Buscar

Maquetes - unidade 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

MAQUETES 
Introdução à forma na concepção arquitetônica 
Unidade 1 
 
1. CONCEITO DE ESPAÇO ARQUITETÔNICO 
O espaço é a matéria-prima da composição arquitetônica. Profissionais de arquitetura e 
urbanismo têm como premissa básica organizar e qualificar os espaços nos quais o ser humano 
vive. Por se tratar de uma atividade milenar, a arquitetura sempre estudou organizações e 
complexidades espaciais. Sabe-se que com o passar da história da humanidade, o ser humano 
vem se relacionando de uma maneira cada vez mais complexa com o espaço. No campo 
disciplinar da arquitetura, o conceito de espaço adquire uma peculiaridade. Para se conceituar 
o espaço arquitetônico jamais devem ser fechadas as possibilidades de, por meio da forma, 
revisitar uma noção de o que envolve o ser humano para além de seu próprio corpo. 
Logo, definir o espaço arquitetônico requer um entendimento de que um espaço, no tocante a 
seus aspectos formais, pode ser criado por três elementos básicos, os quais irão compor todo o 
efeito arquitetônico espacial. Esses três elementos podem ser sintetizados pela noção de chão, 
parede e teto. A partir do momento que um espaço físico ocupado pelo ser humano remete a 
essa tríade, podemos chegar à conclusão de que este é um espaço arquitetônico. 
Cabe também destacar que, por vezes, conceituamos o espaço por aquilo que é densamente 
construído por meio desses três elementos (chão, parede, teto). No entanto, nem sempre há 
atributos físicos delimitando tais planos. Destacamos, então, que o conceito de espaço permeia 
sempre uma noção de relação do corpo do ser humano com os atributos físicos (construídos ou 
não) que tal espaço possui. 
Nesse movimento de tentar conceituar o espaço arquitetônico, alertamos que serão 
apresentadas definições básicas constitutivas da forma e do efeito arquitetônico de uma 
maneira geral. É de extrema importância, porém, situar que por ser relacional, a noção de 
espaço em arquitetura está atrelada à questão temporal, já que esta define a relação corpo-
espaço. 
Como estamos iniciando os estudos acerca da temática, procuramos apresentar questões 
básicas de composição direcionadas para o âmbito disciplinar da configuração arquitetônica. 
Não se trata, portanto, de exatidões, mas de composições, criações espaciais pertinentes a um 
contexto sociocultural. 
Assim, partimos da premissa que o ser humano, com seu corpo, ocupa um espaço físico. Ao 
entrar em relação com esse espaço, ele começa a manipular suas características, cercando 
regiões, aumentando alturas, fechando acessos, modificando direções. É nesse campo fértil das 
possibilidades de se organizar uma porção do território físico que nos situamos para estudarmos 
a composição arquitetônica. 
1.1 Plano Baixo: Chão 
Situar um chão no espaço arquitetônico é dar a entender a existência de um plano horizontal 
que sustenta a base física desse espaço. É observado ao nível dos pés do ser humano, onde 
caminhamos. No estudo da forma, na execução de um modelo tridimensional, esse elemento 
designado chão é a base do modelo ou da maquete e é sobre ele que os demais elementos irão 
compor a totalidade espacial. 
A predominância direcional desse chão, por mais inclinado que possa ser, sempre é horizontal 
e organiza a composição espacial arquitetônica num plano baixo, com uma amplitude visual 
expandida ao nível dos olhos. Com o chão, o espaço arquitetônico ganha projeção e limites 
amplos e, por vezes, fugidios. O plano baixo, aqui considerado como chão, pode ser tanto o 
plano do solo, que serve de fundação física e base visual para as formas construtivas; como 
plano do piso, que forma superfície inferior de delimitação de um cômodo sobre o qual 
caminhamos. 
1.2 Plano Médio: Parede 
O elemento parede traz uma primeira noção de limite físico ao espaço arquitetônico. Situa-se 
num plano intermediário e entra em relação direta com o corpo físico do ser humano por dar 
contenção e delimitações formais mais marcadas. É com paredes que começamos a modular o 
elemento chão, colocando dois planos, um predominantemente horizontal (chão) e outro 
predominantemente vertical (parede), trazendo, assim, configurações e demarcações 
especificas na forma arquitetônica. O olhar, assim como o corpo, percorre esse espaço físico 
fazendo pausas, desviando direções. Como plano médio, as paredes dão uma orientação 
vertical, sendo essas ativas em nosso campo de visão normal e vitais para a modelagem e a 
delimitação do espaço arquitetônico. 
