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1 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 OBJETIVOS 1. Estabelecer a diferença entre a DM1 e DM2. 2. Conhecer os dados epidemiológicos e seus tipos (dm1 e 2, diabetes gestacional e mody) 3. Entender a fisiopatologia e fatores de risco da DM2 4. Entender as principais manifestações da DM descompensada 5. Discutir os exames complementares pra diagnóstico e acompanhamento. 6. Conhecer as complicações do DM e o mecanismo fisiopatológico do acometimento dos principais órgãos pela doença 7. Compreender o tratamento do DM e o mecanismo de ação da metformina, Sulfonilureias, inibidores de SGLT2 e análogos de GLP-1. REFERÊNCIAS Sociedade Brasileira de Diabetes. DIRETRIZES Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. MARTINS, Milton A.; et al. Clínica Médica. 2ª ed. Vol. 1. Barueri – SP: Manole, 2016. HARVEY, Richard A. Bioquímica Ilustrada. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. DEFINIÇÃO Diabetes mellitus (DM) consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua ação, ou em ambos os mecanismos. EPIDEMIOLOGIA Em 2017, a Federação Internacional de Diabetes estimou que 8,8% da população mundial com 20 a 79 anos de idade (424,9 milhões de pessoas) vivia com diabetes. Desses, cerca de 80% se encontra em países ainda em desenvolvimento. Se as tendências atuais persistirem, o número de pessoas com diabetes foi projetado para ser superior a 628,6 milhões em 2045. No Brasil, a estimativa é de que haja mais de 12 milhões de pessoas acometidas. Estima-se que a diabetes seja capaz de aumentar em 30-50% o risco do paciente desenvolver outras doenças, o que explica o fato de ela ser hoje a 6ª maior causa de internações hospitalares e a principal causa de cegueira adquirida e de amputações de MMII, além de ser responsável por cerca de 26% das diálises. O diabetes é responsável por 10,7% da mortalidade mundial, e isso é maior do que a soma dos óbitos causados por doenças infecciosas (1,1 milhão por HIV/ AIDS, 1,8 milhão por tuberculose e 0,4 milhão por malária). CLASSIFICAÇÃO DIABETES MELLITUS TIPO 1 (DM1) É uma doença autoimune, poligênica, decorrente de destruição das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina. É mais comum em crianças e adolescentes. A apresentação clínica é abrupta, com propensão à cetose e cetoacidose, com necessidade de insulinoterapia plena desde o diagnóstico ou após curto período. DIABETES MELLITUS TIPO 1A Forma mais frequente de DM1, confirmada pela positividade de um ou mais autoanticorpos, principalmente antígeno leucocitário humano (HLA) DR3 e DR4. Embora sua fisiopatologia não seja totalmente conhecida, envolve, além da predisposição genética, fatores ambientais (infecções virais, componentes dietéticos) que desencadeiam a resposta autoimune. Na fase clinicamente manifesta do DM1, o início é, em geral, abrupto, podendo ser a cetoacidose diabética a primeira manifestação da doença em um terço dos casos Diabetes Mellitus Problema 10 2 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 DIABETES MELLITUS TIPO 1B É atribuída aos casos de DM1 nos quais os autoanticorpos não são detectáveis na circulação, sendo de causa idiopática. DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2) é o tipo mais comum (a 95%de todos os casos). Possui etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes genético e ambiental, sendo frequentemente associado à obesidade e ao envelhecimento. Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta década de vida. Tem início insidioso e é caracterizado por resistência à insulina e deficiência parcial de secreção de insulina pelas células ß,pancreáticas, além de alterações na secreção de incretinas. Apresenta frequentemente características clínicas associadas à resistência à insulina, como acantose nigricans e hipertrigliceridemia. DIABETES MELLITUS GESTACIONAL A gestação consiste em condição diabetogênica, uma vez que a placenta produz hormônios hiperglicemiantes e enzimas placentárias que degradam a insulina, com consequente aumento compensatório na produção de insulina e na resistência à insulina, podendo evoluir com disfunção das células β. O DMG trata-se de uma intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se inicia