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Fisiologia 1 Linguagens e Pesquisa Maria Luzia Paiva de Andrade 1ª e di çã o DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Maria Luzia Paiva de Andrade Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins ----- CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Linguagens e Pesquisa Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Linguagens e Pesquisa 4 Linguagens e Pesquisa 5 Sumário Objteto de Aprendizagem – Etapa 1 ................................................................................ 07 Objteto de Aprendizagem – Etapa 2 ................................................................................ 67 Objteto de Aprendizagem – Etapa 3 ................................................................................ 111 Linguagens e Pesquisa 6 Linguagens e Pesquisa 7 1 Objeto de Aprendizagem Etapa 1 Linguagens e Pesquisa 8 Leitura – Uma Reflexão Social: Compreensão e Interpretação de Textos. “Que ninguém se iluda: só a leitura intensa permite conhecer os múltiplos recursos da língua e usá-los com eficiência, sem decoreba gramatiqueira.” (Marcos Bagno). Caro aluno, começaremos agora os nossos estudos nessa fascinante área da leitura e da produção de textos. Procuraremos identificar e analisar as diferentes abordagens do ensino da leitura e da produção textual. Ler, ouvir, compreender, falar e escrever são atividades necessárias na nossa relação com os outros e com o mundo, e a ferramenta cultural que utilizamos para esta comunicação, esta inter- relação, é a linguagem, seja ela verbal ou não-verbal, pois, no nosso dia a dia, deparamo-nos cada vez mais com situações em que temos de ler textos cujo código não é nossa língua. Já se afirmou, inclusive, que vivemos numa sociedade icônica, pois somos constantemente bombardeados por signos visuais também. E os próprios textos verbais vêm comumente associados a textos não-verbais. Objetivos Saber adequar o discurso às situações comunicativas. A conceituação de leitura Interagir com os textos, buscando os significados possíveis e a relação com as experiências pessoais. Entender a leitura como uma atividade de compreensão, mas também de interação, de reação e avaliação dos efeitos pretendidos pelo autor e obtidos nos leitores-aluno. Icônico: relativo a ícone. Que representa ou reproduz com exatidão e fidelidade. Signo que apresenta uma relação de semelhança ou analogia com o objeto que representa (como uma fotografia, uma estátua ou um desenho figurativo); p.ex.: o desenho de uma faca e um garfo cruzados que indicam a proximidade de um restaurante. Linguagens e Pesquisa 9 Perceber que os textos (orais e escritos) são frutos da intenção comunicativa de um emissor em relação a um receptor num determinado contexto social. Ampliar a capacidade de entender e interpretar adequadamente um discurso em sua diversidade de contexto e perceber a importância do contexto nos textos produzidos. Planejamento Seção 1: Conceituações de Leitura – A prática da leitura de textos Seção 2: Noções de Linguagem e Língua: Textos Verbais e Não-Verbais Seção 3: Noção de Discurso: O ensino da leitura e da escrita no Cotidiano Seção 4: A Metodologia da Leitura e Estratégias de Leitura e de Escrita de textos Seção 5: Trabalhando as normas linguísticas na construção dos textos: Significação das palavras. A Semântica e o sentido das palavras. Seção 6: Elementos de Coesão e Coerências Textuais. Seção 7: Aspectos comunicacionais em meios multimídia e Linguagem, Processos comunicativos, formas e tecnologias. Bem-vindo à primeira seção de estudo! Linguagens e Pesquisa 10 Seção 1 - Conceituação de Leitura – A prática da Leitura de Textos Nessa seção de estudo, conheceremos um pouco sobre a prática da leitura e produção de textos, conheceremos algumas metodologias de leitura, suas estratégias e a diferença entre compreensão e interpretação de textos. A leitura é importante para que se possa ter acesso a informações veiculadas das mais diversas maneiras: na Internet,na televisão, em outdoors espalhados pelas cidades, em cartazes afixados sistematicamente, nos muros das ruas, nas mais diferentes placas informativas, folders, impressos de propaganda, distribuídos insistentemente aos transeuntes, e, até mesmo, em receitas médicas e bulas de remédios. Por isso, dizemos que na formação global do homem inserido no mundo moderno, a leitura e a produção de texto têm esse papel fundamental. O mesmo se pode dizer sobre o sucesso de um candidato, por exemplo, em exames, notadamente naqueles que privilegiam as questões analítico-dissertativas. Ilude-se a pessoa que, ao ler o programa de uma determinada matéria, conclui que as capacidades citadas são exigências específicas daquela disciplina. Por exemplo, quando programas de Português falam em “Leitura”, “Compreensão crítica” e “Interpretação” mencionam competências que exploram somente a prova específica de Língua Portuguesa, o que não é verdade. Assim, sem leitura, compreensão crítica e interpretação, o candidato a um exame não entende o enunciado de uma questão de física, história, biologia, geografia, por exemplo. A leitura é o processo através do qual o leitor interage com um autor, por meio de um texto escrito. Segundo Magda Soares (1996), esse processo é o resultado: Linguagens e Pesquisa 11 Das circunstâncias em que a leitura acontece: condições de produção da leitura; Das práticas histórico-sociais que configuram o autor, o leitor, o texto: o contexto. Segundo ainda a mesma autora, a escrita é o processo através do qual o autor interage com um leitor, por meio de um texto escrito. Esse processo é o resultado: Das circunstâncias em que a escrita acontece: condições de produção do texto. Das práticas histórico-sociais que configuram o autor, o leitor, o texto: o contexto. Aprender a ler é não só uma das maiores experiências da vida escolar de uma pessoa. É uma vivência única para todo ser humano. Ao dominar a leitura abrimos a possibilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver raciocínios, participar ativamente da vida social, alargar a visão de mundo, do outro e de si próprio. Veja o que diz Mariza Lajolo, 2004. “Lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode encerrar-se nela. Do mundo da leitura para a leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita. Como fonte de prazer e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder de sedução nos estreitos limites da escola. (LAJOLO, 2004, p.7) Linguagens e Pesquisa 12 O objetivo deste texto é trazer algumas reflexões sobre o que significa entender a leitura e a escrita como experiência. Para isso colocamos aqui algumas concepções teóricas dos principais autores e pensadores da educação nesse país, para que, juntos, possamos refletir sobre como saber utilizar nas práticas sociais de leitura e de escrita, as estratégias e procedimentos que conferem maior fluência e eficácia ao processo de produção e atribuição de sentidos aos textos com os quais se interage. Ao longo do tempo, a tentativa de compreender o que é ler e escrever tem sido uma constante: qual a natureza da leitura e da escrita? Como se lê e se escreve hoje? Como concebemos a leitura e a escrita? Leitura é hábito? É gosto, prática, relação, exercício, instrumento, necessidade ou experiência? Para Sonia Kramer, a leitura é vista como experiência, pois o leitor leva rastros do vivido no momento da leitura para depois ou para fora do momento imediato – isso torna a leitura uma experiência. Assim, leitura é, portanto, a possibilidade própria que cada uma das pessoas tem de dotar de sentido e de significado textos escritos, desenhos, comportamentos, expressões, peças de teatro e filmes, obras de diferentes artes, etc. Isso significa dizer que não se leem apenas os textos linguísticos, aqueles que se ocupam da palavra escrita. Assunto que desenvolveremos no próximo tópico. Linguagens e Pesquisa 13 Seção 2 - A Língua e outros Sistemas de Comunicação: Noções de Linguagem e Língua. Textos verbais e não-verbais. Elementos da Comunicação Humana Funções da Linguagem. Entende-se como comunicação o intercâmbio de informação entre sujeitos ou objetos. Você já deve ter ouvido falar da célebre frase de Chacrinha: “Quem não se comunica se trumbica.” A comunicação humana é um processo que envolve a troca de informações e utiliza os sistemas simbólicos e a linguagem verbal. Neste processo estão envolvidos uma infinidade de maneiras de se comunicar. A exemplo disso, podemos indicar duas