Dessa maneira, chão e parede já começam a delimitar aquilo que entendemos por espaço 
arquitetônico, uma vez que organiza visualmente um território físico. Em modelos 
tridimensionais, percebemos ao compor planos horizontais (chão) com planos verticais 
(parede) a unidade espacial mais básica da arquitetura, demarcando lugares, setores, encontros 
físicos etc. Pode-se dizer, nessa composição de chão e parede, que iniciamos uma organização 
tridimensional do espaço a ser habitado. 
1.3 Plano Alto: Teto 
O efeito arquitetônico, em sua totalidade, só consegue ser atingido com um terceiro elemento 
básico: teto. O teto delimita o plano alto da composição arquitetônica, cobrindo aquilo que está 
acima de nossas cabeças. O teto, como elemento da forma do espaço, contém o corpo do ser 
humano numa espécie de caixa, dá a sensação de proteção, traz a ideia de acolhimento, a qual 
é a essência do espaço projetado pelo(a) arquiteto(a). O teto traz sensações de amplitude, 
introspecção, abertura, fechamento no espaço arquitetônico. 
É um plano predominantemente horizontal, que se difere do chão justamente por estar situado 
acima deste. Como plano alto, o teto pode ser tanto o plano da cobertura, que abriga os espaços 
interiores de um edifício dos elementos climáticos, como o plano que forma superfície superior 
de delimitação de um cômodo. Veja um exemplo de plano alto, o teto de um posto de gasolina. 
Para concluirmos o entendimento dos planos na composição espacial arquitetônica, Ching 
(2002, p. 19) diz que: 
“Os planos, na arquitetura, definem volumes de massa e espaço tridimensionais. As 
propriedades de cada plano – tamanho, formato, cor, textura –, assim como a relação 
espacial dos planos entre si, em última análise, determinam os atributos visuais da forma 
que define e as qualidades do espaço que delimitam.” 
Logo, na composição de uma forma arquitetônica, o plano serve para definir os limites ou as 
fronteiras de um volume. A partir dessa visão, podemos seguir para compreender como 
articular esses diferentes planos em uma composição arquitetônica na criação da forma 
espacial. 
 
2. CONFIGURAÇÃO DA FORMA ARQUITETÔNICA 
Agora que sabemos conceitualmente o que é chão, parede e teto na definição da forma 
arquitetônica, podemos pensar na modelagem tridimensional da arquitetura a partir desses três 
elementos, estudando suas potências espaciais e como estas entram em relação. Lembre-se que, 
a princípio, podemos sintetizar qualquer espaço arquitetônico identificando esses três 
elementos. 
Pense sempre ao observar, pesquisar e estudar uma obra de arquitetura, ou mesmo vivenciar 
um espaço arquitetônico, onde se encontra o chão, a parede e o teto desse espaço. Que tipos de 
relações espaciais com seu corpo ele proporciona? Como se delimita a modulação do chão 
pelas paredes? Como as paredes dividem o espaço plano do chão? Como o teto se aproxima ou 
se afasta de seu corpo e o que isso ocasiona em sua sensação de aconchego ao estudar ou 
vivenciar o espaço? 
Seria muito interessante a quem estuda arquitetura se ater num primeiro momento nessas 
relações do corpo no espaço e nos elementos físicos que conduzem esse corpo a entrar em 
relação com esse espaço. Chão, parede e teto são elementos arquetípicos do espaço 
arquitetônico e a materialidade da arquitetura depende da relação destes com o corpo humano. 
2.1 Decomposição, forma e escala 
Desde os tempos mais remotos da históriada humanidade, arquitetos e arquitetas buscam em 
suas obras e projetos uma inquietação do/no olhar. Assim, jogos visuais e formais com pontos 
de fuga, proporções, deslocamentos espaciais, relações de cheios e vazios trazem uma espécie 
de distração e estranhamento a quem vivencia o espaço arquitetônico. Nesses jogos há 
decomposições dos elementos básicos constituintes do espaço arquitetônico, provocando 
reflexões das mais variadas em relação à arquitetura e sua concepção formal. 
Quando que um chão, ao entrar em relação espacial com parede e teto, proporciona uma 
experiência arquitetônica marcante? O espaço arquitetônico, ao quebrar regras de composição 
por elementos formais inusitados ou surpreendentes, enriquece a experiência estética e 
sinestésica da arquitetura. 