durante a gestação atual, sem ter previamente preenchido os critérios diagnósticos de DM Pode ser transitório ou persistir após o parto, caracterizando-se como importante fator de risco independente para desenvolvimento futuro de DM2. A prevalência varia de 1 a 14% a depender da população estudada e do critério diagnóstico adotado. MODY MODY é uma forma monogênica de DM e caracteriza-se por herança autossômica dominante, idade precoce de aparecimento (em geral, antes dos 25 anos) e graus variáveis de disfunção da célula β. Estima-se que represente 1 a 2% de todos os casos de DM. As causas mais comuns de MODY são derivadas de mutações nos genes HNF1A (MODY 3) e GCK (MODY 2). MODY 2 apresenta-se com hiperglicemia leve, encontrada desde o nascimento, e não progressiva, geralmente não requerendo tratamento com agentes orais ou insulina, sendo tratado exclusivamente com mudança de estilo de vida. Em vista do comportamento da hiperglicemia, leve e não progressiva, as complicações crônicas do DM são raras. MODY 3 apresentam falência progressiva da função das células β, o que resulta em hiperglicemia no decorrer da vida. Indivíduos com MODY 3 têm sensibilidade à ação hipoglicemiante das sulfonilureias, sendo essa classe a medicação de escolha para esses indivíduos. FATORES DE RISCO DA DM TIPO 2 HISTÓRIA FAMILIAR: indivíduos que possuem parentes com diabetes tipo 2, principalmente se de primeiro grau, apresentam maior risco de também desenvolver a doença. IDADE ACIMA DE 45 ANOS: Provavelmente, a queda na massa muscular e o aumento da gordura corporal que ocorrem com o envelhecimento desempenham papel importante nestes pacientes. ETNIA: por motivos ainda desconhecidos, a incidência do DM2 é maior em descendentes de asiáticos, hispânicos e indígenas. OBESIDADE: é a causa mais comum de resistência insulínica. O risco aumenta progressivamente a partir de um IMC maior que 25. GORDURA ABDOMINAL: o risco de diabetes é mais elevado nos indivíduos com obesidade central, ou seja, naqueles que acumulam gordura na barriga. Homens com uma cintura maior que 102 cm e 3 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 mulheres com cintura maior que 88 cm apresentam elevado risco. SEDENTARISMO: um estilo de vida sedentário reduz o gasto de calorias, promove ganho de peso e aumenta o risco de DM2. TABAGISMO: Ex-fumantes mostraram risco 14% maior de diabetes do que indivíduos que nunca fumaram. Estudos sugerem que fumantes exibem níveis mais elevados de cortisol plasmático do que não fumantes; e além disso, existem receptores nicotínicos ao nível pancreático, pelos quais a nicotina pode reduzir a liberação de insulina; COLESTEROL ELEVADO: Pacientes com níveis elevados de colesterol também estão sob maior risco de DM2. Níveis elevados de LDL (colesterol ruim) e triglicerídeos e/ou níveis baixos de HDL (colesterol bom) são os principais fatores. SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP): mulheres portadoras de SOP apresentam frequentemente resistência à insulina e, consequentemente, riscos de desenvolver diabetes tipo 2; BAIXO PESO AO NASCER: indivíduos que nasceram com peso > 4kg apresentam níveis plasmáticos mais elevados de pró-insulina, indicativode maior risco para o desenvolvimento futuro de diabetes tipo 2 ou de síndrome metabólica. FISIOPATOLOGIA DA DM TIPO 2 INSULINA E ESTADO PÓS-PRANDIAL A insulina é um hormônio produzido nas células beta das ilhotas pancreáticas e parte da sua produção é liberada constantemente (em níveis basais) na circulação sanguínea, no entanto, após uma refeição, a taxa desse hormônio no sangue aumenta muito, formando um pico de insulina (estado pós-prandial). Isso acontece porque a glicose consegue entrar nas células beta do pâncreas através de uma proteína conhecida como GLUT-2 e estimula a secreção de insulina. Além disso, após a ingestão de alimentos, nosso corpo produz as chamadas incretinas, que são 2 peptídeos gastrointestinais, o GLP-1 (Glucose-Like Peptide 1) e o GIP (Glucose-dependent Insulino- tropic Peptide), que são capazes de aumentar a resposta pancreática à glicose, liberando mais insulina. A partir disso daí, a insulina liga ao seu receptor nas células do corpo e induzir a translocação de vesículas contendo a proteína GLUT-4 para a membrana plasmática