão = provavelmente é um adenoma. Conduta: ❖ TTO cirúrgico: hepatectomia; ❖ Paciente do sexo masculino quando tem adenoma já indicamos cirurgia, pelo grande risco de malignização (50%); ❖ Paciente do sexo feminino – a conduta varia conforme o tamanho do adenoma: ❖ Adenomas menores que 4 cm: suspender ACO e observar se haverá diminuição do tamanho -> se diminuir: conduta expectante x se manter tamanho ou aumenta: cirurgia; ❖ Adenomas maiores que 4cm: ressecção cirúrgica. ❖ Em pacientes com hemoperitônio a mortalidade da hepatectomia chega a 18%. ❖ Em casos de hemoperitônio com estabilidade hemodinâmica pode ser indicado procedimento de embolização arterial por meio de radiologia intervencionista antes de realizar hepatectomia.