O Museu Guggenheim Bilbao, situado na cidade basca de Bilbao, um dos cinco museus 
pertencentes à Fundação Solomon R. Guggenheim no mundo e projetado pelo arquiteto 
canadense naturalizado norte-americano Frank Gehry, ilustra essa decomposição dos 
elementos formadores do espaço arquitetônico. Nessa obra, chão, parede e teto rompem 
possibilidades e transcendem aquilo que se esperaria a priori de um espaço de museu. Aí está 
a possibilidade de a arquitetura e seus atributos formais indagarem ao ser humano como é 
ocupar um espaço a partir da decomposição daquilo que me acolhe nos planos baixo (chão), 
médio (parede) e alto (teto). 
Expandindo essa noção de decomposição, pode-se entrar numa conceituação mais ampliada 
acerca da forma e escala em arquitetura. Atendo-se numa questão morfológica, forma e escala 
contribuem para o enriquecimento do efeito arquitetônico quando nos colocam em conflito 
com aquilo que esperávamos da obra arquitetônica em si. O arquiteto brasileiro Oscar 
Niemeyer em seus projetos brincava belamente com as formas, evocando por elas questões 
simbólicas tão bem estruturadas com a escala que o edifício possui e promove ao corpo do ser 
humano. 
Tomando como exemplo a catedral de Brasília, vê-se uma decomposição dos elementos chão, 
parede e teto ao romper seus limites claramente. Onde começa um e termina o outro? No 
entanto, não perdemos a visualidade, tampouco a noção dos planos compositivos (baixo, 
médio, alto), uma vez que Niemeyer utiliza a forma de mãos em prece que configuram as linhas 
curvas direcionadas para cima, formando paredes que culminam em um ponto, traduzindo esse 
gesto em teto, que acolhe um amplo chão horizontal, o qual é a base desse movimento 
ascendente. Há, nesse espaço arquitetônico, o rompimento de uma previsibilidade ancorada em 
um domínio da forma da linha, que delimita o plano do chão e ao curvar-se transforma-se em 
um plano vertical configurando parede. Por fim, a mesma linha toca pontos em um novo plano 
horizontal muito acima do chão, gerando o teto do edifício. 
Aqui nos interessa o conceito de escala para além do métrico. Escala em termos de 
configuração da forma arquitetônica, que traz o quanto o ser humano é enfatizado em suas 
dimensões físicas e sensórias, sendo acolhido de maneira mais ou menos intimista pela 
edificação em si. Mais uma vez, quando se estuda a forma arquitetônica, escala entra na esfera 
do relacional, colocando no centro dessa relação o corpo do ser humano, suas dimensões, 
alcances e sentimentos, o quanto chão, parede e teto proporcionam o efeito arquitetônico. 
FIQUE DE OLHO 
A Fundação Oscar Niemeyer apresenta um panorama geral das obras do 
arquiteto brasileiro dedicando sessões sobre sua vida e obra, além de belas 
imagens de suas obras, as quais sempre apresentam com maestria as relações 
de horizontalidade e verticalidade. Saiba mais pesquisando o site da fundação 
na internet. 
 
2.2 Hierarquia e proporção 
Por hierarquia podemos entender uma questão de ordem e prioridade na composição 
arquitetônica. A forma da arquitetura se expressa por meio de ordens e pregnâncias visuais e 
formais, as quais podem trazer uma organização em torno de alguns elementos que merecem 
destaque em relação a outros. Hierarquia é, assim, o posicionamento de algum elemento na 
organização formal do espaço, que se destaque criando um desvio de atenção a ele próprio. 
Numa sequência ritmada, por exemplo, pode existir um elemento que destoe da mesma, 
“perturbando” a ordem, contribuindo para um olhar diferente àquela organização espacial. 
Podemos reparar essa questão formal de hierarquias quando planos verticais quebram 
diagramas de planos horizontais ou quando planos horizontais se desencontram em seu 
paralelismo. Quando isso ocorre, nossa atenção é capturada e a vivência do espaço ou sua 
leitura visual sai da zona de conforto ditada por um ritmo esperado em termos de percepção 
espacial. 
No tocante à proporção, ela está diretamente relacionada à escala humana e à sensação de 
mais ou menos intimidade e acolhimento espacial. O espaço engloba constantemente nosso ser. 