pessoas que conversam pessoalmente com as mãos ou mensagens enviadas utilizando a Internet. Linguagens e Pesquisa 14 Inicialmente, cabe distinguir os conceitos de linguagem e língua. A concepção adotada por nós é que a linguagem é a capacidade de representação por meio de signos, exclusiva do ser humano e que o distingue dos outros animais. A linguagem pode ser expressa por signos verbais e não-verbais, agrupados em linguagem verbal – que usa a palavra falada e escrita – e a linguagem não-verbal – que utiliza signos gestuais, visuais e sonoros. Já a língua é um sistema de signos verbais desenvolvidos por uma comunidade para a comunicação como resultado de seu processo histórico. Uma língua tem características particulares em vários aspectos – fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático – que a diferenciam de outras. É interessante lembrar também que a língua é heterogênea e apresenta variantes sociais, geográficas e situacionais, entre outras. Nela encontramos a norma padrão, ou português padrão, como uma das variantes linguísticas do português, associado aos grupos sociais de maior prestígio na sociedade. E a importância do seu estudo para a participação social e o pleno exercício da cidadania. A importância da Linguagem: A linguagem sempre exerceu um interesse muito grande na abordagem da condição humana. É a forma humana de comunicação, o modo como nos relacionamos com o mundo e com os outros, como nos afirmamos social e politicamente, bem como expressamos nosso pensamento e até mesmo a arte. Essa é uma compreensão que vem desde a antiguidade. Aristóteles (384-322 a.C), afirmou que o homem é um “animal político” somente por que é dotado de linguagem. O que é Linguagem? Em princípio, podemos dizer que a linguagem é um sistema de signos usados para a comunicação e para a expressão de ideias, valores e sentimentos. Isso quer dizer que podemos tratar a linguagem como um todo estruturado, com leis e Linguagens e Pesquisa 15 princípios próprios. Na base dessa estrutura estão os SIGNOS, que é um objeto dotado de sentido (como a fumaça que indica a presença de fogo), que tem a função de indicar ou representar outro objeto. Signo Linguístico: Saussure (pai da Linguística Moderna) define o signo como a união do sentido e da imagem acústica. O que ele chama de sentido é a mesma coisa que conceito ou ideia, isto é, a representação mental de um objeto ou da realidade social em que nos situamos, representação essa condicionada pela nossa formação sociocultural. O que ele chama de “imagem acústica” não é o som de uma palavra propriamente, mas a impressão psíquica desse som. O signo linguístico é, portanto, “uma entidade psíquica deduas faces”, semelhante a uma moeda. (CLG - Curso de Linguística Geral - Saussure p,80) Figura 1: Signo Linguístico: significante e significado Linguagens e Pesquisa 16 Significante é a parte material, perceptiva. O significado é o conceito, a ideia que se tem do signo. Algo como o lado espiritual da palavra, sua contraparte inteligível, em oposição ao significante, que é sua parte sensível. O que é Língua? A língua é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que segue leis estabelecidas pelos membros da sociedade e que não podem ser modificadas pelo indivíduo de forma solitária. Ela é social, ou seja, pertence a toda sociedade. Em sentido estrito, LÍNGUA é um sistema de signos organizados que permite aos indivíduos o processo comunicativo. O que é Fala? É a capacidade que o indivíduo tem de utilizar a Língua. A fala é o resultado das combinações feitas pelo sujeito falante utilizando o código da língua, através de mecanismos psicofísicos (que são os atos de fonação) necessários à produção das combinações dos sons da fala. Distinção entre comunicação verbal e não-verbal: Comunicação verbal: que é expressa por meio de palavras, faladas ou escritas. Comunicação não-verbal: qualquer aspecto da comunicação que não envolve o emprego de palavras. Para isso, incluem-se os gestos, as feições, as imagens e sinais de trânsito. Importante! Signo, então, equivale a um todo resultante da associação de um significante (que é a imagem acústica) e de um significado (que é o conceito). Linguagens e Pesquisa 17 Esquema de Comunicação proposto por Roman Jakobson: Figura 2: Esquema de Comunicação de Jakobson Emissor = chamado também de locutor ou falante, o emissor é aquele que emite a mensagem para um ou mais receptores, por exemplo, uma pessoa, um grupo de indivíduos, uma empresa, dentre outros. Receptor = denominado de interlocutor ou ouvinte, o receptor é quem recebe a mensagem emitida pelo emissor. Mensagem = é o objeto utilizado na comunicação, de forma que representa o conteúdo, o conjunto de informações transmitidas pelo locutor, por isso. Canal de comunicação = corresponde ao local (meio) onde a mensagem será transmitida, por exemplo, jornal, livro, revista, televisão, telefone, dentre outros. Código = representa o conjunto de signos que serão utilizados na mensagem. Contexto = Também chamado de referente, trata-se da situação comunicativa em que estão inseridos o emissor e receptor. Linguagens e Pesquisa 18 Funções da Linguagem: Tomando por base essa compreensão do processo de comunicação, Jakobson propõe uma análise da linguagem a partir de suas funções. Essas funções vão ser identificadas segundo o papel de cada um dos elementos do esquema de comunicação. São funções da linguagem, de acordo com ele: 1 – Função expressiva – centrada no emissor 1 – Função conativa – centrada no receptor 2 – Função referencial – centrada no referente ou contexto 3 – Função fática – centrada no canal 4 – Função poética – centrada na mensagem 5 – Função metalinguística – centrada no código Figura 3: Elementos e funções da linguagem segundo Roman Jakobson Linguagens e Pesquisa 19 Seção 3 - Noção de Discurso: O ensino da leitura e da escrita no Cotidiano. Conceitos básicos sobre análise do discurso e seus impactos. A concepção que temos é a da língua como atividade discursiva. O discurso pode ser compreendido como a linguagem posta em ação – ou seja – o uso que as pessoas fazem da linguagem na interação com outras pessoas, num determinado contexto social. Ao adotar essa perspectiva, o ensino da escrita e da leitura se coloca como orientação para o aluno de como interagir em contextos específicos por meio da linguagem, mais do que o estudo do conjunto de elementos constitutivos da língua. A produção de textos – falados e escritos – passa a ser percebida como instrumento para dar sentido aos objetivos da comunicação. Portanto, o ensino da leitura e da escrita é o ensino das estratégias de leitura e construção dos textos de acordo com as intenções comunicativas de seus autores. A produção da escrita é pertinente a uma prática social. Na sociedade contemporânea os indivíduos atuam no mundo e sentem necessidade de comunicar suas ideias e mensagens aos outros. A produção de textos, no laboratório textual ou em oficinas, possibilita ao sujeito produtor do texto que expresse seus pensamentos, seus pontos de vista e construa seus argumentos sobre determinado assunto, em suas comunicações diárias, quer escrita ou quer falada. O produtor do texto, na construção de suas mensagens, deverá levar em consideração, segundo Ingedore Koch (op. cit), as inter-relações que são essenciais para garantir a coerência de um texto. Vejamos: Linguagens e Pesquisa 20 Você deverá ler, compreender e interpretar as inúmeras obras, revistas, filmes que circulam em seu cotidiano. Esses procedimentos de LEITURA são eficazes para o bom desempenho da ESCRITA e o desenvolvimento das habilidades de escrever, de argumentar, de pensar e de fundamentar seu ponto de vista na organização discursiva em diferentes modalidades: escrita ou falada. Outro fator importante para interpretação de um texto é a inferência. A produção da escrita está atrelada à produção da leitura, facultando ao leitor, pelo contato com textos escritos diversificados e pelas inúmeras leituras, um bom desempenho em suas produções textuais. Tais leituras possibilitam internalizar novos conhecimentos e desenvolver habilidades na organização discursiva, assim, a convivência com o universo de leituras levará o sujeito leitor ao efetivo domínio da escrita. Pode-se levar em consideração que, por meio da leitura, teremos o acesso à informação, além de favorecer um exercício de reflexão e análise das questões sociais, tornando a pessoa mais crítica e conhecedora de si e do outro. Observe o esquema a seguir: Inferência: é a dedução, a interpretação pelo raciocínio baseada em indícios, ou seja, inferência é opinião. Linguagens e Pesquisa 21 Explicando: O esquema anterior sintetiza o processo da produção da escrita e das atividades comunicativas; requer do sujeito produtor de textos uma leitura (informação) em que ele tenha compreensão e interpretação de suas leituras, com isso poderemos afirmar que o ato de escrever exige: o pensar e o refletir sobre algo, além de estimular “o criar”, o produzir de novos textos e de novas mensagens. Esse processo resulta na construção de diversos gêneros textuais (bilhete, carta pessoal, carta comercial, telefonema, notícia jornalística, editorial de jornais e revistas, atas, resenha etc.) e visa promover ainda, a interação social entre os indivíduos. Noções preliminares de Análise do Discurso A Análise do Discurso é o estudo em que se verifica a intenção presente na comunicação por meio da linguagem. É uma prática muito estudada no campo da Linguística, da Comunicação e de diversas áreas afins do conhecimento humano (Sociologia, Psicologia, Psicanálise, Direito, História). São várias as leituras possíveis de um texto. A Análise do Discurso busca então entender a intenção do texto por Linguagens e Pesquisa 22 meio de uma relação entre autor e contexto empregado. Esse tipo de análise surgiu na França, nos anos sessenta do século vinte, e focou seu interesse na intenção do discurso. O Discurso: Discurso é uma exposição metódica sobre determinadoassunto que objetiva influenciar o leitor ou o ouvinte. Sabe-se que as palavras transmitem informações explícitas e implícitas. O texto não deve ser analisado apenas em sua expressão sintática e semântica dos vocábulos. Há uma intenção por parte do autor que muitas vezes não se mostra claramente. Saber interpretar adequadamente essas intenções do discurso em suas diversidades é uma técnica que interessa a diversos profissionais e acadêmicos. Assim, a Análise de Discurso (mais conhecida como AD nos meios acadêmicos relacionados à linguagem) apresenta-se como uma disciplina cada vez mais presente no cenário das ciências humanas. Para saber mais: A linguagem é uma atividade humana que nos exige várias competências. Uma competência situacional, pois não há ato de linguagem que se produza fora de uma situação de comunicação. Isso nos obriga a levar em consideração a finalidade de cada situação e a identidade daqueles que se acham implicados e efetuam trocas entre si. Uma competência semiolinguística que consiste em saber organizar a encenação do ato de linguagem de acordo com determinadas situações (enunciativa, descritiva, narrativa, argumentativa) e, enfim, A competência semântica que consiste em saber construir sentido com a ajuda de formas verbais (gramaticais ou lexicais), recorrendo aos saberes de conhecimento e de crença que circulam na sociedade, levando em conta os dados da situação de comunicação e os mecanismos de encenação do discurso. Esse conjunto de competências constitui o que se chama de competência discursiva, e é fazendo-a funcionar que se produzem atos de linguagem portadores de sentido e de vínculo social. Linguagens e Pesquisa 23 Seção 4- Metodologia da leitura – Técnicas Básicas de leitura e Interpretação de Textos A demanda pela leitura e pelo domínio da linguagem escrita é cada vez maior. Nos últimos anos, as exigências impostas aos profissionais que procuram emprego são maiores. Exige-se do candidato as mais diversas funções, que demonstre, por exemplo, domínio da língua portuguesa, que seja um bom ouvinte, que tenha uma boa comunicação verbal, boa escrita, boa redação, facilidade de comunicação e um bom texto. O domínio da linguagem escrita é tido, atualmente, como condição para a produção e acesso ao conhecimento. Das grandes falhas na formação do estudante hoje, a mais flagrante está na inabilidade dos alunos com a leitura e interpretação de textos, ou seja, o aluno tem dificuldade para ler e interpretar textos mais complexos. Evanildo Bechara (2004, p. 694) em sua Gramática Escolar da Língua Portuguesa, nos propõe uma diferenciação entre Compreensão e Interpretação de textos. Vejamos a seguir o que diz Bechara: COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS COMPREENSÃO: Consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto. O enunciado normalmente assim se apresenta: 1. As considerações do autor se voltam para... 2. Segundo o texto está correta... 3. De acordo com o texto, está incorreta... 4. Tendo em vista o texto, é incorreto... 5. O autor sugere ainda que... 6. De acordo com o texto é certo... 7. O autor afirma que... Linguagens e Pesquisa 24 INTERPRETAÇÃO: Consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. O enunciado normalmente é encontrado da seguinte maneira: 1. O texto possibilita o entendimento de que... 2. Com o apoio no texto, infere-se que... 3. O texto encaminha o leitor para... 4. Pretende o texto mostrar que o leitor... 5. O texto possibilita deduzir-se que... O mesmo autor, Bechara (2004, p. 695), explica também sobre os três erros capitais que cometemos na análise de textos. Segue o texto do autor: TRÊS ERROS CAPITAIS NA ANÁLISE DE TEXTOS: 1. EXTRAPOLAÇÃO: É o fato de se fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que não está escrito. Muitas vezes são fatos reais, mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater somente ao que está relatado. 2. REDUÇÃO: É o fato de se valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua totalidade. Deixa-se de considerar o texto como um todo para se ater apenas à parte dele. 3. CONTRADIÇÃO: É o fato de se entender justamente o contrário do que está escrito. É bom que se tome cuidado com algumas palavras, como: “pode”, “deve”, “não”, verbo “ser”, etc. Não é apenas para o mundo do trabalho que esse conhecimento linguístico é importante. Ser um usuário competente da língua é fator primordial para a ampliação da participação social e exercício efetivo da cidadania. Linguagens e Pesquisa 25 Estratégias de leitura Dos caminhos a seguir, dois favorecem a intimidade dos alunos com o texto. São eles: ensinar a estabelecer previsão e inferência, estratégias que são invocadas na prática da leitura logo no primeiro contato com o texto, e que devem ser provocadas e incentivadas pelo professor na prática da leitura. A previsão e a inferência exigem que o leitor acione conhecimentos prévios, conhecimento de mundo, como ideias, hipóteses, visão de mundo e de linguagem sobre o assunto. Ângela Kleiman (2002), professora do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, diz que: “A leitura é uma atividade de procura do passado de lembranças e conhecimentos do leitor. O que orienta o ato de ler é a direção, a elaboração do pensamento e sua imagem de mundo”. TÉCNICA DE LEITURA Deve-se ler o texto antes de se olhar as perguntas, entretanto, muitas vezes, isso trará alguma frustração, pois o texto pode ser grande e complicado, fazendo com que, ao terminar a leitura, você já tenha esquecido o início; ou pode haver poucas perguntas sobre a ideia geral do texto, ou ainda as perguntas estarem ligadas a segmentos do texto bem específicos, o que tornaria mais complexo seu entendimento. Algumas dicas que ajudam para uma leitura mais eficiente: Sublinhe as partes importantes. Circule as palavras-chave. Anote detalhes importantes. Leia as partes mais complexas com bastante atenção, tentando entendê- las profundamente. Descubra qual a ideia básica do texto e estabeleça seu real objetivo, mesmo que tenha de reescrevê-los, à parte, com suas palavras. Linguagens e Pesquisa 26 AS PRINCIPAIS ARMADILHAS: Os enunciados das questões podem trazer algumas “armadilhas” ou “maldades” com a intenção de enganá-los. Assim, é bom conhecer alguns desses artifícios. Vejam: Atente para o que se pede: se for o certo, o errado, sobre o que está ou o que não está no texto, o que condiz etc. Veja se há algum não. Isso muda tudo toda a estratégia. Se houver a citação de algum parágrafo ou alguma linha, localize-o (a) com cuidado e marque-o (a). Se as linhas não estiverem numeradas, numere-as (de cinco em cinco). A interpretação é do texto, normalmente do autor, mas não da sua ideia (sua = do leitor). Cuidado com as palavras como exceto ou salvo, ou locuções como exceção de, pois elas mudam tudo. Quando se pedir a melhor resposta, é porque pode (deve) haver mais de uma possibilidade. Cuidado com as noções de causa e consequência. Atenção para as propostas de substituição de vocábulos ou expressões, pois seu uso tem de se encaixar perfeitamente no lugar do texto. Em provas discursivas, cuidado com o verbo de comando: transcreva, justifique, explique, sublinhe etc. Ainda em questões discursivas, muita atenção para a clareza e a objetividade da resposta. Ainda em Bechara (2004), encontramos os dez mandamentos para uma eficiente análise de textos. Acompanhe o que nos ensina o eminenteautor: Linguagens e Pesquisa 27 OS DEZ MANDAMENTOS PARA ANÁLISE DE TEXTOS: 1. Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contacto do assunto; a segunda para observar como o texto está articulado; desenvolvido. 2. Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma conclusão ou, ainda, uma falsa oposição. 3. Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia mais importante (tópico frasal). 4. Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do que foi pedido. 5. Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto etc., para não se confundir no momento de responder à questão. 6. Escrever, ao lado de cada parágrafo ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida neles. 7. Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu. 8. Se o enunciado mencionar tema ou ideia principal, deve-se examinar com atenção a introdução e/ou a conclusão. 9. Se o enunciado mencionar argumentação, deve preocupar-se com o desenvolvimento. 10. Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.). No entanto, como dissemos há pouco, não é apenas para o mundo do trabalho que o conhecimento da língua é importante, mas também para torná-lo um usuário competente, capaz de ampliar a sua participação social no processo de interação com o mundo que o cerca. Para isso, é preciso apropriar-se do conhecimento e de meios de produção e de divulgação desse conhecimento. É o que desejamos que você faça, caro aluno, com todas essas dicas acima. Linguagens e Pesquisa 28 Estratégias da Escrita Ler não é apenas decodificar, mas compreender as mensagens, pois circulamos e vivemos numa sociedade letrada. Vale o que está escrito. Parodiando o texto bíblico diríamos: “Bem-aventurados os homens de boa redação. Deles será o reino das diretorias”. NFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. Ed. Scipione, São Paulo, 1998, p. 248. É verdade! A escrita é essencial ao mundo contemporâneo, tendo em vista as práticas sociais das atividades comunicativas no dia a dia, uma vez que as nossas organizações e instituições são permeadas por textos escritos: Estatutos, Código Civil, PROCON, Leis, Outdoor, Receitas, Comunicação nas Empresas, Relatórios, enfim, por inúmeras mensagens que circulam socialmente. Assim, dependemos da escrita enquanto habilidade importante para o nosso sucesso profissional. Assim, estamos em consonância com as dicas de Lucília Garcez para desinibir ou eliminar os bloqueios do estudante, auxiliando-o na produção textual. Vamos conferir? “DICAS” PARA DESEMPENHO NA ESCRITA: 1º Passo: Resumos de leituras (revistas, jornais, livros, crônicas e contos). 2º Passo: Não ter “medo” de escrever. Acreditar que você é capaz de obter êxito na escrita. 3º Passo: Ler muito. Compreender e interpretar o que leu. 4º Passo: Valorizar seus argumentos e reconhecer que pela escrita interagimos com o mundo. 5º Passo: Motivação é a razão para escrever o texto: defender uma ideia, além de expressar um sentimento ou opinião sobre algo. 6º Passo: Correção gramatical. Escrever é um desafio, é luta... Uma via para compreender e desenvolver o ato de escrever é a Leitura. Recortamos algumas entrevistas de escritores que vivem de suas escritas, sendo o ato de escrever imprescindível em suas vidas. Linguagens e Pesquisa 29 Veja estes depoimentos: Clarice Lispector: Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo”. GARCEZ, Lucília H. do CARMO. (Técnica de redação. O que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes. 2008, 150p.) Segundo a autora Lygia Fagundes, o ato de escrever se resume: -Como você definiria o ato de escrever? -Uma luta. Uma luta que pode ser vã, como disse o poeta, mas que lhe toma a manhã. E a tarde. Até a noite. Luta que requer paciência. Humildade. Humor. Lembro-me de que estava num hotel em Buenos Aires, vendo na tevê um drama de boxe. Desliguei o som, ficou só a imagem do lutador já cansado (tantas lutas) e reagindo. Resistindo. Acertava, às vezes, mas tanto soco em vão, o adversário tão ágil, fugidio, desviando a cara. E ele ali, investindo, Insistindo: – mas o que mantinha o lutador em pé? Duas vezes beijou a lona. Poeira, suor, sangue. Voltava a reagir, alguém sugeriu que lhe atirassem a toalha, é melhor desistir, chega! Mas ele ia buscar forças sabe Deus onde e se levantava de novo, o fervor acendendo a fresta do olho quase encoberto pela pálpebra inchada. Fiquei vendo a imagem silenciosa do lutador solitário – mas quem podia ajudá-lo? Era a coragem que o sustentava? A vaidade? Simples ambição de riqueza, aplauso? (...) E de repente me emocionei: na imagem do lutador de boxe vi a imagem do escritor no corpo a corpo com a palavra. (Para gostar de ler. Vol. 9. São Paulo: Editora Ática, 3ª. Ed. 1988, p7). Linguagens e Pesquisa 30 Seção 5 - Trabalhando as normas linguísticas na construção dos textos: Significação das palavras. A Semântica e o sentido das palavras. Agora, prezado aluno, você irá estudar a semântica, parte da gramática que estuda o significado das palavras, com o objetivo de ajudá-lo na sua produção textual e na interpretação de um texto. Vamos, então, ao estudo semântico das palavras. CAMPOS SEMÂNTICOS As palavras são relacionadas e associadas de várias maneiras pelo sentido, resultando na construção de um campo semântico. Exemplo 1 Dica! Estude e consulte uma Gramática indicada na nossa bibliografia. Linguagens e Pesquisa 31 Exemplo 2: POLISSEMIA Consiste no emprego de significados variados de acordo com o co6ntexto. Em nossa língua, muitos vocábulos apresentam mais de um significado, o qual só é apreendido quando se analisa o contexto. Quando isso ocorre, dizemos que o vocábulo é polissêmico. Inúmeros são os vocábulos polissêmicos. Observe: Exemplo: 1 - A esperança pousou na janela. 1 - Chegando à janela vi o céu azul e tive a esperança de dias melhores. Veja que se trata do uso da palavra esperança com mais de um sentido, em diferentes contextos. Mais exemplos: 3 - A manga da camisa está suja. (parte da vestimenta) 4 - Todos gostam muito de manga. (fruta) 5 - O prato é de porcelana. (peça de louça) 6 - O prato está delicioso. (comida) Todas essas palavras acima são polissêmicas. Linguagens e Pesquisa 32 SINONÍMIA (OU SINÔNIMOS) Quando duas ou mais palavras têm o mesmo significado em um determinado contexto. São palavras diversas na escrita, mas semelhantes ou idênticas na significação. Exemplo: 1 - O diretor cumprimentou aos alunos pela gincana. 2 - O diretor fez a saudação aos alunos pela gincana. Observe a substituição de cumprimento por saudação, sem alterar o sentido da frase. Veja mais alguns sinônimos: Olhar = ver / habitar = morar / colóquio = diálogo / cara = rosto / bonito = belo ANTONÍMIA (OU ANTÔNIMOS) Consiste no emprego de palavras de sentido contrário, oposto. Exemplo: 1 - A jovem era destemida. 2 - A jovem era medrosa.Observe a substituição de destemida por medrosa, com alteração do sentido da frase. Veja outros antônimos: Bonito = feio / alegre = triste / natural = artificial / ignorância = sabedoria DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO: O sentido literal ou denotativo costuma ser entendido como o sentido do dicionário. Quanto ao sentido figurado, este é compreendido como o não- convencionalizado, ou seja, como o sentido metafórico. Por esta dicotomia, costuma-se associar a conotação ao uso do cotidiano da língua, que representaria um uso mais polissêmico, em oposição à denotação, em que se Linguagens e Pesquisa 33 emprega a palavra no seu sentido real, literal, dicionarizado. Essa é, aliás, um critério muito utilizado nas escolas para fazer a distinção entre o texto literário e o texto jornalístico, por exemplo. É preciso chamar a atenção, contudo, para o fato de a denotação e a conotação não serem fenômenos restritos a este ou aquele gênero textual. Exemplos: 1 – Está frio aqui. (sentido próprio) - denotação (Temperatura) 2 – Ele é um homem frio. (sentido figurado) - conotação (Insensível) 3 – Maria comprou uma flor vermelha para a sua mãe. (sentido real) – denotação. (Uma rosa) 4 – Maria é uma flor de menina. (sentido figurado) conotação (Uma metáfora: pessoa bonita, singela) Seção 