Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anna Beatriz Carvalho Araújo Patologia UNICAP – MED XV Angiogênese e Reparação Conceitos Importantes: • Atividade proliferativa tecidual: o Os tecidos do corpo humano são divididos em 3 grupos baseados na atividade proliferativa: ▪ 1. Tecidos de divisão contínuas (lábeis): as células proliferam por toda vida. As células maduras deriva, de células tronco que têm capacidade ilimitada de proliferar. Ex: pele. ▪ 2. Tecidos quiescentes (estáveis): geralmente proliferam pouco. Caso haja o estímulo apropriado, passam a proliferar e podem regenerar o tecido. Ex: fibroblastos, endotélio. ▪ 3. Tecidos não-divisores (permanentes): células que deixaram o ciclo celular de divisão mitótica. Ex: neurônios, miócitos cardíacos. • Papel de células-tronco na homeostase tecidual: o Células tronco embrionárias → pluripotentes. o Células-tronco adultas → possuem a capacidade de diferenciação limitada, podendo ser: ▪ Hematopoiéticas e células estromais da medula óssea. ▪ Teciduais – presentes, inclusive, nos tecidos permanentes. • Fatores de crescimento celular: o São polipeptídios que agem em um ou vários tipos celulares. o Funções: ▪ Estimular a proliferação, locomoção, contratilidade e diferenciação celulares. ▪ Formar a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) no processo reparativo. o Mecanismos de sinalização no crescimento celular: ▪ Os fatores de crescimento se ligam a receptores específicos, que distribuem sinais às células-alvo: • Estimulam a transcrição de genes que estavam silenciosos na célula. • Vários desses genes regulam a entrada da célula no tecido celular. ▪ A depender da fonte de substância (ligante) e distância do receptor celular, teremos 3 tipos de sinalização para o crescimento celular: • 1. Autócrinas → as células respondem a moléculas que elas mesmo secretam. • 2. Parácrina → a célula que produz o ligante está próxima à célula que expressa o receptor. • 3. Endócrina → em geral, hormônios que são produzidos à distância da célula-alvo, sendo carregados pelo sangue. • Transdução e transcrição: o A ligação de um ligante a seu receptor celular, deflagra eventos intracelulares que chegam ao núcleo e levam a alterações na expressão gênica – transdução. o Os sistemas de transdução de sinais utilizados pelos fatores de crescimento transferem informações ao núcleo e modulam a transcrição do gene através da atividade dos fatores de transcrição dentro do núcleo. • Eventos moleculares no crescimento celular: o Ligação ligante-receptor (fator de crescimento- receptor)→ ativação do receptor do fator de crescimento → transdução do sinal e geração de mensageiros secundários → ativação dos fatores de transcrição no núcleo → síntese de DNA e divisão celular. • Matriz extracelular (MEC): o É produzida nos tecidos e agrupa-se em uma rede nos espaços em torno das células. o Funções: ▪ As proteínas sequestram água, mantendo o turgor dos tecidos. ▪ É reservatório aos fatores de crescimento. ▪ Fornecem substrato para as células aderirem, migrarem e proliferarem. o 3 grupos de macromoléculas constituem a MEC: ▪ 1. Proteínas estruturais fibrosas (colágenos, fibrilina, elastina ...); ▪ 2. Glicoproteínas adesivas (moléculas de adesão celular, caderinas, integrinas, selectinas). ▪ 3. Proteoglicanos e ácido hialurônico. Regeneração e cicatrização propriamente dito: • O reparo do tecido danificado pode correr através de dois processos. Anna Beatriz Carvalho Araújo Patologia UNICAP – MED XV o Regeneração → restauração dos tecidos perdidos, muitas vezes, você nem vai saber que esse tecido já foi regenerado. o Cicatrização → pode haver restauração dos tecidos, mas há também deposição de colágeno e formação de cicatriz. Uma cicatriz no coração pode ser fibrose e gerar IC no paciente. Regeneração: • Ocorre por meio da proliferação das células que sobreviveram à lesão e que conservaram a sua capacidade proliferativa. • Comum em tecidos com alta capacidade proliferativa, desde que as células-tronco desses tecidos estejam preservados. • Em tecidos e órgãos complexos, raramente há um reparo por regeneração verdadeira. É comum haver crescimento compensatório. Ex: fígado e rim. • Requer que a arquitetura do tecido conjuntivo/MEC esteja intacta, para manter a migração e polaridade das células neoformadas. Cicatrização: • Reposta tecidual a um ferimento, a processos inflamatórios ou à necrose em órgãos ou tecidos que não são capazes de se regenerar. • Ocorre quando a arquitetura do tecido conjuntivo foi danificada – houve perda do molde. Reparo por cicatrização: • É a resposta fibroproliferatica que substitui um tecido lesado, quando não houver regeneração. • Envolve vários processos: o 1. Indução de um processo inflamatório, com remoção de tecido danificado ou morto. o 2.Proliferação e migração de células mesenquimatosas/conjuntivas. o 3. Formação de novos vasos sanguíneos e tecido de granulação. o 4. Síntese de proteínas da MEC e deposição de colágeno. o 5. Remodelação tecidual. o 6. Contração e aquisição de resistência da ferida. Tipo de granulação: • Fibroblastos e células endoteliais vasculares começam a proliferar, formando um tecido especializado que é o indicador do início da cicatrização. • Tecido róseo, granular, na superfície de feridas. • Há formação de pequenos vasos sanguíneos (angiogênese), é ricamente vascularizado. • Há proliferação de fibroblastos → produção de colágeno e tecido conjuntivo fibroso. o Obs: os fibroblastos podem ser visualizados, pois não são as células fusiformes, que seguem o fluxo do órgão. • Há também a passagem de células e proteínas para o espaço extracelular, com formação de edema. • Pode ser visto: o Microscopicamente Anna Beatriz Carvalho Araújo Patologia UNICAP – MED XV o Macroscopicamente OBS1: depois vai ser substituído por um tecido brancacento acidentado e mais rígido. OBS2: quando há perda de tecido muito grande, todos anexos cutâneos vão sendo perdidos também. Mesmo que aconteça uma reepitelização adequada, anexos cutâneos não voltam mais. Não vai ser funcionalmente perfeito como era antes. OBS3: essas peles da imagem terão cicatrizes inelásticas. Pele mais irregular, derme mais rígida e epiderme mais fina. Angiogênese ou neovascularização: • Os vasos podem surgir a partir de células precursoras/progenitoras endoteliais, presentes na medulo óssea dos organismos adultos, que são recrutadas nos tecidos. • Angiogênese de vasos preexistentes → ocorre vasodilatação, degeneração da membrana basal., migração das células endoteliais em direção ao estímulo, proliferação, maturação e remodelação dessas células e recrutamento de células periendoteliais. Formação da cicatriz. 1. Proliferação e migração de fibroblastos → ocorre após o aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos e a angiogênese no tecido de granulação, sendo a migração e a proliferação deflagrados por fatores de crescimento, que provêm de células inflamatórias, plaquetas e endotélio. O tecido que antes estava amolecido, com fibroblastos, vai haver a produção de colágeno e formará um tecido firme. 2. Deposição da MEC e formação da cicatriz → os fibroblastos passam a depositar quantidades de MEC (por isso o tom acidófilo rosana microscopia), colágeno principalmente, que participa da resistência da cicatriz composta por fibroblastos, colágenos, tecido elástico e outros componentes da MEC, com redução gradual da vascularização. 3. Remodelação tecidual → há uma regulação entre a síntese e a degradação de componentes da MEC, com remodelação do tecido conjuntivo. Reparo por cicatrização: • O processo de reparação é influenciado por vários fatores: o O ambiente tecidual e a extensão do dano: ▪ Queimadura de 1º grau → regeneração. ▪ Queimaduras 2º e 3º grau → processo cicatricial mais demorado e cicatriz maior. o A intensidade e duração do estímulo. o Condições que inibem a reparação tecidual, como a presença de corpos estranhos ou oferta de sengue inapropriada. o Algumas condições patológicas do paciente que inibem a reparação, como diabetes mellitus e tratamento com esteroides. • Lesão tecidual → inflamação → formação de tecido de granulação → formação da cicatriz. Cicatrização da ferida cutânea: • A maioria das lesões de pele cicatrizam de maneira eficiente, no entanto, o produto pode não ser funcionalmente perfeito, uma vez que