Através do volume do espaço nos movemos, percebemos formas, ouvimos sons, sentimos 
brisas, cheiramos as fragrâncias de uma flor. É uma substância material, como uma madeira ou 
pedra. Ainda assim, constitui uma emanação inerentemente informe. Sua forma visual, suas 
dimensões e escala, a qualidade da luz – todas essas qualidades dependem de nossa percepção, 
dos limites espaciais definidos pelos elementos da forma. À medida que o espaço começa ser 
capturado, encerrado, moldado e organizado pelos elementos da massa, a arquitetura começa a 
existir (CHING, 2002, p. 92). 
Há uma questão intrínseca na arquitetura, que é a sua capacidade de abrigar o ser humano 
dando-lhe proteção. Podemos, em termos formais, associar essa capacidade ao grau de 
proximidade que o teto, um plano horizontal acima de nossas cabeças e consequentemente do 
chão, possui. Nesse raciocínio, quanto mais afastado do chão e de nossas cabeças o teto estiver, 
maior a sensação de grandiosidade o ambiente tem, colocando-nos numa escala humana muito 
pequena em relação ao espaço arquitetônico. Por isso, a proporção em arquitetura reside 
justamente na dosagem desse sentimento espacial. 
Ainda podemos concluir que a proporção na forma arquitetônica organiza, por meio das 
diversas relações da escala humana do/no espaço, uma ordem dos planos baixo, médio e alto, 
articulando elementos horizontais e verticais da forma da arquitetura. 
Logo, enquanto hierarquia toca em questões de destaque, posicionamento e atenção da 
composição espacial arquitetônica, proporção diz respeito à organização de forças horizontais 
e verticais e a relação destas com o sentimento de mais ou menos acolhimento do ser humano 
no que se refere à escala de aproximação dessas forças ao corpo humano. 
3. CONCEITO DE HORIZONTALIDADE E VERTICALIDADDE NO/DO ESPACO 
ARQUITETÔNICO 
Cabe agora nos aprofundarmos em duas relações extremamente importantes da forma e 
composição do espaço arquitetônico: horizontalidade e verticalidade. Esses dois conceitos 
estão associados à composição e predominância dos planos horizontais e verticais. 
3.1 Horizontalidade 
Em um edifício, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), projetado pela arquiteta Lina 
Bo Bardi, percebe-se a horizontalidade de maneira clara. Os planos horizontais predominam e 
se abrem para a totalidade espacial. Não há uma altura excessiva do edifício, embora os planos 
verticais estejam presentes para harmonizar e enfatizar os planos horizontais da composição 
espacial. 
Outra composição arquitetônica que traz de maneira bem expressiva a horizontalidade é o 
Palácio do Planalto, em Brasília, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. As lajes planas 
predominantemente horizontais trazem a noção de horizontalidade com formas espaciais 
nitidamente marcadas. Semelhante ao MASP, os planos verticais dão suporte aos planos 
horizontais, mas o destaque é das linhas e dos planos paralelos do chão e teto. 
3.2 Verticalidade 
A verticalidade, por sua vez, enfatiza a altura da composição arquitetônica.A predominância 
aqui fica nos planos verticais e os horizontais dão sustentação e modulam os verticais. Uma 
vez compreendida a noção de horizontalidade, verticalidade compreende-se mais facilmente, 
pois os dois conceitos formam um par compositivo por oposição e complementam-se. 
Assim, novamente podemos associar a relação de predominância dos planos e ao percebê-la 
entender se a composição é mais horizontal ou vertical e como esses planos se associam e se 
complementam, dando totalidade ao efeito arquitetônico pensado pelo(a) arquiteto(a). 
A verticalidade é percebida em edifício de grande altura, por exemplo. As lajes desse edifício 
configuram os planos horizontais, mas a associação e conexão deles dão suporte à 
predominância do plano vertical maior formado pelas paredes que crescem em altura em 
direção ao céu. 
4. AGENCIAMENTO 
Estamos estudando a potência do arranjo compositivo e configuração da forma arquitetônica, 
compreendendo que tal estudo ancora-se numa esfera relacional de território físico e corpo do 
ser humano. Aprofundando esses estudos, chegamos na possibilidade de ampliar a noção de 
composição e estudo da forma espacial, partindo para conceituações mais apuradas para a 
criação da forma em arquitetura. 
4.1 Conceito de Agenciamento 
A noção de agenciamento traz diversos significados e quase sempre tais significados tratam de 
mediações entre ações e/ou pessoas e situações. Em arquitetura, tal conceito adquire uma 
significação similar. Podemos compreender que o agenciamento de espaços no campo 
disciplinar da arquitetura se refere à uma possibilidade de correlacionar ambientes, melhorando 
questões funcionais da edificação no tocante à sua organização interna e/ou externa. Por meio 
do agenciamento, criam-se soluções que se adequam a um melhor conforto, otimização de 
áreas e uma qualidade espacial na vivência da arquitetura e suas relações diversas com o ser 
humano. 