6 – Elementos de Coesão e Coerência Textuais. ● PRINCIPAIS MECANISMOS DE COESÃO O encadeamento de ideias é responsável pela coerência de um texto. A coesão textual é a conexão linguística que permite a amarração das ideias do texto. Linguagens e Pesquisa 34 Segundo o dicionário eletrônico Aurélio Século XXI, coesão significa “união íntima entre as partes de um todo”. Apesar de constituírem fenômenos distintos, coesão e coerência são complementares na construção de sentido dos textos, pois enquanto a coerência se manifesta no plano do conteúdo, do encadeamento das ideias, a coesão se manifesta no plano da superfície do texto, isto é, nas relações linguísticas tais como nos empregos de conectivos, conjunções, advérbios, pronomes, sinônimos etc. A coesão textual pode ser conseguida mediante quatro procedimentos gramaticais elementares: A - Substituição: quando uma palavra ou expressão substitui outras anteriores: O Rui foi ao cinema. Ele não gostou do filme. B - Reiteração: quando se repetem formas no texto: “E um beijo?! E um beijo do seu filhinho?! ” — Quando dará beijos o meu menino?! A reiteração pode ser lexical (“E um beijo”) ou semântica (“filhinho” /”menino”). C - Conjunção: quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com outros antecedentes por meio de conectores gramaticais: O cão da Teresa desapareceu. A partir daí, não mais se sentiu segura. A partir do momento em que o seu cão desapareceu, a Teresa não mais se sentiu segura. Vejamos que alguns mecanismos de coesão ocorrem por: Retomada gramatical: (pronomes, artigos, numerais, advérbios) Retomada lexical: (substantivos, adjetivos, verbos) Retomada elíptica: (elipse ou ocultamento) Repetição: (lexical e sintática) Encadeamento argumentativo: (com o emprego de operadores discursivos) Justaposição: (sem sequenciadores) Linguagens e Pesquisa 35 Exemplo: Coesão por Elipse (Eu) Conheci Eduardo Wanderley no Festival de Cinema em Gramado. (Ele) Era um ator excelente que morava no Chile há quinze anos. (O artista) Aprecia o cinema da América Latina. Exemplo: A coesão por advérbios Gramado é, por excelência, a terra de novos talentos do cinema. Lá acontece todos os anos o Festival do Cinema Brasileiro. Lá = advérbio (ocorre a substituição da palavra Gramado pelo advérbio lá). Exemplo: Repetição (lexical e sintática) Paulo comprou um automóvel. O carro é o último modelo da categoria. Importante! Você deverá ficar atento aos mecanismos de coesão para garantir clareza e concisão das ideias, em sua organização discursiva. Agora, veremos a coesão por elipse. A retomada por elipse é muito comum na comunicação escrita ou falada para garantir a coesão dos textos. Vamos conferir! Importante! Você deverá consultar e estudar na bibliografia indicada os principais mecanismos de coesão para garantir a qualidade do seu texto por meio da unidade de sentido. Linguagens e Pesquisa 36 ● A COERÊNCIA: Coerência: três definições envolvendo autores diferentes. ● “Uma complexa rede de fatores de ordem linguística, cognitiva e interacional”. (Ingedore Koch) ● “A relação que se estabelece entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido”. (José Luiz Fiorin) ● “Conexão, a união estreita entre várias partes, relações entre ideias que se harmonizam, ausência de contradições. É a coerência que distingue um texto de um aglomerado de frases”. (José Luiz Fiorin e Francisco Platão Savioli) Alguns autores apontam alguns tipos de coerências, a saber: coerência semântica, coerência sintática, coerência estilística e coerência pragmática. A – COERÊNCIA SEMÂNTICA: Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência; a incoerência aparece quando esses sentidos não combinam, ou quando são contraditórios. Exemplo: “Educação, problema universal que por direito todo indivíduo deve ter acesso.” Explicando: A inadequação deve-se ao fato de não ficar claro qual é o antecedente do pronome que. Da maneira como foi escrita a frase, o antecedente é problema universal, e, neste caso, a incoerência semântica está na não combinação entre os sentidos de ter acesso e problema. É muito mais provável que o autor desta frase tenha pensado que todo indivíduo deve ter acesso à educação, mas, da forma como ordenou as palavras, causou ambiguidade com relação ao antecedente do que. Linguagens e Pesquisa 37 B – COERÊNCIA SINTÁTICA: Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos, pronomes etc. Exemplo: Na verdade, essa falta de leitura, de escrever, seja porque tudo já vem pronto, mastigado para uma boa compreensão, não precisando pensar, Explicando: Vários problemas são encontrados nesta frase. O primeiro é o não paralelismo entre leitura (substantivo) e escrever (verbo). Seria necessário dizer falta de ler, de escrever ou falta de leitura, falta de treino de escrita. Outro problema é o emprego da conjunção “seja”. Ela é normalmente usada para apresentar mais de uma alternativa: seja porque tudo já vem pronto, seja porque não há estímulo por parte dos professores. Usada isoladamente, ela perde seu sentido alternativo. Há, ainda, a ausência de um predicado para o sujeito “essa falta de leitura”. A frase ficou fragmentada. C – COERÊNCIA ESTILÍSTICA: Este tipo de coerência não atrapalha, significativamente, a interpretação do texto. Ele está relacionado à mistura de registros linguísticos. É recomendável que quem escreve se mantenha em um estilo relativamente uniforme. No entanto, a alternância de registros pode ser um recurso estilístico utilizado pelo escritor, pelo poeta ou artista em geral. Leia este poema de Manuel Bandeira: Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você e te jurar uma paixão do tamanho de um bonde Se ele chorar Se ele ajoelhar Se ele se rasgar todo Não acredita não Teresa É lágrima de cinema É tapeação Mentira CAI FORA! Linguagens ePesquisa 38 Explicando: O autor procede como se estivesse falando, aconselhando alguém, advertindo sobre uma possível “cantada”. Há mistura de tratamento (tu/você), mistura de registros, pois o autor utiliza várias expressões da linguagem oral, de fora coloquial, como “do tamanho de um bonde”, “se ele se rasgar todo”, “cai fora”, ao mesmo tempo em que emprega o futuro do subjuntivo, tempo mais comum num registro mais cuidado. D – COERÊNCIA PRAGMÁTICA: Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Para haver coerência nesta sequência, é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte. Quando uma pessoa faz uma pergunta a outra, a resposta pode-se manifestar por meio de uma afirmação, de outra pergunta, de uma promessa, de uma negação. Qualquer uma dessas sequências seria considerada coerente. Por outro lado, se o interlocutor não responder, virar as costas e sair andando, começar a cantar, ou mesmo dizer algo totalmente desconectado do tema da pergunta, estas sequências seriam consideradas incoerentes. Exemplo: Esta frase foi ouvida recentemente em um programa de televisão: “Me inclui fora dessa.” Explicando: Parece que o emissor não conhece o sentido do verbo incluir, que certamente não pode ocorrer combinado com fora. Ou então, usa expressamente o advérbio fora para explicar sua intenção de não ser incluído em algum projeto. Saiba mais: A- Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto; a coesão é a associação consistente desses elementos. B- coerência e coesão são níveis distintos de análise. A coesão diz respeito ao modo como ligamos os elementos textuais numa sequência; a coerência não é Linguagens e Pesquisa 39 apenas uma marca textual, mas diz respeito aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos elementos textuais. C- A falta de coerência em um texto é facilmente percebida por um falante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de imediato a coerência de um discurso. A competência linguística combina-se com a competência textual para possibilitar certas operações simples ou complexas da escrita literária ou não-literária: um resumo, uma paráfrase, uma dissertação a partir de um tema dado, um comentário a um texto literário etc. D- A coerência e a coesão contribuem para conferir textualidade a um conjunto de enunciados. Assim, a coerência, manifestada em grande parte no nível macrotextual, é o resultado da possibilidade de se estabelecer alguma forma de unidade ou relação entre os elementos do texto. E a coesão, manifestada no nível microtextual, refere-se ao modo como os vocábulos se ligam dentro de uma sequência. Seção 7: Linguagem, Processos comunicativos, formas e tecnologias e Aspectos comunicacionais