e o que essa proteína faz é justamente servir de canal para que a glicose adentre na célula. A entrada da glicose na célula é importante por 2 motivos principais: a) ocorrência da glicólise (principalmente nos hepatócitos e miócitos): esse substrato é utilizado como principal fonte de energia para as atividades celulares; b) porque é através disso que os hepatócitos conseguem pegar o excesso de glicose e armazená-lo sob a forma de glicogênio (glicogenogênese). Por outro lado, a insulina também estimula que parte desse excedente de glicose passe por um processo conhecido como lipogênese, que consiste em transformá-la em ácido graxo para que esse seja direcionado aos adipócitos, onde serão transformados em triglicérides. GLUCACON E ESTADO DE JEJUM GLUCAGON: produzido pelas células alfa do pâncreas Atua de maneira oposta a insulina. Enquanto a insulina é estimulada pela hiperglicemia a retirar glicose do sangue, o glucagon é estimulado pela hipoglicemia (jejum) a aumentar os níveis de glicose no sangue, sendo um hormônio hiper- glicemiante! O glucagon atua basicamente através de dois processos: a glicogenólise e a gliconeogênese. Além disso, os hormônios contrainsulínicos também atuam sobre os lipídios estimulando o processo de lipólise, que consiste em quebrar os triglicérides para liberar ácido graxo e esses, então, poderem ser utilizados pelas células como fonte de energia através da beta-oxidação. Desse modo, o grande objetivo tanto do glucagon quanto da insulina é manter constante o nível de glicose no sangue, para o bom funcionamento dos neurônios. 4 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 DIABETES TIPO 2 O DM tipo 2 decorre da associação de dois distúrbios metabólicos: a resistência à insulina e a diminuição da secreção de insulina pelas células- beta do pâncreas. A resistência à insulina pelos órgãos-alvos provoca uma hiperinsulinemia compensatória através da hiperplasia e hipertrofia nas células beta, no intuito de aumentar muito a oferta de insulina e, assim, compensar a sua ineficiência e colocar a glicose para dentro da célula. Por causa da resistência à insulina, a lipólise do tecido adiposo também aumenta, liberando os ácidos graxos livres para serem utilizados como fonte de energia, os quais agravam a resistência à insulina. Em uma fase inicial isso até que dá certo e o paciente consegue manter seu nível glicêmico normal. Contudo, esse estado de hiperprodução acaba levando as células beta a tornarem-se progressivamente disfuncionais, sendo incapazes de secretar insulina suficiente para corrigir a hiperglicemia. É justamente por isso que nos estágios mais avançados, a DM 2 começa a se assemelhar com a DM 1, na qual há disfunção total da células beta pancreáticas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS POLÍURIA: o aumento de glicose no sangue, provoca o aumento da excreção de glicose através da urina. E como ela é uma substância osmoticamente ativa, o paciente acaba perdendo mais água pela urina. POLIDIPSIA: com o aumento da excreção de água, o paciente começa a desidratar-se, aumentando a da sensação de sede. POLIFAGIA: a resistência insulínica provoca a diminuição de glicose nos tecidos para produzir energia, na qual é interpretado pelo corpo como sendo um estado de jejum, levando, então, ao aumento da sensação de fome. PERDA PONDERAL: a interpretação da baixa glicose nos tecidos como estado de jejum, acaba estimulando os hormônios contrainsulínicos (glucagon), promovendo a lipólise. ACANTOSE NIGRICANS: hiperpigmentação da pele decorrente de hiperinsulinemia e que normalmente aparece nas regiões de dobras (axila, pescoço, virilha, entre outros locais) COMPLICAÇÕES MICROVASCULAR: O diabetes provoca lesão endotelial através do aumento da inflamação na parede vascular através do estresse oxidativo. O processo de forma crônica leva a alterações da vasodilatação e lesões graves como trombose e leitos vasculares incompetentes. • Retinopatia Diabética; • Nefropatia Diabética; • Neuropatia Diabética; • Pé Diabético MACROVASCULARES: é semelhante ao microvascular, causado por inflamação endotelial. A inflamação, juntamente com a glicolisação de proteínas e aceleração do processo ateroesclerótico propicia o aceleramento do processo aterotrombótico, gerando a longo prazo obstruçõesque levam a insuficiência sanguínea e comprometimento do leito vascular. • Doença Arterial Coronariana (DAC); • Doenças Cerebrovasculares; • Arteriopatia Periférica. RASTREAMENTO DO DM TIPO 2 Em indivíduos assintomáticos, a presença de fatores de risco já impõe rastreamento para diagnóstico precoce. Se a investigação laboratorial for normal, sugere- se repetição do rastreamento em intervalos de 3 anos ou mais frequentemente, se indicado. 