Agenciamento em arquitetura se refere, ainda, a como dispomos os elementos compositivos da 
arquitetura, articulando horizontalidade e verticalidade por meio das diversas alternativas de 
organização dos planos baixo, médio e alto. Seria, nesse raciocínio, compreender como um 
elemento pode ser utilizado no projeto de composição espacial arquitetônica, com o intuito de 
conduzir o ser humano aos mais diversos pontos específicos do espaço arquitetônico. 
Como exemplo, podemos pensar na disposição de caminhos, entradas, aberturas na edificação, 
e como tais elementos acionam os planos compositivos horizontais e verticais, associando-os 
à uma atenção e dispersão de quem vivencia e utiliza o espaço da arquitetura em questão. 
 Logo, sob a ótica de um agenciamento em arquitetura, cada elemento disposto em um espaço 
tem o objetivo de enfatizar relações entre o próprio espaço e a condução do corpo do ser 
humano nesse espaço. 
4.2 Espaço Polo e Espaços Secundários 
Seguindo essa noção de agenciamento, nos deparamos com hierarquias espaciais que colocam 
os espaços em maior ou menor ênfase na experiência arquitetônica. Dessa maneira, surgem 
espaços que se destacam em um agenciamento de elementos compositivos e outros espaços 
que adquirem um caráter mais coadjuvante na configuração espacial. 
Aos que se destacam, denominam-se espaços polo, principais na compreensão e vivência da 
arquitetura experienciada pelo ser humano. São espaços que acabam por configurar ambientes 
de expressiva importância no edifício, por exemplo. Já aos espaços coadjuvantes, sua 
importância é secundária, razão pela qual podemos denominá-los de espaços secundários. 
Convém destacar, nessa taxonomia espacial, que o discutido aqui é uma questão de relação e 
vivência do espaço arquitetônico traduzidos numa expressão plástica de arranjos e, 
consequentemente, agenciamentos de elementos compositivos espaciais articulados pela 
predominância de planos horizontais ou verticais na configuração espacial. 
 
5. SÍNTESE FORMAL E SUA TRASNFORMAÇÃO EM ESPACOS 
ARQUITETÔNICOS 
Fica a questão pragmática de como articular de maneira objetiva na configuração espacial 
arquitetônica os conceitos até então estudados. Podemos aprofundar uma aplicabilidade desses 
estudos buscando uma tradução desses conceitos em noções práticas e preliminarmente básicas 
na síntese formal e sua transformação em espaços arquitetônicos. 
Tendo isso como um desafio, surge a possibilidade do uso da maquete no processo de projeto 
arquitetônico, despertando experiências perceptivas durante a concepção dos espaços 
arquitetônicos. Percebe-se, então, a importância da maquete na experienciação da arquitetura 
desde sua concepção até a sua concretização, situando a modelagem de maquetes físicas como 
uma experiência perceptiva que auxilie na concepção do espaço arquitetônico. 
5.1 Ponto focal, linha de força, traçado regulador, elementos de indução e condução 
Primeiramente, é interessante entender o que vem a ser ponto focal, linha de força e traçado 
regulador. Chamamos de ponto focal o elemento central de um espaço arquitetônico. A linha 
de força é o traço inicial de uma composição arquitetônica, e é a partir dela que se define o 
traçado regulador. Por traçado regulador entende-se os elementos compositivos que darão 
origem ao futuro projeto arquitetônico. 
FIQUE DE OLHO 
Ponto focal, linhas de força e traçado regulador são notadamente percebidos em 
praças e espaços públicos. Geralmente nesses locais há um foco de atenções 
(chafariz, parquinhos, gramados etc.), o qual articula todo o desenho de espaço. 
Comece a tentar entender essas configurações do espaço ao seu redor. Estar 
atento aos lugares que você vai e quais as forças que o delimitam fisicamente é 
um ótimo exercício empírico de composição de arquitetura. 
Assim, podemos entender outros dois conceitos de relevância à composição espacial 
arquitetônica: elementos de indução e elementos de condução. 
- Os elementos de indução são aqueles que nos convidam a entrar no espaço. Por vezes é o 
próprio ponto focal, outras vezes é a configuração de texturas do plano do chão ou a disposição 
dos planos de parede de maneira distinta de uma previsibilidade modular. Geralmente tais 
elementos nos passam uma sensação de entrada. 