em meios multimídias. A IMPESSOALIDADE DO TEXTO Ao trabalhar a construção do texto deve-se usar uma maneira de evitar o caráter subjetivo e pessoal com as seguintes formas: Linguagens e Pesquisa 40 a) Empregar o verbo na primeira e na terceira pessoas do plural, com o objetivo de não realçar a subjetividade da primeira pessoa, de modo explícito. O produtor de texto deve usar as expressões que são conhecidas como plural de elegância. Exemplos: Procuramos demonstrar... Nossas conclusões... Procuramos afirmar... Deduzimos... b) Devemos EVITAR a presença da subjetividade explícita, conforme as expressões abaixo: Exemplos: Minha conclusão... Esta é a minha opinião... Procurei demonstrar... As Comunicações Oficiais e a Normatização Gramatical Nesta seção, estudaremos as mais importantes comunicações oficiais. A Redação Oficial é o conjunto de normas e práticas que regem a emissão de atos normativos de comunicação entre os diversos organismos do poder público e/ou suas relações com entidades privadas e com os cidadãos. Veremos, ainda, a importância do uso da gramática normativa da língua que contribui para a produção de textos claros, objetivos, coesos e coerentes. Vamos lá? Linguagens e Pesquisa 41 Nosso objetivo é que você conheça os modelos necessários para poder redigir, corretamente, os textos mais comuns ligados a normas oficiais vigentes e documentos empresariais utilizados como instrumentos fundamentais de comunicação, marketing e controle externo e interno. Entende-se por redação oficial o conjunto de normas e práticas que devem reger a emissão dos atos normativos e comunicações do poder público, entre seus diversos organismos ou nas relações dos órgãos públicos com outras entidades, públicas ou privadas e os cidadãos. Podemos agrupar os textos produzidos dentro das normas de redação oficial em duas categorias: 1ª) correspondência: aqui estão o ofício, o memorando, o requerimento, o telegrama, o fax, o e-mail. 2ª) documentos: aqui estão a ata, a certidão, a portaria, a procuração, o relatório, o decreto. Todos os textos pertencentes às duas categorias acima estão no campo da linguagem escrita, por isso, devem ter as qualidades e características exigidas do texto escrito destinado à comunicação impessoal, objetiva, clara, correta e eficaz. Nem sempre temos liberdade na hora de escrever alguns textos. É o que acontece, por exemplo, com essas modalidades; devemos, assim, entender o caráter formal e a obediência as regras específicas desses textos. É bom ressaltar, de antemão, que na produção dos textos que vamos estudar aqui a linguagem deve ser: ● em consonância com o padrão culto do idioma: quanto a seleção vocabular, à estrutura gramatical das orações, à ortografia, acentuação gráfica etc. ● impessoalidade, ou seja, isento de qualquer impressão pessoal de quem o está produzindo. Não cabe aqui a presença do “eu” enunciador, sentimentos ou opiniões. ● objetividade: evitar a redundância em palavras, expressões e saudações exageradamente enfáticas. O conteúdo deve ser expresso de maneira clara e em poucas palavras. O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo, o objeto da informação. Linguagens e Pesquisa 42 ● clareza e concisão: atualmente, a velocidade que se impõe a tudo o que se faz, inclusive o ato de ler e escrever, torna a clareza e concisão uma qualidade indispensável também nesse tipo de redação. ● formalidade e padronização: as comunicações oficiais e empresariais impõem um tratamento polido e respeitoso. Vale lembrar o uso dos pronomes de tratamento, os vocativos que em algumas instâncias do poder se tornaram inevitáveis. Entende-se que essa formalidade tem por consideração o cargo, a função, e não a pessoa daquele que exerce. Outro aspecto da formalidade na redação oficial é a necessidade prática a padronização; assim, há prescrições quanto à diagramação, espaçamento, caracteres tipográficos etc., em modelos como ofício, requerimento, memorando, procuração e outros que passaremos a ver agora. I. A correspondência empresarial moderna: O E-MAIL Atualmente, a correspondência empresarial via e-mail tem sido o principal meio de comunicação entre a empresa e seus fornecedores e usuários, devido à dinamicidade exigida pelas organizações modernas. Assim, verifica-se a necessidade de um cuidado cada vez maior para adequar o vocabulário ao conteúdo da mensagem, uma vez esse tipo de correspondência empresarial não é apenasum meio de comunicação, mas também um instrumento de marketing e de controle, conforme indica Gold (2010, p. 161): A correspondência empresarial é a responsável pela imagem da organização diante de seu público, interno ou externo, e se insere na realidade de um mercado competitivo em que todas as nuances de comportamentos adquirem sentido; de controle porque cristaliza informações e responsabilidades. Assim, as informações transmitidas por e-mail, quando dirigidas a um cliente externo, devem respeitar a formalidade exigida pela situação, empregando as qualidades para a produção de um bom texto de redação oficial vistas acima. Linguagens e Pesquisa 43 Certamente que não podemos misturar a informalidade usada diariamente em nossas comunicações diárias pessoais com o e-mail profissional em que será mantido as mesmas regras de uma carta tradicional. Seja qual for o caso, é importante ressaltar que a formalidade ou informalidade será sempre determinada pelo assunto tratado e pelo destinatário da mensagem. Seguem alguns exemplos de e-mails e como há a flexibilidade na informalidade de acordo com a situação e o destinatário das mensagens: Exemplo 1: Para: Cc: Assunto: Enviar: Pessoal, Estou confirmando nossa reunião de quinta-feira, às 14 horas. Não se atrasem, pois temos vários assuntos para analisar. Vocês estão sabendo que as conclusões deverão ser apresentadas à diretoria na próxima segunda-feira, portanto, tragam já os assuntos estudados. Um abraço, Teresa. Linguagens e Pesquisa 44 Exemplo 2: Para: Cc: Assunto: Enviar Pessoal, Vocês não podem se atrasar pra reunião de 5ª feira, às 14 horas. Temos vários assuntos pra analisar. Tragam esses assuntos já estudados. OK? Um abraço, Teresa. Exemplo 3: Para: Cc: Assunto: Enviar: Equipe, Estou confirmando nossa reunião de quinta-feira. Solicito que não se atrasem, pois temos vários assuntos para analisar. Como as conclusões serão apresentadas à diretoria na próxima segunda-feira, tragam os assuntos já estudados. Atenciosamente, Teresa. Fonte: GOLD, Miriam. Redação Empresarial. 4ª ed. – São Paulo: Pearson, 2010 Linguagens e Pesquisa 45 Problemas sobre a utilização do e-mail em mensagens empresariais: 1 – Excesso de informalidade: muitas vezes o assunto é redigido como se fosse uma mensagem de cunho pessoal, utilizando uma linguagem bem próxima à da oralidade, o que pode ocasionar má organização das ideias e falta de clareza na exposição do assunto. 2 – Erros gramaticais: além de comprometer à imagem de quem redigiu, prejudica a comunicação da empresa com o cliente, tornando a mensagem confusa, obscura e, muitas vezes, incoerente. Lembre-se: Embora informal, o texto é um documento empresarial. II. O Requerimento: O requerimento é um documento utilizado especificamente para solicitar algo a que o requerente tem direito, ou pressupõe que tem, a uma pessoa física, de hierarquia superior, ou a uma autoridade. As principais características do requerimento são: a) Vocativo: (Senhor Diretor...), através do qual se indica o cargo ocupado pelo destinatário. b) O texto do documento, que costuma vir depois de um espaço de sete centímetros, aproximadamente, em que o requerente apresenta seus dados, o pedido propriamente dito, introduzido pelos verbos requere, solicitar; e a justificativa do pedido. c) Deve ser escrito sempre em terceira pessoa, isto é, devemos falar de nós mesmos como se fôssemos outra pessoa. d) O fechamento do requerimento é bem específico, veja: Linguagens e Pesquisa 46 Nestes Termos N.T. Pede Deferimento P.D. Espera Deferimento E.D. e) Indicação do local e da data, seguida da assinatura do requerente. f) Uso dos pronomes de tratamento (V.Sª, V. Exª etc.) Exemplo: Senhor Diretor do Colégio Estadual Padre Anchieta 7 cm José Maria, aluno regularmente matriculado no 3º ano do Ensino Médio desse colégio, no período da manhã, vem requerer a V. Sr.ª a transferência para o período noturno em virtude da incompatibilidade com o horário de trabalho recentemente iniciado. 2 cm Nesses termos, Pede deferimento. Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2012. ____________________________________________________ José Maria Ramos Linguagens e Pesquisa 47 III. Procuração: A procuração é um documento por meio do qual uma pessoa autoriza outra a agir ou praticar atos em seu nome, dando-lhe plenos poderes para representá-lo em uma circunstância específica. Ela só terá validade se a assinatura vier com firma reconhecida. A procuração pode ser pública ou particular. O presente documento é composto de: título (Procuração); qualificações do mandante e do mandatário como nome, nacionalidade, estado civil, profissão, CPF e residência. Seguindo estes itens, virá a parte onde o outorgante declara a finalidade da procuração e autoriza o procurador a praticar os atos aos quais está sendo nomeado. Finalmente, deverá apresentar a data e a assinatura do outorgante. Exemplo de procuração particular. PROCURAÇÃO (nome)...................., (nacionalidade) .................., (estado civil) ..........., (profissão)................., residente na ............... (cidade) ............, (estado).............., portador do RG nº ................, CPF nº................, pelo presente instrumento de procuração constitui e nomeia seu bastante procurador (nome) .........., (nacionalidade)..........., (es. Civil)........., (profissão)............, residente na ............. (cidade) .........., (estado)............., portador do RG nº ..........., CPF nº............., para ................................................................................................................................... específico ............................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................ podendo, para tanto, realizar todos os atos necessários para este fim. (cidade)..............., (dia) ..... de (mês...... de (ano) (assinatura)...................................................... (Firma reconhecida) Linguagens e Pesquisa 48 IV. Ofício: O ofício é uma forma de correspondência oficial externa usada por órgãos do serviço público. Atualmente, é usado também como correspondência protocolar entre entidades públicas ou particulares, sua finalidade é informar com o máximo de clareza e precisão o assunto em questão, utilizando-se o padrão culto da língua portuguesa. Características do Ofício: (padronização recomendada pela Secretaria de Administração Federal) 1 – Deve-se respeitar os espaços de margem esquerda (3 cm) e na direita (2 cm), aproximadamente. 2 – O número do Ofício deve ser escrito à esquerda, no alto da folha, na mesma linha,à direita, vem a indicação do local e a data. Há ponto final após a data. 3 – Depois de um pequeno espaço, vem o Vocativo com que nos dirigimos ao destinatário (Senhor + Cargo – em maiúscula do destinatário): Senhor Diretor, Senhor Secretário, Senhor Embaixador etc. 4 – No encerramento, usam-se expressões simples como: Respeitosamente (para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República), Atenciosamente (para autoridade da mesma hierarquia ou de hierarquia superior) 5 – O sinal de pontuação que se segue ao fecho é, obrigatoriamente, a vírgula. Linguagens e Pesquisa 49 Exemplo de Ofício: Dados completos da Instituição ou Órgão: Secretaria de /Departamento / Setor/ Entidade/ Colégio Endereço para correspondência Telefone e endereço de e-mail 5 cm Ofício nº 001/2012/DG Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2012. A Sua Excelência o Senhor Secretário de Educação (nome) Rio de Janeiro – RJ Assunto: Convite Senhor Secretário Temos o prazer de anunciar a V. Exª que, no próximo dia 15 de outubro, às 10 horas, será aberta neste Colégio uma Feira Literária em que os alunos apresentarão um Sarau com a leitura de seus textos poéticos. Será para nós uma grande honra se V. Exª puder prestigiar essa iniciativa pedagógica com a sua presença em nossa Instituição de Ensino. Respeitosamente, ______________________________ José Maria Ramos (Diretor) Linguagens e Pesquisa 50 V. Memorando O memorando é uma modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem ter ou não a mesma hierarquia. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna. Características: 1 – Numeração para controle interno; 2 – A data deve figurar na mesma linha do número e da identificação do memorando; 3 – O destinatário do memorando é mencionado pelo cargo que ocupa. 4 – Quanto ao emissor, já foi mencionado na numeração e virá explícito na assinatura. 5 – O assunto esclarece o teor da comunicação 6 – O texto segue o mesmo padrão do ofício. 7 – O fecho também segue a mesma normatização que o ofício. 8 – Os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento. Linguagens e Pesquisa 51 Exemplo: Nome da Instituição 5 cm MEMORANDO Mem. 001/DP Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2012. Ao Sr / Srª Chefe do Departamento De Pessoal Assunto: Redução de Carga Horária Venho por meio deste solicitar a redução da carga horária por mim realizada nessa Instituição a partir do segundo semestre de 2018, por motivos pessoais. Atenciosamente, _________________________________________________ Prof.ª Maria Luzia Paiva de Andrade Matricula: (nº) Linguagens e Pesquisa 52 Aspectos Comunicacionais em meios multimídias O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação, as TICs, seja ela presencial ou a distância, tem como objetivo principal o próprio aluno. Nesse contexto, torna-se necessário avaliar as necessidades, as possibilidades e o contexto de vida do aprendiz, além, é claro, da necessidade profissional na qual está inserido. Um bom projeto pedagógico de educação é aquele que prioriza sempre, em primeiro lugar, a aprendizagem dos alunos, e oferece um modelo pedagógico que possibilite o acesso à informação e à comunicação por meio de estratégias de interação e da integração das diversas mídias, que contemplem uma diversidade de atividades, linguagens e textos que dialoguem em constante interação através de vários recursos de multimídias como imagens, gráficos, animação, áudio, textos etc. Recursos multimídia é a combinação de textos, fotografia, gráfico, vídeo, áudio e animação associados, normalmente, a um computador pessoal, o que permite a interatividade do usuário com o equipamento, ampliando o acesso à informação. Desse modo, a interatividade torna-se o elemento principal para o trabalho com a virtualidade; sem essa possibilidade o espaço virtual ou os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) perde o movimento que impulsiona a sua atualização constante. Para saber mais sobre Redação Oficial, pesquise: GOLD, Miriam. Redação Empresarial. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. TUFANO, Douglas. Estudos de Redação. São Paulo: Moderna, 1996. MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental: para cursos de contabilidade, economia e administração. 4ª ed. – São Paulo: Atlas, 2000. Linguagens e Pesquisa 53 Com o aperfeiçoamento das TIC’s, as interações a distância têm sido cada vez mais eficientes promovendo uma aproximação, ainda que as pessoas estejam espaço-temporalmente distantes. Podemos dizer que essas tecnologias aproximam as pessoas, possibilitando que elas interajam e, assim: comuniquem, ensinem e aprendam com eficácia considerável (Cf. BARROS, 2007, p. 45). Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA Como se sabe, na modalidade educação a distância o processo de ensino e aprendizagem não se faz por intermédio da sala de aula física, tal qual o modelo presencial. São, portanto, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) que permitem a mediação e o gerenciamento de todo o processo de ensino nos cursos a distância. Caracteriza-se, portanto, como ambientes virtuais de aprendizagem ou na sua abreviação AVAs aqueles “sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação” (THING, 2003, p. 78). Linguagens e Pesquisa 54 Qual seria a função mesma desses ambientes? A tarefa fundamental do AVA na perspectiva de Côrrea (2007, p.56) “consiste em integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentando informações de maneira organizada ao “desenvolver interações entre os alunos e tutores e objetos de conhecimento, além de elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos”. Trata-se de sala de aula virtual composto de interfaces ou ferramentas decisivas para a construção da interatividade e da aprendizagem dos cursos a quem se destina. Nela acomodam-se o web-roteiro com sua rede de conteúdos e atividades propostos pelo profissional que desenha o conteúdo, bem como acolhe a atuação dos alunos e do tutor/professor, seja