5 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 Na presença de pré-diabetes, recomenda-se reavaliação anual. DIAGNÓSTICO O diagnóstico laboratorial do diabetes mellitus (DM) pode ser realizado por meio de glicemia de jejum, glicemia 2 horas após teste oral de tolerância à glicose (TOTG) e hemoglobina glicada (HbA1c). EXAMES PARA DIAGNÓSTICO DA DM GLICEMIA EM JEJUM: coletada em sangue periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas; TOTG: coleta-se uma amostra de sangue em jejum para determinação da glicemia e posteriormente ingere-se 75g de glicose, coletando outra amostra de sangue após 2 horas da sobrecarga oral. HEMOGLOBINA GLICADA (HBA1C): reflete níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e independer do estado de jejum para sua determinação. Obs: pode sofrer interferência de algumas situações, como anemias, hemoglobinopatias e uremia. A confirmação do diagnóstico de DM requer repetição dos exames alterados, idealmente o mesmo exame alterado em segunda amostra de sangue, na ausência de sintomas inequívocos de hiperglicemia. Sintomas clássicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento) + dosagem de glicemia ao acaso e independente do jejum ≥ 200 mg/dL confirma diagnóstico. CRITÉRIOS LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO DE DM2 E PRÉ-DIABETES CRITÉRIOS NORMAL PRÉ-DM DM2 Glicemia em jejum (mg/dL) < 100 100 a 125 >125 Glicemia 2h após TOTG (mg/dL) <140 140 a 199 >199 HbA1c (%) < 5,7 5,7 a 6,4 >6,4 DEVE SER CONSIDERADO estabelecer o diagnóstico de DM na presença de glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl e HbA1c ≥ 6,5% em uma mesma amostra de sangue. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Ele está indicado para todos os pacientes diabéticos ou pré-diabéticos e envolve: a) adequação alimentaratravés de dietas com baixo nível calórico; b) atividade física (150min/ sem); c) cessação do tabagismo, já que essa prática pode aumentar muitos os riscos DM. FARMACOLÓGICO A Metformina é a primeira opção de tratamento, quando o paciente não apresenta contraindicação (A). Em média, a metformina reduz a HbA1c em 1,5 a 2%. BIGUANIDAS Mecanismo de ação Redução da produção hepática de glicose (gliconeogênese), que é a maior responsável pelos altos níveis glicêmicos no paciente diabético. Além disso, em menor escala, ela também retarda a absorção intestinal de carboidratos e aumenta a translocação de GLUT-4 na periferia (especialmente em células musculares), o que diminui a resistência insulínica. Vantagens Redução relativamente maior da HbA1c / Diminuição de eventos cardiovasculares / Prevenção de DM2 / Melhora do perfil lipídico / Diminuição do peso. Desvantagens Desconforto abdominal, diarreia e náusea / Deficiência de vitamina B12 6 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 Contraindicação Gravidez, insuficiência renal (TFG < 30 mL/min/1,73 m2), insuficiências hepática, cardíaca ou pulmonar e acidose grave Exemplos Metformina 1.000 a 2.550, 2 a 3x/ dia Metformina XR 1.000 a 2.550, 2 a 3x/ dia SULFONILUREIAS Mecanismo de ação Age bloqueando os canais de K+, o que leva a uma despolarização da membrana plasmática e consequente abertura dos canais de Ca+2. O influxo de cálcio, então, favorece a degranulação das vesículas com insulina, liberando o hormônio no meio externo. Obs: só terão efeito nos pacientes que ainda tiverem células beta preservadas (estágios iniciais) Vantagens Redução do risco de complicações microvasculares (UKPDS) Redução relativamente maior da HbA1C Desvantagens Hipoglicemia e ganho ponderal (Clorpropamida favorece o aumento de peso e não protege contra retinopatia) Contraindicação Gravidez, insuficiência renal ou hepática Exemplos Clorpropamida 125 a 500 Glibenclamida 2,5 a 20 Glipizida 2,5 a 20 Gliclazida 40 