- Os elementos de condução, por sua vez, são aqueles que marcam caminhos. Podemos vê-los 
nitidamente no arranjo espacial dos planos médios por meio de paredes e/ou elementos que 
conduzem um caminhar no espaço arquitetônico. 
Os elementos de indução e condução configuram na experiência arquitetônica os caminhos, 
percursos, acessos os quais enriquecem a vivência espacial. Quanto mais fluídos estes forem, 
mais rica a apreensão do espaço se dá. Como já estudado anteriormente, tais elementos 
possuem um propósito ao serem agenciado num projeto de arquitetura. 
5.2 Maquete na concepção do espaço arquitetônico 
Pina, Borges Filho e Marangoni (2011, p. 115) apontam que a maquete orienta as percepções 
espaciais e sua manipulação possibilita maior compreensão de cor, equilíbrio, luz, textura e 
proporção para trabalhar o sentido da visão e do tato, melhorando a qualidade dos ambientes 
construídos. É possível perceber, ainda, que ao se ver e tocar os materiais, conseguimos 
materializar as ideias, entendendo códigos da matemática, momentos de inércia e fundações, 
além de conferir a construção e verificar a estrutura. 
Ao se conceber arquitetura o(a) arquiteto(a) deve ter atenção sobre as atividades de decisão, 
apoiando-se em metodologias que integrem o maior número possível de temas significativos. 
Temos à disposição vários modelos de representação, mas cabe uma pesquisa minuciosa em 
relação às maneiras mais adequadas, à complexidade arquitetônica de pensar o projeto. 
Destacamos, assim, que a maquete é um instrumento que pode ser utilizado na concepção do 
projeto de arquitetura. A maquete traz uma base acessível e mais agradável para discussões. 
Os espaços propostos criam uma sensaçãode proporção. Ainda de acordo com Pina, Borges 
Filho e Marangoni (2011, p. 122): 
“As maquetes desempenham um papel significativo no processo de projeto 
arquitetônico, embora secundário, talvez pelo predomínio de um ideal científico que 
considera o verbal e o computacional a expressão de uma teoria superior à práxis e à 
expressão visual. Contudo, em Arquitetura e Urbanismo, as duas habilidades não são 
suficientes, e há necessidade de recursos como o croqui, o desenho e a maquete física, 
que pode deixar de ser projeto e efetivamente se realizar. Ou seja, Arquitetura e 
Urbanismo não podem privar-se do seu caráter tectônico, e o projeto deve ser sua 
primeira condição de materialidade.” 
Compartilhamos com os autores citados a noção de maquete-croqui, a qual é um exercício 
solitário, que não é mostrado a ninguém. Trata-se de um ensaio dando vazão ao que está na 
imaginação e que encontra na maquete, e não no desenho, seu melhor instrumento de 
expressão. Com isso em mente, podemos destacar dois grupos de maquetes: as primárias e as 
secundárias. As maquetes primárias têm um caráter exploratório, com olhar diferenciado e 
diversos enfoques e se desenvolvem em conceitos abstratos. Já as maquetes secundárias são 
mais específicas, usadas para detalhar componentes exclusivos da edificação. 
Assim, independentemente do canal utilizado para expor o que a mente gera, na prática 
projetual arquitetônica o corpo é o suporte para todas as manifestações e o ser humano usa a 
habilidade corporal para se expressar, estruturando uma consciência projetual a partir de um 
centro sensorial. Sabemos que o uso de maquetes e sua manipulação criam experiências 
espaciais pela exploração tátil e que, no processo de projeto, a maquete física, assim como o 
croqui, introduz uma abordagem mais enriquecedora da experiência perceptiva da arquitetura, 
demonstrando que no processo de projeto arquitetônico as preocupações giram em torno 
daquilo que pode ser percebido e vivenciado pelo corpo. 
Por fim, podemos enfatizar as qualidades táteis na construção manual da maquete física, 
colocando o estudante de arquitetura em contato com o mundo real e, por meio dela, enriquecer 
ainda mais a experiência arquitetônica. Assim, devemos fortalecer técnicas manuais de 
construção de maquetes como parte do processo de projeto arquitetônico, revelando um 
caminho interessante e promissor, apontando o uso da maquete como uma possibilidade de 
estratégia essencial não apenas para o desenvolvimento e a comunicação de um projeto 
arquitetônico no próprio núcleo da prática projetual, mas, especialmente, para a formação em 
arquitetura.

Outros materiais