individualmente, seja de modo colaborativo (Cf. CÔRREA, 2007, p. 23). Conseguiu compreender? Vamos pensar de forma específica: O AVA possui como objetivo fundamental facilitar as atividades didáticas pedagógicas para o processo de ensino e aprendizagem. De uma forma geral, tais ambientes de aprendizagem são constituídos pela seguinte estrutura: Conteúdo, Atividades, Recursos, Chat, Fórum, E-mail, Avaliação. Cada um desses recursos possui um papel especial na forma de condução da aprendizagem, como também na interação entre o tutor e o aluno tornando o aprendizado algo dinâmico e enriquecedor (Cf. KENSKI, 2003, p. 78). Atualmente, existem inúmeras ferramentas que se propõem a dar suporte para processos de ensino e de aprendizagem baseados na Web tanto originárias do meio acadêmico, quanto do meio comercial. Cada uma delas possui de forma implícita ou explícita concepções sobre como ocorre o processo de ensino e de aprendizagem. Neste contexto, várias organizaçõesvêm produzindo e disponibilizando o AVA no ciberespaço com formatos e custos que variam e se adequam as necessidades dos seus respectivos educadores virtuais pelo fato de possibilitarem fácil manuseio e controle de aulas, discussões, apresentações, sobretudo, as atividades potencialmente educacionais de forma virtual. Ciberespaço: Este termo tem sua origem em William Gibson, em 1984, no livro Neuromancer, refere-se a um espaço virtual composto por cada computador e usuário conectados em uma rede mundial. Trata-se de uma espaço virtual presente em “potência” e desterritorializante. Linguagens e Pesquisa 55 O emprego das Tecnologias e Comunicação e Informação em contextos educacionais. Considerando a Educação um processo de organização da informação e que a comunicação apoia este processo, torna-se essencial para uma educação de qualidade que a comunicação se dê também com qualidade. Assim, a partir de agora, para que o emprego das tecnologias vá além de simplesmente transmitir, pedimos a vocês que ampliem o entendimento do que é aprender. Ora, sabemos que a aprendizagem se dá por meio de processos cognitivos, sociais e culturais, e que a tecnologia e o professor apenas contribuem para que ela se consolide. Desta forma, informações e conhecimentos necessitam ser processados pelos indivíduos para que se tornem aprendizado. Se o homem e as tecnologias são meios para que os alunos aprendam, a utilização dessas tecnologias será eficiente se as escolhas destas forem adequadas e planejadas. Portanto, tarefas como ler, ouvir, pesquisar e desenvolver uma atividade são diferentemente tratadas num ambiente virtual. Mas como utilizar as tecnologias TICs? Pergunta difícil, não? Melhor que as conheçamos antes. Para não esquecer... A “sociedade da informação” se caracteriza por ter desenvolvido o processamento e a velocidade de transmissão das informações. O que não significa que toda a informação seja transformada imediatamente em conhecimento. A produção do conhecimento implica um processo de ensino, ou seja, processo de aprendizagem, que consiste na apropriação das informações, conhecimentos, habilidades e atitudes, por parte de quem recebe a informação. Ferramentas de Comunicação voltadas à EaD Vimos que os recursos didáticos da EAD estão ampliando as formas de pensar, aprender e ensinar. E que a o uso da tecnologia na Educação é benéfico, pois, permite momentos distintos para que haja interação entre os participantes de um curso. Linguagens e Pesquisa 56 Apontamos aí uma das vantagens principais do uso das tecnologias no processo educativo que são as várias possibilidades de interação. Na educação a distância, ou nos momentos a distância de cursos semipresenciais, a comunicação e a interação são as bases para o sucesso da aprendizagem. Desta forma, as atividades devem se apresentar ricas em sistemas síncronos e assíncronos, pois estes despertam o interesse do aluno em fazer parte do grupo de aprendizagem e também colaborar, expondo seu conhecimento. Para não esquecer: Assíncronos – são os serviços cujo tempo de envio e recepção de mensagens exigem um determinado período de tempo. Este tempo vai depender do recurso utilizado e do tamanho das mensagens. Síncronos - são os serviços que exigem que os interlocutores estejam conectados ao serviço ao mesmo tempo para que haja comunicação. A comunicação é “instantânea”. A seguir algumas possibilidades de ferramentas assíncronas: 1. A World Wide Web – WWW – é o serviço que popularizou a internet. Permite a visualização de páginas com hipertextos (palavras ligadas a outras páginas) com multimídia (hipermídia). Embora seja assíncrono, este serviço pode ter características síncronas; 2. FTP e download – possibilita a transferência de arquivos de um ponto a outro. Possui dois tipos de acesso: o anônimo (download) e o total. O acesso total do FTP só é permitido para quem possui conta. Nesse tipo de acesso, o usuário pode manipular os arquivos, ou seja, apagar, criar e excluir diretórios. 3. E-mail, web mail, ou correio eletrônico – apresentam as seguintes características na EAD: permitem a rápida comunicação e incrementam a troca de mensagens escritas entre todos os participantes dos cursos; permitem o envio de arquivos, em qualquer formato, anexados às Linguagens e Pesquisa 57 mensagens (geralmente, o feedback do professor chega por e-mail); o uso da caixa postal individual facilita a organização dos estudos dos alunos; facilita o uso e o acesso à informação, assim favorecem a construção do conhecimento que se dá pela interação; por ser assíncrono, permite a análise cuidadosa das mensagens antes de serem respondidas (interação mais ponderada entre instrutor e alunos). 4. Lista de discussão - recurso utilizado em EAD, funciona através de e- mail. Por esta ferramenta se veiculam mensagens de interesse dos grupos participantes dos cursos. 5. Grupos de discussão no fórum – permite que as mensagens enviadas sejam organizadas hierarquicamente, podendo ser lidas por meio da página da internet em que o fórum está localizado. O que diferencia os grupos das listas de discussão, é que nos grupos não necessitamos de e- mails para acessá-los. Vejamos algumas possibilidades de ferramentas síncronas: 1. Chat ou Bate papo – é um recurso de comunicação que pode ser utilizado pelos grupos para discutirem um tema pré-estabelecido pelos seus membros, que seja significativo para o conteúdo do curso e/ou aprendizado. Esta ferramenta permite conversas síncronas e textuais em um curso. O chat é eficiente nas seguintes situações: integrar o grupo; sanar dúvidas dos alunos (podem ocorrer antes de avaliações presenciais e/ou a distância); para que se discuta um trabalho (com ou sem mediação). Para que seja eficaz, o chat deve seguir algumas regras: os grupos não devem ser muito grandes. Os grupos devem ter de 5 a 7 pessoas; a discussão deve ser dirigida, ou seja, baseada num tema de interesse do curso; o moderador não deve deixar a discussão ser desviada do tema inicialmente proposto; se possível, um relator deve elaborar um relatório do evento e disponibilizá-lo para o grupo participante; é interessante que se crie um arquivo das conversas para análise Linguagens e Pesquisa 58 posterior; deve-se agendar data e hora de início e término que seja comum ao grupo e buscar comprometimento dos participantes no que diz respeito ao cumprimento da agenda; aconselha-se também que se evitem temas muito teóricos e/ou polêmicos. 1. Telefone - mídia individual que oferece comunicação interativa em tempo real. É usado, sobretudo, para o esclarecimento de dúvidas dos alunos. 2. Skype – permite a comunicação pela Internet através de conexões de voz (mensagens instantâneas, videoconferências e/ou realizar ligações do computador para um telefone fixo ou celular com tarifas. 3. Transmissão de aulas, palestras, etc., com interação direta via satélite (teleconferência) – transmitida via satélite e com recepção através de antena parabólica conectada à televisão, oferece aos participantes possibilidades de interação e participação ativa no processo formativo. Um modelo de teleconferência é apresentação por um conferencista, dirigida por perguntas dos telespectadores. A teleconferência é muito usada na EAD pois evita que um mesmo curso seja repetido em mais de um local. Apontamos as seguintes vantagens da teleconferência: conveniente para o ensino de grupo; torna a presença e interatividade em tempo real; atende a um número elevado de alunos;
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