os anexos cutâneos não se regeneram e o tecido conjuntivo da cicatriz interfere na maleabilidade e elasticidade cutânea. • Em lesões superficiais, o epitélio é reconstruído e há pouca formação de cicatriz, diferente das lesões mais profundas. • A cicatrização da ferida cutânea é dividida em 3 fases: o Inflamação (precoce e tardia). o Formação do tecido de granulação e reepitelização. o Contração da ferida, deposição da MEC e remodelagem. • Tipos de cicatrização: o Cicatrização por primeira intenção: ▪ União primária. ▪ As margens da lesão são opostas e próximas. Ex: incisão cirúrgica. ▪ Há preenchimento das ferida por sangue coagulado contendo fibrina e células. ▪ Há desidratação da superfície do coágulo, com formação de crosta (casca da ferida – composta por sangue fibrina). ▪ Inicialmente, há presença de neutrófilos, depois de macrófagos, tecido de granulação e deposição de colágeno, com formação da cicatriz. A epiderme vai sendo restituída, começando pelos elementos da membrana basal. Anna Beatriz Carvalho Araújo Patologia UNICAP – MED XV o Cicatrização por segunda intenção: ▪ União secundária. ▪ Ocorre quando há perca mais importante de tecido, com margens separadas. ▪ Há crescimento de tecido de granulação exuberante a partir das margens. ▪ Há maior reação inflamatória e tecido de granulação, a contração da ferida é mais proeminente, por ação de fibroblastos que se modificam em miofibroblastos, agindo como musculo por presença de actina. Há cicatrização mais proeminente e diminuição da epiderme. Fatores que influenciam na cicatrização: • Fatores sistêmicos: o Nutrição → proteínas, vitaminas (vit C – principal vitamina responsável pela cicatrização da pele). o Condição metabólica → microangiopatia do DM o Condição circulatória → oferta sanguínea inadequada. o Ação de hormônios → glicocorticoides (inibem a síntese de colágeno). • Fatores locais o Infecção → pela lesão tecidual persistente. o Fatores mecânicos → atentar-se ao realizar sutura em pontos de articulação. o Corpos estranhos. o Tamanho , localização, tipo de ferida. Complicações na cicatrização: • Formação deficiente/inadequada: o Deiscência (ruptura de uma ferida) – borda avermelhada (hiperemia), infecção amarelo esverdeada (exsudato purulento). Ocorre com mais frequência em cirurgias de abdome, por causa do aumento de pressão intra-abdominal. o Ulceração de feridas → vascularização inadequada. Pode ocorrer em pacientes com neuropatia diabética. • Formação excessiva dos componentes de reparação. o Cicatriz hipertrófica (1 – linha de cicatriz segue incisão, mas ta um pouco aumentada). o Queloide (2 – ultrapassa limites da incisão). o Granulação exuberante (“carne esponjosa”) → rosáceo, ex: unha encravada. ▪ Foto – impede que a pele faça a reepitelização: Anna Beatriz Carvalho Araújo Patologia UNICAP – MED XV o Desmoides/fibromatose agressiva → parece cicatrização tumoral, produção grande de fibroblastos, quantidade excessiva de matriz extracelular, pode simular tumor. Tendem a ocorrer quando ressecados. • Cicatrização que leva a contratura: o Principalmente em extremidades e face anterior do tórax. o Limitação dos movimentos. o Retração da comissura labial, dificuldade de movimentar o pescoço. Fibrose: é a formação ou desenvolvimento ou de tecido conjuntivo em determinado órgão ou tecido como parte de um processo de cicatrização ou de degenerescência fibroide. • Os mecanismo de formação da fibrose são semelhantes aos da cicatriz, mas é uma cicatrização fibrosa que causa dano ou transtorno ao paciente. O estímulo inflamatório persiste estimulando a fibrose, assim, é uma cicatrização indesejada já que altera a função do tecido. • A fibrose ocorre em doenças inflamatórias crônicas, como: o Fibrose hepática → cirrose – resposta fibroproliferativa por processo inflamatório crônico. Causa disfunção no fígado, redução nos fatores de coagulação. o Fibrose pulmonar → trocas gasosas dificultadas, alvéolos com tecido fibroso. o Artrite reumática (AR). • As enzimas que participam da remodelação cicatricial, como colagenase, causam também dano aos tecidos que sofrem com o processo inflamatório. Ex: articulações na AR.
Compartilhar