a 320 Gliclazida MR 30 a 120 Glimepirida 1 a 8 Uma a duas tomadas/dia INIBIDORES DO SGLT2 Mecanismo de ação Atua inibindo a proteína renal (SGLT- 2) responsável pela reabsorção da glicose do filtrado. Ou seja, inibindo a sua ação, aumenta a glicosúria e, consequentemente, reduz os níveis glicêmicos do paciente - o que também favorece a perda de peso. Vantagens Rara hipoglicemia / Redução do peso Redução da PA / Redução de eventos cardiovasculares e mortalidade em pacientes com DCV Desvantagens Infecção genital Infecção urinária Poliúria Depleção de volume, hipotensão e confusão mental Aumento do LDL-c Aumento transitório da creatinina Cetoacidose diabética Contraindicação disfunção renal moderada a grave Exemplos Dapagliflozina 5 a 10 1x/dia, em qualquer horário Empagliflozina 10 a 25 1x/ dia, em qualquer horário Canagliflozina 100 a 300, 1x/dia, em qualquer horário MIMÉTICO E ANÁLOGO DO GLP-1 Mecanismo de ação Aumento do nível de GLP-1, com aumento da síntese e da secreção de insulina, além da redução de Glucagon/ Retardo do esvaziamento gástrico/ Saciedade Desvantagens Hipoglicemia Náusea, vômitos e Diarreia Aumento da FC Possibilidade de pancreatite aguda Injetável Vantagens Redução do peso / Redução da PAS / Rara hipoglicemia / Redução da variabilidade da glicose pós-prandial / Redução de eventos cardiovasculares e mortalidade em pacientes com DCV Contraindicação Hipersensibilidade aos componentes do medicamento Exemplos Exenatida 5 e 10 mcg, 1 injeção antes do desjejum e outra antes do jantar, via SC Exenatida de liberação prolongada 2 1x/semana, via SC Liraglutida 0,6, 1,2 e 1,8, 1 injeção/dia sempre no mesmo horário, via SC, independentemente do horário da refeição Lixisenatida 10 e 20 mcg, 1 injeção/dia sempre no mesmo horário, via SC, independentemente do horário da refeição. Dulaglutida 0,75 e 1,5, 1 injeção/ semana, via SC Semaglutida 0,25, 0,5 e 1 mg 1x/ semana RECOMENDAÇÕES Em pacientes com diagnóstico recente, a principal indicação consiste em modificação do estilo de vida associada ao uso da metformina. 7 MÓDULO I: SAÚDE DO ADULTO, DOR ABDOMINAL, DIARRÉIA, VÔMITOS E ICTERÍCIA ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 Quando a glicemia for inferior a 200 mg/dL, estarão indicados os medicamentos que não promovem aumento da secreção de insulina (principalmente obeso). Quando a glicemia for superior a 200 mg/dL, mas inferior a 300 mg/dL, o tratamento oral vai depender do predomínio da insulinorresistência ou de insulinodeficiência/falência das células beta. No paciente obeso, em associação à metformina, preferir medicações que levem a perda de peso, como análogos do GLP-1 e inibidores do SGLT2. Nos pacientes com doença cardiovascular estabelecida, em associação à metformina ou em monoterapia, preferir os análogos do GLP-1 ou os inibidores do SGLT2. Nos pacientes com DM2 e insuficiência renal leve e moderada, estão indicados os análogos do GLP-1 e/ou os inibidores do SGLT2. Nos pacientes com doença cardiovascular estabelecida, mas com predomínio de insuficiência cardíaca, preferir os inibidores do SGLT2 em associação a metformina. Com os anos de evolução do DM2, ocorre redução da secreção de insulina com falha na monoterapia e/ou combinação de agentes orais com mecanismos de ação diferentes. Quando houver necessidade de combinação terapêutica, a insulina basal noturna é uma opção eficaz associada a um ou mais agentes orais. METAS GLICÉMICAS E ROTINA DO DIABÉTICO EXAME PERIODICIDADE / CONDUTA HBA1C < 7% Trimestral até ajuste terapêutico e após isso a cada 6 meses HBA1C > ou = 7% Glicemia capilar (ou venosa): jejum e 2h após refeições (pós café, pós almoço ou pós jantar) mensalmente Perfil Lipídico (CT, HDL e triglicérides) Trimestral até ajuste terapêutico e após isso a cada 6 meses. Creatinina Sérica Anualmente (calcular taxa de filtração glomerular) Microalbuminúria (amostra isolada de urina) Anualmente se normal Quando alterada, solicitar clearance de creatinina Exame de urina (bioquímica e sedimento) Anualmente para investigar hematúria; Na presença de hematúria, solicitar dismorfismo eritrocitário METAS GLICÉMICAS GLICEMIA PRÉ PRANDIAL (MG/DL) GLICEMIA PÓS PRANDIAL (MG/DL) HBA1C (%) SBD < 100 < 160 < 7,0
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